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Os
portugueses ainda comemoram a ruptura radical por que passam, um caminho menos
autoritrio se aproxima e, de fato, possvel acreditar na instituio de uma ordem
poltica social que supera os longussimos anos do Salazarismo. A criao de uma
sociedade mais justa, sem a mazela de um Estado opressor que utiliza a fora do
coturno para impor sua lgica de ao.
Nessa sociedade portuguesa que realiza a Revoluo dos Cravos, chega
uma dupla de brasileiros, disposta a registrar aquele momento. Dessa iniciativa surge O
Parto:
Se O Parto termina com a frase a revoluo uma criana
analfabeta, 25 pode ser entendido como uma espcie de continuao desse primeiro
filme: eles financiam como uma espcie de duplo. A continuidade entre as obras
explicita: primeira cena de 25 traz uma criana moambicana aprendendo a escrever a
palavra revoluo em um quadro negro, comeando exatamente do ponto em que
termina a ltima cena de O Parto. Se em O Parto os diretores se propem a mostrar
o nascimento desta criana chamada revoluo, em Moambique ela j da seus
primeiros passos e aprende as primeiras letras de um novo alfabeto. O filme realizado
em Moambique prope ainda uma analogia entre o aprendizado das primeiras letras e
silabas e o aprendizado do fazer cinetogrfico, ao mostrar um menino comeando a
operar a cmera de cinema.
O projeto que envolvia 25 bem mais sofisticado que aquele de O
Parto na medida em que envolvia um trabalho no s de montagem de material de
arquivo, mas tambm de captao de imagens e registros feitos em outros pas. Alm
das dificuldades de ordem tcnica tais como o deslocamento de uma pequena equipe e
seus equipamentos para um outro continente, havia questes polticas envolvidas, como
a concesso da autorizao da FRELIMO para que os diretores filmassem as
comemoraes oficiais da Independncia. A despeito da escassez de tempo (j que entre
a exibio de O Parto em Portugal e a chegada de Jos Celso e Celso Lucas em