Sunteți pe pagina 1din 3

Modestos, os pesquisadores dão o próprio nome às

doenças que identificaram. O médico francês Henri


Vincent estudou a angina e morreu aos 88 anos.
TEXTO Terá chupado muito a tal pastilha? Com faixas
vermelhas ou pretas, os remédios custam sempre
O PORTUGUÊS DAS BULAS uma nota preta.
A bula tem uma história curiosa. Veio do
As bulas de remédios são inúteis para os latim e significa bolha. As primeiras bulas eram
consumidores. Além de trazerem informações marcas feitas com anel para autenticar documentos
desnecessárias e assustadoras, vêm carregadas de oficiais e tinham a aparência de bolhas. Bola em
advertências confusas, que podem abalar a latim é bulla. Foi o rei Luís II, o Gago, que entre 877
confiança que os clientes têm nos médicos. O e 879 denominou bula o selo real. Afinal, semelhava
objetivo é fornecer argumentos aos advogados dos uma esfera ou bola.
laboratórios em eventuais ações judiciais. Os Antigamente a embalagem mais comum dos
consumidores que se danem. remédios era uma garrafinha. Pendurada num
A bula deveria prestar informações cordão vinha a bula, que tinha o fim de atestar que
indispensáveis aos consumidores. Mas não o faz não era uma garrafada, era um remédio oficial. A
com eficiência. A primeira dificuldade é o tamanho garrafinha passou a ser denominada frasco. A
das letras. Antes de tomar o remédio – os redatores substância, que era líquida, passou a ser oferecida
das bulas diriam “ingerir o medicamento” – o cliente em comprimidos.
deve lembrar-se da relação de Jesus com as A linguagem das bulas dos remédios deixou
crianças e exclamar “vinde a mim as pequeninas”. de defender os frascos e oprimidos. Hoje, só
Quem lê as bulas? Quase sempre as defende os frascos e comprimidos, como já ironizou
pessoas mais velhas. Ou porque vão tomar aqueles antiga peça publicitária.
remédios ou porque vão administrá-los a quem, A Associação Nacional de Vigilância
mesmo sabendo ler, não entenderia o que ali vai Sanitária (Anvisa) – parece nome de cartão de
escrito. Os laboratórios não pensaram nisso ao crédito – tomou a iniciativa de modificar as regras
escolher letras tão pequeninas. Ou pensaram e para a redação das bulas. Que os laboratórios
quiseram economizar papel. Seus consultores chamem profissionais que saibam escrever.
diriam “otimizar recursos”. Deonísio da Silva
O cliente toma óculos ou lupa e começa a
difícil tarefa de ler a bula. Na compra do remédio – 1. Assinale a opção que apresente o melhor
os marqueteiros dos laboratórios diriam “produto” – entendimento do objetivo do texto.
houve dificuldade prévia. O balconista foi obrigado a
decifrar os garranchos do médico. Como é que a A) O texto procura discutir a validade da
sociedade brasileira tolera tamanha apresentação da bula dos remédios ao usuário final,
desconsideração e irracionalidade? A simples troca observando a ineficiência de sua comunicação;
de letras pode transformar um remédio em veneno. B) O texto, apesar de construído em tom de ironia,
E muitos médicos prescrevem suas receitas numa traz séria denúncia sobre a natureza da bula dos
grafia incompreensível. remédios, por ser enganosa e pouco elucidativa;
Um dia desses fui surpreendido com uma C) O texto discorre, em tom sarcástico, sobre as
insólita metodologia de interpretação. Balconista e peripécias dos brasileiros ao se verem obrigados a
escritor tentavam ler o que certo doutor prescrevera ler a bula dos remédios sem entendimento total de
a uma velhinha que, como a mãe do presidente seu conteúdo;
Lula, e todas as outras do universo, nascera D) O texto apresenta um teor humorístico e satírico
analfabeta e ainda não tinha aprendido a ler. Foi ao discorrer sobre a natureza pouco elucidativa,
então que uma luz desceu sobre a mente da para o consumidor, da linguagem da bula dos
balconista. “Ah, esta receita é do doutor Fulano de remédios e sobre a forma ineficaz como é
Tal.” Ela sabia que aquele médico receitava sempre apresentada;
o mesmo remédio! O estilo, no léxico, lembrava o de E) O texto, escrito com intenção crítica e
Marcel Proust na sintaxe! humorística, pretende apresentar ao leitor um
Cápsula, drágea, posologia, solução oral, histórico da bula dos remédios, da sua origem aos
ingestão concomitante etc., eis amostras de dias de hoje.
palavras e expressões muito freqüentes em bulas.
Quem as entende? Na bula de uma pastilha, que 2. A primeira frase do texto, “As bulas de
sequer entrou numa escola de judô e por isso não remédios são inúteis para os consumidores.”,
tem faixa preta, lemos esta maravilha nas que serve como tópico frasal, deve ser
indicações: “nas irritações e dores orofaríngeas classificada como:
oriundas de infecções ou processos cirúrgicos,
como auxiliar no tratamento de angina de Vincent”. A) definição;
B) declaração;
C) questionamento;
D) narração;
E) axioma.

3. A relação entre “tomar o remédio” e “ingerir o


medicamento” pode ser entendida, segundo o
texto, como o binômio: 8. “Ou porque vão tomar aqueles remédios ou
porque vão administrá-los a quem, mesmo
A) popular – técnico; sabendo ler, não entenderia o que ali vai
B) coloquial – jurídico; escrito.”; nessa frase, houve emprego da forma
C) errado – correto; correta do porquê. Assinale a opção em que isso
D) técnico – jargão; NÃO tenha ocorrido.
E) coloquial – popular.
A) Os responsáveis pelo próprio projeto identificarão
4. Considerando-se a analogia irônica, o termo por que não foram entregues os relatórios.
“pequeninas” (l. 15), no texto, refere-se a: B) Os jovens normalmente são rebeldes porque a
idade os faz assim.
A) bulas; C) Sem sabermos por quê, ficará difícil entender a
B) drágeas; situação.
C) letras; D) Os caminhos por que passamos nos ensinaram o
D) dificuldades; que sabemos hoje.
E) crianças. E) Por que o dia está difícil vamos desanimar?

5. “Modestos, os pesquisadores dão o próprio 9. “Pendurada num cordão vinha a bula, que
nome às doenças que identificaram.”; Essa frase tinha o fim de atestar que não era uma
só é totalmente compreendida se vista como: garrafada, era um remédio oficial.”; os casos da
palavra QUE grifados nessa frase classificam-se,
A) ironia; respectivamente, como:
B) constatação;
C) suposição; A) pronome relativo – conjunção integrante;
D) ressalva; B) conjunção integrante – conjunção integrante;
E) analogia. C) pronome relativo – conjunção subordinativa final;
D) conjunção integrante – pronome relativo;
6. O adjetivo orofaríngeas refere-se à orofaringe, E) pronome adjetivo – pronome relativo.
que fica ao lado da rinofaringe. Com o
conhecimento dos radicais da língua 10. Assinale a opção que apresente correção
portuguesa, pode-se afirmar que esses gramatical ao se passar o trecho “vinde a mim
vocábulos, respectivamente, dizem respeito à: as pequeninas” para a negativa.

A) garganta – nariz; A) Não vinde a mim as pequeninas.


B) nariz – garganta; B) Não venhais a mim as pequeninas.
C) boca – nariz; C) Não vindes a mim as pequeninas.
D) nariz – boca; D) Não venham a mim as pequeninas.
E) boca – garganta. E) Não vindeis a mim as pequeninas.

7. O vocábulo têm (l. 5) recebeu acento GABARITO


diferencial. Assinale a opção em que isso não
tenha ocorrido. 1D
2B
A) vêm; 3A
B) pôr; 4C
C) pêra; 5A
D) mantém; 6C
E) pôde. 7D
8E
9A
10 B
GABARITO COMENTADO

1 – O título do texto já aponta para a questão da


linguagem utilizada nas bulas. A única opção
que se refere à linguagem é a letra D.

2 – O autor não está definindo bula, mas


declarando que elas são inúteis. E expõe
argumentos para sustentar sua idéia.

3 – Questão fácil, pois é notório que “ingerir o


medicamento” representa a linguagem técnica.

4 – Outra questão fácil. Basta reler o segmento


“A primeira dificuldade é o tamanho das letras”.

5 – Se fossem modestos, não colocariam o


próprio nome nas doenças. Logo, trata-se de
uma ironia.

6 – ORO – boca / RINO – nariz.

7 – O vocábulo “mantém” recebe acento gráfico


por ser oxítono com a terminação –em.

8 – Em perguntas com respostas sugeridas, o


vocábulo “porque” deve ser grafado junto.

9 – Na primeira ocorrência, o vocábulo


destacado retoma “bula”, portanto é pronome
relativo; na segunda ocorrência, o vocábulo
destacado introduz uma oração subordinada
substantiva, portanto é conjunção integrante.

10 – O Imperativo Negativo é formado a partir do


Presente do Subjuntivo. Que vós venhais, então
“Não venhais vós”.

S-ar putea să vă placă și