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– As provas da fidelidade.
Deus tem uns planos mais altos para o seu discípulo e para aqueles que,
aparentemente, seriam prejudicados pela sua partida; dispôs tudo desde toda a
eternidade para que essa escolha seja para o bem de todos. A disponibilidade
dos que seguem o Senhor deve ser imediata, alegre, desprendida, sem
condições3. Adiar a entrega a Cristo que passa ao nosso lado pode significar
que, mais tarde, quando tentemos de novo alcançá-lo, já não o encontremos. O
Senhor continua o seu caminho. É grave ceder à “tentação do adiamento”
quando Cristo nos pede uma dedicação total4.
Deus chama a cada um de nós numas circunstâncias peculiares. Vejamos
hoje na nossa oração se estamos correspondendo com prontidão, com
desprendimento, sem condições, à peculiar vocação com que Cristo nos
chamou.
Por vezes, a tentação de olhar para trás pode provir das limitações pessoais,
ou do ambiente que se choca frontalmente com os compromissos contraídos,
ou da conduta de pessoas que deveriam ser exemplares e não o são e, por
isso mesmo, parecem querer dar a entender que ser fiel não é um valor
fundamental da pessoa; noutras ocasiões, pode proceder da falta de esperança
em face dos resultados medíocres na busca da santidade, apesar dos
constantes esforços na luta contra os defeitos.
“Olhar para trás – comenta Santo Atanásio – significa ter pesares e voltar a
experimentar o gosto das coisas do mundo”8. É a tibieza, que se introduz no
coração dos que não têm os olhos postos no Senhor; é não ter o coração
transbordante de Deus e das coisas nobres da vocação.
Olhar para trás, para aquilo que se deixou, para “aquilo que se poderia ter
sido”, com nostalgia ou tristeza, pode significar em muitos casos quebrar a
relha do arado contra uma pedra, ou pelo menos que o sulco, a missão que
recebemos, nos saia torto... E na tarefa sobrenatural a que todos fomos
chamados pelo Senhor, o que está em jogo são as almas.
Nós queremos ter olhos para olhar unicamente para Cristo e para todas as
coisas nobres n’Ele. Por isso podemos dizer com o Salmo responsorial da
Missa: O Senhor é a porção da minha herança. Ensinar- me- ás o caminho da
minha vida, e encher- me- ás de júbilo na tua presença, de alegria perpétua à
tua direita9. O “caminho da vida” é a nossa vocação, que temos de olhar com
amor e agradecimento.
Vamos dizer ao Senhor que queremos ser fiéis, que não desejamos outra
coisa na vida senão segui-lo de perto nas horas boas e nas más. Ele é o eixo
em torno do qual gira a nossa vida, é o centro para onde se dirigem todas as
nossas acções. Senhor, sem Ti a nossa vida perderia o seu centro de
gravidade e se desfaria em mil pedaços.
(1) 1 Rs 19, 16; 19-21; (2) Lc 9, 57-62; (3) F. Fernández Carvajal, O Evangelho de São Lucas,
5ª ed., Palabra, Madrid, 1988; (4) cfr. F. Suárez, A Virgem Nossa Senhora, Aster, Lisboa, 1957,
pág. 126; (5) Hebr 12, 2; (6) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 133; (7) São Josemaría Escrivá,
É Cristo que passa, 3ª ed., Quadrante, São Paulo, n. 160; (8) Santo Atanásio, Vida de Santo
Antão, 3; (9) Sl 15, 11; (10) J. L. Illanes, Mundo y santidad, Rialp, Madrid, 1984, pág. 108; (11)
cfr. ib., pág. 110; (12) cfr. Dan 2, 33; (13) Santa Teresa, Vida, 19, 5.