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APRESENTAÇÃO
A proposta deste trabalho teve início a partir de um interesse pessoal pela temática do patrimônio industrial, e também
pelas relações de permanências e transformações pelas quais o bairro da Mooca – em São Paulo/SP – vem atravessando. Essa
discussão abrange um debate sobre a construção e a produção da cidade contemporânea, onde o patrimônio deve ser tratado
i
1 e 2 LADO A LADO: o
patrimônio industrial e a
verticalização iminente no
bairro da Mooca
Fonte:Acervo Pessoal
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1. INTRODUÇÃO
O crescimento desordenado das cidades, a especulação imobiliária, as mudanças dos comportamentos, os novos valores
e estilos de vida podem gerar impactos irreversíveis no patrimônio histórico e cultural das cidades, pois são fatores resultantes da
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armazéns voltaram os fundos para a via férrea – recurso que permitia o recebimento e escoamento de produtos – e o acesso
principal passou a acontecer pelas ruas paralelas – como a atual Avenida Presidente Wilson (antiga Alameda Bavária) e a Rua
Borges de Figueiredo.
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i Mercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial
3 – SETORIZAÇÃO NA MOOCA
Concentração de edificações
industriais ao longo da via
férrea no bairro da Mooca, em
São Paulo. O que representava
a facilidade de abastecimento
e escoamento de produtos
tornou-se eixo de transporte de
passageiros.
i
tombamento. Realiza pesquisas das obsolescentes instalações da Estação de Trem local
e pareceres que instruem os
pedidos de tombamento, além e para a criação de o Mercado da Mooca.
Mooca
de aprovar e orientar as
intervenções em bens A retomada do uso possibilitará uma real
protegidos.
apropriação do patrimônio histórico arquitetônico por
5 TRECHO
RECHO DO GALPÃO DA
INTERCENÇÃO PROPOSTA
PROPOSTA parte de um público amplo, permitindo que esses
fachada do Rua Borges de
Figueiredo
monumentos sejam praticados
praticados e não apenas
admirados, contemplados, como algo excepcional,
Fonte: Acervo Pessoal
fora de nosso tempo. 4
Reinserir estes antigos edifícios no cotidiano do bairro, fazer com que a população se reconheça e se identifique com eles
por meio da ocupação, é contribuir para a preservação de valores culturais mais amplos desses grandes espaços fabris, que hoje
estão ociosos ou ruinosos e, portanto, muito vulneráveis à demolição e aos processos característicos da especulação imobiliária,
uma forte tendência na região estudada6.
i
residenciais verticalizados, que
potencializam o adensamento
populacional. Na foto ao lado,
o que sobrou da antiga fábrica
da União é preparado para
receber um futuro
empreendimento imobiliário.
5
1.1.1.PREMISSAS
A carência de áreas de expansão e de serviços em bairros próximos aos centros adensados das cidades contemporâneas
tem feito aumentar as iniciativas de reaproveitamento de edificações antigas, mas isso nem sempre resulta em obras adequadas
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por meio da restauração – edifícios significativos para a história da região na cidade de São Paulo.
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1.2.JUSTIFICATIVA
As cidades contemporâneas têm passado por constantes mudanças em sua dinâmica sócio-espacial, fato que tem
promovido a valorização e ampliado o debate das questões urbanas. Como forma de adaptação a essas mudanças, as
discussões e as ações do urbanismo e do planejamento urbano vêm tomando um novo rumo, ganhando relevância crescente no
âmbito do patrimônio arquitetônico.
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1.3.PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Os pressupostos teóricos que permeiam o projeto proposto neste TFG serão discutidos ao longo deste memorial, e são
resultantes de um consenso entre os estudiosos do patrimônio histórico de que a melhor maneira de proteger um bem edificado é
reintegrá-lo à vida cotidiana da cidade na qual está inserido. Porém, as formas de intervir nesse bem de maneira que sejam
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7 KÜHL, Beatriz Mugayar.
Patrimônio industrial: algumas
questões em aberto 2010. 8
2. UM BREVE HISTÓRICO DO BAIRRO DA MOOCA
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acelerou-se o adensamento da área que foi gradualmente incorporando-se à
cidade. Ainda hoje, muitos nomes de ruas do bairro têm sua origem em
palavras indígenas: Javari, Taquari, Cassandoca, Itaqueri, Arariboia, Guaimbé,
8 Vista aérea da fábrica da
Antárctica Tabajaras, Camé, Juatindiba e outras. O desenvolvimento urbano da Mooca
9 Vista do Antigo Cotonificio está associado à história econômica de São Paulo e as rápidas transformações
Crespi
que nas décadas finais do século XIX e a primeira metade do século XX fizeram
10 Vista dos Antigos Moinho
Gamba da capital paulistana uma grande metrópole industrial.
9
Fator importante para a evolução da Zona Leste foi a instalação de duas ferrovias: em 1868 a São Paulo Railway (Estrada de
ferro Santos Jundiaí), assim conhecida como a Inglesa, ligando São Paulo ao porto de Santos; e, em 1875, a Estrada de Ferro do
Norte (o trecho paulista da estrada de ferro Central do Brasil), ligando São Paulo ao Rio de Janeiro.
Além das ferrovias, as melhorias urbanas realizadas a partir de 1870 como a instalação do gasômetro, das primeiras linhas
de bondes, ou o início das obras de saneamento da várzea e de abastecimento de água e esgotos trouxeram crescimento
populacional e desenvolvimento urbano e industrial à região, quer seja pela grande disponibilidade de mão-de-obra, formada
Nas várzeas do Tamanduateí, junto às estações ferroviárias, ao longo das estradas de ferro,
desenvolveu-se em face do baixo preço dos terrenos e da facilidade de transporte dos produtos, o
parque industrial paulistano, constituído principalmente por empresas de porte médio e pequenas
oficinas, fabriquetas e ateliês, muitos deles de caráter doméstico. Assim Brás, Bom Retiro, Mooca,
Água Branca, Lapa, Ipiranga foram loteados e cresceram rapidamente marcados por uma
passagem de fabriquetas, casebres, vilas e cortiços. (ROLNIK, 1997, p.78)13
Já no final do século XIX, a presença de grandes edificações industriais despertava a atenção e contrastava com as
residências modestas e áreas desocupadas de seus arredores. A instalação da Fábrica de Cerveja Bavária na Mooca é um bom
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exemplo. Quando a fábrica foi inaugurada, por volta de 1890, os terrenos ocupados pertenciam a uma grande chácara e o
arruamento da região começava a ser definido. Alfredo Moreira Pinto, em texto datado de 1901, descreve detalhes da edificação,
os processos de fabricação e a maquinaria empregada. Dentre os inúmeros aspectos da cidade de São Paulo relatados em seu
REF 11 RODRIGUEZ, Maria
Elizabeth Paez: Radial Leste, livro, a fábrica possui lugar de destaque.
Brás e Mooca: diretrizes para
requalificação urbana., 2006. As áreas próximas às ferrovias foram preferidas pelas indústrias, já que o transporte das matérias-primas e combustíveis
importados, bem como a produção para fora de São Paulo dependia dos trens. Essas indústrias utilizavam a mão-de-obra
REF 12ROLNIK, Raquel. A cidade
e a lei: legislação, política imigrante que aportava em Santos e era trazida para a Casa da Imigração (hoje Museu dos Imigrantes). Os operários e suas famílias
urbana e territórios na cidade
de São Paulo, 2007 se instalavam nas proximidades de seus empregos e impulsionavam o comércio local. 10
Assim como acontecido em outros bairros da cidade de São Paulo, em 1919 a Mooca é contemplada com um projeto de
loteamento nos moldes das cidades-jardim, com praças internas e traçado viário de forma orgânica.
Em 1930, o bairro já apresentava um tecido urbano em fins de consolidação, com pequena porção de seus terrenos ainda
por construir e o restante ocupado por sobrados de alvenaria, vilas de casas em renque e galpões industriais de tijolos com
cobertura tipo lanternim. O traçado viário já tinha as características que matem até hoje, incluindo os acessos às vilas operárias.
No auge da industrialização, a produção de moradias ficava a cargo da iniciativa privada, na forma de casas unifamiliares
Região de passado industrial, a Mooca foi uma das áreas da cidade onde se concentraram os imigrantes, em especial os
italianos. Esta prevalência contribuiu para imprimir certas marcas características no bairro – como algumas festas típicas –, tais
como a Festa de San Gennaro, presente também nas tradições gastronômicas do bairro; e muitas cantinas, pizzarias e docerias –
como a doceria Di Cunto, a pizzaria São Pedro, a pizzaria do Ângelo e o restaurante Don Carlini.
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Um nome intimamente ligado ao bairro é o do italiano Rodolfo Crespi, dono da tecelagem que chegou a ser a maior de
São Paulo: o Cotonifício Crespi, fundado em 1896. Sucessivas ampliações da fábrica foram acompanhadas por construção de
moradias para seus funcionários. Desde 2006 o complexo fabril do antigo cotonifício é ocupado pelo hipermercado Extra, que
promoveu um projeto polêmico e agressivo de reabilitação e ampliação dos edifícios, alterando sua integridade arquitetônica e
construtiva. O distrito abriga hoje o Memorial do Imigrante que traz informações sobre a imigração italiana no brasil. Atualmente é
um distrito que ainda concentra algumas indústrias na cidade,
cidade, mas é predominantemente residencial de classe média
e de serviços. O distrito ainda sedia a Universidade São Judas Tadeu e a Universidade Anhembi Morumbi e o tradicional clube
paulistano, o Clube Atlético Juventus. 11
Assim, demonstrando toda essa característica contrastante, pode-se encontrar ainda hoje muitos casarões antigos, com
suas fachadas em vários estilos, adornadas de guirlandas e baixos relevos, objeto de admiração e estudo de novos arquitetos, ao
lado de modernas residências, assim como de estreitas ruas, típicas de velhas cidades da Europa, ao lado de largas avenidas.
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Segundo dados da Subprefeitura da Mooca, o
bairro registrou uma queda demográfica
12
Estas fortes mutações territoriais emergiram na cidade
pós-industrial, mais enfaticamente após a reestruturação da
economia espacial nas últimas décadas. O declínio industrial
gerou o esvaziamento de áreas urbanas inteiras. O território
metropolitano tornou-se depositário de enormes transformações
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sua extensão com desativações de antigas indústrias,
fábricas e demais complexos, dando lugares a novos
novos
estabelecimentos comerciais e imponentes condomínios
14 e 15 A inserção da Região
Metropolitana de São Paulo no
residenciais.
Estado, a delimitação da
cidade de São Paulo, e a
A Mooca, bairro localizado na parte da Zona Leste de
localização do bairro da
São Paulo considerada o centro expandido da cidade,
Mooca.
caracteriza-se pela vocação industrial e pela influência da
Fonte: WWW.prefeitura.gov.br 13
imensa colônia italiana que ali se instalou no início do século passado. Muitos desses aspectos tradicionais mudaram. Saem as
grandes indústrias e fábricas, que formaram por um século o horizonte da região, e entram os investimentos pesados em imóveis
residenciais para a classe média alta e como resultado, um desenvolvimento na parte de infra-estrutura como supermercados,
universidades, restaurantes, novos estabelecimentos comerciais. Estima-
Estima-se que nos próximos anos 12.000 novos moradores
cheguem à Mooca, devido ao processo de verticalização e todas as transformações que o bairro vem sofrendo.
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16 e 17 A Mooca hoje. As
perspectivas da paisagem
urbana e as tendências de
verticalização do bairro
14
O PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO PRESERVADO NO
NO BAIRRO
Seguindo pela ferrovia em direção a Santos, logo após a Hospedaria dos Imigrantes encontramos hoje, à esquerda, os
antigos edifícios da São Paulo Alpargatas, atualmente ocupados pela Universidade Anhembi Morumbi e, à direita, os antigos
Armazéns Ernesto de Castro. Depois de ultrapassar o viaduto Alcântara Machado, à esquerda encontramos galpões e armazéns
com acesso pela Rua Almeida Lima; à direita os Armazéns Piratininga e, mais à frente, os edifícios mais antigos da Companhia
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18 MENEGUELLO, Cristina.
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LEGENDA
1 - Tecelagem Labor
2 - 1º Galpão Alpargatas
3 - 2º Galpão Alpargatas
4 - Metais Shirazi
6 - Galpões Copale
7- Cotonifício Crespi
8- Moinho Gamba
9- Galpões RFFSA
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19 Mapa da distribuição do
patrimônio preservado ao
longo da ferrovia
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3. OS GALPÕES DA BORGES DE FIGUEIREDO E A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA MOOCA
Existem no bairro muitos galpões industriais de várias dimensões e tipologias arquitetônicas, com vários usos e ocupações:
uso industrial, uso logístico (depósito de apoio ao comércio especializado local), uso para serviços como retífica de peças,
20 Concentração de galpões
na Rua Borges de Figueiredo
i
Fonte: Manoella Rufinoni
Fonte:Acervo Pessoal
Fonte:WWW.estacoesferroviarias
.com.br
17
3.1.ANÁLISE DE ENTORNO
3.1.1. LOCALIZAÇÃO
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residencial vertical ao longo da
Avenida Paes de Barros.
Com isso, nota-se o sentido
que a especulação imobiliária vem se
apropriando das edificações
abandonadas, ociosas e ou entrando
24 Mooca (em destaque) na
em desuso por parte das tendências e
porção da Zona Leste mais
próxima ao centro de São
Paulo,
das políticas de reordenação urbanas. 19
Fonte: Prefeitura Municipal de
São Pailo
3.1.3. GABARITO
i
Fonte: Levantamento in loco
20
3.1.4. VIAS E FLUXOS DA REGIÃO
21
3.1.5.
3.1.5. A LEGISLAÇÃO INCIDENTE
O Plano Diretor é um instrumento eminentemente político, cujo objetivo precípuo deverá ser o de dar transparência e
democratizar a política urbana, ou seja, o plano diretor seve ser, antes de tudo, um instrumento de gestão democrática da cidade.
Nesse sentido, é importante salientar esses dois aspectos do Plano: a transparência e a participação democrática. A transparência
é um atributo fundamental em qualquer política pública. Desse modo, um objetivo essencial do plano diretor deve ser o de dar
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reduzindo custos e desperdícios e fomentando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentáveis; b) desenvolver e estimular a
aplicação de instrumentos econômicos no gerenciamento dos recursos naturais visando a sustentabilidade urbana. Sua forma mais
tradicional é o zoneamento de uso e ocupação do solo, de matriz funcionalista, que prevê uma segregação de usos – industrial,
comercial e residencial - com maior ou menor grau de flexibilidade.
Em termos de sua implementação, o zoneamento usualmente é definido em duas escalas: a primeira, denominada de
macrozoneamento, que consiste na delimitação das zonas urbana, de expansão urbana, rural e macrozonas especiais
(geralmente de proteção ambiental) do município. A segunda, o zoneamento propriamente dito, que irá estabelecer as normas de
22
uso e ocupação para cada macrozona, em especial da zona urbana, já que sobre a zona rural o poder local possui pouca
competência regulatória.
O zoneamento de uso e ocupação do solo consiste no ordenamento do uso da propriedade do solo e das edificações,
bem como de sua densidade de ocupação, nas zonas urbanas e de expansão urbana do município. O modelo tradicional de
zoneamento de caráter funcional, ou seja, a divisão da cidade em zonas, de acordo com as categorias de usos e atividades, é
adotada pela maior parte das cidades brasileiras.
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Tais questões configuram o ponto central da discussão da ordenação do território: a disputa entre os interesses privados (de
produtores e consumidores) e os interesses públicos (efeitos agregados, sociais e ambientais). O zoneamento torna-se, assim, um
27 CONPRESP - Conselho instrumento ambíguo, ora defendendo o interesse da coletividade, ora defendendo interesses destes ou daqueles grupos de
Municipal de Preservação do
Patrimônio Histórico, Cultural e consumidores ou produtores.
Ambiental da Cidade de São
Paulo – foi criado pela Lei nº O zoneamento ZEPEC – Zonas Especiais de Preservação Cultural - delimita área de interesse cultural, imóveis tombados, por
10.032, de 27 de dezembro de
1985, como um órgão exemplo, e permite o ressarcimento financeiro aos proprietários de áreas preservadas através da transferência do direito de
colegiado de assessoramento
cultural ligado à estrutura da
construir. Um dos galpões do objeto de estudo, o Galpão 1, foi tombado pelo patrimônio através da ação do CONPRESP –
Secretaria Municipal de Cultura.
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo34, que assim resolve: 23
Artigo 1º - TOMBAR o conjunto das edificações localizadas no perímetro formado pela Rua Borges de Figueiredo, Rua
Monsenhor João Felipo, Avenida Presidente Wilson e Viaduto São Carlos, bairro da Mooca, Subprefeituras da Mooca e da Sé, a
seguir identificadas:
1. Antigas Oficinas da Sociedade Anônima Casa Vanorden, situada na rua Monsenhor João Felipo nº 01, com as
seguintes diretrizes:
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b) Preservação do espaço descoberto central do lote (3g), incluindo:
b.1. A área de permeabilidade que constitui a atual área verde e os elementos
arbóreos de maior porte;
b.2. As marcas remanescentes da localização dos antigos silos de trigo bem como
os elevadores e outros equipamentos industriais.
4. Antigo conjunto de galpões e armazéns, situado na rua Borges de Figueiredo n° 964 a 1004 (Setor 028, Quadra 046,
Lote 0129), e n° 1030 a 1084 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0130) com as seguintes diretrizes:
24
a) Preservação de todo o agrupamento de galpões voltado para a ferrovia (edifício 4a), para que permaneça
constituindo o contínuo de armazéns, incluindo os remanescentes das fachadas de alvenaria e do seu sistema construtivo, como
estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;
b) Preservação integral dos quatro galpões situados ao lado do lote 0057 (edifício 4b), incluindo os remanescentes das
fachadas de alvenaria e do seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;
5. Antigo conjunto de depósitos para café, posteriormente pertencentes à CEAGESP, situado na rua Borges de Figueiredo
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tombados será definido caso a caso, desde que não exceda o limite máximo de até 25 (vinte e cinco) metros de altura, de
maneira a manter as referências na paisagem tanto das chaminés remanescentes, quanto das construções tombadas de maior
porte, tal como o moinho de trigo dos antigos Grandes Moinhos Minetti Gamba.
Parágrafo Primeiro - Fica definida como diretriz de preservação a integridade, em todos os lotes, dos conjuntos
arquitetônicos onde se situavam as docas de embarque e desembarque de mercadorias, bem como os ramais ferroviários em
cota inferior, procedendo eventualmente a sua recuperação e remoção de construções anexadas e muros que cercam a via
férrea dos conjuntos industriais.
25
Parágrafo Segundo - Fica definida como diretriz geral de preservação, em qualquer intervenção nos lotes, o respeito à
característica de conjunto destas unidades fabris e de armazenamento, bem como da volumetria adequada à ambiência de
todo o conjunto arquitetônico tombado.
Esse tombamento foi questionado, pois a legislação que recai sobre o patrimônio permite a construção de edificações
com limite de altura, variando de 8 a 10 andares e, com isso, “prejudicou” os investimentos das construtoras nas regiões
i
26
iMercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial
28Fonte:
http://www.cidades.gov.br/s
ecretarias-
nacionais/programas-
urbanos/Imprensa/reabilitac
ao-de-areas-urbanas-
centrais/noticias-
2008/fevereiro/conpresp-
vai-rever-areas-tombadas/
27
iMercado da Mooca: Diretrizes pela revitalização do Patrimônio Industrial
29Recorte de Jornal:
Reportagem sobre o
abandono dos galpões e
as medidas que (não) vêm
sendo tomadas na região.
28
3.2.O CONJUNTO FABRIL DA BORGES DE FIGUEIREDO
3.2.1. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO CONJUNTO FABRIL:
FABRIL: AS DEFICIÊNCIAS E POTENCIALIDADES DO CONJUNTO
29
3.2.2. A ESCOLHA DOS EDIFÍCIOS DA RUA BORGES DE FIGUEIREDO
FIGUEIREDO X RUA MOSNENHOR FELIPPO
As edificações escolhidas foco do projeto deste TFG estão localizadas na esquina da Rua Borges de Figueiredo com a Rua
Monsenhor Felippo, ponto de grande destaque para quem trafega pela Rua, tendo uma vista privilegiada da edificação. Além
dessa perspectiva, os edifícios permeiam o acesso à estação Ferroviária da Mooca, localizada aos fundos das edificações.
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31 Infográfico representativo da
disposição dos galpões em
estudo, bem como da estação
ferroviária próxima.
Fonte: Google Earth / Acervo
Pessoal
30
O Complexo edificado é composto por três antigos edifícios do período industrial do bairro e encontra-se em considerável
estado de conservação. Os galpões foram inicialmente de propriedade da Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA, porém com sua
extinção – em 22 de janeiro de 2007 –, seus bens imóveis não-operacionais foram transferidos para a União, o que trouxe um novo
e enorme desafio para a Secretaria de Patrimônio da União – SPU –, acarretando uma ação inédita no âmbito do Governo Federal,
tendo em vista o volume de bens a serem vistoriados, avaliados, regularizados, incorporados e finalmente destinados pelo órgão
considerando a vocação específica de cada um deles.
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o imóvel da esquina, uma construção de dois pavimentos originalmente muito estreita e alongada, absorvendo-se para tanto, dois
módulos da seqüência de galpões existentes na face voltada para a alameda Taubaté. Com isso, a área do imóvel da esquina
triplicou, pois passou de 4,5 m de largura por 20 m de profundidade, para 13,5 m de largura pelos mesmos 20 m de profundidade.
Ao que parece a ampliação manteve as mesmas características construtivas e arquitetônicas do imóvel inicial, ou seja, dois
pavimentos, feitos em alvenaria de tijolos aparentes, com pilastras bem evidenciadas quebrando os planos contínuos nas fachadas
voltadas para as duas ruas. As envasaduras apresentam composições diferenciadas no pavimento térreo e no andar superior,
embora todas sejam arrematadas com esquadrias de madeira. O emprego de platibandas por toda a extensão das fachadas não
permite ver, no nível do solo, a cobertura de telhas francesas, distribuídas por quatro águas. Uma vista aérea da cobertura revela 31
que os dois módulos anexados posteriormente estão sob um único telhado de quatro águas, distinto do anterior, porém com a
mesma solução de platibandas daquele inicial. Configura-se assim, no todo, um imóvel de características arquitetônicas uniformes,
de planta aquadradada, cujo volume se aproxima ao de uma figura cúbica. Esse volume de aparência compacta, suja altura está
em torno de 11 metros para uma largura de cerca de 13,5 metros, passou a demarcar, desde 1911, a esquina, construindo, ao
mesmo tempo, uma finalização para a perspectiva de quem viria da rua da Mooca rumo à Estação passando pela antiga rua de
Oliveira, trecho inicial da atual Borges de Figueiredo. Tal perspectiva se mantém.
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32 DPH - estudo do entorno da
estação da mooca e área
envoltória
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