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Trabalho sobre Fontes Alternativas de Energia

Discentes:
Carolina Schneider Corrêa de Araujo
Gabriela Bitto de Oliveira
Marisa da Silva Oliveira
Tamara Morisugi de Oliveira

Docente:
Encarnita Sales Martin

Disciplina:
Conservação dos Recursos Naturais

Engenharia Ambiental – UNESP, Campus de Presidente Prudente


02 de julho de 2010

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Indice:

1. Introdução ................................................................................3

2. Fontes de Energia
2.1. Energia Hídrica ou Hidráulica ..................................................6
2.2. Energia do Petróleo ou Combustíveis Fósseis ............................10
2.3. Energia Solar ............................................................................13
2.4. Energia Nuclear ........................................................................16
2.5. Energia Eólica ............................................................................20
2.6. Energia da Biomassa ................................................................28
2.7. Energia das Marés ...................................................................33
2.8. Energia das Ondas ....................................................................37
2.9. Energia Geotérmica ...................................................................40
2.10. Energia do Hidrogênio .............................................................43

3. Conclusões ...............................................................................54

4. Referências Bibliográficas .....................................................57

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1. Introdução
O potencial dos recursos que brotam e são extraídos pelo homem da natureza é chamado de
energia primária. O primeiro grupo das fontes de energia primária são as não renováveis, que
correm o risco de se esgotar por serem utilizadas em velocidade maior do que o tempo necessário
para a sua formação, como os combustíveis fósseis e os radioativos. O segundo grupo é o das fontes
renováveis, que podem ser divididas entre as permanentemente disponíveis, como o sol, os rios,
mares, ventos ou aquelas que os seres humanos podem manejar de acordo com a necessidade, como
a biomassa obtida da cana-de-açúcar, da casca do arroz e de resíduos animais, humanos e
industriais.
O resultado da conversão da energia primária, de fontes renováveis ou não, em calor, força,
movimento etc., é chamado de energia secundária ou energia derivada, como em usinas, destilarias
e refinarias. Já a energia utilizada pelos consumidores residenciais ou industriais, na cidade ou no
campo, é denominada energia final e alguns de seus melhores exemplos são eletricidade, gasolina,
óleo e gás. A cadeia energética é o conjunto de atividades necessárias para que os tipos de energia
cheguem onde se quer utilizá-las. Matriz energética é uma representação quantitativa da oferta de
energia, ou seja, da quantidade de recursos energéticos oferecidos por um país ou por uma região.
Segundo dados do Balanço Energético Nacional, mais de 40% da matriz energética do Brasil
é renovável, enquanto a média mundial não chega a 14%. No entanto, 90% da energia elétrica do
país é gerada em grandes usinas hidrelétricas, o que provoca grande impactos ambientais, como o
alagamento de grandes áreas e a conseqüente perda da biodiversidade local, além dos problemas
sociais relacionados.
O mercado varejista de energia ainda é pequeno, mas constitui uma alternativa atraente
principalmente para os consumidores das regiões Sul e Sudeste do Brasil. No país, se enquadram no
mercado varejista os consumidores com carga maior ou igual a 500 quilowatts (kW), seja qual for a
tensão, e que compram energia de usinas de geração a partir de fontes alternativas (eólica,
biomassa, solar, pequenas centrais hidrelétricas e cogeração qualificada).

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Classificados como “consumidores especiais”, os integrantes do mercado varejista de
energia correspondem a menos de 1% do chamado mercado livre, aquele formado por
consumidores com carga igual ou superior a três megawatts (MW) e tensão acima de 69 quilovolts
(kV). De acordo com a legislação vigente, os consumidores livres podem comprar energia de
qualquer concessionário, permissionário ou autorizado do sistema interligado para suprir sua
demanda. Os consumidores livres, incluindo os auto-geradores (aqueles que produzem energia para
consumo próprio), respondem hoje por 14% da energia consumida no país, o equivalente a 46
terawatts/hora (TWh) ao ano, conforme dados da Associação Brasileira de Grandes Consumidores
Industriais de Energia (Abrace).
De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as fontes
alternativas contam com uma potência instalada de 5.297 MW. O estudo mostra que o mercado
varejista é mais atraente para os consumidores das regiões Sul e Sudeste – onde as tarifas do
mercado cativo são mais elevadas e que possuem a mesma demanda nos horários de pico e fora
deles. No entanto, uma das dificuldades listadas na pesquisa para mudança do mercado cativo para
o varejista é a exigência de que mesmo consumidores de 500 kW devem se tornar membros da
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, o que requer uma burocracia adicional.
Com a Lei 10762, de 11 de novembro de 2003, foi criado o Programa de Incentivos às
Fontes Alternativas de Energia Elétrica, o Proinfa, cujo objetivo principal do Programa é financiar,
com suporte do BNDES, projetos de geração de energias a partir dos ventos (eólica), pequenas
centrais hidrelétricas (PCHs) e bagaço da cana, casca de arroz, cavaco de madeira e biogás de lixo
(biomassa). Informações disponibilizadas pelo Ministério de Minas e Energia indicam que o
desenvolvimento dessas fontes inicia uma nova etapa no país. A iniciativa de caráter estrutural deve
promover ganhos de escala, aprendizagem tecnológica, competitividade industrial e, sobretudo, “a
identificação e a apropriação dos benefícios técnicos, ambientais e socioeconômicos na definição da
competitividade econômico-energética de projetos de geração de fontes alternativas”. A proposta
governamental, de acordo com a assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia, assegura
também a participação de um maior número de estados no Programa, incentivando a indústria
nacional. Uma das exigências da legislação é a obrigatoriedade de um índice mínimo de
nacionalização de 60% do custo total de construção dos projetos.
Permite também maior inserção do pequeno produtor de energia elétrica, diversificando o
número de agentes do setor. Os critérios de regionalização estabelecem um limite de contratação
por estado de 20% da potência total destinada às fontes eólica e biomassa e 15% para as PCHs.
Caso não venha a ser contratada a totalidade dos 1.100 MW destinados a cada tecnologia, o
potencial não contratado será distribuído entre os estados.

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A contratação inicial é para geração de 3.300 MW de energia, sendo 1.100 MW de cada
fonte, com previsão de investimentos na ordem de R$ 8,6 bilhões. A linha de crédito, através do
BNDES, prevê financiamento de até 70% do investimento. Os investidores privados terão que
garantir 30% do projeto com capital próprio. A Eletrobras, no contrato de compra de energia de
longo prazo, assegurará ao empreendedor uma receita mínima de 70% da energia contratada durante
o período de financiamento e proteção integral quanto aos riscos de exposição do mercado de curto
prazo.
Apesar da grande aceitação e benefícios que o programa prevê, o Ministério de Minas e
Energia informa que não há projeções futuras para o Proinfa. O próximo programa deverá ser
contemplado pelo novo modelo energético. O número de empresas que se apresentaram para
participar do programa foi maior que o esperado pelo governo. Foram apresentados projetos
envolvendo geração de 6,6 mil MW, o dobro de energia solicitado pela Eletrobras (3.300 MW),
tendo prioridade aqueles que tiverem licença ambiental antiga.
Os empreendimentos devem entrar em funcionamento a partir de dezembro de 2006 e a
produção de 3,3 mil MW a partir de fontes alternativas renováveis dobrará a participação na matriz
de energia elétrica brasileira das fontes eólica, biomassa e PCH, que atualmente respondem por
3,1% do total produzido e podem chegar a 6%.
Outro importante instrumento de gestão da Política Nacional de Meio Ambiente é o
licenciamento ambiental, que tem, por princípio, a conciliação do desenvolvimento econômico com
o uso dos recursos naturais, de modo a assegurar a sustentabilidade ambiental e econômica. Por
meio do licenciamento, a administração pública busca exercer o necessário controle sobre as
atividades humanas que interferem nas condições ambientais, como um mecanismo para incentivar
o diálogo setorial, rompendo com a tendência de ações corretivas e individualizadas, passando a ter
uma postura preventiva, mais pró-ativa, com os diferentes usuários dos recursos naturais.
As energias alternativas renováveis aparecem não somente como solução para complementar
as energias convencionais, mas para também responder de forma ecologicamente correta à
demandas de populações mais distantes sem acesso à energia.

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Energia Hídrica ou Hidráulica

2.1. Energia Hídrica ou Hidráulica


A energia hidrelétrica é a obtenção de energia elétrica através do aproveitamento do
potencial hidráulico de um rio. Para que esse processo seja realizado é necessária a construção de
usinas em rios que possuam elevado
volume de água e que apresentem
desníveis em seu curso.
A força da água em movimento é
conhecida como energia potencial,
essa água passa por tubulações da
usina com muita força e velocidade,
realizando a movimentação das
turbinas. Nesse processo, ocorre a
transformação de energia potencial
(energia da água) em energia

Figura 2.1.1. Esquema de uma Usina Hidrelétrica mecânica (movimento das turbinas).
As turbinas em movimento estão
conectadas a um gerador, que é responsável pela transformação da energia mecânica em energia
elétrica.
Normalmente as usinas hidrelétricas são construídas em locais distantes dos centros
consumidores, esse fato eleva os valores do transporte de energia, que é transmitida por fios até as
cidades.
A eficiência energética das hidrelétricas é muito eficaz, em torno de 95%. O investimento
inicial e os custos de manutenção são elevados, porém, o custo do combustível (água) é nulo.
Atualmente, as usinas hidrelétricas são responsáveis por aproximadamente 18% da produção
de energia elétrica no mundo. Esses dados só não são maiores pelo fato de poucos países
apresentarem as condições naturais para a instalação de usinas hidrelétricas. As nações que possuem

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grande potencial hidráulico são os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Rússia e China. No Brasil, mais
de 95% da energia elétrica produzida é proveniente de usinas hidrelétricas.
Apesar de ser uma fonte de energia renovável e não emitir poluentes, a energia hidrelétrica não está
isenta de impactos ambientais e sociais. A
inundação de áreas para a construção de barragens
gera problemas de realocação das populações
ribeirinhas, comunidades indígenas e pequenos
agricultores. Os principais impactos ambientais
ocasionados pelo represamento da água para a
formação de imensos lagos artificiais são:
Figura 2.1.2. Barragem destruição de extensas áreas de vegetação natural,
matas ciliares, o desmoronamento das margens, o
assoreamento do leito dos rios, prejuízos à fauna e à flora locais, alterações no regime hidráulico
dos rios, possibilidades da transmissão de doenças, como esquistossomose e malária, extinção de
algumas espécies de peixes.

-- Impactos ambientais:
Impacto ambiental positivo: os principais são a regularização de vazão e o armazenamento
de energia potencial, ambos em maior ou menor grau de acordo com a capacidade do reservatório
associado.
Impacto ambiental negativo: perda de área de terra e de biodiversidade; alteração do
microclima; alteração da fauna e da flora, inclusive desenvolvimento de espécies nocivas à saúde
humana, como parasitas e transmissores de doenças endêmicas; perturbação da ictiofauna e de
ecossistemas aquáticos; alterações no regime e na qualidade da água; risco de rompimento de
barragens; em reservatórios que não se tenha removido corretamente a cobertura vegetal do fundo,
previamente ao enchimento, emissão de gás metano (CH4), um dos gases de efeito estufa (GEE).

-- Vantagens:
Fonte de energia renovável e confiável; longa vida útil; o “combustível”(a água), apesar de
já estar sendo cobrado, possui custo muito baixo; pode contribuir positivamente para os chamados
usos múltiplos – abastecimento de água, navegabilidade, irrigação, turismo, lazer, pesca e outros
projetos regionais de desenvolvimento; o custo final da energia, com custos de operação e
manutenção (O&M), ainda é atrativo, mesmo com os custos ambientais e sociais internalizados.

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--Desvantagens:
Expulsão de populações e perda do e quilíbrio socioe-conômico local, principalmente
devido a estratégias e projetos de reassentamento inadequados e aos fluxos migratórios de
trabalhadores para o local; reação social e de ambientalistas – Movimento dos Atingidos pelas
Barragens (MAB), ONGs ambientalistas etc.; necessidade de grandes volumes de capital; retorno
do investimento em longo prazo; extenso cronograma de implantação; a obtenção de
financiamentos, devido aos impactos ambientais negativos, está cada vez mais complexa e com
taxas mais elevadas; dependendo da área do reservatório e das condições climáticas, pode
apresentar grande perda por evaporação97; ao longo de vários anos, os reservatórios, em geral,
apresentam perda de volume devido a deposição de sedimentos trazidos pelo fluxo do rio.

Pequenas Centrais Hidroelétricas:

-- Impacto ambiental:
Impacto ambiental positivo: quando possui barragem, regularização de vazão; atendimento a
necessidades energéticas mediante baixo impacto ambiental.
Impacto ambiental negativo: baixo, se a barragem e a área de reservatório forem realmente
pequenas, se implantada em áreas de baixa sensibilidade ambiental e, ainda, se não vier em grande
número ao longo de um rio. Caso contrário, pode apresentar, mesmo que em escala menor, impactos
similares aos da UHE99.

--Vantagens:
Fonte de energia renovável e confiável; longa vida útil; o custo da energia gerada é menor
que o de usinas termelétrica (UTE) a combustíveis fósseis e de fontes eólicas e solares; é possível
encontrar no mercado nacional quase todos os equipamentos e a mão-de-obra necessária à sua
implantação100; e, ainda, conta com uma boa aceitação por parte de movimentos sociais e
ambientalistas.
Conta com os seguintes benefícios e vantagens legais :
 Autorização não-onerosa para exploração do potencial hidráulico101 ou simples
comunicação ao poder concedente quando tiver potência até 1.000 kW;
Isenção da compensação financeira pela exploração do recurso hídrico102;
A intensidade e a velocidade da perda de volume dos reservatórios variam de acordo com a
formação geológica ao longo da calha do rio e de sua bacia de contribuição, o regime de vazões e o
tipo de barragem.

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Existem alguns métodos para minimizar essa perda ou recuperar volume – métodos hidráulicos,
como a descarga de fundo, e mecânicos, como a dragagem, a escavação do leito e o sifonamento..
Porém, a recuperação deve estar prevista nos custos de manutenção e ser executada periodicamente,
para que não se atinja um nível de assoreamento que inviabilize economicamente a recuperação do
reservatório, e de modo controlado, para evitar alterações abruptas na qualidade da água.
As próprias ONGs ambientalistas, defensoras de fontes renováveis como a PCH, alertam para essa
questão do somatório de pequenos impactos ambientais: “As pequenas centrais hidrelétricas, se bem
planejadas e distribuídas, podem ser uma solução barata. O problema está em colocá-las em áreas
muito sensíveis ou em uma seqüência muito numerosa em um mesmo rio – a soma de vários
pequenos impactos se transformaria em um grande dano” (GREENPEACE, 2006).
Segundo estudo do WWF-Brasil (2006, p.45), para PCHs com potência maior do que 5 MW, há
grandes empresas com tecnologia licenciada, já para as menores, há diversas pequenas empresas
totalmente nacionais estabeleceu que é isenta do pagamento da compensação financeira, aos
estados, Distrito Federal e município, a energia elétrica “produzida pelas instalações geradoras
com capacidade nominal igual ou inferior a 10.000 kW [...]”.
Quando em sistema elétrico isolado: com potência maior do que 1.000 kW e menor ou igual a
30.000 kW, pode ter até 75% do seu custo de implantação reembolsado por meio do mecanismo da
sub-rogação dos benefícios da CCC; ou pode comercializar energia elétrica diretamente com
consumidor cuja carga seja maior ou igual a 50kW111.
-- Desvantagem:
Necessita localização específica, nem sempre próxima ao centro de consumo, o que pode
inviabilizar o empreendimento; depende mais intensamente do regime hidrológico, porquanto a
maioria opera “a fio d’água”.

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Energia do Petróleo ou Combustíveis Fósseis

2.2. Energia do Petróleo ou Combustíveis

Fósseis
Atualmente, aproximadamente 90% das fontes comerciais de energia utilizadas no mundo
são oriundas de combustíveis fósseis – petróleo, gás natural e carvão mineral.
O petróleo origina-se da decomposição de matéria orgânica, geralmente a fauna marinha,
que é convertida em petróleo ao longo de milhões de anos, sob altas pressões e temperaturas
associadas ao soterramento profundo. Tal composto é uma mistura complexa de hidrocarbonetos
(hidrogênio e carbono) e também pode apresentar vanádio, níquel e enxofre. Sua utilização consiste
na produção de energia elétrica e obtenção da gasolina, do diesel, em que apresenta grande
eficiência atuando como combustível além de constituir-se em matéria-prima básica à obtenção de
determinados produtos: plástico, borracha sintética, cera, tinta, gás e asfalto.
Apesar de já haver domínio para a exploração e refino do petróleo, este se constitui em uma
fonte de energia não-renovável, cujo preço no mercado é instável, envolvendo interesses
econômicos e políticos. Dessa forma, o contínuo uso de tal recurso, que, aliás, não está presente em
todas as regiões do planeta, levará à sua escassez e, conseqüentemente, ao aumento no preço do
barril de petróleo.
A combustão de derivados do petróleo (gasolina e diesel, por exemplo) libera gases como o
monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e óxidos de enxofre (ambos responsáveis pelas chuvas
ácidas), nocivos às plantas e à saúde do homem e de outros animais. Há também, o dióxido de
carbono que presente em grandes concentrações na atmosfera intensifica o efeito estufa.
Diariamente, milhões de toneladas de petróleo ou de seus produtos são transportados através
dos oceanos, por intermédio de navios petroleiros ou no continente, por meio de oleodutos com
milhares de quilômetros de comprimento. O rompimento acidental desses oleodutos, o tombamento
de caminhões-tanques nas estradas e acidentes ou negligência no transporte marítimo vêm
ocasionando a degradação de ecossistemas terrestres, marinhos e dulcícolas, bem como a morte de

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alguns seres vivos.

Figura 2.2.1. Petroleiro Exxon Valdez da empresa estadunidense ExxonMobil e derramamento de


petróleo no Alasca, em 1989.
O gás natural, por sua vez, constitui-se em uma mistura de hidrocarbonetos leves
(principalmente metano) e, assim como o petróleo, é formado a partir da decomposição de matéria
orgânica, sendo utilizado para calefação, aquecimento de água, como combustível em caldeiras e
fornos, no transporte, e como matéria-prima para a indústria química (fertilizantes, plásticos,
borracha natural, etc.).
Uma das vantagens é que esse recurso gera uma grande quantidade de energia, podendo ser
utilizado tanto na forma líquida e gasosa; não emite poluentes atmosféricos; seu custo não é tão
elevado, barateando a produção e os preços se mostram mais estáveis quando comparados com os
preços do petróleo, atraindo mais investimentos.
Essa fonte energética não-renovável (gás natural) agride menos o meio ambiente que o
petróleo e o carvão mineral. No entanto, por ser de origem fóssil, sua combustão contribui para o
efeito estufa. Sendo mais leve que o ar, o gás natural tende a se acumular nas partes mais elevadas
quando em ambientes fechados e apresenta riscos de asfixia, incêndio e explosão. Além disso, a
construção de gasodutos e metaneiros (navios especiais) para o transporte e a distribuição requerem
alto investimento, em especial, para garantir segurança ao longo de todo o processo. As redes de
distribuição, por exemplo, são enterradas e protegidas com placas de concreto e faixas de
sinalização.
As tubulações responsáveis pelo envio de gás natural das fontes produtoras até os
consumidores recebem o nome de gasoduto. O Brasil possui o gasoduto Bolívia – Brasil. São
tubulações de diâmetro elevado, operando em alta pressão que transportam gás natural da Bolívia
(produtor) para alguns Estados brasileiros (consumidores).

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Figura 2.2.2: Regiões de abrangência do gasoduto Bolívia – Brasil

O carvão, particularmente o brasileiro, possui uma proporção considerável de enxofre que


em contato com o oxigênio e a umidade do ar, transformam-se em ácido sulfúrico, o qual, além de
tóxico, é altamente corrosivo e contribui com a formação da chuva ácida. Nas regiões carboníferas,
como o Sul do Brasil, esse ácido contribui para a degradação do solo e, em contato com a água de
rios, causa grande mortandade de peixes e de outros elementos da fauna e flora, além de impedir o
uso da água para abastecimento de residências.
A queima do carvão libera gases no ar como o dióxido de carbono, que em elevadas
concentrações contribui para o agravamento do efeito estufa. Além disso, a mineração da superfície
de carvão apresenta uma série de impactos ambientais; a remoção do solo superficial e sua
vegetação, sem serem repostos, ocasiona a erosão. Desse modo, a terra exposta não é capaz de
sustentar o desenvolvimento de espécies vegetais e animais.
A mineração do carvão contribui para o rápido desenvolvimento econômico regional, em
vista do grande influxo de mineradores e trabalhadores da construção civil. Entretanto, tal fato pode
levar a uma sobrecarga nas escolas e nos serviços públicos de abastecimento de energia, somando-
se a isso as condições, na maioria dos casos, desumanas dos mineradores, cujo trabalho é muito
perigoso.

Figura 2.2.3. Trabalhadores de uma mina de carvão

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2.3. Energia Solar
O aproveitamento da energia gerada pelo Sol, inesgotável na escala terrestre de tempo, tanto
como fonte de calor quanto de luz, é hoje, sem sombra de dúvidas, uma das alternativas energéticas
mais promissoras para enfrentarmos os desafios do novo milênio. E quando se fala em energia,
deve-se lembrar que o Sol é responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de
energia. Em outras palavras, as fontes de energia são, em última instância, derivadas da energia do
Sol.
-- APROVEITAMENTO TÉRMICO
Coletor solar: A radiação solar pode ser absorvida por coletores solares, principalmente para
aquecimento de água, a temperaturas
FIGURA 2.3.1
relativamente baixas (inferiores a 100ºC). O uso
dessa tecnologia ocorre predominantemente no
setor residencial, mas há demanda significativa
e aplicações em outros setores, como edifícios
públicos e comerciais, hospitais, restaurantes,
hotéis e similares.
O custo de uma instalação solar para o
aquecimento de água para uma família de
quatro pessoas é de aproximadamente US$
1.000, mas há de se levar em consideração que a
conta do gás ou da energia deverá ser paga
periodicamente, enquanto que o abastecimento
de energia solar é gratuito. Nesses casos, estima-se que a recuperação do investimento começa no
terceiro ano de uso, para posteriormente amortizar completamente o investimento, mantendo uma
despesa mínima com manutenção e com energia auxiliar em climas onde os invernos são mais frios.

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-- Vantagens:
A redução da demanda, permitindo o direcionamento da energia elétrica para outras
finalidades.
A luz solar é um recurso natural renovável e não poluente.

-- Desvantagens:
Devido à baixa densidade da energia solar que incide sobre a superfície terrestre, o
atendimento de uma única residência pode requerer a instalação de vários metros quadrados de
coletores. Para o suprimento de água quente de uma residência típica (três ou quatro moradores),
são necessários cerca de 4 m² de coletor.
Um dos principais entraves à difusão da tecnologia de aquecimento solar de água é o custo
de aquisição dos equipamentos, particularmente para residências de baixa renda. Mas a tendência ao
longo dos anos é a redução dos custos, em função da escala de produção, dos avanços tecnológicos,
do aumento da concorrência e dos incentivos governamentais.

-- SISTEMA FOTOVOLTAICO
A radiação solar é diretamente convertida em energia elétrica, por meio de efeitos da
radiação (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semi-condutores. O efeito
figura 2.3.2 Ilustração de um sistema Fotovoltaico fotovoltaico decorre da excitação dos elétrons de
alguns materiais na presença da luz solar (ou
outras formas apropriadas de energia). Entre os
materiais mais adequados para a conversão da
radiação solar em energia elétrica, os quais são
usualmente chamados de células solares ou
fotovoltaicas, destaca-se o silício.

-- Vantagem:
De qualquer forma, a principal vantagem no
momento para o Brasil dos painéis fotovoltaicos é
o seu uso em locais isolados, o que já vem sendo aplicado, democratizando o acesso à energia em
lugares para os quais a extensão de linha convencional seria muito cara.

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-- Desvantagem:
Para a geração de eletricidade em escala comercial, o principal obstáculo tem sido o custo
das células solares. Atualmente os custos de capital variam entre 5 e 15 vezes os custos unitários de
uma usina a gás natural que opera com ciclo combinado.

-- Impactos Ambientais:
O sistema fotovoltaico não emite poluentes durante sua operação e é muito promissor como
uma alternativa energética sustentável, entretanto gera impactos ambientais a serem considerados.
O impacto ambiental mais significante do sistema fotovoltaico para geração de energia solar
é provocado durante a fabricação de seus materiais e construção, e também relacionado à questões
de área de implantação.
Segundo Tolmasquim (2004), de uma forma geral o sistema fotovoltaico apresenta os
seguintes impactos ambientais negativos:
ƒ Emissões e outros impactos associados à produção de energia necessária para os
processos de fabricação, transporte, instalação, operação, manutenção e descomissionamento dos
sistemas;
ƒ Emissões de produtos tóxicos durante o processo da matéria-prima para a produção dos
módulos e componentes periféricos, tais como ácidos e produtos cancerígenos, além de CO2, SO2,
NOx, e particulados;
ƒ Ocupação de área para implementação do projeto e possível perda de habitat (crítico
apenas em áreas especiais) – no entanto, sistemas fotovoltaicos podem utilizar-se de áreas e
estruturas já existentes como telhados, fachadas, etc.;
ƒ Impactos visuais, que podem ser minimizados em função da escolha de áreas não-
sensíveis;
ƒ Riscos associados aos materiais tóxicos utilizados nos módulos fotovoltaicos (arsênico,
gálio e cádmio) e outros componentes, ácido sulfúrico das baterias (incêndio, derramamento de
ácido, contato com partes sensíveis do corpo);
ƒ Necessidade de se dispor e reciclar corretamente as baterias (geralmente do tipo chumbo-
ácido, e com vida media de quatro a cinco anos) e outros materiais tóxicos contidos nos módulos
fotovoltaicos e demais componentes elétricos e eletrônicos, sendo a vida útil média dos
componentes estimada entre 20 e 30 anos.

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Energia Nuclear
2.4. Energia Nuclear
A energia nuclear ou nucleoelétrica é proveniente da fissão do urânio em reator nuclear.
Apesar da complexidade de uma usina nuclear, seu princípio de funcionamento é similar ao de uma
termelétrica convencional, onde o calor gerado pela queima de um combustível produz vapor, que
aciona uma turbina, acoplada a um gerador de corrente elétrica.
Na usina nuclear, o calor é produzido pela fissão do urânio no reator, cujo sistema mais
empregado é constituído por três circuitos: primário, secundário e de refrigeração. No primeiro, a
água é aquecida a uma temperatura de aproximadamente 320°C, sob uma pressão de 157
atmosferas. Em seguida, essa água passa por tubulações e vai até o gerador de vapor, onde vaporiza
a água do circuito secundário, sem que haja contato físico entre os dois circuitos. O vapor gerado
aciona uma turbina, que movimenta o gerador e produz corrente elétrica.
O minério de urânio, um metal pouco menos duro que o aço, encontrado em estado natural
nas rochas da crosta terrestre é a fonte de extração do átomo de urânio utilizado na geração nuclear.
Neste processo, o núcleo do átomo é submetido à fissão para gerar a energia. Se a energia é liberada
lentamente, manifesta-se sob a forma de calor. Se é liberada rapidamente, manifesta-se como luz.
Nas usinas termonucleares ela é liberada lentamente e aquece a água existente no interior dos
reatores a fim de produzir o vapor que movimenta as turbinas.
As usinas termonucleares são dotadas de uma estrutura chamada vaso de pressão, que
contém a água de refrigeração do núcleo do reator, onde fica o combustível nuclear. Essa água,
altamente radioativa, circula quente por um gerador de vapor, em circuito fechado. Esse circuito
primário aquece uma outra corrente de água que passa pelo gerador (circuito secundário) e se
transforma em vapor, acionando a turbina para a geração de energia elétrica. Os dois circuitos não
têm comunicação entre si.

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Figura 2.4.1. Diagrama Esquemático de uma Termonuclear

Nos anos 70, os choques internacionais do petróleo e a crise energética subseqüente levaram
à busca de fontes alternativas de geração de eletricidade. Nesse contexto, a energia nuclear passou a
ser vista como a alternativa mais promissora, recebendo a atenção de muitos analistas e
empreendedores, e muitos investimentos. Em pouco mais de duas décadas, passou de uma
participação desprezível (0,1%) para aproximandamente 16% da produção mundial de energia
elétrica, ocupando assim o terceiro lugar entre as fontes de geração.

Gráfico 3.4.1. Geração de Energia Elétrica por Tipo de Combustível

No final dos anos 1960, o Governo Brasileiro decidiu ingressar na geração termonuclear,

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visando conhecer melhor essa tecnologia e adquirir experiências para um futuro supostamente
promissor da opção nuclear, a exemplo do que ocorria em vários outros países. Na época, cogitava-
se a necessidade de complementação térmica para o suprimento de eletricidade no Rio de Janeiro.
Decidiu-se, então, que essa complementação ocorresse por meio da construção de uma usina
nuclear, denominada Angra I, com capacidade nominal da ordem de 600 MW, na cidade de Angra
dos Reis, no Rio de Janeiro. Em junho de 1975, foi assinado com a República Federal da Alemanha
o Acordo de Cooperação para o Uso Pacífico da Energia Nuclear. Em julho do mesmo ano, foi feita
a aquisição das usinas de Angra II e Angra III.

Figura 2.4.2. Central Nuclear de Angra dos Reis

No Brasil, apenas 25% do território foi prospectado em busca do minério, mas, ainda
assim, o país ocupa o 7o lugar do ranking, com 278,7 mil toneladas em reservas conhecidas e
correspondentes a cerca de 6% do volume total mundial. As jazidas estão localizadas
principalmente na Bahia, Ceará, Paraná e Minas Gerais, conforme informações da Indústrias
Nucleares do Brasil (INB). A principal delas, em Caetité, Bahia, possui 100 mil toneladas, volume
suficiente para abastecer o complexo nuclear de Angra I, II e III por 100 anos. A distribuição
mundial do consumo, porém, não acompanha a localização ou a capacidade das reservas, mas a
disposição do país para investir na geração nuclear de energia elétrica. Segundo a International
Energy Agency, os três maiores consumidores são Estados Unidos, França e Japão.
Em 2007, um total de 439 reatores nucleares, distribuídos por 31 países, estava em operação
em todo o mundo, segundo dados da AIEA. Os Estados Unidos concentravam o maior número de
unidades (104), mas foi a França, com 59 reatores, que demonstrou maior dependência da produção
nuclear.

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Embora seja a terceira maior fonte geradora de eletricidade no mundo e evite a emissão de
consideráveis quantidades de dióxido de carbono e outros poluentes, a energia nuclear tem sido
vista mais como um perigo de autodestruição do que uma fonte ilimitada de energia, como esperado
no início do seu desenvolvimento tecnológico. O impacto ambiental de usinas termonucleares tem
sido muito enfatizado nas últimas décadas, sendo hoje preocupação de movimentos ambientalistas,
tanto em termos globais como regionais. Além da possibilidade de contaminação do solo, do ar e da
água por radionuclídeos, o aquecimento das águas do corpo receptor pela descarga de efluentes
também representa um risco para o ambiente local.
As usinas termonucleares utilizam grandes quantidades de água em seu sistema de
refrigeração, que funciona em paralelo com o circuito de água e vapor para geração de energia
elétrica. A separação desses sistemas impede a contaminação dos efluentes por materiais radioativos
em condições rotineiras de funcionamento das usinas. Em regiões costeiras, onde as usinas utilizam
água do mar para refrigeração, o lançamento dessa água, combinado com outros fatores, como a
pluviosidade, a altura da termoclina, correntes, marés e regime de ventos, tende a ocasionar
alteração na temperatura natural do corpo receptor. Nesse caso, uma tarefa imprescindível é a
separação dos efeitos naturais, como a influência de massas oceânicas de água, insolação,
estratificação e correntes locais, dos efeitos da descarga de águas de refrigeração. A Usina de Angra
I, situada na praia de Itaorna, no município de Angra dos Reis, descarrega cerca de 30 m3 /s de água
utilizada para a refrigeração do sistema de geração de energia elétrica no saco de Piraquara.
Durante a fase de extração e processamento do minério e de operação da usina, os níveis de
radioatividade são permanentemente monitorados e controlados, de forma a não superar os limites
previstos pelos órgãos reguladores. No entanto, ainda não se conseguiu encontrar uma solução
definitiva para os dejetos radioativos que, lado a lado com o risco de acidentes nas usinas, se
constituem nos elementos mais perigosos do processo de produção da energia nuclear. Estes dejetos
são classificados de baixa, média e alta atividade. Para os dois primeiros, há o processamento e
armazenagem. segundo o Plano Nacional de Energia 2030, no Brasil os dejetos de alta atividade
ficam, temporariamente, estocados em piscinas de resfriamento cheias de água. Depois, parte deles
é misturada a outros materiais e solidificada, resultando em barras de vidro, também classificadas
como de alta radioatividade. A vitrificação facilita o transporte e a estocagem, mas apenas diminui
os impactos potenciais sobre o meio ambiente.
Alternativas para depósito desses dejetos estão em estudo no exterior. Uma das mais aceitas,
atualmente, é o armazenamento em uma estrutura geológica estável. Os Estados Unidos têm um
projeto pioneiro nesta opção. Além disso, ganha espaço no mercado mundial a preferência pela
adoção do ciclo aberto do urânio em detrimento do fechado que, ao reprocessar o material, produz

19
novos dejetos radioativos. A evolução tecnológica das máquinas também aponta para a redução no
volume de dejetos de alta atividade produzido, seja porque embutem ganhos de eficiência, exigindo
menor volume de combustível para a produção da mesma qualidade de energia, seja porque
conseguem reduzir o tempo de decaimento (redução da radioatividade) dos dejetos.

20
Energia Eólica

2.5. Energia Eólica


A energia eólica consiste na energia cinética contida nas massas de ar em movimento, ou seja, é a
energia obtida através do vento. Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia
cinética de translação em cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas. As turbinas
podem ser do tipo aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cataventos e moinhos, para
trabalhos mecânicos como bombeamento d’água.
Assim como a energia hidráulica, a energia eólica é utilizada há milhares de anos, servindo
para bombeamento de água, moagem de grãos e outras aplicações que envolvem energia mecânica.
Os moinhos de vento, inventados na Pérsia, no séc. V, foram usados para bombear água para
irrigação. Para a geração de eletricidade, as primeiras tentativas surgiram no final do século XIX,
mas somente um século depois, na década de 1970, com a crise internacional do petróleo, é que
houve interesse e investimentos suficientes para viabilizar o desenvolvimento e aplicação de
equipamentos em escala comercial. A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica
pública foi instalada em 1976, na Dinamarca e, atualmente, existem mais de 35 mil turbinas eólicas
em operação no mundo.
Os desenvolvimentos tecnológicos dos sistemas avançados de transmissão, aerodinâmica,
estratégias de controle e operação das turbinas têm reduzido custos e melhorado o desempenho e a
confiabilidade dos equipamentos. O custo dos equipamentos, que era um dos principais entraves ao
aproveitamento comercial da energia eólica, reduziu-se significativamente nas últimas duas
décadas.
Os desenvolvimentos tecnológicos dos sistemas avançados de transmissão, aerodinâmica,
estratégias de controle e operação das turbinas têm reduzido custos e melhorado o desempenho e a
confiabilidade dos equipamentos. O custo dos equipamentos, que era um dos principais entraves ao
aproveitamento comercial da energia eólica, reduziu-se significativamente nas últimas duas
décadas. Projetos eólicos em 2002, utilizando modernas turbinas eólicas em condições favoráveis,
apresentaram custos na ordem de 820/kW instalado e produção de energia a 4 cents/kWh.

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Figura 2.5.1. Desenho Esquemático de uma turbina eólica moderna

Os ventos são gerados pela diferença de temperatura da terra e das águas, das planícies e das
montanhas, das regiões equatoriais e dos pólos do planeta Terra. A quantidade de energia

22
disponível no vento varia de acordo com as estações do ano e as horas do dia, e a topografia e
rugosidade do solo têm grande influência na distribuição de ocorrência dos ventos e de sua
velocidade em um local.
A quantidade de energia eólica que pode ser extraída em uma região depende das
características de desempenho, altura de operação e espaçamento horizontal dos sistemas de
conversão de energia eólica instalados. A avaliação precisa do potencial de vento em uma região é o
primeiro passo para o aproveitamento do recurso eólico como fonte de energia. Para a avaliação do
potencial eólico de uma região, é necessária uma coleta de dados dos ventos com precisão e
qualidade, capaz de fornecer um mapeamento eólico da região.
No início da utilização da energia eólica, surgiram turbinas de vários tipos, como as de eixo
horizontal, eixo vertical, com apenas uma pá, com duas e três pás, gerador de indução, gerador
síncrono, entre outras. Com o passar do tempo, consolidou-se o projeto de turbinas eólicas com as
seguintes características: eixo de rotação horizontal, três pás, alinhamento ativo, gerador de indução
e estrutura não-flexível.
As hélices de uma turbina de vento são diferentes das lâminas dos antigos moinhos porque
são mais aerodinâmicas e eficientes. As hélices têm o formato de asas de aviões e usam a mesma
aerodinâmica. Em movimento, ativam um eixo que está ligado à caixa de mudança. Através de uma
série de engrenagens, a velocidade do eixo de rotação aumenta. O eixo de rotação está conectado ao
gerador de eletricidade que com a rotação em alta velocidade gera energia.

Gráfico 2.5.1. Estimativas do Potencial Eólico Mundial

Um aero-gerador consiste num gerador elétrico movido por uma hélice, que por sua vez, é
movida pela força do vento. A hélice pode ser vista como um motor a vento, cuja quantidade de
eletricidade que pode ser gerada depende da quantidade de vento que passa pela hélice, do diâmetro
da hélice, da dimensão do gerador e do rendimento de todo o sistema.
Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua

23
densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 m, o que requer uma velocidade
mínima do vento de 7 a 8 m/s. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, em apenas 13%
da superfície terrestre o vento apresenta velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura de
50 m. Essa proporção varia muito entre regiões e continentes, chegando a 32% na Europa
Ocidental. Apesar de existirem poucos locais com ventos propícios, estima-se que o potencial eólico
bruto mundial seja da ordem de 500.000 TWh por ano. Porém, devido a restrições socioambientais,
como existência de áreas densamente povoadas e/ou industrializadas e outras restrições naturais,
como regiões muito montanhosas, por exemplo, apenas 53.000 TWh (cerca de 10% do total
disponível) são considerados tecnicamente aproveitáveis.
Em 1990, a capacidade instalada no mundo era inferior a 2.000 MW. Em 1994, ela subiu
para 3.734 MW, divididos entre Europa (45,1%), América (48,4%), Ásia (6,4%) e outros países
(1,1%). Quatro anos mais tarde, chegou a 10.000 MW e no final de 2002 a capacidade total
instalada no mundo ultrapassou 32.000 MW. O mercado tem crescido substancialmente nos últimos
anos, principalmente na Alemanha, EUA, Dinamarca e Espanha, onde a potência adicionada
anualmente supera 3.000 MW. Esse crescimento de mercado fez com que a Associação Européia de
Energia Eólica estabelecesse novas metas, indicando que, até 2020, a energia eólica poderá suprir
10% de toda a energia elétrica requerida no mundo.
Em alguns países e regiões, a energia eólica já representa uma parcela considerável da
eletricidade produzida. Na Dinamarca, por exemplo, a energia eólica representa 18% de toda a
eletricidade gerada e a meta é aumentar essa parcela para 50% até 2030. Na região de Schleswig-
Holstein, na Alemanha, cerca de 25% do parque de energia elétrica instalado é de origem eólica. Na
região de Navarra, na Espanha, essa parcela é de 23%. Em termos de capacidade instalada, estima-
se que, até

24
Figura 2.5.2. Distribuição da Capacidade Eólica Instalada no Mundo 2020, a
Europa
já terá 100.000 MW.
No Brasil, embora ainda haja divergências entre especialistas e instituições na estimativa
do potencial eólico, os valores indicados pelos estudos são bem consideráveis. Até poucos anos, as
estimativas eram da ordem de 20.000 MW. Hoje, a maioria dos estudos indica valores maiores que
60.000 MW. Os diversos levantamentos e estudos locais, regionais e nacionais realizados e em
andamento têm dado suporte e motivado a exploração comercial da energia eólica no País.
Os primeiros estudos foram feitos na região Nordeste, principalmente no Ceará e em
Pernambuco. Com o apoio da ANEEL e do Ministério de Ciência e Tecnologia MCT, o Centro
Brasileiro de Energia Eólica – CBEE, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, publicou
em 1998 a primeira versão do Atlas Eólico da Região Nordeste. A continuidade desse trabalho
resultou no Panorama do Potencial Eólico no Brasil. Outro estudo importante em âmbito nacional
foi publicado pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica – CRESESB/CEPEL No
resultado final do estudo, denominado Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, estimou-se um
potencial eólico brasileiro da ordem de 143 GW. Existem também outros estudos específicos por
unidades da Federação, desenvolvidos por iniciativas locais.

25
A participação da energia eólica na geração de energia elétrica brasileira ainda é pequena.
No entanto, os incentivos vigentes para o setor elétrico brasileiro deverão despertar o interesse de
empreendedores. Outro incentivo importante é a possibilidade de complementaridade entre a
geração hidrelétrica e a geração eólica, visto que o maior potencial eólico, na região Nordeste,
ocorre durante o período de menor disponibilidade hídrica. Entre as centrais eólicas instaladas no
Brasil, destacam-se Taíba e Prainha, no Estado do Ceará, que representam 68% do parque eólico
nacional.

Figura 2.5.3. Mapa das potencialidades eólicas do Brasil – Dados da CBEE


A
geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas constitui uma alternativa para diversos
níveis de demanda. As pequenas centrais podem suprir pequenas localidades distantes da rede,
contribuindo para o processo de universalização do atendimento. Quanto às centrais de grande
porte, estas têm potencial para atender uma significativa parcela do Sistema Interligado Nacional
(SIN) com importantes ganhos: contribuindo para a redução da emissão, pelas usinas térmicas, de
poluentes atmosféricos; diminuindo a necessidade da construção de grandes reservatórios; e
reduzindo o risco gerado pela azonalidade hidrológica, à luz da complementaridade citada
anteriormente.
Apesar de não queimarem combustíveis fósseis e não emitirem poluentes, fazendas eólicas
não são totalmente desprovidas de impactos ambientais. Entre os principais impactos
socioambientais negativos das usinas eólicas destacam-se os sonoros e os visuais.
Os impactos sonoros são devidos ao ruído dos rotores e variam de acordo com as

26
especificações dos equipamentos. As turbinas de múltiplas pás são menos eficientes e mais
barulhentas que os aerogeradores de hélices de alta velocidade. A fim de evitar transtornos à
população vizinha, o nível de ruído das turbinas deve antender às normas e padrões estabelecidos
pela legislação vigente.
Os impactos visuais são decorrentes do agrupamento de torres e aerogeradores,
principalmente no caso de centrais eólicas com um número considerável de turbinas, também
conhecidas como fazendas eólicas. Os impactos variam muito de acordo com o local das
instalações, o arranjo das torres e as especificações das turbinas. Apesar de efeitos negativos, como
alterações na paisagem natural, esses impactos tendem a atrair turistas, gerando renda, emprego,
arrecadações e promovendo o desenvolvimento regional.
Outro impacto negativo das centrais eólicas é a possibilidade de interferências
eletromagnéticas, que podem causar perturbações nos sistemas de comunicação e transmissão de
dados (rádio, televisão). Essas interferências variam segundo o local de instalação da usina e suas
especificações técnicas, particularmente o material utilizado na fabricação das pás. Também a
possível interferência nas rotas de aves deve ser devidamente considerada nos estudos e relatórios
de impactos ambientais (EIA/RIMA).
O custo dos geradores eólicos é elevado, porém o vento é uma fonte inesgotável de energia.
E as plantas eólicas têm um retorno financeiro a um curto prazo. Outro problema que pode se citado
é que em regiões onde o vento não é constante, ou a intensidade é muito fraca, obtêm-se pouca
energia e, quando ocorrem chuvas muito fortes, há desperdício de energia.

27
Energia da Biomassa

2.6. Energia da Biomassa


Biomassa é um material constituído principalmente de substâncias de origem orgânica
(vegetal, animal, microorganismos). A utilização da energia da BIOMASSA é considerada
estratégica para o futuro, pois é uma fonte renovável de energia. Há três classes de biomassa: a
biomassa sólida, líquida e gasosa.
A biomassa sólida tem como fonte os produtos e resíduos da agricultura (incluindo
substâncias vegetais e animais), os resíduos das florestas e a fração biodegradável dos resíduos
industriais e urbanos.
A biomassa líquida existe em uma série de biocombustíveis líquidos com potencial de
utilização, todos com origem nas chamadas "culturas energéticas". São exemplos o biodiesel, obtido
a partir de óleos de colza ou girassol; o etanol, produzido com a fermentação de hidratos de carbono
(açúcar, amido, celulose); e o metanol, gerado pela síntese do gás natural.
Já a biomassa gasosa é encontrada nos efluentes agropecuários provenientes da agroindústria
e do meio urbano. É achada também nos aterros de RSU (resíduos sólidos urbanos). Estes resíduos
são resultado da degradação biológica anaeróbia da matéria orgânica, e são constituídos por uma
mistura de metano e gás carbônico. Esses materiais são submetidos à combustão para a geração de
energia.
No Brasil a lenha ocupa a terceira posição em fonte de energia utilizada, sendo extraída das
poucas reservas que restam no país. Dois bilhões de pessoas dependem da lenha como fonte de
energia, e o consumo mundial é de 1,1 bilhão de metros cúbicos (a maior parte nos países em
desenvolvimento). A lenha é aproveitada de duas maneiras diferentes:
a) por combustão, que é o processo mais antigo para produção de calor doméstico e
industrial , sendo que 94% do seu valor calórico é perdido no uso doméstico, o uso ineficiente
representa um encargo de 30% no balanço energético do país;
b) por pirólise, que é o processo de queima da madeira a temperaturas l60 a 430ºC, na
ausência de ar. Essa queima produz gases e ácido pirolígneo (que pode sofrer mais uma reação para
a extração metanol, acetona e ácido acético).

28
O consumo de carvão no Estado de Minas está na ordem de 25 milhões de m³, sendo 40 %
extraídos do cerrado, e de acordo com a legislação Estadual o suprimento dos altos fornos está
limitado desde de 1996 a 30%, 1997 a 20%, 1998 a 10% do carvão consumido pelas usinas deverão
ser extraídos de áreas replantadas ou remanejadas . Com a determinação da lei, apenas 6 milhões de
m³, estão sendo extraídas ou 25%, o restante oriundos de estados vizinhos. De 1987 a 1992, foram
devastadas 2,8 milhões de hectares, dos quais 60% de cobertura nativa. Minas produz 80% do
carvão e consome 84% da produção Nacional.

-- Impactos ambientais:
Dentre os vários problemas ambientais acarretados pela biomassa temos a formação de
desertos pelo corte não planejado ou incontrolado de arvores; destruição do solo pela erosão; a
poluição da própria queima da biomassa, como a emissão de gases tóxicos e desprendimento de
consideráveis quantidades de calor.
O Brasil ocupa o primeiro lugar em emissão de gases oriundos do desmatamento: Petróleo
58%; Lenha 16% ; Carvão Vegetal 10% Carvão Mineral 12% e Gás Natural 4%. O reflorestamento
é uma saída para a diminuição de CO2, pois florestas plantadas fixam CO2 durante o período de
crescimento. Estima-se haver necessidade de reflorestar 20 milhões de hectares em um período de
30 anos, envolvendo um investimento de 22,5 bilhões de dólares. A implantação desse projeto seria
capas de absorver 5 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera .Este programa de
reflorestamento Nacional é capas de fixar 4% do excedente de carbono acumulado na
atmosfera( 115 bilhões de toneladas ). O reflorestamento através do eucalipto,inibe o crescimento
das plantas cultivadas em solos retiradas de eucaliptais e a inibição das bactérias responsáveis pela
fixação do nitrogênio; pois são sensíveis á ação de substâncias do eucalipto, como o cineol e o
pineno, de alto poder antibiótico. Isso significa que o eucalipto exerce uma pressão seletiva sobre a
população bacteriana, espécies não tolerantes desaparecem, o solo fica mais pobre. Portanto existem
pesquisas que o reflorestamento deva se fazer plantio consorciado de eucalipto com árvores nativas
adaptadas.

-- Riscos ocupacionais:
Os riscos estão ligados aos possíveis acidentes de corte da madeira, transporte e
processamento. A rotina do carvoeiro o obriga a enfrentar o calor 70 graus na boca dos fornos no
frio noturno, do cerrado e pôr um período de 12 horas . O metanol é bastante tóxico e deve ser
manipulado com critério. No Brasil as termoelétricas de Samuel (RO) e Balbina (AM) são dois
exemplos de aproveitamento de lenha com a tecnologia adequada para produção de energia elétrica.

29
-- Resíduos:
Os resíduos orgânicos, devem ser formados por transformações por intermédio da digestão
anaeróbica para resultar em gás combustível com teores de metano em torno de 60 a 70 %, e
dióxido de carbono, de 20 a 30%, além de outros gases. A borra do digestor pode ser utilizada como
fertilizante. O biogás possibilita diversas aplicações: cocção de alimentos, geração de energia em
lampiões, geladeiras, chocadeiras, fornos industriais e também geração de energia elétrica.
No Sul do Brasil estima-se que existam 10 mil biodigestores rurais em funcionamento . Em
Minas Gerais, uma experiência comercial com a utilização do biogás para resfriamento de leite
apresentou 60% de economia em relação a energia elétrica convencional.
Na Cidade de São Paulo são produzidas 8000 toneladas de lixo por dia. Esse lixo vem sofrendo
incineração, compostagem e, finalmente, desova em aterros sanitários Entretanto a otimização desse
processo é essencial para o futuro, produção de energia e reciclagem do lixo humano, que se
avoluma nas grandes cidades.

-- Biomassa e energia:
A energia de biomassa diz respeito ao aproveitamento energético que se pode fazer da
floresta e seus resíduos, bem como dos resíduos agro-pecuários e dos restantes da indústria
alimentar e do tratamento de efluentes domésticos e industriais, para produção de energia elétrica
ou calorífera.
Diversas usinas de açúcar e destilarias estão produzindo metano a partir da vinhaça. O gás
resultante está sendo utilizado como combustível para o funcionamento de motores estacionários
das usinas e de seus caminhões e o bagaço como combustível etc. O equipamento onde se processa
a queima ou a digestão da biomassa é chamado de biodigestor .
Numa destilaria com produção diária de 100.000 litros de álcool e 1500 m³ de vinhaça,
possibilita a obtenção de 24 000 m³ de biogás, equivalente a 247,5 bilhões de calorias. O biogás
obtido poderia ser utilizado diretamente nas caldeiras, liberando maior quantidade de bagaço para
geração de energia elétrica através de termoelétricas, ou gerar 2 916 KW de energia, suficiente para
suprir o consumo doméstico de 25 000 famílias. A partir da biomassa pode-se produzir bioálcool ,
biodiesel e biogás!
A produção de eletricidade a partir de biomassa sólida nos países da OECD, entre 1990 e
2001, teve um crescimento anual médio de 2,7%, atingindo, em 2001, uma participação de 5,6%
dentre as fontes renováveis de eletricidade – em 1990 era de 4,6%.
De toda a eletricidade obtida com biomassa, 52,3% foi gerada nos EUA, onde ela participou

30
com 14,3% da produção de eletricidade renovável . O segundo maior produtor de eletricidade com
biomassa é a Finlândia, onde essa fonte representou 37,8% do fornecimento de eletricidade
renovável. O Japão e o Canadá são, também, grandes produtores, e muitos outros países da OECD
usam esse tipo de fonte.
No Brasil, em outubro de 2006, a geração de eletricidade a partir de biomassa – sólida,
líquida e gaseificada –, contava com um parque instalado de 3.665 MW, relativos a 3,8% da
capacidade total do país e 4,7% do total de fontes renováveis. Havia oito usinas em construção,
totalizando 102,9 MW, e 31 autorizadas, com um total de 244,1 MW. Entre aquelas em construção

há: quatro a resíduos de madeira (40,7 MW); três a bagaço de cana-de-açúcar (55 MW); e uma a
carvão vegetal (7,2 MW).

-- Usinas Termelétricas a biomassa:

Impacto Ambiental Positivo: disposição, tratamento, destinação e reciclagem dos


resíduos antropogênicos de natureza biológica; equilíbrio de Gaia.
 Impacto Ambiental Negativo: emissões aéreas de CO2 e NOX, embora no caso do
álcool e do biogás sejam mais de 70% menores que os hidrocarbonetos líquidos; de CH4, que é
trinta vezes mais danoso à camada de ozônio que o CO2 (ibid., p.173); e partículas, no caso da
queima de sólidos, como o carvão vegetal e a lenha, que também são grandes emissores de CO2 e
CH4.
Além disso, há que se considerar os efeitos causados pelas grandes áreas de cultivo intensivo
de monoculturas, como a cana-de-açúcar ou a soja – erosão, perda de biodiversidade, poluição por
agrotóxicos.

-- Vantagens:
Fonte de energia renovável; baixo custo da energia gerada; tem grande aceitação social por

31
gerar mais empregos permanentes e que não requerem tanta qualificação quanto outras fontes; no
caso dos óleos vegetais, menores emissões de enxofre e GEE do que os combustíveis derivados de
petróleo; receita adicional para as atividades que produzem os resíduos; permite operação contínua
na base do sistema elétrico.
Conta ainda com os seguintes benefícios e vantagens legais:
 Autorização não-onerosa, para potência acima de 5.000 kW, ou simples comunicação ao
poder concedente, quando tiver potência até 5.000 kW;
 Isenção da aplicação anual de no mínimo 1% de sua receita operacional líquida em pesquisa
e desenvolvimento do setor; e como fonte alternativa, pode comercializar no ACR, nos leilões
específicos de compra de energia proveniente de fontes alternativas, com contratação de dez até
trinta anos e possibilidade de repasse integral de preços às tarifas.
Quando em sistema elétrico isolado:
- Pode ter até 75% do seu cus to de implantação reembolsado por meio do mecanismo da
sub-rogação dos benefícios da CCC122; e o pode comercializar energia elétrica diretamente co m
consumidor cuja carga seja maior ou igual a 50kW123.

-- Desvantagens:
Para viabilizar o projeto é necessário garantir um volume mínimo e a proximidade da fonte
de biomassa; há o risco de competição pelo uso da terra, como, por exemplo, o plantio de florestas
energéticas versus o cultivo de alimentos

Figura 2.6.1. Ciclo da Biomassa

32
Energia das Mares
2.7. Energia das Mares
A idéia de extrair a energia dos oceanos, utilizando a diferença entre a maré-alta e a maré-
baixa, na realidade, não é recente. No século XII havia na Europa moinhos submarinos, instalados
na entrada de estreitas baías (o fluxo e o refluxo das águas moviam as pedras de moer). Contudo, os
pioneiros da exploração das marés na era moderna foram os habitantes de Husum, uma pequena ilha
alemã no mar do Norte, onde, em 1915, os tanques para o cultivo de ostras estavam ligados ao mar,
através de um canal, onde turbinas moviam um pequeno gerador eléctrico, durante a passagem da
água das marés. A eletricidade produzida neste processo era suficiente para iluminar a povoação
referida.
A energia das marés, também chamada de energia maremotriz, é uma energia renovável e
limpa. O fenômeno de maré tal como já foi referido, deve-se às interações gravitacionais entre a
Terra e outros astros (principalmente a Lua e o Sol). Traduz-se pelas variações periódicas do nível
do mar associadas às correntes, através de energia potencial.
Este tipo de aproveitamento da energia das marés é obtido através da construção de diques e
reservatórios. Duma maneira muito simples, quando a maré sobe, a água enche o reservatório
passando através duma turbina (tipo bulbo) produzindo energia eléctrica. Quando a maré desce, o
reservatório é esvaziado, a água sai do reservatório passando novamente pela turbina (em sentido
contrário), produzindo novamente energia eléctrica.
-- Vantagens:
Este tipo de energia, é uma energia limpa e renovável contribuindo para a redução das
emissões dos gazes de efeito de estufa, reduzindo a poluição no ar, da água, do solo e da biosfera
limitando os riscos de acidentes.
-- Desvantagens:
Os custos associados ao investimento são muito elevados, contribuindo assim para um
desencorajar face a esta alternativa. Constituiria assim um desafio, encontrar meios de tornar estes
investimentos iniciais mais acessíveis, tornando assim esta forma de energia mais apelativa.
Existe outro tipo de barreiras, nomeadamente, devido a conflitos de interesses com outras

33
áreas de atividade, uma vez que as zonas de implementação destas tecnologias podem ter outros
usos (zonas de pesca, de extração de materiais, de recreio e lazer, que intersectem rotas marítimas
importantes, na proximidade de portos marítimos, entre outras).
Há barreiras técnicas relacionam-se com características inerentes ao próprio recurso
energético: irregularidade/intermitência da produção, sendo um importante desígnio a tentativa de a
maximizar recorrendo a métodos tais como centrais de energia das marés com bacia única e
bombagem ou com duas bacias, tal como abordado anteriormente. Tudo isto traduz-se numa meta
que consiste em produzir energia continuamente a partir de algo discreto como as marés
-- Impactos Ambientais:
Porém, numa perspectiva a curto prazo, o impacto ambiental associado a este tipo de central
seria na transformação do ecossistema, ou seja, na transformação da Fauna e Flora existente.
Quando é aproveitada a energia potencial, são construídos diques, barragens ou reservatórios
de forma a reter a água, travando assim o seu movimento e consequentemente, de forma
infinitesimal, a Terra. Pelas leis da física, as consequências desta desaceleração da Terra acarreta
uma aceleração e afastamento da Lua também de forma infinitesimal (relativamente a sua distância
à Terra). De qualquer modo, este efeito já existia, o aproveitamento da energia potencial das marés
só veio aumentar a “travagem” da Terra. Os efeitos climatéricos associados a este efeito não foram
até a data muito aprofundados, no entanto, qualitativamente, sabe-se que:
 Diminuiria a velocidade do ciclo térmico terrestre, isto é, períodos diurnos quentes e
nocturnos frios;
 Aumentaria o espaçamento de temperatura entre os dias e as noites, tendo como
consequências o aumento dos movimentos atmosféricos (tempestades…).
Quanto ao aproveitamento da energia cinética (correntes marítimas), cujo este é feito através
de turbinas subaquáticas não tem impacto ambiental significativo, por exemplo, são projectadas de
forma a expulsar qualquer animal marinho que se aproxime do rotor.
Os projetos ligados a este tipo de energia requerem, normalmente, pela sua complexidade,
elevado capital de investimento, bem como a sua construção é bastante demorada. O período de
retorno do investimento feito é também bastante longo. Consequentemente, a eletricidade produzida
a partir das marés tem um preço elevado, sendo que aqui assume um papel muito importante o
sistema de financiamento público utilizado. É notório que a utilização desta forma de energia
renovável é altamente improvável, pela sua inviabilidade econômica, a menos que exista
intervenção do sector público. Nomeadamente, em mercados de eletricidade desregulados, baseados
no investimento privado, a energia das marés não é, no momento e na maioria dos casos,
competitiva dado que o seu custo efetivo é, ainda, bastante superior a outras energias renováveis.

34
Por outro lado, há ainda que abordar a questão da localização da central. Para ser lucrativa,
uma central de energia das marés não poderá ser instalada em qualquer local. Este constitui-se como
um dos aspectos mais delicados na utilização deste tipo de energia renovável, uma vez que só locais
com uma variação muito significativa entre a maré-baixa e a maré-alta se afiguram como bons
locais de instalação. Esta variação está intimamente relacionada com a topografia de cada local. Nos
melhores locais, chegará aos 10 m, ou mesmo, 15 m.
Comparativamente com a energia eólica, a energia das marés produz energia de forma
análoga. No entanto, quando comparamos a densidade da água com a densidade do ar, verificamos
que a densidade da água é 832 vezes superior à do ar, daí que um único gerador, no caso da energia
das marés, pode proporcionar valores de potência significativos em situações com baixas
velocidades de fluxos das marés, quando comparado com a velocidade do vento.

Figura 2.7.1 -A central de energia das marés de La Rance, França

A central de energia das marés de La Rance, é a única do seu tipo em todo o mundo. Está
localizada no Norte de França, no estuário do rio La Rance. Esta é uma zona em que a amplitude
das marés é muito considerável (rever Figura 4) e a isto se deveu a escolha do local.
A obra foi terminada em 1967, com 24 turbinas bolbo, cada uma capaz de produzir 10 MW.
A barragem em si tem 750 m de comprimento e 13 m de altura. Foram necessários 25 anos de
estudos intensivos e 6 anos de construção até esta central estar pronta.
O funcionamento é da seguinte forma: as comportas permanecem abertas para permitir a
entrada da água na bacia durante a maré-alta e são fechadas depois para impedir a saída da água
quando a maré está a baixar, forçando a água a sair pelas turbinas para, assim, se gerar eletricidade
(Figura 2.7.2 ).

35
Figura 2.7.2 – Princípios de funcionamento de uma central de energia das marés (barragem)

Tal como se pode observar na figura acima, quando a maré sobe, a escotilha da principal da
barragem está aberta permitindo a passagem a água do mar de forma a encher o reservatório. Logo
que a maré desce a barragem é fechada. A água assim retida permitirá alimentar as turbinas na maré
vasa.

36
2.8. Energia das Ondas
Os sistemas existentes de aproveitamento de energia das ondas podem distinguir-se de
acordo com a sua flutuabilidade ou posição na coluna de água – submersos ou flutuantes – e quanto
à capacidade de resposta à agitação marítima, em função da altura significativa (Hs), do período (T)
e da direção das ondas. Os sistemas conversores podem também classificar-se de acordo com a
distância relativamente à linha de costa: instalados na costa, onshore, próximos da costa, nearshore,
e em águas profundas, offshore. Quanto ao método de conversão de energia, podem utilizar
bombas hidráulicas, turbinas ou geradores.
-- COLUNA DE ÁGUA OSCILANTE (CAO)
A energia da oscilação provocada pelas ondas pode ser aproveitada em centrais de coluna de

Esquema de um sistema de coluna de


água oscilante. Este tipo de centrais é
Fig u ra 2 .8 .1 água oscilante (CAO)
constituído por câmaras de betão,
colocadas em zonas de grande ondulação,
na linha de costa, cuja parede frontal não
chega ao fundo, permitindo que a água
entre dentro da câmara, oscilando com o
movimento das ondas. Esta oscilação
provoca diferenças de pressão no ar
situado na zona superior da câmara que,
ao passar através de uma turbina (Wells –
roda sempre no mesmo sentido
independentemente do sentido do fluxo
de ar ou água) no topo da câmara, produz
eletricidade. A potência instalada neste tipo de centrais é da ordem dos 500 kW, dependendo do
tamanho da câmara e da energia associada à frente de onda no local de instalação.
Uma potência desta ordem poderá alimentar pequenas populações locais.

37
-- Vantagem:
Os problemas de transporte de energia para terra e de acesso para manutenção são de
relativamente fácil resolução.
-- Desvantagem:
A localização depende de um conjunto de factores geomorfológicos favoráveis na
vizinhança imediata da costa, e os bons locais para construção não abundam, assim como o impacte
visual é significativo.
-- Impacto ambiental:
O Impacto ambiental associado a este tipo de infra-estrutura é baixo. A câmara de betão não
apresenta grande impacte para as comunidades bióticas existentes na zona, uma vez que são zonas
de costa muito batidas pela rebentação. As comunidades bentônicas não são afectadas por este tipo
de infra-estrutura, pois a câmara não chega ao fundo e neste local a água movimenta-se
normalmente. A parede exterior da câmara pode ainda ser colonizada por organismos bentônicos
(existem alguns tipos de betão que facilitam o estabelecimento de comunidades bentônicas)
próprios dessas zonas, contribuindo assim para a naturalização da estrutura. O impacte ambiental
varia com a quantidade de centrais que existem ao longo da linha de costa, pelo que se torna muito
importante o estudo detalhado da área de implantação da estrutura (em termos de oceanografia,
biologia, potencial energético) e a produção deslocalizada de energia, para não sobrecarregar a
mesma área e provocar um grande impacte e porventura alterações do biótopo.

-- ESTRUTURAS PENDULARES OFFSHORE


Outro tipo de aproveitamento da energia das ondas é através de estruturas pendulares
offshore. Este tipo de estruturas é composto por torres metálicas, ancoradas ao fundo do mar, que
possuem uma câmara de ar na parte superior.
Esta câmara oscila verticalmente com o
movimento das ondas e cria situações de altas e baixas
pressões de ar no seu interior. Estas pressões são
aproveitadas para mover um motor linear ligado a um
gerador para produção de eletricidade. Este tipo de
instalação pode ter potências instaladas da ordem dos 2
MW, como é o caso do projecto experimental Archimedes
Wave Swing (AWS), que será instalado ao largo de Viana
do Castelo.
-- Vantagens:

38
A produção deslocalizada de energia, com potências instaladas superiores às dos sistemas
instalados nas linhas e costa;
A possibilidade de incorporar dois tipos de produção energética na mesma estrutura,
diminuindo assim o impacte, face à quantidade de energia produzida;
A possibilidade de associar várias estruturas deste tipo, reduzindo assim a área afectada
pelas mesmas, quando isoladas, e produzir mais energia, como ocorre nos parques eólicos
instalados em terra;
Além do aproveitamento da energia das ondas, estas torres podem ainda ser aproveitadas
para implantação de aerogeradores offshore, para aproveitamento da energia eólica, produzindo
assim energia de duas formas.
-- Desvantagens:
A ligação à rede eléctrica por cabos submarinos é uma desvantagem deste tipo de estruturas,
a nível de custos e de impacte ambiental;
A interdição da navegação nestas zonas bem como o impacte visual constituem
desvantagens destas estruturas.
-- Impacto ambiental:
Estas estruturas, em si, não apresentam grande impacte ambiental, uma vez que se
encontram em zonas de mar aberto, podendo mesmo funcionar como zonas de refúgio para algumas
comunidades faunísticas, como peixes, moluscos e crustáceos que aí se fixam. Estas estruturas
também poderão ter impactes negativos na ligação à rede eléctrica por cabos submarinos, que
podem ter de percorrer zonas de lodos e lamas contaminadas, que se poderão dispersar durante a
fase de dragagem para instalação dos cabos. Outro impacte negativo prende-se com as zonas de
navegação, tendo estas estruturas de ser instaladas em zonas que sejam interditas à navegação e
devidamente assinaladas nas cartas náuticas e no local. Além do aproveitamento da energia das
ondas, estas torres podem ainda ser aproveitadas para implantação de aerogeradores offshore, para
aproveitamento da energia eólica, produzindo assim energia de duas formas.

39
Energia Geotérmica
2.9. Energia Geotérmica
A energia geotérmica tem sua origem no interior da Terra pela decomposição de materiais
radioativos, o que leva alguns estudiosos a referirem-na como uma forma de “energia fóssil
nuclear”, estando disposta em fontes de água e lama quentes, vulcões e gêiseres. Assim, há
diferentes formas de recursos geotérmicos, entre eles, recursos hidrotermais contendo reservatórios
de vapor ou água quente que podem ser canalizados por perfuração; recursos de rochas secas
quentes (calor armazenado em rochas impermeáveis), os quais podem ser utilizados pela injeção de
água fria no poço e recursos geopressurizados (águas salobras profundas que contêm energia termal,
mecânica e química).

Figura 2.9.1. Old Faithful Geyser , no Parque Nacional de Yellowstone, em Wyoming (EUA)

Constitui-se em um tipo de energia renovável, com maior facilidade de manutenção além de ser
mais limpa e sua obtenção, mais barata que a dos combustíveis fósseis e usinas nucleares. Além
disso, as centrais geotérmicas podem ter desenhos modulares, com unidades adicionais instaladas
em incrementos quando necessário para se ajustar à crescente procura de eletricidade. A energia é

40
produzida independentemente de variações como chuvas e níveis de rios; a área requerida para a
instalação de usinas é pequena, comparando-se com as hidrelétricas, podendo abastecer
comunidades isoladas, gerando empregos (mão-de-obra barata e especializada) e estimulando os
negócios regionais.
A emissão de gases nocivos como o sulfito de hidrogênio (H2S), o qual tem cheiro de ovo podre, e
dióxido de carbono constitui-se em um dos problemas de uma usina geotérmica. E também, o vapor
dos campos de vapor seco contém minerais que, após o vapor condensar, podem contaminar o nível
freático e envenenar peixes e outras formas de vida aquática. Nos campos de vapor úmido, o
conteúdo de minerais e sal da água quente pode ser da ordem de 20% a 30% de sólidos dissolvidos.
As lâminas das turbinas podem sofrer danos por corrosão e as tubulações podem ficar entupidas.
Existem problemas adicionais relacionados com a disposição dos resíduos líquidos, podendo
contaminar o solo e os recursos hídricos. Outro problema em algumas regiões geotérmicas é que a
remoção do vapor dos reservatórios pode causar subsidência (assentamento ou deslizamento) dos
terrenos acima deles.

Sabe-se que o uso da energia geotérmica está restrita a determinadas áreas geográficas,
exigindo que seu ponto de utilização seja próximo - fato que aliado ao baixo rendimento de energia;
à carência de informação confiável sobre os recursos geotérmicos; à falta de tecnologia testada e
aprovada para a extração e utilização dos recursos e à falta de conhecimento completo sobre os
impactos ambientais dificultam a implantação de projetos. Há ainda o inconveniente da poluição
sonora que afligiria toda a população vizinha ao local de instalação da usina, pois, para a perfuração
do poço, utiliza-se maquinário semelhante ao usado na perfuração de poços de petróleo.

É necessário, pois, que os financiamentos para pesquisas relacionadas com estas questões
aumentem como também, um maior esclarecimento das regulamentações.

41
Figura 2.9.3. Sistema de vapor seco: a usina The Geysers, na Califórnia (EUA) – maior usina
geotérmica do mundo.

No Brasil, a energia geotérmica é empregada apenas como fonte de água quente em cidades
como Caldas Novas, onde se pode obter água a temperatura de 51°C. Para a produção de energia
como ocorre nos Estados Unidos, Islândia, Quênia, Nova Zelândia e Japão é necessária uma
temperatura bem superior a essa (150°C a 250°C).
Um importante acervo de dados e informações técnicas sobre o potencial e a possibilidade
do uso da energia geotérmica no Brasil encontram-se disponíveis nos Anais do Simpósio Brasileiro
sobre Técnicas Exploratórias Aplicadas à Geologia, promovido pela Sociedade Brasileira de
Geologia em Salvador - Bahia, no ano de 1984. Nesse Simpósio, foram discutidos vários aspectos
relacionados aos sistemas de baixa, média e alta entalpia, e a necessidade de se desenvolver um
programa de pesquisa de âmbito nacional, visando obter uma idéia mais precisa sobre os recursos e
sobre a potencialidade do território brasileiro em energia geotérmica.

42
Energia de Hidrogênio

2.10. Energia de Hidrogênio


O hidrogênio é o mais simples e mais comum elemento do universo. Possui a maior quantidade
de energia por unidade de massa que qualquer outro combustível conhecido. (120,7kJ por grama).
Além disso, quando resfriado ao estado líquido, este combustível de baixo peso molecular ocupa
um espaço equivalente a 1/700 daquele que ocuparia no estado gasoso. Esta é uma das razões pelas
quais o hidrogênio é utilizado como combustível para propulsão de foguetes e cápsulas espaciais,
que requerem combustíveis de baixo peso, compactos e com grande capacidade de armazenamento
de energia. Quando utilizado em células a combustível, a água que resulta do processo é consumida
pelos astronautas!
No estado natural e sob condições normais, o hidrogênio é um gás incolor, inodoro e insípido. O
hidrogênio molecular (H2) existe como dois átomos ligados pelo compartilhamento de elétrons -
ligação covalente. Cada átomo é composto por um próton e um elétron. Alguns cientistas acreditam
que este elemento dá origem a todos os demais por processos de fusão nuclear. O hidrogênio
normalmente existe combinado com outros elementos, como o oxigênio na água, o carbono no
metano, e na maioria dos compostos orgânicos. Como é quimicamente muito ativo, raramente
permanece sozinho como um único elemento.
Quando queimado com oxigênio puro, os únicos produtos são calor e água. Quando queimado
com ar, constituído por cerca de 68% de nitrogênio, alguns óxidos de nitrogênio (NOX) são
formados. Ainda assim, a queima de hidrogênio produz menos poluentes atmosféricos que os
combustíveis fósseis.
Ele deve ser armazenado numa temperatura de –253 °C, em sistemas de armazenamento
conhecidos como “sistemas criogênicos”. Acima desta temperatura, o hidrogênio não pode ser
liquefeito, mas pode ser armazenado em forma de gás comprimido em cilindros de alta pressão.
Atualmente, a maior parte do hidrogênio produzido no mundo é utilizado como matéria-prima
na fabricação de produtos como os fertilizantes, na conversão de óleo líquido em margarina, no
processo de fabricação de plásticos e no resfriamento de geradores e motores. Agora, as pesquisas
sobre hidrogênio estão concentradas na geração de energia elétrica, térmica e de água pura através
das células a combustível!

43
-- O hidrogênio e energia:
Desde o início do século XIX, os cientistas identificaram o hidrogênio como uma fonte
potencial de combustível. Com pesquisa e desenvolvimento mais avançados, este combustível
também pode ser utilizado como uma fonte alternativa de energia para o aquecimento e iluminação
de residências, geração de eletricidade e como combustível de automóveis. Quando produzido de
fontes e tecnologias renováveis, como hidráulica, solar ou eólica, o hidrogênio torna-se um
combustível renovável.
Parece estranho dizer que um elemento tão simples possa ser uma forma de energia tão
valiosa, mas suas características como pouca massa, grande quantidade de energia e a sua utilização
junto a célula a combustível permitem uma maior vantagem sobre as fontes de combustíveis atuais.
O hidrogênio é um composto com grande capacidade de armazenar energia, e por este
motivo seu uso como fonte renovável de energia elétrica e combustível vem sendo amplamente
pesquisado. Um exemplo do potencial energético do Hidrogênio está na fonte de energia do Sol -
compõe 30% da massa solar. É com a energia do hidrogênio que o Sol aquece a Terra, favorecendo
a vida em nosso planeta.
Atualmente, as linhas de pesquisas do hidrogênio para aplicações em células a combustível
estão focadas na produção de hidrogênio por eletrólise, na reforma do etanol e do gás natural e no
armazenamento de hidrogênio em metais, denominado de hidretos.

-- A produção de hidrogênio :

O hidrogênio ligado em compostos


orgânicos e na água constitui 70% da
superfície terrestre. A quebra destas ligações
na água permite produzir hidrogênio e então
utilizá-lo como combustível. Existem muitos
processos que podem ser utilizados para
quebrar estas ligações para a produção de
hidrogênio e que estão atualmente em uso ou
sob pesquisa e desenvolvimento.
A maior parte do hidrogênio produzido
no mundo em escala industrial é pelo processo
de reforma de vapor, ou como um subproduto

44

Figura 2.10.1. Ciclo do Hidrogênio


do refino de petróleo e produção de compostos químicos. A reforma de vapor utiliza energia térmica
para separar o hidrogênio do carbono no metano ou metanol, e envolve a reação destes
combustíveis com vapor em superfícies catalíticas. O primeiro passo da reação decompõe o
combustível em água e monóxido de carbono (CO). Então, uma reação posterior transforma o
monóxido de carbono e a água em dióxido de carbono (CO 2) e hidrogênio (H2). Estas reações
ocorrem sob temperaturas de 200ºC ou maiores.
Outro modo de produzir hidrogênio é por eletrólise, onde os elementos da água, o
hidrogênio e o oxigênio, são separados pela passagem de uma corrente elétrica. A adição de um
eletrólito como um sal aumenta a condutividade da água e melhora a eficiência do processo. A carga
elétrica quebra a ligação química entre os átomos de hidrogênio e o de oxigênio e separa os
componentes atômicos, criando partículas carregadas (íons). Os íons se formam em dois pólos: o
anodo, polarizado positivamente, e o catodo, polarizado negativamente. O hidrogênio se concentra
no cátodo e o anodo atrai o oxigênio. Uma voltagem de 1,24V é necessária para separar os átomos
de oxigênio e de hidrogênio em água pura a uma temperatura de 25ºC e uma pressão de 1,03kg/cm2.
Esta tensão varia conforme a pressão ou a temperatura são alteradas. A produção de um metro
cúbico de hidrogênio requer 0,14 kWh de energia elétrica.
A eletrólise de vapor é uma variação do processo convencional de eletrólise. Uma parte da
energia necessária para decompor a água é adicionada na forma de calor ao invés de eletricidade,
tornando o processo mais eficiente que a eletrólise convencional. A 2500ºC a água se decompõe em
hidrogênio e oxigênio. Este calor pode ser fornecido por um dispositivo de concentração de energia
solar. O problema neste processo é impedir a recombinação do hidrogênio e do oxigênio sob as altas
temperaturas utilizadas no processo.
Processos fotoeletroquímicos utilizam dois tipos de sistemas eletroquímicos para produzir
hidrogênio. Um utiliza complexos metálicos hidrossolúveis como catalisadores, enquanto que o
outro utiliza superfícies semicondutoras. Este processo imita a fotossíntese.
Processos biológicos e fotobiológicos utilizam algas e bactérias para produzir hidrogênio.
Sob condições específicas, os pigmentos em certos tipos de algas absorvem energia solar. Algumas
bactérias também são capazes de produzir hidrogênio, mas diferentemente das algas necessitam de
substratos para seu crescimento. Os organismos não apenas produzem hidrogênio, mas também
podem limpar poluição ambiental. O processo pode ser repetido várias vezes. A produção de
hidrogênio por algas pode eventualmente promover um meio prático e de baixo custo para a
conversão de luz solar em hidrogênio.

-- Usos potenciais do hidrogênio e conversão de energia:

45
Os setores de transporte, industrial e residencial nos Estados Unidos têm utilizado
hidrogênio há muitos anos. No início do século XIX muitas pessoas utilizaram um combustível
denominado "gás da cidade", que era uma mistura de hidrogênio e monóxido de carbono. Muitos
países, incluindo o Brasil e a Alemanha, continuam distribuindo este combustível. Aeronaves
(dirigíveis e balões) usam hidrogênio para transporte. Atualmente, algumas indústrias utilizam
hidrogênio para refinar petróleo, e para produzir amônia e metanol. As naves espaciais utilizam
hidrogênio como combustível para seus foguetes. Com pesquisas futuras, o hidrogênio pode
fornecer eletricidade e combustível para os setores residencial, comercial, industrial e de transporte,
criando uma nova economia energética.
Quando armazenado adequadamente, o hidrogênio combustível pode ser queimado tanto no
estado gasoso quanto no líquido. Os motores de veículos e os fornos industriais podem facilmente
ser convertidos para utilizar hidrogênio como combustível.
A queima de hidrogênio é 50% mais eficiente que a da gasolina e gera menos poluição
ambiental. O hidrogênio apresenta uma maior velocidade de combustão, limites mais altos de
inflamabilidade, temperaturas de detonação mais altas, queima mais quente e necessita de menor
energia de ignição que a gasolina. Isto quer dizer que o hidrogênio queima mais rapidamente, mas
traz consigo os perigos de pré-ignição e flashback.
Apesar de o hidrogênio apresentar suas vantagens como combustível para veículos, ainda
tem um longo caminho de desenvolvimento a percorrer antes de poder ser utilizado como um
substituto para a gasolina.
As células de energia utilizam um tipo de tecnologia que usam o hidrogênio para produzir
energia útil. Nestas células, o processo de eletrólise é revertido para combinar o hidrogênio e o
oxigênio através de um processo eletroquímico, que produz eletricidade, calor e água. O Programa
Espacial dos Estados Unidos tem utilizado as células de energia para fornecer eletricidade às
cápsulas espaciais há décadas. Células de energia capazes de fornecer eletricidade para mover os
motores de automóveis e ônibus têm sido desenvolvidas. Muitas companhias estão desenvolvendo
células de energia para usinas estacionárias.
Uma célula de energia funciona como uma bateria que nunca pára de funcionar e não precisa
de recarga. Ela irá produzir eletricidade e calor sempre que um combustível (no caso, o hidrogênio)
for fornecido. Uma célula de energia consiste de dois eletrodos - um negativo (ânodo) e um positivo
(cátodo) - imersos em um eletrólito. O hidrogênio é inserido na célula pelo anodo, e o oxigênio pelo
catodo. Ativados por um catalisador, os átomos de hidrogênio separam-se em prótons e elétrons,
que tomam caminhos diferentes no cátodo. Os elétrons saem por um circuito externo, gerando
eletricidade. Os prótons migram através do eletrólito ao cátodo, onde reúnem-se com o oxigênio e

46
os elétrons para gerar água e calor. As células de energia podem ser utilizadas para mover os
motores de veículos ou para fornecer eletricidade e calor às edificações.
O hidrogênio pode ser considerado como uma forma de armazenar energia produzida de
fontes renováveis como a solar, eólica, hídrica, geotérmica o biológica. Por exemplo, quando o sol
estiver se pondo, sistemas fotovoltaicos podem fornecer a eletricidade necessária para produzir o
hidrogênio por eletrólise. O hidrogênio pode então ser estocado e queimado como um combustível,
ou para operar uma célula de energia para gerar eletricidade à noite ou sob tempo nebuloso.
Para utilização do hidrogênio como fonte de energia é necessário o seu uso junto a uma
célula de combustível. O hidrogênio é fornecido à célula e então é dividido numa carga positiva e
outra negativa. A carga negativa atravessa um circuito “gerando energia” e quando chega ao fim do
percurso encontra novamente a carga positiva, combinando-se ao fim com o oxigênio, formando
água.
Os tipos mais importantes de células a combustível são:
PEMFC – Membrana de Troca de Prótons, “Proton Exchange Membrane Fuel Cell”- Essa
tecnologia tem se mostrado muito interessante para o uso em automóveis, aparelhos portáteis e
residências. Seu funcionamento se encontra na faixa 60 ºC a 140 ºC de temperatura sendo assim
considerada como de funcionamento em baixa temperatura. Isto permite que a célula ligue mais
rápido que as outras concorrentes. A eficiência em gerar eletricidade através desta tecnologia varia
entre 35% a 55%.

DMFC – Célula a Combustível de Metanol Direto, “Direct Methanol Fuel Cell” - Esta
tecnologia é bastante similar a PEMFC tendo como principal diferença o uso direto de metanol
(álcool extraído a partir da madeira ou do milho). O metanol é diluído em água e armazenado em
cartuchos. A eficiência em gerar energia elétrica fica entre 40% e 50%.

PAFC – Célula a Combustível e Ácido Fosfórico, “Phosphoric Acid Fuel Cell"- Esta é a
tecnologia mais avançada comercialmente. Está presente no Brasil, nas cidades de Curitiba e Rio de
Janeiro. Esta tecnologia funciona a baixa temperatura, por isso pode tolerar combustíveis com
impurezas como metanol e biogás. Entretanto para isso ela precisa de um filtro para limpar o
combustível e um aparelho interno para extrair o hidrogênio desses combustíveis. A eficiência desta
tecnologia, esta entre 35% e 47%.

SOFC – Célula a Combustível de Óxido Sólido, “Solid Oxide Fuel Cell” - Essa tecnologia
permite a geração de grande quantidade de energia. Por isso tem se mostrado atraente para o uso em

47
residências, indústrias e outros locais com grande necessidade de energia. A tecnologia SOFC é uma
tecnologia de alta temperatura, pois opera entre 600°C e 1000°C. Isso traz como vantagem o uso
peças mais baratas no interior da célula permite o uso de outros combustíveis diretamente na célula.
A eficiência para produção de energia elétrica varia entre 50% e 60%. Se o calor for aproveitado, a
eficiência total de energia (energia elétrica mais energia térmica) pode ser de até 75% a 85%.

MCFC – Células a Combustível de Carbonato Fundido, “Molten Carbonate Fuel Cell” - Essa
tecnologia é promissora no que diz respeito a geração de energia em grandes quantidades. Funciona
em altas temperaturas permitindo assim o uso de componentes mais baratos, aceita outros
combustíveis diretamente na célula como biogás e etanol. A eficiência desta tecnologia para
produzir energia elétrica fica entre 50 e 60%. Quando o calor é aproveitado, seja para aquecimento
ou para a produção de mais energia elétrica através de uma turbina a vapor, pode-se aumentar a
eficiência total para 85%.

AFC – Célula a Combustível Alcalina, “Alkaline Fuel Cell” - Esta é a tecnologia que vem sendo
utilizada por muitos anos para aplicações espaciais da NASA. Ela foi desenvolvida pelo britânico
Francis Bacon em 1930 (experiência de William Grove, precursor das células a combustível). Esta
célula trabalha em alta temperatura de operação que fica entre 50°C e 250°C o que traz como
vantagem o uso de componentes mais baratos. Elas apresentam uma excelente eficiência elétrica,
entre 45% e 60%.

DEFC – Célula a Combustível de Etanol Direto, “Direct Ethanol Fuel Cell” - Esse tipo de
célula funciona a base de etanol (álcool da cana de açucar). Esta ainda em fase de desenvolvimento,
não sendo até agora viável. Entretanto, o Brasil apresenta um grande potencial para manter essa
tecnologia já que por aqui a grande maioria dos postos de combustível vendem etanol

-- O futuro do hidrogênio:
O H2 é promissor, mas não resolve o problema de uma fonte "real" de energia. E essa é só
metade da história, porque ainda há a questão de como armazenar e transportar essa substância de
forma segura. O H2 é um gás que só pode ser liquefeito a temperaturas baixas e pressões
relativamente altas, além de ser facilmente inflamável.

ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS


É o elemento mais abundante do universo. Tecnologia mais cara.

48
Em um modelo de extração de hidrogênio há
O Hidrogênio não é tóxico. dependência de hidrocarbonetos, petróleo e
seus derivados, produtos tóxicos.
Redução da emissão de gases causadores Ainda não uma célula a hidrogênio que alie
do efeito estufa, como o CO2 e o CH4. preço e eficiência.
Redução da poluição sonora, pois as A necessidade da utilização de metais nobres
células a hidrogênio operam como, por exemplo, a platina que é um metal
silenciosamente. caro e raro.
Redução da emissão de partículas na Os problemas e os custos associados ao
atmosfera, como fumaça e fuligem. transporte e distribuição.
Crescimento econômico, desenvolvimento
e criação de empregos em diversas áreas.

1.4. A estocagem de hidrogênio: um problema ainda não resolvido

Para se utilizar o hidrogênio em larga escala de maneira segura, sistemas práticos de


estocagem devem ser desenvolvidos, especialmente para os automóveis. Apesar de o hidrogênio
poder ser estocado no estado líquido, este é um processo difícil porque deve ser resfriado a -253ºC.
A refrigeração do hidrogênio a esta temperatura utiliza o equivalente a 25 ou 30% de sua energia
total, e requer materiais e manipulação especiais. Para resfriar aproximadamente 0,5kg de
hidrogênio são necessários 5kWh de energia elétrica.
O hidrogênio também pode ser armazenado como gás, que utiliza muito menos energia que
aquela necessária para fazer hidrogênio líquido. Sendo estocado no estado gasoso, deve ser
pressurizado para se estocar uma quantidade razoável. Para utilização em larga escala, o gás
pressurizado pode ser estocado em cavernas ou minas. O gás hidrogênio pode então ser encanado e
levado às residências da mesma maneira que o gás natural. Apesar desta técnica de estocagem ser
útil para a utilização do hidrogênio como combustível de aquecimento, não o é para utilização em
veículos porque os tanques de metal pressurizados necessários para estocar o hidrogênio são muito
caros.
Um método de estocagem de hidrogênio potencialmente mais eficiente é na forma de
hidretos. Os hidretos são compostos químicos formados por hidrogênio e um metal. As pesquisas
atuais estão focando o hidreto de magnésio. Certas ligas metálicas como as de magnésio-níquel,
magnésio-cobre e ferro-titânio, absorvem hidrogênio e o liberam quando aquecidos. Os hidretos,

49
entretanto, estocam pouca energia por unidade de massa. As pesquisas atualmente procuram um
composto que seja capaz de armazenar uma grande quantidade de hidrogênio com uma elevada
densidade energética, liberar o hidrogênio como combustível, reagir rapidamente e possuir um custo
acessível.

1.7. O custo do hidrogênio

Atualmente, a maneira economicamente mais viável para se produzir hidrogênio é pela


reforma de vapor. De acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos, em 1995 o custo
estava em US$7,39 por milhão de BTU (US$7,00 por gigajoule) em plantas de grande escala. Este
cálculo assume o custo do gás natural de US$2,43 por milhão de BTU (US$2,30 por gigajoule). Isto
equivalente a US$0,93 por galão ($0,24 por litro) de gasolina. A produção de hidrogênio por
eletrólise utilizando hidroeletricidade, considerando taxas de horários de baixo consumo, custa entre
US$10,55 e US$21,10 por milhão de BTU (US$10,00 a US$20,00 por gigajoule).

-- Situação nacional: brasil e energia do hidrogênio

O Brasil, apesar de estar começando a desenvolver a tecnologia de célula a combustível num


número maior de atividades públicas e privadas, já tem uma experiência considerável na tecnologia
do hidrogênio; embora ainda seja insignificante em termos quantitativos. A maior parte dos estudos
direcionados para o setor petrolífero e atividades de indústrias químicas envolvem a produção de
peróxido de hidrogênio, por exemplo.
A partir de 1999, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) passou a avaliar a reforma de
etanol para produção de hidrogênio e atender a um mercado potencial no Brasil e América Latina.
Este interesse estratégico do MCT estimulou programas de pesquisa conjunta e de cooperação
internacional como a estabelecida entre o Centro Brasileiro de Referência em BioCombustíveis
(CERBIO) e a DDB Fuel Cell Engines GmbH.
Entre alguns dos objetivos do programa brasileiro de CaC está a ampliação da produção e uso de
hidrogênio como vetor energético. O programa contempla a implementação de redes de pesquisa e
desenvolvimento como a Rede de Células a Combustível e Eletroquímica onde são previstos
investimentos em sistemas de célula a combustível de Óxido Sólido (SOFC) e Eletrólito Polimérico
(PEMFC) com uso de hidrogênio ou etanol direto.
Em 2002, foi criado no país o ProCac (Programa Células a Combustível), vinculado ao
Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), com recursos de fundos setoriais. Após reformulações,

50
em 2005, a rede mudou para Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Economia do
Hidrogênio.
Uma equipe de pesquisadores coordenado pelo Dr. Anthanasios Konstandopoulos desenvolveu um
reator capaz de produzir hidrogênio a partir da água utilizando apenas a energia solar. Esse reator
possui 70% de eficiência.
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da USP, atua na área desde 2000.
Em 2007, o instituto inaugurou o Programa de Células a Combustível e Hidrogênio (Procel), com o
objetivo de gerar conhecimento e tecnologia na área. O programa prevê que ele venha de fontes
renováveis, garantindo sustentabilidade.
Segundo dados do “Roteiro para a estruturação da economia do hidrogênio no Brasil”, coordenado
pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com integração técnica do Ministério de Ciência e
Tecnologia (MCT), em 2010 o Brasil deve iniciar a geração comercial de hidrogênio a partir da
reforma de gás natural e em 2020, do etanol. É provável que em 2030 o hidrogênio tenha boa
participação na matriz energética do país. A intenção agora é gerar fontes de conhecimento, fazer
patentes e não apenas importar modelos prontos.

1.8. A pesquisa em hidrogênio

Reconhecendo o potencial do hidrogênio combustível, o Departamento de Energia dos


Estados Unidos e organizações privadas fundaram programas de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D) por muitos anos. O Governo Federal americano aloca em média 18 milhões de dólares por
ano na pesquisa de hidrogênio combustível. Os trabalhos atuais nos Estados Unidos incluem
pesquisas no Laboratório Nacional de Energia Renovável, na Universidade A & M, Texas, no
Laboratório Nacional de Brookhaven, e no Instituto de Energia Neutra Hawaii.
O Centro de Energia Solar na Flórida conduz pesquisas em hidrogênio pelo Programa de
Energia Renovável, com objetivos de longo prazo sob a orientação do Departamento de Energia dos
Estados Unidos para o desenvolvimento de um reator para fotoeletricamente decompor a água em
hidrogênio e oxigênio e para sintetizar quimicamente uma membrana eletrolítica para eletrólise sob
altas temperaturas. Outra pesquisa do Departamento de Energia é o desenvolvimento de um
processo para reformar o gás natural ao hidrogênio para produção on-site de blendas de hidrogênio-
metano que sejam aplicáveis a automóveis.
Para que se possa utilizar hidrogênio em larga escala, os pesquisadores devem desenvolver meios
mais práticos e econômicos para estocar e produzir o hidrogênio.Rumo à economia e
sustentabilidade do hidrogênio

51
-- Evolução histórica dos veículos com célula a combustível
Um dos primeiros veículos a célula a combustível apareceu em 1967, quando a GM
modificou uma van Corvair 1966 para o uso destas células. Desde então, essa tecnologia vem sendo
aprimorada de forma a obter melhores desempenhos dos veículos e também uma redução
significativa dos seus custos, que nos dias atuais ainda não são competitivos quando comparados
aos custos dos veículos tradicionais.
O gráfico abaixo mostra o crescimento anual do número de veículos com célula a
combustível durante o período de 1967 a 2001. Através deste gráfico é fácil notar que a partir de
1996, 4 anos após a Conferência Rio 92, o interesse por esta tecnologia, considerada limpa,
aumenta significativamente.
Se as questões ambientais relacionadas às emissões veiculares nos grandes centros urbanos
podem ser apontadas como as principais motivações para o surgimento destes veículos, recentes

avanços tecnológicos nas áreas de células a combustível, armazenamento de hidrogênio em


cilindros ultrapressurizados e reformadores “on board” também contribuíram sobre maneira para o
interesse nesta tecnologia.
Honda é a primeira fabricante de automóveis a ter um veículo com célula a combustível
certificado pelo governo dos Estados Unidos. O modelo Honda FCX recebeu da Environment
Protection Agecy (EPA) e da California Air Resources Board (CARB) a classificação de Veículo de
Emissão Zero (ZEV) e de Veículo Nacional de Baixa Emissão (NLEV) respectivamente.
O veículo também atende a todos os padrões e normas de segurança e proteção em vigor nos
Estados Unidos, e por isso é considerado um marco para a indústria automobilística e para o
desenvolvimento da tecnologia de células a combustível.
O Honda FCX possui uma célula de eletrólito polimérico
com potência de 78kW e é alimentada pelo hidrogênio
armazenado em um tanque com capacidade para 156,6

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Figura 2.10.2 Carro movido a Hidrogênio
litros a uma pressão de 5.000 PSI. Segundo a Honda a autonomia do veículo chega a 355 km e sua
velocidade máxima pode atingir 150 km/h.

-- Perspectivas futuras
Em uma década, em vez de uma bateria de níquel-cádmio, celulares e laptops usarão
hidrogênio (H2) como fonte de energia.
A abundância do elemento na Terra e a água como produto da reação química em células de
combustível o colocam como a melhor opção para o futuro.
A contaminação do solo e da água por metais pesados é o grande problema com as baterias
atuais. Marco Fraga, chefe do Laboratório de Catálise do Instituto Nacional de Tecnologia (INT),
explica que sua substituição em aparelhos portáteis reduz os riscos ambientais.
- O grande motivador do uso de H2 é a preocupação com o meio ambiente - aponta Fraga.
Em esforço integrado, o INT, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e o Centro de
Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) estudam formas de produzir H2. Em 2008, as instituições
concluirão a construção de um protótipo capaz de fazê-lo a partir de etanol.
O H2 purificado no sistema alimentará uma célula a combustível capaz de gerar 5 kilowatts (kW)
de energia, suficiente para abastecer uma casa de classe média.
- A tecnologia será útil onde a rede elétrica não chega - observa Marcelo Linardi,
coordenador do Programa de Célula a Combustível e Hidrogênio do Ipen. - Compraremos
combustível em vez de eletricidade para produzir energia no local.
Uma célula a combustível funciona similar à pilha, mas não polui. Um dos cinco tipos existentes é
aconselhado para gerar energia em residências.
- As vantagens são o baixo custo e a durabilidade - diz Gerhard Ett, diretor da Electrocell.
Linardi justifica a opção pela criação de um sistema para casas e não para automóveis. Para
o pesquisador, os recursos do governo têm de ser usados com responsabilidade em áreas ainda
pouco exploradas para o uso de energia de hidrogênio.
- A indústria automobilística já investe pesado em pesquisas de hidrogênio em veículos.
O estudo gerou 10 patentes entre processos e materiais

53
3. Conclusões
Com a flutuação dos preços internacionais do petróleo devido ao lobby promovido pelas
grandes nações produtoras e, não menos importante, pela consciência de que os combustíveis
fósseis são limitados e não-renováveis, as pesquisas em combustíveis e fontes de energia
alternativos vêm crescendo em ritmo acelerado mundo afora. A dependência dos combustíveis
fósseis para geração de energia conduziu o mundo a uma encruzilhada de poluição e conflito. A
adoção de novas fontes de energia é uma alternativa para solucionar os problemas sócio-ambientais
causados pelo petróleo.
Em 2009, o total de energia consumida no Brasil atingiu 243,9 milhões de toneladas
equivalentes de petróleo, significando uma redução de 3,4% em relação a 2008. Nisso, houve um
aumento na proporção de energia renovável utilizada atingindo 47,3%.
Por enquanto, qualquer processo de conversão de energia, hoje utilizado, possui perdas e,
assim, produz algum impacto no meio ambiente.
As energias renováveis são provenientes de ciclos naturais de conversão da radiação solar, que
é a fonte primária de quase toda energia disponível na terra. Por isso, são praticamente inesgotáveis
e não alteram o balanço térmico do planeta. As formas ou manifestações mais conhecidas são: a
energia solar, a energia eólica, a biomassa e a hidroenergia, dentre outras.
Nos últimos anos, o grande crescimento na capacidade instalada e, conseqüentemente, na
produção de energia hidrelétrica, resultou da tradição brasileira de investir nesse tipo de
empreendimento, que por sua vez é fruto da opção que o país fez, no início do século XX, de usar
essa fonte primária para gerar eletricidade, devido à escassez de reservas carboníferas de boa
qualidade.
Essa opção foi reforçada nos governos de Getúlio Vargas, pela política expansionista para o
setor elétrico, tendo continuidade com Juscelino Kubitschek e forte impulso durante o regime
militar, com a construção de grandes usinas hidrelétricas, como Itaipu e Tucuruí.
A respeito da idéia de que a hidroeletricidade continuará a ser importante na expansão do setor

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elétrico brasileiro, a adição de grandes centrais geradoras, tal como nas últimas três décadas, pode
ter chegado ao seu limite, uma vez que os maiores aproveitamentos já teriam sido realizados.
Ademais, os maiores potenciais remanescentes estão em regiões com fortes restrições ambientais e
distantes dos grandes centros consumidores e, assim, apresentam altos custos de implantação e de
ações mitigatórias dos impactos ambientais negativos. Além disso, enfrentam forte resistência por
parte de atores do meio ambiente, o que tem reduzido não só o ritmo de adição, mas também a
participação dessa fonte na matriz elétrica nacional.
Muitos ainda não despertaram para a mudança em curso no setor elétrico brasileiro, e que
deve ser questionada se é compatível com o modelo de desenvolvimento sustentável. A produção de
energia elétrica, especificamente, em 2005 situou-se ao redor de 90% de origem hidráulica, porém
não se pode precisar até quando essa participação se manterá.
A marcante presença das fontes renováveis na matriz brasileira deve-se aos produtos da cana-
de-açúcar – usados pelas indústrias de alimentos e bebidas e de papel e celulose para obter energia
–, à lenha – ainda usada no consumo residencial, nas indústrias de alimentos e bebidas, de cerâmica
e de papel e celulose e no setor agropecuário –, e à energia hidráulica na geração de eletricidade.
Apesar de os derivados de petróleo, no Brasil, terem uma participação tão grande quanto na
esfera mundial, eles vêm perdendo espaço, principalmente, para o gás natural e os combustíveis
renováveis e resíduos.
É na produção de eletricidade que o Brasil mais se destaca ante o quadro mundial. Enquanto o
mundo gerou, em 2004, dois terços da eletricidade com combustíveis fósseis, o Brasil, no mesmo
ano, gerou 87,2% de sua energia elétrica com hidrelétricas.
Diferentemente do contexto mundial, em que a participação da energia termonuclear na
produção de eletricidade cresceu de 3,3%, em 1973, para 15,7%, em 2004; no Brasil, esse tipo de
fonte manteve sua participação na média de 3,3% de 2000 a 2004. Contrariando a vocação do país
para a energia elétrica renovável, o crescimento da termeletricidade acentuou-se com a edição do
PPT, em 2000, em especial a gás natural. Assim, observa-se que o Brasil tem um grande potencial
para desenvolver e explorar novas fontes alternativas de energia; porém o país não usa de toda essa
sua variedade de forma eficaz.
O aumento da participação de combustíveis fósseis é ainda maior quando se leva em conta que
nos sistemas elétricos isolados, em 2004 e 2005, mais de 70% da eletricidade foi gerada por
termelétricas a derivados de petróleo, que vêm sendo instaladas a uma razão maior do que são
substituída por fontes renováveis.
O quadro energético se mantêm desta maneira principalmente por fatores contrários aos
aproveitamentos das energias renováveis, como:

55
- esgotamento dos grandes aproveitamentos hidráulicos, econômica e ambientalmente viáveis;
- aumento da resistência à implantação de usinas hidrelétricas, por parte de grupos da
sociedade, que tem resultado na suspensão de projetos e embargo de obras; e aumento do nível de
detalhamento e do número de revisões exigidos para os Estudos de Impacto Ambiental (EIA), bem
como medidas adicionais de mitigação ou compensação de impactos ambientais, que levam ao
alongamento dos cronogramas de obra e ao aumento de custos.
- o lobby dos investidores dessas fontes renováveis alternativas não é forte como aquele das
fontes tradicionais e, menos ainda, o da indústria do petróleo, que por vezes age, de forma indireta,
em prejuízo da sua introdução.
De qualquer modo, é esperado que a matriz energética brasileira continue a se diversificar,
utilizando combustíveis “tradicionais” – como o gás natural, o carvão e a energia nuclear – e, ao
mesmo tempo, incorpore outras fontes como a solar, a eólica,a das marés e ondas, investindo
também na obtenção de energia da biomassa, em especial o etanol e biodiesel
Ao contrário dos combustíveis não-renováveis (como os de origem fóssil, por exemplo), as
fontes de energias renováveis, no geral, causam um pequeno impacto (poluição, desmatamento) ao
meio ambiente. Portanto, são excelentes alternativas ao sistema energético tradicional,
principalmente numa situação de luta contra a poluição atmosférica e o aquecimento global.
A utilização das energias renováveis em substituição aos combustíveis fósseis é uma direção
viável e vantajosa. Pois, além de serem praticamente inesgotáveis, as energias renováveis podem
apresentar impacto ambiental muito baixo ou quase nulo, sem afetar o balanço térmico ou
composição atmosférica do planeta.
Muitos ainda vêem a geração de energia por fontes renováveis como uma iniciativa isolada,
incapaz de atender à grande demanda de um país continental. A utilização de energias alternativas
não pressupõe o abandono imediato dos recursos tradicionais, mas sua capacidade não deve ser
subestimada.
A diversidade geográfica dos recursos é também significativa. Alguns países e regiões são
significativamente melhores do que outros recursos, nomeadamente no setor das energias
renováveis. Alguns países têm recursos significativos perto dos principais centros de habitação em
que a procura de eletricidade é importante. A utilização desses recursos em grande escala requer, no
entanto, investimentos consideráveis no tratamento e redes de distribuição, bem como na casa de
produção. Além disso, diferentes países têm diferentes potencialidades energéticas, este fator deve
ser tido em conta no desenvolvimento das tecnologias a por em prática.

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4. Referências
CRESESB. Energia Solar Princípios e Aplicações. Centro de Referências para Energia
Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito.
CRUZ, João M. B. P. Energia das Ondas. Instituto do Ambiente Alfragide, 2004.
CUNHA, Rogério Grassetto Teixeira. A Energia Solar. Correio da Cidadania. 17 de abril de
2007.
INATOMI, Thais Aya Hassan & UDAETA, Miguel Edgar Morales. Análise dos Impactos
Ambientais na Produção de Energia dentro do Planejamento Integrado de Recursos.
Departamento de Engenharia de Construção Civil e Urbana – Escola Politécnica – Universidade de
São Paulo.
ROBYNS, Benoit. As Fontes de Energia Renováveis. e-Learning tools for Electrical
Engineering.
SILVA, Ewerton Rocha de Paula & PÉTRIS, Gustavo Cunha. Tutorial sobre Energias
Alternativas. Niterói-RJ. Dezembro/2007

Sites:
Energia Eólica. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06-
Energia_Eolica(3).pdf Acessado em: 29/06/2010.

Energias Alternatovas. Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Disponível em :


www..aneel.gov.br. Acessado em 30/06/2010.

Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Disponível em: www.inb.com.br. Acessado em 30/06/2010.


http://www.fcmc.es.gov.br/download/energia_geotermica.pdf
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/energia-geotermica/energia-geotermica.php
http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo2B/Hidraulica/energia_recurso.htm
https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioFinal2009.aspx
Agencia nacional do petróleo – http;//www.anp.gov.br/
Sociedade Brasileira de Planejamento Energético http://www.sbpe.org.br/
Agencia nacional de enrgia elétrica Aneel – http://www.aneel.gov.br/15.htm

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