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Introdução
1. Aspectos Gerais
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universal (art. 1.667); participação final nos aquestos (art. 1.672); separação de
bens (art. 1.687). Sendo assim, os cônjuges têm a possibilidade de escolher
um desses regimes antes do casamento, tudo através do "pacto antenupcial".
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Comunhão Universal - previsto no art. 1.667 do CC/02, é um regime
convencional que deve ser estipulado em pacto antenupcial, estabelecendo a
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges. São
excluídas as hipóteses elencadas nos incisos do art. 1.668 do diploma legal ora
citado.
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elemento nuclear tem como objetivo proporcionar aos nubentes a liberdade de
estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver antes do matrimônio, ou
seja, regulamentar os interesses econômicos decorrentes do ato nupcial,
conforme bem determina o art. 1.639 do CC/02. No entanto, esse princípio não
é absoluto, pois como condição de prevalência desse, não pode haver
convenção ou cláusula contrária à lei, sob pena de nulidade do pacto nupcial e,
consequentemente, a aplicação do regime legal de separação de bens; os
princípios de ordem pública, os fins e a natureza do matrimônio devem ser
respeitados. Sobre tal idéia, estabelece o art. 1.655 do novo diploma legal que
é nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta da
lei, o que, expressamente, acaba por relativizar a livre estipulação.
Vale dizer que, além desses quatro regimes legais, há a possibilidade de
os nubentes inovarem nesse sentido, melhor dizendo, podem preferir um
regime misto, o qual é oriundo da combinação desses, ou, até mesmo, eleger
um regime distinto exclusivo, não deixando de observar a lei. Em relação a
essa questão, diz João Andrades Carvalho:
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2.3. Princípio da Indivisibilidade
Porém com o Código Civil de 2002, tal princípio que tem como primordial
função, evitar que um dos cônjuges abuse de sua ascendência para obter
alterações em seu beneficio, resguardando também os bens de terceiros
interessados que ficam protegidos contra mudanças nos regimes de bens,
deixou de ser absoluto, segundo o art. 1.639, § 2°, ou seja, que admite a
mutabilidade de regime de bens no curso do matrimônio, temática que será
abordada a seguir.
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2.4.1 A mutabilidade do Regime de Bens no Curso do Casamento
a) autorização judicial;
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I. a escolha inicial pelos nubentes na ocasião da habilitação para o casamento
é extrajudicial (de lege ferenda) e não tem de ser motivada. O pedido de
alteração poderia ser procedido mediante procedimento extrajudicial, através
de escritura pública, ao modo do pacto antenupcial, no Juízo competente para
conhecer dos Registros Públicos, sendo homologado pelo Juiz, que
determinaria sua averbação no Livro competente, para garantir a eficácia de
todos os atos e obrigações assumidas anteriormente por um ou ambos os
cônjuges, observando a ressalva de direito de terceiros.
II. ao Estado não deve competir, também, a análise e o conhecimento dos fatos
que motivam o casal alterar o regime de bens que rege a comunhão de suas
vidas. Isso é assunto íntimo, privado e diz respeito apenas a vida daquela
família.
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Por razões de ordem constitucional (Princípio da Isonomia), também deverá se
permitir alteração do regime de bens no curso da união estável, que deverá ser
procedido através de contrato escrito.
Por outro lado, acreditam a maioria dos juristas que satisfeita qualquer das
condições enumeradas nas causas suspensivas, não há como se obrigar,
legalmente, que os cônjuges permaneçam casados sob o regime de separação
legal de bens, se entenderem pela mudança.
Dessa forma seria licita a alteração de regime patrimonial de bens para aqueles
que se casaram com infração às causas suspensivas, desde que satisfeita,
posteriormente, a condição legalmente imposta.
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Portanto, as pessoas que se casaram por força de suprimento judicial (seja de
idade ou de consentimento), uma vez alcançada a idade núbil ou a maioridade
civil, entende-se que não há razão legal para impedir aos cônjuges a referida
alteração do regime de bens que fora imposto pela regra dos artigos 1.523 e
1.641 do CC/02.
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Portanto, em verdade, o regime patrimonial de bens que rege a vida daqueles
cônjuges é o de comunhão parcial de bens.
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No regime de comunhão parcial dos bens, o CC/02 é expresso em
relação aos quais bens participam no caso de dívidas; basicamente, pode-se
dizer que apenas o patrimônio comum é administrado por ambos os cônjuges e
o qual sempre responde pela divida contraída em beneficio da unidade familiar,
1.664 do CC. Ainda, nesse sentido, afirma Venosa que na comunhão parcial
existem três massas de bens: a do marido, a da mulher e a de ambos, sendo
que o ordenamento protege ao máximo o patrimônio de cada um. Diz o art.
1.658 do CC que nesse pacto comunicam-se os bens que sobrevierem ao
casal na constância do casamento, excluindo-se aqui o rol previsto no art.
1.659 do mesmo diploma legal ora citado. No que diz respeito à administração,
prevê o dispositivo 1.663 que compete a qualquer dos cônjuges a
administração dos bens comuns, sendo que esses juntamente com os bens
particulares do administrador responderão pelas dividas contraídas nessa
administração; porém se o outro cônjuge tiver obtido algum proveito nessa
dívida, os bens particulares desse responderão também, conforme
estabelecido no § 1° do último dispositivo citado. Já o § 2° do art. 1.663 veda a
omissão da outorga conjugal nos casos de cessão do uso ou gozo dos bens
comuns a título gratuito, sob pena de anulação do negócio. Além disso, como
forma de proteção patrimonial da sociedade conjugal, prevê o § 3° desse
mesmo artigo que o juiz poderá atribuir a administração apenas a um dos
cônjuges quando essa estiver sendo realizada de má forma pelo outro. Vale
ressaltar que os bens comuns não respondem no caso de divida ser contraída
no caso de administração dos bens particulares – 1.666 CC/02.
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de todos os bens, móveis ou imóveis, cabendo a cada um deles a metade.
Percebe-se haver uma confusão entre os bens dos cônjuges, sendo que em
caso de dividas contraídas por qualquer um desses todo o patrimônio
responderá por essa, ressalvadas as exceções legais. Destaca-se, porém, o
art. 1671 que, expressamente, estabelece que, ao ser extinta a comunhão e
ser realizada a divisão de todo o patrimônio, cessa a responsabilidade de cada
um dos cônjuges em relação ao credor do outro, uma vez cada uma já estar
em posse da metade que era de direito.
4. Atos que não podem ser praticados sem a anuência do outro cônjuge e
suprimento judicial
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O inciso I aduz que não pode um dos cônjuges sem estar devidamente
autorizado pelo outro, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis. O
objetivo de tal exigência legal é assegurar os bens denominados de raiz, tendo
em vista serem estes a segurança da família e a garantia futura dos filhos.
Atenta-se que a expressão alienar compreende a venda, adoção, dação em
pagamento, doação e outras formas que possam ser inseridas neste contexto.
Observa-se que não há ausência de incapacidade, apenas de legitimidade,
pois estando esta suprida, os atos tornam-se legais e deste modo sofrem as
respectivas conseqüências.
Ademais, enquadra-se a mesma exigência à constituição de hipoteca e
ao pacto feito de forma irretratável e irrevogável da promessa de compra e
venda, tendo em vista que o promitente comprador, amparado pela legislação,
poderá requer judicialmente do promitente vendedor, no caso um dos cônjuges,
a adjudicação compulsória do bem, conforme elencado no art. 1.418 do Código
Civil de 2002.
Pleitear, como autor ou réu, acerca destes bens ou direitos também é
defeso ao consorte sem autorização, conforme art. 1.647, II do CC. Visto que,
caso seja prolatada sentença que o condene a perda do bem imóvel discutido
em juízo, o outro cônjuge tem o direito de manifestar-se durante a tramitação
deste litígio, com o objetivo de defender-se e reivindicar o que lhe parece justo.
Concepção ratificada pelo art. 10 do Código de Processo Civil ao mencionar
que: “o cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor
ações que versem sobre direitos reais imobiliários”.
Outra situação inserida ao rol do art. 1.647, III do CC é a prestação de
fiança ou aval. A introdução desta segunda hipótese foi uma inovação do
Código Civil de 2002, a fiança como já sabido é um meio de obstaculizar o
envolvimento dos bens do casal em favor de negócios de terceiros, e caso seja
prestada sem outorga uxória implicará a ineficácia total da garantia de acordo
com a Súmula 332 STJ.
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atendendo ao prazo do art. 1.048 CPC. Concepção afirmada pela Súmula 134
STJ a qual dispõem: “embora intimada da penhora em imóvel do casal, o
cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua
meação”. Além disso, deve-se atentar àquela máxima de que solidariedade não
se presume, para isso estão codificadas no Código Civil as hipóteses em que
não se faz necessária à apresentação de autorização (art. 1.643, I, II e art.
1.644 CC).
Por fim, dita o inciso IV que não é possível fazer doação quando esta
não for remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação. Independente da quantia desta doação, deve-se aceitar um valor
pelos bens móveis, sendo dever apenas moral, podendo ocorrer sem anuência
do outro cônjuge. O propósito do parágrafo único é fazer perdurar aos filhos,
mesmo que estes constituam família ou que se estabeleçam por conta própria.
Se descumprido tal conteúdo do artigo em questão, é garantido pelo art. 1.642,
IV CC àquele consorte prejudicado demandar em juízo a rescisão do contrato
de doação.
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demandar em desfavor do cônjuge, ou herdeiro se for o caso. Importante
salientar que ação de regresso alcançará os bens particulares do cônjuge
culpado ou de sua meação, caso ultrapasse o limite desta e seja provado pelo
mesmo que o ato beneficiou o casal abarcará também a parte do outro
consorte.
Esta posto!
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito civil brasileira: direito de família. V.5
– 18.ed. aum. e atual. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 144-172
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