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271042017 Leyla Perrone-Moisés 2a literaurana cultura contempordnea - Suplomanlo Pernambuco Suplemento Cultural de Didrio Oficial do Estado de Per. LEYLA PERRONE-MOISES E A LITERATURA NA CULTURA CONTEMPORANEA ategoria:Artigo Imprimir © Criado: Quarta, 24 Agosto 2018 08:48 © Publicado: Quarta, 24 Agosto 2016 08:49 ‘@ Bserito por Leyla Perrone-Moisés As dindmicas da literatura em um contexto pés-modemno sio 0 tema do novo livro de Leyla Perrone-Moisés, Matagées da literatura no século XI (Companhia das Letras). 0 objetivo do livro é olhar para autores lidos hoje em dia - como Roberto Bolaiio ¢ Jonathan Franzen ~para entender a poténcia da arte em questio, analisar os motivos de autores recentes impactarem os leitores. Abaixo reproduzimos um excerto do livro em que essas dindmicas so discutidas de forma clara. Apés @ Segunda Guerra Mundial, o surgimento de uma cultura produzida de modo industrial e consumida indiscriminadamente assustou aqueles que tinham sido formados na alta cultura anterior. Pensadores marxistas, como Adorno ¢ Horkheimer, atacaram a “indiistria cultural” como “mistifieagao das massas”, culpando indiscriminadamente o cinema, o rédio, as revistas ¢ a televisdo de serem meros negécios, de oferecerem 20 piiblico uma diversao destinada a fazé-lo esquecer suas reais condigdes de trabalho no sistema capitalista, de uniformizar o gosto mantendo uma multidio de consumidores acriticos. No século XXI, vemos que essas cxiticas, apesar de bem fundadas, foram ultrapassadas pelas transformagées da cultura como um todo. Adomo ¢ Horkheimer, ao recusarem o cinema, a arquitetura moderna ¢ a miisica popular norte-americana, parecem hoje tio apocalipticos quanto os criticos conservadores de direita ‘Suas condenagSes eram exageradas e foram desmentidas pelo uso que a sociedade fez das novas tecnologias. Quando eles tachavam toda a produgio cinematogréfica de “lixo”, ignoravam a possibilidade, mais tarde reconhecida, de um filme ser uma legitima obra de arte. Quande diziam que o radio criava consumidores hitpuiwwusuplem entopernamibuce.com brlatiges1656eyla-perrone-mistiC3%4AQs-c-aliteratura-na-culura-contemportiC3%A2neahiml"impl=com... 271042017 Leyla Perrone-Moisés #aliteraurana cultura contempordnea - Suplemanlo Pernambuco Suplemento Cultural de Didro Oficial do Estado de Per. passives, pois “ndo se desenvolveu nenhum dispositive de réplica”, eles nao previam a web, a internet e a televisdo interativa, que, embora ainda submetidas a uma padronizagao, abrem brechas para a expressio do individual e do divergente. Quando recusavam o jazz, sob a alegaco de que nessa forma de miisica a sincope reproduzia “as pancadas desferidas pelo poder” [nota 1], mostravam-se surdos as novas formas musicais ete, Dez. anos mais tarde, as reflexes de Hannah Arendt sobre a crise da cultura so mais equilibradas e mais afinadas com a nova época que se inaugurava. A pensadora se preocupava coma situagio da arte numa sociedade dominada pela cultura de massas. Arendt explica que, embora cultura e arte estejam inter- relacionadas, so coisas diversas. A palavra “cultura”, desde sua origem romana, implica criagio e preservagdo da natureza e das obras humanas. As obras de arte sio, para ela, a expresso mais alta da cultura, “aqueles objets que toda a civilizagdo deixa atrés de si como quintesséncia e o testemunho duradoure do esplrite que a animou”” A cultura implica “uma atitude de carinhoso euldado”, e uma sociedade de consumo ndo pode absolutamente saber como cuidar de um mundo e das coisas que pertencem de modo exclusivo ao espago das aparéncias mundanas, visto que sua atitude central ante todos os objetos, a atitude de consumo, condena a ruina tudo 0 que toca. [nota 2] Arendt lembra que, no século XVIII, Clemens von Brentano criouw a palavra “filistefsmo”, designando “uma mentalidade que julgava todas as coisas em termos de utilidade imedinta e de valores materiais, e que, por conseguinte, ni tinha consideracao alguma por objetos ocupagées iniiteis tais como os implicitos na cultura e na arte”, Mas pior do que isso, segundo ela, foi a apropriagao progressiva da cultura pelos filisteus, nos séculos seguintes, como um meio de promogdo social, de status. Entretanto, esses “filisteus educados” ainda atribu‘am um valor, embora deturpado, & arte, enquanto a sociedade de massas do século XX simplesmente a consome: “A sociedade de massas [..] nfo precisa de cultura, mas de diversio, ¢ os produtos oferecides pela indiistria de diversées so com efeito consumidos pela sociedade exatamente como quaisquer outros bens de consumo”, Os produtos dessa indiistria de diversies sto pereciveis, portanto precisam ser sempre renovados: A indhistria de entretenimentos se defronta com apetites pantagruélicos, e visto seus produtos desaparecerem com 0 consumo, ela precisa oferecer constantemente novas mercadorias. Nessa situacéo premente, os que produzem para os meios de comunicagio de massa esgaravatam toda agama da cultura passada e presente na Ansia de encontrar material aproveitavel. Esse material, além do mais, néo pode ser oferecido tal qual é; deve ser alterado para se tornar entretenimento, deve ser preparado para consumo fécil. Essas consideragSes precursoras de Hannah Arendt tém-se mostrado absolutamente justas, com o passar das décadas e os avangos das tecnologias da comunicagio. A arte, na televisio e na internet, tornot-se entretenimento ainda mais abundante, fécil e répido do que em seu tempo. E a literatura, como forma de arte, tem sofrido os efeitos dessa situago. O sonho dos escritores modernistas era que a massa comesse 0 “biscoito no” por eles fabricado, Infelizmente, a massa tem preferido os cookies industrializados. E a produgio tende a adaptar-se ao consumo. Para que a literatura chegue ao grande ptiblico, promovem-se eventos literdrios (sales do livro, festas de premiagéo), nos quais autores e obras sio apresentados como espetaculo. Os objetivos desses eventos sii, sem diivida, legitimos e justificados. Entretanto, 0 piiblico numeroso que frequenta esses eventos parece incluir menos leitores de livros do que meros espectadores e cagadores de autégrafos. Os eseritores de hoje tém uma visibilidade pessoal maior do que em épocas anteriores porque sio incluidos na categoria de “celebridades”, eos mais “midiéticos” tém mais chance de vender livros, independentemente do valor de suas obras. Ao mesmo tempo, nos debates teéricos, assistimos a defesa da “literatura de entretenimento" (nas palavras de Arendt, “preparada para consumo facil”), contra as exigéncias daqueles que sio chamados de conservadores e elitistas. Ora, a ainda tém uma concepgio mais alta da literatura. Est conservagio é uma atitude inerente aos conceitos de cultura, de arte e de educagio. Trata-se de conservagio nio come imobilismo e fechamento ao novo, mas como conhecimento da tradig&o sem a qual nio se pode avangar. Intpuivwsuplem entopernamibuce.com brlrtiges1656-eyla-perrone-mistiC3%4AQs-c-alitratura-na-cultura-contemportiC3%A2neahimlimpl=com... 2

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