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CANTO-SPERBER, Monique, L’inquiétude morale et la vie humaine1

ÉTICA E MORAL
•Reflexão ética e filosofia moral referem-se ao mesmo tipo de atividade
intelectual: a compreensão sem preconceitos de uma questão, de suas
condições, de suas conseqüências, a avaliação das ações e omissões
possíveis, a deliberação e a decisão com suas justificativas as vezes
múltiplas, as vezes incompletas.
•Sustentada por este alicerce intelectual, a reflexão ética pode eventualmente
aplicar-se de maneira mais privilegiada a questões mais concretas e mais
contemporâneas.
•A filosofia moral trata mais dos problemas herdados da tradição,
enriquecidos e renovados pela filosofia contemporânea.
•O essencial é que a sorte da ética está totalmente dependente da sorte da
filosofia moral!
ÉTICA E MORAL 2
•Pode existir uma diferença de enfoque: a moral considera mais, embora de
maneira não exclusiva, a presença de regras e de leis.
•A ética considera mais o bem, as virtudes e as práticas.
•A moral e a ética estão sempre encostadas a um processo de reflexão, de
crítica e de justificação.
•Os grandes autores sempre procuraram definir o caráter singular da
racionalidade prática, descobrir seus aspectos e seus fundamentos.
•Estudaram a natureza ontológica e as justificativas epistemológicas das
realidades morais.
•Analisaram detalhadamente, sob o nome de virtude ou de motivação, a face
psicológica da moral.
•A ética é primeiramente um problema de pensamento e de reflexão: o agir
moral é um agir justo, conveniente e que corresponde a um domínio teórico,
pelo menos parcial, da situação.
•É um agir deliberado pelo sujeito num mundo em parte contingente e em
parte necessário em relação ao qual se pode tentar raciocinar e tentar
justificar uma ação.
ÉTICA HOJE...
•Em quase todos os usos contemporâneos do termo ética, percebe se uma
preocupação com boas intenções e eficácia. É uma condição necessária mas
não suficiente.
•Estar consciente de uma dificuldade e querer saná-la não significa que se
consiga identificá-la: a definição de um problema exige um trabalho de
informação e de comparação.
•A qualidade das intenções não garante a qualidade dos resultados se estas
intenções não forem submetidas
–a uma reflexão crítica
–a uma deliberação sobre os meios de agir, suas conseqüências e as
limitações que pesam sobre qualquer decisão.
•A vontade de agir não basta se não for sustentada por uma reflexão
normativa que avalia os objetivos, as outras opções possíveis, o contexto, os

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CANTO-SPERBER, Monique, L’inquiétude morale et la vie humaine, Paris, Presses
Universitaires de France, 2002
possíveis fracassos, os efeitos negativos e as situações irreversíveis que
podem ser criadas.
A PREOCUPAÇÃO ÉTICA HOJE...
•Existe uma consciência mais forte da importância das questões públicas que
dizem respeito ao sentido, ao alcance e às conseqüências das atividades
humanas.
•As questões mais freqüentes são:
–O que podemos fazer?
–Poderemos justificar nossos atos?
–Sabemos exatamente o que estamos fazendo?
–Podemos avaliar no que isso vai dar?
•Nas nossas culturas ocidentais, existe uma grande unanimidade sobre um
pequeno núcleo de princípios morais que são considerados como pontos
fixos e intangíveis mesmo se opostos aos nossos interesses: mesmo quando
transgredidos, estes princípios conservam um valor normativo no sentido de
que as nossas avaliações morais as mais fundamentais são sempre feitas em
função deles.
RACIONALIDADE ÉTICA
• Posso duvidar que existam verdades morais ou éticas, mas a
elaboração das razões que justificam a proibição da escravidão, por
exemplo, dá a esta proibição uma forma de objetividade e um sentido
comum para todos nos.
• As recomendações, frutos de uma reflexão ética, não se apresentam
como regras a ser seguidas. Quando são tornadas públicas, apoiadas
nas suas razões, nas suas condições, situadas no seu contexto,
tornam-se acessíveis e, portanto, discutíveis!
• Mesmo quando inspiram regulamentações, estáveis por um tempo, a
deliberação moral antecedente não está fechada: pode ser enriquecida
por novos fatos ou considerações suplementares.
• A deliberação termina na decisão de agir, mas não ficou apagada!
Permanece ligada à decisão como seu contexto de inteligibilidade e de
justificação, o que permite de reagir de um modo racional e informado
quando novas circunstâncias se apresentam.
CÓDIGOS E REGRAS
•Definir regras que possam garantir o bom desenrolar de uma atividade e
permitir que sejam respeitados os interesses das pessoas envolvidas e do
conjunto da comunidade é fundamental.
•Isto também levanta a esperança que aconteça uma possibilidade de
reflexão e de questionamento sobre a legitimidade das regras, do bem
perseguido por cada atividade e sobre a maneira das práticas se inserir na
comunidade social.
•Além dos princípios fundamentais, é necessária a explicitação e a
justificação das regras.
•É preciso também entender a natureza das dificuldades ou dos conflitos que
as regras devem resolver ou tornar menos dramáticas para ter uma melhor
aproximação da complexidade da reflexão ética.
•O objetivo da reflexão ética será analisar os fatores em conflito, perceber o
emaranhamento das conseqüências vantajosas com os elementos
destruidores, comparar as necessidades, as expectativas e suas formas de
satisfação.
O CASO DA RESPONSABILIDADE
•A noção de responsabilidade moral faz sentido em relação a um conjunto de
condições que dizem respeito à definição da ação intencional.
•Uma ação é intencional se
–Existe uma possibilidade de não realizá-la
–Existe uma descrição precisa do que se faz: não só do ato em si mas das
suas possíveis conseqüências.
•No mundo contemporâneo, nada permite ter certeza de que os efeitos de
uma ação podem ser controlados e restritos a uma porção isolada do mundo,
de um estado, de uma nação ou de um território.
A RESPONSABILIDADE: DUAS EXIGÊNCIAS
•É preciso considerar duas exigências:
–Manter a noção de estrita responsabilidade na esfera da ação intencional.
–Considerar ao mesmo tempo a noção de responsabilidade em relação à
questão geral de saber quais relações existem entre a ação de um indivíduo
e o estado do mundo: a responsabilidade não pode intervir sem a
consideração do caráter particular das conseqüências, principalmente quando
a enormidade das conseqüências não podia ser imaginada.
•Neste caso, é preciso considerar um conceito de responsabilidade
diferenciada que leve em consideração a ligação entre minha ação e as
conseqüências que eu não podia imaginar.
ESTADO DO MUNDO E RESPONSABILIDADE
•Um outro modo de ver a relação que existe entre um ato e o estado do
mundo seria de falar em implicação em vez de responsabilidade.
•O reconhecimento desta noção de implicação significa que poderíamos ter
uma forma de participação no que aconteceu sem que sejamos responsáveis
no sentido estrito da palavra.
•Existe um estado do mundo que ninguém deseja e que só poderia ser
evitado por algumas normas impostas às ações coletivas.
•A aplicação destas normas exigiria regras de comportamentos coletivos que
não resultam diretamente da consciência de cada indivíduo da própria
responsabilidade, mas da necessidade de uma restrição global dos efeitos
das ações humanas.
•Neste caso, o engajamento “responsável” de cada um consiste não em
declarar-se responsável, mas em comprometer-se com a respeito destas
regras.
•O ponto de partida para reflexão é a simulação de um estado global a partir
do qual se analisa as restrições do comportamento que poderia evitar que tal
situação se realize.
•A responsabilidade de cada um é real, mas intervêm no fato de aderir às
regras que foram definidas, interiorizadas e aceitas como legítimas.
ETAPAS DA REFLEXÃO ÉTICA
•Segundo Pascal, para agir bem é preciso pensar bem.
•A ponderação ética é reflexiva e crítica: a descrição dos fatos e a apreensão
das características da situação não são só preliminares da reflexão ética,
mas são parte integrante dela.
•Toda descrição comporta as seguintes perguntas:
–Qual é o aspecto considerado na descrição?
–A partir de qual perspectiva?
–Em relação a qual ponto de vista?
•A reflexão permite responder estas perguntas com a consciência lúcida que
a descrição já supõe um engajamento normativo legítimo desde que
identificado como tal e assumido.
•A objetividade da reflexão aparece na imposição de entender o que está em
causa e de se aproximar da realidade da situação.
•Isto pressupõe um distanciamento em relação aos interesses, aos
sentimentos e aos preconceitos que sempre carregamos conosco.
ÉTICA E PENSAMENTO
•O trabalho de pensar está no alicerce da ética.
•Aristóteles comparava o julgamento moral a uma forma de percepção ou
visão. Neste caso a visão não é um ato de percepção imediata: seria mais o
que conclui um trabalho de reflexão e de busca das melhores razões.
•O trabalho de racionalidade fundamentado na argumentação permite a
percepção e a compreensão rica, determinada de todos os aspectos da
situação.
•Se o esforço de ver o mundo tal como ele é seria a primeira tarefa da
reflexão ética, ele supõe um exercício de realismo, de autenticidade da visão,
de justiça em relação à realidade.
•Nossas avaliações normativas reconhecidas e submetidas à crítica,
paradoxalmente, reforçam nossa busca de objetividade.
ÉTICA E PRÁTICA HUMANA
•O que permite especificamente considerar o alcance ético de uma prática é
–A busca de suas finalidades
–Os bens que ela quer alcançar
–As normas que a guiam.
•Para entender a ética que se quer aplicar a uma prática, é preciso interrogar-
se sobre
–Os critérios de existência da atividade
–O seu escopo
–As regras que vai adotar
–Os valores que ela quer promover.
•Não se pode entender o que é ética empresarial sem entender o que é uma
empresa e seu vínculo com a sociedade.
JUSTIFICATIVA E TEORIA MORAL
•Levar em consideração a heterogeneidade e os aspectos conflitantes de
uma situação pode alicerçar a objetividade moral.
•Uma justificativa viva, não dogmática, deve ser capaz de mobilizar os
argumentos e as razões que os sustentam; ela é em grande parte alimentada
pelas objeções formuladas contra ela.
•É a condição que permite que as decisões ou recomendações éticas não
sejam fundamentadas em dogmas ou princípios abstratos que procedem de
argumentos de autoridade.
•Estas justificativas são etapas fortes da deliberação mas sua estrutura de
justificação permanece aberta.
•A teoria moral não é sempre um conjunto de afirmações demonstradas
resultantes de um princípio único infalível.
•Pode ser fruto de uma harmonização entre crenças que podem ser
resultados de uma reflexão sobre princípios ou de reações emocionais.
•Pode também ser uma instância crítica contra a tentativa de tomar como
fundamento incontestável da moral usos e costumes familiares.
REFLEXÃO ÉTICA E LIBERDADE DE ESPÍRITO
•A exigência crítica é a condição da clareza da visão, da busca das razões,
da percepção da pluralidade e da procura da objetividade.
•Ela supõe também o recurso mental de adotar um outro ponto de vista, de
colocar-se num contexto diferente e de mudar a perspectiva de estudo.
•A exigência intelectual de compreensão tão completa quanto possível que
está no fundamento da ética deve ter como conseqüência uma liberdade de
espírito total quando se trata de considerar uma situação.
•Todas as hipóteses devem ser ponderadas e todos os possíveis cenários de
conflitos: nenhuma preocupação com conveniência deve bloquear a reflexão.
•Certas emoções preparam a compreensão e contribuem para tornar
particularmente evidentes certos aspectos da situação e facilitam a
compreensão das ligações.
SABDEDORIA: COMO VIVER MELHOR?
•Na Antiguidade, a tarefa da filosofia não era dizer aos homens como viver
melhor.
•Para eles, as perguntas fundamentais eram:
–Qual é a ordem interna da vida humana?
–O que é uma vida modelada pela reflexão e a busca das justificativas?
–Qual é a ligação que existe entre a finitude da vida humana e as atividades
que nela tomam lugar?
•A sabedoria não era um conjunto de regras ou uma fórmula para viver bem,
nem uma atitude em relação à vida.
•A sabedoria representava a busca de uma reflexão que imprime na
existência um conjunto de condições formais e que estrutura os desejos e a
vida emocional.
•A presença da sabedoria na vida dependia da compreensão do que é o bem
próprio da vida humana, de construir sua alma segundo a imagem deste bem
e de fazer dele o princípio das próprias ações.
•Este bem era concebido como uma ordem, um equilíbrio, uma harmonia,
uma medida, sendo o produto o mais complexo, o mais diferenciado e o mais
estável da racionalidade.
COMO AVALIAR UMA VIDA?
Comparar vidas humanas ou vidas possíveis ou vidas conduzidas em
ambientes diferentes faz sentido para nos porque achamos dispor de critérios
implícitos que guiam nossa reflexão sobre a vida. Por exemplo:
•A apreciação do que representa um engajamento forte ou uma decisão grave
que afeta o curso inteiro da vida.
•A intuição que as razões das nossas decisões ou de nossos compromissos
podem ser falsificadas em certas condições (crenças, ilusões, falta de
sinceridade...)
•A capacidade de ser reconhecido como sujeito da própria vida em vez de ser
joguete do desejo dos outros ou dos acontecimentos.
•A exigência de inventar em parte a própria vida em vez de conformar-se a
modelos.
•A possibilidade de responder aos golpes de sorte e de reinventar
configurações de sentido.
•A fidelidade a escolhas e engajamentos anteriores.
•A capacidade de crítica e de revisão de escolhas anteriores.
Este trabalho de avaliação está em parte guiado por fatores morais, mas a
maior parte destes critérios são critérios intelectuais formulados a partir de
uma exigência de racionalidade e de coerência.

REFLEXÃO SOBRE SI MESMO...

•A reflexão sobre a existência segue dois métodos:

–Elaborarpensamentos que nos informam sobre os desejos ou as crenças


que temos.

–Considerar quais são as crenças e os desejos que se integram mais


facilmente no conjunto dos estados mentais, disposições mentais e atividades
que atribuímos a nos mesmos.

•No exame que fazemos de nos mesmos e que suscita a reflexão e a


justificação, estes dois métodos são necessários. Correspondem à parte
puramente cognitiva da reflexão sobre nos mesmos e as conclusões são
falíveis.

•Isto é completado pela noção de atestação: ela significa “creio em...” e não
“acredito que...”. Aproxima-se do testemunho, um tipo de “testemunho interior
comunicado”.

•Quando considero a mim mesmo como objeto da minha reflexão, afirmo meu
engajamento em respeitar as implicações do que acho descobrir.

•A imaginação sustenta o trabalho da reflexão no sentido de que ela permite


que o indivíduo olhe para si como espectador do mundo e ator de si mesmo e
de tomar distância.

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