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Paulo Chaves
HISTÓRIA DO BRASIL
SISTEMA FEUDAL
Devemos definir o feudalismo como um sistema sócio, político e econômico, além das
estruturas ideológicas (culturais).
As unidades de produção dentro do feudalismo eram chamadas de feudos. Alguns senhores
eram proprietários de centenas de feudos, cada um composto por um castelo, a vila ou
aldeia, igreja, celeiros, fornos, açudes, pastagens e mercados, onde se trocava o que era
produzido. As terras eram divididas em manso senhorial e manso servil.
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A sociedade era estamental e a propriedade ou posse da terra definia a posição (status) na
hierarquia social. A terra era a expressão da riqueza, da autoridade, da influência e do poder,
e dividia a sociedade feudal em dois estamentos: os senhores e os dependentes.
Os senhores feudais, proprietários dos feudos, formavam uma aristocracia originária da
nobreza e do clero.
Os dependentes eram os camponeses que se dividiam em servos e vilões. Os servos eram
trabalhadores semi-livres que estavam ligados a terra por lei. Não podiam ser vendidos ou
trocados, como se fazia com os escravos. O vilão era outro tipo de trabalhador medieval.
Não estava preso a terra e descendia dos pequenos proprietários romanos, que trocavam
suas terras por proteção – sistema de Precário.
A estrutura política era descentralizada. Não existia poder central que determinasse regras
sociais idênticas para todos os feudos. Havia um rei, mas, principalmente entre os séculos IX
e XII seu poder era meramente formal.
Somente em tempo de guerra todos os senhores feudais colocavam-se, com seus exércitos,
sob a proteção do rei, que, temporariamente, realizava uma centralização político-militar.
Portanto, o rei reinava mas não governava. O rei tinha poder de direito mas não de fato.
Cultura feudal
A visão do homem europeu durante a idade média esteve voltada para Deus e para vida
após a morte. Essa cultura que colocava Deus no centro de tudo chama-se teocentrismo.
A Igreja Católica, utilizando-se de elementos repressores (inquisição) e ideológicos (extinção
do latim), impôs à sociedade européia do período uma cultura pragmaticamente religiosa. A
moral religiosa proibia a riqueza, o comércio, o lucro e a usura. As artes, as letras e as
ciências eram determinadas pela visão da igreja.
Na filosofia encontramos duas escolas: a Patrística, que tem em Santo Agostinho seu maior
representante, e a Escolástica, cujo maior nome foi São Tomás de Aquino (Tomismo).
A primeira defendia a predestinação e a fé como único caminho de salvação. Já a segunda
baseava-se no livre arbítrio e nas ações como fatores indispensáveis para salvação d’alma.
Na literatura destacam-se as hagiografias e na música o cantochão (canto gregoriano).
Todavia, a maior manifestação artística medieval foi a arquitetura gótica ou ogival.
A igreja dividia-se em clero regular e clero secular. O clero regular vivia enclausurado em
mosteiros, afastado do convívio social. Já o secular vivia em contado direto com a
sociedade.
A ordem de Cluny
Apesar das leis da igreja determinarem que o clero romano deveria nomear o papa e os
demais cargos eclesiásticos, como os cônegos, bispos e curas, na prática os leigos
(senhores italianos e imperador do Sacro Império Romano Germânico) escolhiam os
membros do clero e controlavam o papa. Essa prática era conhecida como investiduras.
No Sacro Império Romano Germânico, desde o reinado de Oto I, a Igreja esteve submetida
ao controle imperial. A intromissão desses imperadores na escolha dos papas era conhecida
como cesaropapismo. Além disso, a nomeação de uma grande quantidade de bispos
permitia o controle sobre os senhores feudais eclesiásticos.
Muitos indivíduos pagavam por esses títulos e, em contrapartida, recebiam o direito de
vender sacramentos, enriquecendo. A prática de comprar cargos eclesiásticos (venalidade
de ofícios) e de traficar coisas santas chamava-se simonia (nome originário de Simão, o
Mágico).
Visando colocar um fim nessas práticas e reformar a igreja, surgiu no século X, em 910, a
Ordem de Cluny, conhecida também como Ordem Beneditina. Em sua pregação doutrinária
de moralização defendiam o celibato e opumha-se ao cesaropapismo e à simonia.
Em 1073, o monge Hildebrando, antigo abade superior geral da Ordem de Cluny, foi eleito
papa, com o nome Gregório VII. Dois anos depois publicou um decreto proibindo as
investiduras e criticando a simonia e o cesaropapismo.
Henrique IV, imperador do Sacro Império Romano Germânico, replicou a esse decreto
exigindo a deposição do papa. Gregório VII reagiu a ousadia do imperador excomungando-o.
Henrique IV decidiu apresentar-se ao papa atravessando, em pleno inverno, os Alpes. Após
esperar por três dias na neve, Henrique IV teve a sua excomunhão retirada.
Entretanto, após retornar à Alemanha submeteu os bispos e voltou a atacar o papa.
Novamente excomungado, invadiu a Itália, destituiu Gregório VII e colocou em seu lugar
Clemente III.
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A luta entre o Papado e o Império, conhecida como Querela das Investiduras, prosseguiu até
1122. Nesse ano foi firmada a Concordata de Worms, entre Henrique V e o papa Calixto II.
O acordo estipulava que o papa investiria os bispos pelo báculo e pelo anel, e ao imperador
cabia investir pelo cetro e pela espada.
As Cruzadas
O CAPITALISMO
EXPANSÃO MARÍTIMA
Dentre os fatores que justificam a expansão marítima destacamos como principal o aspecto
econômico. A necessidade de baratear os preços das especiarias orientais, com a
eliminação dos intermediários, a procura de novos centros fornecedores de matérias-primas
e de mercados consumidores, a busca de metais preciosos, cuja descoberta acalentava os
sonhos dos aventureiros, foram motivos suficientemente fortes para os navegadores
colocarem as caravelas ao mar e partirem em direção ao desconhecido. (Adaptado da
apostila do professor João Carlos )
Portugal foi a nação mais favorecida dentre as demais nações européias. As razões para
isso encontram-se na generosa situação geográfica de Portugal, a “ante-sala” do Atlântico, e
a estabilidade política da mesma. Dessa forma Portugal tornou-se o país pioneiro das
grandes navegações modernas.
Outro fator a ser considerado foi a Revolução de Avis, ocorrida em Portugal entre 1383 e
1385, na qual a burguesia mercantil venceu a classe dos senhores de terras conduzindo D.
João, o mestre de Avis, ao poder.
No momento em que a burguesia ascendia ao poder iniciava-se a expansão portuguesa. O
primeiro passo da referida expansão foi a conquista de Ceuta, em 1415. Passados dez anos,
os portugueses conquistaram Madeira. Mais dois anos descobriram os Açores. Após Gil
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Eanes dobrar o Cabo Borjador, em 1434, iniciava-se o período de maior exploração do
continente africano.
Em 1453 os turcos otomanos invadiram a Europa Oriental e conquistaram Constantinopla e
impuseram um bloqueio no Mediterrâneo forçando os portugueses procurarem uma nova
rota para a região produtora de especiarias: “as Índias”.
Quando em 1482, Diogo Cão descobriu a desembocadura do Congo e Bartolomeu Dias
cruzou o Cabo das Tormentas, em 1488, os portugueses tiveram a convicção que chegariam
as Índias.
Enquanto os portugueses, passo-a-passo atingiam seus objetivos, o genovês Cristóvão
Colombo, em nome dos reis espanhóis Fernando e Isabel, navegando sempre para o
Ocidente, descobriu a América em 1492.
Portugal reivindicando todos os direitos sobre o “mar tenebroso” tentaria, através do seu rei
D. João II, garantir suas conquistas. Tentando manter um acordo bilateral com a Espanha
recusaria os limites propostos pelo Papa Alexandre VI na Bula Inter Coétera, em 1493.
Porém, satisfez-se com o Tratado de Tordesilhas assinado em 1494 que estabelecia a
delimitação de 370 léguas a oeste de Cabo Verde .
Em 1498 Vasco da Gama concluiu, definitivamente, o contorno da nova rota para o Oriente
ao desembarcar em Calicute, primeira colônia portuguesa nas “Índias” . Tal descoberta
propiciou um lucro de aproximadamente 6.000% à coroa lusitana, motivo suficiente para D.
Manuel, o Venturoso, organizar uma nova frota, dirigida por Pedro Álvares Cabral, com o
objetivo de montar entrepostos comerciais nas ”Índias” . Supostamente desviando-se da
rota estabelecida por Vasco da Gama, a frota de Cabral “descobriu” oficialmente o Brasil, a
22 de abril de 1500.
Novas correntes historiográficas apresentam outras hipóteses que criticam a versão causal e
estabelecem o princípio determinista. Dentro desse contexto é apontada uma disputa entre a
Espanha e Portugal pela supremacia da descoberta do Brasil. Para alguns estudiosos, o
primeiro europeu a tocar em terras brasileiras foi o português Duarte Pacheco Pereira,
em 1498. Outro segmento atribui aos espanhóis Vicente Yañez Pinzon e Diego de Lepe tal
façanha, em janeiro de 1500, e portanto antes da chegada de Pedro Álvares Cabral.
O MERCANTILISMO
Tupi – espalhava-se por quase todo o litoral atlântico e várias áreas do interior;
Macro-Jê – ocupava o interior, principalmente o Planalto Central Brasileiro;
Nu-aruak – ocupava parte da Bacia Amazônica até os Andes;
Karib ou Cariri – ocupava o norte da Bacia Amazônica.
PERÍODO PRÉ-COLONIAL
O referido período estendeu-se de 1500 a 1530. Porém, devemos perceber que Portugal não
se desinteressou pelo Brasil. O pau-brasil não podia ser desprezado economicamente mas
não justificava um investimento colonial, já que a relação de escambo realizada entre
portugueses e índios satisfazia a metrópole, muito mais interessada no rico comércio de
especiarias orientais e de produtos exóticos e escravos africanos.
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Em 1501 D. Manuel enviou uma expedição constituída por três navios, chefiada por Gaspar
de Lemos.
Nova frota chegaria em 1503 sob a chefia de Gonçalo Coelho tendo como um dos principais
navegadores a figura de Américo Vespúcio, que igualmente participara da primeira
expedição. Devemos destacar a presença do cristão-novo Fernando de Noronha, que
recebendo uma concessão da Coroa portuguesa, tinha como missão garantir a proteção do
nosso litoral, onde se espalhavam as feitorias.
Não tendo atingido o objetivo de proteger as costas brasileiras, a Coroa enviou duas
expedições, intituladas Guarda-Costas, lideradas por Cristovão Jacques. As duas
expedições, 1516 e 1526, não conseguiram expulsar os franceses que freqüentavam nosso
litoral. Salientamos que o próprio rei da França, Francisco I, nunca aceitou a partilha das
terras americanas entre Portugal e Espanha, exigindo a apresentação do testamento
assinado por Adão, dividindo o Novo Mundo entre as referidas nações.
Durante esse período o relacionamento entre os portugueses e os índios era amistoso,
baseado no escambo (troca de mercadorias por mercadorias ou de mercadorias por
serviços). Em troca de produtos como espelhos, colares, pentes, tecidos coloridos, camisas,
chapéus, facas e algumas ferramentas que os portugueses, e muito freqüentemente os
franceses lhes davam, os índios trabalhavam no corte, no transporte e no armazenamento
das toras de pau-brasil nas feitorias, ou diretamente nos navios. Portanto, vale salientar que
durante esse período não houve escravidão indígena no Brasil.
A extração do pau-brasil era realizada através do regime de estanco, ou seja, sob o regime
de monopólio régio. Todavia, a coroa colocou em concorrência o contrato de sua exploração,
que foi arrematado por um consórcio de mercadores de Lisboa chefiado pelo cristão-novo
Fernão de Noronha, em 1502 por três anos. Em 1503, Fernão de Noronha fez o primeiro
carregamento do produto e recebeu a Ilha de Nossa Senhora dos Remédios (Quaresma ou
São João), tornando-se o primeiro donatário brasileiro.
A expedição de Martin Afonso de Sousa saiu de Portugal no ocaso do ano de 1530, tendo
como objetivo dar início a colonização do Brasil, através da instalação de estaleiros e
fortalezas e da fundação de vilas, ao longo da costa.
Após uma longa estadia no litoral de Pernambuco, da Bahia e do Rio de Janeiro, finalmente
Martin Afonso de Sousa chegou a Canuléia de onde partiu para uma nova expedição rumo
ao rio da Prata.
Retornando a Canuléia fundou, em 1532, a Vila de São Vicente e instalou o primeiro
engenho do Brasil, o São Jorge.
AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Quando D. João III, o rei colonizador, decidiu colonizar o Brasil esbarrou em um grave
problema: a falta de capital. A solução encontrada foi repassar o ônus da colonização para
as mãos de particulares. Dessa forma optou pela implantação do sistema de capitanias
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hereditárias, primeiro sistema político-administrativo montado no Brasil, que dividia o Brasil
em 14 capitanias continentais, além de uma insular ( Nossa Senhora dos Remédios).
Tal sistema já teria sido testado por Portugal nas ilhas atlânticas com relativo sucesso. O
donatário não era o proprietário já que as terras pertenciam ao Estado cabendo-lhe
administrá-la em nome da Coroa. As terras brasileiras foram divididas, entre 1534 e 1536,
Existiam dois instrumentos jurídicos que regulamentavam as doações: a Carta de Doação e
o Foral.
Carta de doação = garantia juridicamente a posse da capitania em favor do donatário,
isenta de qualquer tributo, exceto o dízimo. O donatário podia vender 24 índios por ano em
Portugal e garantia para si a redízima das rendas pertencentes à Coroa, a vintena do pau-
brasil e a dízima do quinto sobre metais.
Foral = determinava os direitos e deveres do donatário. Entre os direitos encontravam-se o
de criar jurisprudência sobre o seu território, explorar o território da Coroa e cunhar moedas
(apesar de não existirem registros de cunhagem nesse período). Já entre os deveres
destacavam-se o de proteger a terra, submeter-se às leis da Coroa, pagar os devidos
impostos e doar as Sesmarias, propriedades privadas dentro das capitanias.
O sistema de capitanias hereditárias não conseguiu o êxito desejado. Vários fatores
contribuíram para tal insucesso. Foram eles:
a dificuldade de comunicação;
a falta de ajuda oficial;
o desinteresse de muitos donatários;
os constantes ataques dos índios;
a escassez de recursos financeiro.
Governo Geral
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O sistema de capitanias era por descentralizado não correspondendo aos interesses do
Estado metropolitano. Dessa forma, D. João III, através do Regimento de 1548,
instituiu no Brasil o sistema de Governo Geral. O objetivo desse sistema foi de reduzir a
autoridade dos donatários através da nomeação de um Governador.
QUADRO ADMINISTRATIVO
O Conselho das Índias foi criado em 1604 sendo órgão responsável por todas as
possessões de Portugal.
Em julho de 1642 D. João VI assinou um decreto criando o Conselho Ultramarino,
responsável pelos negócios da Fazenda do Ultramar.
DESAFIO
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1- A respeito das características gerais do período da nossa História conhecido como Pré-
colonizador, podem ser destacados os seguintes elementos:
A) II e V;
B) I e IV;
C) I e II;
D) III e V;
E) IV e V.
A) a principal atividade econômica desenvolvida no litoral brasileiro, entre 1500 e 1530, foi
a extração do pau-brasil, realizada pelos grupos indígenas que entraram em contato
com os descobridores europeus;
B) as atividades desenvolvidas naquele período, além do maior interesse da Coroa
Portuguesa pelo comércio oriental, conduziram à efetiva ocupação do litoral brasileiro;
C) as constantes disputas entre “peró” (portugueses) e “mair” (franceses) pelo tráfico do
pau-brasil não permitiram o início da ocupação efetiva de todo o território, isto é, o início
da Colonização;
D) a importância do litoral brasileiro estava no monopólio que ele assegurava para a
monarquia portuguesa da “rota do Cabo”, isto é, do comércio com as Índias.
E) o sistema de Capitanias Hereditárias, instituído por D. João III, fracassou inteiramente,
impossibilitando assim o início da Colonização.
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A) os portugueses trocavam com os indígenas mercadorias européias de baixo custo por
pau-brasil;
B) os portugueses substituíram progressivamente o trabalho dos nativos por negros
escravizados nas tarefas de corte do pau-brasil;
C) a Coroa Portuguesa distribuía, entre os principais comerciantes europeus, áreas para a
exploração do pau-brasil;
D) os primeiros colonizadores portugueses iniciaram a exploração do pau-brasil,
construindo feitorias para as extração de tinta;
E) os piratas europeus monopolizaram o comércio do pau-brasil, no período em que a
Coroa Portuguesa estava mais interessada na comercialização do açúcar.
6- A criação do Governo-Geral no Brasil pode ser encarada como uma tentativa do governo
português para:
a) vassalo deve trabalhar dois dias por semana em terras de seu suserano, em troca de
proteção em tempos de guerra e fome;
b) apoio incondicional às opções religiosas era compensado por empréstimos freqüentes
aos vassalos, com auxílio dos judeus;
c) As obrigações eram inteiramente econômicas e expressas em moedas, como um
contrato;
d) Em troca da obediência religiosa e política de seu suserano, os vassalos deveriam
exercer a justiça e aplicar penas que poderiam chegar ao confisco do feudo;
e) vassalo deve prestar auxílio militar, político e financeiro em troca da proteção e da justiça
do seu suserano.
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10- A Igreja Católica constituiu-se em uma poderosa instituição durante a Idade Média. Para
garantir seu poder e unidade religiosa, ela se utilizou de várias estratégias. Dentre estas
podemos destacar:
11- “A maioria das terras agrícolas da Europa ocidental e central estava dividida em feudos.
Um feudo consistia de uma aldeia e várias centenas acres de terra arável que a circulavam,
e nas quais o povo da aldeia trabalhava.”
A partir do fragmento de texto extraído da obra História da Riqueza do Homem, de Leo
Huberman, é possível afirmar sobre o feudalismo, com exceção de:
12- A alta Idade Média, do ponto de vista cronológico, compreende desde o século V ao XI.
Durante este período a Europa configurou um novo padrão sócio-econômico e cultural.
Sobre este novo padrão analise as proposições abaixo:
GABARITO: 1–e;2–a;3–a;4–b;5–a;6–c;7–a;8–b;9-e;10-e;11-c;12-vffvf.
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