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A Economia é uma das ciências sociais.

Ela estuda uma parte específica do comportamento dos indivíduos


e das sociedades: a que diz respeito à produção e distribuição de bens e serviços.
Para se compreender o comportamento de uma pessoa (por exemplo, quais os motivos que a levam a
comprar uma determinada quantidade de um dado produto) provavelmente teremos de recorrer aos
conhecimentos de várias ciências sociais, tais como a Economia, a Sociologia, a Psicologia, etc., ou seja,
teremos de recorrer a uma análise pluridisciplinar. No entanto a forma como a nossa sociedade transmite
os conhecimentos ao nível do ensino superior obriga-nos à especialização numa determinada área do
conhecimento, como é o caso da Economia, ou mesmo uma subdivisão da própria Economia, como a Gestão
de Empresas.
Discute-se se a Economia é uma "verdadeira" ciência, tal como a Física ou a Astronomia. Recordemos que
as ciências se caracterizam pelo seu método, o método científico, e que usualmente se divide em cinco
etapas:

 Observação da realidade

 formulação de hipóteses (e previsões subsequentes)

 experimentação e verificação das hipóteses (e das previsões)

 formulação da teoria

 divulgação dos resultados e sua validação pela comunidade científica

A limitação que se aponta à Economia (bem como a outras ciências sociais) é o facto de não se poderem
realizar experiências controladas sobre o comportamento dos indivíduos em sociedade. Por razões éticas não
se podem fechar indivíduos num laboratório (à semelhança do que acontece no concurso televisivo "Big
Brother") para os observar a produzir bens ou a efectuar compras - e além disso os resultados seriam
certamente distorcidos pela artificialidade da situação.
É certo que, depois de se formularem hipóteses e efectuarem previsões, pode-se observar de novo a
realidade para as testar - o problema é que não é possível analisar uma população completa, apenas parte
dela. Um modo como a Economia tenta ultrapassar estas limitações experimentais é pelo recurso à
inferência estatística: técnica que permite retirar conclusões para uma população a partir da análise de uma
amostra dessa mesma população. Estas conclusões nunca podem representar uma certeza absoluta, mas
apenas uma "probabilidade" com um maior ou menor grau de certeza; representam, contudo, um bom
instrumento de trabalho. Deva ou não considerar-se a Economia como ciência, pelo menos ela deve seguir,
tanto quanto possível, o método científico, cujos principais passos já foram referidos, e qual também se
caracteriza pela dúvida metódica - predisposição para abandonar hipóteses ou teorias que antes se
consideravam verdadeiras, no caso da observação vir a provar que não o são, ou de outra teoria os explicar
de forma mais satisfatória.
Na realidade, a ciência caracteriza-se por não ser dogmática: ela não só admite que teorias antes aceites
como certas seja substituídas por outras que provem ser mais exactas, como apresenta como condição o
principio da falsificabilidade: só pode ser considerado como científico o conhecimento relativamente ao
qual seja possível poder vir a provar-se que é falso.
Devemos, no entanto, ter em consideração que existem outros conhecimentos para além do conhecimento
científico: A existência de Deus não é uma matéria do domínio da ciência. O facto de não se poder provar se
Deus existe ou não existe, não significa que ambas as hipóteses sejam falsas ou que não se possa "conhecer"
essa verdade (qualquer que ela seja).
A Economia apresenta uma característica comum a outras ciências sociais: ela observa e procura explicar
uma realidade em mudança. As teorias sobre o funcionamento das empresas nos nossos dias são
certamente diferentes das que poderiam explicar o funcionamento das empresas no início da Revolução
Industrial, porque a realidade empresarial (objectivos, métodos, estrutura organizativa, etc.) mudou desde
então.
Em Economia as leis verificam-se em média e não em termos absolutos. Por exemplo: a lei da procura
afirma que quando sobe o preço de uma mercadoria a sua procura diminui. Sabemos que isto se verifica para
uma dada população, em termos médios, embora alguns dos indivíduos dessa população, pontualmente,
possam não agir sempre conforme a lei.
Certas leis da Física, como a lei da gravidade, parecem verificar-se sempre em todas as circunstâncias - e
por isso a Física é denominada uma "ciência exacta". No entanto, apesar de qualquer objecto à superfície do
nosso planeta ser sempre atraído na direcção do centro da Terra (o que designamos como gravidade)
sabemos hoje que nem todas as partículas sub-atómicas de que esse objecto é constituído se comportam de
acordo com a lei da gravidade -uma interessante analogia com a natureza aparentemente ambígua das leis
económicas.
Não é fácil definir o objecto da Economia - na realidade existem numerosas definições. Um enunciado
possível é:

A Economia é o ramo do conhecimento que estuda a utilização eficiente de recursos escassos para
produzir e distribuir bens diversificados e, desta forma, satisfazer necessidades do indivíduo e da
sociedade.

O pensamento económico, todavia, não se restringe à ciência: devemos igualmente considerar as doutrinas e
as políticas económicas.
As doutrinas económicas são formulações normativas sobre como "deve ser" ou como "deve funcionar" a
economia, e não como "pode ser". Por exemplo, a Economia enquanto ciência explica como é que o
abastecimento de água a uma cidade pode ser garantido, tanto por uma entidade pública (uma Câmara
Municipal) como por uma empresa privada. No entanto, uns podem considerar que deve ser a Câmara, e
outros a empresa privada - e neste caso estamos no domínio do "dever ser", ou seja, no domínio das
"doutrinas" (embora as doutrinas procurem quase sempre disfarçar-se de "ciência"; mas a verdade é que não
seguem o método científico, o qual provaria que os dois casos são possíveis).
As políticas económicas traduzem-se na aplicação prática, pelas autoridades públicas, de orientações que
derivam tanto da ciência económica como das doutrinas económicas.
A complexidade do pensamento económico - não só na actualidade, mas também na sua dimensão histórica
- é usualmente abordada através da sua classificação em "escolas de pensamento ", que são grandes
correntes uniformizadoras de diversas teorias e onde são agrupados os economistas. É devido a esta
classificação que afirmamos, por exemplo, que Joan Robinson foi uma economista "keynesiana" (ou seja, da
escola keynesiana) e que John Keneth Galbraith é um "institucionalista" (ou seja, da escola
institucionalista). No entanto estas classificações são em boa medida arbitrárias e redutoras, podendo mesmo
acontecer que um economista recuse a classificação que lhe querem fazer numa dada escola, ou que outro
economista seja reivindicado por três escolas diferentes. Uma descrição razoável destas escolas pode ser
encontrada na internet em: http:// cepa.newschool.edu/het/
Grande parte da matéria que será estudada nesta cadeira (e em particular a microeconomia) integra-se no
paradigma do "individualismo metodológico", segundo o qual a análise da realidade decorre da explicação
dos comportamentos individuais, sendo o indivíduo simultaneamente racional e maximizador - isto é, cada
indivíduo prossegue o seu próprio interesse e procura maximizar a sua satisfação ou utilidade (no caso das
empresas, o lucro).
Uma corrente importante no domínio da ciência económica defende a "racionalidade limi
limitada", ou seja, que o indivíduo maximizador não escolhe entre todas as soluções possíveis, mas apenas
um certo número delas, que lhe são mais acessíveis. A racionalidade a que recorre é adaptativa, fruto de
uma aprendizagem. As investigações recentes do cientista português António Damásio sobre a formação do
conhecimento nos indivíduos fornece argumentos a favor desta teoria (a).
No entanto, o resultado global dos actos dos indivíduos, em termos de sociedade, pode ser diferente das suas
intenções originais, podendo ser positivo (segundo Adam Smith, o egoísmo individual, como que guiado por
uma "mão invisível", contribui para o bem geral) ou negativo (segundo Keynes, os actos de poupança dos
indivíduos podem contribuir para o empobrecimento da sociedade).
Outra parte da matéria que será estudada nesta cadeira - a macroeconomia - debruça-se sobre o modelo
keynesiano e da síntese da corrente neo-clássica com o keynesianismo - teorias relativamente recentes na
história da Economia.
Pela sua própria natureza científica, a Economia encontra-se em evolução, tanto mais que a realidade que ela
estuda também se encontra em processo de mudança acelerada. Aquilo que ensinamos e aprendemos hoje
pode vir a ser contestado e ultrapassado dentro de pouco tempo. Isto representa simultaneamente uma
contrariedade e uma oportunidade, tanto para professores como para estudantes.
Recordemos Einstein: as suas assombrosas descobertas no domínio da Relatividade significaram um avanço
empolgante do progresso científico, mas devem igualmente ter representado uma contrariedade para muitos
dos físicos que tinham saído da escola com os conhecimentos anteriores - restando-lhes fazer um penoso
esforço de actualização ou manterem-se agarrados a teorias ultrapassadas.
Pensemos no que seria preferível: vivermos num período de estagnação de conhecimentos (embora tal nos
"simplificasse" a vida académica) ou numa época de progresso científico, apesar do esforço de actualização
permanente que isso nos exige?
No presente texto far-se-ão frequentes alusões a outras áreas do conhecimento - por exemplo, nesta
Introdução, os únicos livros a que fizemos referência até agora (em nota de rodapé) não são de Economia,
mas da área da neuro-biologia. Conforme salientou o grande economista português Manuel Jacinto Nunes,
"um economista que se limita aos conhecimentos da ciência económica - stricto sensu - é um pobre homem,
nem chega simplesmente a ser um economista. Deve também possuir a cultura que o une à comunidade
onde vive, e compreender a civilização que o enquadra e o mundo onde existe" (b).
Nesta disciplina os conhecimentos não serão dados de forma dogmática. É claro que não podemos ficar à
espera da "última moda", como Bocage. Os pontos de conflito entre diferentes escolas de pensamento
económico serão referidas e explicadas, sempre que não seja evidente o consenso relativamente às matérias
leccionadas. A incerteza e desconforto que isso pode provocar ao estudante (não lhe basta ter que
compreender uma teoria - ainda tem que estudar a teoria rival!) serão certamente compensadas pela
actualidade dos conhecimentos adquiridos face ao panorama turbulento da ciência económica na
actualidade.

A microeconomia é a área da ciência económica que estuda o comportamento dos agentes económicos –
produtores (ou empresas) e consumidores (ou famílias) - em termos individuais, ou seja, estuda o modo
como as empresas e as famílias tomam decisões de natureza económica.
Estas decisões são, para as empresas, do tipo: o que produzir e como produzir. Para as famílias essas
decisões respeitam à escolha dos bens que adquirem, e em que quantidades.
O relacionamento entre empresas e famílias tem lugar no mercado, que é o local, físico ou virtual, onde se
dá a interacção entre consumidores e produtores.
Existem diferentes mercados para diferentes tipos de bens e serviços, podendo constituir locais com
existência física (uma praça de peixe e produtos hortículas, uma lota, uma feira mensal, são exemplos deste
tipo de mercados). Nestes mercados os consumidores e os produtores encontram-se de facto uns com os
outros.
Existem outros mercados onde não se verifica o contacto físico entre os diversos agentes económicos, sendo
a comunicação entre eles (para informar sobre preços ou sobre decisões de aquisição e venda) feita através
de meios de comunicação remota, como o fax, o telemóvel, as redes informáticas, etc. O "mercado mundial
de petróleo" é um exemplo deste tipo de mercados virtuais. As aquisições de livros ou outros produtos que
fazemos pela internet representam um bom exemplo de mercado virtual.
A classificação dos agentes económicos entre famílias (ou consumidores) e empresas (ou produtores)
decorre apenas da função que os indivíduos desempenham. As empresas são constituídas por pessoas que
são igualmente consumidores; portanto um indivíduo pode ser simultaneamente consumidor e produtor.

Factores Produtivos

À entrada do processo produtivo encontram-se os factores de produção, e à saída encontram-se os


produtos. Dado o seu posicionamento, os factores de produção são habitualmente designados como inputs e
os produtos como outputs do processo produtivo. Os factores de produção são tradicionalmente classificados
em três categorias:

· Terra

· Trabalho

· Capital

O factor de produção terra representa todas as componentes do planeta que são utilizadas no processo
produtivo: o solo e o sub-solo, a água (mares, rios, lagos) os minerais, etc.
O factor de produção trabalho representa o esforço humano despendido na actividade produtiva.
O factor de produção capital é representado pelos bens duradouros utilizados na produção de outros bens.
Exemplos do factor de produção capital são as ferramentas, máquinas, fábricas, escritórios, etc. Não se deve
confundir o factor produtivo capital com o capital financeiro (moeda).
É de notar que o capital é simultaneamente um resultado da actividade económica (começa por ser um
produto) e é depois utilizado como factor. Portanto o capital é simultaneamente um input e um output. O
processo de formação de capital também se designa como investimento. Trata-se de investimento físico, em
bens de capital, e não da aplicação de capitais financeiros.
A crescente importância do conhecimento no processo produtivo tem levado diversos economistas a
considerar que ele deve ser autonomizado enquanto factor de produção. Claro que na classificação anterior o
conhecimento estava englobado no factor trabalho. No entanto, a importância estratégica que este factor está
a ter no domínio da actividade económica aconselha a que seja tratado de forma especial. Alguns autores
utilizam os termos organização (organização das empresas, organização do processo produtivo) e saber
como sinónimo deste "novo" factor de produção.
Esta importante posição do conhecimento não significa que os outros factores deixam de ter importância,
mas sim que o conhecimento assume um relevo estratégico. Tal como a acumulação de capital foi um factor
decisivo na Revolução Industrial, pensa-se que o conhecimento, também com características cumulativas,
está a ter um papel decisivo numa nova revolução económica que se encontra em curso, caracterizada pelo
rápido crescimento das actividades económicas que utilizam o conhecimento de forma intensiva.
Fronteira das possibilidades de produção
Já vimos que a Economia consiste no estudo da utilização eficiente de recursos escassos para produzir e
distribuir bens diversificados. De forma simplificada, vamos considerar um país onde as opção económicas
se resumem à produção de dois tipos de produtos: bens de consumo e bens de capital. Esta situação está
representada na figura seguinte:

Este país pode optar, por exemplo, por utilizar todos os seus factores produtivos para produzir apenas bens
de consumo. Neste caso situar-se-á no ponto A, onde produz um máximo de bens de consumo e nenhum
bem de capital.
Todavia, também pode optar por deixar de produzir uma certa quantidade de bens de consumo, e utilizar os
factores produtivos que assim são libertados para produzir uma quantidade de bens de capital: seria por
exemplo o caso do ponto B. Mas poderá também optar pela situação do ponto C: produzir ainda mais bens
de capital e menos bens de consumo. Ou poderá optar pelo ponto D, onde produz um máximo de bens de
capital e nenhum bem de consumo.
Estes são apenas alguns dos pontos possíveis. Na realidade toda a linha onde se encontram os pontos
referidos pode ser considerada como um conjunto de possibilidades de utilização de factores de produção
para obter combinações diferentes de bens de consumo e bens de capital. Por isso se chama a esta linha a
fronteira de possibilidades de produção (sendo também designada como curva de transformação).
Como a linha representa as situações em que se estão a utilizar todos os factores de produção, não é
possível, que a economia daquele país se situe num qualquer ponto à direita da linha. Pelo contrário, tanto é
possível que aquele país se situe num ponto da linha, como em qualquer ponto no interior da linha, embora,
neste caso, não esteja a utilizar todos os factores de produção.
Ou seja: tanto a linha como a zona interior representam "possibilidades", situações possíveis em que aquele
país se pode encontrar.
O facto de, sobre a linha, se estarem a utilizar todos os factores de produção, significa que a economia deste
país se encontra numa situação de eficiência ou seja, onde não é possível aumentar a produção de um
bem sem diminuir a produção de outro. Esta situação também se designa como de pleno emprego (pleno
emprego de todos os factores produtivos).
No caso da economia do país se situar na zona interior da linha, encontra-se numa situação de ineficiência,
ou seja, uma situação em que existe desemprego de parte dos factores produtivos. Isto significa que é
possível aumentar a produção dum bem sem diminuir a produção de outro – porque se pode fazer isso pela
utilização de factores produtivos que não estavam a ser utilizados.
Há quinhentos anos atrás é provável que os países se encontrassem na situação apresentada no gráfico
seguinte, no ponto A, onde a maior parte dos factores era utilizada para a produção de bens de consumo, e
apenas uma pequena parte para bens de capital (ferramentas, meios de transporte, barcos, etc.)
Todavia, com a Revolução Industrial, iniciou-se em muitos países um processo de produção e acumulação
de bens de capital. Como os bens de capital são utilizados na produção de outros bens, este processo levou
ao alargamento da fronteira das possibilidades de produção. Nesta nova fronteira é possível produzir mais de
todos os bens, por isso é provável que os países que fizeram a Revolução Industrial se encontrem agora na
situação referida no ponto B, produzindo maior quantidade tanto de bens de capital como de consumo:

Lei da Procura
A Procura de um determinado produto é definida como o agregado das intenções de aquisição desse
produto por parte dos consumidores.
A lei da procura relaciona a quantidade procurada de um produto com o respectivo preço, e pode ser
enunciada da seguinte forma: a quantidade procurada de um bem aumenta quando o preço desce, e
desce quando o preço aumenta.
Não devemos confundir procura com aquisição. A procura traduz apenas as intenções de aquisição. Para um
dado preço existe uma quantidade procurada, mas essa procura só se traduzirá em aquisições se existir
quantidade suficiente de bens no mercado, equivalente ou superior à quantidade procurada. No caso de não
existirem bens em quantidade suficiente, parte da procura ficará por satisfazer.
A figura seguinte representa graficamente a lei da procura. A variável P representa o preço, e a variável Q
representa a quantidade procurada. A lei da procura é representada pela linha D. Neste caso é uma recta, por
mera simplificação, embora o gráfico da procura real dos diversos produtos tenda a ser uma linha curva – e
por isso também se usa a expressão curva da procura como sinónimo de "lei da procura".
O facto da curva da procura ter declive negativo significa que as duas variáveis, Preço e Quantidade, andam
sempre em sentidos opostos: quando uma desce a outra sobe, e inversamente. Na figura seguinte, ao preço
P1 corresponde a quantidade Q1, e ao preço P2 corresponde a quantidade Q2. Podemos facilmente ver como
a uma subida do preço (de P1 para P2) corresponde uma descida da quantidade (de Q1 para Q2).

Este comportamento da quantidade procurada, variando inversamente ao preço, é bastante intuitivo:


podemos aceitar com facilidade que o aumento do preço de um produto se traduza numa diminuição da
procura desse produto. Este comportamento dos consumidores pode ser explicado tanto pelo "efeito
rendimento" como pelo "efeito substituição".
O efeito rendimento actua através da limitação imposta ao consumidores pelo facto do seu rendimento ser
limitado. No caso de gastar todo o seu rendimento com um determinado conjunto de produtos e um deles
subir de preço, isso implica que o consumidor já não tenha rendimento para comprar a mesma quantidade:
terá de comprar menos.
Para compreendermos melhor este "efeito rendimento" consideremos um sistema com dois produtos,
produto A e produto B, relativamente aos quais o consumidor reparte todo o seu rendimento – trata-se de
uma simplificação da realidade, já que normalmente o consumidor lida com a aquisição de um maior
número de produtos. Apesar de utilizarmos aqui apenas dois produtos, a análise é válida para qualquer outra
quantidade. Veja-se a figura seguinte.
A recta da figura representa a restrição orçamental, ou seja, os pontos de possíveis combinações do
produto A e do produto B que o consumidor pode adquirir com todo o seu rendimento. No extremo superior
da recta encontramos a situação em que todo o rendimento é utilizado para a aquisição do produto A.
No extremo inferior da recta encontramos a situação em que todo o rendimento é utilizado para a aquisição
do produto B. Os outros pontos da recta representam combinações de quantidades do produto A e do
produto B. Em todos os pontos da recta o consumidor utiliza todo o seu rendimento.
Não é possível ao consumidor situar-se num ponto à direita de recta, porque o seu rendimento não é
suficiente (esta restrição é semelhante à da fronteira das possibilidades de produção, apresentada no capítulo
2.2; naquele caso lidávamos com produções, e aqui com rendimentos). Mas é possível ao consumidor situar-
se num ponto para a esquerda da recta, o que significaria que não estava a utilizar todo o seu rendimento.
Mas vamos considerar apenas os pontos da recta.
No caso de aumentar o preço de um destes produtos (por exemplo, do produto A) o consumidor já não pode
comprar a mesma quantidade desse produto: o que se traduz graficamente numa deslocação da restrição
orçamental para a esquerda, conforme se pode ver na figura seguinte.

No caso de diminuir o preço de um destes produtos (por exemplo, do produto B) o consumidor poderá
comprar uma maior quantidade desse produto, o que se traduz graficamente numa deslocação da restrição
orçamental para a direita, conforme se pode ver agora na figura seguinte.
O efeito substituição ocorre quando, em resposta ao aumento do preço de um produto, o consumidor
substitui a aquisição deste produto por outro que ele considere como substituto do primeiro. Um produto que
substitui outro designa-se como bem substituto ou sucedâneo.
A capacidade dum bem para substituir outro varia de consumidor para consumidor. Para algumas pessoas a
compra de uma revista pode ser um bom substituto para a compra de jornais; neste caso, se o preço dos
jornais aumentar, este consumidor pode substituir a sua aquisição por revistas - e neste caso o "efeito
substituição" faz com que diminua a procura de jornais.
Normalmente, no comportamento dos consumidores, a lei da procura actua através de uma conjugação do
"efeito rendimento" com o "efeito substituição".
Graficamente, a lei da procura traduz-se em deslocações ao longo da curva. No entanto podem igualmente
ocorrer deslocações da curva. Vejamos o exemplo do gráfico seguinte, onde a curva da procura,
inicialmente na posição D1, sofre uma deslocação para a direita, para a posição D2.

Qual o significado desta deslocação. Na posição D2, a quantidade procurada é sistematicamente maior,
para todos os possíveis preços, do que acontecia na posição inicial D1.
Causas possíveis para esta alteração de comportamento podem ser as seguintes:
- aumento do número de consumidores, consequentemente a quantidade procurada é maior;
- aumento do rendimento médio dos consumidores;
- variação dos gostos dos consumidores, no sentido do produto em causa ser agora mais atractivo (e por isso
os consumidores estão dispostos a comprar maiores quantidades, para os mesmos preços);
- variação nos preços de produtos relacionados com este; estes produtos relacionados podem ser bens
sucedâneos ou bens complementares.
Bens sucedâneos, como já vimos, são bens substitutos. Neste caso, se aumentar o preço de um bem
sucedâneo, parte dos consumidores desloca a procura desse bem cujo preço aumentou para este cuja curva
da procura se desloca para a direita;
No caso dos bens complementares, que são bem que "se completam", ou seja, que são consumidos
conjuntamente (caso do café e do açúcar, pão e manteiga, automóveis e gasolina, por exemplo), o aumento
do consumo dum destes bens arrasta consigo o aumento do consumo do outro, e assim se justifica a
deslocação da curva da procura para a direita.
A deslocação da curva da procura da esquerda pode ser visualizada na figura seguinte.

Neste caso, o significado da deslocação da curva para a posição D2 é que a quantidade procurada do bem
é agora sistematicamente menor, para todos os possíveis preços, do que acontecia na posição inicial D1.
As causas possíveis para esta situação podem ser exactamente as opostas das que referimos acima.
Lei da Oferta
A Oferta de um determinado produto é definida como o agregado das intenções de venda desse produto
por parte dos produtores (empresas).
A lei da oferta relaciona a quantidade oferecida de um produto com o respectivo preço, e pode ser
enunciada da seguinte forma: a quantidade oferecida de um bem aumenta quando o preço sobe, e
diminui quando o preço desce.
Não devemos confundir oferta com vendas. A oferta traduz apenas as intenções de venda. Para um dado
preço existe uma quantidade oferecida, mas essa oferta só se traduzirá em vendas se existir procura
suficiente, equivalente ou superior à quantidade oferecida. No caso de não existir procura suficiente, parte
da oferta ficará por vender.
A figura seguinte representa graficamente a lei da oferta. A variável P representa o preço, e a variável Q
representa a quantidade oferecida. A lei da oferta é representada pela linha S. Neste caso é uma recta, por
mera simplificação, embora o gráfico da oferta real dos diversos produtos tenda a ser uma linha curva – e
por isso também se usa a expressão curva da oferta como sinónimo de "lei da oferta".

O facto da curva da oferta ter declive positivo significa que as duas variáveis, Preço e Quantidade, andam
sempre no mesmo sentido: quando uma desce a outra também desce, e inversamente. Na figura seguinte, ao
preço P1 corresponde a quantidade Q1, e ao preço P2 corresponde a quantidade Q2. Podemos facilmente ver
como a uma subida do preço (de P1 para P2) corresponde uma subida da quantidade (de Q1 para Q2).

Este comportamento da quantidade oferecida, variando no mesmo sentido do preço, é bastante intuitivo:
podemos aceitar com facilidade que o aumento do preço de um produto se traduza no acréscimo da oferta
desse produto.
Graficamente, a lei da oferta traduz-se em deslocações ao longo da curva. No entanto podem igualmente
ocorrer deslocações da curva. Vejamos o exemplo do gráfico seguinte, onde a curva da oferta, inicialmente
na posição S1, sofre uma deslocação para a direita, para a posição S2.

Qual o significado desta deslocação? Na posição S2, a quantidade oferecida é sistematicamente maior,
para todos os possíveis preços, do que acontecia na posição inicial S1.
Causas possíveis para esta alteração de comportamento podem ser as seguintes:
- Diminuição dos custos de produção. Podendo produzir os mesmos produtos a um preço mais baixo, as
empresas poderão colocar maior quantidade desses produtos à venda, e mesmo assim obter lucros
suficientes à sua actividade. A diminuição dos custos de produção pode ter origens diversas: descida dos
preços das matérias-primas, descida do preço da mão-de-obra, progressos tecnológicos ou melhorias
organizativas que permitam produzir mais com os mesmos custos.
- Condições climatéricas favoráveis que se traduzem e maiores níveis de produção para os mesmos custos.
A deslocação da curva da oferta da esquerda pode ser visualizada na figura seguinte.
Neste caso, o significado da deslocação da curva para a posição S2 é que a quantidade oferecida do bem é
agora sistematicamente menor, para todos os possíveis preços, do que acontecia na posição inicial S1.
As causas possíveis para esta situação podem ser exactamente as opostas das que referimos acima - aumento
dos custos de produção ou condições climatéricas desfavoráveis.

Mercados
O mercado é o local, físico ou virtual, onde se dá a interacção entre consumidores e produtores. Agora
poderemos reformular esta definição dizendo que o mercado é o local onde a oferta interage com a
procura.
É inerente ao funcionamento dos mercados que existam condições de concorrência. Para que se verifique a
concorrência perfeita deve ser preenchido um conjunto de condições, sendo as principais as seguintes:
- atomização do mercado, ou seja, que exista um grande número de consumidores e um grande número de
produtores, e que nenhum deles tenha dimensão suficiente para influenciar o mercado;
-transparência do mercado, no sentido de que todos os consumidores e todos os produtores devem ter um
conhecimento perfeito de todos os preços; é por este motivo que a legislação obriga à afixação dos preços
dos produtos, nas montras dos estabelecimentos, nas bancas do peixe, etc.
- homogeneidade dos produtos; no caso de não existir homogeneidade, ou seja, no caso dos produtos
serem diferenciados, o funcionamento do mercado aproxima-se duma situação de monopólio, onde cada
produtor tende a ser o "monopolista" do seu próprio produto. Um exemplo desta diferenciação, ou falta de
homogeneidade, encontra-se nas calças de ganga (jeans) que, embora basicamente semelhantes, são objecto
de diferenciação por meio de características secundárias ou da "marca", permitindo a existência de preços
muito diferenciados e impedindo que haja uma concorrência perfeita; esta tendência para a diferenciação
mais ou menos artificial dos produtos é uma característica das economias modernas.
Quando se verificam condições de concorrência perfeita, o preço de mercado tende a situar-se no ponto
onde a oferta é igual à procura. Este preço toma a designação de preço de equilíbrio. Conforme podemos
ver na figura seguinte, o preço de equilíbrio corresponde ao ponto onde a curva da procura se cruza com a
curva da oferta:
O preço de equilíbrio
Pe preenche a condição S = D
Equilíbrio significa estabilidade, e o preço de equilíbrio representa, de facto, um ponto de estabilidade do
mercado. Poderemos compreender melhor este conceito de estabilidade se procurarmos saber o que é que se
passa se o preço de mercado (aquele que efectivamente ocorre no mercado num dado momento) não for um
preço de equilíbrio.
Vejamos o caso da figura seguinte, onde o preço P1 se encontra acima do preço de equilíbrio. Para este
preço não existe igualdade entre oferta e procura. O que acontece é que a oferta é superior à procura. E o
motivo é fácil de compreender: a um preço mais elevado, os produtores estão dispostos a vender mais, mas
os consumidores estão dispostos a comprar menos. Nesta situação de oferta superior à procura vão ficar
muitos bens para vender pelo que se trata de uma situação insustentável. O resultado é que o preço tenderá a
descer para o ponto de equilíbrio.

Neste caso a oferta é


maior do que a procura
Vejamos agora a hipótese do preço de mercado se situar abaixo do preço de equilíbrio, situação representada
na figura seguinte. Neste caso a procura é superior à oferta, precisamente porque o preço é aliciante para os
consumidores mas indesejável para os produtores. Trata-se de uma situação insustentável, porque
rapidamente os produtos se esgotarão no mercado. O preço tenderá agora a subir para o ponto de equilíbrio.
Neste caso a procura é
maior do que a oferta
Alteração do preço de equilíbrio
Contudo o preço de equilíbrio não é sempre o mesmo: ele pode modificar-se em resposta a deslocações das
curvas da oferta e da procura, deslocações cujas causas já analisámos noutra parte deste capítulo.
Vejamos o caso da figura seguinte, em que a curva da oferta sofre uma deslocação de para a direita, de S
para S1. Isto determina a fixação de um novo preço de equilíbrio, P1, que se situa abaixo do preço de
equilíbrio anterior.

Se a curva da oferta se deslocar para a esquerda, o novo preço de equilíbrio estará acima do anterior,
conforme se pode ver na figura seguinte, onde a curva da oferta se desloca de S para S2.

Vejamos agora o que acontece com as deslocações da curva da procura. A deslocação da curva da procura
para a direita, de D para D1, representada na figura seguinte, traduz-se por uma subida do preço de
equilíbrio
.

No caso da curva da procura se deslocar para a esquerda, de D para D2, o resultado será a descida do preço
de equilíbrio, conforme se pode ver na figura seguinte.

Elasticidade

Já analisámos um pouco da dinâmica gerada pelas leis da oferta e da procura, segundo as quais variações
dos preços provocam variações das quantidades.
Vamos em seguida, para o caso da procura, analisar esta variações em amplitude relativa. Ou seja, para uma
determinada variação percentual de P, vamos ver se a correspondente variação de Q tem igual amplitude
(mesma variação percentual), maior amplitude (maior variação percentual) ou menor amplitude (menor
variação percentual).
O instrumento que nos permite facilmente analisar esta relação é a elasticidade-preço da procura.
A elasticidade calcula-se dividindo a variação percentual de Q pela variação percentual de P, ou seja:

No entanto, para cálculo da elasticidade, não vamos utilizar a percentagem da variação relativamente ao
valor inicial, mas sim relativamente a uma média do valor inicial mais o valor final. Vejamos um exemplo:
Usualmente, quando temos uma quantidade (ou um preço) que varia de 50 para 60, calculamos primeiro a
variação, que é igual a 10, e depois dividimos por 50 (neste caso teríamos uma variação de 20 %). Mas para
cálculo da elasticidade vamos dividir o valor 10 por uma média de 50 e 60, ou seja, (50 + 60) / 2 = 55. Neste
caso o cálculo da variação percentual é 18 %.
Trata-se apenas de uma outra forma de calcular uma variação percentual. Não existe nada de errado com o
método usual. O facto de usarmos aqui um método ligeiramente diferente deve-se à necessidade de que o
cálculo percentual da variação seja o mesmo quando a variação é de 50 para 60, ou quando é de 60 para 50.
Com o método usual de cálculo, a percentagem é diferente. Com o método que vamos utilizar, a
percentagem será sempre igual.
Agora podemos escrever a fórmula completa para cálculo da elasticidade-preço da procura:

O valor que nos interessa é o módulo deste quociente. Ou seja, mesmo quando o resultado das contas for
negativo, nós passamo-lo a positivo.
Vejamos um exemplo concreto. Consideremos que a lei da procura de um dado produto é representada pela
seguinte equação linear:
Q = 12 - 2P
Pretendemos calcular a elasticidade quando o preço varia entre 2 e 4.
Para P = 2 a quantidade procurada é de 8 (substituímos, na equação, a variável P por 2 e fizemos as contas).
Para P = 4 a quantidade procurada é de 4.
Podemos escrever estes valores numa pequena tabela, para maior clarificação:
P Q
2 8
4 4
Vamos agora calcular os valores da equação da elasticidade.
Q2 - Q1 é equivalente a 4 - 8 = - 4
(Q1 + Q2) / 2 é equivalente a (8 + 4) / 2 = 6
P2 - P1 é equivalente a 4 - 2 = 2
(P1 + P2) / 2 é equivalente a (2 + 4) / 2 = 3
Substituindo todas as fórmulas na equação obtemos:

Feitas as contas, o resultado final é - 1. Como devemos ignorar o sinal negativo, o valor da elasticidade,
neste caso, será: E = 1
Quando a elasticidade da procura é igual a 1, designamo-la como unitária;
Quando a elasticidade da procura é superior a 1, designamo-la como elástica;
Quando a elasticidade da procura é inferior a 1, designamo-la como rígida;
O que estamos a medir, ao calcular a elasticidade da procura, é a amplitude da variação da quantidade, em
resposta a uma dada amplitude de variação do preço.
Se a amplitude da variação de Q (medida em percentagem) é maior que a amplitude da variação de P
(medida também em percentagem), isso significa que existe uma grande elasticidade da procura em resposta
a variações do preço; em percentagem, a procura varia mais do que o preço; neste caso o numerador da
equação que apresentámos em primeiro lugar tem de ser superior ao denominador, e o resultado será sempre
superior a 1: a procura é elástica.
Pelo contrário, se a amplitude da variação de Q (medida em percentagem) é menor que a amplitude da
variação de P (medida também em percentagem), isso significa que existe uma rigidez da procura em
resposta a variações do preço; em percentagem, a procura varia menos do que o preço; neste caso o
numerador da equação que apresentámos em primeiro lugar tem de ser inferior ao denominador, e o
resultado será sempre inferior a 1: a procura é rígida
Finalmente, se a amplitude da variação de Q (medida em percentagem) é igual à amplitude da variação de P
(medida também em percentagem), o numerador da equação que apresentámos em primeiro lugar tem de ser
igual ao denominador, e o resultado será necessariamente igual a 1: a procura é unitária
Considere agora a seguinte equação da procura:
Q = 10 - P
e calcule a elasticidade para diferentes variações de preços:
a) quando o preço varia entre 7 e 9
b) quando o preço varia entre 4 e 6
c) quando o preço varia entre 1 e 3

Se começarmos por desenhar a recta que representa esta equação, obteremos a seguinte figura:

O cálculo das elasticidades nos intervalos indicados dá os seguintes resultados (problema semelhante ao
resolvido nas aulas):
a) E = 4 (elástica)
b) E = 1 (unitária)
c) E = 0,25 (rígida)
Podemos portanto concluir que a elasticidade varia ao longo da recta. Vejamos de novo a nossa recta; os
intervalos onde calculámos as elasticidades situam-se em torno dos pontos A, B e C da figura seguinte.
De forma genérica. quando temos uma procura cujo gráfico é uma recta simétrica em relação à origem, o
ponto de elasticidade unitária situa-se na zona central (neste caso, o ponto B onde P = 5). Acima deste ponto
a procura é elástica, e abaixo dele é rígida.
Esta situação é semelhante para outras rectas, existindo sempre um ponto de elasticidade unitária, acima do
qual a procura é elástica, e abaixo do qual é rígida. Este ponto divisório encontra-se mais acima no caso de
rectas com grande declive, e mais abaixo no caso de rectas com menor declive.

ELASTICIDADE E RECEITA TOTAL


A elasticidade permite-nos calcular qual o efeito duma variação de preço sobre a receita total.
Quando o preço de um bem sobe, a receita, por esse facto, tenderá a aumentar; mas como a um aumento do
preço corresponderá uma diminuição da procura (lei da procura), por este facto a receita total tenderá a
diminuir. Qual será então o resultado final? A elasticidade permite-nos responder a esta questão.
Analisemos melhor esta hipótese: o preço do bem sobe, a quantidade procurada diminui. Se a procura for
rígida (inferior a um) é porque a variação percentual do preço (denominador da equação da elasticidade) é
maior do que a variação percentual da quantidade (numerador da equação). Ou seja: o efeito da variação do
preço é superior ao efeito da variação da procura. Neste caso a receita total aumentará, porque o efeito da
subida do preço é superior ao efeito da descida da quantidade procurada.
Pelo contrário, se o preço descer, a quantidade aumenta. Ainda na hipótese de uma procura rígida, o efeito
de descida do preço (fazendo diminuir a receita total) é superior ao efeito de aumento da procura (fazendo
aumentar a receita). Neste caso o resultado final será uma diminuição da receita total.
Vejamos a figura seguinte, onde os pontos A e B representam uma descida do preço de P1 para P2, num
intervalo em que a procura é rígida.
Se considerarmos que a receita total é igual ao Preço vezes a quantidade, então a receita total no ponto A
será representada pelo rectângulo 0 - P1 - A - Q1.
A receita total no ponto B será representada pelo rectângulo 0 - P2 - B - Q2. Este rectângulo tem área
inferior ao primeiro, pelo que a receita total desceu.
Podemos concluir que, quando a procura é rígida, uma diminuição do preço provocará uma descida da
receita total, e uma subida do preço provocará uma subida na receita total.
Analisemos agora a hipótese de a procura ser elástica. Significa isto que o numerador da equação (variação
percentual da quantidade) é maior que o denominador (variação percentual do preço). Assim, quando o
preço sobe, o seu efeito sobre a receita final é inferior ao da quantidade: a receita total desce. Quando o
preço desce, a receita total sobe. Vejamos o gráfico seguinte, correspondente a uma situação de procura
elástica:

A passagem do ponto A para o ponto B representa uma descida do preço. O rectângulo 0 - P1 - A - Q1


representa a receita antes da descida do preço, e o rectângulo 0 - P2 - B - Q2 representa a receita depois da
descida do preço. Podemos facilmente verificar que uma descida do preço se traduz num aumento da receita
total. O inverso também se pode verificar na figura, se considerarmos uma subida de preço, de P2 para P1: a
receita total diminui.
Podemos então concluir que, quando a procura é elástica, uma diminuição do preço provocará uma
subida da receita total, e uma subida do preço provocará uma descida na receita total.
E no caso duma procura unitária? Neste caso a variação percentual da quantidade é igual à variação
percentual da procura. Nem uma subida de preço nem uma descida têm qualquer efeito sobre a receita total:
ela mantém-se inalterada. Portanto, quando a elasticidade é unitária, subidas ou descidas do preço não
alteram a receita total.
ELASTICIDADE E TIPOS DE BENS
Os bens com procura rígida são aqueles que, mesmo com variações dos preços, as quantidades procuradas
não variam muito. Trata-se em geral de bens essenciais para consumidor e que não têm fácil substituição. O
pão é um exemplo dum bem deste tipo. Mas os cigarros, embora prejudiciais à saúde, são igualmente
necessários para aqueles que dependem do tabaco, pelo que apresentam também uma procura rígida.
Os bens com procura elástica apresentam características opostas: ou não são essenciais ao consumidor, ou
são facilmente substituíveis por outros. No caso de aumentar o seu preço, o consumidor pode com facilidade
optar por adquirir um bem substituto.
Utilidade

Em Economia o conceito de utilidade significa satisfação. Dizemos que um determinado bem económico é
útil, não em termos objectivos, mas sim em termos subjectivos. A utilidade do mesmo bem varia de
consumidor para consumidor.
Por exemplo, certo produto alimentar pode ser prejudicial à saúde de um determinado consumidor. No
entanto, apesar disso, ele tem satisfação em o consumir. É a esta "satisfação", ou "prazer", que damos a
designação de utilidade.
Outro conceito recorrente em Economia é o que designamos como marginal, e que significa adicional.
Utilidade Marginal significa a utilidade adicional, ou seja, a utilidade proporcionada pelo consumo de uma
unidade adicional.
Supondo que temos sede, que já bebemos dois copos de água, mas que resolvemos beber ainda um terceiro;
a utilidade adicional proporcionada por este copo de água designa-se como utilidade marginal. Existe uma
utilidade marginal para o primeiro copo de água, outra para o segundo, outra para o terceiro, e assim
sucessivamente.
A Lei da Utilidade Marginal diz-nos que a utilidade marginal diminui à medida que consumimos
unidades adicionais de um bem.
Note-se que a utilidade total, que é a soma das utilidades marginais, cresce à medida que consumimos
unidades adicionais, mas esse crescimento é cada vez mais atenuado.
Na figura seguinte encontra-se representada a evolução da utilidade marginal (UMa) correspondente ao
consumo de várias unidades de um bem.

No gráfico seguinte substituímos as barras por pontos, e obtemos a linha representativa da lei da utilidade
marginal decrescente. A utilidade marginal diminui à medida que consumimos unidades adicionais dum
bem económico.
A utilidade marginal corresponde ao valor da última unidade consumida. Podemos também afirmar que, se
consumirmos menos unidades de um bem, a utilidade marginal terá tendência para ser maior.
É a utilidade marginal que influencia a procura. Assim, o preço, influenciado pela procura, tenderá a situar-
se ao nível da última unidade consumida.
No gráfico seguinte, onde foi incluída a linha do preço (P), podemos definir duas zonas. A zona mais escura,
abaixo da linha P, representa o valor que pagamos pelo consumo de uma determinada quantidade, ou seja: P
x Q.
A zona mais clara, acima da linha P, representa a utilidade que usufruímos ao consumir um bem económico,
mas pela qual não pagamos. Esta "utilidade não paga" é designada como excedente do consumidor.

Durante muito tempo os economistas debateram-se com o seguinte problema: porque é que coisas tão
necessárias à vida (como a água) apresentam um preço baixo, enquanto que outros bens, menos necessários
(como as pedras preciosas) apresentam um preço tão elevado? É o que designa por Paradoxo do Valor.
Sabia-se que isto estava associado à maior ou menor abundância de um bem económico, mas só com a
descoberta da lei da utilidade marginal é que foi possível resolver o "paradoxo do valor".
Como o preço é influenciado pela utilidade marginal da última unidade consumida, nos bens abundantes
essa utilidade marginal é baixa, e nos bens raros é alta. Daí decorre o nível dos preços - baixo nos bens
abundantes, alto nos bens raros, independentemente da sua utilidade total.
Vamos agora dividir a utilidade marginal de um bem pelo seu preço:

Este quociente também se designa como utilidade marginal por unidade monetária.
Supondo que o preço de um bem é de 5 euros, se dividirmos a respectiva utilidade marginal pelo preço,
obtemos a "utilidade marginal por cada euro", que nos é proporcionada com o consumo desse bem.
A lei da igualdade das utilidades marginais por unidade monetária significa que os consumidores, ao
fazerem as suas escolhas (aquisição de determinadas quantidades do bem 1, do bem 2, etc., até ao bem n)
escolhem essas quantidades de tal forma que as utilidades marginais por unidade monetária são todas iguais:
Vamos supor que esta igualdade era quebrada, e que o bem 2 tinha uma utilidade marginal por unidade
monetária maior do que a dos outros. Neste caso o consumo deste bem proporcionava mais utilidade
marginal por cada escudo. Sendo assim o consumidor iria preferir consumir maior quantidade deste
produto. Mas, ao consumir mais, diminuiria a utilidade marginal, o que faria restabelecer a igualdade.
Vejamos agora a hipótese oposta: suponhamos que o bem 2 tinha uma utilidade marginal por unidade
monetária menor do que a dos outros. Neste caso o consumo deste bem proporcionava menos utilidade
marginal por cada escudo. Sendo assim o consumidor iria preferir consumir menor quantidade deste
produto. Mas, ao consumir menos, aumentaria a utilidade marginal, o que faria restabelecer de novo a
igualdade referida.
Outro modo de ver a lei da igualdade das utilidades marginais por unidade monetária é a de que o
consumidor iguala as utilidades marginais do último centavo gasto na aquisição de cada um dos bens
do seu "cabaz de compras".
Esta análise também nos permite aferir a consistência da "lei da procura": se o preço de um bem subir, a
relação:

diminui de valor: a utilidade marginal proporcionada por cada escudo é menor, logo o consumidor passa a
consumir menor quantidade deste bem (pelo menos até restabelecer a igualdade); portanto, ao aumentar o
preço, diminui a quantidade procurada, que é a "lei da procura".
Raciocínio equivalente pode ser feito para o caso da descida de preço do bem: a utilidade marginal
proporcionada por cada escudo passa a ser maior, logo o consumidor passa a consumir maior quantidade do
bem.

Curvas de Indiferença

Uma abordagem alternativa do comportamento do consumidor pode ser feita através das curvas de
indiferença, com os mesmos resultados.
Vejamos os gráfico seguinte onde se encontram representadas as possibilidades de consumo de dois bens:
alimentação e vestuário.
No gráfico encontra-se representada uma curva de indiferença, que é formada por pontos que representam
combinações de diferentes quantidades de bens de alimentação e de vestuário, combinações essas
relativamente às quais o consumidor é indiferente, porque qualquer das combinações dos dois bens lhe
proporciona a mesma utilidade.
Quando ocorre uma deslocação ao longo da curva, por exemplo do ponto A para o ponto B, o consumidor
prescinde de uma certa quantidade de bens de vestuário em troca de uma certa quantidade de bens
alimentares. A perda de utilidade pela diminuição de bens de vestuário é igual ao acréscimo de utilidade
pelo aumento de bens alimentares. A utilidade conjunta dos dois bens mantém-se igual, e por isso é
indiferente ao consumidor estar em qualquer ponto ao longo da curva.
A relação de troca entre os dois bens numa curva de indiferença designa-se como taxa marginal de
substituição (TMS). No gráfico seguinte verificamos que, para passar do ponto A para o ponto B, o
consumidor prescinde da quantidade x de vestuário em troca da quantidade y de alimentação. A relação x / y
representa a taxa marginal de substituição entre os dois bens. A taxa marginal de substituição é igual ao
declive da recta que passa pelos pontos C e D.

De uma forma geral, a taxa marginal de substituição num ponto é igual ao declive da curva nesse ponto.
As curvas de indiferença são convexas em relação à origem porque quanto mais escasso é um bem, maior
é o seu valor relativo de substituição. Vejamos a figura seguinte. Para passar do ponto C para o ponto D, é
necessária uma quantidade menor de bens de alimentação (mais escasso nesse ponto, portanto com maior
utilidade marginal) para igualar a utilidade da quantidade que se perde de bens de vestuário (mais
abundante, portanto com menor utilidade marginal).
Contudo, para passar do ponto E para o ponto F, é necessária uma quantidade maior de bens de alimentação
(mais abundante nesse ponto, portanto com menor utilidade marginal) para igualar a quantidade que se
perde de bens de vestuário (mais escassa, portanto com maior utilidade marginal).
Outro modo de caracterizar esta situação é verificar que a taxa marginal de substituição entre os pontos C e
D é maior que entre os pontos E e F. Ou seja:

A curva de indiferença da figura inicial foi construída a partir de uma dada combinação de dois bens. No
entanto poderemos considerar outras combinações desses bens, e construir outras curvas de indiferença,
conforme representado na figura seguinte.

Nas curvas referidas, as deslocações ao longo da curva apresentam sempre o mesmo significado: trata-se de
combinações possíveis que apresentam a mesma utilidade,
No entanto, cada uma das curvas apresenta uma utilidade diferente: as curvas mais à direita (ou curvas de
ordem superior) representam combinações de maior utilidade do que as curvas à esquerda, porque
representam maiores quantidades de um, ou de ambos os bens. A curva de indiferença 2 representa uma
utilidade maior do que a curva 1, e a curva 3 representa uma utilidade maior do que a curva 2.
Poderíamos construir um grande número de curvas de indiferença, representando todas as combinações
possíveis. A esse conjunto de curvas de indiferença dá-se o nome de mapa de indiferença.
É fácil de compreender que o consumidor prefere as curvas de ordem superior (mais à direita) porque
representam maiores quantidades dos bens.
No entanto existe uma limitação à quantidade de bens de que um consumidor pode usufruir, e que é
estabelecida pela limitação do rendimento de que cada consumidor pode dispor para despesas de consumo.
Esta limitação pode ser traduzida graficamente pela restrição orçamental ou recta orçamental, da qual já
falámos da Lei da procura, e que pode ser vista no gráfico seguinte, onde se representam as hipóteses de
aquisição de bens de alimentação e/ou de vestuário, para um dado nível de rendimento.

Agora já podemos concretizar o comportamento do consumidor juntando estas duas realidades:

· preferência pelas curvas de indiferença de ordem superior;

· impossibilidade de se situar à direita da restrição orçamental

Juntando as duas linhas no mesmo gráfico obtemos a figura seguinte:

A conclusão que se pode retirar da figura anterior é a de que o consumidor faz a sua aquisição no ponto
onde as duas linhas de encontram, ou seja, no ponto onde os declives são iguais.
no ponto U o declive da curva de indiferença representa a seguinte relação entre as utilidades marginais
(UMa):

Este mesmo ponto representa a seguinte relação entre os preços (P)dos mesmos bens:

Matematicamente, os dois quocientes são iguais. Podemos portanto igualar as duas equações:
Podemos agora substituir o denominador da primeira fracção pelo numerador da segunda fracção:

E obtemos desta forma a mesma igualdade entre as utilidades marginais por unidade monetária que
deduzimos no capítulo anterior. Podemos igualmente concluir que, desta forma, o consumidor iguala as
utilidades marginais do último centavo gasto na aquisição de cada um dos bens.
As curvas de indiferença também nos permitem analisar o que ocorre quando aumenta ou diminui o
rendimento do consumidor. Vejamos, na figura seguinte, o caso de uma diminuição de rendimento: a linha
de restrição orçamental desloca-se para a esquerda, e o ponto de cruzamento entre a recta orçamental e a
curva de indiferença de ordem superior desloca-se do ponto A para o ponto B. No ponto B o consumidor
adquire menores quantidades de ambos os bens.

Vejamos agora o que se passa quando aumenta ou diminui o preço de um bem. Na figura seguinte encontra-
se representada a diminuição do preço de bens alimentares. Com o preço mais elevado o consumidor
adquiria 7 unidades; com a descida de preço o consumidor passou a poder adquirir 7 unidades. A restrição
orçamental sofreu uma deslocação, e o ponto de cruzamento com a curva de indiferença de ordem superior
passou do ponto A para o ponto B.

Este último gráfico também nos permite deduzir a curva da procura a partir das curvas de indiferença:
diminuindo o preço de um bem, aumenta a procura desse mesmo bem, e vice versa.
A análise que efectuámos neste capítulo restringiu-se a dois bens. No entanto podemos considerar a análise
válida para qualquer número de bens. O recurso a gráficos do tipo que utilizámos não permite mais que duas
(ou no máximo 3) variáveis, mas com recurso à linguagem matemática isso seria perfeitamente acessível.

Custos

No presente capítulo analisaremos o comportamento das empresas. Começaremos com a definição de alguns
custos.
Custos fixos são os encargos em que a empresa suporta independentemente do nível de produção: ou seja,
são custos que existem mesmo quando a empresa não produz nada.
Normalmente estes custos estão associados aos investimentos da empresa em capital, como por exemplo:
edifícios fabris, escritórios, máquinas, etc.
Podemos por isso considerar os custos fixos como resultantes do compromisso que a empresa faz a longo
prazo, custos que serão cobertos à medida que o capital é utilizado (e gasto) na produção de bens e serviços
para venda.
Esta natureza de longo prazo leva, normalmente, a que a aquisição dos bens de capital seja feita com recurso
a crédito. O pagamento dos correspondentes empréstimos, ao longo do tempo, representa igualmente um
custo fixo (mesmo que a empresa nada produza, eles têm de ser pagos).
Custos variáveis são aqueles que variam com a quantidade de bens ou serviços que a empresa produz.
Exemplos de custos variáveis são as despesas com energia, matérias-primas, comunicações, etc., que podem
ser acrescidos ou diminuídos com facilidade num curto prazo de tempo.
Normalmente a mão-de-obra está associada aos custos variáveis. Por exemplo, uma empresa de construção
civil contrata uma quantidade maior ou menor de empregados conforme o seu nível de produção.
No entanto a mão-de-obra especializada não apresenta, normalmente, esta flexibilidade, o que aliás reflecte
a natureza de "capital humano" do factor produtivo "conhecimento", que tem vindo a assumir uma
importância crescente na Nova Economia.
O Custo total representa a soma dos custos fixos com os custos variáveis.
Se representarmos cada um destes tipos de custos pelas suas iniciais, teremos:
CT = CF + CV
Na figura seguinte podemos ver representados os gráficos destes custos:

O eixo horizontal representa o nível de produção (quantidade de bens ou serviços produzidos); o eixo
vertical representa os custos;
A linha horizontal representa os custos fixos (CF): eles são constantes, independentemente da quantidade
produzida.
A curva mais abaixo representa os custos variáveis (CV): quando não existe produção o seu valor é zero, e
vão crescendo à medida que a produção aumenta.
A curva mais acima representa os custos totais (CT): quando não existe produção o seu valor é igual ao dos
custos fixos; em cada nível de produção esta linha representa a soma dos custos fixos com os custos
variáveis.
É fácil de ver como a análise destes custos é importante para a compreensão do funcionamento das
empresas. No entanto, para além destes custos, devemos igualmente considerar os custos unitários: os custos
médios e os custos marginais.
O Custo fixo médio é calculado dividindo o Custo Fixo pela correspondente produção:
CFMe = CF / Q
O Custo variável médio é calculado dividindo o Custo Variável pela correspondente produção:
CVMe = CV / Q
O Custo total médio, ou simplesmente Custo médio, é calculado dividindo o Custo total pela
correspondente produção:
CMe = CT / Q
Na figura seguinte encontramos representados estes custos:

A curva do Custo fixo médio é sempre decrescente, pois matematicamente representa o quociente duma
constante a dividir por uma variável (a quantidade) cada vez maior. Tendencialmente ela vai-se
aproximando do eixo horizontal
A curva do Custo fixo médio, tal como a curva do Custo médio apresentam a forma de U: são decrescentes
numa primeira fase, e crescentes nas zonas de produção mais elevada.
Outro custo importante é o custo marginal: CMa: trata-se do custo de produzir mais uma unidade ou seja,
o custo de produzir uma unidade adicional.
Quando se passa do nível de produção de zero para um, o custo marginal é o custo adicional da produção
dessa primeira unidade. Para um nível de produção de 2 unidades, o custo marginal é o custo adicional em
que a empresa incorre pela produção dessa segunda unidade, e assim sucessivamente.
Quando uma empresa já produz 5 mil unidades, o custo adicional de se produzir a unidade 5.001 representa
o custo marginal nesse ponto. Ou seja, de uma forma geral, o custo marginal da unidade n é:
CMa(n) = CT(n) - CT(n-1)
Podemos ver, na figura seguinte, a curva do Custo Marginal (CMa) juntamente com as curvas CMe e
CVMe.
A curva de CMa corta as curvas de custo médio no seu ponto mínimo, ou ponto de inflexão (ou ponto de
declive nulo).
Podemos compreender este facto através de um exemplo. Imaginemos que temos um certo número de
alunos numa sala e que calculamos a sua nota média (a soma das notas de cada um a dividir pelo número de
alunos). Depois deste cálculo entra na sala um aluno cuja nota é inferior à média; se voltarmos a calcular a
média, ela é agora mais baixa. Se entrasse um aluno com nota superior à média, novo cálculo resultaria
numa média mais elevada.
Vejamos então, através do gráfico, o que acontece na zona à esquerda do ponto onde as curvas de CMa e
CMe se cruzam; nesta zona o CMa é inferior ao CMe. Portanto, se a empresa produzir mais uma unidade, o
custo médio desce (tal como acontece na sala do exemplo referido).
Vejamos agora o que acontece na zona à direita do ponto de cruzamento das curvas de CMa e CMe; nesta
zona o CMa é superior ao CMe. Portanto, se a empresa produzir mais uma unidade, o custo médio sobe.
Concluindo: se à esquerda do ponto de cruzamento o CMe desce, e se à direita desse ponto o CMe sobe,
então o ponto de cruzamento tem necessariamente que ser o ponto de inflexão da curva de CMe.
Oferta em concorrência perfeita
Numa situação de concorrência perfeita nenhuma empresa pode, por si só, influenciar as condições do
mercado. Ou seja: o conjunto das empresas determina a oferta de mercado, a qual, interagindo com a
procura, determina o preço de equilíbrio. Este preço pode variar em função do comportamento da oferta de
mercado. No entanto, nenhuma empresa individual pode influenciar, por si só, essa oferta.
Isto significa que, independentemente da quantidade que uma empresa produz, essa empresa terá de vender
a sua produção ao preço determinado pelo mercado. Veja-se a figura seguinte - o preço de equilíbrio (Pe) é
determinado pela interacção entre oferta e procura, sendo a oferta o resultado da produção de todas as
empresas existentes nesse mercado concorrencial:

Na figura seguinte apresenta-se o gráfico que representa o mercado (figura da esquerda) juntamente com o
gráfico que representa a situação da empresa concorrencial (figura da direita). Independentemente do nível
da sua produção, a empresa terá de vender essa produção ao preço de mercado. A linha horizontal D
significa que a empresa concorrencial enfrenta uma curva da procura horizontal (ou seja, que é
independente do nível de produção).

Na análise que se segue vamos admitir que o objectivo da empresa é a maximização dos lucros. Para
determinar este objectivo a empresa terá de comparar o custo de produzir mais uma unidade (custo
marginal) com a receita dessa unidade - neste caso o valor é sempre o mesmo, Pe, onde se situa a linha
horizontal da oferta D.
Veja-se a figura seguinte. No nível de produção q1 o custo marginal é inferior ao preço de venda. No ponto
q2 a situação é idêntica, apesar da diferença entre custo marginal e preço ser menor. No ponto q3 ainda se
mantém um diferencial positivo entre preço e custo marginal. Só no ponto qmax é que o custo marginal
deixa de ser inferior ao preço. É neste ponto M que a empresa deve fixar a produção para maximizar o seu
lucro.

Ou seja:
a empresa em concorrência perfeita maximiza o lucro no nível de produção em que o custo marginal iguala
o preço, ou seja, onde:
CMa = P
Na figura seguinte apresentamos a mesma situação da figura anterior, mas juntando também a curva de
custo médio (CMe). O ponto M, onde se cruzam as curvas da oferta D e do custo marginal CMa, traduz uma
situação em que o preço é também superior ao custo médio CMe.
No entanto, suponhamos que o preço de mercado descia para o nível D1. Agora a produção que maximiza o
lucro situa-se no ponto M1, onde se verifica a condição CMa = P. No entanto, neste caso, o preço é inferior
ao custo médio CMe. Globalmente existe uma situação de prejuízo - cada unidade é vendida a um preço
inferior ao seu custo médio. Neste caso o ponto que preenche a condição CMa = P é também o ponto onde
se minimiza o prejuízo.
A figura seguinte representa uma situação em que o ponto de igualdade entre CMa e P coincide também
com o custo médio. Neste caso não existe nem lucro nem prejuízo. O ponto M, nesta situação, designa-se
como ponto crítico.

Uma empresa em situação de concorrência perfeita e que se situe no ponto crítico ou abaixo dele poderá
fazer uma de duas coisas: aguardar que o mercado volte a fazer subir o preço até uma situação de lucro (o
que poderá ou não ocorrer) ou tomar medidas para fazer baixar o seus custos de produção, colocando a
empresa de novo numa situação de lucro.

Monopólio e Oligopólio

O monopólio é uma situação de concorrência imperfeita, onde a oferta é dominada por uma única empresa.
Existem vários motivos que provocam situações de monopólio, como por exemplo decisões estatais
(alegadamente por motivos de interesse nacional ou de segurança) ou devido à protecção de direitos de
propriedade intelectual - como é o caso das patentes.
No entanto uma situação de monopólio pode ser gerada pelas próprias leis da economia. Particularmente em
sectores que exigem investimentos muito grandes e períodos de amortização muito longos, juntamente com
a ocorrência de mercados muito pequenos, pode acontecer que a curva da procura de mercado se cruze
com as curvas de custos marginais e médios numa zona em que essas curvas ainda se encontrem com
inclinação descendente - veja-se a figura seguinte:
Nesta situação ocorrem fortes economias de escala: quanto mais se produz mais barata fica a produção de
cada unidade. Por este motivo, mesmo que haja vários concorrentes à partida, um deles acabará por eliminar
os outros, produzindo mais e a mais baixos custos. Por este motivo designam-se estas situações como de
monopólios naturais.
As situações de concorrência perfeita podem ser representadas pela figura seguinte, onde a procura de
mercado D se situa bastante à direita do ponto onde a curvas de custos inflectem. Realidades como a
constituição do Mercado Único Europeu são frequentemente defendidas com base neste objectivo: deslocar
a curva da oferta de mercado para a direita. Por exemplo, um mercado como o português dificilmente
poderia justificar mais do que uma siderurgia - tratar-se-ia de um monopólio natural. Mas integrando-se o
mercado português no mercado mais alargado da União Europeia, obtém-se uma situação mais próxima da
representada nesta figura.

Ao contrário do que acontece com a empresa concorrencial, a empresa monopolista enfrenta uma curva da
procura com inclinação negativa. A procura que se dirige para a empresa monopolista coincide com a
procura de mercado. Assim, se a empresa monopolista quiser aumentar a sua produção, terá que baixar o
preço de venda de cada unidade.
A empresa monopolista tem portanto uma receita marginal (variação da receita proporcionada pela venda
de cada unidade adicional) que pode ser positiva ou negativa. Na figura seguinte apresenta-se a curva da
receita média - RMe, que corresponde à curva da procura D, e a curva da receita marginal RMa que, a partir
de certo ponto é negativa.
Para encontrar o ponto onde maximiza o lucro a empresa monopolista deve comparar a curva da receita
marginal com a curva do custo marginal. A empresa monopolista maximiza o lucro no ponto M, onde
a receita marginal é igual ao custo marginal:

Ou seja, o ponto de maximização do lucro ocorre onde:


RMa = CMa
E qual é o preço a que a empresa monopolista pode vender a sua produção? Uma vez encontrado o ponto
que preenche a condição RMa = CMa, o preço é determinado pela intersecção com a curva da procura
(Pmon), como se pode ver na figura seguinte.

Esta análise contraria a ideia que vulgarmente se divulga de que "a empresa monopolista pratica o preço que
quizer". Na realidade a empresa monopolista tem de se sujeitar à curva da procura. Para produzir (e vender)
mais, terá que reduzir o preço.
No entanto o preço de monopólio, encontrado pela lógica da maximização do lucro, é muito elevado - muito
mais do que se existisse concorrência perfeita com o mesmo padrão de custos de produção. Por este facto,
até mesmo as empresas monopolistas procuram influenciar a procura (nomeadamente através da
publicidade) por forma a deslocar a curva da procura para a direita e elevar os seus lucros.
Em geral as situações de monopólio são consideradas prejudiciais para o bom funcionamento das economias
e, como regra, existem leis a proibir a concentração de empresas e a formação de monopólios - leis por
vezes difíceis de fazer cumprir, já que muitas empresas monopolistas possuem poder económico igual ou
superior ao de muitos países.
O oligopólio é uma situação em que um pequeno número de empresas domina um mercado. Também se
trata de uma situação de concorrência imperfeita, já que estas empresas possuem, individualmente,
capacidade para influenciar o mercado.
Também é possível, para as empresas oligopolistas, fazerem acordos entre si para o estabelecimento de
preços equivalentes aos do monopólio. A vaga de mega-fusões de empresas a que assistimos actualmente
em todo o mundo agrava esta situação de concorrência imperfeita. Por vezes é a natureza de monopólio
natural que suporta esta situação - mas também são criadas condições artificiais pelas próprias empresas.
No passado assistia-se a práticas ilegais e agressivas que levavam ao desaparecimento das pequenas
empresas e à concentração do poder das grandes empresas. Actualmente é através do enorme poder
financeiro que as grandes empresas vão adquirindo - de forma legal - as pequenas empresas e criando
condições para o domínio dos oligopólios. Teoricamente a legislação proíbe estas práticas anti-
concorrenciais, mas nem sempre as autoridades governativas manifestam capacidade ou disponibilidade
para combater o forte poder económico das grandes empresas multinacionais.

Concorrência monopolística

Uma outra situação de concorrência imperfeita é a concorrência monopolística, que se caracteriza pelo
facto de existirem muitas empresas no mercado, mas que provocam a diferenciação de produtos por forma
a criar situações artificiais equivalentes ao monopólio.
Um exemplo paradigmático de concorrência monopolística é o das calças de ganga ("jeans"). Embora sejam
fundamentalmente semelhantes, fortes campanhas de publicidade criam a diferenciação artificial através da
"marca". Assim, para um consumidor influenciado por esta publicidade, "aqueles jeans daquela marca"
tornam-se um produto "diferente", que apenas é fabricado por uma empresa - a qual passa a poder
comportar-se como uma empresa monopolista, pois tem o "monopólio" daquela "marca". Desta forma passa
a ser possível para estas empresas praticar preços de monopólio.
Esta absurda situação leva a que surja um forte mercado de falsificações, que muitas vezes apresentam
qualidade idêntica à do produto "original". Neste caso a falsificação não está tanto no produto, como no uso
abusivo da "marca". Os preços de monopólio praticados pelos fabricantes que recorrem a esta forma
artificial de diferenciação dos seus produtos permitem-lhes financiar as campanhas publicitárias com que
forjam a "diferenciação".
Grande parte da estratégia de vendas das empresas modernas baseia-se em estratagemas de diferenciação do
produto através de pormenores secundários como as marcas, as embalagens, etc. Outro exemplo
característico é o do sector de bebidas como as cervejas e as "colas", promovidas através de poderosas
campanhas publicitárias que insinuam qualidades duvidosamente atribuíveis a tais produtos ("juventude",
"alegria", "felicidade", etc.)
Graficamente a situação da concorrência monopolística pode ser representada num gráfico como o da figura
seguinte. A procura de mercado é representado pela linha D. A empresa que pratica a concorrência
monopolística consegue ter uma procura que, embora menor que a procura de mercado, tem uma inclinação
negativa, e uma receita marginal igualmente negativa (curvaRMa ):
Na figura seguinte juntou-se a curva do custo marginal CMa. À semelhança do monopólio, esta empresa
maximiza o lucro onde a receita marginal iguala o custo marginal (RMa = CMa):

O preço (P), à semelhança do monopólio, é determinado pela intesecção com a curva da procura:

ESF - Gabinete de Estudos

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