Ao vermos a grande reverência e prestígio que as autoridades monárquicas inglesas
possuem, nem chegamos perto de imaginar que esse país foi palco de um conflito contra sua realeza. No entanto, no século XVII, a ilha britânica protagonizou um dos primeiros episódios que sinalizavam a crise do Antigo Regime. Foi durante a Revolução Inglesa que as instituições nobiliárquicas foram alvo de uma violenta disputa que marcou a história política da Inglaterra.
Durante os reinados da dinastia Tudor, a Inglaterra viveu um notório desenvolvimento
de sua economia. Sob a tutela do rei Henrique VIII e, posteriormente, da rainha Elizabeth I, a burguesia britânica viveu anos de intensa ascensão econômica. A formação de monopólios comerciais e o desenvolvimento de lucrativas atividades fizeram com que a parte da burguesia britânica enriquecesse rapidamente.
No entanto, os pequenos comerciantes acabaram sendo prejudicados. As vantagens da
política econômica britânica beneficiavam uma parcela limitada de uma burguesia bem relacionada com as autoridades reais da época. Além disso, parte das corporações de ofício inglesas detinha o monopólio sob a produção de certos produtos manufaturados que impediam a ampliação do campo de atividades econômicas explorados pela burguesia.
No campo, a velha economia agrícola voltada ao abastecimento sofria grandes
transformações. As terras passaram por um grande processo de especulação econômica decorrente da demanda da burguesia por matérias-primas. Foi nesse período que se instituiu a política dos cerca mentos. Tal medida visava ampliar a disponibilidade de matéria-prima por meio da apropriação das terras coletivas e devolutas. Com isso, vários camponeses e pequenos proprietários de terra sofreram uma terrível perda que empobreceu tais setores da sociedade britânica.
Nesse contexto contraditório, onde a Inglaterra enriquecia à custa da exclusão
econômica de parte da população, é que temos preparado o contexto revolucionário inglês. Além dos problemas de caráter econômico, as contendas religiosas entre católicos e protestantes dividiam a sociedade britânica em mais uma delicada questão histórica.
As tensões sociais e a situação da monarquia britânica se agravaram quando, em 1603, a
dinastia Stuart chegou ao trono inglês. Influenciados por uma forte tradição católica e interessada em fixar bases mais sólidas ao absolutismo britânico, os monarcas da família Stuart acabou alimentando disputas de caráter econômico e religioso. Dessa forma, foi dado início às disputas entre o Parlamento, de visão liberal e composta por burgueses protestantes; e o reis da Dinastia Stuart, que eram católicos e procuravam ampliar sua autoridade política.
O autoritarismo real contribuiu para que diversos conflitos acabassem se desenvolvendo
no interior da Inglaterra. Não conseguindo atingir a imposição de reformas que acabassem com os problemas religiosos e econômicos, o Parlamento buscou no apoio popular a instauração de uma guerra civil que marcou as primeiras etapas do processo revolucionário inglês. O Antigo Regime e a Revolução
Analisando sociologicamente a crise instaurada na época, Tocqueville vê na França o
desgaste das insituições de seu antigo regime monárquico. Mas tal desgaste não era específico deste país, toda a Europa assistia ao mesmo processo. No entanto, o fato da revolução ter ocorrido em seu país, e não em outro, tem uma explicação: a centralização e uniformização administrativa.
O distrito parisiense vinha há tempos concentrando o processo de industrialização o que
corroborava para sua supremacia administrativa sobre os outros distritos. Como prova, Tocqueville aponta para o fato de que o número de operários no distrito havia dobrado nos últimos sessenta anos que precederam a revolução.
Além do mais a sociedade francesa se encontrava esfacelada. Os membros de uma
mesma classe não tinham unidade devido à falta de liberdade política. Do ponto de vista do autor, as classes mais atingidas são as classes altas, pois só elas têm a capacidade de governar. E isto porque somente elas dipõem de tempo para se intruirem e se dedicarem à política.
Tem-se então que a centralização administrativa uniformizava as classes privilegiadas
(entendidas aqui tanto a nobreza quanto a burguesia) mas as desarticulava devido à falta de liberdade política e à diferenciação de direitos por privilégios ainda mantidos. Tal desarticulação tornava-as ineficazes no governo. Iluminismo
Ainda que importantes autores contemporâneos venham ressaltando as origens do
Iluminismo no século XVII tardio, não há consenso abrangente quanto à datação do início da era do Iluminismo. Boa parte dos acadêmicos simplesmente utilizam o início do século XVIII como marco de referência, aproveitando a já consolidada denominação Século das Luzes. O término do período é, por sua vez, habitualmente assinalado em coincidência com o início das Guerras Napoleônicas (1804-15).
Iluminismo é um conceito que sintetiza diversas tradições filosóficas, correntes
intelectuais e atitudes religiosas. Pode-se falar mesmo em diversos micro-iluminismos, diferenciando especificidades temporais, regionais e de matiz religioso, como nos casos de Iluminismo tardio, Iluminismo escocês e Iluminismo católico.
Immanuel Kant
O uso do termo Iluminismo na forma singular justifica-se, contudo, dadas certas
tendências gerais comuns a todos os iluminismos, nomeadamente, a ênfase nas idéias de progresso e perfectibilidade humana, assim como a defesa do conhecimento racional como meio para a superação de preconceitos e ideologias tradicionais.
O Iluminismo é, para sintetizar, uma atitude geral de pensamento e de ação. Os
iluministas admitiam que os seres humanos estivessem em condição de tornar este mundo uns mundos melhor - mediante introspecção, livre exercício das capacidades humanas e do engajamento político-social. Immanuel Kant, um dos mais conhecidos expoentes do pensamento iluminista, num texto escrito precisamente como resposta à questão O que é o Iluminismo? Atuação na Inglaterra
Na Inglaterra, a influência católica havia sido definitivamente afastada do poder político
em 1688, com a Revolução Gloriosa. A partir de então, nenhum católico voltaria a subir ao trono - embora a Igreja da Inglaterra tenha permanecido bastante próxima do Catolicismo em termos doutrinários e de organização interna. Sem o controle que a Igreja exercia em outras sociedades, a exemplo da espanhola ou a portuguesa, é no Reino Unido que figuras como John Locke e Edward Gibbon dispõem da liberdade de expressão necessária ao desenvolvimento de suas idéias.