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Centro de Pesquisa para o

Teatro de Rua Rubens Brito


Sei que a arte é irmã da ciência
Cohab - SP Ambas filhas de um Deus fugaz
Que faz num momento
E no mesmo momento desfaz
Esse vago Deus por trás do mundo
Por detrás do detrás

Cântico dos cânticos


Quântico dos quânticos

Gilberto Gil (Quanta)

Tempo e Espaço na dinâmica do nosso Teatro de Rua


Nos momentos que precederam miuçar o espetáculo que resultou das
a despedida do saudoso Rubens Brito, especulações teóricas de Rubens Bri-
ele se dedicava à elaboração do Te- to: As Aventuras de Pedro Malasartes,
atro Quântico. Infelizmente, não deu texto e direção de Calixto de Inha-
tempo de Rubens testar na prática o muns, que apresentamos ao longo
que formulou em teoria, tarefa que de 2009 em vários locais abertos das
foi assumida por Calixto de Inhamuns cidades de São Paulo, Santos e Tatuí.
e nós, do Núcleo Pavanelli, que tive- Esta edição se propõe a retomar
mos o privilégio de conviver com um algumas das questões embutidas na
homem de teatro generoso, sempre formulação de um Teatro Quântico,
cheio de idéias em um momento de tomando como mote inspirador os
criatividade intensa de sua vida profis- conceitos de tempo e espaço.
Imagens capa: sional dedicada ao teatro. Essas duas dimensões, que estão
Cohab Cidade Tiradentes, Parte da edição anterior desta na base da teoria quântica, nos aju-
Viaduto Santa Efigênia
e prédio com pichação nossa publicação foi destinada a es- daram a conceber o conteúdo e a
visto do Minhocão forma desta publicação que não é
Poética da Rua apenas um relatório, uma prestação
Caderno 2 :: 2009/2010 de contas de nossas atividades, de
nossas andanças, de nossos encontros
Coordenação geral: Marcos Pavanelli e Simone ao longo de 2009. Reunimos nesta edi-
Brites Pavanelli
ção o passado, o presente e o futuro,
Edição, Texto Final: Douglas Salgado
Revisão dos Originais: Marilena Cammarota
visitando vários espaços (daqui, dali e
Projeto Gráfico/Diagramação: Mauricio Santana dacolá) para narrar de uma maneira
Registro Fotográfico: Núcleo Pavanelli e agradável o que foi mais um ano de
Colaboradores (Euclides Junior, Patrícia nossa jornada. E o que projetamos
Barcelos, Kazuo Watanabe, Marjorie Mansur e
Dinho Rodrigues)
para os próximos doze meses.
Textos: Adailton Alves, Calixto de Inahmuns, Finalmente, pretendemos que
Douglas Salgado, Fabio Resende, este Caderno também seja uma sínte-
Luiz Carlos Sendro Jr., Osvaldo Hortencio, se do que foi nosso aprendizado, que
Simone Brites Pavanelli, Walmir Santos gostaríamos de compartilhar com
você, caro leitor, cara leitora. É
Viva Malasartes! Tiragem: 1.000 exemplares
Catedral da Sé - SP Gráfica: RWC Artes Gráficas Ltda
Papel: couchê fosco
Gramatura: miolo 115g e capa 150g Fraternalmente,
Impresso no dia 21/04/2010 Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua
e Circo e Centro de Pesquisa para o
Estação da Luz - SP Distribuição Gratuita Teatro de Rua Rubens Brito.
Vamos circular! É isso que
todo grupo quer quando termina
uma produção: botar o espetá-
culo pra rodar. Com a 14ª edição
da lei de fomento ao teatro para
a cidade de São Paulo e o prêmio
de teatro Myriam Muniz- FUNARTE,
a circulação do espetáculo Viva
Malasartes aconteceu.
Fizemos a região central e
alguns bairros de São Paulo onde
grupos parceiros já têm um traba-
lho continuado.
Dessa experiência queremos
destacar dois aspectos. O primeiro
deles diz respeito à questão estéti-
ca, especificamente à ocupação
do espaço cênico a partir da te-
oria do teatro quântico, que foi o
pontapé inicial para a quebra da
roda ou do semicírculo.
O espetáculo propõe várias
possibilidades de ocupação do

Viva
espaço cênico: roda, pequenas
rodas, arena, corredor, o público
no meio com os artistas pra fora
da roda e uma dispersão total dos

Malasartes!
atores. Essas foram basicamente
as possibilidades que exploramos
e que nos trouxeram dificuldades
e descobertas.
O fato óbvio de cada pra-
A ocupação do espaço e a circulação nas ça ser de um jeito nos propôs um
periferias de São Paulo exercício mais apurado da obser-
vação desses espaços e da aná-
lise de quais os melhores pontos
para cada cena e, mesmo tudo
combinado, a dinâmica da apre-
sentação fez com que o grupo
alterasse o combinado durante o
espetáculo muitas vezes.
4
Foto: Euclides Junior
Essas possibilidades cria- Vila Mara, Zona leste. Ao Arsenal Malasartes, malandro quântico e global
ram no grupo um estado de da Esperança, Cia. Estável de Te-
observação que foi além do atro, Bresser, zona leste. E à Praça
até então experimentado. As do Campo Limpo, Trupe Artema- Malandro que nem ele só, Ma- Pedro Malasartes, o mito, não
interferências da rua, o bêba- nha, no Campo Limpo, zona sul. lasartes é personagem e herói – hoje nasceu no Brasil. Um exemplo: o
do, o barulho, os agentes da Estar nas comunidades é bem seria celebridade – do povão bra- Pedro Malasartes de Miguel de Cer-
CET, já são parte do cotidia- diferente de estar no centro da sileiro. Seus rivais mais notórios são vantes, o autor de Don Quixote,
no. Não que sejam fáceis de cidade. São locais com outra di- Macunaíma e João Grilo, adorado chamava-se Pedro Urdemales, um
lidar, mas as várias movimen- nâmica urbana e que propõem por quem nasceu no nordeste e leu, personagem popular de antigas len-
tações cênicas se colocaram também uma outra dinâmica para ou viu, o Auto da Compadecida. das medievais espanholas.
para nós como um desafio o espetáculo. Exceto no Arsenal Mas só Malasartes é Pedro. E se- Na América, a primeira apari-
a mais, inclusive de como da Esperança, as crianças formam gundo o pesquisador Câmara Cas- ção de Pedro Urdemales aconteceu
conduzir o público a acom- cudo, Malasartes se chama Pedro no Chile, no ano de 1885.
quase a maioria do público. Sur-
panhar essa movimentação. porque “Na Itália, França, Espanha e Do Chile, viajou para a Argenti-
preendeu-nos a forma como elas
Nesse sentido nos apropria- Portugal, São Pedro aparece como na, Guatemala, Puerto Rico, Hondu-
se comportaram, atentas o tempo simplório, bonachão, mas cheio de
mos cada vez mais dos recur- ras, Nicarágua, México, chegando
todo aos desafios do anti- manhas e cálculo.”
sos que tínhamos e, a cada até o Texas e o Novo México, nos
herói, mas também interes-
Estados Unidos.
espetáculo, conseguimos um sadas nas cenas paralelas
diálogo maior com o público. Em todos esses lugares
que revelavam as dificul-
inspirou seguidores. Cantin-
Da estética desse es- dades do dia a dia. flas, no México; Mazzaropi,
petáculo ficaram no grupo Essa é uma das no Brasil, para ficar em dois
perguntas a respeito de ou- ações a que vamos dar dos mais conhecidos entre
tras possibilidades, sempre continuidade. Queremos nós.
mantendo o foco em como levar nosso repertório Um pesquisador contabi-
contar uma história de forma para essas comunida- lizou 318 histórias com varian-
interessante e que faça o es- des e receber nossos tes de Pedro Malasartes. Mas,
pectador, além de se divertir, parceiros na zona norte já se sabe, esse número não
levar consigo alguma refle- onde será nossa base. tem fim, porque sempre que
xão sobre esse mundo tão Pelas experiências dos um espertinho aplica um gol-
caótico. grupos, sabemos que pe em um desavisado que se
julga muito esperto, do lado
Outro aspecto que que- só um trabalho continu-
há quem dá o flagra: “Ah!
remos destacar dessa experi- ado é capaz de poten-
Mais uma do Malasartes!”
ência se refere à circulação cializar o que chama-
O Núcleo Pavanelli, com
específica nas periferias, nos mos de “capacidade
muito orgulho, acrescenta
pontos onde grupos de tea- transformadora do às centenas de Malasartes
tro, nossos parceiros, já têm teatro”. Nesse ponto, mundo afora, mais um: o nos-
um trabalho permanente. a potência que somos so Malasartes Quântico! Que
Fomos ao Sacolão das enquanto manifesta- Calixto de Inhamuns conce-
Artes, da Brava Companhia ção artística, passa beu no contexto do mundo de
– no Parque Santo Antônio, a cumprir também o hoje, urbano, e às voltas com
zona sul. Ao Instituto Pombas papel social e político as artimanhas dos que coman-
Urbanas, Cidade Tiradentes, do teatro de rua. É dam a grana. É
na zona leste. À Praça do Ca-
sarão, Buraco d’Oráculo, na
6
0
Um passo depois do outro 190
Por Calixto de Inhamuns Gafanhoto Verde
Em tupi-guarani, tucuruvi quer
dizer gafanhoto verde. Bem antes de
O Núcleo Pavanelli, nos se transformar no bairro que é hoje,
seus dez anos de vida, tem tra- essa região da cidade de São Paulo
balhado e aprendido pelas ruas vivia povoada pelos tucuruvis. E eles
davam dor de cabeça aos donos
e praças do Brasil. Esse é o seu
das fazendas e suas plantações.
DNA, o seu passado, o seu pre-
De 1900 a 1950, a urbanização
sente é o seu futuro.
transformou o que era pasto em ca-
O objetivo nos próximos sas, as plantações em ruas asfaltadas
anos é crescer horizontalmente e, assim, formaram-se os núcleos dos
dominando os segredos dos es- principais bairros da região: Parada
paços abertos e, verticalmente, Inglesa, Vila Mazzei, Jaçanã, Chora
se inserindo nas discussões so- Menino... Bairros nascidos ao longo
bre a cultura, a sociedade e as da linha de trem que ligava o centro Foto: Kazuo Watanabe
mudanças necessárias ao Brasil. da cidade à serra da Cantareira.
coletivo, com um deserdado da so- de amar, a necessidade de viver em
Quando convidaram Ru- ciedade, ficamos indiferentes como sociedade e a solidariedade entre os
bens Brito, o saudoso Rubinho, se não nos dissesse respeito. Somos humanos são os objetivos do Projeto
para dirigir um espetáculo e for- O texto critica o mundo político
brasileiro onde qualquer escolhido pedras insensíveis, ou lavamos nossas Medusa.
mar o Centro de Pesquisa para mãos, diante dos pequenos crimes
pelo povo tem que se sujeitar às Um mergulho em nossas vonta-
o Teatro de Rua, agora cha- do nosso cotidiano.
alianças com os poderes instalados des e desejos de mudanças adorme-
mado Centro de Pesquisa para
no legislativo. Democrático? Diante Nos grandes embates nacionais cidos, em nossa coragem e na ca-
o Teatro de Rua Rubens Brito,
de um sistema de representação ainda estamos presentes, mas diante pacidade que temos para entender
o objetivo era fundir o seu tra-
onde os eleitos, na maioria, são es- de uma menina considerada rebel- o nosso mundo. Acima de tudo, um
balho sobre o circo, principal-
colhidos e financiados por oligopólios de, mas sadia mentalmente, que estudo sobre as armas que um artis-
mente sobre o palhaço, com o
comerciais e industriais, pelo sistema fica quatro anos internada em um ta tem para mudar a sua realidade
teatro desenvolvido nos tempos
financeiro, pelo agronegócio, por se- manicômio por não ter para onde ir, com a sua arte.
atuais.
tores religiosos e por outras corpora- ficamos indiferentes. Ou nem toma- No nosso caso, uma arte expos-
É caminhar para frente sem mos conhecimento porque é uma
ções que se organizam para defen- ta ao vento, à chuva, às trovoadas e
deixar suas origens. Um proces- pequena notícia que se perde no
der os seus interesses, certamente, a boa vontade de um público que,
so que se volta para o futuro, meio das grandes manchetes sobre
não tão democrático. esperamos, nos receberá de braços
mas solidifica o que vem do as ignomínias nacionais. Grandes
É uma máquina que tritura so- abertos e com um sorriso no rosto. É
passado. manchetes que nos indignam e que
nhos e heróis que vão terminar, em
Viva Malasartes!, o espe- são substituídas dias depois por ou- 0
táculo apresentado em 2008
uma história futura, com sua biogra-
fia manchada. tros grandes escândalos onde dorme 200
e 2009, falava das dificulda- a futura impunidade. Tucuruvi - Um porto seguro!
des diante da insegurança, do O próximo trabalho do
Nos grandes embates, estão A parceria com o Clube Bra-
péssimo atendimento do servi- Núcleo Pavanelli vai voltar suas ba-
escondidos os interesses dos podero- gança, situado na Av. Cel Sezefredo
ço público, das armadilhas de terias para as entranhas da socieda- Fagundes, 1000, nos proporcionou um
de e do povo brasileiro. Vai falar de sos de plantão e na solidão de uma
uma metrópole e outros males criança dentro de um manicômio, espaço para ensaios, apresentações
que tocaiam o povo brasileiro cidadania, de direitos e deveres, e e abrigo seguro para nossas tralhas e
do mundo em que vivemos. estão patentes as agruras do povo
no seu dia a dia. Como pano equipamentos. Com essa base ga-
brasileiro.
de fundo a história de um herói A nossa sociedade é uma me- rantida, montamos três espetáculos e
dusa onde todos que a olham vão Discutir uma sociedade injusta fizemos várias intervenções com con-
popular e de sua inadequação
virando pedra, perdendo a huma- que vai solapando nossos instintos teúdos circenses e impregnadas de
diante das estruturas sociais e
8 nidade. Ao nos depararmos, como mais básicos como a capacidade referências à cultura popular.
políticas do Brasil.
3 200
9
189 “ Seguem os apontamentos mais relevantes da Carta tirada
Afinal, que Trem das Onze a adutora que abastece no Acre no 6º encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua”
era esse, seo Adoniran? São Paulo. Com o tempo,
Paulistanos nascidos de- a estrada de ferro mu-
A Rede Brasileira de Teatro de circulação, formação, registro,
pois da década de 70 certa- dou o nome para documentação, manutenção e
Rua reunida em Rio Branco, Acre,
mente estranham os versos de Tramway Cantarei- nos dias 02 e 03 de novembro de pesquisa, mostras e encontros para
Adoniran Barbosa para seu ra. Nessa fase, trans- 2009, no seu 6º Encontro reafirma sua o teatro de rua e mérito artístico;
maior sucesso: Trem das onze. portava também missão de lutar por políticas públicas •Que os espaços públicos (ruas,
Que raios de trem era esse que passageiros. Entre culturais com investimento direto do praças, parques, entre outros),
levaria o personagem filho úni- eles, o filho único da Estado em todas as instâncias: Muni- sejam considerados equipamentos
co até Jaçanã, bairro da Zona música de Adoniran cípios, Estados e União, para garantir culturais e assim contemplados na
Norte, onde sua mãe sempre o Barbosa que, para o direito à produção e o acesso aos elaboração de editais públicos e
não dormir na rua, no Plano Nacional de Cultura;
esperava? bens culturais a todos os cidadãos
tinha que pegar a brasileiros; reafirmando ainda, nossa •A criação de um programa na-
Resposta: o da Cantarei- cional de ocupação de proprieda-
ra, cuja estrada foi construída composição que luta por uma nova ordem e por um
partia às 22h59 da des públicas ociosas, para sede do
em 1893, pela Cia. Cantareira mundo socialmente justo e igualitá- trabalho e pesquisa dos grupos de
de Águas Esgotos para trans- estação Vila Mazzei. rio. (...) teatro de rua;
portar pesados tubos para O intercâmbio da Rede Brasileira •A extinção de toda e qualquer
de Teatro de Rua ocorre de forma cobrança de taxas, bem como a
presencial e virtual, entretanto toda desburocratização para as apre-
e qualquer deliberação é feita nos sentações de artistas-trabalhado-
encontros presenciais, sendo que res, grupos de rua e afins, garan-
seus membros farão, ao menos, dois tindo, assim, o direito de ir e vir e a
encontros anuais. Os articuladores livre expressão artística, em confor-
de todos os Estados, bem como os midade com o artigo 5º da Consti-
coletivos regionais, deverão se orga- tuição Federal Brasileira; (...)
3 nizar para participarem dos encon-
200 tros. O Teatro de Rua é um símbolo
Os articuladores da Rede Bra- de resistência artística, comunicador
Barracão Cultural sileira de Teatro de Rua, com o ob- e gerador de sentido, além de ser
jetivo de construir políticas públicas propositor de novas razões no uso
Pavanelli culturais mais democráticas e inclusi- dos espaços públicos abertos. Assim,
vas, defendem: (...) instituímos o dia 27 de março, Dia
Ponto de Encontro e Agitos Mundial do Teatro e Dia Nacional do
O barracão foi nosso se- •A representação do teatro de rua Circo, como o dia de mobilização
4 gundo espaço na ZN. Além das nos colegiados setoriais e conse- nacional por políticas públicas, e
200 apresentações de nossos espe- lhos das instâncias municipal, esta- conclamamos os artistas-trabalhado-
táculos, outros grupos tiveram dual e federal; res, grupos de rua e afins e a popula-
Levantando oportunidade de mostrar seus •A extinção da Lei Rouanet e de ção brasileira a lutarem pelo direito à
acampamento trabalhos. Foi nele que aconte- quaisquer mecanismos de finan- cultura e à vida.
ceu o I Seminário de Teatro de ciamentos que utilizem a renúncia
Como não conseguía- Rua de São Paulo que contou fiscal, por compreendermos que a “Atores somos todos nós, e cidadão
com a participação de 14 gru- utilização da verba pública deve não é aquele que vive em sociedade, é
mos mais arcar com todas
pos de teatro de rua. Joca An- se dar através do financiamento
as despesas da nossa sede, aquele que a transforma.”
direto do estado, por meio de pro-
encerramos as atividades do dreazza foi o palestrante convi- gramas e editais em formas de prê- Augusto Boal
Barracão Cultural Pavanelli. dado. Esse seminário consolidou mios elaborados pelos segmentos
Mas continuamos as apre- o Movimento de Teatro de Rua organizados da sociedade; para
de São Paulo. tanto, em apoio ao Movimento 27 04 de novembro de 2009
sentações na Pça. do Tucu-
de Março, sugerimos modificações Sala Matias - Teatro Barracão / FETAC
ruvi, que vínhamos fazendo As atividades que realizá-
no PROFIC; Rio Branco, Acre
desde 2000, participando de vamos eram gratuitas, ou com
projetos como o das “Quin- valores simbólicos. Nessa época •A criação de um programa espe- Saiba mais:
10 tas Culturais”. não tínhamos nenhum incentivo. cífico que contemple: produção, http://teatroderuanobrasil.blogspot.com
O Espaço Público sob o Estado de choque foi surpreendido
n pelosos apelos nada
na
contritos dos d religiosos oso do secularcu
convento. to
Dos quatro cantos do Brasil nheiros químicos (que nojo!) o! se alivia- Primeiro,
m o motivo
m foi a sesta dos
vem o sinal de alerta: os go- ram como puderam na rua, ua e foram frades, s, interrompida
mp peloo rufar de
vernantes de plantão estão surpreendidos por um flagranteg de nossosos tambores re chamando a os tran-
fazendo de tudo para cercear prisão: “Teje preso”. seuntest para o início do espetáculo.
o direito do povo - e de seus Em Goiânia, a fúria rrepresso- Na sequência,
se ia foi a paza ameaçada
artistas - de se manifestarem ra da polícia foi “milimetricamente
et doss poucos fiéis que optaram o pela
livremente. planejada para que oss momentos missa
ss das 15 5 horas, no lugar de assis-
Desde o tempo da ditadu- de lazer da população o goiana e tir ao
a espetáculo.
t
ra militar não se vê tanto assa- dos turistas em geral fossem
o isentos Inconformados
f diante da
nhamento das “otoridades” em de qualquer violação da ordem constatação
o ç de suaa impotência
criar regras, inventar obstáculos, pública.” E o que se vi viu foi que o emm proibirr a apresentação, os
fixar taxas e, quando não, repri- baculejo, abusiva maneira
a com que santos mongeso partiram
t para a
mir com a força policial espetá- os policiais diariamente t abordam ação:
ç buscando
sc sufocar
f a fala
culos de teatro, festas e eventos as pessoas na rua, não ã foi suficiente dos
o artistas, s convocaram a a legião
de massa em locais públicos. para garantir a eficiência. Milime- dee anjos e,, de tempos o em tempos,
Os motivos alegados variam de tricamente, todo mundo n entrou no os sinos
s da igreja
i ribombaram
om com
região para região. cassetete: gente jovem, e gente bem uma a estridência
ên tal como não se ou-
No Rio de Janeiro, o prefei- madura, gente pobre e e gente rica. via desde
d os tempos em que mo-
to mauricinho exerce seu poder O Bloco dos Brucutus
c de Farda rava vizinho à igreja, o Cacique
tendo como uma de suas ban- não discriminou em quem u lançar Tibiriçá.
deiras a higienização da cida- jatos de spray de pimenta,
e distribuir Estranhando o fervor dos
de maravilhosa. Essa sua cruza- golpes de cassetetes de d borracha, beneditinos em uma tarde de
da subiu-lhe definitivamente à incitar patadas de cavalosv e imobili- semana, o comércio ambu-
cabeça depois que a cidade zações corporais. Isso em e uma festa lante ao redor emudeceu.
conquistou o direito de receber patrocinada por órgãos os públicos e
Mas Malasartes não se ca-
as próximas Olimpíadas. organizada por gente ligada g à cultu-
lou, e o espetáculo se cumpriu.
Já de olho na enxurrada de ra que, nem por isso, ficou o de fora da
grana que vai circular na cida- fúria dos policiais na hora a do pega
de com a presença de gente pra capar. A reação da população
p
de todo o mundo para cobrir, veio na forma de vários protestos à
participar ou simplesmente assis- insana postura do Comandante Ge-
tir aos jogos, seo Prefeito deita e ral da Polícia Militar, que se mostrou
rola no quesito enquadramento muito orgulhoso e pimpão do apoio
do espaço público. No balneá- irrestrito recebido do Secretário de
rio virtual que a equipe do atual Segurança Pública e do governador
Prefeito da Cidade do Rio de do Estado.
Janeiro desenhou, artista só se No centro da cidade de São
apresenta na rua de crachá. De Paulo, em algumas apresentações
preferência, patrocinado. do Viva Malasartes, conhecemos de
No carnaval de 2010 os foli- perto algumas formas dessa intole-
ões da rua já tiveram uma mos- rância autoritária. A surpresa foi que
tra do que vem por aí. Aqueles ela não partiu apenas dos agentes
que não conseguiram segurar repressores do Estado.
o xixi nas longas filas de espera Em uma apresentação no tradi-
12 de uma vaga em um dos ba- cional Largo de São Bento, o grupo
9
Em outra oportunidade, Na cidade do Rio de Janeiro, 200
no Pátio do Colégio, pudemos futura sede dos Jogos Olímpicos,
constatar como a Guarda Mu- e do final da Copa do Mundo de Contra a força da
nicipal zela pela imagem de um 2014, o alcaide resolveu se mostrar
dos principais cartões postais ao mundo, e dizer quem é que
intolerância do
da cidade. A oficial de polícia manda na cidade maravilhosa e Governante, a força da Lei
responsável pela praça deu de- lançou o factóide “Choque da
monstração exemplar de como Ordem”´. (O progresso, pensou, Dia 05 de novembro, na
os feios, os sujos e os malvados vem depois.). “Senhora Secretária, pela regra do Cinelândia, Centro do Rio, acon-
são impedidos por ela de faze- Sua secretária da Cultura, teceu um ato público liderado,
Decreto, meu grupo de Teatro, o Tá na
rem hora por ali. Por ela, somen- entre outros, pelo Mestre Amir
para ganhar alguns pontos Rua, não poderá ir nunca à rua, pois
te pessoas bem asseadas, bem Haddad. O protesto reuniu ar-
com o chefe, deu sua cultural não se encaixa em nada do que o decreto
alimentadas e cheirosinhas tistas, grupos e companhias dos
contribuição. Lembrando-se pensa. Quem o redigiu tem pouca fami- principais coletivos de artes cêni-
assistiriam ao espetáculo. Igno- dos tempos da ditadura mili- liaridade com a questão, embora possa cas do Estado do Rio de Janeiro,
rando que 99% dos que passam tar, decretou: manifestações ter tido empenho e boa – vontade. integrantes da Rede Estadual de
diariamente pela praça fogem artísticas nas ruas, praças, Teatro de Rua do Rio de Janeiro.
Nunca desistimos de nossa cidada-
desse figurino, a oficial não teve praias e jardins, só vencendo Artisticamente contestaram o
nia, pois amamos a cidade e seus cida-
a idéia que teve o Banco do antes as barreiras da buro- autoritário “Choque de Ordem”
dãos, sem distinção de classe, cor, credo,
Brasil ao patrocinar um espetá- cracia. do prefeito, que incita a Guarda
idade ou religião. O nosso maior prazer
culo em uma outra praça pró- Coube ao eterno ho- Municipal a baixar o cacete nos
é respeitar o cidadão. Nós queremos ser
xima à Sé. Sem medo de cons- mem de teatro, de todos
artistas, trabalhadores, fazedores
parceiros do poder público na construção de cultura que ousarem se apre-
tranger quem quer que fosse, os teatros, Amir Haddad de uma sociedade melhor. Não devemos sentar nos espaços públicos sem
o responsável do Banco pelo dar uma aula à Senho- ser tratados como presos em liberdade a devida autorização da buro-
evento mandou delimitar com ra Secretária, por meio condicional. Nossa liberdade foi con- cracia.
grades o espaço de represen- de uma Carta Aberta quistada ao longo de séculos e de lutas e Contra a repressão, a mais
tação. Assim, entre os artistas memorável, que entra nossa liberdade não pode ser concedida. eficaz defesa de nossos direitos:
e o público havia uma grade para a história como Ela tem de ser reconhecida. Não posso a letra da Constituição Federal,
restringindo o contato como uma lição de cidada- me imaginar em praça pública somente que diz em seu artigo 5º, pará-
acontece em um jardim zooló- nia, dignidade e, por se estiver autorizado pela autoridade. grafo IX:
gico ou em uma cadeia. que não, elegância. Eu abandonei tudo por amor à cidade. “É livre a expressão da
Meninas e meninos Não me tirem agora a cidade. Se- atividade intelectual, artística,
“Sempre que os governos leiam com atenção, nhora secretária, não deixe isto aconte- científica e de comunicação,
não conseguem equacio- guardem e recorram independentemente de censura
cer. O momento é histórico e importante.
nar seus problemas sociais a a ela sempre que o ou licença”.
liberdade é a primeira a ser
O que fizermos agora vai, como já disse,
governo de plan- repercutir em todo País. Se decidirmos
sacrificada.” tão se esquecer de bem, ficaremos todos, nacionalmente
nossos direitos. um pouco mais alegres. Se perdermos a
oportunidade estaremos fazendo como
aqueles que querem a todo custo tirar a
esperança do Brasil. Agora que estamos
A resposta da prefeitura do
crescendo, produzindo auto-estima que
Rio a essa carta foi: “O Tá na Rua
poderá iluminar o aparecimento da na- tá proibido de trabalhar com a
ção brasileira. prefeitura / Secretaria de Cultu-
Podemos fazer história Senhora Se- ra. Tá proibido Seu Amir! Tá proi-
cretária, ou sermos atropelados por ela.” bido Tá na Rua!”

14 Haddad falou e disse por todos nós. É


O espaço traumatizado no ano do Dilúvio
Em uma publicação dedicada ao espaço e ao tempo do fazer te-
atral que privilegia a rua, as praças, enfim, os espaços públicos, livres e
abertos, não poderia ficar de fora uma reflexão sobre outro tipo de limita-
Viva Malasartes! No Vale do
ção que o Núcleo Pavanelli, mas não só, enfrentou em 2009. Anhangabaú
Por três vezes fomos obrigados a adiar uma apresentação do Viva Foto: Simone Brites Pavanelli
Malasartes por causa das chuvas.

Em 2009, a cidade de não tem mais a primazia de condi-


São Paulo não foi a da garoa, cionar o espetáculo teatral. André
mas sim a dos temporais inten- chama a atenção para o texto que
sos, destruidores, que mexeram nasce do contato do artista com o
com a vida da cidade e dei- espaço em que a representação
xou a nu as deficiências da sua acontece: o texto espetacular.
infra-estrutura urbana. Em ou- No espaço urbano, “ouvir” o tex-
tras cidades brasileiras o mesmo to que emana das ruas, das praças,
aconteceu. dos monumentos é experiência alta-
Na mídia, páginas e pági- mente enriquecedora para o artista
nas de jornais e revistas, minutos de teatro.
caríssimos das redes de televi- Em uma tarde de sábado, por
são, centenas de links e blogs exemplo, a proposta de André ao
na rede davam explicações grupo envolvia a encenação de um
diferentes para o fenômeno. grupo de turistas se deleitando nas es-
Foram tantos e tão fre- caldantes areias de uma praia. mais o André, nos adaptamos e os plorar ao limite as várias possibilida-
quentes os temporais que a Com o céu carrancudo, deixan- exercícios começaram. Para serem des expressivas do corpo, do gesto.
população, inicialmente assus- do mais cinza ainda o concreto dos interrompidos pelos primeiros pingos A intensidade e sua relação com a
tada, depois de um tempo, se edifícios, e a indiferença das pesso- de chuva que, pelo tamanho, anun- intencionalidade.
adaptou. as, apressadas para começar logo ciavam o dilúvio do dia. O que levou a certa altura Mar-
No nosso caso, durante um o final de semana, nosso grupo até Não, águas caudalosas des- cos Pavanelli constatar: “Todo espa-
dia da oficina que André Car- que passou meio que despercebido cendo calçadão abaixo não era ço pode se transformar em espaço
reira ministrou ao grupo, fomos pelo calçadão em frente ao Teatro exatamente o tipo de oceano que de atuação. Basta o ator acreditar
pra rua literalmente debaixo de Municipal. estávamos dispostos a enfrentar. Le- nisso.”
chuva. Poucos passantes desviaram o vantamos nossos cacarecos cênicos Já em 2010, no momento em
O que nos obrigou a fazer olhar diante de algumas moças de e partimos em busca de uma nova que fechávamos esta nossa Poética
uma leitura do centro da cida- sandálias e trajes de banho, garo- possibilidade. A tradicional galeria da Rua, as chuvas continuavam cas-
de de um ponto de vista dife- tões de calção e sandálias de dedo, Metrópole, junto à Biblioteca Mario tigando duramente várias cidades
rente. guarda-sol e outros adereços co- de Andrade, mostrou-se convidativa. brasileiras. O que coloca para os ar-
André Carreira desenvolve muns em um balneário. Abrigados em um de seus am- tistas dos espaços urbanos uma nova
interessante trabalho teórico e Estacionamos no calçadão da plos corredores pudemos desen- condição: a de incorporar esse dado
prático sobre as possibilidades Rua Conselheiro Crispiniano, cujas volver tranquilamente os exercícios em seus projetos artísticos, em suas
cênicas do espaço urbano. Ele lojas já fechavam as portas, o que pautados pelo André. Sem platéia propostas de ações para a comuni-
16 defende que o texto cênico deixou o calçadão bem vazio. Nós, alguma para interagir, pudemos ex- dade.
Não apenas como fator renasce no mesmo instante em que 5
limitador. Mas como possibilida- nossos sentidos se revoltam pelo ex- 200 Temporada produtiva na
de até temática, dramatúrgica. cesso de tecnologia em nossas vidas. 6
Pois “ouvir” o texto que a natu- A cidade, considerada como
200 Baixada Santista
reza narra quando se precipita forma superior na evolução da or-
dessa maneira tão contunden- Atuamos em
ganização espacial dos humanos, é
te sobre nossas riquezas, sobre Santos na implemen-
o grande palco para os grupos de
nossa auto-suficiência, e tradu- tação e na coor-
teatro que buscam na poética da denação da Escola
zir isso em linguagem artística, rua sua razão de ser. Eles revigoram, Livre de Circo de
coloca o teatro no centro de nesse corpo a corpo, a energia semi- Santos.
um debate que ocupa cada nal de uma dimensão humana tão Paralelamen-
vez mais a humanidade: nossa essencial quanto respirar, comer e te, com o prêmio
relação com o meio-ambiente. amar: a necessidade de se rever, de Myriam Muniz 2006,
se repensar no ato mesmo em que a completamos o pri-
E nunca é demais lem- encenação acontece. meiro ano do Centro
brar que o teatro, cuja morte é Não há dilúvio, físico ou metafó- de Pesquisa para o
anunciada sempre que os seres rico, capaz de eliminar essa caracte- Teatro de Rua.
humanos se sentem ébrios com rística humana. E é ela que mantém
as maravilhas tecnológicas, o teatro vivo. É Foto: Marjorie Mansur

Grudado no município de
Edu Chaves, herói da aviação Guarulhos, à beira da Rodovia
brasileira, na trajetória Fernão Dias, fica o Parque Edu
1937 Pavanelli
Chaves, bairro da Zona Norte da
cidade de São Paulo. O nome
O Grêmio Esportivo Vila maior empreendimento, inaugurada homenageia o aviador Eduardo
Harding foi fundado em 1º de depois de 13 anos da fundação do Pacheco Chaves, primeiro piloto a
novembro pelos senhores Mo- clube. cruzar os céus do Brasil, no ano de
acir Ricardo Barbosa, Angelino Hoje, passados 60 anos, a sede 1912. Ele aprendeu a pilotar na Eu-
Pugliesi, Domingos Marques e do Vila Harding está sendo ocupada ropa, onde conheceu outro aman-
Domingos Gutierre. culturalmente pelo Núcleo Pavanelli, te da aviação, o brasileiro Santos
Em 1943, ganhou o título de resultado de uma parceria firmada Dumont. Curiosamente, o formato
Campeão do Torneio Estímulo. em fevereiro de 2010. do Parque Edu Chaves foi inspirado
Em quatro jogos o time marcou Um local de tamanho significa- em uma praça de Paris, os Champs
20 gols e sofreu somente quatro. do para o Vila torna-se igualmente
Foi o primeiro clube de futebol
Élysées. Muitas famílias de militares se
importante para o Núcleo Pavanelli instalaram no bairro, o que influen-
do Tucuruvi a adquirir um terre- que, assim, volta a ter na Zona Norte
no. E o primeiro a construir sua ciou os nomes das ruas, repletos de
um local que será a base para as ati-
sede própria, considerada seu majores, capitães e tenentes.
vidades do Centro de Pesquisa para
o Teatro de Claro que o crescimento vertigi-
Rua Rubens noso da cidade atropelou esse plane-
Brito. jamento incial e o Parque sofre hoje
os principais problemas que os demais
bairros sofrem. Outra curiosidade que
liga Edu Chaves ao Núcleo Pavanelli
é o fato de ele ter nascido na rua de
São Bento, centro da cidade, onde o
Grupo se apresentou em 2009 com o
18 espetáculo Viva Malasartes. É
7 8
200 200
Conhecendo, e sendo De olho na ZN, até conseguir
conhecido, pelo Brasil voltar
Fizemos parte da Carava-
na Funarte de Teatro, viajan- Atuando no Largo Santa Cecília FOMENTO AO TEATRO PARA A
mantivemos o pensamento na ZN.
do com o projeto Movimento CIDADE DE SÃO PAULO:
Continuamos visitando o Parque Edu
Cidadão pela Cultura pelos
Chaves e avaliando as possibilidades
Estados de Pernambuco e do de um local. Foram várias reuniões UM EXEMPLO PARA TODO PAÍS
Rio de Janeiro, apresentando junto à Sociedade Amigos do Parque
nossos espetáculos nas peri- Edu Chaves-SAPEC e à Subprefeitura LEI Nº 13.279, 8 DE JANEIRO DE 2002
ferias e promovendo debates Jaçanã / Tremembé, ocasiões em (Projeto de Lei nº 416/00, do Vereador Vicente Cândido - PT)
sobre teatro de rua nas Univer- que manifestamos nosso interesse em
sidades Federais. iniciar essa ocupação cultural. Final- Art. 1º - Fica instituído o “Programa Municipal de Fomento ao Teatro
mente, a ideia foi acolhida. para a Cidade de São Paulo”, vinculado à Secretaria Municipal de
Cultura, com o objetivo de apoiar a manutenção e criação de projetos
Nasce o CPTR de trabalho continuado de pesquisa e produção teatral visando o
desenvolvimento do teatro e o melhor acesso da população ao mesmo.
Rubens Brito
PR – Por que falar sobre a Lei de Fomento ao Teatro em
Com a 11ª edição da lei
de Fomento ao teatro para 2007 uma publicação que pretende atingir todos os Estados do
Brasil?
a cidade de São Paulo trou- Marcos - Para nós, do Núcleo Pavanelli, esta é uma ex-
xemos o Centro de Pesquisa celente oportunidade para compartilharmos algumas ques-
para o Teatro de Rua para tões conceituais e ideológicas contidas na Lei.
São Paulo. Antes de mais nada, lembrar que a lei de fomento ao
teatro em São Paulo se contrapõe ao pensamento político
Em uma homenagem a para a cultura predominante no país.
quem seria o diretor da próxi- PR – Em que sentido?
ma montagem, passamos a Simone – A lei representa um avanço no cenário cultu-
chamá-lo de Centro de Pes- ral. É um grande passo para a criação de políticas públicas
quisa de Teatro de Rua Rubens para cultura.
Brito. Nessa época tínhamos o PR – De que maneira essa Lei alterou o trabalho dos
objetivo de voltar para a Zona Grupos?
Norte, mas cadê a estrutura Marcos – É preciso ter em mente que o fazer teatral em
todas as suas modalidades tem características bem defi-
física, um local que pudésse-
nidas que o diferenciam da produção cultural destinada
mos arcar com as despesas e a grandes audiências, como a televisão, ou as que visam
Trupe Olho da Rua
que abrigasse o projeto? grandes bilheterias, como é o caso dos mega-eventos, tipo
Foto: Simone Brites Pavanelli
A opção foi compartilhar shows musicais em estádios ou arenas.
um espaço na região de San- Simone – Historicamente, o teatro está entre aquelas
ta Cecília com o grupo Cia.
Mostra de teatro na praça e manifestações essenciais à formação da sensibilidade crítica
e autônoma das pessoas, dos cidadãos. Investir nessa forma-
do Miolo, fazendo apresenta- oficinas para os jovens. ção é interesse e dever do Estado, independente do gover-
ções no centro de São Paulo nante de plantão.
e participando de ações em Organizamos na Pça. Coman- Marcos - Para que se produza um teatro que atenda a
conjunto com os grupos que dante Eduardo de Oliveira, no Par- essas necessidades, os grupos precisam ter condições ma-
já tinham um trabalho per- que Edu Chaves, a Mostra de Teatro teriais e garantias institucionais de desenvolver um trabalho
manente nas comunidades, de Rua da Zona Norte. E na SAPEC a longo prazo. O que significa tempo para pesquisar e testar
ideias, desenvolver uma linguagem própria, criar e manter
como a Brava Companhia, (Sociedade amigos do parque Edu uma relação permanente com seu público.
Pombas Urbanas e Buraco Chaves)demos aulas de teatro para
20 d’Oráculo. jovens.
PR – Na prática, de que maneira a Lei do Fomento ga- Marcos - Graças à articulação entre os grupos, a mobi-
rante isso? lização foi imediata e a nossa indignação se fez ouvir sonora
Simone – Ao proporcionar aos grupos recursos para que e claramente. Mesmo às vésperas dos festejos natalinos.
desenvolvam seu trabalho. O que permite, entre outras coi- Simone - O Arte Contra Barbárie encabeçava as discus-
sas, a garantia de manutenção de um espaço para ensaios. sões. Hoje, outros movimentos como o 27 de Março, Movi-
O investimento na preparação artística dos elencos. Verba mento de Teatro de Rua de São Paulo, Roda do Fomento, e
para a produção dos espetáculos. Todos esses aspectos que a Cooperativa Paulista de Teatro mantêm assembleias per-
garantem a permanência de um grupo, e que também têm manentes que estudam a lei e vêm se articulando para que
a ver com credibilidade. ela seja mantida, com a devida correção orçamentária, e
PR - Só o Estado tem condições de assegurar a sustenta- sem alterações na sua natureza.
bilidade da produção teatral? Marcos - Apesar de toda a organização, as negocia-
Marcos – Atividades como a do teatro, que têm esses ções têm acontecido de forma que a lei ainda se mante-
compromissos com a evolução da cidadania, dependem nha. Porém o poder público conseguiu passar na 17ª edição
do investimento direto do Estado, pois não correspondem da lei, a alteração contratual e um novo modelo de presta-
aos valores da indústria cultural, nem podem atuar em esca- ção de contas, mais rigoroso e que não está determinado
la de mercado. Essas atividades não interessam ao Departa- na lei.
mento de Marketing das Empresas. PR – Além da burocracia, a lei não é um limitador ao
Simone – Por isso é necessário que o Estado cumpra seu trabalho artístico dos grupos sendo que eles têm que se en-
papel, e mantenha uma ação cultural continuada de exce- caixar nos seus requisitos?
lência e qualidade. Como se lê no livro sobre a experiência Marcos - A lei de fomento ao teatro, com sete anos de
da Lei de Fomento de São Paulo, essa é a maneira de se existência, ainda é alvo da incompreensão de alguns gru-
contrapor “... à barbárie, porque esta tem como um de seus pos, artistas e de boa parte da população. Por exemplo:
pressupostos justamente a relação que une violência, massi- aqueles que se dizem grupos, mas que, na sua organização,
ficação cultural, desintegração do ensino, quebra de para- são um elenco, com certeza têm dificuldade de entender e
digmas do humanismo e perda de referências.” pensar um projeto horizontal, de continuidade e que tenha
PR - Quais os aspectos políticos da Lei que merecem uma contrapartida social.
reflexão? Simone - O fato é que os grupos não têm que se adap-
Marcos - Primeiro, a garantia de que o dinheiro público tar à lei, que foi escrita pensando como é o trabalho desses
aplicado reverta em ações efetivas, que possam ser com- grupos que são núcleos estáveis de teatro e pensando o
provadas pelo cidadão, pelo contribuinte. E, nesse sentido, teatro em relação à cidade. O programa é para atender à
a estabilidade do grupo, a constituição de seu repertório, já cidade e não se pode perder isso de vista.
é uma dessas garantias, se comparadas ao que se investe PR – Como essa luta continua?
em ações eventuais, que se esgotam em si mesmas. Outro Simone - O que precisa ficar claro é que a Lei do Fo-
ponto importante e que está no livro do fomento é: “a lei do mento, que é fundamental e necessária tanto para cidade
Fomento visa ao interesse público, exige contrapartida so- como para os grupos que dela se beneficiam, ainda está
cial, cobra e penaliza os infratores”. longe de ser perfeita. Ou não é suficiente para atender à
Simone – Quer dizer, não se trata de espalhar migalhas demanda.
eventuais para financiar propostas e projetos oportunistas, Marcos – A maioria dos grupos já percebe isso, e a mo-
descompromissados com o interesse da coletividade e aten- bilização se mantém. Nas reuniões discute-se a ideia de que
der os amigos de quem está no poder. Aliás, o fomento tem a Lei do Fomento precisa ser ampliada e até mesmo alte-
que ser pensado do ponto de vista da cidade, pra atender rada em alguns aspectos para se tornar mais abrangente e
a população e não pra sustentar grupo. Isso acaba aconte- travar definitivamente as ameaças do Poder Público, sempre
cendo, mas temos que pensar na lógica a partir da cidade. que o governo do momento resolva colocar o olho grande
PR – Mas a manutenção da Lei tem sofrido perigosas e na verba que lhe é destinada.
constantes ameaças.
Marcos – Várias e insistentes ameaças! (risos). Saiba mais: A experiência dos primeiros cinco anos de
Simone – Já em dezembro de 2002, com a posse do vigência da Lei do Fomento foi analisada no livro “A luta dos
novo prefeito, houve um questionamento da constituciona- grupos teatrais de São Paulo por políticas públicas para a
lidade da Lei, em uma ação combinada com a criação de cultura- Os primeiros cinco anos da lei de fomento”, de Iná
problemas jurídicos. Quer dizer, uma tentativa clara de não Camargo Costa e Dorberto Carvalho. Publicação da Coo-
cumprimento da lei. Recentemente, na passagem do ano, perativa Paulista de Teatro.
enquanto a mídia destacava a decoração natalina e o pal-
co do show do Réveillon, os grupos foram surpreendidos por
uma nova investida, desta vez, respaldada em pareceres da
assessoria jurídica que contestavam a forma de contratação
22 e propunham alterações na prestação de contas.
MUITO PRAZER, BRAVA COMPANHIA Foto: Augusto Paiva

Fábio Resende

A Brava Companhia é um grupo teatral, forma-


do por um corpo estável de trabalhadores do teatro,
existente desde 1998, e atuante desde sua fundação,
prioritariamente, em bairros da zona sul da cidade de
São Paulo.
Ao longo dessa história criaram-se dez espetácu-
los, sendo os dois últimos “A Brava” e “O Errante” – re-
sultado da pesquisa realizada durante o projeto de
fomento contemplado em 2008, também intitulado
Projeto Brava Companhia. Todos circularam por mais
de 300 bairros da zona sul da cidade de São Paulo e
em festivais pelo país e fora dele.
Desde 2007, o grupo mantém sua sede, Espaço
Brava Companhia, no Sacolão das Artes, localizado
no Pq. Santo Antônio, bairro da periferia sul da cida-
de, local onde, desde sua fundação, mantém suas
ações de trabalho que, além das apresentações de
espetáculos, incluem oficinas, debates, mostras e en-
contros com grupos.
A forma de organização da Companhia se dá
de maneira horizontal, que consiste na possibilidade
de participação coletiva nas decisões, nas opiniões e
nas escolhas mantidas pelo grupo formado por inte-
grantes que não visam ao lucro, mas sim à criação
de condições materiais para a realização do trabalho
teatral.
A horizontalidade do trabalho permite, aos inte-
grantes da Companhia, o entendimento amplo sobre
todas as ações e pensamentos criados pelo grupo em
sua trajetória, construída através de desempenhos de
funções estabelecidas em cada processo; não atra-
vés da divisão social do trabalho, mas sim por meio de
papéis e responsabilidades desejadas e decididas no
e pelo coletivo.
A Brava Companhia não é formada por artistas
(pop stars, iluminados), mas sim por cidadãos traba-
lhadores do teatro, da cultura, que buscam, por meio
do entendimento e da autonomia de sua produção
humana, criar espaços para o diálogo com a socie-
dade através da ação e da função social do teatro.

24
mentos constantemente praticados e presentação no tempo e no espaço zona sul da cidade de São Paulo; de-

Foto: Fábio Hirata


revisitados, fato que levou o grupo à presente. O espaço de representa- bates e palestras abertas ao público;
demonstração de sua pesquisa para ção, que pode ser a rua, um galpão discussão sobre os rumos de pesquisa
criação teatral em alguns espaços. ou um sacolão, é também o espaço temática da Companhia com outros
A pesquisa cênica está ligada direta- para o encontro com a sociedade. fazedores e interessados.
mente ao entendimento do discurso Tais espaços serão construídos duran- No espaço: a opção de qualifi-
que será representado, e os procedi- te o processo que certamente revela- car parte do espaço do Sacolão das
mentos técnicos são tratados como rá o pensamento de quem o construiu Artes para sede da Companhia vem
fundamentais para a clarificação do e para quem e para que. se construindo durante os quase três
conteúdo representado e não como Fim do prólogo anos de ocupação e ação no e para
penduricalhos vaidosos de técnica e A proposta da Brava Companhia o espaço. Além disso, para o desen-
TRABALHO CONTINUADO? A QUE expressão. para o Sacolão das Artes é a constru- volvimento de um trabalho contínuo é
ESTÁ LIGADO DIRETAMENTE? O conteúdo representado, o de necessidade vital à companhia ter
ção e a manutenção de uma sede
teatro contínuo da Brava Companhia, que permita a continuidade do traba- uma sede, um espaço de autonomia
Entende-se pelo grupo busca o contato com a sociedade lho (da própria companhia e de ou- sobre o qual se desenvolva um traba-
como trabalho continuado a e não procura reproduzir a vida real, tros coletivos) e dos desdobramentos lho ininterrupto, para além do teatro,
construção de conhecimentos mas sim evidenciar as contradições gerados por ele. para além do benefício próprio, que
que se organizam e se fazem da vida em sociedade e formular As ações da companhia estão visa à construção de conhecimentos,
ao longo do tempo e do es- questões que são reveladas durante organizadas no processo, no encontro à criação de possibilidades de pes-
paço (história), tendo como as representações de um teatro que e na construção do espaço. quisa e encontros teatrais e sociais, à
sustentação alguns critérios e busca tratar do que é público, de in- realização de uma agenda cultural e
No processo estão: a pesquisa;
ou escolhas, feitas pelo coleti- teresse do coletivo, de maneira diver- artística mantida por outros coletivos
a construção de conhecimentos, por
vo, que norteiam as ações cuja tida e responsável, daí a necessidade e à construção coletiva do espaço.
meio da fruição teatral, encontros e
realização dar-se-á ao longo da de continuidade, de aprofundamen- A responsabilidade de ter uma
mostras, cursos e oficinas; a melhoria
existência do próprio trabalho. to das questões ligadas ao pensa- sede é entendida como uma opção
do espaço para a viabilização de
A Brava Companhia possui onze mento, à ação e à representação. do trabalho continuado; portanto,
trabalho relevante; o armazenamento
anos de trabalho teatral e hoje parte do trabalho e não facilidade
de materiais e patrimônios consegui-
entende seu trabalho de conti- DISPONIBILIZAÇÃO DA PESQUISA - A dele.
dos; ensaios e treinamentos.
nuidade e pesquisa organizado Companhia entende que a dispo- O espaço, assim como o traba-
em alguns eixos: No encontro estão: novamente a
nibilização do trabalho teatral é de criação de possibilidades de fruição lho da Brava Companhia, deve ser
extrema importância, por isso vem, ao e discussão; apresentações dos espe- entendido como espaço coletivo,
PESQUISA CÊNICA longo dos anos, criando mecanismos táculos da Companhia e de outros portanto um local em que grupos,
para tal acontecimento: coletivos que se propõem a fazer um pessoas desempenham papéis di-
•Mostras e encontros “teatro público”; a circulação dos ferentes, mas que entendem e con-
A pesquisa cênica do grupo
•Palestras e debates espetáculos da companhia, princi- tribuem para a construção coletiva
é construída e sempre revisitada.
palmente, pelos bairros populares da do pensamento e da ação que será
Ela tem como eixos principais o •Ensaios abertos
refletida na arquitetura dos espaços
corpo e o som, o jogo, o impro- •Cursos livres de teatro construídos ao longo dos anos e em
viso, o espaço e a dramaturgia.
•Circulação dos espetáculos construção, de forma contínua, por
Para cada ponto, algumas re-
meio do trabalho, diverso em sua for-
ferências de estudos e práticas
SACOLÃO DAS ARTES ma, mas parecidos em sua ética. É
foram experimentadas pelo gru-
po ao longo dos anos, por meio
de estudos diretos com criadores Um breve prólogo:
Foto: Fábio Hirata

de procedimentos e ou técni- O teatro como linguagem se or- Anote na Agenda:


cas, experimentações empíricas, ganiza dentro de um processo (meio Brava Companhia
etc. Tais experimentações foram de produção e organização do tra- Pq. Santo Antonio - São Paulo-SP
se transformando em procedi- balho) cujo desdobramento é a re- Abril de 2010
26
CIA. ESTÁVEL DE TEATRO Foto divulgação

O QUE INTERVIR NO QUÊ?


Osvaldo Hortencio (Dinho) - MAR/10

Durante todo este tempo em que residimos nesta casa de relação era mais dura, ágil e menos harmoniosa. Não podíamos pro-
acolhida e passagem, nos esforçamos para manter o corpo por um espaço de reflexão se antes não considerássemos essa reali-
atento ao entorno e não naturalizar o olhar. Conviver aqui pre- dade.
cisa ser um exercício contínuo de descoberta, para não cair- Várias ações do projeto foram tocadas por essa constatação.
mos na vala comum dos preconceitos e verdades absolutas. A reação durante os espetáculos se transformou, a participação nas
Assim também deve ser o teatro que pretendemos e propo- oficinas mudou, as formas de mediação e debate pós-espetáculos e
mos. Avaliamos cada ação nossa aqui dentro com a finalida- filmes se mostraram ineficientes, o encontro com os grupos convida-
de de potencializar o pensamento e acirrar o debate. dos - em partilha franca de procedimentos práticos - começou a urgir
Enquanto montávamos Homem Cavalo & Sociedade Anô- cuidado quanto à forma e ao conteúdo. Começamos a nos ques-
nima experimentamos uma relação dinâmica de troca com os tionar sobre a qualidade e a função das chamadas intervenções na
acolhidos a partir do material em processo que fundamentaria casa. É evidente que nosso grupo também se transformou nesses perí-
a peça. Às vezes apenas personagens, roteiros para improvi- odos, e conseguíamos vislumbrar certas ingenuidades do processo.
sação ou ainda cenas abertas para o diálogo imediato com o Buscamos, então, recolhimento para repensar. Tudo pode ser in-
público. A este procedimento chamamos intervenção. tervenção, mas qual queremos? E enquanto nos protegíamos na sala
De tão reveladora e vigorosa, esta experiência orientou para ganhar força estética e discursiva, o Arsenal mudou. E mudou
nosso projeto seguinte que visava verticalizar este estudo. de novo. E mais uma vez. A velocidade industrial de nossos tempos,
Vivendo o movimento desta casa, plantamos o projeto que, sem zelo, perpassa cada relação que construímos, levou e trou-
SobrePosições, sedentos por troca. Cada ação proposta no xe nossos interlocutores. Nos ressentimos de estarmos ausentes, mas é
projeto visava construir possibilidades para intervenção, desde necessário entender este movimento de preparação.
estudos que nos alimentariam para o ato, até a exibição de Neste momento estamos de volta ao espaço aberto, mais pron-
resultados como exercícios, espetáculos e filmes, passando por tos para intervir. Iniciaremos estudos teóricos sobre intervenção, mas
processos de criação abertos. não o apartaremos da prática que já se agita nos espaços de convi-
Aos poucos, algumas experiências pontuais nos revela- vência do Arsenal, para que o risco do embate atravesse concreta-
ram ruídos na relação. A rotatividade da casa tinha imprimido mente nossas propostas nas criações, nos encontros com grupos, nas
sua marca nas relações e, neste momento, os acolhidos eram oficinas e no que mais for proposto na roda.
outros: jovens - em geral - e muitos usuários (ou ex) de crack. O Torcemos para que assim nossos olhos (Estável, acolhidos e de-
Arsenal se mostrava, novamente, reflexo imediato da realidade mais participantes do projeto) se orientem para um encontro de des-
28 periférica (não apenas geográfica) de nossa cidade. Agora a coberta e renovação. É
Pombas Urbanas completa Somente em 2009, cerca de ção do ator, linguagem e dramatur-
34 mil pessoas passaram pelo Cen- gia, o que resultou na montagem de
20 anos de uma prática de tro Cultural, formando uma rede 11 espetáculos de diferentes gêneros
teatro e vida de moradores - jovens, crianças e e linguagens; todos com textos de
seus familiares -, que se envolvem Lino e criados a partir da pesquisa
diretamente no processo artístico e coletiva do grupo.
És um baú grafado. És-um-baú de páginas. É labuta de 20 anos de comunitário desenvolvido. É desta O objetivo do livro Esumbaú é
teatro e vida. É baú de histórias e personagens. É amor ao teatro, forma que os integrantes do grupo contribuir com a formação de jovens
busca diária de compreensão e diálogo com o outro. É o artista Pombas Urbanas compreendem e e discutir, a partir da experiência do
Lino Rojas generosamente semeando asas. É agir no presente e em exercem sua condição de artistas: Pombas, os caminhos para a profis-
comunidade. É filhote de pomba papel-pena. É ser alado, estar ao situando sua pesquisa e produção sionalização, a estruturação e a sus-
lado. É ser de asa, alça voo. É ser teatro, que venha palco, asfalto, teatral junto à sociedade com o
escrita. É ser pomba, que seja urbana. tentabilidade de grupos que nascem
desenvolvimento de propostas prá- longe das oficiais escolas de artes
ticas e concretas de acesso à arte, cênicas. O prefácio do jornalista e
Em 2009, o projeto Escrito pela jornalista Neomisia desenvolvimento de conhecimentos pesquisador teatral Valmir Santos, a
“Pombas 20 anos” foi contem- Silvestre, Esumbaú traz 144 páginas e ferramentas para que populações colaboração de pesquisa da peda-
plado pelo Programa Munici- com imagens e histórias do grupo a historicamente marginalizadas pos- goga Fernanda Matuda e o mosaico
pal de Fomento ao Teatro para partir de seus processos de criação e sam produzir e refletir sobre sua rea- de fotos e diagramação de Fernan-
a Cidade de São Paulo, que montagem dos espetáculos. Tendo o lidade por meio da arte. O projeto do Sato (Casa da Lapa) ajudam a
proporcionou o lançamento jovem interessado pelo fazer artístico constrói a participação e emanci- narrar duas décadas de um grupo
do livro Esumbaú, Pombas Ur- como um leitor em potencial, a nar- pação do jovem e cria importantes que nasce, vive e se concreti-
banas! 20 anos de uma prática rativa utiliza-se de uma linguagem vínculos dentro da comunidade que za no fazer teatral.
de teatro e vida e a realização coloquial e de fácil compreensão, possibilitam e valorizam a cultura no
da circulação dos espetáculos sem abrir mão do poético. Sua or- dia a dia do bairro. Todo trabalho
Histórias Para Serem Contadas e dem não cronológica, mas lógica, baseia-se em valores que o
Todo Mundo Tem Um Sonho por acerca dos primeiros passos do gru- grupo cultiva em
pontos significativos da trajetó- po passa por todo o aprendizado, toda sua existência
ria do grupo, como: São Miguel viagens, temporadas, cotidiano, como: solidarieda-
Paulista, Tendal da Lapa, Par- situações engraçadas, estreias, pro- de, dignidade, per-
que da Água Branca e Praça fissionalização, processos artísticos, severança e com-
do Correio; além de dezenas caminhos para organização de prometimento.
de apresentações em Cidade personalidade jurídica, projetos de A história deste
Tiradentes, bairro da zona leste teatro, até desembocar na estrutu- coletivo teve início em
onde está situada a sede do ração do Centro Cultural, onde de- 1989 no projeto “Se-
grupo, o Centro Cultural Arte senvolvem atividades artísticas junto mear Asas”, concebido
em Construção. à comunidade de Cidade Tiradentes pelo artista, dramatur-
desde janeiro de 2004. go, ator e diretor perua-
Foto divulgação
no Lino Rojas (1942-2005)
com o objetivo de formar
jovens de São Miguel Pau-
lista, zona leste, enquanto
atores-orgânicos, aquele
que não dissocia a arte da
vida: produz, administra e
alimenta sua própria arte.
Com a orientação artística
de Rojas, o Pombas desenvol-
30 veu pesquisa sobre a forma-
Foto divulgação
A cidade entranhada 200
9
por Valmir Santos
No dia 27 de março cerca de 300 trabalhadores da cultura ocuparam a sede
Lino Rojas era um cami- para os esboços de roteiros cinema- da Fundação Nacional das Artes (Funarte), na cidade de São Paulo. Representan-
nhante enamorado da cida- tográficos que nem sempre pousa- tes do Ministério da Cultura receberam o Movimento para leitura de um documen-
to com as seguintes reivindicações:
de. Adorava flanar pelas ruas vam no papel e eram transmitidos à
dos bairros onde morou, como roda de atores através da oralidade.
Jaguaré e Itaim Bibi. Tinha di- Foi esse griot da urbe, narrador de • O fim da lei de isenção fiscal para a cultura.
leção pelo Centro, onde as histórias periscópio, quem encorajou • A criação de um Fundo Público para a Cultura, através de Lei.
figuras errantes ou deslocadas seus discípulos a olhar para as ruínas • Que ele seja o responsável pela implementação de políticas públicas para
costumam resultar seres invaria- de um galpão distante de tudo – a todas as áreas da cultura.
velmente mais francos e lúcidos depender do ponto de vista míope – • Que ele opere através de editais públicos em todas as regiões do Brasil com
em seus estados de alteridade. e enxergar o futuro em que se en- a participação paritária, em suas comissões de seleção, de representantes escolhi-
“Uma arte de mendigos supe- contram. É dos pelo governo e pelos participantes dos respectivos editais.
riores”, no dizer do dramaturgo • Que esse fundo tenha uma dotação orçamentária mínima anual definida
francês Jean Genet (1910-1986), pela lei, e que portanto esta lei seja encaminhada pelo poder executivo como um
uma inspiração manifesta. “O projeto de governo.
teatro está na rua”, gostava de O livro, distribuído gratuitamente • A imediata implantação do projeto “Prêmio Teatro Brasileiro” sob a forma
repetir o artista peruano, obser- em encontros teatrais, em de um edital nacional ainda para o ano de 2009.
breve estará disponível no • O descongelamento dos 75% do orçamento da união para o Ministério da
vador contumaz que encontra-
www.pombasurbanas.org.br Cultura. E um aporte de verbas suplementar para que ele atinja o mínimo de 2%
va interlocutores de toda sorte
para que muitas pessoas do orçamento geral da União.
para nutrir sua escrita para a possam partilhar desta história
cena; para os poemas guarda- de 20 anos. Sem dúvida, um
dos que tratava por “elefantes”; marco na história do grupo.

o n aN or t e
as d a Z cuja origem era um antigo sítio de
200
9
u
e s e as r gado.
Os nom Santana, dos bairros mais anti- Organizada pelo Movimento
O inglês William Harding tem sua gos da Zona Norte, fazia parte da de Teatro de Rua de São Paulo
biografia ligada à Zona Norte por “Fazenda de Santana”, propriedade e com apoio da Secretaria
conta dos bairros que surgiram a par- da Companhia de Jesus. Municipal de cultura, aconteceu
tir das fazendas que ele comprou ali No lugar onde ficava a sede da de 07 à 15 de novembro a IV
ainda no começo do século vinte. fazenda, e sua capela, foi constru- Mostra de Teatro de Rua Lino
ído em 1916, o Quartel do Exército, Rojas com 19 espetáculos
O nome Parada Inglesa e algu- nas regiões do centro e zonas
mas ruas, como a Tramway, têm a de pé até hoje, na Rua Pujol, que é
norte, sul e leste de São Paulo.
ver com a estrada de ferro Tramway cercada de ruas com nomes que
A Mostra homenageou o
Cantareira, construída pelos ingleses, celebram militares e suas respectivas Movimento Escambo Popular de
conterrâneos de Harding. patentes. Rua (CE e RN).
Já Mazzei era o nome do pro-
prietário italiano de um loteamento
32
A aldeia que habitamos é o sertão
Por Adailton Alves1

O grande Guimarães Rosa espetáculo, as primeiras apresenta-


afirma que “o sertão está em ções foram nas comunidades por
toda parte”, já o mestre russo, onde passamos registrando os rela-
Tolstoi, propõe que ao falarmos tos. Devolvíamos, em forma de arte,
de nossa aldeia seremos uni- o que seus habitantes haviam vivido
versais. Partindo dessas duas e nos relatado. Mas, e fora dali, da-
proposições o Buraco d`Oráculo quela região será que o espetáculo
realizou uma pesquisa em co- funcionaria? Comunicaria?
munidades da zona leste da Passo a relatar três experiên-
cidade de São Paulo. O projeto cias que marcaram o Grupo pro-
fazia parte da comemoração fundamente, dando-nos a certeza
dos dez anos de existência do das máximas propostas por Rosa e
Grupo e foi realizado graças Tolstoi. A primeira ocorreu dentro de Foto: Patrícia Barcelos
aos recursos do Programa de um acampamento do Movimento
Fomento ao Teatro para a Cida- dos Trabalhadores Sem Teto (MTST),
de de São Paulo. O objetivo era na cidade de Sumaré. Ansiávamos Havia sido expulsa de alguns lugares punha-se do encontro organizacio-
descobrir qual o sertão de um por esse momento, pois entendía- que ocupara com os movimentos nal e uma mostra teatral. Encerramos
grande centro urbano como mos que o espetáculo refletia a luta sociais da região, sempre duramente a programação. Na plateia, atores
São Paulo. E o sertão se traduziu desses cidadãos, ainda que tratasse reprimida e até aquele momento ain- do Rio Grande do Sul e de outros
em muitas histórias de sujeitos de lutas antigas o tema continuava da não tinha sua casa. Relatava que estados do Brasil, além do público da
desterritorilizados, muitos vindos atual. Foi emocionante. Uma plateia estava feliz, porque nós estávamos cidade de Canoas. Foi uma como-
do Nordeste brasileiro; vidas de mais de quinhentas pessoas reco- tendo voz para contar aquelas histó- ção, no sentido de co-mover, mover-
áridas, sofridas e um infinito de nhecendo-se nas histórias ali narra- rias, pois ela e muitos companheiros se junto. Ali tivemos certeza de que
vivências. Encontramos o sertão das. Após o espetáculo, no debate, seus não tiveram oportunidade de o sertão está em toda parte e quão
que procurávamos, ao mesmo muitos relataram sobre como suas falar. Era nosso dever, continuar. importante é falarmos de nossa al-
tempo, encontramo-nos, pois lutas estavam refletidas nas propostas Quando começamos o nosso deia. Mas a certeza maior foi de que
cada integrante teve que se apresentadas, outros empolgados processo percebemos que seria uma havíamos dado um passo em nosso
reencontrar ao revisitar sua pró- em criar um grupo teatral para falar mudança radical em nosso trabalho, trabalho ao qual sempre almejamos:
pria história. de suas angústias, ao que apoiamos tudo que havíamos criado anterior- realizar um teatro que cumpra uma
Com tanta riqueza de ma- e nos colocamos à disposição para mente, ainda que fosse um teatro função social, que contribua para o
terial, não foi fácil selecionar auxiliar, até porque um teatro com- crítico, não cumpria o mesmo que enriquecimento crítico daqueles que
sobre o que falar no espetá- prometido deve ser uma ferramenta se anunciava. Trabalhávamos basi- fazem e daqueles que veem, permi-
culo. Entretanto, em todas as do contra discurso da mídia hegemô- camente com o universo farsesco. tindo entre ambos (atores e público)
comunidades repetiam-se as nica. Assim, com essa arte será possí- Política e estética andam juntas, por uma verdadeira troca de experiên-
lutas por moradia e tudo que vel reforçar a luta daquele acampa- isso a forma modificou-se, pois forma cia, afinal estão todos no mesmo
de mais básico necessitam as mento e de todo o movimento. e conteúdo são inseparáveis. Somos nível e pertencem ao mesmo estrato
mesmas. Estava feito o recorte: Outra experiência se deu na seres sociais e não era mais possível social: são todos trabalhadores, pes-
sujeitos que partem de seu lugar cidade de Porto Ferreira. Após a não colocar em cena o nosso univer- soas do povo. É provável que a obra
de origem e precisam organizar apresentação, uma senhora, já com so de maneira mais contundente. ainda necessite de ajustes, porém o
um novo lar. Todos os integran- cabelos brancos, acabara de sair da A terceira experiência deu-se caminho apontado por ela, não. É
tes do Grupo residem na mes- missa, foi pega pelo espetáculo e fez dentro do Fórum Social Mundial, na
ma região que esses cidadãos, questão de conversar com cada um cidade de Canoas-RS, no Encontro
Saiba mais:
portanto, falaríamos de nossa dos atores, explicando que sua histó- da Rede Brasileira de Teatro de Rua
www.teatroderuaeacidade.blogspot.com

34 aldeia. Depois de montado o ria estava refletida naquele trabalho. da região sul. A programação com-
1
Ator do Buraco d`Oráculo e mestrando do Instituto
de Artes da UNESP.
CICAS - Centro Independente de Cultura Alternativa e Social
Por Luiz Carlos Sendro Junior
co-fundador/ Comunicação CICAS

Sob um centro comunitário Com o passar do tempo, o gru-


abandonado há anos pelo des- po se solidificou. Em parceria com
caso social e político, um gru- outras iniciativas de objetivo comum,
po de jovens artistas em busca e graças à troca de inúmeras expe-
de espaço para desenvolver e riências artísticas, o CICAS está hoje
apresentar seus trabalhos recu- mapeado entre as principais ações
perou o local transformando-o independentes da cidade de São
em um Centro Cultural. Propor- Paulo. E orgulha-se de manter em
cionou, assim, acesso à arte seu espaço de trabalho uma Biblio-
alternativa em seus mais diver- teca; um estúdio para ensaios e gra-
sos formatos. E tudo grátis para vação de bandas; um palco para
a comunidade e convidados. festivais de música e teatro; ativida-
O Grupo enfrentou uma sé- des ambientais e recreativas; capo-
rie de desafios para consolidar eira para todas as idades; aulas de
respeito e notoriedade para o Inglês e teatro para adultos; oficinas
projeto. A começar pela pró- culturais e educativas para crianças.
pria comunidade. Conheceu e A cada mês a programação
sofreu na carne o vandalismo recebe atividades variadas. O espa-
que por anos consumiu o espa- ço é ocupado simultaneamente por
ço na forma de invasões, ame- grupos diversos que se interessam
aças, roubos e o uso indiscrimi- por ataques de grafitte, exposições
nado de drogas e prostituição. de artes plásticas, saraus, debates
Uma lista de graves problemas dos mais variados temas, work shops
que se escondiam nas sombras com artistas convidados, apresenta-
do maior Terminal de Cargas ções e intervenções teatrais e circen-
da América Latina, o terminal ses, cinema com pipoca grátis, cui-
Fernão Dias. dados e contatos com a Terra, etc.
Espetáculo Pinta de Palhaço
Sem influências políticas ou Em 2009, o CICAS deu mais um Foto: Vivi Tezzelle
religiosas, sem apoio financeiro importante passo no seu desenvolvi-
governamental ou privado, as mento e firmou parceria com o Nú-
propostas foram tomando forma cleo Pavanelli de Teatro. Juntos, os
conforme as necessidades da dois grupos estão articulando para A tradicional feira de domingo
comunidade. E a atitude volun- início de abril de 2010 a Oficina de se transformou, assim, na mais nova
tária dos artistas que foram de- Teatro de Rua, que acontecerá a Para acompanhar a programação
e colorida opção de entretenimento no blog, basta acessar:
senvolvendo no espaço ações cada quinze dias, sempre aos domin- cultural gratuito da região. Direcio-
de conscientização ambiental, gos, das 14h30 as 17h30. www.projetocicas.blogspot.com
nados a todas as idades, os espetá-
como a implantação da recicla- O Núcleo Pavanelli, além das culos encantam e emocionam todos Nele, há detalhes sobre a iniciativa,
gem, atividades culturais como oficinas de Teatro e Circo, também e como colaborar!
os públicos. Que permanecem fiéis
música, literatura, teatro, capo- realiza com o apoio do CICAS apre- desde a primeira apresentação, no Serviço:
eira, e até ações sociais como sentações quinzenais a céu aberto. dia 08 de novembro de 2009, na 4ª CICAS – Avenida do Poeta, 740
almoço comunitário gratuito, Sempre aos domingos, na Praça Mostra de Teatro de rua Lino Rojas, Jd. Julieta - Zona Norte - São Paulo
campanhas solidárias da visão e Carlos Kosevitz, a partir das 11h da Contato: 11-9527-1444 (Juninho)
que teve como convidado especial
36 palestras educativas. manhã. o Circo Nosotros. É
2010 Ficha Técnica
Aconteceu no CPTR Centro de Pesquisa para o Teatro de Rua Rubens Brito
Rubens Brito em 2010
Coordenação geral: Marcos Pavanelli e Simone Brites Pavanelli
“Viajantes” – Intervenção que Dramaturgia: Calixto de Inhamuns
foi da R. Direita à Praça do Direção musical: Charles Raszl
patriarca
Técnicas circenses: Marcos Pavanelli e Harley Nóbrega
Parceria entre a Cia. do Miolo e
Produção: Simone Brites Pavanelli
o Núcleo Pavanelli.
Assistente de produção: André Bernardes Pavanelli

Anderson Areias, Dany Ivan, Harley Nóbrega,


Núcleo Artístico:
Lucas Branco, Mizael Alves, Marcos Pavanelli e Simone
Brites Pavanelli

Núcleo de Registro e Documentação:


Douglas Salgado - Caderno Poética da Rua - 2009/2010
Trupe Lona Preta - Vídeo-Documentário
Foto divulgação Núcleo Pavanelli - Pesquisa

2010 Agradecimentos
Adriana Afonso, Amir Haddad, André Carreira,
Oficina de Circo Teatro tes” e “cômicos”. Sobretudo, um grupo Brava Companhia, Buraco d’Oráculo, Cia. Antropofágica,
que nasceu do circo e da rua, da prá- Cia. Estável de Teatro, Cia. do Miolo, Cicas,
com Fernando Neves tica do popular. Queremos deixar aqui Conservatório Dramático e Musical de Tatuí,
nossa homenagem e gratidão a todas Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes,
Nascido e criado no circo, as famílias e artistas circenses, em espe- Espaço Eureka (Adriano e Robson), Fernando Neves,
Fernando Neves, homem de cial às famílias Medeiros, Viana, Santoro Funarte São Paulo, Graça Cremon,
teatro, trouxe pra nós um amplo e Neves, que deram um duro danado Grêmio Esportivo Vila Harding, Grupo Off Sinna, Marcella Brito,
e deixaram uma imensa contribuição Nana Pequini, Pombas Urbanas, Revista Bairro a Bairro,
conteúdo sobre o circo teatro e
artística para a cultura popular brasilei- Selma Pavanelli, Scapi, Sr. Antônio, Sr. Martin, Tomás Aurichino,
a história do circo. Entre drama- Trupe Artemanha, Trupe Olho da Rua, Vanderley Tezzelle
lhões, melodramas e vaudeviles, ra. Somos fruto dessa história e vamos
e Vivi Tezzelle.
estudamos, experimentamos, contribuir para dar a ela a valorização e
rimos, choramos e descobrimos o reconhecimento merecido.
os nossos tipos. Somos um grupo “E vamos que vamos que o espetá-
de “baixos cômicos”, “sobre- culo não pode parar!”
Foto divulgação

38
Realização

S E CR E TA R I A D E C U LTU R A

Patrocínio / Realização

“Esta atividade integra o prêmio


Funarte Myriam Muniz/2008”

Parceria

Apoio

SAPEC

anos
H Grêmio
V Esportivo
E
G Vila Harding

www.nucleopavanelli.com.br
www. black pavanelli@nucleopavanelli.com.br
power .com.br
comunicação e artes na ativa contatos (11) 6563-9248
“sempre parceiro de criação (11) 9729-9958
da classe artística”
11 9831.0024 www.teatroderuacptr.com.br

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