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Bech ay CRISTO MORREU | ey ea ad i] POR QUEM CRISTO MORREU? John Owen nasceu em 1616, e cresceu numa pacata casa pastoral no Condado de Oxford, havendo ingressado na Universidade de Oxford com a idade de doze anos, obtendo o grau de Bacharel em Letras em 1632 e de Mestre em Letras, em 1635. Owen é um dos mais proeminentes tedlogos que a Inglaterra j4 produziu. O primeiro livro de Owen foi publicado em 1642, e seu tiltimo livro estava sendo impresso quando ele morreu, em 1683. Suas obras publicadas constituem um total de vinte e quatro volumes. Owen foi capelao pessoal de Oliver Cromwell durante alguns anos, sendo levado por este a pregar no parlamento varias vezes, apartir de 1646. Ele pastoreou trés igrejas durante sua vida. Casou-se duas vezes; sua primeira esposa morreu em 1676. Ele teve onze filhos, nenhum dos quais sobreviveu aele. Seu timulo é ainda preservado no cemitério de Bunhill Fields, City Road, Londres. O livro A Morte da Morte na Morte de Cristo, aqui apresentado numa versao simplificada, foi publicado por Owen em 1647. Afirma-se que ninguém jamais foi bem sucedido em refutar esta tese que Owen tio completamente expe defende, fundamentando-se nas Escrituras. PES PUBLICACOES EVANGELICAS SELECIONADAS Rua 24 de maio, 1 16 — 3° andar — salas 14-17 0104 1-000 — S40 Paulo - SP POR QUEM CRISTO MORREU? Uma versao simplificada e condensada do classico “A Morte da Morte na Morte de Cristo”, pelo Dr. John Owen, 1616-1683. Preparada por H.J.Appleby Prefacio por J. L. Packer, M.A., D.Phil. Editor Geral —J. K. Davies, B.D. FES PUBLICACGOES EVANGELICAS SELECIONADAS Caixa Postal 1287 01059-970 — Sao Paulo—SP Titulo original: The Death of Death in the Death of Christ Autor: John Owen Titulo da vers&o condensada: Life by His death Compilador: H.J. Appleby Tradutora: SylviaE. de Oliveira Revisor: A. Poccinelli Primeira Edicdo em portugués: 1986 Segunda Edicéo em portugués: 1996 Capa: Ailton Oliveira Lopes Impressao: Imprensa da Fé PROLOGO Extrato do Artigo Introdutério, escrito pelo Dr. J.1. Packer, paraA Morte da Morte na Morte de Cristo, de autoria do Dr. J. Owen, na edigdo da Banner of Truth Trust, 1959. A Morte da Morte na Morte de Cristo é um trabalho polémico, cujo objetivo é mostrar, entre outras coisas, que a doutrina da redenc&o universal é anti-biblica e destrutiva do evangelho. Ha, portanto, muitos a quem ele nao sera de interesse. Aqueles que nao véem necessidade de uma exatidao doutrindriae nao tém tempo para debates teolégicos que mostrem as divisdes entre os assim chamados evangélicos, podem perfeitamente lamentar seu reaparecimento. Muitos podem achar o proprio tom da tese de Owen tdochocante que se recusarao terminantementealereste livro. Algo tao apaixonante é prejudicial, e temos muito orgulho de nossos chiboletes teoldgicos. Mas espera-se que esta reimpressao encontre leitores de espirito diferente, Hasinais, hojeem dia, deum novo surgimento de interesse nateologia da Biblia: uma nova prontidao para testar tradi¢6es, para examinar as Escrituras e para pensar seriamente sobre a fé crista. E para todos que compartilham dessa prontiddo que é oferecido o tratado de Owen, naconfianga de que iré nos ajudarem uma das mais urgentes tarefas que acristandade evangélicaesta enfrentando hoje— arestauragao do evangelho. Esta tltima afirmacao podera chocar algumas pessoas, porém parece ser justificada pelos fatos, Nao ha dtivida de que os evangélicos encontram-se, hoje, num. estado de perplexidade e instabilidade. Em assuntoscomo a pritica do evangelismo, oensino da santidade, a edificagao da vida daigreja local, ocuidado do pastor pelas almas e 0 exercicio da disciplina, ha evidéncia de insatisfacao generalizada com 0 estado de coisas e, igualmente, uma incerteza generalizada quanto aocaminho quese deve seguir. Trata-se de um fendmenocomplexo, parao qual muitos fatores témcontribuido; mas, se formosa raiz do problema, verificaremos que todas essas perplexidades devem-se, principalmente, ao fato de havermos perdido o poder do evangelho biblico. Sem perceber isso, temos barganhado esse evangelho durante quase cem anos por um produto substitutivo que, embora parega bastante semelhante nos detalhes, € algo completamente diferente no todo. Eis as nossas dificuldades: o produto substitutivo nao atende aos fins para os quais oevangelho auténtico provou-se, nos dias passados, tio poderoso. O novoevangelho falha patentemente em produzirreveréncia profunda, arrependimento profundo, humildade profunda, um espfrito de adoragiio, um cuidado paracom algreja. Por qué? E nossa opiniao que arazaoestaem seu propriocaratere contetido. Ele falhaem tornar oshomens centralizados em Deus nos seus pensamentose tementes a Deus em seus coracdes, porque nao é isso que ele esté visando fazer principalmente. Uma forma deestabelecera diferencaentre onovoe ovelhoevangelhoédizerque oprimeiroestéexcessivaeexclusivamente preocupado em “ajudar” o homem —a ter paz, conforto, felicidade, satisfagdo—e pouquissimo preocupadoem glorificaraDeus. oO velho evangelho foi til também — muito mais, de fato, que o novo ~porem incidentalmente, por assim dizer, pois sua primeira preocupagao sempre foi glorificar a Deus. Ele era sempre ¢ essencialmente uma proclamacao dasoberaniadivinaem misericérdiaejulgamento, uma convocagao para inclinar-se a adorar a Deus, 0 Todo-Poderoso, de quem ohomem depende paratodoo bem, fantoem naturezacomoem graga. Seucentrode referénciaera inequivocamente Deus. Mas no novoevangelho, o centro de referéncia€é ohomem. Isso equivale a dizer que o velho evangelho era religioso numa forma que 0 Novo evangelhonaoé. Enquanto o principal objetivo do velho eraensinaroshomensa adorar a Deus, a preocupacao do novo parece limitada a fazé-los se sentirem melhor. O assunto do velho evangelho era Deus ¢ Suas atitudes paracom os homens; oassunto do novoé ohomemea ajuda que Deus dé a ele. Ha um mundo de diferenga. A completa perspectiva e énfase da pregagao do evangelho t¢m se mudado. Esta mudanga de interesse deu origem a uma mudanga de contetido, pois o novo evangelho tem, com efeito, reformulado a mensagem Dbiblica nos supostos interesses de ser “prestativa”. Portanto, os temas da incapacidade do homem natural para crer, da eleigdo gratuita de Deus como a principal causa da salvagao, & de Cristo morrer especificamente por Suas ovelhas, nao sao pregadas. Lssas doutrinas, seria dito, nfo sdo “prestativas”; elas levariam os pecadores ao desespero, sugerindo-lhes que naoestaem seu proprio poder o serem salvos através de Cristo. (A possibilidade de que tal desespero poderia ser salutar nao é considerada; € tomada como ponto pacifico quendo pode ser, porque é muito destrutiva para nossa auto-estima). Sejacomo for, oresultado dessas omissdes € que parte doevangelho biblico esta agora sendo pregada como se fosse 0 todo desse evangelho; e uma meia-verdade disfargando-se de verdade completatorna-se umainverdade completa. Dessaforma, apelamos aos homens como se todos eles tivessem a habilidade de receber Cristo a qualquer momento; falamos de Sua obra redentoracomo se Ele nao tivesse feito nada mais, ao morrer, do que tornar possivel que nos salvemos ands mesmos simplesmente por crermos; falamos do amorde Deus como se nao fosse mais do que uma prontidao geral para receber qualquer um que se volte e creia; nds descrevemos 0 Paie o Filho, nao como soberanamente ativos em atrair pecadores a Si mesmos, e Sim como que esperando, impotentes, “Aa portadenossos coragGes” para que Os deixemos entrat] E inegavel que pregamos assim; talvez sejaisso que nés realmente cremos. Mas é necessario dizer, com énfase, que esse conjunto de meias-verdades torcidas é algo diferente do evangelho biblico. A Bibliaestécontrandés quando pregamos dessa maneira; ¢ ofato de que tal pregagdo tem se tornado quase uma pratica padrao entre nés, mostra apenas quo urgente é que revisemos este assunto. Recuperar 0 velho, auténtico e biblico evangelho, e fazer com que nossa pregacaoe pratica estejamsomente de acordo com esse evangelho, é, talvez, nossa necessidade mais premente. Eé neste ponto que 0 tratado de Owen sobre a redengaio pode nos ajudar. NDICE Prefacio: Porque este livro foi escrito Introdugdo: — Oassunto deste liVr0 ......cceeeeeseneeteeeeseeneeeee 13 Primeira Parte: O propésito de Deus ao enviar Jesus Cristo para morrer . Segunda Parte: O verdadeiro propésito da morte de Cristo; oqueElerealizou ......0.0. Terceira Parte: Dezesseis argumentos que mostram que Cristo nao morreu pela salvacao de todos os homens . 41 Quarta Parte: Respostas a argumentos que postulam a re- dengo universal ............6 tileesdesthershsecrsederedos 59 PREFACIO Porque este livro foi escrito Permita-me explicar porque escrevi este livro. Sou a tiltima pessoa a apreciar contrové Mas a Biblia diz que devemos “batalhar pela fé que uma vez foi dadaaos santos”. Nos tltimos anos tenho sidoconsultado, freqiientemente, sobre o assunto deste livro. E ougo dizer que estes pontos tém sido debatidos em todas as partes dO pais. Assim sendo, convenci-me de que tal livro deveriaser escrito. Preferiria que 0 trabalho fosse feito por outra pessoa; mas achei melhor que fosse feito por mim do que nao ser feito por ninguém. Nao reivindico sera melhor pessoa para escreverum livro como este. Outros témescrito muito bem sobreo mesmo assunto. Contudo, noto que s¢ limitam acertos pontos dacontrovérsia. Eachei que seria melhor nao dizer simplesmente o que Cristo nao fez através de Sua morte, mas também explicar completamente o que Ele fez através dela. Tenhoestudadoeste assunto durante sete anos, tanto na Biblia como em outros livros disponiveis. Poderia, portanto, sugerir que agora vocé leia meu livro cuidadosamente? Se alguém desejar i desaprovar pontos isolados, tirados do contexto deste livro, tem minha permissao para desfrutar de seu sucesso imaginario. Mas se alguém estudar seriamente olivrotodo, pensoentao que sera convencido por ele. Espero que olivro proporcione satisfacao Aqueles que conhecem estas verdades, forga Aqueles que sao fracos nestas verdades, ¢, acima de tudo, glériaao Senhor, a Quem pertencem todas estas verdades, embora eu sejao seu mais indigno servo. JOHN OWEN 1648 INTRODUCAO O assunto deste livro ABibliadiz que a morte de Jesus Cristo foicomo um pagamento para libertar os homens do pecado. Até aqui, tudo bem; mas ha um problema! A morte de Cristo libertou todos os homens, ou somente alguns homens, dos seus pecados? Os crist&os tém pontos de vista diversos. Uns dizemumacoisa, outros dizem outra. Entretanto,oque diz a Biblia? Eisso que precisamos descobrir. Se dissermos que a morte de Cristo foi por todos, ent&o nao podemos ao mesmo tempo dizer que foi apenas por aquelas pessoas aquem Deusescolheu. Se Cristo morreu por todos, ent&o Deus nao precisava escolher um povo especial, nao é? Por outro lado, s¢ dissermos que Deus realmente escolheu um povo especial —comoa Biblia ensina-—entao Cristo nao precisaria morrer por todos, nao é? Sedissermos que amorte de Cristo foi um resgate, ou pagamento, portodaaraca humana, entio: |. Todos os homens témo poder para aceitar ou rejeitar aquela redengio; ou 2. Todosos homens realmente sao redimidos por Cristo, tenham eles conhecimento disso ou nao. A morte de Cristo por todos os homens somente poderia set real, se uma dessas afirmagGes fosse verdadeira. Mas a primeira 13 sugestéio nega o ensino biblico de que todos os homens estao irremediavelmente perdidos no pecado e em si mesmos nao tém poder parase chegarem aCristo. A segundasugestado nega oensino biblicode que alguns homensestdoperdidosparasempre. Obviamente, ha profundas dificuldades com relacao 4 afirmativade que amorte de Cristo foi por todos os homens. Porque, entio, algumas pessoas dizem que a morte de Cristo foi por todos? Parece haver cinco raz6es possiveis: 1. Parece tornar Deus mais “atraente”’, se dizem que a morte de Cristo foi por todos. Parece tornar 0 amor de Deus “maior”, se dizem que Ele ama todos os homens igualmente. Parece tornar a morte de Cristo de maior “valor”, se podem dizer que ela foi um pagamento pelos pecados de todos. A Biblia parece usar as palavras “o mundo” e “todo” como se significassem “todas as pessoas”. Alguns podem apenas querer dizer que a morte de Cristo foi por todos, para que eles possam ser incluidos, emboranao queiram mudara maneiraimpiacomoestio vivendo! Neste livro vamos ver porque estas cinco razGes esto erradas, eoquea Biblia realmente ensina sobre 0 propésito damorte de Jesus Cristo. PRIMEIRA PARTE O propésito de Deus ao enviar Jesus Cristo para morrer Capitulo 1. Apresentandoo problema 2. Oquem, o como e 0 qué de uma cois: 3. Deus, 0 Pai, agente de nossa salvacao .... 4. Deus, 0 Filho, agente de nossa sal vagaio 5. Deus, 0 Espirito, agente de nossa salvagio 6. A obra de Cristo é 0 meio usado para obter nossa salvacdo 7. Aentrega voluntaria de Cristo e Suaintercessao sao otinico meio para realizar nossa redengio........ 24 (A Segunda Parte estuda, em detalhes, o que Cristo verdadeira- mente realizoucom Suamorte). 1 Apresentando o problema O proprio Cristo nos disse porque veio ao mundo. Ele disse: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar 0 que se havia perdido.” (Lucas 19:10). Numa outra ocasiao Ele disse que 0 Filho do homem viera para “dar sua vidaem resgate de muitos.” (Marcos 10:45). Oapéstolo Paulo também afirmou, claramente, porque Cristo veio ao mundo: “*O qual (Jesus Cristo) se deu asi mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau” (Galatas 1: 4). “...Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores” (1 Timo6teo 1:15). “O qual (Jesus Cristo) se deu asi mesmo por nds para nos remir de todaa iniqiiidade, e purificar para si umpovo seu especial, zeloso de boas obras.” (Tito 2:14). A partir dessas afirmagées, est4 claro que o propésito da morte de Cristo foi: salvar as pessoas do pecado, libertar as pessoas do mundo mau, tornar as pessoas puras e santas, criar pessoas que fagam boas obras. Outras passagens biblicas explicam o que Jesus Cristo realmente fezem Sua morte. Hacinco coisas que podemos notar: 1. As pessoas s&o reconciliadas com Deus através dela (Romanos 5:1). is) As pessoas sao perdoadas e justificadas através dela (Romanos 3:24). 3. As pessoas sao purificadas e santificadas através dela (Hebreus 9:14). 4. Aspessoas sao adotadas como filhos de Deus através dela (Galatas 4:4-5). 5. As pessoas recebem gloria e vida eterna através dela (Hebreus 9: 15). A partir de todas essas evidéncias, oensino daBibliaéclaro: 0 propésito da vinda de Cristo foi (e realmente cumpre tal propésito) trazer perdao ao homem, no tempo presente, ¢ gloria no porvir. Portanto, se Cristo morreu por todos os homens, entdio todos os homens esto agora livres do pecado, e estio perdoadose serao glorificados, ou: Cristo falhou em Seu propésito. Sabemos, através de nossa experiéncia didriacom ahumanidade, que a primeira afirmativa nao é verdadeira. A segunda sugestao— que Cristo falhou—éum insulto para Deus. ao problema de aceitar uma ou outra destas duas des, aqueles que dizem que Cristo realmente morreu por todos os homens, dizem que niio era propésito de Deus que todos oshomens fossem beneficiados. Dizem que o beneficio é $6 para aqueles que produzem uma fé paracrerem Crisio, Este ato de fé deve ser algo que aiguns homens fazem por si mesmogs, tornando-os diferentes cos outroshomens. (Se fé fosse alguma coisa obtidapela morte de Cristo, ese Ele tivesse morrido por todos os homens, entiio todos os homens teriam f$!). Tal sugest&o parece-me diminuir aquilo que Cristo realmente obteve através de Sua morte, portanto vou combaté-la mostrando que o que a Biblia ensinaé bastante diferente! is O quem, 0 como e 0 qué de uma coisa Ha trés palavras que usaremos bastante neste livro, eserd bom apresenta-las resumidamente aqui. Quando qualquer agao acontece, ha um agente (0 quem a pratica); héos meios empregados (o como “feita);ehdum fim em vista(o qué, ou resultado final). Decidimos como faremos uma coisa (os meios) de acordo com o qué se quer fazer (0 fim). Portanto, podemos dizer queo fimé “ razdo para os meios. B se tivermos escolhido os meios adeqt ados, ofimé certo. Eclaro que seo agente que pretende fazeralgumacoisa, liver escolhido os meios adequados, nao podera falhar. | Ora, podemos aplicar estes principios 4 nossa discussio neste livro. Vamos ver, primeiramente, quem €oagente que pretende nes redimir. Depois vamos ver os meios que foram utilizados in redimir. E, finalmente (na Segunda Parte), vamos ver qual foi o resultado dos meios empregados. De acordo coma Biblia, o agente gue esti pretendendo anoss salvagiio 6 0 Deus Tritino. Todos os outros agentes foram apenas instrumentosem Suas maos (Atos 4:28). Oagente principal éaSanta Jetalhadamente... Trindade. Vamos estudar isto mais Deus, 0 Pai, agente de nossa salvacio De que mancira foi Deus, 0 Pai. o 2 ¢ D Minha resposta paraessa perguntac aseguinte: por du isto 6, foi Deus, 0 Pai, que enviou oF puniu Cristo por causa dos nossos pece duas coisas em maiores detalhes. 1. Eclaro, apartirde muitos versiculos biblicos, que 0 Pai enviouo Filho ao mundo. Por exemplo: “vindoa plenitude dos tempos, Deusenviou Seu filho, nascido de mulher, nascido soba lei,para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adogao de filhos.” (Galatas 4:4-5). O fato de enviar o Filho envolveu Deus, 0 Pai, em trés coisas: a. houve o propésito original que sempre estivera em Sua mente (1 Pedro 1:20); b. houve o Seu atode darao Filho todas as habilidades que Ele necessitava, a fim de fazer a obra para a qual fora enviado (Jodo 3:34-35); * houve o Seu ato de prometer a Seu Filho toda a ajuda necessdria quanto ao sucesso na obra (Atos 4: 10-11). Eclaro,apartirde muitos versiculos biblicos, que o Pai puniu Jesus Cristo por causa dos nossos pecados. Por exemplo: “Aquele que nao conheceu pecado, o fez pecado por nés; para que nele f6ssemos feitos justiga de Deus.” (2 Corintios 5:21). Podese dizer que Cristo sofreu e morreu em nosso lugar. Sendoassim, nao seria estranhaaidéia de que Cristo deveria sofrerem lugar daqueles que também iraosofrer por causa dos seus préprios pecados? Colocamos o assunto da seguinte maneira: Cristo sofreu pelos pecados de todos os homens, ou pelos pecados de alguns homens, ou por alguns dos pecados de todos os homens. 2. * a . Como Filho de Deus, Ele j possuia a perfeigo da Deidade; rnas como Filho do homem Ele tinha que receber os dons que necessitasse. 20 Scauitimaafirmativaé verdadcira, entao todos os homens ainda tém alguns pecados, e, portanto, ninguém pode ser redimido. - - Sea primeira afirmativa € verdadeira, entao por que nao estado todos os homens livres do pecado? Vocé podera dizer: “Por causa da incredulidade deles.” Mas eu pergunto: “A incredulidade € um pecado?” Se nao é, por que todos os homens sao punidos por causa dela? Se é um pecado, entdo deve estar incluida entre os pecados pelos quais Cristo morreu. Portanto, aprimeira afirmativanao pode ser verdadeira! Assim, é claro que a tinica possibilidade restante € que Cristo levou sobre Si todos os pecados de alguns homens, os eleitos, somente. Creio que este é 0 ensino da Biblia. agens das Escrituras que (A Quarta Parte deste livro trata das p: empregam as palavras “mundo” e “todos”.) 4 Deus, o Filho, agente de nossa salvagao Devidoao fato de Deus, o Filho, haver voluntariamente concor- dado em fazer 0 que o Pai tinha planejado, podemos dizer que Ele também era um agente de nossa salvagio. Jesus disse: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.” (Joao 4:34). Hatrés maneiras pelas quais Cristo mostrou Sua prontidao paraser umagente: = 1. Ele Se disp6s a deixar de lado a gloria de Sua natureza divinae fazer-Se homem. “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas...” (Hebreus2:14). Note que é afirmado que Ele fez issonao porque toda araca humanaeracomposta de carne e sangue, mas porque os filbos que Deus lhe deraeram humanos (Hebreus 2:1 3). Sua prontidao estava relacionada dqueles filhos, nao a toda a raga humana. 2. Ele Se dispés a dar-Se a Si mesmo como oferta. E verdade que Elesofreu muitas coisas passivamente. Contudo, é verdade que Ele deu-Se a Si mesmo para aqueles sofrimentos, ativa e prontamente. Sem tal consentimento voluntario, os sofrimentos nao teriam qualquer valor. Assim Ele pode verdadeiramente dizer: “Poristoo Paimeama, porque dou minha vida... Ninguém matirade mim, maseudemim mesmo adou”. (Joao 10:17-1 8). 3. Suas oragdes no presente em favor de Seus filhos mostram Sua protidao em ser um agente em nossa salvaciio. Agora Cristo entrou no santudrio. (Hebreus 9:11-12). Sua obra ali é a intercessdo (oragéio). Veja que Ele nao ora pelo mundo (Joao 17:9), mas por aqueles pelos quais Ele morreu (Romanos 8:34). Ele pede que aqueles que Lhe foram dados possam irparaonde Eleesta, para vera Sua gloria (Joao 17:24). Portanto,é claroque Ele nao poderia ter morrido por todos os homens! 5 Deus, 0 Espirito, agente de nossa salvacao ABibliafalade tréscoisas nas quais 0 Espirito Santo operacom 0 Paico Filho paranos redimir. Eestasatividades mostram que Ele também é um agente de nossa sal vagao. 1. Ocorpohumano queo Filho tomou, quando Se tornou homem, foi criado pelo Espirito Santo, em Maria. “ ... achou-se ter concebido do Espirito Santo.” (Mateus 1:18). 22 Ww A Biblia diz que quando 0 Filho Se ofereceu a Si mesmo como sacrificio, Ele o fez pelo Espirito. “...quepelo Espiritoeterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus. . .” (Hebreus 9: 14). Disso fica claro que o Espirito Santo foi, de certa forma, 0 instrumento que tornou possfvel o oferecimento. 3. Ha declaragdes claras na Biblia mostrando que a obra de levantar Cristo dentre os mortos, foi operacao do Espirito Santo. “ mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espirito.” (1 Pedro 3:18). / Sem dtivida alguma, o Espirito Santo teve importantes coisas para fazer, unindo-Se ao Pai e ao Filho no proposito de nos redimir. Temos visto que cada Pessoada Trindade pode serchamada de agente de nossa salvagao. Mas ¢ importante lembrar que, embora para 0 propésito de nosso estudo, tenhamos feito uma distingao quanto & operagao de cada uma das pessoas divinas, nao ha, de fato, trés agentes de nossa sal vagao, porém apenas um, pols Deusé Um. Portanto, podemos dizer que todaa Trindade é um agente paraanossa redengio. 6 A obra de Cristo é 0 meio usado para obter nossa salvagao Comonds vimos no capitulo dois, oagente que fazalgousacertos meios paraalcancar o fim particular queele tem em vista. Ena propria obrade nossa salvagao, ha duas ages que Cristo fez. (Nao me refiro ao planoeterno que torna possivel nossa sal vagdio, mas apenas masua produgiio em temposhist6ricos). Estes dois atos historicos deCristo, sao: 1. Suaentrega voluntdria, no passado, e 2. Suaintercessdo por nds, agora. Naentrega que Cristo fez de Simesmo, incluo Sua prontidao para sofrer tudo o que estavaenvolvidoem Sua vinda paramorrer, isto é, Oesvaziar-Se de Sua prépria gl6ria, eo nascer de uma mulher, Seus atos de humildadee obediénciaa vontade do Pai através detodaaSua vida, e, finalmente, Sua morte nacruz. Enaintercessao de Cristo pornés, incluo também Suaressurrei- cdo e ascensé is s4o a base de Sua intercessio. Sem elas, nao poderia haver intercessio. Veremos estas duas coisas em maiores detalhes no préximo capitulo, mas quero fazer alguns comentarios agora. Estes dois atos tém a mesma intencao. Sua entrega voluntaria e intercessio destinam-se a “trazer muitos filhos a gléria.” (Hebreus 2:1 0). Os beneficios intencionados por estes dois atos destinam-se ds mesmas pessoas, Ele oraem favor daqueles por quem morreu. (Joao 17 29). Sabemos que Sua intercessio deve ser bem sucedida—“Pai, gragas te dou, por me haveres ouvido”, disse Ele certa vez. (Joao 11:41). Segue-se, entdo, que todos por quem Ele morreu necessariamente receberao todas as boas coisas obtidas através daquela morte. Isso claramente destréi o ensino de que Cristo morreu por todos os homens! 7 A entrega voluntaria de Cristo e Sua intercessio sao o unico meio para realizar nossa redenciio E importante verificar, nas Escrituras, como aentrega voluntaria 24 stoe Suaintercessdoestao ligadas intimamente, Porexemplo: Cristojustificaaqueles cujas iniqtiidades (ou pecados) Elecarregou (saias 53:11). Cristo intercede por aqueles cujos pecados Ele carregou (Isaias 53:12). Cristo ressuscitou dos mortos para justificar aqueles pelos quais Ele morreu (Romanos4:25). Cristo morreu pelos eleitos de Deus e agora ora por eles (Romanos 8:33-34). Isso deixa claro que Cristo no pode ter morrido por todos os homens, pois se tivesse, entdo todos os homens seriam justificados— oque, sem dtividaalguma, nao acontece. Sacrificare orar sao tarefas requeridas de um sacerdote. Seele falharem qualquerumadelas, terd falhado na qualidade de sacerdote de Seu povo. Jesus Cristo é mencionado tanto como nossa propiciagao (sacrificio) quanto como nosso advogado (represen- tante) (1 Joo 2: 1-2). Ele é mencionado tantocomo oferecendo Seu sangue (Hebreus 9:11-14), quanto como intercedendo por nds (Hebreus 7:25). Posto que é um sacerdote fiel, Ele precisa realizar estas duas tarefas com perfeigao. Visto que Suas orages sao sempre ouvidas, Ele nao pode estar intercedendo por todos os homens, porquanto nem todos os homens sao salvos. Isso deixaclaro que Ele também nao pode ter morrido por todos os homens. Devemos também nos lembrar da maneira como Cristo agora intercede pornés. As Escrituras dizem que é pelaapresentagao de Seu sangue no céu (Hebreus 9: 11-12, 24). Em outras palavras, Ele intercede apresentando Seus sofrimentos ao Pai. Os dois atos, sofri- mento e intercessio, devem, portanto, estar relacionados 4 mesma pessoa, caso contrario, naoadiantaria usar um como base para 0 outro. 25 O préprio Cristo associa Sua morte e Sua intercesso como 0 unico meio para nossa redengao, em Sua oracio no capitulo 17 de Joao. Nessa oragiio, Ele Se refere 4 entrega de Si mesmo na morte, e Sua oracao épor aqueles que o Pai haviadadoa Ele. No podemos separar estes dois atos, se o préprio Cristo osune. Umsem outro nao teria valor, como Paulo argumenta: “E, se Cristo nao ressuscitou (e portanto nio esta intercedendo agora), é va a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.” (1 Corintios 15:17). Portanto, se separarmos a morte de Cristo de Sua intercessio, nao ha seguranga de salvacao para nés. De que valeria dizer que Cristo morreu por mim, no passado, se Eleagoranio intercede por mim? £ somente se Ele nos justifica agora que somos salvos da condenago de nossos pecados. Eu ainda poderiaestar condenado se Cristo nao intercedesse por mim. E claro que Sua intercessiio deve ser em favor das mesmas pessoas pelas quais Ele morreu—e, sendo assim, Ele nao pode ter morrido por todos! SEGUNDA PARTE O verdadeiro propdésito da morte de Cristo; o que Ele realizou Capitulo L. Alguimas Definig6es «00.0... cceceseee tees neeeceesenenees 28 2. Quem foi beneficiado coma morte de Cristo? .......... 29 0 3. Qual o propésito da morte de Cristo? ...........- 4. Amorte de Cristo tornou a salvagao uma possibili- dade ou UMA COPEL? oo. eeeecce cece ese eect ester tees 34 5. Raz6es pelas quais devem ser realmente salvos todos aqueles por quem Cristo morreu .. 38 27 1 Algumas Definicées Na Primeira Parte, capitulo dois, vimos que 0 que controla o resultado de algo que se faz, 6amaneiracomoé feito. Paracertificar- -se de que o resultado sera exatamente o que vocé deseja que aconteca, devem ser empregados os meios adequados; fazer uma coisa de acordo com a maneira certa de fazé-la, assegura que 0 proposito seraalcangado. As Escriturasdeixam claro que Deus (Pai, Filhoe Espirito) tencionaredimirhomense mulheres, Aobrade Cristo €o meio utilizado para fazerisso. Visto que Deus sempre fazas coisas de maneira certa, podemos dizer que todos os que s&o realmente redimidos sao todos os que Ele tencionava redimir, Se nao fosse assim, Deus poderia ter falhado na real izagdo de Seu propésito. Pode-se dizer que ha dois propdsitos na morte de Cristo, um principal eum secundario. O propésito principal damorte de Cristo era glorificar a Deus. Em todas as coisas que faz, Deus pretende, primeiramente, demonstrar Sua propria gloria. Todas as coisas existemprincipalmenteafimde glorificara Deus parasempre (Efésios 1:12; Filipenses 2:11;Romanos | 1:36). Masa morte de Cristo tem, também, um prop6sito secundario, ou seja, salvarhomense mulheres de seus pecadose leva-losa Deus. Assim, quero mostrar agora que a morte de Cristo comprou, para todos pelos quais Ele morreu, tudo o que € necessario para que eles usufruam tal salvacdo, sem qualquer sombra de diivida. 28 2 Quem foi beneficiado com a morte de Cristo? clarecidos sobre quem, realmente, se Precisamos estar bem beneficiacoma morte de Cristo. Ha trés possibilidades: a. Poderia ser para beneficiar a Deus, 0 Pai, ou b. Poderia ser para beneficiar 0 proprio Cristo, ou c. Poderia ser para o nosso beneficio. Lembre-se de que estou falando sobre 0 propésito secundario da morte de Cristo; € neste sentido, podemos mostrar que a morte de Cristo nao foi para o beneficio de Deus, 0 Pai. As vezes argumenta-se que Cristo morreu para possibilitar que Deus perdoasse os pecadores, como se Deus fosse, de outra maneira, incapaz de nos perdoar. Esse argumento sugere que 0 propésito secundario da morte de Cristo foi para beneficiar 0 Pai. Tal pontode vista é tanto falso como tolo, pelas seguintes raz 1. Significa que Cristo morreu para livrar 0 Pai daquilo que O impedia de fazer 0 que Ele queria (isto é, perdoar os pecadores), ao invés de morrer para nos livrar de nossos pecados. Entretanto as Escrituras dizem claramente, em todos os lugares, que Cristo morreu para nos libertar do pecado. Significaque ninguém poderia ser realmente salvo do pecado. Se Cristo meramente obteve a liberdade do Pai para perdoar os pecadores, entao 0 Pai pode, se quiser — ou nao precisa, se nao quiser—usaressaliberdade! Assim, amorte de Cristo pode ainda nao obterrealmente asalvagao paranos. Masas Escrituras dizem claramente que Cristo veio para salvar os perdidos. np 29 Em seguida, podemos certamente mostrar que a morte de Cristo nao foi para beneficiara Ele mesmo. 1. Visto que Cristo € Deus, Ele jé tem toda a gloriae o poder que poderiater. Portanto, no final de Sua vida terrena, Ele nao pediu outra gléria sendo a que jd possufa antes (Joao 17:5). Ele niio precisava morrer para obter quaisquer outros beneficios para Si mesmo. 2. Asvezesésugerido que, pelaSua morte, Cristo ganhou o direito de sero juiz de todos. Mas, se o propésito de Sua morte era obter o poder decondenar alguns, ent&o Ele nao pode ter morrido para salva-los? Portanto, ainda que aceitemos essa sugest&o, nao podemosusa-la para provar que Cristo morreu para salvar todos oshomens. Concluimos, entdo, que a morte de Cristo teve o propésito de nos beneticiar. Nao foi para que o Pai pudesse nos sal var, se € que Ele iria fazé-lo, Nao foi para obter alguns novos beneficios para o proprio Cristo. Portanto, deve ter sido, realmente, para obter todas as boas coisas que foram prometidas mediante acordo com 0 Seu Pai, para beneficiar todos aqueles por quem Ele morreu. Entao, Ele morreu somente por aqueles que realmente recebem esses beneficios. Vamos passar agora aexaminar o que as Escrituras dizem sobre essas boas coisas. 3 Qual o propésito da morte de Cristo? N6s ja dissemos, resumidamente, 0 que as Escrituras ensinam sobre 0 porqué da morte de Cristo (Primeira Parte, capitulo um). Agora que jéexploramos todo oassunto, de modo geral, precisamos é examinarem maiores detalhes aquelas passagens que falam sobre 0 que foi realizado através da morte de Cristo. Farei isso, examinando trés grupos de versiculos biblicos. Primeiro, hdaquelas passagens que mostram qual o propésito de Deus na morte de Cristo. Escolhi oito versiculos paraexaminarmos, embora muitos outros pudessem serusados. 1. Lucas 19:10. “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Portanto, esta claro que Deus pretendia realmente salvar os pecadores perdidos mediante a morte de Cristo. Mateus 1:21. “‘...c chamards 0 seu nome Jesus, porque ele salvaré o seu povo dos seus pecados,” Portanto, tudo que fosse realmente necessario para salvar os pecadores deveria ser feito por Jesus Cristo. 3. 1 Timéteo 1:15. “...que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores.” Isso ndo nos permite supor que Cristo veio simplesmente para possibilitar a salvagao dos pecadores; pelo contrario, insiste no fato de que Ele veio realmente para salva-los. 4. Hebreus 2:14-15. “...para que pela morte aniquilasse 0 que tinhao impériodamorte, istoé, 0 diabo;e livrasse todos os que... estavam ... sujeitos a servidio.” O que poderia ser mais claro que isso?) Cristo veio realmente para salvar os pecadores. 5. Efésios 5:25-27. *...como também Cristo amou aigreja,e asi mesmo se entregou porela, paraa santificar ... paraa apresentar wv asi mesmoigreja gloriosa. Penso que nao € possivel dizé-lo mais claramente do que o Espirito Santo o fez nessa passagem; Cristo morreu para 3t purificar, santificare glorificaralIgreja. 6. Joao 17:19. *...me santificoamim mesmo, paraque também eles sejam santificados na verdade.”” Sera que ainao estamos ouvindo o préprio Salvador declararo propésito de Sua morte? Ele morreu afim de que alguns (nao o mundo todo, visto que Ele nao orou por isso—versiculo9) fossem realmente santificados (ou feitos santos). 7. Galatas 1:4. “O qual se deu asi mesmo por nossos pecados, para nos livrar...” Afirma aqui, outra vez, 0 propdsito da morte de Cristo como sendorealmente para nos libertar. 8. 2 Corintios 5:21. “Aquele que nao conheceu pecado, o fez pecado por nés; para que nele fossemos feitos justigade Deus.” Portanto, entendemos que Cristo veio para que os pecadores pudessem tornar-se justos. A partir de todos esses versiculos, é evidente que o propésito da morte de Cristoerasalvar, libertar, santificar e justificar aqueles pelos quais Ele morreu. Pergunto: todos os homens so salvos, libertado santificadose justificados? Ou sera que Cristo falhouem cumprir o Seu propdsito? Julguem, entdo, por si mesmos, se Cristo morreu por todos os homens ou somente por aqueles que so realmente salvosejustificados! Segundo, hd aquelas passagens que nao sé falam do propésito da morte de Cristo, mas, também, do que foi realmente alcangado através dela. Seleciono aqui seis passagens: 1. Hebreus 9:12,14. *... mas por seu proprio sangue ... havendo efetuadoumaeternaredengao ...purificaréas vossas consciéncias das obras mortas...” 32 Aqui sao mencionados dois resultados imediatos da morte de Cristo—aredengioeternae consciéncias purificadas. Qualquer um que tenha esses resultados, € um daqucles por quem Cristo morreu. Hebreus 1:3. “... havendo feito por si mesmo a purificagao de nossos pecados, assentou-se a destra da majestade.” Portanto, héuma purificagao espiritual obtida paraaqueles por quem Cristo morreu. 3. 1 Pedro 2:24. “Levando ele mesmo em seu Corpo os Nossos pecados...” Aqui temos a afirmagao daquilo que Cristo fez - Ele carregou nossos pecados nacruz. 4. Colossenses |: 21-22. “...vosreconciliou...” Assim, um verdadeiro estado de paz foi estabelecido entre aqueles por quem Ele morreue Deus, 0 Pai. 5. Apocalipse 5:9-10. “... porque foste morto, ecomoteu sangue compraste para Deus, de toda ... nacao; ... os fizeste reis e sacerdotes...” Kclaro que issonaoé verdadeirocom relag&oatodososhomens, porém descreve o que é verdadeiro sobre todos aqueles por quem Cristo morreu. 6. Joao 10:28. “E dou-lhes a vida eterne O proprio Cristo explica que a vida é dada a “suas ovelhas” (versiculo 27). A vida espiritual que os crentes desfrutam 6- -Ihes obtida pela morte de Cristo. / Com base nesses seis versiculos (e muitos outros poderiam ser usados), podemos dizer 0 seguinte: se a morte de Cristo realmente obtém redengao, lavagem, purificagao, libertagao dos pecados, reconciliagao, vidaeternae cidadania num reino, entao Ele deve ter nm 33 morrido si r a ies Somente por aqueles que recebem tais coisas. Esta bastante ro que nem todos os homens possuem tais coisas! Portanto. a salvacao de todos os homens nao pode ter 0.0 proposito da morte x x : Pp sid sito dam het ha aaa um grupo de versiculos biblicos que evem aqueles pelos quais Cristo morreu. Estes sao geralment descritos como “muitos”, porexemplo: Isafas 53:11; Marcos 10:45. Hebreus 2:10. Mas estes “muitos” sao descritos em outros lu, gares como: as ovelhas de Cristo Joa } 10: 0s filhos de Deus Toto itis os filhos que Deus Lhe deu Joao 17:1 1 ; Hebi 7 Seus escolhidos Romande i 0 povo que Ele antes conheceu Romanos 11:2 Sualgreja Atos 20:28 aqueles cujos pecados Ele levou Hebreus 9:28 Indubitavelmente tais descrigdesnao sio verdadeiras comrelaga atodos oshomens. Assim, vemos que o propésito damorte deCrise, c 4 . onforme Nos ¢ apresentado nas Escrituras, nao pode ter sido a salvagao de todos os homens. 4 A morte de Cristo tornou a salyacéo uma possibilidade ou uma certeza? Alguns tém sugerido que a morte de Cristo obteve aredencado suficiente para todos os homens, seeles simplesmentecressem nEle. Esse beneficio, entretanto, € dado somente a alguns, porque apenas alguns créem. Cristo, dizemeles, obteve a salvacdo que é suficiente para todos, mas que, na verdade, salva apenas alguns. Sem dtvida, pagar um prego pela redengiio de um escravo nao € 0 mesmo que libertar realmente 0 escravo. Obter salvagaio e dar salvaciio nao sao exatamente a mesma coisa. No entanto, ha varias coisas que agora precisam ser bem entendidas. Sao as seguintes: 1. Para Cristo obter nossa redenco e dé-la ands podem ser dois atos diferentes, mas, nao se pode argumentar que, conseqiientemente, eles precisamestar relacionados adois grupos diferentes de pessoas. Cristo nao teve dois propésitos secundarios em Sua morte! 2. Avontade de Deus, de que Cristo obtivesse a salvacao para os pecadores, nao dependiadacondigao dos pecadorescrerem. A vontade absoluta de Deus era que a salvacao fosse obtidae dada. 3. Orecebimento da salvacao depende de nossa fé. Contudo, essa mesma fé nos é dada por Deus sem condigdes, como espero mostrar maistarde. 4. Aqueles para os quais Cristo obteve beneficios através de Sua morte devem realmente recebé-los. Afirmamos isso porque: a. SeCristo apenas tivesse obtido os beneficios endo pudesse dé-los, entio Sua morte talveznao salvasse ninguém! b. TeriaDeusapontadoum Salvadorsem decidirquemdeveria ser salvo? PoderiaEle apontar um meio semestar certo do fim? Isso seriacontrario aos ensinamentos das Escrituras! Se umacoisaé obtida para mim, certamente deve serminha por direito, e tudo o que for meu por direito, ha de sermeu de fato. Portanto, a salvacao que Cristo obteve ha de 9 35 pertenceraqueles paraosquaisEle aobteve. Seédito: “sim, mas é deles sob a condi¢do de crerem”, eure ito novamente: “mas a fé também € dada por Deus” d. AsEscrituras sempre colocam ‘ Cristo obtevea redencaoe aqu i Isafas 53:5. Cristo cura juntos aqueles Para os quais ueles a quem Ele a aplica. aqueles pelos quais Ele foi ferido. i Isafas 53:11. Cristo jus a aqueles cujos pecados 3:11, Stific, nerd J a S cujos pecados ii, Romanos 4:25. Cristo just Ica aqueles pelos quais fo 4:25, f fe iv. R : a omanos 8:32-34, Deus da todas as coisas aqueles pelos quais Cristo morreu. Aqueles pelos quais Cri s quais Cristo morreu na ! s 40 podem agor: sercondenados. Lie Cristo agore r Apartirdetodig tered poraqueles pelos quais Ele morte todel a Jog. a. gumentos, fica firmementeestabelecido que S aqueles para os quais Cris t 7 8 Cristo obteve a r a inquestionavelmente arecebem, A pe para todos os homens pormeiodam para todos a quem foi dada. salvacio nao se tornou Possivel orte de Cristo: ela se tornou real Permita-me agora f: a igora fazer quatro declaracé: i " Ces que verdadeira Confirmamesteassunto, Falareicom mais det ; sbolich Posteriormente neste livro, 1. Deusenviou Cristo para morrer paracom Seus eleitos. Ovalordamorte deCristoéincomensuravel, sufici que se propés que fosse feito através dela. alhes sobre estes pontos por causa do Seu amor eterno nN ente para tudo 36 3. Opropésito do Pai era trazer, de todas as nagoes, muitos filhos paraagléria, asaber, Seuseleitos, comos quaisEle decidiufazer umnovoconcerto. 4. Tudo 0 que foi comprado pela morte de Cristo para aquelas pessoas, no devido tempo, certamente, torna-se delas. Posto que todas essas coisas foram obtidas paraelas, Cristo temrazao em pedir que seja feito assim. NOTA ADICIONAL Se mantivermos 0 ponto de vista de que a morte de Cristo torna possivel a sal vacaio de todos, mas, na verdade, salva apenas aqueles que créem, entdo estaremos realmente dizendo que: 1. ...Deus deveria salvar todos os homens. Isso nds negamos. Deus deve fazer somenteaquilo que Eleescolhe livremente fazer. 2. ...Deusnao pode fazer o que Ele quer, amenos que os homens cumpram certas condig6es. Isso nds negamos. Isso eliminaa gloriade Deus. 3... ,oamorde Deus é melhor demonstrado por Ele amar todos os homens igualmente do que por amar apenas alguns homens. Negamos issoe argumentaremos o assunto mais completamente na Quarta Parte, capitulos dois e quatro. 4... .Deusenviou Seu Filho para morrer porque Ele amou todos os homensigualmente. Negamosisso, porque naioé biblico. Muitas passagens biblicas descrevem claramente pessoas que nao sao 0 objeto do amor que enviou Cristo para morrer. Por exemplo: Provérbios 16:4; Atos 1:25; Rornanos 9:11-13; 1 Tessalonicenses 5:9; 2 Pedro 2:12; Judas 4. 5. ...a fé,queéacondicdo parase receberasalvacao, nao €é obtida 37 para nds pela morte de Cristo. Todavia, as Escrituras ensinam que essa fé 6 um dos beneficios obtidos para nés por Cristo. -- em Sua morte, Cristo foi o substituto para todaa humanidade. Negamos isso, pois se Ele foi o substituto para todos, entio todos sao salvos. Cristo morreu por aqueles a quem 0 Pai sabia que nao seriam salvos, uma vez que 0 Pai conheceu de antemo todas as coisas. Nao vejoo que se lucra com tal argumento! 5 Razées pelas quais devem ser realmente salvos todos aqueles por quem Cristo morreu Apresentarei mais um capitulo para mostrar 0 erro da forte corrente de opiniao de que a morte de Cristo foi suficiente para salvagao de todos, porém, na verdade, salvaapenas alguns Csufeie 7 para todos, eficiente paraalguns”). A redenco obtidae arede: ho dada sao distintas, mas nao podem estar separadas. - Afirmo: sealgoé realmente obtido para alguém, ent&o nao pode haver dtivida de que aquilo Ihe pertence. A pessoa nao iré dizer: poderia ser meu”. Portanto, tudo o que Cristo obteve pela Sua morte, hecessariamente pertence aqueles para os quais Ele o obteve a Seriaum contra-senso sugerir que Deus intentasse que Cristo bales por alguém — e, no entanto, tal pessoa nao recebesse 0 carve, ocala, calc ones ergo 7 ‘ossem libertados! E 38 sabemos que a morte de Cristofoi um resgate, segundo Mateus 20:28. Ora, alguns tém argumentado que, embora sejaverdade que algo obtido paraalguém lhe pertence pordireito, todaviaé possivel que tal coisa tenha sido obtida sob certas condigées. E, dizem que a condigio para que possamos receber os benefic ios obtidos por Cristo que nao resistamos a redengao oferecida, ou que nos submetamos aoconvitedoevangelho, ou, simplesmente, que tenhamosfé. Econtra este argumento que apresento os seguintes pontos: 1. Seopropdsitode Deus aoredimiralguéméfeitocom sinceridade, e se Cristo morreu para salvar a todos sob certas condigées, entdo todos, semexcecao, precisam conhecer tais condigées. O propésito de salvar no pode ser sincero se alguém nao for informado das condigdes. O que dizer daqueles que jamais ouviram? Ascondigdesnecessarias paraa obtengao dos beneficiosadvindos damorte de Cristo devem, ou nao, estar dentro de nosso poder para realizd-las? Se a resposta for positiva, entao todos os homens tém poder para crer; 0 que é falso. Se a resposta for negativa, entdoo Senhor deve conceder esse poder, ou nao? Se Ele oconcede, entao por que todos nao sao salvos? Se Ele nao 0 concede, nao pode colocd-lo como condigao, ou Ele nao estaria sendo sincero ao pedir de nds o que somente Ele podenos dar. Ecomo se alguém prometesse mil libras aum cego, com acondigao de que o homem pudesse vé-las. 3. Fé,acondigao parausufruirmosasalvagiio, oué obtida parands através damorte de Cristo, ou nao €. Se € obtida, ent&o todos os homens atém, pois dizem que Cristo morreu por todos. Senao € obtida para nés por Cristo, entao a parte mais importante de nossa salvagiio nao depende de Cristo! Isso diminuia gloriade Nv 39 Cristo, Etambém écontrario aoensino das Escrituras que dizem que a fé éum dom de Deus (Veja Filipenses 1:29 ¢ Efésios 2:8). 4. Afirmar que Cristo morreu por todos, mas somente alguns que cumprirem certas condigdes poderao ser salvos, éfazé1O apenas meio mediador. Dizem que Ele obteve a salvagaio para todos. Masde que adiantaisso, seEle também naocumpriuascondigdes? —perguntoeu! Portanto, permita-me resumir. Aquilo que Cristo obteve, nao pode ser separado daqueles para os quais Ele 0 obteve. Cristo morreu, nao para que os homens fossem salvos seeles simplesmente cressem; mas Ele morreu por todos os eleitos de Deus, para que eles cressem. Naoé mencionado, emlugaral gum das Escrituras, nem pode serracionalmente afirmadoque Cristomorreu porndssendscréssemos, Isso tornaria nossa crenga a causa daquilo que, de outra forma, nao seria verdade— isto é, nosso ato fariacom que Sua morte fosse para nos! Entretanto Cristo morreu por nés a fim de que créssemos. Eagora, havendo examinado completamente nosso assunto na Primeira Parte ena Segunda Parte, podemos prosseguirnoestudo de alguns argumentos que estabelecema verdade daquiloque eu afirmo. A medida que fizermos isso quero que vocé, leitor, tenhaem mente esses pontos fundamentais que apresentei até aqui. 40 TERCEIRA PARTE Dezesseis argumentos que mostram que Cristo nao morreu pela salvacao de todos os homens Capitulo 1. Doisargumentos baseados na naturezadonovo : 2 concerto 42 2. Trésargumentos baseados nas descrigdes biblicas dasalvagaio 2 44 3. Doisargumentos baseados na naturezada obrade Cristo AT 4. Trésargumentos baseados na natureza dasantidade edafé 48 5. Umargumentobaseado nosignificado da palavra “redencdo” oe 6. Umargumento baseado no significado dapalavra “reconciliagao” . 7. Umargumento baseado nosignificado dapalavra “satisfagao”’. 8. Doisar; gumentos baseados no valordamorte de Cristo. ..... ce we 55 9. Umargumento ger ‘al baseadoem versiculos das Escrituras 41 1 Dois argumentos baseados na natureza do novo concerto Argumento | -Em Mateus 26:28 0 SenhorJesus Cristo falade “omeu sangue, osangue do Novo Testamento”. Este novo “testamento”, ou “concerto” éum novo acordo, ou contrato, que Deus fez para salvar os homens. Osangue de Cristo derramado em Sua morte, € 0 prego desse acordo, e diz respeito somente Aqueles a quem 0 acordo se aplica. Este novo acordo, ou alianga, é diferente do velho acordo que Deus fez com os homens. Pelo velho acordo (ou concerto) Deus prometeu salvar todos os que guardassemas Suas leis: “o homem que fizer estas coisas viverd por elas.” (Romanos 10:5; Levitico 18:5). Mas, emrazaodos homens serem pecadores, eles nao podem guardar as leis de Deus. Portanto, o velho acordo ficou sem efeito. No novo acordo, Deus promete colocar Suas leis em nossas mentes e escrevé-las em nossos coragdes (Hebreus 8:10). E claro, entao, que esse acordo diz respeito somente aqueles em cujos coragées e mentes Deus realmente faz isso. Desde que Deus, obviamente, nao faz isso paratodos os homens, todos os homens nao podemestar incluidos no acordo pelo qual Cristo morreu. Alguns tém sugerido que Deus iria escrever Sua lei em nossas mentes se apenascréssemos. Noentanto, féé amesmacoisa que ter aleide Deus escritaem nossos coragées! Entao, falar como alguns, significa dizer: “se a lei esta em nossos coracées (isto é, como elaé, 42 emtodos os crentes), Deus promete que Ele ira escrever Sua leiem nossos coragdes” — 0 que € uma tolice! Anatureza do novo concerto deixa claro que a morte de Cristo nao foi por todos os homens. Gigumento2> Oevangelho—em outras palavras, as novas sobre o novo concerto — tem estado no mundo desde os tempos de Cristo. Contudo, nag6es inteiras tem vivido semqualquerconhecimentodele. Se 0 objetivo da morte de Cristo era salvar todos os homens, sob a condigao de que eles cressem, entao 0 evangelho devia ter sido anunciado a todos os homens. Se Deus nao providenciou para que todos oshomens ouvissem o evangelho, ent&o, ou deveria ser possfvel que todos os homens fossem salvos sem fé e sem conhecimento do evangelho, ou 0 propésito de salvar todos os homens falhou, uma vez quenem todos oshomens ouviram oevangelho. A primeira afirmativanao pode ser verdadeira, poisafé éuma parte da salvacao (ver Parte Dois, capitulo cinco). A ultima afirmativa também nao pode ser verdadeira; seria proprio dasabedoria de Deus enviar Cristo para morrer afim de que todos os homens fossem salvos, sem, contudo, certificar-Se de que todososhomens ouvissemoevangelho? Seriaabenignidadede Deus demonstradaatravés de tal comportamento? Isso seriacomo se um médico dissesse que temum remédio que curariaadoencade todose, noentanto, escondesse deliberadamente talconhecimentodemuitas pessoas. Poderfamosrealmenteargumentar, nesse caso, que o médico pretendia, genuinamente, curaradoengade todos? Ha muitos versiculos biblicos que deixam claro que milhdes jamais ouviram uma palavra sobre Cristo. Enao podemos apresentar 43 outra razdo para isso, sendo a razao que o préprio Jesus deu: “Sim, 6 Pai, porque assim te aprouve.” (Mateus 11:26). Tais versiculos como Salmo 147:19-20; Atos 14:16; Atos 16:6-7; confirmam os fatos de nossa experiéncia comum de que o Senhor nao tomou qualquer providéncia para assegurar que todos ouvissem o evangelho. Precisamos concluir que nao € propésito de Deus salvar todos os homens. 2 Trés argumentos baseados nas descricées biblicas da salvacao Argumento 3 — As Escrituras descrevem 0 que Jesus Cristo obteve com Suamorte como “redengao eterna” (isto é, nossa libertagao do pecado, da morte e do inferno, parasempre). Ora, se esta béncAo foi comprada para todos os homens, ent&o todos os homens tém esta redengao eterna automaticamente; ou elaesta a disposig&o de todos os homens na dependéncia do cumprimento de certas condi¢des. De acordo com nossa experiéncia, nao é verdade, de maneira alguma, que todos os homens tém redeng4o eterna. Portanto, seriaa redengio eterna disponivel sob certas condigées! Pergunto, Cristo satisfez essas condig6es pornds, ou apenas nos tornamos merecedores do cumprimento dessas condigées se outras condig6es foremcumpridas pornds? A primciradessas afirmativas— que Cristo realmente cumpriu todas as condigSes necessarias quanto ao dom da redengio eterna — significa que todos os homens tém realmente essaredengao; 0 que, como jd temos visto, nao concorda com nossa experiéncia a respeito dos homens! Temos que dizer, portanto, que se Cristo nado cumpriu as condig6es para que todos os 44 homens obtivessem a redengio, Ele deveria ter cumprido essas condigdes apenas por aqueles que cumpririam outras condigées. Estamos agora andando em circulos, fazendo com que aquelas condigdes que foram cumpridas dependam de que outras condigdes sejam cumpridas! Estes argumentos demonstram quio irracional é supor que Cristo morreua fim de obterasalvacio eterna para todos oshomens. Se se insiste ainda que a redengao eterna € obtida sob o cumprimento de certas condigées, entao, todososhomensdeveriam ser notificados. Mas, esse conhecimento lhes tem sido sonegado, como vimos na Terceira Parte, capituloum. Além disso, se a obtengao da redengao eterna depende do homemcumprircondi¢des, ent&o oueles témounao témopoderpara fazer isso. Se sao capazes por si mesmos de cumprir as condigdes necessarias, entdio temos que dizer que todos os homens podem, por si mesmos, crer no evangelho. Mas isso é bastante contrario as Escrituras, as quais mostram que 0s homens estao mortos em pecado e, portanto, nao podem cumprir quaisquer condigoes. Se concordamos que os homens nao podem, por si mesmos, cumpriras condig6es paraa obtengao da salvacao eterna, entao, ou Deus intenta dar-Ihes esta habilidade, ou nao. Se Ele realmente intenta isso, entao, porque nao faz? Assim, todos os homens seriam salvos. Se, entretanto, Deus nao pretende dar a todos os homens a capacidade de crer, e, contudo, Cristo morreu para que todos os homens tenhamasalvacdoeterna, entao, Deus est& requerendo dos homens que tenham habilidades as quais Ele recusadar-lhes. Issonao seria uma loucura? BE como se Deus prometesse dar a um homem mortoo poderde vivificar-se asi mesmo, porémaomesmotempo nao 45 tenhaa intengao de lhe dar 0 poder prometido! Argumento 4— A Biblia descreve cuidadosamente aqueles pelos quais Cristo morreu. Lemos que toda araga humana pode ser dividida em dois grupos, ¢ que Cristo morreu apenas por um desses grupos. Os versiculos biblicos que mostram que Deus dividiu os homens em dois grupos sao: Mateus 25:12 e 32 Joao 10:14 e 26 Jodo 17:9 1 Tessalonicenses 5:9 Romanos 9:1 1-23 Dai aprendemos que ha aqueles a quem Deus ama, e aqueles a quem Ele odeia; aqueles a quem Ele conhece, e aqueles aquem Ele nao conhece. Outros versiculos deixam claro que Cristo morreu apenas por um desses dois grupos. E-nos dito que Ele morreu por: Seu povo Mateus 1:21 Suas ovelhas Joao 10:11 e 14 Sualgreja Atos 20:28 Seus eleitos Romanos 8:32-34 Seus filhos Hebreus 2:13 Acaso nao deveriamos concluir, de tudo isso, que Cristo nao morreu por aqueles que nao sao Seu povo, ou Suas ovelhas, ou Sua Igreja? Ele nao pode, portanto, ter morrido por todos os homens. Argumento 5 — Nao devemos descrever a salvagao de nenhuma maneira diferente daquela que aBibliaadescreve. EaBiblianao diz, em lugar algum, que Cristo morreu “por todos os homens”, ou por cada homem em particular. Ela diz que Cristo deu Sua vida “em 46 resgate de todos”; entretanto, isso nado pode provar que signifique mais que “todas as Suas ovelhas” ou “todos os Seus eleitos”. Se estudarmos cuidadosamente qualquer versiculo queempregaapalayra “todos” e 0 examinarmos em seu contexto, logo estaremos convencidos de que, em lugar algum, as Escrituras dizem que Cristo morreu por todos os homens, sem excegio de nenhum. (Na Quarta Parte, capitulos trés e quatro, vamos considerar, detalhadamente, muitos versiculos biblicos nos quais as palavras “mundo” e “todos” so usadas em conexaéocoma morte de Cristo.) 3 Dois argumentos baseados na natureza da obra de Cristo Argumento 6—Hamuitos versiculos biblicos que falam do Senhor Jesus Cristo tornando-Se responsavel por outros na Sua morte; por exemplo: Ele morreu por nds Romanos5:8 Foi feito maldigao por nds Galatas 3:13 Foi feito pecado pér nds 2 Corintios 5:21 Tais expressdes deixam claro que Cristo estava fazendo algo na qualidade de substituto de outro. Ora, se Ele morreu em lugar de outros, segue-se que todos aqueles cujo lugar Ele tomou devem estar agora livres da ira e do julgamento de Deus. (Deus nao pode punir justamente Cristo e aqueles a quem Ele substituiu!) Contudo, esta claro quenem todos os homens estao livres daira de Deus (ver Joao 3:36). Portanto, Cristo nao pode ter sido o substituto de todos os homens. 47 Se se insiste ainda que Cristo realmente morreu como um substituto de todos os homens, entéio devemos concluir que Suamorte nao foi umsacrificio bastante suficiente, pois nem todos os homens sao salvos do pecado e do julgamento! De fato, se Cristorealmente morreu em lugar de todos os homens, entao, ou Ele Se ofereceu aSimesmocomo um sacrificio por todos os pecados deles (nesse caso, todos os homens sao salvos), ou foi um sacrificio poral guns dos pecados deles apenas (nesse caso, ninguém € salvo, pois alguns pecados permanecem). Nem uma nem outra dessas declaragSes pode ser verdadeira, como nds j4 temos visto neste livro(Primeira Parte, capitulo trés). Deve serevidente que nao podemos dizer, de maneira alguma, que Cristo morreu por todos os homens. Argumento 7—AsEscrituras descrevem anatureza da obra que Cristo realizou, como a obra de um mediador e de um sacerdote: Ele “é Mediador dum novo Testamento” (Hebreus 9:15). Eleagecomoum mediador sendoo sacerdote daqueles que Ele levaa Deus. Que Jesus Cristo nao €0 sacerdote de todos é 6bvio, tanto pelaexperiénciacomo pers Escrituras; nés ja discutimos isso na Segunda Parte, capitulo dois. 4 Trés argumentos baseados na natureza da santidade e da fé Argumento 8—Se a morte de Cristo é 0 meio pelo qual aqueles por quem Ele morreu sao purificados do pecadoe sao santificados, entio Ele deve ter morrido somente por aqueles que realmente esto limpos 48 de pecados e santificados E 6bvio que nem todos os homen santificados. Portanto, Cristo nao morreu portodos os homens. Talvez eu deva provar que a morte de Cristo é, de fato, omeio para obter a purificag&o e a santidade. Vou fazer isso de duas maneiras: I. O padraio de adoragéo do Velho Testamento destinava-se a ensinar verdades a respeito da morte de Cristo. O sangue dos sacrificios do Velho Testamento fezcom que aqueles por quem era derramado se tornassem adoradores aceitdveis a Deus. Se foiassim, quanto mais osangue de Cristo deve realmente purifi do pecado aqueles por quem Ele morreu? (Hebreus 9: 13-14). Ha versiculos biblicos que declaram com clareza que a morte de Cristo faz realmente as coisas que elaintencionava fazer; 0 corpo do pecado € destrufdo, para que nao mais sirvamos ao pecado (Romanos 6:6); temos redengio através do Seu sangue (Colossenses 1: 14); Ele Se deua Simesmo paranos remire nos purificar (Tito 2:14), Estes versiculos,e muitos outros, enfatizam quea santidade é0 resultado certo nas vidas daqueles por quem Cristomorreu. Visto que todos os homens nao sao santos, Cristo nao morreu por todos os homens Alguns sugerem — inutilmente! —que a morte de Cristo ndoéa nica causa dessa santidade. Dizem que ela somente se torna verdadeira ou real quando o Espirito Santo a traz, ou quando € recebida por fé. Mas a obra do Espirito Santo, e o dom da fé, sao também o resultado ouo fruto damorte de Cristo! Assim sendo, essa sugestdo nfo altera o fato que a verdadeira santidade € 0 resultado certo somente nas vidas daqueles por quem Cristo morreu. Ofatodo juiz. dar permissao ao carcereiro para destrancar a porta da prisao, nao éacausa do prisioneiro ser postoem liberdade; acausaé quealguém pagou seus débitos porele. i) 49 Argumento 9—A fééessencial Asalvacao. Issoé claro nas Escrituras (Hebreus | 1:6) eamaioria das pessoas aceita ofato. Todavia, como jatemos visto, tudo que é necessirio paraa salvacao foi obtido para nos por Cristo. Ora, se esta fé essencial é obtida para todos os homens por Cristo, entéo € nossa com ou sem certas condigdes. Se é sem condig6es, ent&o todos os homens a tém. Mas isso é contrario a experiéncia, etambém as Escrituras (2 Tessalonicenses 3:2). Se afé € dada somente sob certas condicées, entao eu pergunto: sob que condig6es? Alguns dizem que a fé é dada sob a condigdo de que nés nao resistamos a gracade Deus. Contudo, nao resistir significa, realmente, obedecer. Obedecer significa crer. Portanto, o que estes amigos realmente estao dizendo é: “a fé € concedida somente aqueles que créem” (isto é, Aqueles que tém fé!). Isso é completamente absurdo. Poroutrolado, alguns argumentam que aféndo € obtidaparanés pela morte de Cristo. Entao, seria a fé um ato de nossa prépria vontade? Mas isso é bastante contrario Aquilo que muitos versiculos biblicosensinam, ¢ ignorao fato de que os incrédulos est4o mortosem pecados, incapazes de realizar qualquer ato espiritual (1 Corfntios 2:14). Portanto, volto a posigao de que a fé € obtida por Cristo. A fé é uma parte essencial da santidade. No Argumento’8, mostrei que a santidade é obtida para nds pela morte de Cristo. Portanto, Ele também obteve afé paranés. Negarissoé dizer que Ele obteve apenas uma santidade parcial, isto é, uma fé deficiente. Ninguém sugere isso seriamente. Mais ainda, Deusescolheu Seu povo, como nos é dito, afim de que ele fosse santo; Deus “nos elegeu ... para que féssemos santos” (Efésios 1:4). Repetindo,afé éuma parte essencial dasantidade. Ao 50 cleger Seu povo para ser santo, necessariamente Deus decidiu queele teria fé. Era parte do pacto entre Deus, 0 Pai,e Deus, 0 Filho, que todos aqueles por quem Cristo morreu tivessem as béngdos que o Pai tencionava dar-lhes. A fé éuma das béng&os que o Pai da (Hebreus 8:10-11). As Escrituras afirmam claramente gue a fé € obtida para nds por Jesus Cristo, que € “o autor e consumador da fé.” (Hebreus 12:2). Declaracdes comoestae as declaragGes dos trés pardgrafos acima, que acabamos de ler, confirmam, todas elas, que a morte de Cristo obtém fé para Seu povo. Visto que nao so todos os homens que a tém, Cristo nao pode ter morrido por todos os homens. Argumento 10 — O povo de Israel era, de muitas maneiras, uma espécie de ilustrag&o da Igreja de Deus do Novo Testamento (1 Corintios 10:11). Seussacerdotese sacrificioseramexemplos daquilo que Jesus viria fazer pela Igreja de Deus. Jerusalém, a cidade deles, éusada como uma figura do céu do crente (Hebreus 12:22), Um verdadeiro israelitaé umcrente (Jodo 1:47) eum verdadeiro crenteé um israelita (Gdlatas 3:29). Portanto, eu argumento da seguinte maneira: Se a nagio dos judeus foi escolhida por Deus, entre todas as nagées do mundo, parailustrar Suas relagGes coma Igreja, segue-se, entdo, que amorte de Cristo foi somente pelalgrejaenio pelo mundo todo. A maneiracomo Deus tratou 0 Seu povo escolhido no Velho Testamento éumailustragdo de quea sal vagao obtida por Cristo nao é para todos os homens, mas é apenas para o Seu povo escolhido. 5 Um argumento baseado no significado da palavra “redencio” Argumento I] ~AmaneiracomoaBibliadescreve umadoutrinadeve nos ajudar aentendera doutrina. Umapalavrabiblicaque é usada para descreverasal vagao obtida por Cristo éapalavraredencdo. Exemplo: “., temos a redengao pelo seu sangue” (Colossenses 1:14). Essa palavra significa “libertar uma pessoa do cativeiro através do pagamento de um prego.” A pessoa nio esta redimida a nao ser que sejalibertada. Por isso,aprépria palavra nos ensina que Cristo nao pode ter obtido a redengao para aqueles que nao esto livres. A reden¢ao universal (assim chamada!) que finalmente deixa alguns ainda no cativeiro é umacontradigao de termos. O sangue de Cristo é realmente chamado de preco, e de resgate, em alguns versiculos biblicos (Veja Mateus 20:28). Ora, o propésito de um resgate € obter a libertagao daqueles pelos quais 0 preco é pago. E inconcebivel que um resgate seja pago e a pessoa ainda continue prisioneira. Por conseguinte, como pode ser argumentado que Cristo morreu por todos os homens, quando nem todos os homens sao salvos? Somente os que estao realmente livres do pecado podem ser aqueles por quem Cristo morreu. “Redengio” nao pode ser “universal”, como “romano” nao pode ser “catdlico”! A redengao tem que ser particular, visto que somente alguns sao redimidos. 52 6 Um argumento baseado no significado da palayra “reconciliacao” Argumento 12—-Uma outra palavra que a Biblia usa para descrever aquiloque Cristo obteve mediante Suamorte, €apalavrareconciliagdo: “inimigos...vos reconciliou.” (Colossenses 1:21). Reconciliagao quer dizer restaurar as relacdes de amizade entre duas partes que anteriormente eram inimigas. Nasalvagao, da qual aBiblianos fala, Deus éreconciliado conosco e nés somos reconciliados com Deus. Estas duas coisas tém que ser verdadeiras; a reconciliag&o de uma parte e da outra sao dois atos separados, mas ambos sao necessarios para tornar uma reconciliagado completa. Eumatolice sugerir que Deus, por intermédio da morte de Cristo, agoraestéreconciliadocom todos os homens, mas que somente alguns homens esto reconciliados com Ele. Espero que ninguém sugira que Deus e todos os homens estao reconciliados dessa mancira. Isso seria uma reconciliagio capenga! Nao ha verdadeira reconciliagdo a menos que ambas as partes estejam reconciliadas umacom a outra. Oefeito da morte de Cristo foi areconciliagao tanto de Deus com os homens como os homens com Deus: “fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho” (Romanos 5:10) e “nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcangamosa reconciliagao.”” (Romanos 5:11). Ambas as reconciliagGes sao, também, mencionadas em 2 Corintios 5:19-20 — “Deus ... reconciliando consigo”, e “vos reconcilieiscom Deus”. Ora, como esta dupla reconciliagao pode ser “reconciliada” coma nogao de que a morte de Cristo € para todos os homens, eu nao posso entender! Porque, se todos os homens sao, pela morte de Cristo, assim duplamente reconciliados, como pode acontecer que a ira de Deus esteja sobre alguns? (Jodo 3:36). Sem dtvida alguma, Cristo somente pode ter morrido por aqueles que est&o realmente reconciliado. 7 Um argumento baseado no significado da palavra “satisfacao” Argumento 13 verdade que a palavra satisfagdo ndo é usadana versao inglesa da Biblia, com referénciaa morte de Cristo. Mas, aquilo que a palavra significa, isto é, “um pagamento total daquilo que € devidoaumcredorporum devedor”éum pensamento freqiientemente usado no Novo Testamento, quando se refere 4 morte de Cristo. Em nosso caso, os homens sio devedores a Deus, pois falharam em obedecer aos Seus mandamentos. A satisfacdo requerida para pagar nosso pecado € a morte — “o saldrio do pecado é a morte” (Romanos 6:23). As leis de Deus nos acusam, expressando a justiga ea verdade de Deus. Perante elas estamos convictos de que somos seus transgressores, merecendo, portanto, morrer. A salvagio sé é possivel se Cristo pagar nosso débito e, assim, satisfazer ajusticade Deus. Sua morte é chamada de uma “oferta” (Efésios 5:2) e de “propiciagao” (I Joao 2:2). A palavra oferta significa um sacrificio de expiagao ou um sacrificio para fazer reparagao devido o pecado. Propiagdao significa uma oferta para satisfazer a justiga ofendida. Dessa forma, podemos usar corretamente a palavra satisfagdo para abranger todo oensino biblico quanto ao significado da morte de Cristo. 54 Ora, se Cristo pela Sua morte realmente fez uma satisfag4o por alguns, entao Deus precisaagoraestar completamente satisfeitocom eles. Deus nao pode requerer licitamente um segundo pagamento de qualquerespécie. Entao, como pode ser que Cristo tenhamorrido por todos os homens e ainda muitos vivamemorramcomo pecadores sob acondenagio da lei de Deus? Reconciliem essas coisas aqueles que podem! Afirmo que somente os que estdo realmente livres do débito nesta vida podem ser aqueles pelos quais Cristo pagou a satisfagao. 8 Dois argumentos baseados no valor da morte de Cristo Argumento 14—O Novo Testamento fala, freqiientemente, do valor damorte de Cristo, coma qual Ele p6de comprare obtercertas coisas. Exemplo: é dito que a redengao eterna é obtida “por seu prdprio sangue” (Hebreus 9:12); 6 dito que a Igreja de Deus foi resgatada “com seu proprio sangue.” (Atos 20:28); ¢ os crist4os sao chamados “povo adquirido” (1 Pedro 2:9). Cristo por Sua morte, entéo, comprou para todos aqueles por quem Ele morreu, todas aquelas coisas que a Biblia salienta como resultados de Suamorte. O valor da Sua morte comproua libertagaio do poder do pecado e daira de Deus, da morte e do poder do diabo, damaldic¢ao daleiedaculpado pecado. O valordaSuamorte obteve areconciliac&o com Deus, paze redencao eterna. Estas coisas sa0 agora dons gratuitos de Deus, porque Cristo as comprou. Se Cristo morreu por todos os homens, por que entao todos os homens nao tém essas coisas? Sera que o valor da Sua morte nao é suficiente? Sera 55 que Deus € injusto por nao dar a todos aquilo que Cristo comprou? Tem que ser 6bvio que Cristo nao pode ter morrido paraadquiriressas coisas para todos os homens, e sim somente para aqueles que realmente desfrutam delas. Argumento 15 —Hafrases que sao freqiientemente empregadas para se fazer referéncia 4 morte de Cristo, tais como: morrendo por nés; suportando nossos pecados; sendo nossa seguranca. O significado evidente de tais frases é que Cristo, em Sua morte, foi um substituto de outros para que eles pudessem ser livres. Se, em Sua morte, Cristo foi um substituto de outros, como podem eles mesmos morrerem também, carregando ainda seus préprios pecados? Assim sendo, Cristo ndo pode ter sido um substitutoa favor deles. Daj, ficaclaro que Ele no podeter morrido por todos os homens. De fato, dizer que Cristo morreu portodos os homens éamaneira mais rapida de provar que Ele nao morreu por ninguém. PorqueseEle morreuem lugar de todos, e, contudo, nem todos sao salvos, ent&o Ele falhouem Seu propésito. 9 Um argumento geral baseado em versiculos especificos das Escrituras Argumento 16—Haum grande ntiimero de versiculos biblicos que eu poderiausar para argumentar que Cristo nao morreu pelos pecados de todos os homens. Vou selecionar apenas nove, e, com eles, encerrar nossos argumentos nesta parte. 1. Génesis 3:15. Este é0 primeiro versiculo biblico no qual Deus 56 indicaquehéumadiferengaentre o povo de Deuse seusinimigos. “...suasemente” (damulher) significa Jesus Cristo e, portanto, também todos os crentes em Cristo, (isso é claro a partir do fato de que a profecia sobre a semente da mulher é cumprida em Cristoeem Seu povo). “...tuasemente” (daserpente) significa todos os homens incrédulos do mundo (Veja Joao 8:44). Desde que Deus prometeu somente inimizade entre a semente da serpente easemente da mulher, é 6bvio que Cristo, asemente da mulher, nao morreu pelasemente da serpente! Mateus 7:23. Cristo aqui declara que ha pessoas que Ele jamais conheceu. Todavia, em outro lugar (Joao 10: 14-17) Ele diz que conhece todo o Seu povo. Seraé que Ele nao conhece todos aqueles por quem morreu? Se ha alguns que Ele nao conhece, entéo Ele nao pode ter morrido poreles. Mateus 11:25-27. Conforme estas palavras, é claro que ha alguns dos quais Deus esconde o evangelho. Se €a vontade do Pai que oevangelho nao sejarevelado aeles, Cristo no pode ter morrido por eles. Ends devemos notar que Cristo, aqui, agra- deceaoPai por fazeresta diferenca entre homens—umadiferenga que somentealguns homens aindaserecusam aacreditar! Joao 10:11, 15-16, 27-28. Destes versiculos fica bastante claro que: a. Nemtodos os homens sio ovelhas de Cristo. b. Adiferenga entre os homens um dia sera 6bvia. c. Asovelhas de Cristo sao identificadas como “aquelas que ouvem a voz de Cristo”: outros nao aouvem. d. Alguns que ainda nao sido identificados como ovelhas ja estaio escolhidose se tornario conhecidos (“‘outras ovelhas”). e. Cristomorreu, nao por todos, mas especificamente por Suas ovelhas. 57 f. Aqueles por quem Cristo morreu sao os que Lhe foram dados pelo Pai. Ele nao pode, entio, ter morrido poraqueles que nao Lhe foram dados. 5. Romanos 8:32-34. Destes versiculos entendemos com clareza que amorte de Cristo pertence somente ao povo eleitode Deus e, também, que aintercessao de Cristo é somente em favordesse mesmo povo, 6. Efésios 1:7. A partir deste versiculo, podemos dizer que se o sangue de Cristo foi derramado por todos, entaio todos devem ter esta redencao e este perdao. Mas, certamente, nem todas as pessoas os possuem. 7. 2Corintios 5:21. Portanto,em Sua morte Cristo foi feito pecado por todos aqueles que nEle foram feitos justiga de Deus. Se Ele foi feito pecado por todos, entio, por que todos nao sao feitos justia? 8. Joao 17:9. A intercessao de Cristo nao é por todos os homens, e, portanto, nem a Sua morte o foi. (Veja Segunda Parte, capitulos quatroe cinco). 9. Efésios 5:25. Cristo amaaIgrejae isso é um exemplo de como umhomem deveamarasuaesposa. Ora, se Cristo amou outros tanto quanto a Sua Igreja, até ao ponto de morrer poreles, entao os homens podem certamente amar outras mulheres além de suas esposas! Pensei que poderia acrescentar outros argumentos — mas, considerando aquilo que ja disse, estou certo de que 0 que ja foi argumentado é bastante para satisfazer os que se satisfaraio com argumentos; noentanto, aqueles que sao obstinados nao se satisfarao ainda que eu inclua outros argumentos. Portanto, encerro rneus argumentos aqui. 58 QUARTA PARTE Respostas a argumentos que postulam a redencao universal Capitulo 1. Respostas a quatro razGes gerais freqiientemente dadas afavor da redengao universal 2. Explicag4o preliminar daqueles versiculos onde é empregada a palavra “mundo” . Umestudo detalhado sobre Joao 3:16 . . Umestudo detalhado de | Joao 2:1-2 . Explicagdes breves sobre seis passagens das Escrituras 78 . Explicagiio dos versiculos onde sao empregadas as palavras “todos os homens” ou “cada homem’”........ 80 7. Explicagao sobre aqueles versiculos que parecem, sugerir que aqueles por quem Cristo morreu, ainda podem perecer ... 8. Exposigao de alguns An hw aciocinios erroneo: N.B. Nesta parte a disposigdo dos capitulos esta um pouco dife- rente da de John Owen, de modo a tornar a apresentagdo um pouquinho mais clara. 59 1 Respostas a quatro razoes gerais freqiientemente dadas a favor da redencao universal Razéo | —Existem passagens das Escrituras que falam em termos muito gerais e indefinidos sobre aquilo que Cristo realizou mediante Sua morte. Portanto, alega-se que Sua morte nao pode ter sido por um propésito particular ou limitado. Por exemplo, as Escrituras falam do valor infinito da morte de Cristo. Fala-se delacomo derramamento do “Seu proprio sangue” (Atos 20:28). Também é mencionadacomo sendoum oferecimento “jmaculado” que é feito através do “Espirito eterno” (Hebreus 9:14). O sangue de Cristo é descrito como “precioso”, mais precioso do que prataou ouro(1 Pedro 1: 18). Ora, se amorte do Filho de Deus possui tao evidente e infinito valor, nao deveria ser suficiente para todos os homens? N6s nao negamos que a morte de Cristo teve o valor suficiente pararedimir todos os homens. O nosso pontosalienteé: as Escrituras deixam claro que ela nao intencionava ser um resgate para todos os homens. Esse argumento é desenvolvido mais completamente nos capitulos dois, trés, quatro, cinco e seis. Alguns podem refutar: se Cristo n&o morreu por todos, entdo nfo adianta pregar para todos, como nos € ordenado a fazer (Mateus 28:19). Minha resposta é a seguinte: 1. Haalguns, de todas as nagdes, que hao de ser salvos, o que nao pode ser feito amenos que o evangelho sejapregado a todas as 60. nagdes. 2. Visto que nao ha, agora, privilégios especiais paraanagio dos judeus, o evangelho precisa ser pregado a todos sem distingao. 3. Ochamadofeitoaos homens para quecreiamnao é,emprimeiro lugar, um chamado paracrerem que Cristomorreu especificamente por eles, mas sim um chamado para crerem que nao ha outro seniio Jesus pelo qual a sal vagaio é anunciada. 4. Ospregadores jamais podem saber quais sao os eleitos de Deus entre as pessoas que se acham em seus auditorios. Precisam, portanto, convidar todos acrereme prometer que tantos quantos. fizerem isso sero salvos, pois ha poder suficiente na morte de Cristo para salvar todos quantos crerem. Estes pontos devem ser suficientes para deixar claro que 0 evangelho precisa ser pregado a todos, embora nem todos serao salvos. (Aesta altura do livro John Owen temum longo trecho sobre o uso dos termos “mundo” e “todos os homens”, que nés transferimos para os capitulos doise seis, respectivamente.) Razéio 2 - As vezes as Escrituras parecem sugerir que alguns pelos quais Cristo morreu nao s&o realmente salvos. Com base nesse pensamento insinua-se que Cristo deve ter morrido por todos, mas somente alguns conseguiram cumprir as condigdes necessarias. Precisamosentender que as Escrituras freqiientementedescrevem as pessoas por sua aparéncia externa, e nao por seu estado interior. Jerusalém, por exemplo, échamada de “acidade santa” (Mateus 27- 53). Nao devemos, porém, entender que Jerusalém era realmente santa, Demodo semelhante, as Escrituras freqiientemente descre- 61 vem as pessoas como “santas” ou “santificadas” ou até mesmo como “eleitos” porque elas estavam exteriormente ligadas a comunidades decrentes. Paulo disse arespeito dos crentes filipenses: “como tenho por justo sentir isto de vés todos”. (Filipenses 1:7). Nao podemos concluir disso que todos para os quais Paulo escreveueram verdadeiramente crentes. Paulo os estava avaliando conforme o melhorconhecimento que tinhadeles. Assim, seal guns abandonaram a fé, nao podemos dizer que Deus pretendia salvar a todos, porém somente alguns perseveraram. Todo aquele que recai jamais foium verdadeirocrente, apesar de sua aparénciaexterior indicar que cle era. (Este argumento ser melhor desenvolvido no capitulo sete). Razdo 3— As Escrituras as vezes sugerem que asalvacaoé geralmente oferecidaatodos, se simplesmentecrerem, Esse pensamentolevaa conclusao de que Cristo deve ter morrido por todos. E verdade que a fé e a salvagio esto sempre ligadas nas Escrituras. Aquele que crer, sera salvo. Entretanto isso nao significa outra coisa, sendo que todos os crentes serao certamente salvos. Nao pode significar que Deus pretendia salvar a todos, se todos cressem, porque: 1. Deus nao oferece, de fato, vida eterna a todos os homens. A maior parte da humanidade jamais ouviu oevangelho. 2. Osmandamentos gerais de Deus nao nos dizem quais seriam Suas inteng6es particulares. Num sentido geral, Seu mandamentoé que os homens Lhe obedegam. Mas, por exemplo, no caso de Fara6,emparticular, as intengdes de Deus eram diferentes de Seus mandamentos, poisEleendureciaocoracaode Faraé (Exodo 4-21) ao mesmo tempo que lhe ordenava que obedecesse a Ele. 3. Apromessadoevangelhoensinarealmente que haumaconexdo 62 indestrutivel entre fé e salvagdo. Contudo isso nao significa que Deus intenta que todos creiamese arrependam, caso contrario, qual é, ent&o, o propésito daeleigao divina? Se Ele pretendesse salvar a todos, por que eleger somente alguns? E, de qualquer maneira, se Ele pretendia salvar a todos, por que falhouno Seu propésito? (Nao adianta argumentar que Ele falhou porque os homens nao iriamcrer; Deus certamente sabia de antemao que. eles nao iriamcrer; por que, entao, pretender aquilo que Ele sabia que nao poderiarealizar?). Alémdisso, o fato de que crentese incrédulos vivem misturados uns com 0s outros, e de que 0 pregador nao pode dizer com certeza quais sao e quais nao so os eleitos de Deus, significa que ele precisa pregar atodos de modo geral. Isso nao significa que a promessado evangelho é feita a todos em geral, mas simplesmente que ela é declarada a todos em geral. Uma vez que Cristo é recebido apenas pela fé, e visto que a fé é o dom de Deus para aquele aquem Ele quer dar, € claro que Ele nao tem como propésito a salvagio daqueles a quem Ele nao daa fé. Razéo 4 — Se Cristo néo morreu por todos os homens, entao, as exortagdes das Escrituras de que todos devemcrer, porventuraseriam sem valor? Epreciso: entender que a fé, arespeito da qual falamas Escrituras, tem variosestagios de crescimentoe uma ordem légica paraserusada, Nio devemos pensar que as exortagGes para que se creia, contidas nas Escrituras, exigem que cada um creia que Cristo morreu a seu favor, em particular. H4 outras coisas aserem cridas, as quais todos os homens podemreceber. Ninguémé ordenado acreremalgo para oqual nao hajasuficienteevidéncia. Porexemplo: 63 1. Aprimeiracoisaem que os homensdevemcrer€é que nao podem salvar-se asi mesmos porque s&o pecadores. Todo homemtem evidéncia para isso em si mesmo, como Paulo mostra nos primeiros trés capitulos de Romanos. Quantos nao iro nem mesmo chegar acrer nisso, embora tenham bastante evidéncia para fazé-lo! 2. Oevangelhoconvidaos pecadoresacrer que Deus providenciou um meiode salvagao através de Jesus Cristo. Milhdes tém ouvido isso, porém se recusam a aceitar, nado obstante haja muita evidéncia para isso! 3. O evangelho convida os pecadores a crer que nao h4 outro Salvador dos homens, senao Jesus Cristo, Foiexatamente isso que os judeus se recusaram acrer e, pelo contrario, chamaram Cristo de inimigo de Deus. Estes convites gerais no sao feitos porque Cristo morreu por todos, mas porque essas verdades sao evidentes para todos. E somente depois que esses atos de fé sao efetuados, é que alguém é chamado acrer que Jesus morreu em seulugar, em particular. Algumas pessoas jaobservaram que 0 Credo dos Apéstolos (aquele antigo resumo da religiao crista), colocaem ultimo lugar, na ordem das coisas em que se deve crer, “o perdao dos pecados ea vidaeterna”; isso significa que antes que cheguemos tao longe, ha outras coisas nas quais € necessario crer, e para as quais hd grande evidéncia. Voltaremos a este argumentonocapitulo oito. 64 2 Explicacio preliminar daqueles versiculos onde é empregada a palavra “mundo” Num certo sentido, relutoem mencionar qualquer passagem das Escrituras que tenha sido usada para sustentar a idéia de que Cristo morreu por todos os homens. Issondo € porque tais versiculos sao, paramim, dificeis de explicar, mas porque eu nao queronem mesmo mencionar tal inverdade. Suponho, porém, que a maioria desses versiculos ja foi levadaao conhecimento de meus leitores por aqueles que se apegam a esse erro. Portanto, agora preciso dar-vos as respostas com as quais poderao responder aeles. Nao se deixem levar pelo mero som das palavras. Lembrem-se sempre datendéncia geral doensino biblico, e nunca interpretem um versiculo de formacontrariaa tendéncia geral de todas as Escrituras. Por exemplo, nds podemos mostrar que a palavra “mundo” deve significar aquilo que os versiculos do contexto fazem com que ela signifique. Hacincousos diferentes dessa palavra. 1. Ouniversomaterial ou aterrahabitavel: J6 34:13, Mateus 13:38, Atos, 17:24, Efésios 1:4 e varias outras passagens. 2. Opovodomundo: todos sem excecdo Romanos 3:6 todossem diferenga Joao 7:4 muitoshomens Mateus 18:7 amaioriadoshomens RomanosI:8 oImpério Romano Lucas 2:1 65 homens bons Joao 6:33 homens maus Joao 14:17 e varias outras passagens. 3. Omundocomoumsistemacorrupto: Galatas 6:14, e varias outras passagens. 4. Acondig&éohumana: Joao 18:36, e varias outras passagens. 5. Oreino de satands: Joao 14:30, e varias outras passagens. Alguns podem alegar que uma palavra deve ter sempre o mesmo significado todas as vezes que é empregada nas Escrituras. Eu respondo: isso nao pode estar correto, pois hd alguns lugaresem que as Escrituras atribuem significados diferentes 4 mesma palavra, na mesma frase. Em Mateus8:22,“mortos” significa,em primeiro lugar, espiritualmente mortos; e, em segundo lugar, camente mortos. Em Joao 1:10, “mundo” significa, em primeiro lugar, a terra habi- tavel;em segundo lugar, o planeta Terra; e, emterceiro lugar, alguns homens daterra. a Além disso, sea palavra “mundo” é algumas vezes empregada para significar menos que todos os homens, entéo, nado pode ser argumentado que ela deve sempre significar todos os homens, e ha varios lugares onde a palavra significa, claramente, menos que todos oshomens. : Lucas 2: 1—“todo omundo” —isso significa claramenteo Impétio Romano. Nao pode significar todas as pessoas do mundo. Joao 1:20—“e o mundo nao o conheceu”~mas alguns homens realmente creram nEle. “Mundo”, portanto, ndo pode significar todas as pessoas. Jodo 8:26 —“falo ao mundo” — mas somente certos judeus O 66 ouviram falar. “Mundo” nao pode significar todas as pessoas. Jodo 12:19 — “toda a gente vai apés ele” “ — Isso s6 pode significar quea maioria da naga. judaicaforaapés Ele. Nao pode significar todas as pessoas. 1 Joao 5:19 — “todo o mundo” — mas hé muitos crentes verdadeiros, no mundo, que obviamente nao estao em poder domaligno. “Mundo” nio pode significar todas as pessoas. Portanto, a palavra “mundo” significa, geralmente, apenas alguns individuos do mundo. No vejo razdo pela qual a palavra deva significar qualquer outracoisanaquelas passagens emqueelase refere Asalvacao. Aposestas observagées gerais, vamos verificaralguns versiculos onde é empregado o termo “mundo”, tais como Joao 1:29; 4:42; 6:51; 2 Corfntios 5:19 e 1 Joao 2:2. Baseando-se em tais versiculos, algunsargumentam: 1. Omundocontém todos ecadaum dos homens. 2. Afirma-se que Cristo morreu pelomundo. 3. Portanto, Cristo morreu por todos e por cada um dos homens. Este racioc{nioé falho, porque apalavra “mundo” estdsendousada em dois sentidos diferentes. Na primeira afirmacao, “mundo” significa o planeta Terra. Na segunda, a palavra é empregada para designaras pessoas do mundo. Nao hdumasignificagaocomumentre as duas afirmagées. Entio,aconcluséo deve ser falsa(amenos que se queira provar que Cristo morreu pelo planeta Terra). Alguns tentaramreescrever 0 argumento daseguinte maneira: Emalgumas passagens das Escrituras, “mundo” significa todos l () Eminglés: “the whole world is gone after him" —0 mundo todo vai apés Ele. Nota do tradutor. 67 ecadaum dos homens. 2. Diz-se que Cristo morreu pelo mundo. 3. Portanto, Cristo morreu por todos e por cada um dos homens. Este argumento é falho também, porque nao se pode tirar uma conclusio universal, quandoa primeira afirmagaose refere somente ao sentido limitado de uma palavra ou frase, como acontece com a expressao “algumas passagens”. Além disso, devo insistir que,em muitas passagens, a morte de Cristo estarelacionada apenas as “Suas ovelhas” ou a “Sua Igreja”. Assim, uma vez mais, 0 argumento precisa ser reescrito, da seguinte forma: 1. EmalgumaspassagensdasEscritu todos ecadaum dos homens. 2. Emalgumaspassagens das Escriturasesta registrado que Cristo morreu pelo mundo todo. 3. Portanto, Cristo morreu por todos e porcadaum dos homens, Deve ser evidente para todos, que esse argumento € ridiculo! E necessario mostrar que “algumas pas: sagens” da afirmagao | sfio as mesmas “algumas passagens” da afirmagiio 2. Se assim nao for, o argumento nao prova coisa alguma. E, de qualquer forma, nao é possivel tirar uma conclusao universal de uma premissa limitada, como acabamos de ver. Assim, de forma preliminar, penso que apresentei os erros dos argumentos baseados no uso da palavra “mundo”. Ouso dizer que argumentos mais fracos jamais foram produzidos numa causa tao importante por homens ponderados. Mas, deixando de lado os argumentos, vamos para as Escrituras. ‘apalavra‘mundo” significa 68 3 Um estudo detalhado sobre Joao 3:16 Muitas vezes este versiculo é usado para ensinar que: “amou” = Deus tem tal anscio natural pelo bem de... “mundo” = toda a raga humana, em todas as €pocas e tempos ... “deu” = Ele deu Seu Filho para morrer, na verdade, nao para salvar qualquerum, mas... Tale “todo aquele que” = para que qualquer um que tenha a tendéncia natural paracrer... “tenha” = possa, assim, obter a vida eterna. ; = Contrastando comisso, nds entendemos que o versiculo ensina: “amou” = Deus tem um amor tao especial, tao supremo, que Ele determinou... “mundo” =que todo 0 Seu povo, dentre todas as ragas, fosse salvo... “deu” = ao designar Seu Filho para ser um Salvador adequado ... “todo aquele que” =deixando claro que todos os crentes, ¢ somente eles... / ; =" “tenha” = tenham, efetivamente, todas as coisas gloriosas que anejou paraeles. ; Fr eee ie a serem cuidadosamente estudadas aqui. Em primeiro lugar, oamordeDeus;em segundolu, gar, ° objeto do amor de Deus, aqui chamado de “o mundo”; emterceiro lugar, ainten¢do. do amor de Deus: para que os crentes “nao peregam’”. 1. E importante entender que nada que sugira que Deus € imperfeito deve ser dito a respeito dEle. Sua obra é perfeita. No entanto, se for argumentado que Ele tem um anseio natural quantoa 69 salvacgdo de todos, entao, o fato de todos nZo serem salvos deve significar que Seu anseio é fraco e Sua felicidade éincompleta. Além disso, as Escrituras nao afirmam,em lugar algum, que Deus é naturalmente inclinado ao bem de todos. Ao contrario, é evidente que Deus é completamente capaz de ter misericérdia daqueles pelos quais Ele tera misericordia. Seu amoréumato livre de Sua vontade, nao uma emogiio produzida nEle por nosso estado miservel. (Se fosse a miséria que tivesse atrafdo o anseio natural de Deus para ajudar, ent4o Ele deveria ser misericordioso paracom os deménios e os condenados!) O amor que é aqui descrito é um ato supremo e especial da vontade de Deus, dirigido particularmente aos crentes. As palavras “de tal maneira” e “para que” enfatizamacaracteristica incomum desse amor eo claro propésito desse amor no sentido de salvar os crentes da perdi¢ao. Entao, este amor nao pode ser uma afeigéocomum por todos, desde que alguns realmente perecem. Outros versiculos das Escrituras também concordam que esse amor de Deus éumato supremoeé dirigido especialmente aos crentes, como, porexemplo, Romanos 5:8 ou | Joao 4:9-10. Ninguémfalaria de umainclinagio natural parao bem de todos, através de maneiras tao enfaticas comoestas. Eclaro que Deus quer o bem de todos a quem Ele ama. Entao, segue-se que Ele ama somente aqueles que recebem esse bem. O mesmo amor que O levoua dar Seu Filho, Jesus Cristo, fazcom que Ele dé também todas as outras coisas necessdrias, “Aquele que nem mesmo a seu proprio filho poupou, antes o entregou por todos nés, como nos nao dard também com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32). Assim, este amor especial de Deus pode, portanto, sersomente por aqueles que realmente tenham recebido gracae gloria. 70 Ora, leitorcristao, vocé precisa julgar: pode o amor de Deus, que deu o Seu Filho, serentendidocomo um sentimento de boa vontade para com todos em geral? Nao sera, ao invés disso, o Seu amor especial paracomoscrentes eleitos? 2. Precisamos examinar 0 que € 0 objeto desse amor de Deus, aquichamadode“omundo”. Algunsdizem: isso devesignificar todos e cada um dos homens. Eu jamais consegui ver como isso poderia significar tal coisa. J4demonstramos os diferentes sentidos comquea palavra “mundo” é usada nas Escrituras. E, em Jo%o 3:16, 0 amor mencionado noprincfpio eo propésito no final, néo podem concordar como significado de “todos e cada um dos homens” queé imposto, por alguns, sobre “o mundo”, o qual ocorre no meio do versiculo. De nossa parte, entendemos que essapalavrasignificaos eleitos de Deus espalhados pelomundoentre todas asnagoes. Os beneficios especiais de Deus jd nao sao para os judeus somente. oO sentido é: “Deus amou os Seus eleitos em todo o mundo detal maneira, que deu o Seu Filho com esse propdsito, para que os crente pudessem ser salvos por Ele.” Ha varias razGes que corroboram esse ponto de vista. Anaturezado amor de Deus conforme jaexaminamos aqui, nao pode ser consideradacomo sendoestendidaatodos eacadaumdos homens. O“mundo”, neste versiculo, tem que ser aquele mundo que realmente receba a vida eterna. Isso é confirmado pelo versiculo seguinte—Joao3:17—onde, naterceiraocorrénciado termo “mundo”, €éafirmado que o propésito de Deus ao enviar Cristo foi para queo mundo fosse salvo”. Se “mundo” se refere aqui a quaisquer pessoas senao aos crenteseleitos, entdo Deus falhouno Seu propésito, Nao ousariamos admitir isso. Nao é raro, de fato, o povo de Deus ser designado por termos, 7 tais como: “mundo”, “toda a carne”, “todas as nagdes”, e “todas as familias da terra”. Em Jodo 4:42, por exemplo, é afirmado que Cristo € 0 Salvador do mundo. Um Salvador de homens nao salvos seriaumacontradigaoemtermos. Assimsendo, aqucles que aqui sao chamados de “o mundo” tém que serapenas aqueles que sao salvos. _ _ Havariasrazdes porque oscrentes so chamados de“o mundo”. E para distingui-los dos anjos; para rejeitarjudeus jactanciosos que pensavam ser apenas eles 0 povo de Deus; para ensinar a distingao entrea velhaalianga feitacom umas6nagao,e anova—naqual todas as na¢des domundo se tornariam obedientes a Cristo; e para mostrar a condigao natural dos crentes como criaturas terrestres e deste mundo, Se for ainda argumentado que “mundo” aqui se refere a todos eacadaumdos homens como sendoo objeto do amor de Deus, entao, por que Deus nao revelou Jesus a todos a quem Ele tanto amou? E muito estranho que Deus desse Seu Filho para eles, e, no entanto, nunca lhes falasse desse amor, pois milhdes jamais ouviram o evangelho! Como pode ser dito que Ele ama todos os homens, se,na Sua providéncia, esse amor nao chega a ser conhecido por todos os homens? Finalmente, “mundo” nao pode significar todos e cada um dos homens, amenos que estejamos dispostos aadmitir que: © amor de Deus em relagao a muitos é em vio, porque eles perecem. Cristo foi enviadoem favor de milhdes que jamais Oconheceram. Cristo foi enviadoem favor de milhées que nao podemcrernEle. Deus muda Seu amor para abandonar aqueles que perecem (ou isso, ou Ele continuaaamé-losno inferno). Deus nao consegue dar todas as coisas Aqueles pelos quais Ele deu Cristo. 72 Deus nao sabe de antemfo quem vai crere ser salvo. Nao podemos admitir tais absurdos; “mundo” s6 pode significar aquelas pessoas espalhadas pelo mundo, que sao os eleitos. 3. Afirma-se queamaneira pela qual os eleitos de Deus chegam, realmente, aobtera vida que estéem Seu Filho é através do atodecrer. E “cada crente que no vai perecer”.* Se for alegado que Cristo morreu por todos ¢ por cada um dos homens, e, entretanto, nds agora aprendemos que somente os crentes seriio salvos, o que é que faz.adiferengaentre crentes endo crentes? Eles nao podem fazera diferengapor simesmos (Ver 1 Corintios 4:7). Entdo Deus os fez diferentes. Mas se Deus os fez diferentes, como pode ter enviado Cristo para todos eles? Oversiculo (Jodo 3: 16) declaraaintengao de Deus no sentido de que os crentes serao salvos. Segue-se, entéo, que Deus nao deu Seu Filho para os incrédulos. Como poderia ter dado Seu Filho para aqueles a quem Ele nao deu a graca de crer? Ora, que 0 leitor pese todas estas coisas, e especialmente a primeira — 0 amor de Deus — ¢ pergunte seriamente se pode ser considerado umaafeigao por todos em geral aquilo que pode tolerar aperdigdo de muitos daqueles aquem Ele tanto amou? Ousera que esteamornaoémelhorentendido como sendoaqueletinico, especial * Sugerir que “todo aquele” significa “qualquer um” indefinidamente, nao vai ajudar em nada a causa da redengao universal. 1. A forma das palavras gregas € realmente “todos os crentes”. 2. Argumentar a favor de “qualquer um” é, sem diivida, negar que o amor de Deus € igual para com todos os homens! Se alguns —o “todo aquele” — podem ser especialmente favorecidos, entio Deus nao pode ter amado todos os homens igualmente. Ele deve, de alguma forma, ter amado os “todos aqueles” mais do que o restante dos homens! 73 amor do Pai por Seus filhos crentes, que torna seguroo futuro deles? Entio, vocé terd uma resposta se a Biblia ensina, ou nao, que Cristo morreucomoum resgate geral—infrutiferocom relagdo a muitos pelos quais oresgate foi pagooucomoumaredengaoespeciale gloriosamente eficaz para cada crente. E lembre-se de que este texto Jofio 3:16 é freqiientemente usado para sustentar a idéiade que Cristo morreu por todos os homens — embora, como j4 tenho mostrado, seja completamente incompatfvel com tal nogao! 4 Um estudo detalhado de 1 Joao 2:1-2 Esta€éumaoutrapassagem das Escrituras freqiientemente usada por aqueles que iriam argumentar que amorte de Cristo é para todos ecadaum dos homens. Diz-se que a expressio “todo o mundo” tem que significar “todas as pessoas do mundo”, e que a expressao contrastante “n&o somente pelos nossos” inclui, deliberadamente, todos ecadaumdos homens como aqueles pelos quais Cristo en além dos crentes. , Eupoderiaresponder a isso abreviadamente, dizendo quecomo em outras passagens “o mundo” significa “pessoas que vivem no mundo”; assim, “todo o mundo” nao significa mais do que “pessoas vivendoem todo o mundo”, como émencionado em Apocalipse 5:9, a respeito dos redimidos. Mas visto que esse texto em | Jodo é tao usado, vou sugerir que se faga um estudo mais detalhado, usando para isso quatro perguntas. 1. A quem Joao esté escrevendo? Embora seja verdade que as 74 Escrituras sio para toda algreja, contudo, muitas de suas partes foram escritas a determinadas pessoasem particular. Tais partes devem ser entendidas 4 luz dessa verdade. Notemos portanto que: a. Jofiofoiespecialmente umapéstolo aos judeus Galatas 2:9. b. _ eleescreve aqueles que ouviram previamente a Palavra de Deus (1 Joao 2:7) ends sabemos quea Palavra de Deus era “primeiro ao judeu”. c. _...0contraste que Joao faz entre “nds” ¢ “o mundo” deixa claro que ele escreve aqueles que, como ele mesmo, eram judeus. d. _ ...Jofo freqiientemente adverte contraos falsos profetas por exemplo, | Jodo2:19. Visto queele escreve que tais mestres “safram de nos”, ele esta obviamente escrevendo aos seus compatriotas. Lembrando aaversao nacional dos judeus contra todos os gentios e aopiniao judaicade que s6 anacao deles constitufa o povo de Deus, oque poderiaser maisnatural do que Joao enfatizar que Jesus morreu nado somente pelos judeus crentes, e sim por todos os crentes espalhados pelo mundo inteiro? Temos um outro versiculo das Escrituras que enfatiza a mesma coisa: Jodo 11:52. Jodo esta claramente desejando evitar que os judeus-cristdos caiam no velho errode supor que eles sao ostinicos cristaos. Joao insisteem quehavia gentios cristaos, também, nomundointeiro. Nao h4aquiumadoutrina no sentido de que Cristo morreu por todos os homens. 2. Porque Joao estavaescrevendo? Ele escreveu para confortar os crentes angustiados por seus pecados, a fim de que eles nao se desesperassem. “Se alguém pecar...” Dai, observamos que: a. _ ...somente oscrentes seriam confortados pelo fato de Cristo 75 ser o seu advogado. b. _...somente os crentes podem ser confortados; os incrédulos esto sob a ira de Deus. c. ...Joao os descreve como “filhinhos ... cujos pecados so perdoados”. Em outras palavras, 0 alvo de Joao se aplica somente aos crentes. Como pode servir de conforto aos crentes, dizer-Ihes que Cristo morreu por todos e por cada um dos homens, muitos dos quais nao sdo salvos? Este versiculonao oferece nenhum conforto,amenos que sejaentendido como significando que Cristo é 0 Salvador de todos os crentes em qualquer parte do mundo. 3. Qual € 0 significado de “propiciagao”? A palavra grega aqui traduzida como propiciagao esté relacionada com a palavra traduzidacomo “propiciatério”, em Hebreus 9:5. Issonosdéum entendimento do significado da palavra. O “propiciatorio” eraa solida placa de ouro usada para cobriraarcana qual estavam as tabuas da lei (Exodo 25:17-22). A lei, que acusava os homens de serem pecadores, estava escondida pelo propiciatério. Essa era uma ilustragdo de como Jesus Cristo, pela Sua morte, escondeu alei de Deus, de modo queelanao pode acusarnenhum daqueles que créem nEle. Jesus é a propiciagao (propiciatério) do crente. Poderia ser dito que todos e cada um dos que esto no mundo sao livres de serem condenados como pecadores? Poderia ser realmente discutido que Cristo é a propiciacio de todo o mundo, nesse sentido? 4. Qual é, entao, o significado de “todo o mundo”? Esta frase ocorre varias vezesno Novo Testamento, e freqiientemente nao significa todos ecadaum dos homens. Porexemplo: Lucas 2:1 — Mas 0 alistamento somente aconteceu no Império Romano. 16 Romanos 1:8—Mas muitas partes do mundo nao tinham ouvido arespeito daigrejaem Romanaquele tempo. Colossenses 1:6—Mas muitas partes do mundo aindanaohaviam recebidooevangelho. Apocalipse 3:10—O mundo inteiro deve sofrer—mas isso nao significa todos, sem excegao, pois alguns so preservados disso. Nessas cem outras passagens, todo o mundo significa nada mais que muitas pessoas, indefinidamente. Além disso, em certos versiculos das Escrituras, frases como “todaacarne” significam nada mais que todos os tipos de pessoas, como porexemplo: Salmo 98:3; Joel 2:28 (cumpridaem Atos 2:17). Algumas vezes, de fato, todo o mundo significa todos, exceto os crentes, como porexemplo: 1 Joao 5:19; Apocalipse 12:9. Essesexemplos nos mostram, claramente, quenaoéessencial entender aexpressiio “todo o mundo” como sentido de “todos inclusive”. O sentido nao precisa ser outro sendo 0 que 0 contexto da expressdo sensatamente permite. Concluo que esta passagem das Escrituras se refere a obra de Cristo para todos os crentes, judeus e gentios, igualmente. A passagem diz que Cristo é verdadeiramente a propiciagao deles. Ninguémargumentacom seriedade que todos os homens, em todos os lugares, sao realmente salvos por Cristo. Também de nada adianta sugerir que Cristo uma propiciagao suficiente paratodosecadaum dos homens. Jac6naoteriasidoconfortado pelo simples fato de ouvir dizer que havia bastante trigo no Rgito. Ele teriamorrido defome se otrigo nao houvesse se tornado possessio dele. Damesmamaneira, 77 Cristo 86 pode serum conforto para aqueles que, em todo o mundo saorealmente salvos. , 5 Explicagdes breves sobre seis passagens das Escrituras Entre outros versiculos das Escrituras empregados, ds vezes, para sugerir que Cristo morreu por todos os homens, estio os seguintes: I. Joao 1:9. Este versiculo é provavelmente melhor traduzido da seguinte maneira: “Ali estava a verdadeira luz, que vindo ao mundo, alumiouatodoohomem.” (Compare também Joao 3:19 € 12:46). : Emoutras palavras, ao vir ao mundo, Cristo produziu umefeito iluminador sobre os homens; qualquer pessoa que tenhaum fio de luz da verdade, o tem de Cristo. Esta é realmente uma passagem fraca para servir de base a qualquer argumento em favor da redengio universal. 2. Joao 1:29. Que Cristotiraopecadocomum de todoomundoem geral, € muitissimo certo. Mas que Eletirae expiao pecado de todos e de cada um dos homens nfo é verdade, nem neste versiculonememnossaexperiéncia! 3. Jo&o3:17. Naosepode entender que esta passagem signifique que Cristo morreu por todos os homens, pois: Todos os homens nao sao salvos, de fato, Muitos jéestavam condenados quando Cristo veio. Cristo foi destinado paraa queda de alguns (Lucas 2:34). O objetivo da vinda de Cristo nio pode ter sido diferente aegp 78 do propésito eterno de Deus, o qual jainclufaa condenaciio de alguns por causa dos seus pecados. Deus teriaenviado Seu Filho para salvar tais pessoas? O mundo referido aqui como salvo, de acordocom Seu propésito, € o mundo concernente a todo 0 povo de Deus. 4. Jo%o 4:42 e 1 Joao 4:14. Entendemos Cristo como o Salvador do mundo, no sentido de que: a. no hdoutro Salvador para qualquer pessoano mundo, e b. somente Ele salva todos quantos s4o finalmentesalvos,em todoo mundo. Obviamente, Ele nao pode ser considerado o Salvador do mundo devido ter salvo, realmente, a todos —pois Ele nio fez isso. 5. Joao6:51. O fato de “o mundo” nesta passagem nao significar todosecadaum doshomens deveser tao clarocomoaluz do dia! Otexto afirma que Cristo tinha que dar Sua vida para que outros tivessem vida. Poderiamos realmente supor que todosos homens, emtodosos lugares, tém Sua vida? Aqueles quesdo condenados ja t@ém Sua vida? Pois temos que responder “sim” a ambas dessas perguntas se “mundo” significa todos e cada um dos homens. 6. 2Corintios5:19. Aqui, novamente, precisamos compreender o sentido da palavra “mundo” pelo seu contexto. Os que sao chamados “mundo” no versiculo 19, so chamados “nos” no versiculo 18e“nés” no versiculo 21. Ascoisas faladas em todas estas passagens sao verdadeiras somente quanto aos crentes. “Mundo”, aqui, significa aqueles cujas transgressOes sao perdoadas. Se forconsiderado que “mundo” aqui significa todos os homens, ent&o por que razao nao sao todos os homens reconciliados com 79 Deus? Nao é afirmado que Deus vai reconciliar a todos, sob certas condigées, e sim que Ele realmente j4o fez. Esta € a nossa defesa e resposta Aqueles que torcem estas passagens das Escrituras para sustentar sua opiniao de que Cristo morreu por todos. Todaa forga de seu argumento nestas passagens estdnapalavra “mundo”, aqual éumapalavramuitissimo ambigua! Que 0 leitor “prove todas as coisas e retenha o que é bom”. 6 Explicacao dos versiculos onde sio empregadas as palavras “todos os homens” ou “cada homem” Haalgumas consideragGes gerais sobre a palavra “todos” que devem ser feitas em primeiro lugar. Elatem dois significados em seu usonormal. Pode tanto significar“‘a totalidade de” como “os de toda aespécie”. Posso afirmar que talvez uma em cada dez vezes, ela significa “a totalidade de” nas Escrituras! O uso mais comum da palavra é com o sentido de “os de toda a espécie”. Por exemplo: Lucas 11:42. As palavras verdadeiras aqui so “todaahortaliga”. Mas 0s tradutores as tém traduzido “todas as espécies de hortaligas”, o que acreditamos estar correto.* Jofio 12:32. Obviamente, nao é todaa raga humana que ser atrafda para Cristo. “Todos”, nesta passagem, 86 pode significar homens de toda a espécie. % Isso ocorre na tradugao inglesa “all manner of herbs”. Nota do tradutor. 80 Atos 2:17. claro, por experiéncia, que o Espirito Santo nao é derramado sobre toda a raga humana. “Toda a carne” sé pode significar, aqui, pessoas de todaaespécie—ndo apenas judeus. Atos 10:12. Aqui,novamente, as palavras usadas sao: “todos os animais”, porém os tradutores témcorretamente traduzido “toda a espécie de animais”. * Desses exemplos (e poderfamos usar muitos outros) podemostirar trés conclus6es: a. A palavra “todos” freqiientemente significa “alguns de toda espécie”. b. A palavra “todos” pode significar “todos de uma determinada espécie”. Em Romanos 5:18, “todos os homens” obviamente significa “todos os homens justificados” ou “todos os crentes”. c. Quandoo VelhoTestamento profetizaque “todas asnag6es” seriio convertidas, o Novo Testamento mostra que isso significa todos os eleitos de Deus de todas as nagoes. Aposessas observagdes gerais, chegoa varias passagens particulares das Escrituras, as quais sao freqiientemente usadas por aqueles que desejam argumentar que Cristo morreu por todaaragahumana. 1. Talvez.apassagem principal entre todas essas, seja 1 Timéteo 2:4-6. Com base nesses versiculos argumenta-se: Se Deus quer que todos os homens sejam salvos, entao Cristo precisamorrer portodos oshomens. Ora, apassagem afirmaque Deus quer que todos os homens sejam salvos. Portanto, Cristo deve ter morrido por todos os homens. * Isso ocorre na tradugio inglesa “all manners of four-footed beasts”. Nota do tradutor. 81 Somos confrontados por esta palavra ambigua, “todos”. Se a palavra significa “homens de todaa espécie”, entao nés admitimos que 0 argumento esta correto. Se a palavra significa “toda a raca humana” entéonegamos que Deus intenta salvar todos os membros dela. A vontade de Deus deve ser considerada pelas duas maneiras seguintes: a. Seu propésito para nés—o que Ele quer que nos fagamos, e b. Seu propésito para Simesmo—o que Ele fara. Ora, se a vontade de Deus nestes versiculos for considerada como significando “aquilo que Ele quer que os homens fagam”, ent&o © apéstolo esté afirmando aqui que Deus quer que toda a raga humana use os meios adequados para obter a salvagio. Mas uma grande proporgao da raga humana viveu e morreu sem qualquer conhecimento disso, pois a Providéncia nao levou os meios da graga para ela. Portanto, a frase “todos os homens” pode, no maximo, significar somente todos os homens que ouviramoevangelho, Nao pode significartodaaraca humana—em hipotese alguma. Se, por outro lado, a vontade de Deus for considerada como significando “aquilo que Ele pretende fazer”, entdo podemos dizer que isso deve ter sido feito. Deus faz qualquer coisa que Lheagrada (Salmo 115:3). Assim sendo, se a expressao “todos os homens” significatodaaraca humana, entdo todos sao salvos. (Sendo, entio Deus falhouem Seu propésito,oqueé inconcebivel). N6s realmente consideramos que a vontade de Deus, nesta passagem, significa “aquilo que Ele tenciona fazer”, e, portanto, sabemos que isso ha de acontecer. Assim, perguntamos: 0 que, entao, pode significar “todos os homens”, visto que, obviamente, todos os 82 homens nio sao salvos? Com a expres sap todoe os meee Paulo, nesta passagem, est se referindo a “todas as eiolabie homens que vivem nestesdias dapregacdo doevangelho . : ah da gracacos limites dalgreja sao agoraestendidos ao a ot a Portanto, oramos portodasas asa rca mee " s le 2—“reis e por todos os que estao em eminéncia )s pols o Senhor espécies de pessoas endo os judeus somente. agora salvara toda: an et j sao afirmadas duas coisas: / Acie aaa de Deus que alguns de todas as espécies de pessoassejamsalvosecheguem aoconhecimentoda verdade. b. Nao é, obviamente, a vontade de Deus que toda a raga humanachegue aoconhecimento daverdade,como ve em passagens como: Salmo 147:19-20; Mateus 1 1:25-26- 1 Atos 14:16; Colossenses 1:26; Atos 17:30. . Por todas estas razGes negamos que a frase “todos os houiens . nessa passagem possa significar toda a raga humana. eine significaralgunshomens de todas as. especies que sao ver pial resgatados por Cristo—versiculo 6. Isso é congruente como q a. ditoem Apocalipse 5:9. a —— 2. Vejamosagoraumaoutrapassagem freqiientementeusada re sugerirumareden¢ao universal—2 Pedro 3:9. Sobre este texto, afirma-se: i / a. Deus naoquer que ninguémse perca, & s se arrependam. b. Deus quer que todos se an I Visto que é somente pela morte de Cristo que os homens chegam ao arrependimento, Ele deve termorr ido por todas as pessoas. oy Naoprecisamosdemuitas palavraspararesponderaisso. Oapésto lo aqui esta dizendo “convosco”. Quem sao estes 7 quem ele =a se referindo? Pelocontextodacarta, respondemos— sao; aqueles que: 83 Recebem grandes e preciosas promessas—capitulo 1:4 Sao chamados de “amados” — capitulo 3:1. ul distinguidos dos escarnecedores ~capitulo 3: 40 chamados, em sua primeir: lei > 2 primeira carta, de “eleitos” — capitulo 1:2, a e. Sao chamados, em sua primeira carta, de “povo 7 adquirido” —capitulo 2:9. ee riven iriapermitirque nenhumapessoadessas perecesse e, portanto, que Ele < »P , quer que todos oshomens se foo éumatolice, sem dividaalguma! Oversiculo significa clare Sai ‘amente que sao todos e apenas os Seus eleitos que Ele nao que se percam. 7 3. A pexima passagem a ser examinada é Hebreus 2:9. E dito ali a Tisto Provou a morte por todos. As palavras “todos os omens’ sdo freqiientemente empregadas como significandoa todos de uma determinada espécic. Porexemplo: a ol Corintios 12:7 refere-se, obviamente, Aqueles aquemos 7 dons sao verdadeiramenteconcedidos. . Colossenses 1:28 significa, obviamente, nada mais que 7 todos aqueles a quem Paulo pregava. ortantonesta passagem, o contexto indica quem sao aqueles pelos quais Cristo provoua morte. Sado eles (Hebreus, capitulo 2): muitos filhos (versiculo 10) os santificados (versiculo 11) Seus irmaos (versiculo 1 1) os filhos que Deus Lhe deu (versiculo 1 3) Os que sao libertados (versiculo 15) BO op Pae ge Na tradugao inglesa: “every man”. Nota do tradutor 84 Foi por todos estes que Cristo provou a morte. Visto que nenhuma destas descrigdes pode ser aplicada aqualquer pessoa que permanega na incredulidade, “todos os homens” nesta passagem nao pode significar todaa raga humana. 4. 2 Corintios 5:14-15. Esta passagem é entendida como significando que Cristo morreu por todos os que estavam mortos em pecados. Contudo, apéstolo diz simplesmente que todos pelos quais Cristo morreu estavam mortos e agora vivem para Ele. Somente crentes, todos os crentes, sao referidos nestes versiculos. Afirma-se que Cristo morreu e ressuscitou por eles. Isto é verdadeiro apenas com relagao aos crentes. Quando o apéstolo diz “logo todos morreram’”,amorteaqueele se refere niio é a morte proveniente do pecado, da qual todos os homens participam—uma morte espiritual; aintengaodo apéstolo€é mostrar que aqueles por quem Cristo morreu estao agora mortos para o pecado, e vivos para Ele. Nao hé nada aqui sobre uma reden¢ao universal, mas ha muito sobre a morte de Cristo que resulta no viver santo de determinadas pessoas. 5, 2Corintios 15:22. Que este versiculo nao pode serusado para provar que Cristo morreu por todos os homens, estaclaro a partir do fato de que Pauloescreve,no versiculo 23, sobre aressurreigao dos “que so de Cristo”, e no versfculo 20 daqueles pelos quais Cristo é“as primicias”. Certamente, estas coisas nao podem ser ditas a respeito de todos os homens. O apéstolo fala aqui dos crentes, todos os quais morreram em Adio, eles que sao vivificados em Cristo. 6. Romanos5: 18. Esteéum versiculomuitousado poralguns para defender a idéia de que a morte de Cristo traz vida a todos os 85 homens. Poderiamos dizer, abreviadamente, que aexpressao “todos os homens”, na segunda parte do versiculo, s6 pode ser entendida com referéncia Aqueles sobre os quais a graga vem realmente, Eles so descritos no versiculo 17 como aqueles que recebem “a abundancia da graga”, que “reinarao em vida por Jesus Cristo”; no versiculo 19, como aqueles que serao “feitos justos”. Nada disso pode ser dito a respeito de toda a raga humana. Mas sendo que hé tantos argumentos baseados neste versiculo das Escrituras, vamos estudartoda apassagem mais detalhadamente. Easseverado que ha umasemelhangaentre Cristoe Ad&o—versiculo 14. Algumas coisas que Cristo fez so semelhantes aalgumas coisas que Adao fez. (Ao mesmo tempo, Paulo mostra que ha muitas coisas diferentes entre Cristo e Adjo — versiculos 15-17. A partir disso, podemos ver que nao €épossivel, absolutamente, forgarasemelhanca entre eles). A comparagio aqui se refere A maneira como 0 ato de Adaoafetou outras pessoas, bem como aele mesmo, assim, também, 0 ato de Cristo afeta outros, bem como a Si mesmo. Nao é argumentado que “todos” os que foram afetados por Adio sao as mesmas pessoas que constituem “todos” os que foram afetados por Cristo. Isso se tornaclaro pelo seguinte: a. As Escrituras contemplam a Cristo como a semente da mulher (Génesis 3:15). Segue-se, portanto, que Ele nao pode ser, também, representante dasemente daserpente,a qual difere dasemente da mulher. Emoutras palavras, Cristo nao pode representar toda a semente de Adio ou todos os seus descendentes. b. Em Joao 17:9 0 proprio Jesus mostra que Ele nao é representante de todos os homens que saio descendentes de Adio. 86 c. Em Hebreus 7:22, Cristo é chamado de representante daqueles que estio sob um novo concerto. Este novo concerto nao é feito com toda a semente ou com todos os descendentes de Adio. / . 7 d. Em Isafas 53:5-6, esta claro que Cristo deveria sofrer em lugar de outros. As Escrituras mostram que alguns sofrer 7 porsimesmos. Portanto, Cristo nao é o representante de toda araga de Adio. a5 Sean e. Cristo ndo pode representar ninguemem yao. Todav € 0 representante de todos, entao Sua obra em favor dos erdidos é Ho. perdidos € em va ; / f SeDeus Seagradou daquilo que Seu Filho fez—como Ta realmente Se agradou—entao Ele deve ter Se agradado d e todos em favor dos quais Seu Filho operou. Mas Deus iin Se agrada de todos os homens. Portanto, Cristo nao pode a soshomens. ter representado todos os g. Que Cristo no pode ter representado todos os homens, como Adio o fez, € demonstrado em passagens tele claras, tais como Mateus 20:28, 26:28. Joao 10:15, 17:9. Atos 20:28. Romanos 8:33. 7 Explicagio sobre aqueles versiculos que parecem sugerir que aqueles por quem Cristo morreu, ainda podem perecer Alguns argumentam em favor de uma redengio nea - aa . os baseando-se em passagens biblicas que sugerem que alguns pe 87 quais Cristo morreu ainda podem se perder. Nessecaso, deixade ser um problemaa afirmagao de que Ele morreu por todos, e, contudo, falhouem salvaratodos. Permita-me dizer, primeiramente, que emboraalguns pelos quais Cristomorreuestejamsupostamente perdidos, isso nao provaque Ele morreu por todos os que estdo perdidos! E, de fato, negamos que qualquer versiculo biblico sugirarealmente que algum dos eleitos de Deus possa perder-se. Portanto, vamos examinar as passagens tao usadas por aqueles a quem nos opomos. 1. Romanos 14:15. Afirma-se que Paulo neste texto ensina que alguém por quem Cristo morreu, pode perecer. Respondemos que nao afirmada tal coisa. Paulo nao fazmaisdo que nosalertar sobre aquilo que nao devemos fazer. Sermos alertados sobre determinadacoisanaio quer dizer que podemos fazer essa coisa. Além disso, precisamos nos lembrardeque as Escrituras usam Os termos “santos” e “irmaos” para descrever todos aqueles que professam ser membros da lIgrejade Cristo. Estapassagem nao prova que alguém por quem Cristo morreu pode perder-se; ela pode apenas provar que alguns que consideramos nossos “irmaos” néooeram realmente, seelesestiverem eventualmente perdidos. 1 Corfntios 8:11. Afirma-se também que neste versiculo é ensinado que alguém por quem Cristo morreu vai se perder. Respondemos que nao € necessdrio, de maneira alguma, que a expressao “perecerd’”, nesta passagem, signifique perdigaio eterna. O pecado é sempre destrutivo, embora nem sempre conduza a destruigao eterna, pois al guns pecadores sdo salvos por Cristo. Demais disso, esse que é chamado de “irmao” nao significa 88 Masessas coi s a se inferirumaredengSo universal. Mostramos 1 Tudooqueépretendido aqui é que Det algumas pessoas de passar pelos piores por seus ensinamentos falsos, el] irmao. Naoha iquealguém seniio que ele professa ser irmao. Naohaprova oo q fy por quem Cristo morreu estéeternamente perdido. a ste versit sa ser Use : e este versiculo pos: 2 Pedro 2:1. Antes qu Tee provarque Cristomorreu portodososhomens, incluindo iq que perecem, tem que ser ere ane: Tectleletrlad X 540 “o Senhor” significao Ser a. ...aexpressao“o sign i a b. © termo “resgatou” significa redengao pela morte Cristo. i a ‘OS estes doutores eram verdadeiros crentes € nao mer c. rofessos. d eaigath dos eleitos de Deus possa perecer, € i i por todos. _ ,,.amorte de Cristo foi p 7 To : s sao todas muito incertas, endo fornecem base par 1 rode sso daseguinte forma: “Senhor” nesta passagem nao € a is Cristo palavra gregacomumenteusadaparao Senhor Jess rain em outras passagens do Novo Testamento. ‘ 7 an aplica-se mais a Deus, como 0 Mestre ou 0 Possuido! todos os homens. a 4 b. A palavra “resgatado” é geralmente ligada i. a . : ee s. ou “pelam ‘as é como: “comsangue 0! v outras palavras, tais Set cndol A 7 reco” quando se refere 4 mot Siesta al deixaemaberto, énei ras nesta passagem a! ausénciadessas palavr in ; i lesmenteaum: o aqui se refere simp! ; de modo que resgatad : a libertagdo geral de algum mal desta vida—comono versict 20 destapassagem. a. A palavra usada para us, em Sua bondade, preserva males deste mundo. Contudo, les negam Aquele que assim os 89 preserva, eportanto acabamem destruigao. Como pode alguém,com base nisso, provar que Cristo morreu por todos os homens? 4. Hebreus 10:29. Finalmente, argumentando com base neste versiculo, afirma-se que se alguns santificados puderem pisar Cristo, entaoissodeve si ignificar que Ele morreu poreles, porém falhouem salv4-los. Nésrespondemos daseguinte maneira: a. Oquese pretende aqui é mostrar aseriedade daapostasia. Eraumacoisaséria violaraleideMoisés. Quanto mais sério €violar oevangelho do Filho de Deus! b. As pessoas aqui referidas so aquelas que professam ser crentes. Isso nao significa que elas 0 sao realmente. c. Oescritor esté usando uma admoestagio para evitar que qualquerum de seus leitores se perca. Ele diz: “se pecarmos voluntariamente. . . “Isto nao provaquecrentes verdadeiros podem continuar a agir assim. Da mesma maneira, Deus avisou aJosé que fugisse parao Egito, afimde que Herodes nado matasse o bebé Jesus. O aviso foi dado, niio porque Jesus pudesse ser morto (os propésitos de Deus eram obviamente outros), mas para assegurar que Ele nao fosse morto, d. Ser “santificado pelo sangue do concerto” nao prova, necessariamente, que estes sdo aqueles pelos quais Cristo morreu, i. Osapéstolos, ao tratarcomas i igrejas, freqiientemente chamavam os crentes de “santos”, num sentido coletivo. Isso n&o prova que cada individuo fosse santo. ii, Aqueles que haviam sido batizados eram referidos como “santificados”, nosentido de que, dessa forma, 90 eram distinguidos das pessoas nao batizadas. Se se insistir que aqueles que pisam Cristo sao verdadeiros crentes, no entanto perdidos, entdotemos que admitir que: féesantidade nao s4onecessariamente as marcas dos e. i, eleitos de Deus. Os verdadeiros crentes podem ser separados de Cristo. Contudojéprovamos o contrario dessas duas afirmagoes. Estapassagem (Hebreus 10:29) deixaclaro Aqueles queprofessam ii, meramente sercristaos, quao terrivel é 0 pecado de violar aquilo que eles professam. E,aomesmotempo, admoestaoscrentes verdadeiros, afim de que eles nado cometam esse pecado. E, portanto, com a ajuda do Senbor, tenho vos dado umaclara explicago sobre as passagens das. Escrituras que tao freqiientemente sao usadas por aqueles que presumem provar que Cristo morreu por todos os homens, c assim estabeleci nossa tese principal, provando que Cristo morreu somente pelos eleitos de Deus. 8* Exposicao de alguns raciocinios erréneos Parece que certos argumentos insensatos estao sendo usados * Owen tem um longo trecho anterior a este, no qual ele trata dos argumentos contidos num livro publicado por Thomas More, enquanto Owen estava escrevendo A Morte da Morte. O livro, A Universalidade da Livre Graga de Deus em Cristo para a Humanidade é respondido detalhadamente por Owen. Pareceu-nos desnecessario incluir esse material aqui, visto que aquele livro ja nfo esta disponivel atualmente. 91 alualmente, aos quais agora responderei resumidamente, ¢ assim terminarei todoeste trabalho. 1. Haumargumento que diz assim: Aquiloem que cada pessoa precisacrer, tem que ser verdadeiro. Cadaum precisa crer que Cristo morreuem seu lugar. Portanto, é verdade que Cristo morreuem lugar de cadaum. Entendo que “cada um” nesse argumento refere-se acadae a todos os homens, e que “crer” significa uma fé salvadoraem Cristo. Uma coisa que nés realmente sabemos a respeito de todos os individuos, com base nas Escrituras, € que eles esto numestado de morte espiritual e sob a ira de Deus. Portanto, 0 argumento esta realmentesugerindo que todos os homens, porencontrarem-se num estado de morte e condenagao, precisam crer que era aintencdo de Deus que Cristo morresse porcadaum deles em particular. Emnenhumlugaras Escrituras dizem que Cristo morreu poresta ou por aquela pessoa em particular, mas, ao invés disso, que Ele morreu pelos “pecadores”, expresso de maneiraindefinida. Nemha qualquer ordem ou promessa das Escrituras, que leve qualquer pessoa acrer que Cristo morreu por elaem particular. Além disso, nao pode ser verdade que cada um e todos os homens precisam crer em Cristo para obter salvagdo, a menos que possaser demonstrado que foi ditoa todos quedevem fazerisso. Nao pode ser odever de milhées que jamais ouviram de Cristo crernEle de maneira salvadora. Paulo mostraem Romanos 2:12 que muitos seraocondenados meramente por pecaremcontraaluzdanatureza— evidentemente nao é exigida deles fé salvadoraem Cristo! Portantoeste argumento temque serreescrito, da seguinte forma: Aquiloem quecadapessoachamadapeloevangelho precisacrer tem que ser verdadeiro. 92 Cadaum que ouve o evangelho precisa crer que Cristo morreu poreleem particular. Portanto, € verdade que Cristo morreuem lugar de cada um que ouve oevangelho. = Quem é que nao pode ver que esse argumento é inatil paraa causa que tenta defender? Estamosagora admitindo que nao €é exigido de todos os homens quecreiam, porém somente daqueles que de fato ouvem 0 evangelho. Portanto, o argumento para uma redengdo universal j4desmoronou. Negamos, também, asegunda proposigao. Quandoo evangelho épregado, tudo que pode ser dito é que “quemcrere for batizado sera salvo; mas quem nao crer ser4 condenado” (Marcos 16: 16); ou também pode ser dito que “e em nenhum outro ha salvagao, porque também debaixodocéunenhum outro nome hi... (senao ode Cristo) ... pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). Em outras palavras,o dever dos ouvintes do evangelho é€ crer na necessidade de um Salvador, e que Jesus é esse Salvador, e nao que Cristo morreu em lugar de cadaum deles em particular. : : Ha uma ordem natural nas coisas que Deus exige que sejam cridas. Até quealgumas delas sejam cridas, orestante nao é requerido. A um homem nio é ordenado chegar ao topo de uma escada, sem usar os degraus mais baixos. Quao contrarioéaregrado evangelho, conclamar alguém a crer que Cristo morreu por ele em particular, antes que estejaconvencido: a. daverdade doevangelhoem geral, b. de que afé é 0 tnico caminho da salvagao, c. de que ele precisa de um Salvador, d. de que Cristo pode salva-lo. aa Aordem das coisas de Deus no momento em que alguémcré no 93 evangelhoé, em primeiro lugar, arrepender-se ecrer que ocrerqueo evangelho éa Palavrade Deus, e queo Jesus alfreveladoéocaminho de Deus para a salvacao; em segundo lugar, que ha uma conexio essencial entre fé e salvacgio; em terceiro lugar, uma convicgao particular, pelo Espirito, danecessidade de um Salvador paraeleem particular, pela qual ele se torna “cansado e oprimido”; em quarto lugar, uma entrega sériada almaa Cristo,em resposta as promessas do evangelho no sentido de receber todos os que véma Ele. Depoisdissotudo,enaoantes, vema seguran¢a do amor de Deus edamorte de Cristo pelapessoaem particular, baseadano fato deque ela foi capacitada a realizar os quatro primeiros atos de fé. (Sema ajuda do Espirito de Deus, nenhuma das coisas anteriores pode ser realizada,e muitomenosestatiltima), Portanto, nosso argumento precisa ser reescrito novamente, desta forma: Aquilo em que cada pessoa precisa crer, cuja pessoa esta convencida da necessidade de um Salvador, do caminho certo da salvagao, e que esta famintae sedenta do Senhor Jesus Cristo, tem que ser verdadeiro. Cada tal pessoa precisa crer que Cristo morreu por ela em particular. Portanto, é verdade que Cristo morreuem lugarde tal pessoa. Ora, estaclaro que nem todas as pessoas que ouvemoevangelho precisam crer que Cristo morreu em lu gar delas em particular, mas somente aquelas que estado qualificadas da maneiracomo descreve- mos. Ofalharemcrer que Cristo morreu poreleem particular, nao é a causa da condenagiio de pecador algum. Ele jd esté condenado porque nao creu na verdade da Palavra de Deus, de modo geral. Assim, para escrever este argumento de uma maneira valida e 94 biblica, tivemos que evoluir das mirfades da expresso cada um) (no primeiro argumento) para os “muitos que sao chamados (na primeira vez em que o argumento foi reescrito) e, finalmente, para os “poucos que sao escolhidos” (na segunda vez em que 0 argumento foi reescrito). Onde esté aqui qualquer fundamento para hile umaredengio universal? / / 2. Umoutro argumento usado contra o ensino de que amorte de Cristo foi apenas pelos eleitos, € que essadoutrinaenche amente dos crentes de dividas e medo. Se Cristo nao morreu por todos os homens, como podem estar certos de que Ele morreu por eles? / Respondemos que nao € necessario para o pecador saber que Cristo morreu poreleem particular, para que ele venhaaCristo. Esuficiente queele saiba: : ia a. que asalvacio, através da morte de Cristo, € coisa certa para todos os crentes ot b. que aquele que obedece ao chamado de Deus sera aceito, semdtividaalguma ion c. quealivre gracaesta a disposi¢ao de todas as consciéncias oprimidas e cansadas, : d. que amorte de Cristoé suficiente para todos os que véma Ele. tog 4 rio? A morte de Cristo torna tudo isso certo. O que mais € necessario? ( 7 scjte Ovi 2 Como podeuma doutrinacomoestasuscitar duvidas? 7 Por outro lado, se Cristo morreu por todos os. homens e, contu 7 algunsest&o eternamente perdidos, entao haverérazao para dtividas! Se qualquer um daqueles por quem Cristo morreu puder ae condenado, entao nao hé segurangacontra a possibilidade de todos seremcondenados! 3. Mas, dizem alguns, certamente que a graca de Deus se torna muito mais gloriosase dissermos que Deusenviou SeuFilhopara morrer pela salvagao de todos os homens, se eles aaceitarem. Respondemos: que graga de Deus é essaque faremos universal? Nao podesera gragadacleigao— pois Deus nao escolheua todos (Romanos 9: 11-15) Nao pode sera graca do chamadoeficaz— pois Deus sé chama aquelesa quem Ele escolheu (Romanos 8: 30) Nao pode ser a gracada santificag&o — pois somente a Igrejaé santificada (Ef€sios 5:25-27) N§o pode sera graga da justificagao — pois ninguém, senao os crentes, € justificado (Romanos 3:22) Nao pode ser a graca da redenciio ~ pois os redimidos sao tiradosdentre todas as nacdes (Apocalipse 5:9) Que graca é, entao, que pode ser universal? Seé verdade que Deus deseja que todos os homens sejam salvos, com a condigao de que creiam, sera que Ele nao estabelece uma condigao que nao pode ser cumprida? (Como se alguém oferecesse cem libras aum homem cego, com acondi¢ao de que ele abra seus olhos para ver), Comoisso poderia magnificara gragade Deus? Ao invés disso, essa condi¢ao nao faria dEle um hipdcrita? Se vamos estendera graca sal vadoraa todos, devemos estendé-laao perdido. Portanto, uma graga que seja universal € freqiientemente ineficaz. N6s realmente temos magnificado essa graga? 4, Assimtambém, alguns dizem que o mérito da morte de Cristo se torna maior se ela for oferecida a todos os homens. Respondemos que o mérito da morte de Cristo nao é medido pelo ntimero daqueles a quem elase aplica, mas sim se realizaou nao ointento de Deus. Contantoque elarealize ointento de Deus, 96 ela nao pode ter um mérito maior — quer sejam beneficiados muitos, quer sejam poucos. i 5. SeCristo morreu por todos os homens, dizem alguns, ent&o ha melhor base para todos os homens tirarem conforto de Sua morte. Aisso replicamos que oconforto pertence somente aos crentes (Hebreus 6:17-18); 0s incrédulos esto sob airade Deus (Joao 3:36). Oscrentes ndo obtém nenhum conforto por fazercom que a morte de Cristo inclua aqueles que permanecem sob a ira de Deus. Nahoradaprovae tentagao, que um homem tente confortar-se comeste argumento: - Cristo morreu por todos os homens; eusouumhomem, portanto, Cristo morreu por mim. LL Acaso seu préprio coragao nao Ihe diria que esse raciocinio é falso? Nao existem milhdes de homens aos quais Deusnio Se tevela? Qual o conforto que hd nessa argumentag4o? ; Uma grande fonte de conforto, para o crente, é 0 fato de que Cristo agora intercede por aqueles por quem Ele morreu. Ja demonstramos isso anteriormente (Primeira Parte, capitulo sete). Ora, se a morte de Cristo foi por todos os homens, obviamente Sua intercessio no é. (Jodo 17:9). Assim, se a morte de Cristo for separada de Sua intercessao, j4nndo é mais um meio deconforto. Nao aumentariamos 0 nosso conforto por fazer aredengiio de Suamorte maior que Suaintercessao. Sea fé e asantidade dos eleitos nao sao obtidas para eles pela morte de Cristo, de onde vémelas? Elas s6 podem vir deles mesmos! Eeste oconforto maior que vocé oferece, tirando-nos da livre graga 97 de Deuse enviando-nos para nossa “livre” vontade? Para onde vocé enviard a alma que deseja fé e santidade? Vocé nao aenviaa Deus, que tudo da liberalmente, mediante a obtenc4o de todas as bénc4os porCristo? Mas, dizem, ninguém pode estar certo de que Cristo morreu por ele,amenos que Cristo tenha morrido por todos. Nosrespondemos: isso deve estar muitoerrado, visto que muitos crentes estao certos de que Cristo morreu por eles, embora nao creiam que Ele morreu por todos os homens! A base dessa certezaé o fato de que Cristo morreu por todos os crentes. Nao que Ele tenha morrido poreles porque creram; mas eles créem porque Ele morreu poreles. Ele morreu pelos eleitos, os quais pelos beneficios de Sua morte, setornamcrentes. Eles sabem, pelaobra do Espiritoneles, que tém sinceramente vindo a Cristo por misericérdia. Sabem que as Escrituras declaram que a morte de Cristo é suficiente para cada um que vem a Ele. E, visto que eles so crentes, podem saber que Cristo morreu poreles. Ora, que 0 leitor julgue por si mesmo; n&o seria isso uma base melhor para seguranga do que o seguinte falso argumento: Cristo morreu por todos os homens (incluindo os perdidos); eusouum homem; portanto, Ele morreu por mim? Como argumento final, que o leitor estude Romanos 8:32-34. N&o tenho diividas de que ele ira, ent&éo, concluir que qualquer conforto espiritual a ser obtido é sé no sangue de Jesus desde ha muito derramado, e em Sua intercesso continua, ambos sendoa favor dos eleitos de Deus, paraa obtengdo de uma coroade glériaimortal, a qual nao pode desvanecer. 98

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