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A vida de todos nós é imprevisível. Sem sabermos como, nem porquê, algo que
nunca pensávamos perder, sai das nossas mãos. A vida começa a mudar, coisas
inesperadas acontecem e pequenas ou grandes perdas vão se tornando
freqüentes. Vamos perdendo as coisas que havíamos conquistado e as pessoas
que nos cercam. As coisas parecem não mais dar certo e ficamos com uma
sensação de que estamos sendo enterrados vivos. Será?
Estamos falando da perda dos excessos, daquela bagagem que vamos colocando
em nosso barco, sem a utilizarmos nem conseguir nos desvencilhar. Então vem a
vida e faz a "limpeza", no sentido até de evitar o peso excessivo para que
possamos continuar nossa viagem e não afundarmos o barco.
As vezes, perdemos porque não damos tempo para que as coisas amadureçam
suficientemente e possam chegar a uma realização. Na tentativa, em vão, de não
perder, muitas vezes matamos a possibilidade de ver a frutificação e plenificação
emocional das coisas.
Plutão, o planeta regente da Casa VIII,
simboliza o aprofundamento, a regeneração, a transformação. As gerações
degeneram e Plutão regenera, no sentido de aproveitar coisas ou fases ruins e
inferiores. O Lotus que é uma das mais belas flores do mundo, nasce do lodo; a
lagarta, um bicho pequeno, que queima, entra no casulo para virar uma
borboleta. É esse o grande mistério produzido na Casa VIII, o da alquimia, da
transformação da pedra em ouro, da mudança de energias ditas negativas em
positivas, assim como a terra transforma excrementos em adubos. No momento
em que eu estou vivo e o mundo está vivo, tenho algo de bom para retirar do
mundo e uma coisa boa para dar para o mundo, e isso acontece em todas as
épocas e lugares diferentes, com unanimidade, entre todos.
Todos nós temos um lado "de fora" que precisa brilhar, mas é necessário
olharmos para dentro e procurarmos uma sombra que não se deve temer. Ver as
coisas pelo outro lado é algo que não deve ser ignorado. Podemos sentir medo e
em vez de tentarmos ir fundo e investigar, nos retiramos. Em vez de ver o
invisível nos outros, preferimos vestir o capacete (adereço de Plutão) e ficarmos
nós mesmos invisíveis.
Devemos ter cuidado com o medo, que nos impede de criarmos casa, de
amadurecer. E nós nunca estaremos curados se o outro não estiver também, seja
este quem for. Isso significa que quando enxergamos uma situação emocional
arruinada, destrutiva nos outros, não podermos fingir que não vimos, nem nos
recolhermos porque sentimos medo. Por outro lado, também não podemos partir
para a agressão, para afastar o que tememos.
Morremos todos os dias, a todo instante. Morremos todas às vezes que fazemos
uma opção, quando mudamos de emprego, cada vez é deixado para trás aquilo
que havíamos nos esforçado para conseguir. Todas as vezes que assumimos uma
nova postura, uma nova opinião, estamos renascendo. É preciso matar o velho
para que o novo surja. Devemos sempre olhar para a nossa bagagem interior, o
que carregamos na vida e que na verdade não nos serve mais.
Por isso toda atenção nos momentos de crise e de perdas. Eles podem ser a
grande possibilidade da vida. Se não, por sermos tão apegados emocionalmente,
por não nos darmos conta de nossa emoção, por não promovermos uma limpeza
emocional, perdemos mais do que deveríamos e impedimos nosso próprio
crescimento. As vezes, matamos dentro da gente uma capacidade "estranha",
uma emoção, um pressentimento, simplesmente porque não aceitamos penetrar
na sombra nem de nós mesmos muito menos na dos outros.