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A QUOI SERT LE TRAVAIL1

Philippe Zarifian

A QUOI SERT LE TRAVAIL


Philippe Zarifian
A QUESTÃO DO TRABALHO
•A questão do trabalho é fundamentalmente tratada segundo duas abordagens:
–Uma abordagem estrutural que raciocina em termos de divisão e coordenação
do trabalho
–Uma abordagem estratégica que raciocina em termos de dominação,
exploração, submissão, deixando para os assalariados a possibilidade ou de
resistir, ou ocupar os espaços cedidos pelas falhas do poder empresarial.
•Na realidade, o trabalho é primeiramente o exercício concreto do poder de
pensamento e de ação dos indivíduos, na sua individualidade e na sua
interdependência, na sua conveniência recíproca e na sua cooperação.
•Primeiro, existe a resistência! Num segundo momento, a opressão. A
resistência consiste em afirmar o próprio poder de agir sobre o mundo, de
manifestar a própria iniciativa e força de invenção num contexto e apesar da
dominação.
INVENÇÃO E EVENTO
•O trabalho é, antes de tudo, invenção, bem antes de ser imitação e
reprodução.
–Existem graus na possibilidade de inventar: das mais individuais às mais
estratégicas e globais.
–A multidão das invenções, bem como suas difusões e cruzamentos, são a
fonte do que os indivíduos produzem no dia a dia de sua atividade.
•A importância da invenção só pode ser entendida plenamente quando se
considera também o conceito de evento:
–trabalhar é enfrentar situações que comportam surpresas, aspectos inéditos,
imprevistos e imprevisíveis.
–É conferir um sentido humano a tudo isso e agir em conseqüência.
SENTIDO DO EVENTO: O SERVIÇO
•O sentido dado ao evento não pode ser entendido e pensado fora do conceito
de serviço, quer dizer o que é efetivamente gerado pelo trabalho profissional, e
de sua utilidade social.
–Entendemos por serviço a transformação potencial e real operada nas
condições de atividade e as capacidades de ação dos destinatários.
–Falar de serviço prestado é um outro modo de falar da utilidade social do que
é feito, acrescentando dimensões éticas que essa atividade apela e mobiliza.
•Vamos considerar o desenrolar da produtividade do trabalho partindo dos
efeitos úteis antecipados, em função da espera e das opiniões dos
destinatários e das transformações no modo de viver que elas manifestam.
•Os julgamentos ético-práticos sempre são emitidos porque é sempre o público,
seus recursos críticos e as trocas de opinião que avaliam o que é oferecido,
apesar da importância dos meios publicitários para influenciar a opinião do
consumidor.

1
ZARIFIAN, Philippe, À quoi sert le travail ?, Paris, La Dispute, Collection Comptoir de la
Politique, 2003
•O mercado está se tornando uma ficção, permanecendo somente uma intensa
concorrência monopolística entre grandes empresas para constituir imensos
territórios de clientelas.
FRAGILIDADE DO SENTIDO DADO AO TRABALHO
•Bem mais do que o poder do corpo e do pensamento, o sentido dado ao
trabalho é frágil.
–A qualquer momento, um indivíduo pode perder o sentido do que ele faz e cair
num estado de alienação.
–A pressão do delivery, a impossibilidade de entender o que se espera dele e
as finalidades, a opacidade da organização, os comportamentos dos clientes
podem gerar uma dificuldade em produzir sentido.
•A alienação não consiste em enfrentar o que é estranho para nos: ela
acontece por perda de sentido, fechamento numa pura rotina reprodutora da
qual não se vê o que ela traz para a vida em comum e num campo de pressões
que não se consegue aguentar.
A QUESTÃO DO TEMPO
•O tempo “espacializado” (medido em horas, minutos e segundos) impõe a
disciplina e a força de sua medição.
•Um outro tempo se impõe na realidade prática: o tempo - devir que é o tempo
das mutações qualitativas, o tempo do presente em tensão permanente entre a
memória e a experiência do passado e a antecipação do futuro.
•Todo indivíduo no trabalho, todo coletivo engajado frente aos mesmos
acontecimentos desenvolve seu poder e conduz sua ação mobilizando a
intensidade de sua memória e pensando o futuro que realiza.
•Ter tempo para trabalhar bem, para aprender, para cooperar, para pensar o
que se faz, para criar, para desenvolver sentido: conseguir efetivar o tempo –
devir e derrotar a ditadura do tempo espacializado, é o que está em jogo!

CAPÍTULO PRIMEIRO: AS SOCIEDADES DE CONTROLE


DAS SOCIEDADES DISCIPLINARES...
•Nas sociedades disciplinares (séculos XVIII, XIX e primeira metade do século
XX segundo Foucault e Deleuze), o indivíduo passa de um ambiente fechado
para outro ambiente fechado (família, escola, empresa...), cada um tendo suas
próprias leis.
•As sociedades disciplinares induzem suas próprias modalidades de resistência;
todavia, essas modalidades são determinadas pelo ao que se opõem. Por
exemplo, o conceito de qualificação de emprego representou uma forma
simbólica tanto da codificação da disciplina bem como da resistência negociada
a essa disciplina.
•Estamos numa crise generalizada desses ambientes fechados e dos modos
de resistência a eles.
... ÀS SOCIEDADES DE CONTROLE
•Os controles não são mais moldes: são modulações, como se fossem moldes
que se auto-deformam que poderiam mudar continuamente de um instante
para o outro, de um lugar para o outro (por exemplo trabalhos, salários...).
–O homem das disciplinas era um produtor descontínuo de energia.
–O homem do controle torna-se ondulatório, colocado em órbita de um modo
contínuo, sustentado por um feixe, inventor permanente.
•É a solidez e a plasticidade do feixe que liga o novo assalariado à empresa
que o emprega.
•A evolução do trabalho pode ser analisada pelo duplo anglo de dominação e
emancipação.
•A noção que coloca um ponto central de tensão é a de engajamento subjetivo.
O engajamento está no centro de um controle de dominação e da fonte de
disposições de emancipação.
RE-ARRUMAÇÃO DAS RELAÇÕES DE DOMINAÇÃO
•Não existe uma substituição pura e simples das sociedades disciplinares
(sempre em crise) mas um avanço das sociedades de controle dentro das
sociedades disciplinares com efeitos de tensão, de fratura mas não de
substituição.
•A tecnologia informática oferece uma ocasião, provavelmente sem
equivalência histórica, de desenvolver um poder disciplinador ao mesmo tempo
sobre cada indivíduo e sobre conjuntos de população. Existe um afunilamento
do disciplinamento, com uma precisão cada vez maior.
•A aceitação desse processo é frágil e ele gera progressos de produtividade
limitados: o universo atual é de sujeitos que suportam cada vez menos a
opressão direta e que devem atuar e reagir a eventos cada vez menos
previstos e previsíveis.
NOVO TIPO DE CONTROLE: O CONTROLE DE ENGAJAMENTO
•O conceito chave para pensar esse controle é o conceito de modulação.
–Modulação do uso do tempo: um computador conectado é utilizável a qualquer
momento e o trabalho está completamente livre dos horários legais.
–Modulação no espaço: cresce a oferta de espaço nos quais se pode trabalhar.
–Modulação do engajamento subjetivo: é o assalariado que vai desencadear
sua própria atividade de trabalho e modular os momentos nos quais ele vai
fazer isto. Isso supõe um engajamento forte de sua parte.
•Isso dá uma alcance novo ao controle por objetivos e resultados.
•O indivíduo circula livremente: porém, um feixe (de transmissão de
informações e de comunicação) o segura e o orienta ao mesmo tempo. Se
mantém um fechamento disciplinar junto com o controle de engajamento.
•É a separação dos assalariados, quer dizer a estruturação da não-
comunicação inter-humana que participa da socialização dos indivíduos.
RELAÇÃO FRENTE A FRENTE COM O COMPUTADOR
•A relação frente a frente do assalariado com seu computador que, fisicamente,
tende a isolá-lo é fortalecida por uma segmentação dos espaços de acesso à
informação e dos softwares liberados. É uma distribuição de chaves operada
pelo administrador do sistema segundo ordens da hierarquia.
•O assalariado é isolado na estruturação da informação que ele acessa e que
ele deve produzir e transmitir. A consolidação é feita a níveis superiores ou
pelo próprio sistema.
•Portanto, o assalariado não comunica informações: ele as transmite e não
necessariamente a humanos.
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
•O assalariado não entra somente num sistema de informação: ele comunica
realmente com humanos, no sentido de uma troca inter-subjetiva em virtude da
modulação e do feixe que o ligam à empresa.
•Nessa comunicação acontece a negociação dos engajamentos assumidos e
dos resultados do quais ele deverá prestar conta:
–De um lado, existe a agonia dos dispositivos disciplinares, por conta da
evolução profunda da individualidade moderna, que torna cada vez mais difícil
as imposições puras e simples.
–Do outro lado, a negociação faz parte da modulação. Ela autoriza uma
renegociação permanente, normalmente por iniciativa da empresa.
REDEFINIÇÃO DAS RELAÇÕES DE EMANCIPAÇÃO
•Como ferramenta de trabalho, o computador oferece, num número crescente
de casos, um acesso a bases de informações e à fonte da constituição de
conhecimentos que alargam as capacidades e a pertinência profissional do
trabalho. É um ganho de liberdade.
A ferramenta informática oferece informações que se tornam conhecimento
quando são inseridas numa problematização e uma interpretação do real,
quando fornecem uma resposta a uma interrogação problemática sobre um fato
ou um acontecimento.
•As faculdades de modulação podem ser reinterpretadas segundo uma fase
emancipadora: permitem um poder de auto-organização e a modulação pode
ser parcialmente transgredida.
•O isolamento é raramente total e não pode ser posto como regra geral do
trabalho moderno gerido pelas novas tecnologias. Comunicações autenticas
em rede se desenvolvem ou tendem a se desenvolver.
TENSÕES ENTRE DOMINAÇÃO E EMANCIPAÇÃO
•O que é o engajamento subjetivo afinal? É um ser de face dupla
–A face da captação da atividade subjetiva do assalariado numa relação de

dominação
–A face do sentido pessoal e coletivo dada à ação social, numa forma renovada
de uma relação de emancipação.
•As sociedades de controle levam a repensar a problemática das relações de
emancipação: não somente por resistência mas por desvio de perspectiva.
•Estudar uma relação de poder, é poder estudar um exercício concreto, num
dispositivo dado, e segundo uma certa orientação do saber que diz respeito a
esse exercício.
•Existe dominação quando o exercício recíproco do poder (existe sempre
reciprocidade no relacionamento de poder) acha-se estruturado no modo
desigual, dando uma força dominação sobre a outra.
•Existe dominação quando as relações de poder são fixados de tal modo que
são perpetuamente assimétricos, quando um indivíduo ou um grupo social
consegue bloquear um campo de relação de poder, torná-lo imóvel e fixo, e
impedir toda reversibilidade do movimento.
•A modulação e o feixe introduzem uma dominação distanciada mas que
exercita um efeito de chamada permanente sobre o assalariado.
•Existe liberdade no exercício do poder de pensar, de agir e de cooperar
exercitado pelos indivíduos sujeitos.
•As relações de emancipação são as onde o sujeito se engaja subjetivamente,
pelo exercício do próprio poder, nos futuros que ele modula e nos eventos que
ele encontra.

CAPÍTULO SEGUNDO: O TEMPO DO TRABALHO.


A DISCIPLINA DO TEMPO ESPACIALIZADO
•A disciplina do tempo espacializado forma-se primeiramente sobre um fundo
de auto-disciplina. O tempo de trabalho é um tempo pivô de toda a atividade
social.
•A submissão do trabalho ao tempo espacializado visa a resolver, no mundo
capitalista, o duplo problema:
–Como reduzir trabalhos qualitativamente heterogêneos e diferenciados a uma
mesma medida temporal?
–Como regular, nessa medida temporal, a relação capital – trabalho e inscrever
o tempo econômico como base da produção da sobre-valor.
•De lá vem o conceito de valor-trabalho e o conceito clássico de produtividade:
diminuição do tempo socialmente necessário para produzir uma unidade de
mercadoria.
•O tempo penetra nos gestos e nos movimentos operários, a tal ponto que ao
operário escapa a definição do movimento do seu próprio corpo. O movimento
do seu corpo é apresentado a ele como uma realidade à qual ele deve
submeter-se.
•A disciplina tende a deslocar-se na questão dos prazos que representa um
espaço temporal entre duas datas. A medição do calendário substituí ou se
combina com a medição das operações elementares. A pressão se desloca
menos nos gestos ou seus equivalentes do que nas datas limites. Assim esse
tipo de controle pode ser aplicado a atividades intelectuais.
O TEMPO-DEVIR: UM NOVO OLHAR SOBRE O TRABALHO
•O trabalho concreto de base pode ser definido como: conduzir um devir,
mobilizando a experiência passada e antecipando o futuro.
•Temos a mobilização da memória, o enfrentamento de eventos e a síntese
disjuntiva que se caracteriza em micro-escolhas e micro-iniciativas.
•Um projeto é sempre enquadrado numa datação. Mas um projeto é, ao mesmo
tempo, a condução coletiva de um devir. Nos elementos que influenciam,
podemos destacar:
–A transferência de experiências, da memória dos projetos precedentes
–A tomada de riscos sobre o futuro sob forma de hipóteses, de cenários, de
tentativas de opções diferentes e de confrontações de pontos de vista
diferentes: a qualidade dos acordos que resultam dessas confrontações
condiciona o sucesso do projeto.

CAPÍTULO TERCEIRO: O PODER DA COOPERAÇÃO NA PRODUÇÃO DO


SERVIÇO
DUAS RELAÇÕES SOCIAIS
A produção do serviço coloca em jogo duas relações sociais:
•A relação econômica
•A relação produtor-usuário.
É do ponto de vista da relação produtor-usuário que o conceito de serviço faz
sentido.
A partir daí, ele se torna um conceito crítico permitindo entender a realidade
efetiva e interrogando a produção econômica.
O QUE É SERVIÇO?
•É a importância discriminante que um usuário singular atribui à transformação
potencial de suas condições de atividade e de seu poder de pensamento e de
ação.
•Neste sentido, a produção do serviço representa a variação de um poder,
engajado, porém, numa esfera do modo de vida.
•A produção do serviço encontra-se engajada no tempo - devir, no tempo da
diferença qualitativa entre o antes e o depois da mutação.
•Nessa variação de poder se cruzam duas linhas de determinação.
PRIMEIRA LINHA DE DETERMINAÇÃO: PODER SOCIAL
•A primeira é relativa à multiplicidade das relações recíprocas nas quais uma
individualidade se desenvolve e se socializa de um modo largamente
subconsciente.
•O serviço adquire um significados social na medida em que desencadeia uma
circulação de opiniões em relação à sua pertinência.
•Um mesmo produto (o celular, por exemplo) pode ser visto segundo dois
pontos de vista:
–Um produto comercial é eticamente neutro: é objeto de estatísticas de venda.
–Quando se analisa um serviço, é preciso analisar se o poder social aumenta
ou diminui, e de que modo o serviço influencia a vida coletiva, se ele
enfraquece a vida da comunidade.
SEGUNDA LINHA DE DETERMINAÇÃO: O INDIVÍDUO
•A segunda linha de determinação diz respeito ao processo de individuação
próprio a cada um, ao poder de pensamento, de ação e de construção do
próprio futuro.
•Mais o indivíduo consegue pensar-se como causa da própria conduta e
assumir o desenvolvimento da própria personalidade e de sua originalidade,
mais ele ganha em firmeza e poder individual.
•Um produto – serviço pode produzir o efeito contrário.
•Tudo isso pode levar ao desenvolvimento de um sentido do essencial.
•Daí vem a diferença de um pensamento ético sobre o serviço, diferente de um
pensamento puramente econômico sobre os produtos comerciais.
O PODER ENGAJADO DO LADO DOS PRODUTORES
•A produção do serviço, quando operada no interior do sistema capitalista, é
necessariamente submetida a avaliações monetárias.
•Existe um esforço permanente do assalariado produtor para tomar distância
em relação a essas submissões e conseguir perceber a relação de serviço com
seus usuários.
•A geração do serviço vai supor toda uma cadeia de cooperação que vai entrar
na profundeza da empresa.
•Muitos acordos devem ser achados entre aqueles que exercem a pressão
econômica e os que são profissionalmente e eticamente engajados na geração
do serviço ao cliente.

CAPÍTULO QUARTO: MÔNADA, SUJEITO E ATOR: UM OUTRO OLHAR


SOBRE O TRABALHO
ATIVIDADE MAIS PROFUNADAMENTE INDIVIDUAL
•A atividade de trabalho é mais individual porque global: por exemplo o
conselheiro financeiro, o pesquisador, estão sozinhos frente ao cliente ou ao
processo de pesquisa e assumem a integralidade da situação.
•Existe uma concentração sobre si mesmo, um isolamento em relação à
organização e, ao mesmo tempo, uma respiração interior.
•É, portanto, uma atividade portadora de subjetivação e mais solitária.
•É preciso entender essa dimensão solitária do trabalho e toda sua positividade
potencial.
•É preciso permitir concentração e ter lugares de isolamento.
ATIVIDADE MAIS PROFUNDAMENTE COLETIVA
•O indivíduo condensa objetivos e relacionamentos sociais que o englobam.
•Os objetivos da empresa, definidos pela direção, são reabsorvidos,
condensados e reformados por cada indivíduo de um modo único.
•A dimensão solitária do trabalho se alimenta de trocas sociais que encontram
seu sentido a partir do que foi iniciado pelo indivíduo.
•É um tipo de respiração externa que prolonga cada indivíduo na necessidade
da plena realização de suas ações.
•A organização como agir coletivo apresenta-se como um conjunto flexível de
sujeitos, interdependentes nas suas respectivas iniciativas.
•Existe uma nova divisão do trabalho: a rede de trabalho é um lugar de
confrontos, de tensões, de trocas entre campos de responsabilidade onde
indivíduos se re-posicionam nas suas desigualdades e igualdades, nas suas
interdependências e nas relações de dominação.
TRÊS MOMENTOS NA ATIVIDADE DO INDIVÍDUO
•Um momento de concentração individual solitária: reflexão, julgamento quanto
à iniciativa que deve ser tomada, polarização do pensamento, engajamento.
•Um momento de trocas extensivas de informações na equipe e/ou na rede. A
co-presença física não é mais necessária.
•Um momento de trocas intensivas de sentido nas relações inter-subjetivas: é o
momento da confrontação e da busca de um significado, sempre com
dimensão ética, onde se forma uma compreensão recíproca sobre as
finalidades da ação, a orientação dada às ações cruzadas dentro da rede e a
cooperação. Este momento exige o contato direto por causa da ambigüidade e
da dinâmica própria das palavras e dos argumentos.
É preciso organizar a coerência, a convergência e a co-dependência desses
três tempos: é preciso pensá-las.

CAPÍTULO NONO: O DESAPARECIMENTO DO MERCADO


UMA IDÉIA DOMINANTE E DUAS AFIRMAÇÕES
•A idéia segundo a qual estaríamos num período de liberalização, com o
desenvolvimento do recurso ao mercado e à livre concorrência pela redução ou
desaparecimento dos entraves à circulação das mercadorias e dos capitais ou
pelo desmantelamento dos monopólios dos serviços públicos, é dominante.
•Uma análise mais cuidadosa pode levar a uma dupla afirmação:
–Existe uma exacerbação da concorrência: contudo, são poucos e pesados
protagonistas, de escala mundial e com todo o seu séqüito de empresas
aliadas, fornecedoras e terceirizadas.
–O mercado está desaparecendo: tornou-se uma pura referência ideológica.
O OBJETIVO DA CONCORRÊNCIA NÃO É O MERCADO...
•O objetivo da concorrência não é o lugar fictício onde a oferta encontra a
demanda, deixando que os clientes escolham.
•O objetivo é a captação de uma clientela, é a constituição por cada firma de
um capital-clientela gerido de um modo monopolista. Portanto, se busca:
–A fidelização da clientela conquistada
–A capacidade de renovar a oferta pela inovação para deslocar clientelas e
invadir o capital – clientela do concorrente.
CAPITAL-CLIENTELA
•O capital-clientela é um território de um novo tipo: um território informacional e
de comunicação que condiciona as trocas comerciais e o transito dos fluxos
financeiros e que se estende numa escala global.
•O capital-clientela tem uma dupla função econômica:
–Os clientes tornam-se um recurso porque participam, por meio de vários
canais, da geração do produto ou serviço que lhes é oferecido. Tornam-se um
recurso produtivo e um capital no qual a empresa investe.
–Os clientes são compradores e participam da realização do capital da
empresa.
•As metáforas utilizadas na Internet são de território e de comunidades, o que
está mais para economia medieval, incrementada de uma real liberdade de
navegação!
E A CONCORRÊNCIA?
•Isto não anula a concorrência: ela é monopolista na medida em que cada
empresa tenta ao mesmo tempo proteger suas fronteiras e invadir o território
da outra.
•Os clientes têm direito de escolha?
–Sim, mas não escolhem num mercado. Eles escolhem o feudo ao qual eles
vão pertencer. Compram cada vez menos e assinam cada vez mais um
acesso.
–Ganham a liberdade de poder manifestar sua volatilidade.
•Com o conceito de serviço se re-equilibra a relação empresa-cliente.
–Os clientes tornam-se seres políticos no sentido de que são capazes de
formar uma opinião pública e agir sobre a relação com a empresa
–Forma-se uma demanda, não pontual sobre tal ou tal produto: é uma
demanda de mutação nos modos de viver que, explorando as ofertas das
empresas, as superam na medida em que as re-situam nas suas contribuições
e efeitos reais.

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