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Rotina

Acordou, e era uma linda manhã de segunda-feira. Os raios de sol se


infiltravam em seu quarto através dos pequenos vazamentos pela janela, mas o
suficiente claros para que acordasse.
Ao ver que o dia raiava no mundo exterior, levantou-se de sua cama. Estava
tudo devidamente colocado como havia deixado no domingo: o uniforme com o
qual passaria o dia na escola, a mochila propriamente arrumada no canto, sua
estante de livros organizada em ordem alfabética. Ótimo. Iria ser como qualquer
outra segunda.
Detestava segunda-feiras.
Referências ao Garfield à parte, odiava seriamente as segunda-feiras,
considerava-as o dia da semana mais desanimador de todos os sete que estavam à
mostra no calendário da parede. Segunda era quando o incrível final de semana
terminava e mais uma vez a rotina era retomada.
Acordar, ver se tudo estava no lugar, se arrumar, ir para a escola, estudar,
voltar para casa, almoçar, conversar com os amigos via internet, cochilar, sair,
voltar, jantar, arrumar as coisas para o dia seguinte, assistir televisão, dormir.
E repete.
Repete.
Repete.
Certas vezes, sentia como se a sua vida fosse como um algoritmo em loop
infinito. A cada dia, as mesmas coisas. Rotina. Rotina.
As únicas exceções à regra eram os finais de semana. Que Deus os
abençoasse, uma quebra na rotina para se divertir um pouco mais com os amigos,
descansar, sair do padrão de vida que levava e extrapolar. Por isso que adorava os
finais de semana. Não um motivo fútil como apenas o clássico “não-tem-aula”.
Queria mudança.
Não queria rotina.
Escovou os dentes, tomou um banho, comeu as torradas que a mãe lhe
havia preparado e saiu para a escola. Tudo como o planejado, como sempre foi e
sempre seria.
Com as mochilas nas costas e mastigando a última torrada, parou ao ponto
de ônibus, onde viu pessoas peculiares sentadas. Uma delas era um mendigo, sujo,
trajando farrapos acastanhados e encardidos. Sentiu uma pontada de pena, mas
nada em especial. Mendigos não eram raros naquela parte da cidade. Às vezes
pareciam enfeites, pensava, colocados como apenas mera decoração às ruelas
escuras daquele local. Não se surpreenderia. Nada surpreendia.
O ônibus chegou, pagou a tarifa ao cobrador (um homem calvo com cara de
poucos amigos) e achou um lugar vazio próximo a uma senhora de idade que
dormia.
Assim, trinta minutos depois se encontrava frente ao portão da escola, com
quinze minutos de antecedência. Melhor assim, não gostava de atrasar-se, embora
tal prática de vez em quando fosse um artifício para sair da rotina.
Teve aula de matemática, história, biologia, física e artes. Nesta última, fez
um trabalho junto a uma garota de cabelos castanhos e encaracolados, e fizeram
retratos da pessoa à sua frente. Seu retrato ficou razoável, o rosto da menina era
facilmente identificável. Entregou-o para a professora, colocou a mochila nas costas
e deixou o recinto.
Em casa, uma hora depois, almoçou omelete de queijo. Nada mal, mais uma
especialidade de sua mãe. Quantas especialidades ela tinha, mesmo? Perdera a
conta já havia anos. Todos os dias, as palavras “A refeição de hoje é a minha
especialidade!” saía da boca dela. Havia se acostumado.
Aquela frase fazia parte da rotina.
Almoçou, começou a navegar na internet. Três amigos estavam disponíveis,
todos irrelevantes. Sem nada melhor para fazer, desligou o computador e cochilou
por algumas horas.
Acordou do cochilo, saiu de casa e caminhou pelo bairro. No caminho, viu
um homem vestindo um macacão levando o seu cachorro (labrador) para passear.
Não se acostumara a ver macacões, marcou a aparência do homem em seu
cérebro.
Voltou para casa, jantou mais uma especialidade da mãe: Hambúrgueres.
Estavam apetitosos, porém ligeiramente mal-passados.
Arrumou as coisas para o dia seguinte, a terça-feira. Não gostaria de se
atrasar, gostaria?
Deitou na cama, fechou os olhos, e pensou: “E mais um dia seguindo a
rotina”. Dormiu.

Acordou, e era uma linda manhã de segunda-feira. Os raios de sol se


infiltravam em seu quarto através dos pequenos vazamentos pela janela, mas o
suficiente claros para que acordasse.
Ao ver que o dia raiava no mundo exterior, levantou-se de sua cama. Estava
tudo devidamente colocado como havia deixado no domingo: o uniforme com o
qual passaria o dia na escola, a mochila propriamente arrumada no canto, sua
estante de livros organizada em ordem alfabética. Ótimo. Iria ser como qualquer
outra segunda.
Detestava segunda-feiras.
Espere. Havia algo errado com aquilo. Era terça-feira, e não segunda.
Consultou o visor no seu celular. Era segunda-feira. Havia lembrado de ter vivido
segunda no dia anterior. Não?
Devia ter sonhado com aquilo. Hoje era segunda.
Escovou os dentes, tomou um banho, comeu as torradas que a mãe lhe
havia preparado e saiu para a escola.
Aquilo lhe soou tremendamente familiar. Havia feito exatamente a mesma
coisa no dia anterior, se lembrava que tinha! Tinha algo errado nessa história.
Ah, déjà vu.
Saiu para o ponto de ônibus pensando naquilo, e um leve estupor mental
surgiu ao ver as pessoas paradas no ponto. Uma delas era um mendigo vestindo
tons castanhos. Porra.
Aquilo não poderia estar certo.
Prevendo o que veria ao entrar no ônibus, não deu outra: O cobrador do dia
era um homem calvo com cara de poucos amigos. Só havia um lugar disponível, ao
lado de uma senhora de idade.
Uma ligeira tontura tomou seu corpo. Não, não, não, o que estava
acontecendo com a porra da terça-feira, que na verdade era segunda-feira. Como
assim? Não entendia.
Ao chegar na escola, teve aula de matemática, história, biologia, física e
artes. Nesta última, fez um trabalho junto a uma garota de cabelos castanhos e
encaracolados. A mesma menina do dia anterior, lembrava-se nebulosamente.
Tinha uma vaga idéia do que fariam, retratos da pessoa a sua frente. Cinco
segundos depois, as exatas palavras saíram da boca do professor.
Sentia-se vidente.
Após sair da escola, almoçou omelete e jantou hambúrguer. Não havia
ninguém relevante na internet, apenas três amigos. Ao sair de casa como mandava
sua rotina, se deparou com um homem de macacão levando um labrador para
passear.
Dormiu.

Acordou, e era uma linda manhã de segunda-feira. Os raios de sol se


infiltravam em seu quarto através dos pequenos vazamentos pela janela, mas o
suficiente claros para que acordasse.
Ao ver que o dia raiava no mundo exterior, levantou-se de sua cama. Estava
tudo devidamente colocado como havia deixado no domingo: o uniforme com o
qual passaria o dia na escola, a mochila propriamente arrumada no canto, sua
estante de livros organizada em ordem alfabética. Ótimo. Iria ser como qualquer
outra segunda.
Detestava segunda-feiras.
“Ok”, pensou, “já chega.”
Levantou-se, não escovou os dentes, saiu para a cozinha e perguntou à sua
mãe o dia atual. Era segunda-feira, naturalmente.
“Como assim?” disse, “Ontem era segunda.”
“Não!” respondeu sua mãe, “ontem era domingo, havia jogo de futebol, seu
pai assistiu, não se lembra?”
“Ontem eu fui à escola, como toda segunda” negou
Sua mãe mediu a sua temperatura, ignorando suas contestações quanto a
estar doente. Não estava febril. Apesar de tudo, estava tendo alucinações, não
estava?
Podia estar fingindo.
“Vá para a escola e tire esses pensamentos da cabeça”, foi o que ela disse.
Pegou o material e foi embora sem comer as torradas, embora tenha se
arrependido ao chegar no ponto de ônibus. Estava com fome.
O mendigo esperava no ponto, assim como o cobrador Calvo e a Senhora de
Idade esperavam atenciosamente dentro do ônibus.
“O mundo só pode estar de brincadeira”.
O dia transcorreu como qualquer segunda. Houve aulas de arte, e fez o
trabalho com uma menina de cabelos castanhos...

Acordou, e era uma linda manhã de segunda-feira. Os raios de sol se


infiltravam em seu quarto através dos pequenos vazamentos pela janela, mas o
suficiente claros para que acordasse.
Ao ver que o dia raiava no mundo exterior, levantou-se de sua cama. Estava
tudo devidamente colocado como havia deixado no domingo: o uniforme com o
qual passaria o dia na escola, a mochila propriamente arrumada no canto, sua
estante de livros organizada em ordem alfabética. Ótimo. Iria ser como qualquer
outra segunda.
Detestava segunda-feiras.
E como detestava segunda-feiras.
Você detestaria segunda-feiras se vivesse a mesma bosta por três dias
seguintes, e começasse outra vez no quarto, não?
Saiu do quarto e comeu as torradas. Sua expressão estava visivelmente
transtornada.
“Algum problema?” perguntou a mãe.
“Sim. É segunda de novo”.
“Mas é claro que é segunda, o que você esperava?”
“Quinta-feira”, respondeu rispidamente, e saiu de casa. Não havia escovado
os dentes e ainda estava de pijama.
Foi ao ponto de ônibus, embora o fizesse simplesmente para ter certeza.
Sem falta, o mendigo. Não esperou o ônibus para confirmar se o resto dos caricatos
personagens estava a sua espera. Sabia que eles estavam.
“Por que eu?” perguntou aos céus, dentro de sua mente, ao entrar em casa
novamente. Por que repetir a mesma segunda-feira pela quarta vez?
Desta vez faria diferente.
Entrou em seu quarto, e o trancou. Desencostou o guarda-roupa da parede
e o empurrou até que caísse com um súbito estrondo. Sua mãe começou a indagar
o que fazia, preocupada, do lado de fora do quarto. Não respondeu.
Permaneceu no seu quarto até o final do dia. A fome dominava o ambiente.
Dormiu.

Acordou, e era uma linda manhã de segunda-feira. Os raios de sol se


infiltravam em seu quarto através dos pequenos vazamentos pela janela, mas o
suficiente claros para que acordasse.
Ao ver que o dia raiava no mundo exterior, levantou-se de sua cama. Estava
tudo devidamente colocado como havia deixado no domingo: o uniforme com o
qual passaria o dia na escola, a mochila propriamente arrumada no canto, sua
estante de livros organizada em ordem alfabética. Ótimo. Iria ser como qualquer
outra segunda.
Detestava segunda-feiras.
É, não havia funcionado. Tudo estava do mesmo jeito que havia deixado
domingo. O que tinha feito na “segunda” imaginária havia sido desfeito como
mágica.
Por quê?
Gritou em voz alta.
Sua mãe adentrou o quarto, preocupada. “Por que o quê?”, indagou em tom
de concernimento. Respondeu:
“Mãe, é a quinta vez que estou vivendo o mesmo dia. A porra da quinta
vez.”
Ela não entendeu.
“Se você sair agora, e for ao ponto de ônibus, poderá ver um mendigo
usando roupas marrons. Se entrar no ônibus, verá um cobrador calvo e uma
senhora idosa com um assento a sua espera.”
“...Não fale bobeiras.” A mãe respondeu.
Ótimo. A mãe não acreditava. Devia supor insanidade. Psicopatia, talvez?
Não, não era para tanto.

[...]

Acordou, e era uma linda manhã de segunda-feira. Os raios de sol se


infiltravam em seu quarto através dos pequenos vazamentos pela janela, mas o
suficiente claros para que acordasse.
Ao ver que o dia raiava no mundo exterior, levantou-se de sua cama. Estava
tudo devidamente colocado como havia deixado no domingo: o uniforme com o
qual passaria o dia na escola, a mochila propriamente arrumada no canto, sua
estante de livros organizada em ordem alfabética. Ótimo. Iria ser como qualquer
outra segunda.
Detestava segunda-feiras.
Era a centésima terceira vez que vivia a mesma segunda-feira.
Não agüentava mais. Todas as tentativas de convencer alguma pessoa de
que estavam vivendo em um loop resultava em respostas debochadas e suposições
de loucura. Não agüentava mais.
E ninguém mais percebia a porra da rotina infinita em que o mundo vivia.
Não, não, foda-se.
Se era assim, foda-se.
Antes morrer do que viver o mesmo dia de novo. De novo. E de novo.
Não comeu as torradas, não se arrumou, apenas levantou e saiu de casa.
Chegou ao ponto de ônibus, cumprimentou o mendigo, e parou frente a rua. Iria
acabar com aquilo de uma vez. Um Ford Fox vinha. Era preto. Havia notado o carro
no dia anterior. O achou excepcionalmente rápido, provavelmente desrespeitando
os limites de velocidade.
Chega.
Estava planejando seu suicídio havia três ciclos. Aquela havia de dar certo.
Passou noites se convencendo de que não valia a pena morrer. Deixara uma nota
de suicídio na mesa, explicando a sua situação. Mas que se fodessem. Não iriam
acreditar. “Mais uma de nossas bravas pessoas loucas que se matarem sem mais
nem menos”. O que mais doía é que deveria parecer perfeitamente normal à mãe
no dia anterior.
Lá vinha o carro. Jogou-se na frente, e o motorista não tinha reflexos
rápidos o bastante. Sentiu o tranco quando bateu pelo capô, o vidro rachando sob
sua cabeça e o gosto de sangue quando mordeu a língua. A dor era excruciante.
Rolou por toda a lataria do Fox e caiu sobre o asfalto. O motorista havia
freado e descia do carro para ajudar. Mas era tarde demais.
Estava prestes a morrer, enfim.
Estava livre.
Sentiu os sons ficando mais abafados. Via de modo embaçado uma massa
castanha se aproximando. O mendigo, talvez? Sim, provavelmente.
A visão estava escurecendo. Sentia-se leve. Sentia-se livre. Sentiu o doce e
libertador abraço da morte sobre sua alma, e sorriu por dentro...
Livre!

[...]

Acordou, e era uma linda manhã de segunda-feira.

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