1 - Apontamentos sobre os contratos administrativos - Parte I
1.1 - Noções gerais
Após identificar a proposta mais vantajosa, a Administração
celebra um contrato com o particular. Este contrato é chamado de contrato administrativo.
1.2 – Conceito
O contrato administrativo é uma espécie do gênero contrato. Constitui
por isso, um acordo de vontade celebrado entre a Administração Pública e particular, sujeito a um regime jurídico peculiar chamado de regime jurídico administrativo, com natureza de direito público (aplicando subsidiariamente princípios do direito privado), através do qual a Administração recebe uma série de prerrogativas e sujeições.
1.3 - Dispositivos legais
Os contratos administrativos são tratados pela CR/88 no artigo 37, XXI, Lei 8.666/93 a partir do artigo 54, com alterações pelas Leis 8.883/94, 9.032/95 e 9.648/98.
A doutrina diverge com relação ao conceito de contrato administrativo.
A primeira corrente a qual pertence Oswaldo Aranha Bandeira de Mello nega a existência do contrato administrativo por entender que as cláusulas regulamentares são atos unilaterais da Administração Pública e as cláusulas econômicas equivalem a contratos de direito privado. A segunda corrente, a qual pertence Edimur Ferreira de Faria, entende que todos os contratos celebrados pela Administração Pública são considerados contratos administrativos por que prevalece neles o interesse público.
A terceira corrente a qual pertence a maioria dos autores acredita que
existe tanto contratos privados (regidos pelo direito comum) quanto contratos administrativos (estes regidos pelo regime jurídico administrativo)
1 - Apontamentos sobre os contratos administrativos - Parte I
1.4 - Divergência doutrinária A doutrina diverge com relação ao conceito de contrato administrativo. A primeira corrente a qual pertence Oswaldo Aranha Bandeira de Mello nega a existência do contrato administrativo por entender que as cláusulas regulamentares são atos unilaterais da Administração Pública e as cláusulas econômicas equivalem a contratos de direito privado.
A segunda corrente, a qual pertence Edimur Ferreira de Faria, entende
que todos os contratos celebrados pela Administração Pública são considerados contratos administrativos por que prevalece neles o interesse público.
A terceira corrente a qual pertence a maioria dos autores acredita que
existe tanto contratos privados (regidos pelo direito comum) quanto contratos administrativos (estes regidos pelo regime jurídico administrativo)
1.5 – Espécies
Seguindo o entendimento da maioria dos doutrinadores, os contratos
administrativos dividem-se em contratos privados da Administração Pública e contratos tipicamente administrativos.
- Contratos tipicamente administrativos - são contratos regidos pelo
direito público. Como entre a Administração Pública e o particular existe uma considerável superioridade, a Administração usa desta prerrogativa para elaborar, modificar e executar contratos com cláusulas exorbitantes (que só existem nos contratos administrativos).
1.6 – Características Para que haja contrato administrativo é necessária a presença da Administração Pública em um dos pólos da relação contratual.
O contrato administrativo tem como único fim atingir o interesse
público.
Todo contrato é formal, ou seja, o contrato é sempre celebrado na
forma escrita visando a segurança dos contratantes. Ao contrário do Direito Civil, a Lei 8.666/93 impede o contrato verbal determinando que contratos desta forma são nulos e de nenhum efeito.
A legislação também impõe os critérios para a celebração do contrato.
Assim, o procedimento legal abarca a licitação, previsão orçamentária, duração, etc..
O contrato tem a característica de "intuitu personae", ou seja, o
contrato só é realizado com o licitante adjudicado posto que a Administração fica impedida de contratar com terceiro que não seja o vencedor do certame.
Observação: A adjudicação é o ato final do procedimento administrativo
de licitação. Constitui o ato declaratório, pelo qual se atribui de maneira formal o vencedor do certame o objeto da licitação (licitante adjudicado).
Os contratos administrativos possuem cláusulas exorbitantes.
O contrato administrativo pode ser modificado para se adequar ao
interesse público superveniente. Já que o fim da Administração Pública é modificável, o contrato também é.
1.7 - Cláusulas regulamentares e cláusulas econômico-financeiras
O contrato administrativo possui cláusulas de duas naturezas: as
cláusulas de natureza regulamentar e as cláusulas de natureza econômico-financeira, ambas indispensáveis em qualquer contrato administrativo.
As cláusulas regulamentares são fixadas pelo Poder Púbico de modo
unilateral, estabelecendo a maneira como o serviço deve ser executado. Como o serviço público é regulado pela Administração, esta pode a qualquer momento alterar as cláusulas regulamentares em prol do interesse público. As cláusulas econômico-financeiras referem-se aos valores, pagamentos, etc. e não podem ser alteradas unilateralmente, salvo mútuo acordo entre as partes, como expõe o art. 58, §1º da Lei 8.666/93:
"As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado."
1.8 - Cláusulas exorbitantes
As cláusulas exorbitantes fazem parte apenas dos contratos tipicamente
administrativos. São cláusulas incomuns ou consideradas ilícitas se pactuadas no direito privado por se submeterem ao regime jurídico administrativo. Desta forma, são prerrogativas concedidas ao Poder Público para contratar.
Possui várias características como a possibilidade de alteração unilateral
do contrato pela Administração, a rescisão unilateral, a fiscalização, ocupação provisória de bens, aplicação de sanções, entre outras.
Art. 58 da Lei 8.666/93. "O regime jurídico dos contratos
administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado; II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei; III - fiscalizar-lhes a execução; IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste; V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo."
1.8.1 - Alteração unilateral
A Administração Pública pode, dentro dos limites da lei, alterar unilateralmente as cláusulas regulamentares do contrato quando desejar. Contudo deve sempre motivar a causa desta alteração para alcançar o interesse público superveniente. O objetivo da alteração unilateral após a assinatura do contrato é equilibrar econômica e financeiramente a relação contratual. 1.8.3 - Fiscalização A Administração Pública pode fiscalizar e acompanhar o cumprimento do contrato quando desejar. Para tanto a Administração deve designar um representante, sendo permitida a contratação de terceiros para assisti-lo ou subsidiá-lo de informações referentes a essa atribuição.
1.8.4 - Aplicação de sanções
1.8.5 - Ocupação provisória de bens
A Administração pode, nos casos essenciais, ocupar provisoriamente e temporariamente bens móveis, imóveis, pessoais e serviços vinculados ao contrato. Esta prerrogativa lhe é dada para o caso de necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, assim como na hipótese de rescisão do contrato.
1.8.6 - Inoponibilidade da exceção do contrato não cumprido
A característica da inoponibilidade da exceção do contrato não
cumprido é bem simples. Ela indica que no caso de mora superior a 90 (noventa) dias por parte da Administração, pode o contratado suspender o cumprimento de suas obrigações. É desta forma que regula o inciso XV, art. 78 da Lei 8.666/93:
(...)
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos
devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;" (...)
1.8.7 - Exigência de garantia
A Administração pode exigir prestação de garantia nas
contratações de obras, serviços e compras, desde que previsto no instrumento convocatório.
A escolha da modalidade pertence ao contratado e pode ser:
caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, seguro- garantia e fiança bancária.
Ao término do contrato, a garantia é devolvida. Mas, se o
contratado dá causa à rescisão contratual, a garantia pode compensar eventuais prejuízos ou até mesmo quitar o valor das multas eventualmente aplicadas.
1.9 - Manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
A CR/88 concede o direito à manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro ao particular quando dispõe em seu art. 37, XXI: "mantidas as condições efetivas da proposta". Isso significa que havendo a necessidade de alteração no contrato para adequação a interesse público superveniente, o particular não é prejudicado.
A relação inicialmente estabelecida entre os encargos relativos
ao contrato e a sua compensação financeira se mantém.
Segue um julgado do Eg. Superior Tribunal de Justiça sobre o
1. O acórdão recorrido por especial asseverou, com análise da
cláusula contratual n. 32, ou seja, com interpretação de cláusula contratual, o que já faria incidir a Súmula 05/STJ, que da presente cláusula, resultou a necessidade de uma revisão contratual. Revisão que foi avençada pelas partes, objetivando o não-comprometimento do equilíbrio econômico-financeiro, após a remuneração estipulada para os meses de março, maio e junho, não podendo nenhuma das partes, agora, pretender o retorno do que fora primitivamente acordado. (fls. 278)
2. Se o acórdão da segunda instância parte de interpretação de
uma cláusula contratual, e afirma que, ainda assim, não existe alteração do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, é o quanto basta para a incidência das Súmulas 05 e 07 do STJ, pois não pode este Tribunal, em grau de recurso especial, rever todo o enquadramento fático dado pela instância ordinária, com base em interpretação de cláusula contratual para chegar à afirmação pretendida pela agravante de que ela não estava obrigada a submeter-se à auditoria previamente acordada, ou mesmo que a atividade da Administração quebrou o equilíbrio econômico- financeiro do contrato.
3. O julgamento da pretensão recursal - seja para afastar o
direito ao reajuste do preço em razão do tempo de vigência do contrato, seja para analisar a não-ocorrência do suporte fático da regra que impõe a preservação do equilíbrio econômico- financeiro - pressupõe, necessariamente, o reexame dos aspectos fáticos da lide e das cláusulas contratuais - notadamente para saber se o contrato veda a correção monetária em quaisquer circunstâncias ou se a vedação persiste apenas enquanto subsistir o impedimento legal -, atividade cognitiva vedada nesta instância superior (Súmulas 5 e 7 do STJ). (REsp 764.806/RS, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 7.11.2006.) Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 948990 / SP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2007/0032638-8, Segunda Turma, STJ, Relator: Ministro Humberto Martins, Julgado em 18/10/2007)
1.10 - Contrato de adesão
No Direito Administrativo também há contrato de adesão. Nele não cabe à parte discutir nenhuma de suas cláusulas que já são estabelecidas a priori. No próprio edital já consta a minuta do contrato e por isso os administrados que se interessarem pelo certame já sabem desde já sobre as cláusulas contratuais.