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BAUDRILLARD. Imagem, Imaginação.

Trata-se de um autor que procura pensar o quadro histórico que se


convencionou chamar de pós-moderno através de um
questionamento radical da forma e do conteúdo, não apenas da
tradição, mas também dos modos de pensar contemporâneos que em
vários autores e textos aparecem sob a égide do pós-moderno. Isso
redunda numa recusa de categorias, conceitos e estilos de crítica da
modernidade: o alcance dessa recusa, que não é acompanhada de
um esforço de reconstrução argumentativa ou demonstrativa, que
seria como uma nova lógica, faz com que Baudrillard seja
considerado muitas vezes um niilista.

É difícil reconstituir ordenadamente oi seu pensamento, até porque


essa tentativa implica o risco de trair a sua contribuição mais
importante, que é a de por em xeque a ordem e os pressupostos da
ordem do pensamento e da ação.
Mas como se trata de entender, no seu pensamento, a transformação
da imagem, vamos adotar aqui a estratégia de apelar para algumas
noções gerais constitutivas do pensamento moderno. Entre elas está
a de representação como relação entre sujeito e objeto.
Habitualmente se diz que o sujeito, no seu perfil cartesiano, exerce
uma função constitutiva. Isso não quer necessariamente dizer que ele
constitui o mundo e as coisas no modo de um puro idealismo.
Podemos aceitar simplesmente que o sujeito, dada a sua posição na
relação representativa, constitui as coisas e o mundo como objetos.
Com isso atribuímos ao sujeito uma função que seria mais
epistemológica do que ontológica. E nisso entra toda a questão
relativa ao método e às formas de apreensão inerentes à
racionalidade objetiva. O sujeito está diante de um mundo de objetos:
a objetividade, e tudo que ela implica em termos de constituição
racional, define as posições respectivas das duas instâncias de
conhecimento, ou mesmo de qualquer relação.
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Nesse sentido é preciso considerar dois aspectos: 1) a posição do


sujeito implica a “imagem do mundo” (Heidegger) com a qual ele se
relaciona constitutivamente; 2) o mundo representado é constituído
também pelas significações que o sujeito atribui aos fatos, às coisas e
às pessoas (Sartre).

O que Baudrillard nota, na altura da modernidade que estamos


vivendo, é uma modificação substancial que pode ser enunciada de
duas maneiras. Primeira: o mundo dos objetos tende a uma
autonomia em relação à sua constituição pelo sujeito, tanto do ponto
de vista da objetividade quanto da significação. Segunda: de modo
análogo e pelas mesmas razões, as imagens tendem a uma
autonomia em relação aos seus referentes.
Isso significa: em primeiro lugar, o questionamento da posição
tradicional do sujeito que visa as coisas e as constitui como objetos
pelo olhar teórico ou pela consideração prática. O que é posto em
questão é a dependência do objeto em relação ao sujeito e, assim, a
hegemonia que, de Descartes a Husserl, foi afirmada de várias
maneiras. Em segundo lugar, fica também posta em xeque a relação
entre imagem e realidade tal como concebida habitualmente, isto é,
nos termos da referência da imagem á realidade. A dependência
implicada nessa relação referencial é colocada em dúvida por
Baudrillard.

Qual a conseqüência mais importante que imediatamente se segue?


Esta também se desdobra em dois aspectos: 1) Certa dissolução da
noção de sujeito, notadamente na sua função de elemento
constituinte da objetividade, da significação e de si mesmo. 2) Certa
dissolução da noção de realidade, naquilo em que ela seria tributária
da velha distinção entre essência e aparência, devido à
impossibilidade de referir as imagens às “coisas mesmas”. É preciso
observar também que, quanto ao primeiro aspecto, Baudrillard faz
notar que teria havido uma inversão: a autonomia do objeto faz com
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que o sujeito exista num mundo de objetos e, em certa medida, na


dependência deles, como se os objetos constituíssem o sujeito.
Quando ao segundo aspecto, é necessário observar também o
impacto na relação signo/significado: um mundo de imagens é um
mundo de signos, mas o desaparecimento do referente faz com que
não se possa mais operar nos termos habituais da relação
significativa, pois tudo se passa como se a função do signo já não
fosse a de remeter ao significado.

Se voltarmos um pouco a essas relações tais como se delinearam na


tradição, talvez possamos compreender melhor o diagnóstico de
Baudrillard. Descartes, por ex., postulava dois princípios explicativos
da representação: 1) causalidade, pelo qual a idéia seria sempre
efeito de uma realidade ( a essência remeteria à existência); 2)
semelhança, princípio pelo qual a imagem manteria afinidade por
semelhança com a coisa representada. Esses dois princípios
pretendem explicitar aquilo que tradicionalmente se designava por
correspondência e que era visto como característica da verdade: no
tomismo, por ex., correspondência entre a coisa e o intelecto, ou
entre a realidade e o pensamento.
A maneira como Baudrillard repõe as posições do sujeito e do objeto
implica o desaparecimento da correspondência em todas assuas
versões, nas diversas teorias do conhecimento. A autonomia do
objeto – e da imagem – impede de pensar a correlação entre o sujeito
que visa e o objeto que é visado; a autonomia da imagem impede de
considerá-la como efeito da realidade e semelhante à realidade.

É a essa imagem sem referência que Baudrillard chama de simulacro.


A palavra significa, mais ou menos, um símile (assim como) do qual
foi abstraída a relação de semelhança que o teria engendrado.
Quando dizemos que algo é semelhante, deveríamos completar:
semelhante a quê. Semelhança é uma relação, portanto implica
transitividade. Ora, o que se teria perdido é o termo dessa relação
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transitiva que funcionaria como referente. Por isso já não podemos


dizer a quê se refere a imagem. Simulacro seria, portanto, a imagem
da qual se perdeu a referência ou o signo que se remete as si mesmo.
Esta auto-suficiência da imagem a aproxima do fetiche, a aparência
que vale por si mesma quando inexistem as condições de remetê-la,
por via de uma crítica genealógica, à sua origem. Assim, soltas e sem
ancoragem na realidade, as imagens formam um mundo flutuante em
que o sujeito deve se localizar na medida em que ele mesmo está
referido às imagens. O limite do fetiche é a perda da referência como
anulação do objeto real.
Essa situação torna inócuas as maneiras de reagir às imagens que
eram próprias do passado cultural. Não faz sentido considerar a
imagem como reflexo de uma realidade mais profunda (sentido
positivo da aparência), assim como não faz sentido considerar a
imagem como deformação da realidade (sentido negativo de
aparência), porque em ambos os casos o que ainda estaria em causa
seria o referente, que confirmaria a imagem ou mostraria sua
falsidade. Isso coloca em questão o próprio modo pelo qual se poderia
formular uma crítica da imagem.

O que nos remete à questão da interpretação da imagem ou dos


signos. Dois aspectos a considerar: 1) na tradição (vide Descartes)
duvidava-se da imagem porque ela poderia ser ilusão, o que
pressupõe a possibilidade de passar da ilusão à realidade. Descartes
duvida do que lhe aparece como realidade na medida em que isso
pode ser ilusão. Segundo Baudrillard, esta não é a atitude
contemporânea. Como vivemos num mundo de imagens sem
referências, duvidamos das ilusões, mas não temos como sair desse
contexto, na medida em que supor a realidade pode ser ainda o
cultivo de uma ilusão, isto é, a realidade pode ser uma crença porque,
num mundo de simulacros, não existe mais a possibilidade
(cartesiana) de provar a existência.
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2) Sendo assim, é como se a liberdade de interpretar, apanágio do


sujeito, se transformasse na não-necessidade de interpretar. Pois se
tudo é imagem, se tudo é signo, como se colocaria a interpretação –
entendida como o desvendamento da imagem, isto é, da realidade
que ela dissimularia? Justamente, quando há simulação (simulacro)
não é dissimulação (disfarce). Não é difícil de avaliar o impacto de
uma observação desse tipo no problema da verdade, que sempre
dependeu da distinção entre ilusão e realidade – e da possibilidade de
se passar da imagem á coisa ou do signo ao significado.

No que se refere à arte: esta sempre dependeu de algo que


Baudrillard denomina “pacto simbólico” que governaria a relação
entre a imagem e as coisas ou entre a representação e a realidade.
Ora, pode-se dizer que desde as vanguardas o que tem ocorrido é
uma sucessão de rupturas dos diversos códigos que regulariam este
pacto, de modo que o valor estético acaba sendo buscado na
“proliferação de signos”, mais do que na relação representativa entre
signo e significado. Assim no que depende do “pacto simbólico”, a
arte se teria transformado tão radicalmente que até se poderia dizer
que ela desapareceu, na medida em que não vigora qualquer código
regulador do pacto simbólico.
Um exemplo que indica essa situação seria, para o autor, o hiper-
realismo: um tipo de liberdade diante do real que consiste na
perfeição da cópia (Andy Wahrol, ou, num outro sentido, Hopper).
Uma arte que só se torna possível quando a realidade desapareceu.
Ou melhor: uma arte cujo procedimento consiste em fazer
desaparecer a realidade. A representação da lata Campbell consiste
num procedimento em que a aparição da imagem é ao mesmo tempo
a desaparição da coisa.
A cópia perfeita é aquela que não necessita de um espectador que
atue como sujeito, porque não é preciso operar qualquer ligação
representativa. A perfeição da representação no limite é a indistinção
entre a coisa e sua representação.
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Isso também é causa de um impacto na questão: qual é o sentido da


representação?
O que é feito da hegemonia do sujeito? No caso da fotografia, por ex.,
Baudrillard acha legítimo perguntar: Nós vemos o objeto ou é o objeto
que nos vê? Quando um antropólogo fotografa um índio, quem vê e
quem é visto?

A proliferação das imagens ocorre como se fosse um fim em si


mesma; como se a realidade estivesse dispensada de aparecer no
processo. A realidade torna-se cena (espetáculo): se a realidade pode
ser encenada, ela pode desaparecer.
O filme Matrix é sempre relacionado às idéias de Baudrillard, embora
ele mesmo faça muitas restrições e essa comparação. Em todo caso,
o próprio Baudrillard nos diz que o mundo pode ser um modelo de
simulação cujos atos manifestos não passam de efeitos, ou seja, de
aparências de não se sabe o quê. Como se a realidade se tivesse
tornado um segredo; ou como se aquilo que aparece como real
dependesse de algo a que não mais podemos chegar. Tudo que
vemos é efeito e imagem: mas não podemos dizer de quê. O duplo
imagético torna-se verdade quando despojado de sua carga
simbólica.

Isso também se aplica à dimensão do poder e do político. Também aí


temos um sistema de efeitos ou um modelo de simulação, que
insistimos em comparar com a “realidade”, o que é inútil pois,
justamente, o que falta nesse sistema é a realidade. Dessa forma,
não faz sentido qualquer análise ideológica, pois o pressuposto seria
a referência, a possibilidade de passar do simulacro à realidade. A
maior de todas as ilusões, nesse sentido seria pensar que existe
ainda uma política real, um poder real, “por trás” do que se mostra.
Quando estabelecemos essa referência, de algum modo legitimamos
o que se mostra na medida em que o vinculamos à sua verdade
oculta.
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Em suma, o simulacro não esconde o que existe, ele esconde que não
existe outra coisa. O simulacro da política esconde que não existe
política – e a astúcia está em nos sugerir que ele esconde a
(verdadeira) política. A indignação com a corrupção, por ex., reafirma
a existência oculta de outra coisa sob o simulacro. Não aceitamos o
desaparecimento e continuamos a crer na política e a querer restituir
a sua “realidade”. Os políticos agradecem porque desse modo
injetamos na política enquanto simulacro a expectativa de uma
política “real”.
Ou seja, quando negamos o simulacro, corroboramos a sua função e
seu (vazio de) sentido.

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