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2a edio
abril de 1999
Preparao do original
Silvaria Cobucci Leite
Reviso grfica
Renato da Rocha Carlos
Maurcio Balthazar Leal
Produo grfica
Geraldo Alves
A ESPAGIALIDADE DO CORPO
PRPRIO E A MOTRICIDADE
vez por um certo " l a d o " , que em cada caso certos sintomas
sejam predominantes no quadro clnico da doena, e enfim
que a conscincia seja vulnervel e que possa receber a doen-
a em si mesma. Acometendo a "esfera visual", a doena
no se limita a destruir certos contedos de conscincia, as
"representaes visuais" ou a viso no sentido prprio; ela
atinge u m a viso no sentido figurado, da qual a primeira
o modelo ou o emblema o poder de " d o m i n a r " (berschauen)
as multiplicidades simultneas 9 2 , u m a certa maneira de pr
o objeto ou de ter conscincia. Mas como esse tipo de cons-
cincia apenas a sublimao da viso sensvel, como a cada
momento ele se esquematiza nas dimenses do campo visual,
sobrecarregando-as, certo, com um sentido novo, compre-
ende-se que essa funo geral tenha suas razes psicolgicas.
A conscincia desenvolve livremente os dados visuais para
alm de seu sentido prprio, ela se serve deles para exprimir
seus atos de espontaneidade, como o mostra suficientemente
a evoluo semntica que atribui um sentido cada vez mais
rico aos termos intuio, evidncia ou luz natural. M a s, re-
ciprocamente, no h um s desses termos, no sentido final
que a histria lhes atribuiu, que se compreenda sem refern-
cia s estruturas da percepo visual. Dessa forma no se po-
de dizer que o homem v porque Esprito, nem tampouco
que Esprito porque v: ver como um homem v e ser Esp-
rito so sinnimos. Na medida em que a conscincia s cons-
cincia de algo arrastando atrs de si seu rasto, e em que,
para pensar um objeto, preciso apoiar-se em um " m u n d o
de pensamento" precedentemente construdo, h sempre uma
despersonalizao no interior da conscincia; por aqui est
dado o princpio de u m a interveno alheia: a conscincia po-
de ficar doente, o mun d o de seus pensamentos pode desmo-
ronar em fragmentos ou antes, como os " c o n t e d o s " dis-
sociados pela doena no figuravam na conscincia normal
a ttulo de partes, e s serviam de apoios a significaes que
192 FENOMENOLOGIA DA PERCEPO