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2012 Versão 2 – Pequenas alterações no texto, links, CIs não obsoletos, capítulos 6 e 7
(interfaceamento, ruído, blindagem, aterramento).
4.1 Introdução
O circuito “amplificador operacional” (AO) nada mais é do que um amplificador com uma
saída e duas entradas, cujo modelo mais simples consiste de uma fonte de tensão controlada com
saída proporcional à diferença de tensão entre as entradas do AO. As características dos AO e a sua
utilização nos mais variados circuitos, muitos dos quais não lineares, são o alvo desta disciplina.
A origem do termo “operacional” vem dos antigos computadores analógicos, onde estes
amplificadores eram utilizados como elemento chave para a realização de operações matemáticas. O
nome “amplificador operacional” foi usado pela primeira vez em uma publicação de 1947, feita por
John Ragazzini, o qual descrevia as propriedades de circuitos capazes de amplificar a diferença
entre dois sinais analógicos. O artigo, que teve como base trabalhos anteriores, realizados entre
1943 e 1944, considerava as condições de realimentação linear e não-linear. Hoje em dia o AO é o
circuito integrado analógico mais utilizado.
Veja mais sobre história dos AO em Op Amp Application Handbook, Walt Jung, 2006.
v–
vo
v+
–VCC
Ruído elétrico VN e IN 0
Variação de fase φ 0
Conforme descrito no início deste capítulo o modelo do AO pode ser visto na Figura 4.3.
Duas entradas de alta impedância comandando uma fonte de tensão controlada.
v O =Ad⋅v + −v − ( 4.1 )
Se o ganho diferencial, Ad, é infinito, significa que v + =v − . Esta relação é válida sempre
que o AO está trabalhando na região linear. Trabalhar na região linear significa que existe
realimentação negativa sendo utilizada no AO, ou a diferença entre as tensões de entrada é tão
pequena que, mesmo com um elevado ganho diferencial, não ocorre a saturação do AO. Se
considerarmos o ganho Ad infinito (condição ideal) então para a saída ser um valor finito é
necessário que a diferença entre as entradas seja nula (condição ideal).
vi v0
Como i 1 = e i 1 =− , então
R1 R2
R2
v 0 =− v ( 4.2 )
R1 i
Por outro lado, se levarmos em conta que o ganho do AO não é infinito, devemos substituir
o desenho do AO pelo seu modelo ideal e isto nos leva a solução mostrada na equação 4.3.
v0
v +−v − = =−v − (pois a entrada positiva tem potencial zero)
Ad
v0 v i⋅R 2 + v0⋅R1
− =
Ad R1 + R 2
v0
v i⋅R2 + v 0⋅R1 =− ⋅ R1 +R 2
Ad
R2
V 0 =− ⋅vi
R +R ( 4.3 )
R1 1 2
Ad
Obs.: quando se considera Ad→∞ considera-se, implicitamente, que v+= v– pois esta é a
única forma de obter um vO finito.
A equação 4.2 mostra o resultado final do equacionamento, para ganho infinito. Resultado
idêntico pode ser obtido a partir da equação 4.3. Estas equações mostram que a rede de
realimentação determina o ganho do circuito amplificador, mesmo quando o ganho do AO não é
infinito. Convém notar, também, que a influência do ganho diferencial não infinito, é tanto menor
quanto menor for o ganho dado ao amplificador inversor.
Note, também, que apesar de a entrada inversora estar a um potencial igual zero, ela não esta
diretamente conectada a terra e não há circulação de corrente entre terra e este terminal. Por este
motivo, o terminal inversor, nesta configuração, é chamado de terra virtual.
A Figura 4.5 mostra o desenho básico de um amplificador não inversor formado por AO.
R1
⋅v = v
R1 + R 2 0 i
R1 +R2 R
v 0= ⋅v i=1 2 ⋅vi
R1 R1
v o R 1R2 R
= =1 2 ( 4.4 )
vi R1 R1
v + =v i
R1
v −= ⋅v
R1 +R2 0
v0
v −v−=
Ad
R1 v
vi − ⋅v 0 = 0
R1 +R 2 Ad
R 1 + R2
v 0= ⋅v
R 1 + R2 i ( 4.5 )
R1
Ad
i1 + i2 + i3 = i4
v 0 =- R4
v1 v2 v3
R1 R 2 R3 ( 4.6 )
se R1=R2=R3=R, então a equação 4.6 pode ser reescrita conforme a equação 4.7.
−R4
vO= ⋅ v1 v 2v 3 ( 4.7 )
R
A Figura 4.7 mostra a topologia do amplificador subtrator básico implementado com AO.
O cálculo torna-se mais cômodo se feito por superposição, utilizando-se o que já foi
calculado para o amplificador inversor e não inversor, aliado a consideração de que o AO é ideal. A
equação 4.8 mostra equação da tensão de saída deste circuito.
R2
v 0= v −v ( 4.8 )
R1 2 1
a) Estabeleça valores para os resistores R, R 3 e R4 de forma que o circuito forneça uma corrente
máxima i L máx =1 mA para uma carga 0 ≤R L ≤10 K quando v i =−10 V . Considere
R1 =R 2 =100 K e V CC =±12 V .
Solução:
subtrator junto com R3 ,R4 ; A1 : fornece a corrente de saída e é realimentado pelo subtrator através
de R1 ,R 2 .
Função de transferência:
R4
v i⋅R2 +R 1 R⋅i L
R3 , logo
v −A = =0
1 R1 +R 2
R2⋅R3
i L=− ⋅v
R1⋅R 4⋅R i
a)
Sendo i Lmáx =1 mA e R Lmáx =10K então v L Imáx =10 V (tensão máxima na carga)
v Omáx −v L Imáx
R= , onde V Omáx é a máxima tensão de saída do AO.
i Lmáx
11 V −10 V
R= =1K
1 mA
R2⋅R3
Como i L=− ⋅v (a corrente independe de RL)
R1⋅R 4⋅R i
b)
Efeito de VOS1:
R1 R4
v os1 = ⋅ ⋅R⋅i L
R1 +R2 R3
R 1 +R 2 ⋅R3
i L v os1 = v os1
R1⋅R4⋅R
Efeito de IB2:
i L =i R −i b2
R4
R1
R⋅i R
−
R3
vA = =0
1 R1 +R 2
i R=0
i L i b2 =−i b2
1) Determine os ganhos de tensão (vo/v1) e diga para que servem estas configurações
R 3 R4 R2 R3R 2 R4
Respostas: a) v 0 =− v i , b) Esta configuração é empregada quando queremos
R1 . R 4
um alto ganho e não temos resistores de alto valor disponíveis para Req.
2R 2 R 2
Respostas: a) Se R3=R2 então v 0 = ⋅ 1 ⋅ v 2 −v 1 , b) amplificador subtrator com ganho
R1 R
ajustável por um elemento (R).
2) Calcule o ganho de tensão (vo/v1) para os circuitos a seguir e determine se os AO estão sob
realimentação negativa.
vin⋅RF
Resposta: i L =
R1⋅R3
Essas são as correntes CC, necessárias em cada entrada do AO, para produzir zero Volts de
saída quando não há sinal em suas entradas. A corrente IB é a corrente de base dos transistores TBJ,
ou a corrente de fuga na porta dos FETs, utilizados no primeiro estágio de um AO. Para medir estas
correntes se utiliza um circuito simples conforme mostrado na Figura 5.1. Nesse circuito as
correntes de polarização são obrigadas a fluir sobre resistores de valor muito elevado (10MΩ ou
mais) produzindo uma tensão de saída mensurável. Os capacitores servem apenas como um filtro
passa baixas (0,01µF). As chaves S1 e S2 são abertas uma de cada vez para permitir a medida de I B1
e IB2.
O modelo para representação de IOS é o mesmo utilizado para IB (Figura 5.2). Em alguns
casos, quando temos apenas um valor para IB e outra para IOS, podemos calcular cada IB como
apresentado pela equação 5.1
IB = IB ± (IOS/2) ( 5.1 )
Esta é a diferença de tensão CC, necessária na entrada de um AO, para produzir zero Volts
de saída quando não há sinal em suas entradas. A tensão de offset é causada pelo desbalanço do par
diferencial e pela desigualdade dos transistores do 2° estágio. Normalmente o valor da tensão de
offset é fornecido em módulo pois a tensão de saída pode ser afetada positiva ou negativamente.
Para facilitar a medida deste parâmetro utiliza-se um amplificador não inversor com entrada
aterrada e resistores de valores elevados, conforme mostrado na Figura 5.3.
A Figura 5.4 mostra dois equivalentes elétricos de um AO com V OS. A fonte pode ser
colocada na entrada não inversora. A polaridade da fonte VOS não é definida pois a tensão de offset é
dada em módulo e sua polaridade pode mudar de operacional para operacional.
Os drifts de IB, IOS e VOS correspondem as variações destes parâmetros com a temperatura,
tensão de alimentação, ou tempo. Estas variações ocorrem porque os componentes do circuito são
afetados de forma diferente por essas influências externas. Normalmente os valores de drift
As variações da tensão de offset com relação a temperatura, podem ser calculadas pela
equação 5.2.
dV OS
V OS =V OS 25 ° C T ( 5.2 )
dT
dV OS
onde é a deriva térmica.
dT
As variações das correntes de polarização com relação a temperatura, podem ser calculadas
pela equação 5.3.
dI B
I B = I B 25o C T ( 5.3 )
dT
dI B
Onde é a deriva térmica.
dT
Além destas distinções feitas ao ganho dos AO, vale a pena ressaltar que os ganhos mudam
em função de uma série de itens como: a carga; a tensão de alimentação; a temperatura; outros
operacionais do mesmo tipo; ...
Este ganho é influenciado pelas características dos transistores do par diferencial de entrada
e sua carga. Se a fonte de corrente que alimenta o par diferencial apresentasse resistência infinita, as
variações de corrente em um ramo do amplificador diferencial seriam compensadas no outro ramo.
Como a fonte de corrente que alimenta o par diferencial de entrada não apresenta resistência
infinita, mesmo aplicando sinais de mesma amplitude nas duas entradas do amplificador, as
correntes de coletor se alteram modificando a tensão de emissor. O modelo de pequenos sinais para
amplificador se torna um emissor comum com resistência de emissor. Por esta razão, o ganho para
sinais iguais nas duas entradas do amplificador é pequeno mas não nulo.
Nos manuais, uma informação importante é o fator de rejeição de modo comum, que é
definido como mostrado nas equações 5.4, 5.5 e 5.7.
Ad
CMRR= (em valor absoluto) ( 5.4 )
ACM
CMRR=20⋅log
Ad
ACM
(em dB) ( 5.5 )
Vo V
Ad = = o ( 5.6 )
V + −V - V id
Vo
ACM = ( 5.7 )
V iCM
V +V -
V iCM = ( 5.8 )
2
A Figura 5.6 mostra o circuito utilizado para medir o ganho de modo comum dos AO. Nesse
circuito um mesmo sinal é aplicado as duas entradas do AO sem realimentação. Com estas
informações, utiliza-se as equações 5.7, 5.4 e 5.5 para conhecermos a taxa de rejeição de modo
comum (CMRR). O CMRR nos AO é da ordem de 100dB.
A impedância diferencial é função das características da junção base emissor dos transistores
de entrada e da corrente de polarização destes. Sua influência pode ser quantizada por meio da
2V T
Rid ≈2⋅hie≈ ( 5.9 )
IB
hfe
Ricm = ( 5.10 )
hoe
Para mais informações veja Sedra/Smith, Microeletrônica, Makron Books, 2005 ou procure
na internet por Jaeger/Blalock, Analog Integrated Circuits, em Microelectronic Circuit Design, Mac
Graw-Hill, 2003.
A Figura 5.8 mostra um amplificador inversor completo, onde a resistência de saída (Ro) do
AO é levada em conta. Note que a tensão de saída passa por um divisor de tensão formado por Ro e
RL e que Ro também influencia na malha de realimentação.
RL // RRf
vo= ⋅vo ' ( 5.11 )
RoRL // R+Rf
Comparando o ganho desse circuito com o ganho ideal da configuração não inversora se
nota que o ganho da configuração ficou reduzido de:
1
Ro Ro
1
RL RRf
Com exceção aos amplificadores chamados rail to rail a tensão de saída dos AO nunca
alcança a tensão de alimentação. Isso se deve a quedas de tensão sobre os transistores do 2° e 3°
estágios de amplificação.
PSRR=20⋅log
VO
V CC
(em dB) ( 5.13 ).
Valores típicos para PSRR dependem da qualidade do AO: para o 741C a PSRR é de
±30mv/v enquanto que para o OP27A a PSRR é de 0,2mv/v.
Os modelos apresentados individualmente para representar IB, IOS, VOS, A, Rid, RCM, RO e
outros podem ser agrupados em um só modelo como mostra a Figura 5.9.
Figura 5.9: Modelo equivalente para um AO em função de: IB, Ios, Vos, A, Rid, Ricm, Ro.
Para o circuito da Figura 5.10, considerando VOS1 e VOS2 diferentes de zero e Ad1 e Ad2
finitos:
Solução
a)
Figura 5.11: Adaptação do circuito da Figura 5.10 levando em conta os efeitos de Vos.
Para A1 :
V O1 =Ad1⋅V d1
V d1=V X −V OS1
V O1 =Ad1⋅V X −V OS1
Para A2
V O =Ad2⋅V d2
V d2V O1V OS 2 =0
R1
V X= ⋅V
R1 R2 O
Assim
−
VO
Ad2
=V OS2 Ad1⋅
R1
⋅V −V OS1
R1R 2 O
Isolando VO, temos:
V OS2
V OS1−
Ad1
V O=
R1 1
R1 R2 Ad1⋅Ad2
Nota-se na expressão de VO, que a influência de VOS2 é muito menor que a de VOS1, pois a
primeira aparece dividida por Ad1, que tem um valor muito elevado. Assim, conclui-se que A 2 não
precisa ser tão bom quanto indicava o artigo da Analog Devices.
Para Vin=0 (as duas extremidades do resistor R1 estão conectados a potencial zero)
V O1=R2⋅I B −
Para IB– = 0
−R2
V O2= ⋅V in
R1
Logo
−R2
V 0= ⋅V inR 2⋅I B −
R1
Parte da tensão de saída é função da corrente de polarização. Este erro introduzido na tensão
de saída pode ser reduzido pela inclusão de um resistor, R3, entre a entrada não inversora e o terra.
−R 2
V 01 = V
R1 in
V O2=R 2⋅I B −
Logo
−R 2 −R3
V0= ⋅V i R2⋅I B − ⋅ R1 R 2 ⋅I B
R1 R1
Supondo I B + = I B − =I B
R2 R3
V 0 =- V i I B R2 − R1 R2
R1 R1
R3
R2 − ⋅ R1R 2 =0
R1
R1 R2
R3⋅ = R2
R1
R 2 R1
R3 =
R1R 2
Observa-se pela Figura 5.13, independente do modelo utilizado, que a tensão V OS afeta a
saída como se fosse aplicada sobre um amplificador não inversor.
−R2 R R 2
V O= ⋅V in 1 ⋅V OS
R1 R1
Sendo assim, é possível somar ou subtrair tensões para remover a parcela da saída
dependente de VOS. Um dos circuitos para remover este offset é apresentado na Figura 5.14.
No circuito da Figura 5.14 foram adicionadas resistências a entrada positiva do AO. Estas
resistências alteram o circuito transformando o amplificador inversor em um subtrator. A tensão Vin
continua sendo amplificada como em um amplificador inversor, porém soma-se (ou se subtrai) a
esta, uma parcela obtida pela tensão Vx aplicada ao amplificador não inversor. Se P1 for ajustado
para fazer Vx igual a VOS a tensão de offset é compensada. Valores de referência positivos e
negativos são utilizados nos extremos de P1 para permitir a compensação de tensões de ambos os
sinais.
Para ajudar na compensação de IB, as resistências podem ser escolhidas de tal forma que
*
R1 // R2=R3 R4 // R5P 1
A resistência de P1, vista pelo circuito, varia com o ajuste do potenciômetro e isto altera a
impedância total da malha vista pelo AO. Para minimizar estes efeitos se utiliza R5>>R4.
Uma alternativa para corrigir o efeito da VOS na configuração não inversora, sem reduzir a
impedância de entrada da configuração, é apresentada na Figura 5.15.
*
R1≈R1 // R3P 1.
Figura 5.15: Amplificador não inversor com circuito para compensação de offset.
1)
No circuito abaixo:
b) Qual o valor de R2 para que o amplificador tenha mínimo erro devido a IOS.
2)
Para este amplificador considere: VOS =2mV; IB =100nA; IOS =20nA; Ad =10.000;
3)
Testes:
Perguntas:
5)
Para um AO com resistência de entrada diferencial (R id) finita, com resistência de saída (RO) maior
que zero e com ganho (Ad) finito, calcule Av, Ri e Ro para a configuração não inversora.
6)
No circuito a seguir os amplificadores operacionais são reais e absolutamente iguais. Foram feitos
os seguintes testes com o circuito:
b) Com a chave Ch3 fechada, as chaves Ch1 e Ch2 abertas e Vi = 100mV: VO = -4.89V
Pergunta:
Calcular IB, VOS e CMRR com as respectivas polaridades. Considere as outras características do
amplificador operacional se aproximando do ideal. Fazer os cálculos com precisão de 1mV para
tensão e de 1nA para corrente. Suponha chaves ideais.
8)
Equacione o circuito abaixo e explique por que esta configuração possibilita um aumento na
impedância de entrada da configuração não inversora. Considere os amplificadores operacionais
com comportamento real e constituídos na mesma pastilha (AO idênticos). Use o ganho tendendo a
infinito e as correntes de polarizações iguais.
OBS.: A impedância de entrada é dada por Zin = Vin/Iin. Compare este circuito com o não inversor.
10)
Supondo ganho finito para o amplificador operacional, calcule a impedância de saída da seguinte
configuração.
11)
a) S1 e S2 fechadas: VO = 0,04V
13)
Admitindo que o AO do circuito abaixo seja um 741 típico (V os(típico) = 2mV; IB(típico) = 80nA;
Ios(típico) = 20nA; Ad(típico) = 200.000):
b) determine a expressão de VO levando em conta VOS, IOS, Ad. Compare com o AO real.
Calcular a função de transferência supondo a existência de IB+, IB– e VOS para os seguintes
amplificadores:
15)
a) inversor;
b) não-inversor;
c) buffer:
Vi Vo
Ad(S)
+ _
β(S)
V O S = Ad S ⋅ V i S – V O S ⋅S
V O S Ad S
=AV S = ( 6.1 )
V i S 1 Ad S ⋅S
O ganho Ad(S) é constante para CC mas a partir de uma determinada frequência começa a
decair. O ganho β(S) pode ser constante ou apresentar comportamento variável com a frequência.
V O S 1
= ( 6.2 )
V i S
Se, em alguma frequência, a fase do ganho de malha for 180º, então o ganho de malha será
negativo. Se, cumulativamente, o módulo do ganho de malha for unitário, o ganho do amplificador
torna-se infinito ( 1 Ad S ⋅S =0 ). Esta é uma situação limite de estabilidade que corresponde a
colocar os polos do amplificador realimentado sobre o eixo jω. Se o módulo do ganho de malha
aumentar (mantendo a fase em 180º), os polos do amplificador realimentado deslocam-se para a
direita do eixo jω ( 1 Ad S ⋅S 0 ). Em síntese: se o ganho de malha for ∣1∣∢180o o circuito
torna-se um oscilador e se o ganho de malha for maior do que ∣1∣∢180 o o circuito torna-se
instável.
Uma análise preliminar indica que não existe problema de instabilidade para amplificadores
realimentado com 1 ou 2 polos, pois a fase do ganho de malha nunca será 180º. Para amplificadores
realimentados com 3 ou mais polos, o problema da instabilidade não pode ser esquecido.
O diagrama de Bode do ganho de malha, Figura 6.2, pode ser utilizado para simplificar a
análise da estabilidade dos amplificadores realimentados. Neste diagrama de Bode, são desenhados
os gráficos de módulo e fase do ganho de malha, representado conforme equação 6.3. O gráfico,
apesar de simples, utiliza escala logarítmica de frequência e ganho em dB. Ganho em dB
corresponde a 20⋅log∣Ganho Linear∣ . Ganho unitário corresponde a 0dB. Ganho em dB negativo
equivale a ganho linear com módulo entre 0 e 1. Ganhos de 20⋅log X correspondem a
−20⋅log 1/ X
j⋅
Ad j ⋅ j =∣Ad j ⋅ j ∣⋅e ( 6.3 )
A estabilidade está garantida se, no diagrama de Bode do ganho de malha, para a frequência
onde a fase é 180º, o módulo do ganho for menor do que 1 (valor menor do que 0dB). Da mesma
forma, se para a frequência de ganho unitário, a fase de Ad S ⋅S for maior do que –180º (-150º,
–120º... ), o amplificador também é estável.
Neste diagrama de Bode é possível identificar duas figuras de mérito importantes: a margem
de ganho e a margem de fase. A diferença entre o valor do ganho para a fase de –180º e o ganho
unitário é chamado de margem de ganho (equação 6.4). A diferença entre a fase para ganho unitário
e –180º é chamado de margem de fase (equação 6.5).
No exemplo da Figura 6.3, para que a margem de fase do amplificador realimentado seja da
+45º, ajusta-se o ganho de realimentação de tal forma que ∣AS ⋅ S ∣=1 , para a frequência onde
a fase do AO corresponde a –135º. Como, neste ponto, o ganho do AO corresponde a 60dB, o ganho
β corresponde a –60 dB (no gráfico isto corresponde a reta denominada 20⋅log1/=60dB ). Se
for escolhido um ganho β maior, –30dB, por exemplo, o ganho de malha será ∣1∣∢−180o .
A equação 6.6 corresponde ao ganho do sistema não compensado, mostrado na Figura 6.4.
p 1⋅p 2⋅p 3
Ad S = Ad0⋅ ( 6.6 )
S p1 ⋅ S p 2⋅S p 3
onde Ad0 é o ganho em baixas frequências, Ad(S) é o ganho de tensão em laço aberto, p 1, p2,
e p3 são os polos.
Os efeitos individuais dos polos de cada estágio do AO foram somados para montar o
gráfico da Figura 6.5. Observa-se que o AO tem ganho de 29dB na frequência onde a fase é – 180º.
Sendo assim este AO será estável em todas as configurações com ganho maior do que 29dB, caso
contrário o circuito se torna um oscilador.
Por esta razão alguns AO de banda larga (amplificadores desenvolvidos para operar em
frequências elevadas) só podem ser utilizados em configurações com ganho mínimo estabelecido
pelo fabricante. Muitas vezes estes operacionais não são estáveis para ganho unitário. Como
exemplo disto temos o LF357, que é estável em configurações com ganho maior do que 5.
Uma forma de compensar o AO, para permitir a sua estabilidade em um determinado ganho
de malha fechada consiste em introduzir um polo de baixas frequências, de modo que a nova
resposta em frequência do AO intercepte a curva 20⋅log (1/β) com inclinação de -20dB/déc (curva
Ad(S) compensada Figura 6.6). Este comportamento, infelizmente, introduz um polo adicional em
frequência muito baixa o que diminui sensivelmente o ganho do AO em todas as frequências. Isto é
prejudicial ao desempenho global do AO pois seu comportamento ideal apresenta ganho elevado
para todas as frequências.
A diminuição no valor do primeiro polo do AO também pode ser utilizado para estabilizar o
amplificador realimentado sem introduzir um polo adicional. Como vantagem o método permite
ganhos maiores para todas as frequências. Como desvantagens é necessário capacitores de valor
elevado dentro do AO.
No LM741 é utilizada uma técnica alternativa e muito comum para compensação. É incluído
um pequeno capacitor (≈30pF) entre a base e o coletor de algum transistor do 2° estágio. O efeito
deste capacitor é multiplicado pelo ganho do 2° estágio (efeito Miller) e refletido para a saída do 1°
estágio. Isto faz com que seja criado, no 1° estágio, um polo em uma frequência muito baixa
(≈10Hz), um zero na frequência de p2 e outro polo em uma frequência bastante elevada (≈1MHZ).
Em suma, p2 é cancelado, e p1 é deslocado para direita. O resultado final é de um amplificador com
comportamento de um único polo em quase toda a faixa de frequência.
Nesta aproximação o GBW é constante, ou seja, se o ganho de malha fechada for diminuído
há um aumento proporcional na faixa de frequências que pode ser amplificada por este ganho.
Além do ganho do amplificador em malha aberta e do produto ganho faixa existem outras
características que determinam o desempenho dos AO com relação a frequência.
6.2.1 Slew-rate
Figura 6.7: Resposta do AO para uma entrada em degrau. Medidas para determinação do
SR.
90 %⋅Vmáx−10 %⋅Vmáx
SRD = ( 6.9 )
td
É o tempo necessário para que a resposta do AO, a uma entrada em degrau, estabilize dentro
de uma faixa de valores considerada aceitável. Esta faixa de valores normalmente corresponde a 0,1
ou 0,01% por cento do valor final.
Para o circuito abaixo considere que os dois AO têm características dinâmica do tipo polo
dominante. Deseja-se que o circuito apresente um polo em 100kHz (devido a A1) e outro em 1MHz
(devido a A2). Determine o produto ganho faixa (GBW) de cada um dos AO para que esta
especificação seja atendida.
Considere o modelo CC dado abaixo. Calcule a tensão de saída V O para Vi=0, em função de
VOS1, Ad1, VOS2, Ad2 e dos resistores. Um dos AO tem mais influência sobre este valor de VO? Qual?
Solução.
Os dois AO estão funcionando com realimentação negativa portanto estão em uma região
linear.
GBW 2 GBW 2
A 2 S = ≃
S p2 S
GBW 2
∣ ∣
1
f
=
f
R4 v o Ganho Ideal
v 0 =− ⋅v i = R3
R3 +R 4 , ou v i 1 onde β=
R 3 1 R3+R4
Ad β⋅Ad
Ad⋅⋅R4
vo R3
=
v i 1β⋅Ad
Ad⋅R4
vo R R 4
= 3
v i 1 β⋅Ad
Assim
1 R3 R4
=
R3
R3 R4 10 k 100 k
GBW 2 = ⋅ f 2= ⋅1 MHz=11 MHz
R3 10 k
GBW 1 GBW 1
A1 s = ≃
S p1 S
GBW 1
∣ ∣
1
f
=
f
1 R 1R 2 1 1 k 100 k 1
= ⋅ = ⋅ =10 ,1
R1 AV2 1k 10
1
GBW 1= ⋅f 1=10 ,1⋅100 kHz=1, 01 MHz
b) Para A2:
SR2 ≥
dV O
dt máx
=
d
dt
10⋅sen 2π f ⋅t ∣t=0
SR2 ≥ 6,283V/µs
Para A1:
Devido ao ganho de A2, a saída de A1 necessita ter apenas 1/10 da amplitude de V O, SR1 ≥
0,6283V/µs
c)
v O1= Ad 1⋅ V OS1
R1
⋅v
R1 R2 O
Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 50
v O v O1⋅R4 vO⋅R3
V OS2 − =
Ad 2 R3R 4
R3 R 4 V OS2
⋅ −V OS1
R4 Ad 1
vO =
R3 1 R R 4 1 R1
⋅ 3 ⋅
R 4 Ad 1 R4 Ad 1⋅Ad 2 R1 R2
R1 R2
v O ≃− ⋅V OS1
R1
1
p CL= ( 6.10 )
RO⋅C L
mas sua determinação não é fácil, pois RO é função da frequência. Normalmente cargas
capacitivas aparecem em malhas de compensação externa, desacoplamentos, filtros, na excitação de
algum transdutor, LCD, ou quando a carga está conectada ao AO por fios muito longos, como uma
linha de transmissão, sistemas de áudio, vídeo, RF e outros. Neste último caso, a carga capacitiva
limita a transmissão de dados em velocidades elevadas.
Circuitos de compensação podem ser criados para evitar instabilidade. Como margens de
fase menores do que 45o costumam gerar picos na resposta em frequência, sobrepassos ou
oscilações na resposta ao degrau costuma-se usar uma estratégia conservadora de compensação
considerando que a influência do polo pCL pode ser percebida uma década antes. Existem diversas
possibilidades de compensar este circuito e algumas são discutidas nos artigos Op Amps Driving
Capacitive Loads e Practical Techniques to Avoid Instability Due to Capacitive Loading da Analog
Device. No circuito mostrado na Figura 6.9 foi implementada uma compensação interna ao laço de
realimentação. Esta é uma das mais conhecidas técnicas e mais eficientes quando a capacitância da
carga é conhecida. O resistor R3 desacopla a carga capacitiva e cria um polo e um zero que são
anulado por um zero e um polo na malha de realimentação com C1.
Ro⋅R 1 R o + R3
R3= e C 1= ⋅C .
R2 R2