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UNIDADE I – A NATUREZA E AS ORIGENS DA SOCIOLOGIA.

1.1 A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA.


1.2 O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA.
1.2.1 Auguste Comte, o fundador da Sociologia.
1.2.2 O primeiro sociólogo inglês: Herbert Spencer.
1.2.3 O sistematizador da sociologia: Émile Durkheim.

1 A NATUREZA E AS ORIGENS DA SOCIOLOGIA segundo Anthony GIDDENS

1.1 A Importância da Sociologia

Giddens pergunta para o seu leitor, idealmente um estudante de sociologia: “porque é que está
a estudar sociologia? [...] Sejam quais forem suas motivações, é provável que, sem que o saiba
necessariamente, tenha muito em comum com outros que estudam Sociologia” (p.4) por que “os meios
sociais de onde provimos têm muito a ver com o tipo de decisões que consideramos adequadas” (p.5).
Ora, o mesmo se aplica para a escolha dos cursos de jornalismo e administração. Lembramos da
primeira aula quando vocês responderam à pergunta que fiz sobre as escolhas pessoas pelos cursos
de jornalismo e administração. Experiências de vida pessoais são semelhantes a de outros e essa
semelhança pode indicar que compartilhamos contextos e trajetórias semelhantes.
Mas se nossas escolhas são determinadas em parte pelos contextos sociais nos quais nos
socializamos como se explica a individualidade e a mudança social? Giddens fala de estruturas
sociais para entender a não aleatoriedade de fatos e ações e de estruturação para entender como
ocorrem os processos de mudança social. Continuidade e mudança, dependência social da
individualidade e dependência da sociedade das ações individuais. Uma problemática fundamental que
Giddens consegue sintetizar muito bem com as noções de estrutura social e estruturação.
“O sociólogo é alguém capaz de se libertar do quadro das suas circunstâncias pessoais e
pensar as coisas num contexto mais abrangente [...] abstrairmos-nos das rotinas familiares da vida
quotidiana de maneira a poder olhá-las de forma diferente” (p. 2) explica Giddens. Assim, abstraímos o
“valor simbólico“ de tomar café da descrição que poderíamos fazer desse mesmo ato: despeja-se
café numa xícara para depois beber. É uma abstração difícil, pois estamos acostumados a atribuir
automaticamente ao consumo de café um valor simbólico que compartilhamos em sala de aula:
receber visitas em casa, botar o papo em dia com familiares e vizinhos, acompanhar um pequeno
intervalo no serviço, participar do franquias-internacionais way of life, estudar, etc. Beber café se
entende como a prática de atividades de interação ritualizadas, socialmente aceitáveis e por isso
mesmo convencionais. Lembrando que o que é convencional para uma forma de vida pode ser
inaceitável numa outra. O encontro com rituais diferentes ou estranhos aos nossos valores facilita o
tipo de abstração da qual fala Giddens.
Além abstrair o valor simbólico de um ato corriqueiro como tomar uma xícara de café,
abstraímos também, desse ato “uma rede de relações sociais e econômicas de dimensão
internacional“, na qual aquele ato é um nódulo: o consumo. “A produção, transporte e distribuição do
café implicam transações constantes que envolvem pessoas a milhares de quilômetros dos
consumidores” (p. 3).
Ainda há de se considerar na abstração sociológica que tomar café “pressupõe um processo
de desenvolvimento social e econômico passado” do qual o consumo generalizado de café é o
resultado. É esse processo histórico que permite perceber como o consumo localizado do café se
difundiu globalmente.
Entretanto, o fato do café ser consumido globalmente não quer dizer que as opções de estilo
de vida dos consumidores de café sejam as mesmas. “A globalização aumenta a consciência das
pessoas acerca de questões que se passam em pontos remotos do planeta, incentivando-as a atuar no
dia a dia em função desse novo conhecimento” (p. 4). O reconhecimento da rede de relações
socioeconômicas envolvidas na atividade de produção e comercialização do café passa a ser avaliado
a partir de valores compartilhados pelas pessoas resultando em opções relacionadas a diferentes
estilos de vida e visões de mundo. Assim, no caso do café, conhecimento a respeito das formas de
produção e processamento do café, dos efeitos da cafeína no organismo e até das formas de
exploração da mão de obra empregada na sua produção entram no bojo de informações que vão
determinar se a pessoa vai comprar café orgânico, artesanal, descafeinado, etc.
Os limites da abstração sociológica, isto é, da capacidade de se libertar do quadro das
próprias circunstâncias de vida pessoais e pensar um contexto mais abrangente.
Nessa aula problematizamos a seguinte afirmação de Giddens na qual se refere à abstração
do processo histórico que fez do consumo do café uma prática mundial:
“Embora seja [o café] uma bebida originária do Médio Oriente, o seu consumo maciço data do
período da expansão colonial ocidental, há cerca de um século e meio atrás” (p. 3, grifo nosso).
Nessa aula foi proposto um exercício em duplas. As duplas escolherão um produto ou
serviço e praticarão a abstração sociológica identificando o valor simbólico (rituais, o que é
aceitável/inaceitável socialmente no uso/consumo) desse produto ou serviço, sua rede de
relações sócio-econômicas internacionais e o seu desenvolvimento histórico, e irão entregar um
relatório de uma folha desse exercício na próxima segunda. Além da discussão desse exercício
iremos abordar a importância social da prática sociológica. Na terça, os sociólogos fundadores:
Durkheim, Weber e Marx.

2 O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA

A Sociologia tem seu início no solo da Revolução Francesa em 1789, acalentada pela força
das transformações sociais, dos movimentos e das crises na sociedade. m seu começo, carrega
poderosa inclinação pelo ideal de ordem social, estabelecendo-se historicamente a partir dos
transtornos causados pela desorganização da sociedade, colocando-se como herdeira do
conservadorismo europeu do século XIX.
A Revolução Francesa cultiva o individualismo, o racionalismo e o igualitarismo. Mas o
conservadorismo europeu repele tais ideais, pois alega que eles arruinariam a ordem social (controle,
posição e hierarquia).

1.2.1 Auguste Comte, o fundador da Sociologia.

Nascido em Montpellier, no Sul da França, em 19/01/1790, Augusto Comte foi um filósofo


francês, fundador da Sociologia e do Positivismo que, desde cedo, revelou uma grande capacidade
intelectual e uma prodigiosa memória. Seu interesse pelas ciências naturais era conjugado pelas
questões históricas e sociais e, com 16 anos, em 1814, ingressou na Escola Politécnica de Paris. No
período de 1817-1824 foi secretário do conde Henri de Saint-Simon (1760-1825), expoente do
socialismo utópico; todavia, como Saint-Simon apropriava-se dos escritos de seus discípulos para si e
como dava ênfase apenas à economia na interpretação dos problemas sociais, Comte rompeu com
ele, passando a desenvolver autonomamente suas reflexões. São dessa época algumas fórmulas
fundamentais: "Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto" (1819) e "Todas as concepções
humanas passam por três estádios sucessivos - teológico, metafísico e positivo -, com uma velocidade
proporcional à velocidade dos fenômenos correspondentes" (1822) (a famosa "lei dos três estados").
Comte trabalhava intensamente na criação de uma filosofia positiva quando, em virtude de
problemas conjugais, sofreu um colapso nervoso, em 1826. Recuperado, mergulhou na redação do
Curso de filosofia positiva (posteriormente, em 1848, renomeado para Sistema de filosofia positiva),
que lhe tomou doze anos. Em 1842, por criticar a corporação universitária francesa, perdeu o emprego
de examinador de admissão à Escola Politécnica e começou a ser ajudado por admiradores, como o
pensador inglês John Stuart Mill (1806-1873). No mesmo ano, Comte separou-se de Caroline Massin,
após 17 anos de casamento. Em 1845, apaixonou-se por Clotilde de Vaux, que morreria no ano
seguinte. Entre 1851 e 1854 Comte redigiu o Sistema de política positiva, em que extraiu algumas das
principais conseqüências de sua concepção de mundo não-teológica e não-metafisica, propondo uma
interpretação pura e plenamente humana para a sociedade e sugerindo soluções para os problemas
sociais; no volume final dessa obra, apresentou as instituições principais de sua Religião da
Humanidade. Em 1856, publicou o livro Síntese subjetiva, primeiro e único volume de uma série de
quatro dedicados a tratar de questões específicas das sociedades humanas: lógica, indústria,
pedagogia, psicologia, mas faleceu, possivelmente de câncer, em 5 de setembro de 1857, em Paris.
Sua última casa, na rua Monsieur-le-Prince, 10, foi posteriormente adquirido por positivistas e
transformado no Museu Casa de Augusto Comte.
Todavia, é importante notar que uma grande confusão terminológica ocorre com a obra de
Comte e seu "Positivismo": ele não tem nenhuma ou pouca relação com o chamado Positivismo
Jurídico, ou Juspositivismo, de Hans Kelsen; com a "Psicologia positivista", ou "behaviorismo" (ou
"comportamentalismo"), de Watson e Skinner; com o Neopositivismo, do Círculo de Viena, de Otto
Neurath, Carnap e seus diversos associados, nem com tantos outros "positivismos" de outras áreas do
conhecimento.

A FILOSOFIA POSITIVA

A filosofia positiva de Comte nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim como
sociais que provenha de um só princípio. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das
causas dos fenômenos (Deus ou natureza) e pesquisa suas leis, vistas como relações abstratas e
constantes entre fenômenos observáveis.
Adotando os critérios histórico e sistemático, outras ciências abstratas antes da Sociologia,
segundo Comte, atingiram a positividade: a Matemática, a Astronomia, a Física, a Química e a
Biologia. Assim como nessas ciências, em sua nova ciência inicialmente chamada de física social e
posteriormente Sociologia, Comte usaria a observação, a experimentação, da comparação e a
classificação como métodos - resumidas na filiação histórica - para a compreensão (isto é, para
conhecimento) da realidade social. Comte afirmou que os fenômenos sociais podem e devem ser
percebidos como os outros fenômenos da natureza, ou seja, como obedecendo a leis gerais;
entrentanto, sempre insistiu e argumentou que isso não equivale a reduzir os fenômenos sociais a
outros fenômenos naturais (isso seria cometer o erro teórico e espistemológico do materialismo): a
fundação da Sociologia implica que os fenômenos sociais são um tipo específico de realidade teórica e
que devem ser explicados em termos sociais.
Em 1852 Comte instituiu uma sétima ciência, a Moral, cujo âmbito de pesquisa é a constituição
psicológica do indivíduo e suas interações sociais.
Pode-se dizer que o conhecimento positivo busca "ver para prever, a fim de prover" - ou seja:
conhecer a realidade para saber o que acontecerá a partir de nossas ações, para que o ser humano
possa melhorar sua realidade. Dessa forma, a previsão científica caracteriza o pensamento positivo.
O espírito positivo, segundo Comte, tem a ciência como investigação do real. No social e no
político, o espírito positivo passaria o poder espiritual para o controle dos "filósofos positivos", cujo
poder é, nos termos comtianos, exclusivamente baseado nas opiniões e no aconselhamento,
constituindo a sociedade civil e afastando-se a ação política prática desse poder espiritual - o que
afasta o risco de tecnocracia (chamada, nos termos comtianos, de "pedantocracia").
O método positivo, em termos gerais, caracteriza-se pela observação. Entretanto, deve-se
perceber que cada ciência, ou melhor, cada tipo de fenômeno tem suas particularidades, de modo que
o método específico de observação para cada fenômeno será diferente. Além disso, a observação
conjuga-se com a imaginação: ambas fazem parte da compreensão da realidade e são igualmente
importantes, mas a relação entre ambas muda quando se passa da teologia para a positividade. Assim,
para Comte, não é possível fazer ciência (ou arte, ou ações práticas, ou até mesmo amar!) sem a
imaginação, isto é, sem uma ativa participação da subjetividade individual e por assim dizer coletiva: o
importante é que essa subjetividade seja a todo instante confrontada com a realidade, isto é, com a
objetividade.
Dessa forma, para Comte há um método geral para a ciência (observação subordinando a
imaginação), mas não um método único para todas as ciências; além disso, a compreensão da
realidade lida sempre com uma relação contínua entre o abstrato e o concreto, entre o objetivo e o
subjetivo. As conclusões epistemológicas a que Comte chega, segundo ele, só são possíveis com o
estudo da Humanidade como um todo, o que implica a fundação da Sociologia, que, para ele, é
necessariamente histórica.
Além da realidade, outros princípios caracterizam o Positivismo: o relativismo, o espírito de
conjunto (hoje em dia também chamado de "holismo") e a preocupação com o bem público (coletivo e
individual). Na verdade, na obra "Apelo aos conservadores", Comte apresenta sete definições para o
termo "positivo": real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático.

A LEI DOS TRÊS ESTADOS

O alicerce fundamental da obra comtiana é, indiscutivelmente, a "Lei dos Três Estados", tendo
como precursores nessa idéia seminal os pensadores Condorcet e, antes dele, Turgot.
Segundo o marquês de Condorcet, a humanidade avança de uma época bárbara e mística
para outra civilizada e esclarecida, em melhoramentos contínuos e, em princípio, infindáveis - sendo
essa marcha o que explicaria a marcha da história.
A partir da percepção do progresso humano, Comte formulou a Lei dos Três Estados.
Observando a evolução das concepções intelectuais da humanidade, Comte percebeu que essa
evolução passa por três estados teóricos diferentes: o estado 'teológico' ou 'fictício', o estado
'metafísico' ou 'abstrato' e o estado 'científico' ou 'positivo', em que:
• No primeiro, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural, por entidades cuja
vontade arbitrária comanda a realidade. Assim, busca-se o absoluto e as causas primeiras
e finais ("de onde vim? Para onde vou?"). A fase teológica tem várias subfases: o
fetichismo, o politeísmo, o monoteísmo.
• No segundo, já se passa a pesquisar diretamente a realidade, mas ainda há a presença do
sobrenatural, de modo que a metafísica é uma transição entre a teologia e a positividade.
O que a caracteriza são as abstrações personificadas, de caráter ainda absoluto: "a
Natureza", "o éter", "o Povo", "o Capital".
• No terceiro, ocorre o apogeu do que os dois anteriores prepararam progressivamente.
Neste, os fatos são explicados segundo leis gerais abstratas, de ordem inteiramente
positiva, em que se deixa de lado o absoluto (que é inacessível) e busca-se o relativo. A
par disso, atividade pacífica e industrial torna-se preponderante, com as diversas nações
colaborando entre si.
É importante notar que cada um desses estágios representa fases necessárias da evolução
humana, em que a forma de compreender a realidade conjuga-se com a estrutura social de cada
sociedade e contribuindo para o desenvolvimento do ser humano e de cada sociedade.
Dessa forma, cada uma dessas fases tem suas abstrações, suas observações e sua
imaginação; o que muda é a forma como cada um desses elementos conjuga-se com os demais. Da
mesma forma, como cada um dos estágios é uma forma totalizante de compreender o ser humano e a
realidade, cada uma delas consiste em uma forma de filosofar, isto é, todas elas engendram filosofias.
Como é possível perceber, há uma profunda discussão ao mesmo tempo sociológica, filosófica
e epistemológica subjacente à lei dos três estados - discussão que não é possível resumir no curto
espaço deste artigo.
1.2.2 O primeiro sociólogo inglês: Herbert Spencer.

Herbert Spencer (27 de Abril de 1820 - 8 de Dezembro de 1903) foi um filósofo inglês e um dos
representantes do positivismo. Para Spencer, a filosofia deve ser muito precisa quanto a evolução e
esclarecer, com base nela, os mais variados problemas. Acreditava também que a evolução é um
princípio universal que opera sempre.
No que concerne à sua aplicação no domínio da sociologia, ela foi efetuada pelo próprio
Spencer, que, assim, aderiu ao movimento do biologismo sociológico. Spencer parte da definição de
sociedade como um organismo. Por analogia, destaca, então, processos de crescimento, expressos
através de diferenciações estruturais e funcionais. Tratando da evolução da sociedade, Spencer
sublinha a importância dos processos de interdependência das partes, bem como a da existência de
unidades (células) nos organismos e nas sociedades (ou seja, nos indivíduos). Spencer insiste no fato
de que, tal como nos organismos, também nas sociedades se observam fenômenos de assimilação,
circulação, regulação, etc.
Os mais importantes de trabalhos de Spencer, que lidam com teoria social e política, são
Estáticas Sociais (1850), Princípios de Sociologia (3 vols., 1876-96) e O Homem contra o Estado
(1884). Estática social é uma descrição de sociedade como Spencer concebe que deveria ser, a
condição ideal de organização política que é enfrentada como um de repouso estático no qual um
equilíbrio perfeito foi alcançado entre homem, o organismo individual, e os ambientes dele.

1.2.3 O sistematizador da sociologia: Émile Durkheim.

(Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) é considerado um dos pais da


sociologia moderna. Durkheim foi o fundador da escola francesa de sociologia, posterior a Marx, que
combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É reconhecido amplamente como um dos
melhores teóricos do conceito da coesão social.
Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma
definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao
mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a
consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa
preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga
integrar-se a essa estrutura.
Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma
solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade
da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade
moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo
(preponderância progressiva da solidariedade orgânica).
A sociologia fortaleceu-se graças a Durkheim e seus seguidores. Suas principais obras são: Da
divisão do trabalho social (1893); Regras do método sociológico (1895); O suicídio (1897); As formas
elementares de vida religiosa (1912). Fundou também a revista L'Année Sociologique, que afirmou a
preeminência durkheimiana no mundo inteiro.

PENSAMENTO

Durkheim formou-se em Filosofia, porém sua obra inteira é dedicada à Sociologia. Seu
principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma "Consciência Coletiva". Ele
parte do princípio que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou Humano porque
se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo
social para poder conviver no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "Socialização", a consciência coletiva
seria então formada durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo que habita nossas
mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse "tudo" ele
chamou de "Fatos Sociais", e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
Nem tudo que uma pessoa faz é um fato social, para ser um fato social tem de atender a três
características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam
ou fazem independente de suas vontades individuais, é um comportamento estabelecido pela
sociedade. Não é algo que seja imposto especificamente a alguém, é algo que já estava lá antes e que
continua depois e que não dá margem a escolhas.
O mérito de Durkheim aumenta ainda mais quando publica seu livro "As regras do método
sociológico", onde define uma metodologia de estudo, que embora sendo em boa parte extraída das
ciências naturais, dá seriedade à nova ciência. Era necessário revelar as leis que regem o
comportamento social, ou seja, o que comanda os fatos sociais.
Em seus estudos, os quais serviram de pontos expiatórios para os inícios de debates contra
Gabriel Tarde (o que perdurou praticamente até o fim de sua carreira), ele concluiu que os fatos sociais
atingem toda a sociedade, o que só é possível se admitirmos que a sociedade é um todo integrado. Se
tudo na sociedade está interligado, qualquer alteração afeta toda a sociedade, o que quer dizer que se
algo não vai bem em algum setor da sociedade, toda ela sentirá o efeito. Partindo deste raciocínio ele
desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituição social e Anomia.
A instituição social é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto de regras e
procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja
importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos
que dele participam. As instituições são, portanto, conservadoras por essência, quer seja família,
escola, governo, polícia ou qualquer outra, elas agem fazendo força contra as mudanças, pela
manutenção da ordem.
Durkheim deixa bem claro em sua obra o quanto acredita que essas instituições são valorosas
e parte em sua defesa, o que o deixou com uma certa reputação de conservador, que durante muitos
anos causou antipatia a sua obra. Mas Durkheim não pode ser meramente tachado de conservador,
sua defesa das instituições se baseia num ponto fundamental, o ser humano necessita se sentir
seguro, protegido e respaldado. Uma sociedade sem regras claras (num conceito do próprio Durkheim,
"em estado de anomia"), sem valores, sem limites leva o ser humano ao desespero. Preocupado com
esse desespero, Durkheim se dedicou ao estudo da criminalidade, do suicídio e da religião. O homem
que inovou construindo uma nova ciência inovava novamente se preocupando com fatores
psicológicos, antes da existência da Psicologia. Seus estudos foram fundamentais para o
desenvolvimento da obra de outro grande homem: Freud.
Basta uma rápida observação do contexto histórico do século XIX, para se perceber que as
instituições sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento, valores tradicionais
eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condições miseráveis, desempregados,
doentes e marginalizados. Ora, numa sociedade integrada essa gente não podia ser ignorada, de uma
forma ou de outra, toda a sociedade estava ou iria sofrer as conseqüências. Aos problemas que ele
observou, ele considerou como patologia social, e chamou aquela sociedade doente de "Anomana". A
anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio para
isso. O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade.
Na tentativa de "curar" a sociedade da anomia, Durkheim escreve "Da divisão do trabalho
social", onde ele descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgânica entre os
membros da sociedade. A solução estaria em, seguindo o exemplo de um organismo biológico, onde
cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver, se cada membro da sociedade
exercer uma função na divisão do trabalho, ele será obrigado através de um sistema de direitos e
deveres, e também sentirá a necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para
ele é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de
forma orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.
Principais obras
• Da divisão do trabalho social, 1893;
• Regras do método sociológico, 1895;
• O suicídio, 1897;
• As formas elementares de vida religiosa, 1912.

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