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0.

APRESENTAÇÃO

A proposta deste trabalho teve início a partir de um interesse pessoal pela temática do patrimônio industrial, e também
pelas relações de permanências e transformações pelas quais o bairro da Mooca – em São Paulo/SP – vem atravessando. Essa
discussão abrange um debate sobre a construção e a produção da cidade contemporânea, onde o patrimônio deve ser tratado

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


como um tema urbano e não como uma questão isolada. O objetivo dessa proposta é a elaboração de um projeto

para requalificação de um conjunto


conjunto de edifícios industriais com grande significado histórico para a região da Mooca e
que fazem parte de um importante eixo de edificações fabris que se desenvolveu às margens da ferrovia, e foi recentemente
tombado pelo DPH – Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo.

i
1 e 2 LADO A LADO: o
patrimônio industrial e a
verticalização iminente no
bairro da Mooca

Fonte:Acervo Pessoal

1
1. INTRODUÇÃO

O crescimento desordenado das cidades, a especulação imobiliária, as mudanças dos comportamentos, os novos valores
e estilos de vida podem gerar impactos irreversíveis no patrimônio histórico e cultural das cidades, pois são fatores resultantes da

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


vida da sociedade capitalista e globalizada. Por outro lado, a revitalização é o movimento contrário, pois indica a retomada das
discussões sobre preservação, conservação e restauração do patrimônio e, essencialmente, a preocupação com espaços e
manifestações que permitem o olhar, a convivência, o conhecimento e a interação com valores, histórias, símbolos e
manifestações que visam o resgate do patrimônio – de todas as naturezas (histórico, cultural, industrial, etc.) – para os usos
contemporâneos.
A análise histórica do desenvolvimento da cidade de São Paulo mostra a interrelação entre sua estrutura urbana e o
desenvolvimento da via férrea, que no final do século XIX resultou na conformação de cidade industrializada ao longo de toda a
extensão do leito ferroviário. Já em meados do século XX, a transformação da São Paulo industrial em metrópole pós-industrial –
bem como uma sucessão de planos diretores que ajudaram na formação de uma cidade que privilegia o automóvel em
detrimento da utilização e ampliação dos transportes públicos – comprometeu a função da rede ferroviária que, entrando em
obsolescência parcial, transformou os espaços e usos a ela relacionados.
No bairro da Mooca não foi diferente: a maior concentração de edificações industriais datadas do início do século XX
localiza-se ao longo da faixa ferroviária, como é possível observar na figura a seguir3. Ao ocupar esses terrenos, as indústrias e

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armazéns voltaram os fundos para a via férrea – recurso que permitia o recebimento e escoamento de produtos – e o acesso
principal passou a acontecer pelas ruas paralelas – como a atual Avenida Presidente Wilson (antiga Alameda Bavária) e a Rua
Borges de Figueiredo.

2
i Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial
3 – SETORIZAÇÃO NA MOOCA
Concentração de edificações
industriais ao longo da via
férrea no bairro da Mooca, em
São Paulo. O que representava
a facilidade de abastecimento
e escoamento de produtos
tornou-se eixo de transporte de
passageiros.

Fonte: Google Earth/Acervo


Pessoal 3
1.1.OBJETIVO
Este TFG tem por objetivo contribuir para a
reafirmação dos valores de memória para a população
residente e usuária do bairro da Mooca, em São Paulo,

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por meio da revitalização de edifícios fabris que
compõem seu patrimônio histórico edificado. O projeto
proposto tem como diretrizes principais a recuperação
4 DPH - O Departamento do
Patrimônio Histórico tem sua física e a ocupação qualificada de três antigos galpões
origem na década de 1930.
Reformulado, em 1975, industriais,
industriais, situados na Rua Borges Figueiredo,
Figueiredo tombados
quando da criação da
pelo Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo
Secretaria Municipal de Cultura,
passou a contar com uma (DPH-SP)4, e que atualmente encontram-se subutilizados.
estrutura que se mantém até os
dias de hoje, composta por três Considerando a carência de serviços nesta
divisões técnicas e uma
administrativa. A salvaguarda parte do bairro, a proposição de novos usos
do patrimônio histórico e
cultural, constituído pelos compatíveis com a dinâmica contemporânea da
elementos tangíveis que
configuram a cidade é Mooca vem ao encontro das necessidades por serviços
competência da Divisão de
Preservação. O DPH também é de uma área do bairro que sofreu esvaziamento em
o órgão técnico de apoio
ao CONPRESP, conselho
decorrência de sua desindustrialização. Tenciona-se
responsável pela aplicação da
aproveitar essas edificações para promover a melhoria
legislação municipal de

i
tombamento. Realiza pesquisas das obsolescentes instalações da Estação de Trem local
e pareceres que instruem os
pedidos de tombamento, além e para a criação de o Mercado da Mooca.
Mooca
de aprovar e orientar as
intervenções em bens A retomada do uso possibilitará uma real
protegidos.
apropriação do patrimônio histórico arquitetônico por
5 TRECHO
RECHO DO GALPÃO DA
INTERCENÇÃO PROPOSTA
PROPOSTA parte de um público amplo, permitindo que esses
fachada do Rua Borges de
Figueiredo
monumentos sejam praticados
praticados e não apenas
admirados, contemplados, como algo excepcional,
Fonte: Acervo Pessoal
fora de nosso tempo. 4
Reinserir estes antigos edifícios no cotidiano do bairro, fazer com que a população se reconheça e se identifique com eles
por meio da ocupação, é contribuir para a preservação de valores culturais mais amplos desses grandes espaços fabris, que hoje
estão ociosos ou ruinosos e, portanto, muito vulneráveis à demolição e aos processos característicos da especulação imobiliária,
uma forte tendência na região estudada6.

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6 – TERRITÓRIO DA ESPECULAÇÃO:
indústrias demolidas para dar
lugar a grandes conjuntos

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residenciais verticalizados, que
potencializam o adensamento
populacional. Na foto ao lado,
o que sobrou da antiga fábrica
da União é preparado para
receber um futuro
empreendimento imobiliário.

Fonte: Acervo Pessoal

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1.1.1.PREMISSAS

Como projetar sobre o pré-construido?

A carência de áreas de expansão e de serviços em bairros próximos aos centros adensados das cidades contemporâneas
tem feito aumentar as iniciativas de reaproveitamento de edificações antigas, mas isso nem sempre resulta em obras adequadas

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às características programáticas e formais originais dos edifícios históricos. O que se observa na maioria das vezes, são conflitos
entre sua utilização e a natureza de sua função. Este é um problema constante na região escolhida para este projeto de TFG, na
qual as construções antigas são adaptadas, sem qualquer planejamento, para os mais diversos usos, o que gera ampliações ou
remoções descaracterizantes.
Os antigos edifícios fabris podem e devem ser reaproveitados na vida da cidade. Há de se considerar que mesmo
abandonados, os antigos edifícios
edifícios industriais
industriais impressionam
impressionam pela sua arquitetura e imponência na paisagem urbana. Sob o ponto
de vista histórico a importância está no testemunho físico tanto de processos econômicos como de tecnologias e modos de
construir.
Neste TFG, o respeito às particularidades estéticas, dimensionais, materiais e históricas das construções fabris selecionadas
selecionadas
será a diretriz do projeto arquitetônico.
arquitetônico As intervenções e adequações a propor deverão ser compatíveis com suas características
industriais e ao mesmo tempo, capazes de renovar os espaços de modo a estabelecer uma relação real com a vida do bairro no
século XXI de forma a romper a “barreira física”, proporcionando a integração com a vizinhança e aceitação da população local.
Desta forma, a proposta tem como objetivo central a requalificação de espaços nobres e muito bem localizados, devolvendo –

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por meio da restauração – edifícios significativos para a história da região na cidade de São Paulo.

6
1.2.JUSTIFICATIVA

As cidades contemporâneas têm passado por constantes mudanças em sua dinâmica sócio-espacial, fato que tem
promovido a valorização e ampliado o debate das questões urbanas. Como forma de adaptação a essas mudanças, as
discussões e as ações do urbanismo e do planejamento urbano vêm tomando um novo rumo, ganhando relevância crescente no
âmbito do patrimônio arquitetônico.

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


A noção de patrimônio cultural edificado no Brasil passou por transformações estruturais tanto em sua concepção e
reconhecimento quanto no modo como tratar e inserir as questões dentro de uma perspectiva de preservação, baseado tanto na
experiência nacional como também a partir de discussões em âmbitos internacionais, que representam uma tendência desde os
anos 1970. O que até o momento era visto como objeto congelado e apartado da reformação da cidade passa a ser observado
a partir de um novo horizonte: o da participação ativa na dinâmica urbana – o patrimônio vivo,
vivo ligado às transformações históricas,
envolvendo diversos atores: usuários, gestores, profissionais, técnicos, etc., compreender e validar a importância desses exemplares
industriais dentro da trama urbana, como registro formal das tipologias industriais.
"Trabalhar a preservação do patrimônio é trabalhar desenvolvimento. Não é simplesmente preservar um conjunto de
estações ferroviárias. O município tem que dar um bom uso para esses imóveis. Preferencialmente, esse uso tem de estar ligado a
algum tipo de desenvolvimento para o município. Melhor ainda se for para a região. Desenvolvimento é uma prerrogativa do
trabalho do IPHAN", afirma José Rodrigues Cavalcanti Neto, coordenador técnico do patrimônio ferroviário do IPHAN – Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

i
7
1.3.PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

Os pressupostos teóricos que permeiam o projeto proposto neste TFG serão discutidos ao longo deste memorial, e são
resultantes de um consenso entre os estudiosos do patrimônio histórico de que a melhor maneira de proteger um bem edificado é
reintegrá-lo à vida cotidiana da cidade na qual está inserido. Porém, as formas de intervir nesse bem de maneira que sejam

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realmente preservados e que se respeite aquilo que os caracteriza, por meio de processos de manutenção, conservação e
restauração não têm sido analisadas. É imprescindível discutir essas questões com base nos “referenciais teórico-metodológicos e
técnico-operacionais próprios à restauração, encarando a intervenção
intervenção como verdadeiro ato de cultura, que se afasta de interesses
imediatistas e de setores restritos da sociedade.” (KÜHL, 2010)7.

i
7 KÜHL, Beatriz Mugayar.
Patrimônio industrial: algumas
questões em aberto 2010. 8
2. UM BREVE HISTÓRICO DO BAIRRO DA MOOCA

2.1.O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E URBANO

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Consta que a primeira citação documental referente ao bairro da
Mooca é de 1556, quando a governança de Santo André da Borda do
Campo, comunicava que todos estavam "obrigados a participar da
construção da ponte do rio Tameteai (Tamanduateí)".8 Essa ponte se fazia
necessária para a ligação entre zona leste e a freguesia eclesiástica da Sé.
A região leste era habitada pelos índios da tribo Guaiana (tupi-guarani),
que deixaram algumas marcas tradicionais no bairro, inclusive o nome:
segundo historiadores, o vocábulo é oriundo do Tupi Guarani e possui duas
versões, MOO-KA (ares amenos, secos, sadios) e MOO-OCA (fazer casa),
expressões usadas pelos índios da Tribo Guarani para denominar os primeiros
habitantes brancos, que erguiam suas casas de barro. Outros historiadores dão
como certo a denominação é de origem asiática: MOKA, que significa
variedades de café, que vinha antigamente da cidade de MOCA (YEMEM),
perto do mar vermelho. A partir da transposição do rio Tamanduateí,

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acelerou-se o adensamento da área que foi gradualmente incorporando-se à
cidade. Ainda hoje, muitos nomes de ruas do bairro têm sua origem em
palavras indígenas: Javari, Taquari, Cassandoca, Itaqueri, Arariboia, Guaimbé,
8 Vista aérea da fábrica da
Antárctica Tabajaras, Camé, Juatindiba e outras. O desenvolvimento urbano da Mooca
9 Vista do Antigo Cotonificio está associado à história econômica de São Paulo e as rápidas transformações
Crespi
que nas décadas finais do século XIX e a primeira metade do século XX fizeram
10 Vista dos Antigos Moinho
Gamba da capital paulistana uma grande metrópole industrial.
9
Fator importante para a evolução da Zona Leste foi a instalação de duas ferrovias: em 1868 a São Paulo Railway (Estrada de
ferro Santos Jundiaí), assim conhecida como a Inglesa, ligando São Paulo ao porto de Santos; e, em 1875, a Estrada de Ferro do
Norte (o trecho paulista da estrada de ferro Central do Brasil), ligando São Paulo ao Rio de Janeiro.
Além das ferrovias, as melhorias urbanas realizadas a partir de 1870 como a instalação do gasômetro, das primeiras linhas
de bondes, ou o início das obras de saneamento da várzea e de abastecimento de água e esgotos trouxeram crescimento
populacional e desenvolvimento urbano e industrial à região, quer seja pela grande disponibilidade de mão-de-obra, formada

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principalmente por imigrantes europeus, quer seja pela formação de um significativo mercado consumidor interno. Neste contexto,
as terras baixas ao longo das várzeas do Tamanduateí apresentaram as condições topográficas ideais para a implantação da
estrada de ferro São Paulo Railway, traçado sobre terrenos até então ignorados e insalubres, acompanhados pela ocupação
industrial e pelas moradias para operários. 12

Nas várzeas do Tamanduateí, junto às estações ferroviárias, ao longo das estradas de ferro,
desenvolveu-se em face do baixo preço dos terrenos e da facilidade de transporte dos produtos, o
parque industrial paulistano, constituído principalmente por empresas de porte médio e pequenas
oficinas, fabriquetas e ateliês, muitos deles de caráter doméstico. Assim Brás, Bom Retiro, Mooca,
Água Branca, Lapa, Ipiranga foram loteados e cresceram rapidamente marcados por uma
passagem de fabriquetas, casebres, vilas e cortiços. (ROLNIK, 1997, p.78)13

Já no final do século XIX, a presença de grandes edificações industriais despertava a atenção e contrastava com as
residências modestas e áreas desocupadas de seus arredores. A instalação da Fábrica de Cerveja Bavária na Mooca é um bom

i
exemplo. Quando a fábrica foi inaugurada, por volta de 1890, os terrenos ocupados pertenciam a uma grande chácara e o
arruamento da região começava a ser definido. Alfredo Moreira Pinto, em texto datado de 1901, descreve detalhes da edificação,
os processos de fabricação e a maquinaria empregada. Dentre os inúmeros aspectos da cidade de São Paulo relatados em seu
REF 11 RODRIGUEZ, Maria
Elizabeth Paez: Radial Leste, livro, a fábrica possui lugar de destaque.
Brás e Mooca: diretrizes para
requalificação urbana., 2006. As áreas próximas às ferrovias foram preferidas pelas indústrias, já que o transporte das matérias-primas e combustíveis
importados, bem como a produção para fora de São Paulo dependia dos trens. Essas indústrias utilizavam a mão-de-obra
REF 12ROLNIK, Raquel. A cidade
e a lei: legislação, política imigrante que aportava em Santos e era trazida para a Casa da Imigração (hoje Museu dos Imigrantes). Os operários e suas famílias
urbana e territórios na cidade
de São Paulo, 2007 se instalavam nas proximidades de seus empregos e impulsionavam o comércio local. 10
Assim como acontecido em outros bairros da cidade de São Paulo, em 1919 a Mooca é contemplada com um projeto de
loteamento nos moldes das cidades-jardim, com praças internas e traçado viário de forma orgânica.
Em 1930, o bairro já apresentava um tecido urbano em fins de consolidação, com pequena porção de seus terrenos ainda
por construir e o restante ocupado por sobrados de alvenaria, vilas de casas em renque e galpões industriais de tijolos com
cobertura tipo lanternim. O traçado viário já tinha as características que matem até hoje, incluindo os acessos às vilas operárias.
No auge da industrialização, a produção de moradias ficava a cargo da iniciativa privada, na forma de casas unifamiliares

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


que seriam colocadas à disposição do mercado para aluguel ou venda. Na década de 1950 toda a infra-estrutura básica de
redes de energia, saneamento e transporte já atendiam a área, fazendo escassear os pedidos de aprovação de loteamentos,
arruamentos e passagens.
Muitos dos grandes lotes determinados pela ocupação industrial do século XX ainda hoje permanecem. Mesmo nas áreas
em que o desenvolvimento de outras atividades ocasionou o desmembramento dos conjuntos industriais e a divisão dos lotes,
podem ser observadas suas características originais.

2.2.AS VOCAÇÕES DO BAIRRO DA MOOCA

Região de passado industrial, a Mooca foi uma das áreas da cidade onde se concentraram os imigrantes, em especial os
italianos. Esta prevalência contribuiu para imprimir certas marcas características no bairro – como algumas festas típicas –, tais
como a Festa de San Gennaro, presente também nas tradições gastronômicas do bairro; e muitas cantinas, pizzarias e docerias –
como a doceria Di Cunto, a pizzaria São Pedro, a pizzaria do Ângelo e o restaurante Don Carlini.

i
Um nome intimamente ligado ao bairro é o do italiano Rodolfo Crespi, dono da tecelagem que chegou a ser a maior de
São Paulo: o Cotonifício Crespi, fundado em 1896. Sucessivas ampliações da fábrica foram acompanhadas por construção de
moradias para seus funcionários. Desde 2006 o complexo fabril do antigo cotonifício é ocupado pelo hipermercado Extra, que
promoveu um projeto polêmico e agressivo de reabilitação e ampliação dos edifícios, alterando sua integridade arquitetônica e
construtiva. O distrito abriga hoje o Memorial do Imigrante que traz informações sobre a imigração italiana no brasil. Atualmente é
um distrito que ainda concentra algumas indústrias na cidade,
cidade, mas é predominantemente residencial de classe média
e de serviços. O distrito ainda sedia a Universidade São Judas Tadeu e a Universidade Anhembi Morumbi e o tradicional clube
paulistano, o Clube Atlético Juventus. 11
Assim, demonstrando toda essa característica contrastante, pode-se encontrar ainda hoje muitos casarões antigos, com
suas fachadas em vários estilos, adornadas de guirlandas e baixos relevos, objeto de admiração e estudo de novos arquitetos, ao
lado de modernas residências, assim como de estreitas ruas, típicas de velhas cidades da Europa, ao lado de largas avenidas.

2.3.AS TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS PARA O BAIRRO

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


Os tijolos de barro que testemunharam por longas décadas a vocação fabril do bairro da Mooca ainda evidenciam a
trajetória de ocupação predominantemente operária do início do século XX, através de suas edificações de grande porte e ainda
em bom estado de conservação física. Mesmo com a essa mudança de seu perfil, a Mooca ainda mantém algumas indústrias:
Alumínio Brilhante, fabricante de panelas; a Arno, de eletrodomésticos; e a Capricórnio, têxteis, são alguns exemplos que ajudam a
lembrar o período tipicamente fabril do bairro, com indústrias que impulsionaram o desenvolvimento local como os Armazéns
Matarazzo, a Tecelagem Três Irmãos, a Andrauss Cia. Paulista de Louças e a Alumínios Fulgor. Atualmente a atividade industrial
representa apenas 25,27% dos estabelecimentos de toda a região da Subprefeitura, atrás do comércio, com 41,4%, e do setor de
serviços, com 31,5%.
Conhecida por ser um reduto de famílias
italianas tradicionais, que chegaram a São Paulo
entre os séculos XIX e XX, a Mooca passa por
um processo de rejuvenescimento, tanto
estrutural quanto do perfil de seus moradores.

i
Segundo dados da Subprefeitura da Mooca, o
bairro registrou uma queda demográfica

13 Mapa das atividades do considerável nas últimas décadas e hoje soma


bairro.
pouco mais de 63 mil habitantes, dos quais 17%
Fonte:
são idosos.
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/
subprefeituras/spmo/dados/histo
rico/0004

12
Estas fortes mutações territoriais emergiram na cidade
pós-industrial, mais enfaticamente após a reestruturação da
economia espacial nas últimas décadas. O declínio industrial
gerou o esvaziamento de áreas urbanas inteiras. O território
metropolitano tornou-se depositário de enormes transformações

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


e abandono e desperdício urbanos tornaram-se
particularmente evidentes na fábrica urbana atual: zonas
industriais sub-utilizadas, armazéns e depósitos industriais
desocupados; edifícios centrais abandonados; corredores e
pátios ferroviários e industriais desativados, resíduos de antigas
áreas produtivas, restando terrenos vagos e disfunções urbanas.
Segundo pesquisa do Jornal da Tarde: “com seus 7
quilômetros quadrados de área, e uma população de mais de
63.000 habitantes, é o bairro mais com a cara de São
Paulo, sendo que as suas características correspondem
exatamente à média da cidade”. Hoje o tradicional bairro é um
dos mais valorizados da zona leste paulistana. A Mooca
atualmente passa por uma grande transformação em toda a

i
sua extensão com desativações de antigas indústrias,
fábricas e demais complexos, dando lugares a novos
novos
estabelecimentos comerciais e imponentes condomínios
14 e 15 A inserção da Região
Metropolitana de São Paulo no
residenciais.
Estado, a delimitação da
cidade de São Paulo, e a
A Mooca, bairro localizado na parte da Zona Leste de
localização do bairro da
São Paulo considerada o centro expandido da cidade,
Mooca.
caracteriza-se pela vocação industrial e pela influência da
Fonte: WWW.prefeitura.gov.br 13
imensa colônia italiana que ali se instalou no início do século passado. Muitos desses aspectos tradicionais mudaram. Saem as
grandes indústrias e fábricas, que formaram por um século o horizonte da região, e entram os investimentos pesados em imóveis
residenciais para a classe média alta e como resultado, um desenvolvimento na parte de infra-estrutura como supermercados,
universidades, restaurantes, novos estabelecimentos comerciais. Estima-
Estima-se que nos próximos anos 12.000 novos moradores
cheguem à Mooca, devido ao processo de verticalização e todas as transformações que o bairro vem sofrendo.

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


2.4.

i
16 e 17 A Mooca hoje. As
perspectivas da paisagem
urbana e as tendências de
verticalização do bairro

Fonte: Acervo pessoal

14
O PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO PRESERVADO NO
NO BAIRRO

Seguindo pela ferrovia em direção a Santos, logo após a Hospedaria dos Imigrantes encontramos hoje, à esquerda, os
antigos edifícios da São Paulo Alpargatas, atualmente ocupados pela Universidade Anhembi Morumbi e, à direita, os antigos
Armazéns Ernesto de Castro. Depois de ultrapassar o viaduto Alcântara Machado, à esquerda encontramos galpões e armazéns
com acesso pela Rua Almeida Lima; à direita os Armazéns Piratininga e, mais à frente, os edifícios mais antigos da Companhia

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Antarctica Paulista, originariamente Fábrica de Cerveja Bavária, com fachada para a Avenida Presidente Wilson.
Seguindo em frente, encontram-se, à esquerda, uma extensa sucessão de galpões com acesso pela Rua Borges de
Figueiredo que se estendem até a rua Sarapuí e o viaduto São Carlos, incluindo os galpões da RFFSA; o antigo Moinho Gamba e
anexos; os Armazéns das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo; os galpões da CEAGESP e os da Cooperativa Banco do Brasil -
conjuntos que se encontram ameaçados. Além desta faixa de ocupação industrial mais densa, diversos estabelecimentos
instalaram-se em quarteirões mais afastados da ferrovia. Dentre as indústrias afastadas cujos edifícios originais ainda hoje existem,
podemos destacar o conjunto industrial do Cotonifício Crespi, na rua Javari; a tecelagem Labor, na rua da Mooca; uma tecelagem
na rua Orville Derby e uma fábrica de papel na rua do Hipódromo.(MENEGUELLO, 2007)18

i
18 MENEGUELLO, Cristina.

15
LEGENDA

1 - Tecelagem Labor

2 - 1º Galpão Alpargatas

3 - 2º Galpão Alpargatas

4 - Metais Shirazi

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5 - Tecelagem de Juta

6 - Galpões Copale

7- Cotonifício Crespi

8- Moinho Gamba

9- Galpões RFFSA

10- Cooperativa Banco do


Brasil

11- Galpões RFFSA

12- Estação de trem Mooca

13- Distribuidora de bebidas


Antártica

i
19 Mapa da distribuição do
patrimônio preservado ao
longo da ferrovia
16
3. OS GALPÕES DA BORGES DE FIGUEIREDO E A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA MOOCA

Existem no bairro muitos galpões industriais de várias dimensões e tipologias arquitetônicas, com vários usos e ocupações:
uso industrial, uso logístico (depósito de apoio ao comércio especializado local), uso para serviços como retífica de peças,

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


reciclagem de materiais, oficinas mecânicas e estacionamentos e também muitos galpões ociosos.
Este projeto propõe a reutilização desses galpões ociosos ou subutilizados para usos mais democráticos como
hipermercados, galerias e os demais serviços ausentes na região. Alguns dos edifícios industriais já foram requalificados pela
iniciativa privada e que possuem agora uso educacional e de entretenimento, como é o caso da Universidade Anhembi Morumbi.
Os galpões existentes têm tipologias muito distintas, variando de simples construções até grandes indústrias. As construções
mais simples têm pé-direito baixo e área muito pequena, ocupando totalmente pequenos lotes; já as grandes indústrias são
geralmente implantadas em grandes terrenos, portando fachadas de tijolos aparentes e cobertura em shed ou lanternim para
iluminação e ventilação. Essa variedade tipológica proporciona ao bairro uma identidade arquitetônica e um papel importante
dentro da memória paulistana.

20 Concentração de galpões
na Rua Borges de Figueiredo

i
Fonte: Manoella Rufinoni

21 Trecho do Galpão situado à


Rua Borges de Figueiredo

Fonte:Acervo Pessoal

22 Vista interna da plataforma


da estação da Mooca

Fonte:WWW.estacoesferroviarias
.com.br
17
3.1.ANÁLISE DE ENTORNO

3.1.1. LOCALIZAÇÃO

23 Mooca (em destaque) na


porção da Zona Leste mais
próxima ao centro de São
Paulo,

Fonte: Prefeitura Municipal de


São Pailo
3.1.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A indústria na Mooca não é


apenas uma referência do passado,
continua sendo uma realidade

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


bastante presente no cotidiano da
população. O uso comercial e de
serviços é notado com maior presença
apenas nas proximidades da Rua da
Mooca, principalmente à direita da
ferrovia. Nas quadras paralelas à Rua
Borges de Figueiredo, subindo a leste,
observa-se o predomínio do uso misto
com residência e algumas quadras
com uso misto de comércio e
indústria. Quanto mais alta a cota do
terreno, mais o uso residencial se
consolida, culminando com o uso

i
residencial vertical ao longo da
Avenida Paes de Barros.
Com isso, nota-se o sentido
que a especulação imobiliária vem se
apropriando das edificações
abandonadas, ociosas e ou entrando
24 Mooca (em destaque) na
em desuso por parte das tendências e
porção da Zona Leste mais
próxima ao centro de São
Paulo,
das políticas de reordenação urbanas. 19
Fonte: Prefeitura Municipal de
São Pailo
3.1.3. GABARITO

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


25 Mapa de gabarito no
entorno do objeto estudado:
observa-se os grandes edifícios
residenciais (mais de 6
pavimentos) em destaque,
dividindo espaço com as
antigas indústrias.

i
Fonte: Levantamento in loco

20
3.1.4. VIAS E FLUXOS DA REGIÃO

iMercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


26 Mapa das principais via que
cortam a região, fazendo a
ligação do bairro da Mooca ao
centro. A Mooca representa um
importante eixo para ligação
com os demais bairros da Zona
Leste

Fonte: Google Earth

21
3.1.5.
3.1.5. A LEGISLAÇÃO INCIDENTE

O Plano Diretor é um instrumento eminentemente político, cujo objetivo precípuo deverá ser o de dar transparência e
democratizar a política urbana, ou seja, o plano diretor seve ser, antes de tudo, um instrumento de gestão democrática da cidade.
Nesse sentido, é importante salientar esses dois aspectos do Plano: a transparência e a participação democrática. A transparência
é um atributo fundamental em qualquer política pública. Desse modo, um objetivo essencial do plano diretor deve ser o de dar

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


transparência à política urbana, na medida em que esta é explicitada num documento público, em uma lei. Tornar públicas as
diretrizes e prioridades do crescimento da cidade, de forma transparente, para a crítica e avaliação dos agentes sociais, esta é
uma virtude básica de um bom plano diretor. Diretrizes e prioridades para o crescimento e expansão urbana, sempre existiram,
com plano ou sem plano, a diferença é que com este instrumento estas se tornam públicas. O plano diretor deve ter o papel de
livro de regras no jogo da cidadania, que até hoje tem obedecido à lei do mais forte.
O aspecto da democratização é fundamental, pois só ela garante a transparência necessária às regras do jogo. A
democratização efetiva do planejamento se dá pela participação da sociedade no processo, o que, pelo menos em tese, é
garantido pela Constituição Federal (no Artigo 29) e, como se verificou, pelo Estatuto da Cidade.
Só a participação ativa das entidades representativas da sociedade na elaboração do plano diretor garante sua
legitimidade e propicia condições para sua efetiva implementação. Isso faz do zoneamento urbano o mais difundido instrumento
urbanístico e, também, o mais criticado, tanto por sua eventual ineficácia, quanto por seus efeitos perversos (especulação
imobiliária e segregação sócio-espacial).
As principais estratégias dos planos são: a) promover mudanças nos padrões de produção e consumo da cidade,

i
reduzindo custos e desperdícios e fomentando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentáveis; b) desenvolver e estimular a
aplicação de instrumentos econômicos no gerenciamento dos recursos naturais visando a sustentabilidade urbana. Sua forma mais
tradicional é o zoneamento de uso e ocupação do solo, de matriz funcionalista, que prevê uma segregação de usos – industrial,
comercial e residencial - com maior ou menor grau de flexibilidade.
Em termos de sua implementação, o zoneamento usualmente é definido em duas escalas: a primeira, denominada de
macrozoneamento, que consiste na delimitação das zonas urbana, de expansão urbana, rural e macrozonas especiais
(geralmente de proteção ambiental) do município. A segunda, o zoneamento propriamente dito, que irá estabelecer as normas de

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uso e ocupação para cada macrozona, em especial da zona urbana, já que sobre a zona rural o poder local possui pouca
competência regulatória.
O zoneamento de uso e ocupação do solo consiste no ordenamento do uso da propriedade do solo e das edificações,
bem como de sua densidade de ocupação, nas zonas urbanas e de expansão urbana do município. O modelo tradicional de
zoneamento de caráter funcional, ou seja, a divisão da cidade em zonas, de acordo com as categorias de usos e atividades, é
adotada pela maior parte das cidades brasileiras.

Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


O zoneamento urbano, desde sua origem, caracteriza-se como um instrumento de solução de conflitos de uso do solo, na
disputa por espaço entre indivíduos e empresas cuja vizinhança pode ser excludente, como um hospital e uma casa de diversão
noturna. Essa situação envolve outro processo, também conflituoso, de disputa entre uma alocação “natural” das funções urbanas,
mediada pela lógica do mercado, e uma ação de regulação alocativa “artificial”, mediada pela lógica do poder público, que,
em tese, é o interesse coletivo ou, como define a Constituição Federal e o Estatuto da Cidade, a função social da cidade e da
propriedade urbana. No cerne desses conflitos, estão os problemas difusos decorrentes do processo de urbanização, como
poluição, desastres ambientais (enchentes, deslizamentos etc.), degradação do patrimônio, problemas de saneamento, tráfego,
violência urbana, entre outros.
Com relação à área estudada, a regulamentação sobre o uso e ocupação do solo e o zoneamento incidente
caracterizam-se pela alternância das Zonas Z3 e Z4 (uso misto de média e alta densidade demográfica) e Z2 (residencial de baixa
densidade demográfica). A área também apresenta a delimitação de ZUPI, Zona de Uso Predominantemente Industrial
definida por Lei Estadual, o que de certa forma favoreceu a permanência das indústrias na região. Toda a área envoltória
ao edifício de estudo apresenta baixas densidades o que demonstra alto potencial construtivo.

i
Tais questões configuram o ponto central da discussão da ordenação do território: a disputa entre os interesses privados (de
produtores e consumidores) e os interesses públicos (efeitos agregados, sociais e ambientais). O zoneamento torna-se, assim, um
27 CONPRESP - Conselho instrumento ambíguo, ora defendendo o interesse da coletividade, ora defendendo interesses destes ou daqueles grupos de
Municipal de Preservação do
Patrimônio Histórico, Cultural e consumidores ou produtores.
Ambiental da Cidade de São
Paulo – foi criado pela Lei nº O zoneamento ZEPEC – Zonas Especiais de Preservação Cultural - delimita área de interesse cultural, imóveis tombados, por
10.032, de 27 de dezembro de
1985, como um órgão exemplo, e permite o ressarcimento financeiro aos proprietários de áreas preservadas através da transferência do direito de
colegiado de assessoramento
cultural ligado à estrutura da
construir. Um dos galpões do objeto de estudo, o Galpão 1, foi tombado pelo patrimônio através da ação do CONPRESP –
Secretaria Municipal de Cultura.
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo34, que assim resolve: 23
Artigo 1º - TOMBAR o conjunto das edificações localizadas no perímetro formado pela Rua Borges de Figueiredo, Rua
Monsenhor João Felipo, Avenida Presidente Wilson e Viaduto São Carlos, bairro da Mooca, Subprefeituras da Mooca e da Sé, a
seguir identificadas:
1. Antigas Oficinas da Sociedade Anônima Casa Vanorden, situada na rua Monsenhor João Felipo nº 01, com as
seguintes diretrizes:

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a) Preservação integral do conjunto de dezessete galpões modulares que fazem frente para a rua Borges de Figueiredo
e do antigo escritório na esquina da rua Borges de Figueiredo com rua Monsenhor João Felipo, incluindo os remanescentes de
seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos.
2. Antigo conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba, (Setor 028, Quadra 046, Lote 0134), área situada na rua Borges de
Figueiredo n° 300, com as seguintes diretrizes:
a) Preservação dos galpões voltados para a ferrovia (edifício 2a), bem como dos prédios fabris situados na faixa central
do terreno, correspondendo ao antigo conjunto das fábricas de óleo, sabão e glicerina (edifício 2b), incluindo os remanescentes
de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas,alvenarias, envasaduras e caixilhos;
3. Antigo conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba (Setor 028, Quadra 046, Lote 0112), área situada na rua Borges de
Figueiredo n° 510, com as seguintes diretrizes:
a) Preservação integral dos dois agrupamentos de armazéns voltados para a ferrovia, caracterizados pelos edifícios 3a e
edifícios 3b, conforme desenho anexo; do prédio do antigo moinho de trigo (edifício 3c), situado na faixa central do lote, além
dos prédios do antigo moinho de arroz (edifício 3d), da casa do guarda (edifício 3e) e algumas outras construções situadas no
alinhamento com a rua Borges de Figueiredo (edifício 3f), incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como
estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;

i
b) Preservação do espaço descoberto central do lote (3g), incluindo:
b.1. A área de permeabilidade que constitui a atual área verde e os elementos
arbóreos de maior porte;
b.2. As marcas remanescentes da localização dos antigos silos de trigo bem como
os elevadores e outros equipamentos industriais.
4. Antigo conjunto de galpões e armazéns, situado na rua Borges de Figueiredo n° 964 a 1004 (Setor 028, Quadra 046,
Lote 0129), e n° 1030 a 1084 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0130) com as seguintes diretrizes:

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a) Preservação de todo o agrupamento de galpões voltado para a ferrovia (edifício 4a), para que permaneça
constituindo o contínuo de armazéns, incluindo os remanescentes das fachadas de alvenaria e do seu sistema construtivo, como
estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;
b) Preservação integral dos quatro galpões situados ao lado do lote 0057 (edifício 4b), incluindo os remanescentes das
fachadas de alvenaria e do seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;
5. Antigo conjunto de depósitos para café, posteriormente pertencentes à CEAGESP, situado na rua Borges de Figueiredo

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n° 1098 a 1250 (Setor 028, Quadra 046, Lotes 0057 a 0069), com as seguintes diretrizes:
a) Preservação de todo o conjunto dos doze galpões modulares (edifício 5), em sua conformação unitária original,
incluindo estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;
6. Antigo conjunto Sociedade Técnica Bremensis e Schmidt Trost, situado na rua Borges de Figueiredo n° 1294 e 1358
(Setor 028, Quadra 046, Lote 0070), com as seguintes diretrizes:
a) Preservar todo o conjunto com faces para a ferrovia e para a rua Borges de Figueiredo formado por cinco blocos
contíguos centrais (edifícios 6a e 6b), além da portaria e da casa que configura a entrada do conjunto (edifício 6c), incluindo os
remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;
7. Conjunto de armazéns da antiga São Paulo Railway, situado ao lado da Estação da Mooca, na avenida Presidente
Wilson n° 1009 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0074), com as seguintes diretrizes:
a) Preservação do conjunto formado pelos três galpões dispostos paralelamente à linha do trem (edifício 7a), incluindo
os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;
b) Preservação do espaço que conforma a praça de acesso à estação de trem (espaço 7b), nas suas características
atuais;
c) Preservação dos equipamentos de apoio da ferrovia dispostos dentro do terreno (espaço 7c).
Artigo 2º - O gabarito máximo permitido para novas construções, reformas ou ampliações dentro dos limites dos lotes

i
tombados será definido caso a caso, desde que não exceda o limite máximo de até 25 (vinte e cinco) metros de altura, de
maneira a manter as referências na paisagem tanto das chaminés remanescentes, quanto das construções tombadas de maior
porte, tal como o moinho de trigo dos antigos Grandes Moinhos Minetti Gamba.
Parágrafo Primeiro - Fica definida como diretriz de preservação a integridade, em todos os lotes, dos conjuntos
arquitetônicos onde se situavam as docas de embarque e desembarque de mercadorias, bem como os ramais ferroviários em
cota inferior, procedendo eventualmente a sua recuperação e remoção de construções anexadas e muros que cercam a via
férrea dos conjuntos industriais.

25
Parágrafo Segundo - Fica definida como diretriz geral de preservação, em qualquer intervenção nos lotes, o respeito à
característica de conjunto destas unidades fabris e de armazenamento, bem como da volumetria adequada à ambiência de
todo o conjunto arquitetônico tombado.

Esse tombamento foi questionado, pois a legislação que recai sobre o patrimônio permite a construção de edificações
com limite de altura, variando de 8 a 10 andares e, com isso, “prejudicou” os investimentos das construtoras nas regiões

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adjacentes35. O CONPRESP admite a pressão das construtoras para alterar as regras. "O pedido de revisão é algo que não foge à
normalidade. É natural que haja pedidos de revisão, mas nós ainda não aprovamos nenhuma mudança", pondera José Eduardo
de Assis Lefèvre, presidente do CONPRESP.
Dez meses após tombar os galpões industriais da Mooca, na zona leste da capital paulista, e de limitar a altura dos prédios
no entorno, o CONPRESP deverá voltar atrás na última determinação. Estudo que propõe aumentar o gabarito dos futuros edifícios é
elaborado pelo Departamento do Patrimônio Histórico, a pedido das construtoras que se sentiram prejudicadas com o
tombamento.
Em julho do ano passado, numa sessão tumultuada do CONPRESP, o mesmo DPH propôs o tombamento de sete conjuntos
de galpões da Mooca, a começar pelos dos Moinhos Gamba, que datam de 1909 a 1938. Os prédios da região ficaram limitados
a altura de 25 metros (oito andares) e 30 metros (dez andares), dependendo da localização em relação aos imóveis históricos
(Mapa 35). Construtoras estão pleiteando que os prédios possam ter até 20 andares na região.

i
26
iMercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial
28Fonte:
http://www.cidades.gov.br/s
ecretarias-
nacionais/programas-
urbanos/Imprensa/reabilitac
ao-de-areas-urbanas-
centrais/noticias-
2008/fevereiro/conpresp-
vai-rever-areas-tombadas/

27
iMercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial
29Recorte de Jornal:
Reportagem sobre o
abandono dos galpões e
as medidas que (não) vêm
sendo tomadas na região.

28
3.2.O CONJUNTO FABRIL DA BORGES DE FIGUEIREDO
3.2.1. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO CONJUNTO FABRIL:
FABRIL: AS DEFICIÊNCIAS E POTENCIALIDADES DO CONJUNTO

iMercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial


30 Mapa indicativo da oferta
de infra-estrutura de serviços e
comércio da região.

Fonte:: Levantamento in loco

29
3.2.2. A ESCOLHA DOS EDIFÍCIOS DA RUA BORGES DE FIGUEIREDO
FIGUEIREDO X RUA MOSNENHOR FELIPPO

As edificações escolhidas foco do projeto deste TFG estão localizadas na esquina da Rua Borges de Figueiredo com a Rua
Monsenhor Felippo, ponto de grande destaque para quem trafega pela Rua, tendo uma vista privilegiada da edificação. Além
dessa perspectiva, os edifícios permeiam o acesso à estação Ferroviária da Mooca, localizada aos fundos das edificações.

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O conjunto de edificações escolhidas está dividido em 3 galpões, distribuídos da seguinte forma:

i
31 Infográfico representativo da
disposição dos galpões em
estudo, bem como da estação
ferroviária próxima.
Fonte: Google Earth / Acervo
Pessoal

30
O Complexo edificado é composto por três antigos edifícios do período industrial do bairro e encontra-se em considerável
estado de conservação. Os galpões foram inicialmente de propriedade da Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA, porém com sua
extinção – em 22 de janeiro de 2007 –, seus bens imóveis não-operacionais foram transferidos para a União, o que trouxe um novo
e enorme desafio para a Secretaria de Patrimônio da União – SPU –, acarretando uma ação inédita no âmbito do Governo Federal,
tendo em vista o volume de bens a serem vistoriados, avaliados, regularizados, incorporados e finalmente destinados pelo órgão
considerando a vocação específica de cada um deles.

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Além do imperativo legal, inclusive da exigência de alienação de parte dos imóveis para fins de pagamento de despesas
provenientes da então RFFSA, norteia a atuação da SPU o reconhecimento de que a incorporação dos bens imóveis não
operacionais dessa extinta empresa determinará o (re) aproveitamento de um patrimônio de todos os brasileiros, cabendo
destacar, no campo social, a possibilidade de destinação a programas de regularização fundiária e provisão habitacional de
interesse social, a programas de reabilitação de áreas urbanas centrais, a sistemas de circulação e transporte, assim como a
projetos de preservação da memória ferroviária e de implantação de órgãos públicos.
Levantamentos feitos no Arquivo Histórico do Departamento do Patrimônio Histórico – DPH – apontam que esses imóveis
foram construídos em 1909, pela Sociedade Anônima Casa Vanorden, proprietária daquele lote na época, com projeto
arquitetônico feito pelo arquiteto Jorge Krug. A construção que configurava a esquina teria abrigado primeiramente os escritórios
administrativos da empresa, ao que parece uma indústria gráfica, editora ou ligada à fabricação de papel. Essa primeira
construção assobradada foi feita concomitantemente com os galpões que lhe davam seqüência na face voltada para a antiga
alameda Taubaté. Tratava-se de um conjunto de dez galpões com cerca de 6 metros de altura e modulação horizontal bem
demarcada a cada 4,5 metros. Pouco tempo depois, em 1911, todo o conjunto passou por algumas modificações. Foi ampliado

i
o imóvel da esquina, uma construção de dois pavimentos originalmente muito estreita e alongada, absorvendo-se para tanto, dois
módulos da seqüência de galpões existentes na face voltada para a alameda Taubaté. Com isso, a área do imóvel da esquina
triplicou, pois passou de 4,5 m de largura por 20 m de profundidade, para 13,5 m de largura pelos mesmos 20 m de profundidade.
Ao que parece a ampliação manteve as mesmas características construtivas e arquitetônicas do imóvel inicial, ou seja, dois
pavimentos, feitos em alvenaria de tijolos aparentes, com pilastras bem evidenciadas quebrando os planos contínuos nas fachadas
voltadas para as duas ruas. As envasaduras apresentam composições diferenciadas no pavimento térreo e no andar superior,
embora todas sejam arrematadas com esquadrias de madeira. O emprego de platibandas por toda a extensão das fachadas não
permite ver, no nível do solo, a cobertura de telhas francesas, distribuídas por quatro águas. Uma vista aérea da cobertura revela 31
que os dois módulos anexados posteriormente estão sob um único telhado de quatro águas, distinto do anterior, porém com a
mesma solução de platibandas daquele inicial. Configura-se assim, no todo, um imóvel de características arquitetônicas uniformes,
de planta aquadradada, cujo volume se aproxima ao de uma figura cúbica. Esse volume de aparência compacta, suja altura está
em torno de 11 metros para uma largura de cerca de 13,5 metros, passou a demarcar, desde 1911, a esquina, construindo, ao
mesmo tempo, uma finalização para a perspectiva de quem viria da rua da Mooca rumo à Estação passando pela antiga rua de
Oliveira, trecho inicial da atual Borges de Figueiredo. Tal perspectiva se mantém.

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Quanto aos galpões fabris que se encontram na seqüência imediata do imóvel que configura a esquina, a consulta aos
projetos originais indica que em 1909, haviam sido feitos dez galpões com estrutura modular de 4,5 m por 6,30 m, e que na
reforma de 1911, dois desses galpões foram absorvidos para a ampliação do imóvel da esquina. Foram então construídos, nessa
ocasião, mais nove galpões idênticos aos anteriores, ocupando toda a face voltada para a Rua Borges de Figueiredo, numa
extensão de 90 metros.
O resultado que se vê ainda hoje é um conjunto uniforme de dezessete galpões modulados a cada 4,5 metros, com cerca
de 6,5 metros de altura, harmonioso e muito elegante. Pode-se dizer que se trata mesmo de um belo exemplar da arquitetura fabril
do final do século XIX que adentra pelo século XX. Distingue-se na paisagem da rua pela extrema horizontalidade da seqüência,
assim como pelo desenho contínuo e denteado da cobertura, resultante do emprego de sheds como solução para iluminar o
espaço interno.32

i
32 DPH - estudo do entorno da
estação da mooca e área
envoltória

32

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