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CAPITULO IX O inferno sGo os outros: O estudo da influéncia social 1. Introdugaio Caro leitor: tenho uma sa gue gostaria que respo: a? Entdo vamos comegar: Se Ihe dessem a escc razoavel ¢ um vinho no < misturado, qual escolherie ¢ Se Ihe perguntassem se trex € ou nao algo de benéfico, De certeza? Se Ihe dissessem que a esperanga de vida de um adulto do sexo masculino em Portugal € de 25 anos e que 65 por cento da populagdo tem mais de 65 anos de idade, concordaria? E se Ihe dissessem que 0 ditado popular «de pequenino é que se torce o pepino» quer dizer que nao se aprende nada a seguir & infancia, apoiaria tal interpretagao? Nao? | E se estivesse a participar numa experiencia de aprendizagem, chegaria ao ponto de punir os erros de alguém com choques eléctricos que usessem em risco a vida dessa pessoa? Nunca, pois nao? Se eu fosse a si ndo estaria tio seguro, e sabe porqué? Porque grande parte dbs sujeitos que Leonel Garcia-Marques participaram em experiéncias de influéncia social fizerem e disseram coisas assim (Campos, Folgado, Neves e Roda, 1986; Allen Wilder, 1980; Milgram, 1963; Tuddenham e, McBride, 1959), E sobre a explicagdo destas e doutras bizarrias que versa este capitulo. LL. O que é a influéncia social A influéncia social foi definida por Secord ¢ Backman (1964) como ocorrendo quando «as acgdes de uma pessoa sio condigio para as acgdes de outta» (p. 59). Ou seja, podemos dizer que © comportamento de alguém foi influen- ciado socialmente quando ele se modifica em presenga de outrem. E preciso notar que para que esta definigao se adeqtie ao campo.da psi- cologia social onde se otiginou é necessério acrescentar que esta «presenga de outrem» nao é necessariamente real. Esse outrem pode ser ape- nas imaginado, pressuposto (Crutchfield, 1955) ou antecipado (Allport, 1954) sem que os fend- menos sobre os quais nos debrugaremos cessem de ocorrer. De resto, esta definigio, se bem que consiga abarcar perfeitamente as éreas de estudo 228 ce smo, a da influéneia social como: 0 conforme uu » de grupo, a obediéncia ete., também conseguird facilmente abranger 0S temas tratados nos outros capitulos deste livro, ogia Social. Se inovagio, a polarizaga ou seja, uma boa parte da Psicol tal io de que esta detinigdo €, talvez, demasiado lata, €, por outro, sinal da prioridade do conceito de influéncia social na constituigio da prdpria Psicologia Social (Sherif, 1936) Conservando esta definigao por aquilo que indicia, € no entanto, stil dispor de uma definigao suplementar, uma «definigao de traba- Tho», que nos permita delimitar mais pragmati- camente esta direa de pesquisa. Essa definigao, j& apresentada noutro lugar (Garcia-Marques, 1987 a), é a seguinte: «Na pratica [...], 0 cabegalho “Influéncia Social” em trabalhos de psicologia social indica a sua incluso nas linhas de investigagao experimental iniciadas por Sherif e Asch» (p. 1). E por isso daremos prio ridade & apresentagio destas duas grandes linhas de investigagdo, acrescentando-lhes a discussio dos paradigmas experimentais em que surgiram, em Psicologia Social, o estudo da inovagao e ds obediéncia!. facto & por um lado, indica 1.2. A influéncia social: como tem sido estudada A definigio pragmética acima apresentada pode parecer demasiado restritiva. E, sem dii- vida, restrita, mas essa sua caracterfstica nao faz mais do que reflectir 0 modo como a influéncia social tem sido estudada em Psicologia Social. De facto, nada de mais comum existe na evolucao de uma disciplina cientifica do que a redefinicio ciclica do seu objecto de estudo em ' Topicos afins aos (groupthink) sio discutidos an em Jesuino (neste volume), termos cada vez menos vagos (Kuhn, 1979) E se essa redefinigio & algumas vezes, gy, ad, conceptual ou estrategicamente, muitas cua, sucede a partir de uma andlise minuciosa de pay digmas experimentais bem aceites e estabelegi. dos na investigagao de um dado problema, Day aque, se, na infancia de muitas Areas de estado, delimitagiio de uma temitica segue de pert aquela que poderia ser feita por um leigo in. ligente, na sua maturidade essa delimitagig prende-se, quase sempre, 20 conjunto de meio. dologias que vieram a ser usadas para a estudar, Por isso, muitas vezes, a experimentacdo tem um papel mais central do que a teoria (Hacking, 1984; Kuhn, 1978), desenvolvendo-se uma dis- ciplina no apenas pela investigaglo de um problema mas também pela investigagio dos mas criados pelos métodos utilizados para sncia social foi muitas vezes isso que s questOes a estudar nao tém sido . influéncia social», que processos inerentes, que fenémenos se correndo a este conceito, etc., exemplo, «como se pode expli- experiénias de Asch». acrescentar que, apesar disto, alguns res tém tomado estes paradigmas experimentais como analogias ou modelos sim- plificados da realidade social (e.g., Moscovici, 1976; Mugny, 1981; Sherif, 1936). Tais analogias tm, contudo, sido alvo de intensa critica meto- doldgica (McGuire, 1983; Turner, 1981). De qualquer modo, as consequéncias deste Processo so evidentes na evolugio desta Are! de estudo, a quantidade de investigagio sobre determinados temas nao reflecte apenas 0 S* interesse substantivo, reflecte também a releva cia destes para a compreensdo dos process >correu na ©. Por exemplo, a polarizagao grupal eo pensamento sr subjacentes aos paradigmas experimentais mais Tonhecidos. S6 para ilustrar este ponto, bastard jntertogarmo-nos sobre a razio pela qual a jnfluéncia social tem sido quase sempre estudada em contextos de mudanga de comportamentos, aitudes ou crengas. Nao ter o conceito de jnfluéncia social relevaneia para a compreensio dos fendmenos de estabilidade dos comporta- mentos, das atitudes e das crengas? Provavel- mente teri, mas, como veremos, s6 a mudanca € significativa nas situagSes criadas por Asch, Milgram e Moscovici. Por isso, implicitamente, ainfluéncia social € consi como algo que necessarii grupo. E, contudo, € « © 0 grupo pode contribuir em muitc tidade das crengas individuais... 2. A influéneia soci: rast ncias ¢ r Sherif 2.1. Introdugaéo [Apesar de 0 conjunto de experiéncias que ite- mos discutir seguidamente ser uma contribuiga0 decisiva para o estudo da influéncia social, nz deixa de ser curioso verificar que as raz6es que as motivaram so muito mais gerais do que ume simples tentativa de abordagem desta tematic De facto, Sherif procurava langar as bases para uma verdadeira psicologia social. procurando partir de processos psicolégicos basicos © bem documentados na investigagao do comportas mento dos individuos para a compreensao ha suas consequéncias ou transformagoes &™ con- textos sociais (Sherif, 1936. 1937)- Nestas experiéncias, Sherif! tom a Ponto de partida um conceito central da psicolo gia, o de «quadro de referéncian. Este con jou como 29 wacse’ tendéncia generalizada que os indi- ’s apresentam para organizar as suas experiéncias, estabelecendo relagées, em cada Momento, entre estimulos internos ou externos, criando unidades funcionais que fornecem limi- 'es e significado aquilo que € experimentado. Um simples € conhecido exemplo seré sufi- ciente para compreender o que estamos a aludir. Se colocarmos uma mao em agua fria e depois a mergulharmos em Agua morna, a 4gua morna parecer-nos-4 quente. Se colocarmos uma mao em Agua quente e depois a mudarmos para 4gua morna, a Agua morna parecer-nos-& fria. Por- qué? Basicamente, porque as sensagdes nio dependem apenas das qualidades da estimulagao mas também, em muito, da situagdo de cada sen- sagdo num dado quadro de referéncia subjec- tivo, onde se relaciona com outras experiéncias relevantes e acessiveis do individuo. Neste caso, a sensagdo da temperatura da 4gua depende sempre de uma comparagio implicita com a experiéncia imediatamente anterior. Este fendmeno da organizagao da experiéncia € volta de um quadro de referéncia é tao geral que Sherif nao teve dificuldade em inventariar dados empiricos relevantes em reas de estudo tao diversas como a percepeao, a estimativa de grandezas fisicas, a meméria, 0 afecto ou a per- sonalidade. © autor, tomado este ponto de partida, estava interessado em tornar mais claro este processo, jlustrando 0 mais precisamente possfvel o papel da actividade subjectiva de cada individuo na criagdo destes quadros de referéncia. Este era 0 seu problema psicol6gico bésico, mas Sherif nao se quedava por aqui, considerava este proceso como o fundamento psicol6gico que se encontrava na base da formagio de normas culturais como fenémeno generalizado (Sherif, 1935, 1936). Quer dizer, € evidente que as regras de conduta ¢ os costumes variam imenso de povo para povo, de regiao para regio, mas 230 nao € menos evidente que existe algo de cons- tante nesta variagdo, ¢ esse algo é a existéncia de regras de conduta e de costumes em todos os povos ¢ em todas as regides. A uniformidade de padrdes dentro de uma mesma cultura, que vai desde a maneira de usar os talheres & mesa até as formas que 0 enamoramento assume, é algo que desde hé muito chamou a atengdo dos cientistas sociais. Ora, segundo Sherif, esta universalidade era sintoma de um fundamento psicolégico comum, Daf que o autor, ao estudar a formagio de quadros de referéncia, pretendesse aclarar 0 modo como as atitudes e crengas (quadros de referéncia individuais) se inter-relacionam, desde a sua génese, com as normas grupais € culturais (quadros de referéncia sociais). E tanto que Sherif queria aclarar 0 assunto que achou por bem apagar as luzes do laboratério. 2.2. No laboratério as escuras Sherif precisava de uma situagzio em que nic fossem aplicdveis regras anteriormente aprendi das, que fosse instavel e ambigua. Porque Porque pretendia demonstrar 0 mais c possivel a acedo da tendéncia para a organizacio das experiéncias em quadros de referéncia. Daf que nada melhor do que colocar individuos numa situagdo onde Ihes faltassem tanto padres apren- didos de conduta como consisténcia objectiva — se assim mesmo 0 comportamento destes indi- viduos exibisse coeréncia, esta s6 poderia advir desta tendéncia subjectiva para a organizagio, Ora, existe um fenémeno perceptivo que caia que nem sopa no mel: 0 efeito «autocinéticon. Este efeito foi, pela primeira vez, identificado na astronomia. Humboldt, ao observar o firma- mento do alto de uma enorme montanha, notou movimentos nas estrelas até af desconhecidos. © entusiasmo por esta descoberta esmoreceu quando Schweizer demonstrou que estes movi- amente mentos nao podiam possuir realidade fisica. Esta verificagio nao foi dificil, bastou demonstrar que diferentes astrénomos observavam 20 mesmo tempo diferentes movimentos na mesma estrel Se este fenémeno ndo reflectia nenhuma realj- dade fisica, o que era? Era evidentemente um fendmeno perceptivo, alids bastante fécil de reproduzit. Basta colocar um individuo numa sala completamente escura (de preferéncia onde cele nunca esteve) e acender uma luz fraca durante um momento. Este verd a luz mover-se. Se repe- tirmos a experiencia por varias vezes, 0 individuo vera a luz mover-se por diversos pontos da sala e em diversas direcgdes. O que é interessante é que isto acontece enquanto a luz esteve sempre imé- cemos a esse sujeito para estimar a imento da luz? Bom, nesse caso samente a situagdo em que nao ceriores aplicaveis nem con- , de que Sherif necessitava! © que Sherif (1935, 1936) fez, inesmo dispositivo experi- as Le 2), mas fazendo as cessarias para abordar diversas >ram principalmente as seguintes: 1. Como varia a extensio do movimento ilusGrio percebido em varias condigdes? A saber: @) ao longo das estimativas sucessivas de um individuo isolado; ) numa situagao de grupo; ©) quando um individuo € trazido para um situago de grupo, depois de ter experi- mentado a situagao sozinho; @ quando um individuo é deixado s6 na situaco, depois de a ter experienciado em grupo; ©) quando um individuo é colocado na situa~ ¢40 em conjunto com sujeitos que rece- beram indicagdes do experimentadot Para fornecerem determinados tipos de estimativas; f quando © experimentador fornege i indi cages sObIE A COMTLEETO das estiny ativas, Que efeito pode ter a suzestio na direcyio gos moviMeNtoy iTUssries percebidos? As hipoteses donde Partia eram as. seguintes: a) Uni individuo colocado 56 numa situagao 8. exposigao av efeito autocinéticn) em que nao disponha nem de mento anterior relev conheci- ante nem de um qua- dro objectivo de referéncia ira organizar a sua experigneia a partir do seu proprio comportamento; }) se um grupo for colocsdo na mesma situa: ¢8o, cada individuc 1.0 comporta- 231 Mento dos outros como padrao organi- zador do SeU_prdprio comportamento. Para além destas hipsteses mais ou menos explicitas, Sherif (1935, 1936, 1937) enunciou UM Conjunto de questes que iremos apresen- lando ao falar de cada modalidade de experién- cias tealizadas pelo autor, Experiéneias individuais Série um estimulo luminoso era um pequeno ponto de luz que podia ser visto através de um pequeno orificio de uma caixa de metal (ver Ficura I rema da sala das experiéneias (Sherif) Escals_ummetro ‘BBofi sinlzador E— Experimenadoe K—Teol Me— beri nivel S—Sujeito Se—Batt Se- Liz sinlizadora sh—Ta St Lazestimulo T= Marcador WCronometro 232 Figura 1). A luz era apresentada ao sujeito quando se levantava uma portinhola que se encontrava em frente do orificio. A distineia que mediava entre © sujeito € 0 estimulo luminoso era de cinco metros. O sujeito estava sentado a uma mesa onde se encontrava uma tecla de telé- grafo. Era-lhe explicado que depois de a sala ficar completamente escura, ser-Ihe-ia mostrado um ponto luminoso, A sua tarefa era a de premir a tecla assim que esse ponto luminoso surgisse € que, logo apés o seu desaparecimento, estimasse a distineia que esse ponto luminoso tinha per- cortido. Os sujeitos forneciam em voz alta a sua estimativa (em polegadas), que era registada de imediato pelo experimentador. Cada sujeito fornecia cem estimativas. No fim dessas estima tivas cada sujeito respondia a trés perguntas: «Foi dificil fazer uma estimativa da distin cia? Se sim, exponha as raze. Mostre com um diag a luz Tentou usar algum método prép) feigoar as suas estimativas?» Os resultados mais interessantes foram qu apesar de se registar uma enorme variacao inter individual nas estimativas apresentadas, cada sujeito definiu um intervalo idiossincrético para 0s seus juizos, oscilando a volta de um ponto médio cedo encontrado. Por exemplo, as media- nas das estimativas dos dezanove sujeitos utilizados foram de 0,36 a 9,62 polegadas, en- quanto os intervalos variaram em extensio desde 1,25 polegadas até as treze polegadas. Os dados relativos as respostas fornecidas as perguntas mostraram que os sujeitos acharam a tarefa dificil precisamente pela auséncia de ponto de referéncia (por exemplo, um sujeito afirmou na sua primeira resposta que a tarefa era dificil porque «no existiam objectos préximos», outro porque «nao existia um ponto fixo pelo qual jul- gar a distancia»). Ainda mais interéssantes foram as respostas & pergunta sobre as estratégias uti- ma como fo pana lizadas. Por exemplo: «Comparei com a distancia prévia», ou «comparei julgamentos sucessivos» ou ainda «primeira estimativa como padrao». individuais Experiéncias Série dois A segunda série de experiéncias pretendeu apenas aferir a estabilidade deste fenémeno. Com esse fim levaram-se 0s sujeitos a realizar trezentas estimativas em diversos dias da mesma semana, Os resultados demonstraram que, uma vez criado um intervalo subjective e um ponto médio dentro desse intervalo, existe uma forte éncia para a sua manutengdo. as individuais série (Sherif, 1937) foram os procedimentos experimen- iu-se uma variagio impor- va da sucessao de estimativas, dizia que as estimativas esta- 11a ser demasiado altas (ou baixas). Os resul- tados desta modificagio foram bastante noté- yeis. Os sujeitos alteravam consideravelmente 0 seu quadro de referéncia (ponto médio e inter- valo) na direcgao sugerida pelo comentario do experimentador. Experiéncias individuais Conclusdes As principais conclusdes destas duas séries de experiéncias podem sintetizar-se do seguinte modo: _Colocados numa situagio ambigua e ndo Gispondo de aprendizagem anterior relevante, 0S Sujeitos das experiéncias de Sherif, ao invés de reflectirem a desorganizacio inerente a ess io, desenvolveram quadros de refirén, igiossineraticos © estiveis, definindo implic mente wm padrdo (UM PONIO Médio) © un, intervalo 2 oda desse padrao. Fica assim Jemonstraco que a tendéncia psicolégica para ¢ auo-orsanizacao € mais do que um simples rellexo da organizagao do contexto em que os indivfduos coexistem, Finalmente, € de realgar que a evtabilidade destes quadros de referéneia dividusis ndo € imutével — um comentario do experimentador pode levar & sua reconstrugao, ia ie Experiducias de grupo Série urn Os p: nentos utilizados foram basica- mente ( nos das séries anteriores. A prin- cipal d a foi a utilizago simultinea de Varios ©. 1s em grupos de dois ou de trés. Assim StrugSes inclufam também um pedido citos para que fossem alterando a ordem e+ © © respondiam. Alé + ligeiras modificagdes no procedi- mento ¢spcrimental, algumas perguntas foram acrescentuclas a0 questiondrio pés-experimental. Referizin-se, no essencial, 4 consciéncia de que ; tanto do seu quadro de referéncia r nfluéncia que os outros tiveram no seu estabelecimento, Foi também omitido 0 pedido de um diagrama do movimento que a luz descrevera, para diminuir a possibilidade de que 08 sujeitos se dessem conta da ilusao. Nesta primeira série de experiéncias. sujeitos, depois de experienciarem a situaga acima descrita em trés sessdes de cem estimati- vas, em diferentes dias, eram submetidos @ uma Quarta sessao, esta individual (ver quadro J). Procurava-se assim verificar nao s6 a influéncia ue os individuos tinham uns nos outros durante 4 sessdes de grupo, mas também até que ponto essa influéncia se estendia para situayses em ue 0 individuo se encontra isolado. os 233 QuADRO Estrutura das séries de grupo (Shen Situagéo inicial Ordem das sessoes | Individual | Grupo { lo 1 | Individual | Grupo j 11.23} i " | Grupo | Grupo | | m | Gu Grupo v | Grupo Individual | | 0.2.3} Experiéncias de grupo Série dois Esta segunda série de experiéncias s6 diferia da primeira no conteiido das quatro sessdes. Nesta segunda série, cada individuo partici- pava primeiro numa sessao individual e poste- riormente em trés sessbes em grupo (ver qua~ dro I). Neste caso, procurava-se verificar até que ponto um padrio individual, que sabemos de grande estabilidade, se mantém em situa- gdes de grupo. Experiéncias de grupo Resultados e conclusies das séries um e dois Os resultados foram extremamente interes- santes e so apresentados nas Figuras 2 e 3. ‘Ai se toma facil verificar que: ‘a) quando 0 individuos comegam as. suas estimativas em sessdes individuais os seus padrdes (pontos médias) ¢ intervalos variam muito mats de que quando a primeira sessto em que participa € de grupo; by a variagao nas sesses individusis reduz- -se Muito se Os individuos a experimen- tam depois de passarem pelas sesses de grupo: €) a convergéncia que se verifica nas esses de grupo diminui se os sujeitos jé pas- Sram por sessdes individuars: 4) aconvergéncia que se verifica nas sessies de grupo nao acontece a roda da média dos varios padrdes individuais. Os indivi- duos variam na sua contribuiga0 para 0 padrao do grupo: ©) a assimetria de convergéncia aysinaluda em d) nunca é absoluta. Quer dizer. apesar de alguns individuos convergirem mais do que outros, isso nio quer dizer que 0 padrao do grupo seja apenas 0 padrao de um dos seus membros: a convergéncia verifica-se em todos oy individuos. Resumindo: Os sujeitos de Sherif, ao serem expostos, em grupo, a uma situagdo ambigua e sem conheci- mentos anteriores aplicaveis. utilizaram 0 com- portamento dos outros na construc dos seus quadros de referéncia individuais, quadros de referéncia que continuaram a ser usados mesmo na auséncia do grupo. Pelo contrério, os sujeitos de Sherif que experimentavam as sessdes de grupo depois de terem construido 0 seu quadro de referéncia individualmente faviam convergir as suas estimativas na direc- Go das dos outros, embora essa convergéncia fosse menos forte do que quando os individuos ndo partiam de nenhum quadro de referéncia, Dé notar, finalmente, que a convergéncia indi- vidual em sessdes de grupo, apesar de variar em extensao, foi universal. Experiéncias de 2ruy Série trés » autor proc do pres Sherif criou uma ividues. Um deles enunciava as indicagdes prev desconhi dispunha’ de ur chamado suj experimentador ¥ (ver Quadro II). Os sujeitos orfticos pai 0, esta individ ainda numa segunda ses Experiéncias de grupo Resultados e conclusdes da série trés Um exame do Quadro HI permitir-nos-4, facil- mente, chegar a algumas conclusdes valiosas: a) 0 comparsa do experimentador teve uma enorme imporncia no estabelecimento dos padrdes individuais: 6) a influéncia do comparsa refer foi muitas vezes maior na se: a fem que 0 sujeito critico estava s6) do qus a primeira (ver grupos um. dois. tré: € sete). De Rotar ainda que, no questiondrio pe -experimental, os sujeitos afirmaram, reg geral, ter experienciado o movimento da luz de acordo com as estimativas do comparsa. No entanto, apesar de muitos sujeitos terem reco- nhecido a influéncia do comparsa, limitaram-na 4 primeira sesso ~ isto embora, come jd sabe- mos, ela fosse sempre maior (ou pelo menos igual) na segunda sesso, Lupacte do HPO Nas estim Ficus 3 ‘as individuais (Lixperténcias de Shenfy Medianas dos grupos de dois sujeitoy Comegando dividvatniente Comeganis com 0. grapes Medianas dos grupos de trés sujcitos Comegando individualmente —— Comegandy com 0 grup ‘Tetcrino prope Tescieo gropo sessions Arealizacio de estimativas em g1 faz-se sentir mesmo quando os i 2.2. No laboratério e as escuras: Depois de digerirmos todas estas experiéncias conviré certamente interrogarmo-nos acerca do seu valor no desenvolvimento dos nossos conhecimentos sobre o fenémeno Ua influencia "Tercel grupo Terceiro grape. do Pro t ‘Quan propo ‘Gusto grepo social. Valeram a pena? Primeiro debrucemo- -nos sobre as conclusées do préprio autor, depois veremos 0 que poderemos acrescentar. ‘As principais conclusdes de Sherif (1936) podem ser sintetizadas do seguinte modo: a) ficou demonstrada a tendéncia que os individuos possuem para organizar a sua individuos, Ven junto de individeos ony m que um con i constroi, espontimeamente, nos que teguiam tanto 0 seu cony iio como a sua portiy pereepyato da situ Ede notar que o fazent espontancamente, quet dizer, que o fazem mesmo quando no existe qualquer su esl OU preMmieneia em fard-Los /) apesar de sugestiva, esta analogia tem limi- tes. Nomeadamente, & pre so lemibrarmo- shos de algumas diferengas. A saber: em primeiro lugar, neste conjunto de experign- cias no existia nenhum problema crucial a resolver, Em sittagdes extralaboratorio, pelo contnitio, as normas grupais ou as ati- tudes individuais formant-se como resposta a problemas com consequéneias directas e devisivas para os individuos. Esta diterenga bastante importante na medida em que, se as normas € atitudes sio tentativas de solugio de problemas, a pressio para a uni- formidade sera provavelmente ainda maior. Ivo porque 0 éxito de uma solugio para um problema grupal depende, muitas vezes, dit conjugayao dos esforgos. Por outro kido, no laboratétio niio existia nenhum criterio de Validagao dos quadros de referencia indivi- duais ¢ grupais, Pelo contritio, fora do labo ratorio esse ct ~ € a capacidade que a adopgaio de um dade quadro de re réncia possui_ na resolugio de um dato problema, Dai que, ao contririo do_que acontece no laboratério, © principal factor que governa a estabilidade de um quadro c social & provavel- jo existe referencia no universo mente, a sua efieiéncia. a ; a etria verifi- Em segundo lugar, a assimett a cada na contribuigaio dos varios indivi da aftermay werade como «lider Ede notar a circulandade Na verdade, um individue s6 € 608 “lider mito pode, nestas citcunstincias, Ser Uwee Para a criagdo de uma norma pode parecer indicar a emergéncia espontinea de Nderes em situagdes sociais de incereza. No entanto, é de notar que estes «lideres» ape- fas necessitaram de consisténcia nas esti- mativas?, E duvidoso que essa seja a tinica caracteristica necessiria para que alguém surja como lider. Que poderemos acrescentar? Por um lado, ndo h4 duvida de que a demonstraydo de como um grupo pode servir para organizar a percepgio e 0 com: portamento dos individuos € preciosa, € talvez um dos mais fortes argumentos empiticos jamais apresentados a favor da necessidade de um nivel de explicag3o psicossocial do comportamento humano. Por outro lado, as conclusdes relativas a0 uso da analogia do Laboratorio com a rea- lidade social io merecedoras de maior cepticismo. As simplificagSes envolvidas mas das quais reconhecidas, como . pelo proprio Sherif - so provavel- mente intimeras. E pior que isso: rio temos maneira de saber quais so. Por isso, € preferivel tomar estas. anaio: como conker novas formas de adguirir con! Quer dizer, sheuristicamentes. Mentos Mas como fontes de \ influéneia social as elaras L. Introdugao Quando Solomon Asch se debrigow sobre os fenomenos da influéncia soctal ja a provissio ia gos as Tones anTusnearam mais os um pose forte mais comsgentes, se se meefiCAF MENOS 8 SUAS FESO vwatente, Dat que a aeMnS0 acim ICAL Ao Pe de wna tauROe ga do qde OS OURS, Por i880, um Na verdade, um individuo s6 € onside! «lider» ndo pode, nestas circunstancias. individuos. \ het em que um cons Fcgao constréi, “que regulam portame junto de individins o> espontaneaniente, nosy tanto 0 sew ¢ eal come a sua percepgio da situscio, F de notar que o fazem espontancaniente, quer dizer, que o jazem mesmo quanclo nao existe qualquer sugestdo ou preméncia em fazé-loz apesar de sugestiva, esta analogia tem limi- tes. Nomeadamente, é preciso lembrarmo- -nos de algumas diferengas. A saber: em primeiro lugar, neste conjunto de experién- cias no existia nenhum problema crucial a resolver, Em situagdes cxtralaboratério, pelo contratio, as normas grupais ou as ati- tudes individuais formam-se como resposta a problemas com consequéncias directas € decisivas para os individuos. Esta diferenga € bastante importante na medida em que, se as normas e atitudes sao tentativas de solugo de problemas, a pressdo para a uni- formidade ser provavelmente ainda maior. Isto porque 0 éxito de uma solugao para um problema grupal depende, muitas vezes, da conjugagdo dos esforgos. Por outro lado, no laboratério nao existia nenhum critério de validagdio dos quadros de referéncia indivi- duais e grupais. Pelo contrario, fora do labo- rat6rio esse critério existe ~ é a capacidade que a adopgao de um dado quadro de refe- réneia possui na resolugio de um dado problema, Daf que, 20 contrario do que acontece no laboratério, 0 principal factor que govena a estabilidade de um quadro de referéncia no universo social é, provavel- mente, a sua eficiéncia, f Em segundo lugar, 2 assimetria wn i cada na contribuigao dos varios individuos \ 2B de notar a circularidade da afirmas2° rado como «1 ser inconsistent, o: «os hideres influe Jigen» se modifi Dai que a atirma 237 para a criagdo de uma norma pode parecer indicar a emergéneia espontinea de lideres, em situagdes sociais de incerteza. No entanto, & de notar que estes «lfderes» ape- nas neces: mativas, E duvidoso que essa seja a tinica caracteristica necessaria para que alguém surja como lider. Que poderemos acrescentar Por um lado, nio hé duvida de que a demonstragio de como um grupo pode servir para organizar a percepgao € 0 com- portamento dos individuos € preciosa, & talvez um dos mais fortes argumentos empiticos jamais apresentados a favor da necessidade de um nivel de explicagio psicossocial do comportamento humano. Por outro lado, as conclusdes relativas a0 uso da analogia do laboratério com a rea- lidade social so merecedoras de_maior cepticismo. As simpliticagdes envolvidas = algumas das quais reconhecida vimos, pelo proprio Sherif - sto provavel- mente intimeras. E pior que isso: nio temos maneira de saber quais so, Por isso, é preferivel tomar estas analogias nao como conhecimentos mas como fontes de novas formas de adquirir conhecimentos. Quer dizer, «heuristicamente>. aram de consisténcia nas esti- como 3. A influenci 3.1, Introdugdo Quando Solomon Asch se debrugou sobre os fenomenos da influéncia social jd a procissio ia nciaram mais os outros porque foram mais consistentes» far menos as suas fespostas do que os outros. Por isso, um io acima indicada nio passe de uma tautologia, a RRs fo interesse pel era um dado songia social ¢ da SOciOIOE!? de apesar do sem-nimiero i tinham sido no adio, Quer isto dizer gue O femaitica que tere 1 abordar adquiride da psc pre-Asch No entante, -s experimentais que j enorme insatisl acumulado, sobre que enquadrava vs vindo a demonstragoe realizaday, Asch sentia uma conheeimento até at como tudo com a perspectivat geral esse conhecimento Tisaa perspectiva geral era comum @ autores tio diversos © decisives como Lorge (1936). LeBon (1896), McDougall (1928), Miller € Dollard (1941), Tarde (1903) ou Thorndike (4935), entre outros — um estranho casamento entre socidlogos clissicos, psicdlogos compor tamentalistas € pioneiros da psicologia social. Um bom epiteto para este enguadramento geral da influéncia énos, sem diivida, oferecido pelo proprio Asch: 0 sonambulismo social. icteristicas do sonambu- As principais. cara ismo social eram as seguintes: + A realidade social & conceptualizada como relative as nogdes de «certo» e de «errado» como convengdes. + Os processos de imitagdo sio basicos tanto para o funcionamento da sociedade como para aprendizagem de um reportério com- portamental bisico, Os individuos imitam 0 comportamento dos membros dos grupos a que pertencem €. em especial, dos seus lideres porque a experigneia ensinou-os a associarem imi- tayo com recompensa 3 © homem social € alguém que vive num Bolom na te ide que adquitiu por empréstimo de e ladles poderosas como os lideres, os oon costumes. Dai que Por essas entidade: grupos e os © comportamento emitido * seia algo que os individuos sta caracterizay 0, que segue det abtratroque de comum existe em sumer edz AULOFES Muito diversos, '8 POF Asch, € ne docilmente 762 Substituir a py 8, NO deixa g Tarde © Lepg utilizam como sondinbide. como suge: ia le se razdo curioso que autores ‘ ae inspirem no conceily C io hipnética ye Charcot para desereverem 08 fenGmenos gy jntuéneia social. Orvis interessante acer deste conceito de sugesido € que ele descreve fia situagao em que 108s, 1986) des 7 a Su analise (Asch, 1951 tizacdes e7 105, 1 Paicolost Asch procurou ¢! acteriticits: tantes te News EXTEND: siruagdo com ay SegUnntes © mente pare 0 al ae pen ngvessti eesti Came a) seria pedides am jute mente disponivel: by o julgamento versaria Wm ambiguos: estimulos totalmente: nao - oy oy sujeitos seria, durante a realiZag mento, expostos dt influeneia de ndividuoy. Essa influgneit conjunto de desse july um grupo de ppor-seeist a evidencit: dy seria possivel quantificar 0 efeito da influéncta. Asch procurava assim demonstrar como @ mudanga de um individuo por um grupo no pode realizar-se arbitrariamente, E mais especi- ficamente que, quando nao é possivel uma rein- terpretugao dos estimulos relevantes, a influén- cia do grupo € minimizada. Asch pretendia, no fundo, demonstrar a incapacidade do sonambu- ismo em fornecer uma explicagiio adequada para os fentimenos sobre que se debrugava (ver Asch, 1990; Campbell, 1990). Ironicamente, quando, ciclicamente. 0 sonambulismo desperta, € a estay expetinciay que se refere. 3.2. A influéncia social as claras: 0 paradigma de Asch visive chamado «Ty > «Tal & Qual», Nesse f| io chan b>. Ness : existia uma rubrica chamada «Oy re ae “ Panhados». pera realmente curiosa, rubric! - 1 Ons Ess : Past eaquctios Hine SF SE OS HET ergy soas vulgates Da! » eM Siluacdes ine see sagazmente cncctidts, pelos egypt Uma dessas. sity lores do progres t ie servir para aprcender mais compen. eta les nas experig inc 5s NCIS de vai-ne te o que os particty™s meni i Asch sentiram. Fo! “A cena passa-se nied SOpataria, Uma senha, acabou de provar Wis SUpalos € Preparavacy para se Jevantar e sir quando dd conta da falta vrs seus proprios sapatos. Pergiunte d empregey cade Ios pos, que 08 NO eNCONITG, A empre feade, muito cali, afirma: «OS seus sapatos? ‘Oh, minha senhora, a senhora no entrou nesa foja calgada! Eu até note’ logo que a senhoranig finha sapatos, porque, como deve caleular, ung coisa dessas dd logo nas vistas ‘Asenhora nao quis acreditar, como € facil de supor, mas outras empregadas confirmaram que ela tinha entrado descalga e até clientes que se metiam na conversa afirmaram 0 mesmo. A senhora 86 dizia: «Mas eu néo estou malucal E impossivel! Eu nao vinha descalga para a rua...» Mas @ pouco e pouco até os outros clientes se metiam na conversa e corroboravam a empregada, para desespero da senhora. E ela la se foi convencendo. Por fim jé dizia: «Bom. devo-me ter esquecido dos sapatos na owe sapataria. Mas que distracgdo, a minka... ria-se nervosamente. Mas € claro que a pobre senhora tinha si? vitima dos «Apanhados» — uma das empresa tinha-lhe escondido os sapatos @ as 0% «testemunhas» (colegas e clientes) era coms: Parsas da encenacio. . Este pequeno episddio é espantos0- Demo {fa como os outros nos podem fazer oe das certezas mais evidentes. No fundo. de influgncia social as claras... * A reconstruga Tuvio deste epi PIsodio € provavelmente inex: ta, porquant 0 & feita de mamiein Os primeivos e¢ Inaunie 0 leis vervidhede american tana ani Ge eto participar puma expertenena dei ‘profes si Avoh. Cina cepgaio, Nada de mute entasiasman senor professor lomon PENH sobre per A porta da sul enCOnEUNE se CUETO sqettay come vor Seis, matin exuctamente. O expernmentuder ch fe manda entrar toda a ente, O experumentador inanda-os sentar d roda da meya. © di. Bota tarefa envelve a discriminagae do com prmento de linhas. A vassa frente encontra-se um par de cartoes, Oda esquerda sé tem uma linha; 0 cartde a voysa direita tem trés linhas de diferentes comprimentos; clas estde numeradas um, dois ¢ 1rés. Uni dessas trey linhas & igual imprimento a linha-padrdo do carta da esquerda. Cube a cada unt de voces decidir, em em relagde aos varies pares de cartde que vos serio exibidos, qual day linhas do candy da direita & igual a linhapadrdo do cartao da exquendat, Comunicar-me-do @ vosso julgamento dicendo 0 mimero da linha, Existiray dezoito comparagoes no total, Agradece que sejam 0 mais exacts possivel. Dar-me-do as vessas rexpostas por ordem, comecande, por exemple. da direita para a esquerda.» A experiencia comegou. E mesmo ficil ver qual &a linha igual & linha-padrao, com’ éo penilrima a responder, vai podendo verificar que ninguém tem difieuldade em o fazer. O leiter responde etude bem, Segundo julgamen'? muito fiicil, Chega a sua ver e responde Ours é facil. O que? ve estar doido!! a resposta dele vez. Terceira julgamento: O primeiro que responden de O leitor verifica facilmente que @! foi completamente errada. Me Tondo 08 0m tros estado a dar a mesma respostt O que € isto? A sua vez de responder est a chegar, leitor 0 que é que vai responder? Vai dar a resposta certa ou fazer 0 que os ours fizeram! Mt ns uinayinar as varias possi- or tera para Wl ar, Vamos com » das prime s experién cas de A siguns pormenores impor- acteristicas da situagao experimental Em primeiro lu rit algo sobre convem re os estimulos que estavam a ser julgados € as condigoes gerais em que ese julgamento era feito, Os estimulos eram, como j4 toi referido, trios de linhas negray que deveriam ser com- parados com uma linha-padrao. No Quadro IIT Mio apresentadas as dimensdes dessas Tinhas Como se pode ver, o julgamento era particular- mente facil. Para ilustrar essa facilidade, a Figura 4 apresenta um exemplo pertencente 20 material utilizado. De notar que os dezoito ensaios se dividiam em ensaios neutros — em que 0s comparsas davam respostas certas - € ensaios criticas — em que os comparsas davam, respostas com diversos graus de erro (ver Quadro Ill). Os julgamentos eram feitos com os sujeitos sentados & roda de uma mesa que dis tava cerca de cinco metros dos estimulos. Em segundo lugar, € preciso referir um deta- Ihe da situagao — dos sete sujeitos presentes na sala, 6 um, 0 chamado sujeito critico, no comparsa do experimentador. Todos os outros foram instruidos pelo experimentador a tespon- der de determinada maneira (ver Quadro IH para uma descrigo das respostas sucessivas dos comparsas). OS comparsas agiam sempre de forma a que 0 sujeito critico se sentasse no pendiltimo lugar. Falta ainda referir que os com- parsas foram instruidos a mostrarem-se to ineX= perientes sobre a situago como o sujeito critico (para isso, efectuavam no inicio perguntas sobre © procedimento) € a ndo exibirem qualquer reacgao Fosse qual fosse 0 comportamento desse sujeito. ritsirios as © SUCEDSEY © (Asch 1958) de co nto das Hinhas piaionitatios de etry Comprime 7 vetegats) : me rere 6 0 \ 875 w * 5 | : E po 2 2 | 3 | 40,75 | moderado , 3 wT sn “1 | motets 1 3 : ‘4 : | u 5 } | os 4 . 4 eee ee oxen in z as) moderado wv 8 , 2 a | 650 xtreme ‘ . ieee 8 675 | extreme “ 4 | 10 | 8 “ ‘ | 1 1.50 | i ; 45 | 3 +075 moderado th ; | 4 6,25 “1 | moderado 5 | . fe 4 ) 3 5 4 i 0 ; 3 35 425 | 3 +125 extrem a 8 | 625 8 6,75 =1,25 moderado xn 5 ; 35 6,25 +1,50 extrem xi 8 | os | 8 G-7seneees ennetes C75) extreme _L | * _Asletras da primeira coluna designam ensaios «neutraiss, aos. Jagos por letra romana sé0 05 considcrados «criticos», ‘Ox numetos sublinhados realgam as respostas Nate-se que os ensaios d a doze sio idénticos sine ‘quais a maioria respondeu correctamente. Os ensaios: ‘06 405 quais a maioria respondeu incorrectamente. ‘maioritariamente incorrectas. 305 ensaios a a seis; eles sucedem-se sem pausa. Em terceiro lugar, € im Portante esclarecer que a experiéncia nao se ; ; sas dO lado facto de os outros serem compass © limitava a esta sessdo. z 7 a a 908 de estimativas. Exista ainds ung experimentador), Seguia-se uma enievistes em que todos os Feitos erat Scent fase com experimentador. No final, era-lhe © ti OS sujeitos cram entrevist, oe we areas ados cada situacd s objecti com gkerca das suas impresses sobre! a ites Go, Jat @ Sittagio e€ os objectivos Panticipavam, primeiro, S80. construfda, numa discussio o sontar ‘UPO (sem ihe ut Em quarto e Ultimo lugar, é de salients® STEVE: Asch, além deste tipo de grupos (condis#? 88 outrox membros do gr Amostra dos ost . mas experienes tt Linha-padrae mental), usou ainda outro tipo de grupos (con- gisio de controle) em que sujeitos da mesma populagdo julgavam os mesmos estimulos sem coahecimento das respostas dos outros. Daf que sé possa usar a diferenga entre o mimero de ertos efectuados na condigdo controlo e experi- mental como um simples indice quantitative do crau de influéncia social verificada. Resultados - como reagiria 0 leitor? Em primeiro lugar, ser-lhe-ia imposstvel ignorar as respostas do grupo. E isto apesar de, de acordo com as instrugdes, a presenga do grupo ser irrelevante para a realizacao da tarefa, E dbvio, contudo, que 0 facto de 0 leitor saber que 0s outros respondiam em condigdes idénti- cas as suas torna essas respostas como fonte de comparagdo dos seus proprios julgamentos. O desacordo que se verifica tem implicagdes directas para a validade de cada julgamento na medida em que 0 leitor sabe que, em matérias de 243 Lact, o antavonisme de opinides quer dizer qu Neuen esta errado, Fan sey desenvolveria esforgos undo lugar para sestubelecer o equilibrio, Quer dizer, inter= fosar-se-ia, por exeniplo, se nao teria percebido mal ay instruydes, Poderia até pergunti-lo aos seus viztnhos mais prOximos ou mesmo direct niente ao experimentador, interrompendo a sticeysio de respostas. De qualquer modo, ten- taria achar uma explicagio simples e banal para © desacordo, algo que pudesse indicar que aquele desacordo sobre matérias de facto se solveri brevemente. Em terceiro lugar, € muito provavel que fizesse a atribuigdo da razio de ser da divergén- cia a si proprio. Ou seja, tomasse a seu cargo explicar porque & que divergia do grupo e nao porque € que o grupo divergia de si Em quarto lugar, € quase certo que desenvol- veria esforcos para aleancar uma solugao. Quer dizer, construiria explicagdes que tentavam tomar compreensfvel a situago em que se encontrava. Por exemplo: poderia pensar que era tudo devido a uma ilusio de éptica, ou até que o primeiro a responder era miope e que os outros todos eram influenciados por ele. E quase certo também que nenhuma dessas explicagdes o satisfaria... Em quinto lugar, prestaria provavelmente oral atengdo ao objecto de julgamento. Concentrar- ~se-ia tanto nele que teria vontade de se levantar e de observar as linhas mais de perto (talvez. até bruscamente 0 fizesse, quem sabe?), como se isto resolvesse a questo. Se as pudesse medit Em sexto lugar, o leitor sentiria um crescendo de diividas sobre si proprio. Seria possivel que todos estivessem errados, excepto 0 leitor? As suas respostas parecer-Ihe-iam estar certas, mas como poderiam estar se todos os outros respon- diam de maneira diferente? Estar 0 leitor a responder bem? Em sétimo lugar, bom, em sétimo lugar depende.... Até aqui limitei-me a descrever uma =o especie de retrato-robs realizado por Asch & PM cenurevistas stignarios tir das respostas avs que a perimentais. Quer dizer, limitei-me 447) as ¢ os senti> foram os pensamentos privade ‘ mentos mais comuns dos. sujeitos CATES: condo com as suas proprias palavnas. Mas. & quanto aos julgamentos anunciados em Vor alla. oe teria feito leitor? Deixo-he a sia tarefa de @ prever, Como pista leia os resultados das see des apresentadas a seguir e consulte a Figura >- Resultados: analise dos erros a) As respostas dos sujeitos da condigio de basicamente isentas de eros (os controlo foran resultados completos sio apresentados no quadro IV) : b) em contraste, na condisio experimental € visivel a influgncia da maioria (os comparsas do experimentador). Por um lado. apenas 24 por cento dos sujeitos criticos realizaram a sucessio de estimativas livre de erros (enquanto na condigo de controlo essa percentagem foi de 95 por cento), Por outro lado, no total das estimati- vas a condigdo experimental presenta 33 por cento de erros, enquanto na condigdo de con- trolo esse ntimero ¢ inferior a um por cento. E de notar que existem individuos na condigao expe- rimental que atingem os doze erros (tantos quan- tos os ensaios criticos), a0 passo que na con- digo de controlo nenhum sujeito ultrapassa os dois erros. Finalmente, saliente-se que nos ensaios neutros o ntimero de erros da condi¢ao experimental € inferior ao da condig&o de con- trolo (ver 0 Quadro IV); __€) de notar que, embora considerivel, o impacte da maioria esta longe de ser absoluto, Em primeiro lugar, € necessério registar a enorme variagao individual no niimero de eros ‘ BiGurs 5 Js estiinilos usados inais Amostra do: nas experi i cometidos. Em segundo lugar, se considerarmos que a situacdo representa, no essencial, um con- flito entre duas tendéncias — ade seguir os dados dos sentidos e dar respostas certas e a de seguit @ maioria e dar respostas erradas ~, € preciso Feconhecer que a primeira dessas tendéncias foi duantilativamente mais forte (duas vezes mais forte, para ser exacto); © Recorde-se que os S ensaios neuttos Sioa queles em que a maioria (os Comparsas) da 8) dd respostas certas

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