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Philippe Zarifian
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ZARIFIAN, Philippe, À quoi sert le travail ?, Paris, La Dispute, Collection Comptoir de la
Politique, 2003
•O mercado está se tornando uma ficção, permanecendo somente uma intensa
concorrência monopolística entre grandes empresas para constituir imensos
territórios de clientelas.
FRAGILIDADE DO SENTIDO DADO AO TRABALHO
•Bem mais do que o poder do corpo e do pensamento, o sentido dado ao
trabalho é frágil.
–A qualquer momento, um indivíduo pode perder o sentido do que ele faz e cair
num estado de alienação.
–A pressão do delivery, a impossibilidade de entender o que se espera dele e
as finalidades, a opacidade da organização, os comportamentos dos clientes
podem gerar uma dificuldade em produzir sentido.
•A alienação não consiste em enfrentar o que é estranho para nos: ela
acontece por perda de sentido, fechamento numa pura rotina reprodutora da
qual não se vê o que ela traz para a vida em comum e num campo de pressões
que não se consegue aguentar.
A QUESTÃO DO TEMPO
•O tempo “espacializado” (medido em horas, minutos e segundos) impõe a
disciplina e a força de sua medição.
•Um outro tempo se impõe na realidade prática: o tempo - devir que é o tempo
das mutações qualitativas, o tempo do presente em tensão permanente entre a
memória e a experiência do passado e a antecipação do futuro.
•Todo indivíduo no trabalho, todo coletivo engajado frente aos mesmos
acontecimentos desenvolve seu poder e conduz sua ação mobilizando a
intensidade de sua memória e pensando o futuro que realiza.
•Ter tempo para trabalhar bem, para aprender, para cooperar, para pensar o
que se faz, para criar, para desenvolver sentido: conseguir efetivar o tempo –
devir e derrotar a ditadura do tempo espacializado, é o que está em jogo!
dominação
–A face do sentido pessoal e coletivo dada à ação social, numa forma renovada
de uma relação de emancipação.
•As sociedades de controle levam a repensar a problemática das relações de
emancipação: não somente por resistência mas por desvio de perspectiva.
•Estudar uma relação de poder, é poder estudar um exercício concreto, num
dispositivo dado, e segundo uma certa orientação do saber que diz respeito a
esse exercício.
•Existe dominação quando o exercício recíproco do poder (existe sempre
reciprocidade no relacionamento de poder) acha-se estruturado no modo
desigual, dando uma força dominação sobre a outra.
•Existe dominação quando as relações de poder são fixados de tal modo que
são perpetuamente assimétricos, quando um indivíduo ou um grupo social
consegue bloquear um campo de relação de poder, torná-lo imóvel e fixo, e
impedir toda reversibilidade do movimento.
•A modulação e o feixe introduzem uma dominação distanciada mas que
exercita um efeito de chamada permanente sobre o assalariado.
•Existe liberdade no exercício do poder de pensar, de agir e de cooperar
exercitado pelos indivíduos sujeitos.
•As relações de emancipação são as onde o sujeito se engaja subjetivamente,
pelo exercício do próprio poder, nos futuros que ele modula e nos eventos que
ele encontra.