Sunteți pe pagina 1din 4
22 “Sem Memoria, Sem Desejo e Sem Ansia de Compreensdo” Batre todas as conrtibuigies de Bion, tal vyez a recomendacéo técnica do “Sem memo: tia...” tena sido a mais diseutiea e discutivel no establishment psicanalitien Dite assim, de forma solta, ¢ tomada 20 pé da letra, essa formulagio de que o psicana: lista deve estar na sessio em um estadede"sem meméria ¢ sem desejo” pode provoear nos ‘menes informados peplexidade, confusio © discorgao do seu verdadeiro significado, além do risco de vir a ser alvo de comentitios joxo $08 (recordo um sandaso professor de psica nalise que costumava “brincay”, dizendo que “sea recomendagdoé nio ter maména edese jo, entiog analisia ideal é wm volko img te eesclerosado”) No entanto, uma considernao sésia € mais abstrativa dessa conce!tuagiy permite Yetificar 6 quanto ela & importante na prétea analitica, a comecar pelo fato de que, mas do ‘que uma propesta de modifieagao na téenica, creo que Bion queria postular uma mudanca na acitude futerne: dp analista, com uma cata privagio dos orgies dos sentides que postibi Titasse win méxinno de intui, Como vents, esa propasicie de Bionests inteiramente fundementadaem Feud, partiew larmente nos seguintesaspectos intinseecaxenie ligados entre sia recemendagio de que “0 ana. lista deveria eegarse artificiaimente, pasa por der wor melltor esses lugeres obscwros" (ereelic ounacartaque,em 1915, lireud eseroveu pare Low Andreas Salomé’) e regea técnica que re comends enfaticamente um estado de“aceneac Autuante” por parte do analista. Alias, Biot (1992a, p. 16} admitin que “aencio Turnan te’, tal como Froud a descreveu, "é a melhor expressiio que conhiego”. Creio que cabe acres centar que a mesma recomendacdo vale pare lunta necessitia tearizagéo fluc o respaldo de: nossos conheciens nna deve fcar na figura de frente na mx analista, mas € dil ewe ccape o seu lugar ne pano de fande. Nao chstante, Bion promoven © deven volvinienito dessa importante coneeitualizacae analitica mediantea eriagao de outwos evvrcla ‘Giwechivcampletaé 0 eegtinte:” lasenisasque Woo pe entend, mes sempresida ven valor Is se ce fom pate, qe, quando eston tratando de era es sunita. no r1pmiento em que eke a algo que me< nile obsewro, tealvo que ine cegay natficalnene Daa pernitc que um penetranterabsce ebsrvrila Ae shimine © pout abecre" tos vértites de observagiio, Vamos passar a pa- Javra ao proprio Bion (p, 74) Deseartesedesua meménia. descarte ter par Future do sex desejo; esquega-se de ait Ira. seya aquilo que voce sabis ou aquile que vvocéquer para deisarespacopinimanova idéie. Pose ser que un persamento, uma idéie niio reivindicada, esteam durnand pea sala procuratela por ais luz Ente ras, podeser cre haja sma que seja sua, que patcce brotar de sen mterorsou una de fora de vo0#, ou seja do paciente, Em um outro becho (p, 108), Bion pros segue Quando nao foros analisedos, ov quan. Go estamos cansados. aparece o perige da ntrodugio de memona ¢ desejes. Quanto ruis uuna pessoa ficer ooupasa com aca Toqne ela quer que azontega e com aquilo queacentecen, ou aquile que ea sabe se- bre o paciente ou sobre psicanilise, me- nos espage sobra pare a incerteza. Se ex me tomer mais © mat dagmétieo, com rials e mais certeza que 9 paciente, na sie uma sesso, me disse sto, aquilo ououtra cois, sei qc vouacalar fieando cansado. (Quandoestamos eansados, as edifidl ser prises. ‘Wis afirmativas de Bion ja estavam con Substanicindas no seu trabalho “Notas sobre 9 Meméria eo Desejo” (1967, p. 679), em que enfatiza. a moméria sempre € e2uivocn como regis toe fatos, porquanta ela esta distereida pela anfiuéneis doe foreas ineoneiontos Ce Desejos distercem 0 jiao porque selecio parte siprines 4 Para oanalisia, cada rma das sessies ove careees de histéna e de futuro, fo maior a se ajuizadls Comentai s 1 Se me permit fazer tio longas ci de Bion, foi com © proposito de deixar bem claro que a recomendagie de 0 arialista abolir sua aemdria os seus desejos refere-se tao: somente ao ineonveniente ~ sob a forma de mré-conesitos, préjuizos ¢ de uma pouca recep: tividade-~ da possibilidade de sua mente estar saturada com as memaérias, os desejos e wma nsia de compreensao imediata ‘Talvez wm bom exemplo disso soja a possibilidade nada inco: mum de que um analista, ainda eandidato, va 4 sesso com o seu paciente com a mente saturada com as recomendgées recentes gue recebeu de seu supervisor e faga imterprotagocs que, embora corretas, possam nao ser-efica 285, porquanto @“ momento” afetive dopacien. te ja podo ser diferente do da sessio Quanto mais actimulo hover de meméria, mais plona de elementos saturados ela fica 2, Quando Bion se refere ads “desejos do analista, ele também slude aos conscien. tes~embora, é claro, estes estcjam intimamen. te conectados com os inconscieates~ ¢ exempli fica com a tio costumeira ventade de que sessio termine logo, que o padente Ihe graiifi que de alguma maneira, ete, O que ele destaca enfaticamente, entretanto, & 0 risco de que 0 analista tenha wm desejo permanente de "cura como 4 conhecemos na eliniea médica 3. Pango que 6 analttica, 6 0 paciente almejar ser 0 desejo do desejo (acan} do analista e, assim, desenvol- ver uma especie de “raden” a fim de eaptar & tender as expeciativas de sex analista, como, por exemplo, razendo uma reiterada abundan: cia de sonhas, insistindo numa excessiva idea lizacdo, priotizando assuntos que transmitam, co, ete. O mais importante # registrar € que, nesses ca sos, existe 0 riscode, inadvertidamente, ona. lista estar estimulando nopsiquiamo de pacien te estados de regressio, de infamilizagao ow uum falso self, em meio a formagao de comtuios antes entre ambos, como, por exemple, 6 conluio que, particularmente, denomino de reciproce fascinagio nareisista, Por outto lado as interpretagies do anvalista sempre weiewam, algun grau de seu desejo e ideologia 4 Segundo Bion, a meméria anda lado a lado com o desejo, ¢, se pudéssemos dispensat uuma delas, a cutra kimbém desapareceria, Par 242 AIDE, ZMERMAN ele, 0 desejo é similar A meméria, pois ambos possuem tum Gnsfundo de impressées senso tiais, Como temos frisado, para Bion, 0 cerne da psicanalise se constitui na busca do“O", ot soja, da“verdlade absoluia”, da “iealidade alti ma’ ¢ essa mete fica prejudicada caso a senso Fialidade prevalega sobre a sensibilidade intui tiva, Assim, ele afirma (1970, p. 76) que “odésojo" # uma intruso ne estade men tal do analista, que eceonde, disfarsa ¢ obsentece aqueleaspeesa de que apre senta correniemente 0 desconhecide © ¢ desconhecivel, embora soja manifesto i dues pessoas [..]. Este € 0 “panto exc precisa cer iluminada pela “eo gurirs” Meméria e desejo sio “iluraina des” que destiven o valor da caparida- de do analisia para obsereacio, comnts # penetracio ca lux muna edmera deste © valor do filme exposto, 5. Alias, essa “luiinagio pela cegueira" inspirada no" cegar se artificialmence” de Freud, veio a ser donotainada por Bion (1973, p, 45} como um penettante“facho de escuridio’, uma réplica do holofote. Essa analogia ie mais cla ra ainda com a imagem poética citada por Rezende (1993, p, 131) de que “as estrelas so- mente sia visiveis no esero! 6, Ent oposiciio a essa imagem da iluini- nagio por meio de um facho de escuridao, pode-se peisar no contratio, ou seja, 0 fato de que um excessivo facho de iuminosidade pode causar cegueita, Assim, uma metifora que me vers A mente é quc, quando viajamos de carta & noite, 0 eruzar com um carro que vem em sentido contrétio, com os fardis de luz alta incidindo em nossa vista, provocard um esta do de deslunbramento, isto 6, de acorda com 3 etimologia cessa palavra (“des” quer dizer pri vagio + que quer dizer luz), prove card uma cegucira, que pode ser de con seqién cias bastante petigosas. Completando essa me: tAfora, penso que 1m analista excessivamente “brithante” possa “ceyar” as capacidades eria tivas, contestadoris, dle pensamento e de au tonomia dopacionte ‘hambre 7. Buti] insistir no fato de quea aboligéo da neméria, do desejoe da ansia de compreen, sao refere-se tio-somente aos aspectos que sa- duran a mente doanalista, até mesmo porque uma aboligio total ¢ impossivel; eo importan- w é que cada analista saiba reconhecer seu estado de mente e, assim, realizando uma dis, sociagio itil do-ego ~ a qual Bion denominan “clivagom niio-patoldgica do ego” -, evite que ‘os descjos impregnom a situagioanalitica. Una ‘outra ravao por que a total privagao da me méria nao sortente ¢ impossivel, mas também, de cetta forma, é antianalitica, é que, a meu juiz0, a5 interpretagées reconstistoras exigem una meméria voltada paca uma accessétia correlagao e integragao espactotem poral, as sim como pata a consolidagaio de ti mento de identidade. 8. A propésito disso, o proprio Bion fez squestio om diferencia: as duuas maneizas dis. lintas como a meméria do analista pode se manifesta nas situages analiticas. & primeira éaquela de que exvivamos tratan mériz de finalidade controladora das anguis as pessoas do analista, como a de sv eseon der do deseonhecido, que acaha sendo nociva ao verdaceiro espirito de uma andlise expan sivas. A segunda possibilidade é a de que a me- méria do analista, em referéncia a certas ex. peridacias do paciente, surja-Ihe espontanea- mente no curso da sessto, soba forma de wma totalidade, Nesse caso, Bion prefere a denomi naciiade “evolucic” em verde “memsria”, te: mo este que ele reserva ou para as lembuances que aparecem em formas de fragmentas v sao buseadas auvamente, tanto pelo paciente pelo analista, eque pertencem mais exatarcn le & csfera dos drgdios dos sentidos (19672, ou para os estorgos conscientes em lembrar fatos pa 4% Oniesmo taciocinie que foi feito pars reconhecer 0 aspecto favordvel da “evalugao", et “intuigio”, de surgimento espontineo de fotos passaios na mente doanalista vale ahso Turamente para as recordagdes (a ciimelogia dessa palavra é compesta de Gimus lalinds “re [de novo, uma volta para tris] e “cor coidis" [coragaa, 0 que comprova o sen cari- ter do afetividlidle © de positividade analitica) aque surjamn ¢spontaneamente na mente do pa- ciente. New poceria ser diferente, porquanto amaier parte de nesses pacientes é composta por neuréticos com estruturas repressoras, para estes continua vigente o principio de Freud de que as reminiseéncias #40 latentez, porém ativas, ¢ de que a meliior forma de es- ‘quecer & teniby dla. 10, Comoresumo, pode sedieer que Bion extenidia a fancao da meméria como wm con tinente de identifieagées projetivas, suis e dos, seus pacientes, &, por i860, ela pode ser tanto mito iti como excessiva, saturada e prejuci- cial pata a anclise. Segundo ele, tanto o ana lista como © paciente temiem ax experiéncias de mudanga e de crescimento, porque a ames. a do “desconhecido” pode vir acompanhada de wma delorosa angustia eatastrsfics. Assim, Bion alerta para 0 fato de que es caminhos de La temivel mudanga catastrdtica © presente (compreensio intelectiva) 11. Por outro lado, como a meméria saturada prejudica a crenga © a acesso A ver dade abscluta, ao incognascivel (0), vai ocor rer que, conforme preconiza Bion, em certos momentos, 0 pensamento, meméria e o de sajo devam ser substituidos por aquilo que ele Sexomina come um “ato de fe", Obviamente 0 “atode fe", no sentido empregade por Bion, deve ser distinguido do significado religioso, tal como o conhecentos couuuente, ¢ de in clusive faz questo de frisar que considera um “ato” daguilo que sie chamou “fé" como um estado meatal sientifieo que deve ser recone cido como tal. Fle conch esse posicionamen to ciemtifico com estas palarras de finde mis tico (1970, p. 142) Deve-se precurar uma atividade que sein ‘tanto a reclmaragie de Bows (6 Se) sory ‘a evolugto ile Deus (0 inlerme, infinito, ‘meffvel, newstente). quepode WON -DETEORIA APRATICN Las ida somente ne estado em que no a mensrie, desejo, comprecnste, 12, Para finalizat; nao custa repetis que Bion em momento algum recomendou que xm, analista muntilasse uma fungio egéica to im porcante como é da memétia; pelo contritio, cleinsistia que oanalista deve estar muito vivo, presente ligadod realidade, porém menos com a sousotialidade-e mais com a sensibilidade pro- Piciada por um estado de ittuigco, Este ltino, indo muito além dagiailo que ¢ pereebido pelos

S-ar putea să vă placă și