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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoríam)
APRESENTAQÁO
DA EDIQÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos estar
preparados para dar a razáo da nossa
esperanga a todo aquele que no-la pedir
(1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos conta


da nossa esperanga e da nossa fé hoje é
mais premente do que outrora, visto que
somos bombardeados por numerosas
correntes filosóficas e religiosas contrarias á
fé católica. Somos assim incitados a procurar
consolidar nossa crenca católica mediante
um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


— Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
'-, controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
■ dissipem e a vivencia católica se fortalega no
Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar
— este trabalho assim como a equipe de
Veritatis Splendor que se encarrega do
respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.


Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.
A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaga depositada
em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral
assim demonstrados.
Ano xliii Dezembro 2002 4o
As tres Natividades do Verbo

"Testemunhas da Esperanza", por Francois X. N.


Van Thuan

\~f..:■.■:.*■. : "Vos sois o sal da térra" (Mt 5, 13)


■ ■:■■■
-í-v-í-í'a
Redescobrir a heranca crista
&m&^->
Microchip e Anticristo

O Demonio: Sim ou Nao?

"Por que Maria chora?" (por J.T.C.)

"Bakhita, mulher negra, escrava e santa", por R. I


Zanini

Ordenacáo de mulheres

Ainda as células-tronco

índice Geral de 2002


PERGUNTE E RESPONDEREMOS DEZEMBRO 2002
Publica9áo Mensal N°486

SUMARIO
Diretor Responsável
Estéváo Bettencourt OSB As tres Natividades do Verbo 481
Autor e Redator de toda a materia Coragem e habilidade:
publicada neste periódico "Testemunhas da esperance" por
Francois X. N. Van Thuan 482
Diretor-Administrador: Nobre responsabilidade:
D. Hildebrando P. Martins OSB "Vos sois o sal da térra" (Mt 5, 13) 487
Mestre budista exorta:
Administra9áo e Distribuicáo:
Redescobrir a heranca crista 494
Edicóes "Lumen Christi"
Mais apavoramento:
Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar - sala 501
Microchip e Anticristo 496
Tel.: (0XX21) 2291-7122
Eco de debates freqüentes:
Fax (0XX21) 2263-5679 O Demonio: Sim ou Nao? 501

Enderezo para Correspondencia: Sarcasticamente agressivo:


"Por que María chora?" (por J.T.C.) 508
Ed. "Lumen Christi"
Caixa Postal 2666
Deus glorificado em seus Santos:
"Bakhita, mulher negra, es crava e santa"
CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ
por R. I. Zaninl 518
Visite O MOSTEIRO DE SAO BENTO Grave delito:
Ordena;áo de mulheres 522
e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
na INTERNET: http://www.osb.org.br Sempre em foco:
Aínda as células-tronco 525
e-mail: lumenchristi@bol.com.br
índico Geral 529
IMPKEtSAO

GRÁFICA MARQUES SAMIM


COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA
NO PRÓXIMO NÚMERO:

Razáo e Fé: historia de um Divorcio. - «Vocé é urna llusao» (revista GALILEU). - «Tiago,
irmáo de Jesús». - «A Morte nao existe mais» (H. Sapattini). - A Cruz de Caravaca. -
María onipresente? - María, Máe de Deus? - A nova "Biblia de Jerusalém".

PARA RENOVACÁO OU NOVA ASSINATURA (ANO 2003,


DE JANEIRO A DEZEMBRO): R$ 40,00.
NÚMERO AVULSO R$ 4,00.
O pagamento poderá ser á sua escolha:

1. Enviar, em Carta, cheque nominal ao MOSTEIRO DE SAO BENTO/RJ.


2. Depósito em qualquer agencia do BANCO DO BRASIL, agincia 0435-9 na C/C 31.304-1
do Mosteiro de S. Bento/RJ ou BANCO BRADESCO, agencia 2579-8 na C/C 4453-9
das Edicóes Lumen Christi, enviando em seguida por carta ou fax comprovante do
depósito, para nosso controle.

3. Em qualquer agencia dos Correios. VALE POSTAL, enderezado ás EDICÓES "LUMEN


CHRISTI" Caixa Postal 2666 / 20001-970 Rio de Janeiro-RJ
Obs.: Correspondencia para: Edicóes "Lumen Christi"
Caixa Postal 2666
20001-970 Rio de Janeiro - RJ
AS TRES NATIVIDADES DO VERBO
Aos 25 de dezembro celebra-se o Natal do Senhor Jesús em Be-
lém - Este evento, tao enriquecido pelo folclore tradicional, só revela sua
plena significacáo quando contemplado á luz das duas outras nativida-
des do Verbo.

Com efeito; a fé ensina que no seio da SSma. Trindade Deus conhece


a Si mesmo e projeta urna imagem perfeita de Si, que é chamada a Palavra
ou o Filho do Pai. Ele é coetemo com o Pai, sem diminuicáo da Divindade.
O Pai, contemplando-se nessa sua Palavra ou Imagem perfeita, concebe o
Amor a Si, que é o Espirito Santo. Daí dizer: se que em Deus existem o
Amante, o Amado, o Amor.

Essa natividade eterna do Verbo teve urna ressonáncia na natividade


humana do Verbo ocorrida na plenitude dos tempos. Ele, Imagem ou Pala
vra do Pai, veio ao mundo feito homem para revelar aos homens o misterio
de Deus Amante, Amado e Amor ou Osculante, Osculado e Ósculo. Ele veio
dizer que cada criatura humana é amada e osculada em continuacáo do
Amor e do Ósculo com que o Pai ama e oscula seu Filho: Ele também veio
dar um valor novo ao corriqueiro curso da vida dos homens, pois ele quis
nascer, trabalhar, sofrer e morrer como qualquer homem; assim veio santifi
car todo o currículo de vida dos homens, que na angustia e dor de sua exis
tencia podem dizer: "Por aqui já passou Deus". É de notar que, assim como
a primeira natividade, também a segunda natividade do Verbo transcende
as leis da Biología; é natividade original como exige a analogía da fé ou a
harmonía das verdades da fé (cf. Rm 12, 5) María é Máe e Virgem porque
seu Fílho já tem Pai no céu; é Deus Filho que déla quer nascer como homem.
Contudo a segunda natívidade do Verbo nao tinha porfínalidade ape
nas revelar o Paí e transfigurar a vida dos homens. Ela adquire seu sentido
pleno numa terceira natividade que se dá no decorrer dos tempos em cada
pessoa levada á pia batismal. O Verbo feito carne ou o Cristo renasce em
cada cristáo para nele se formar. Escreve Sao Paulo aos Gálatas: "Meus
filhos, por quem sofro de novo as dores do parto, até que Cristo seja forma
do em vos" (4,19). Esta terceira natividade do Verbo também está ácima
das leis da Biología. Ela transmite aos fiéis urna comunháo com a vida do
Filho, que nasce do Pai na etemidade e de Maria Virgem no tempo; ela nos
faz filhos no FILHO, enxertados em Cristo Jesús. Fica, pois, evidente que o
coracao de cada cristáo é o ponto de chegada de urna caudal de vida, que
tem sua fonte na etemidade de Deus Pai e sua mediacao em Cristo Jesús.
Ele nasceu em Belém para nascer no íntimo de cada ser humano enxertado
nele pelo Batismo.

Possam estas reflexóes propiciar a todos os nossos leitores um BOM


e SANTO NATAL!

E. B.

481
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Ano XLIII - N9 486 - Dezembro de 2002

Coragem e habilidade:

"TESTEMUNHAS DA ESPERANZA"
por Frangote X. N. Van Thuan1

Em síntese: O Cardeal vietnamita Frangote X. N. Van Thuan, arce-


bispo emérito de Hanoi (Ho Chi Minh), esteve treze anos encarcerado em
prísóes comunistas. Posto em liberdade, foipara Roma, onde foi nomea
do Presidente do Pontificio Conselho Justiga e Paz. No livro ácima apre-
sentado descreve experiencias da vida de prisioneiro e tece considera-
goes sobre o "ser cristáo" e a Igreja no mundo contemporáneo.
* * *

Fracois X. Nguyen Van Thuan nasceu aos 17 de abril de 1928 em


Hué no Vietnam. E filho de familia piedbsa que conta varios mártires
{testemunhas) da fé. Todas as noites sua máe Ihe transmitía historias da
Biblia e narrava os feitos heroicos dos mártires, principalmente dos ante-
passados.

Foi ordenado sacerdote em 1953. Concluiu seus estudos em Roma,


doutorando-se em Direito Canónico. Em 1959 voltou á sua patria e foi
nomeado professor do Seminario, da qual chegou a ser Reitor. Em 1967
foi feito Bispo de Nha Trange; em 1975, arcebispo coadjutor de Saigon
(hoje Ho chi Minh), como tal, estimulou a participacáo de jovens e leigos
na vida da Igreja assim como a criacáo de Conselhos Pastorais.

Por causa de sua acáo apostólica destemida num país comunista,


foí encarcerado e passou treze anos detido, sendo nove no mais comple
to isolamento.

Em 1995 deixou o Vietnam e em 1998 foi constituido Presidente do


Pontificio Conselho Justiga e Paz, da Santa Sé. Aos 18/03/2000 o Santo
Padre Joáo Paulo II dirigiu ao Cardeal Van Thuan urna carta de agrade-

1 Falecido aos 16/09/02

482
TESTEMUNHAS DA ESPERANZA"

cimento pelo retiro pregado a Sua Santidade e membros da Curia Roma


na. O texto dessas pregacóes foi publicado em italiano e, com o título
"Testemunhas da Esperanca", publicado em portugués1; aprésente refle-
xóes sobre a Igreja e a vida crista entrecortadas pela narracáo de episodios
vividos em prisao e reveladores da coragem e da fé muito vivas do autor.

Ñas páginas subseqüentes seráo apresentados tres quadros da


vida carcerária do Cardeal Van Thuan, muito expressivos do que foi o
sofrimento de multidáo de vítimas da perseguicáo comunista.

1. O Amor vence a Brutalidade

«Lembro-me de alguns momentos da minha vida, os quais conti-


nuam sendo urna luz para mim quando pensó na enorme responsabilida-
de de dar testemunho do cristianismo.

Quando me isolaram dos outros companheiros na prisao, puseram


cinco guardas para me vigiar, seguindo um rodízio. Dois deles sempre
estavam comigo. Os seus chefes Ihes haviam dito: 'De quinze em quinze
dias voces seráo substituidos por um outro grupo, para nao serem 'con
taminados' por esse bispo perigoso'.

Após algum tempo mudaram de idéia: 'Nao vamos mais fazer o


rodízio, senáo esse bispo 'contaminará' todos os soldados'.

No comeco, os guardas nao falavam comigo. Respondiam apenas


sim ou nao.

Era realmente triste. Eu quería ser amável e cortés com eles, mas
era impossível. Evitavam falar comigo.

Urna noite, veio-me á mente um pensamento: 'Francisco, vocé é


muito rico, tem o amor de Cristo no coracáo; ame-os como Jesús amou
vocé'.

No dia seguinte comecei a querer-lhes bem ainda mais, a amar


Jesús na pessoa de cada um deles, sorrindo e trocando palavras gentis.
Contei como tinham sido minhas viagens ao exterior, expliquei como as
pessoas vivem nos Estados Unidos, no Canadá, no Japáo, ñas Filipi
nas..., falei de economía, de liberdade, de tecnología.

Isso estimulou a curiosidade deles, e eles me fizeram muitas per-


guntas. Aos poucos nos tornamos amigos. Quiseram aprender línguas
estrangeiras, como o francés, o inglés... Em suma, os meus guardas tor-
naram-se meus alunos!

1 Tradugáo de Joao Batista Florentino. Ed. Cidade Nova, Rúa José Ernesto Tozzo,
198. Vargem Grande Paulista (SP), CEP 06730-000, ano 2002, 135 x 205 mm, 239 pp.

483
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

Numa outra ocasiáo, eu estava na prisáo de Vinh Quang, localiza


da na montanha de Vinh Phu; estava chovendo e eu devia cortar lenha. A
um dado momento perguntei a um guarda:

- 'Posso Ihe pedir um favor?


- Diga; se eu puder ajudar...

- Gostaria de cortar um pedaco de madeira em forma de cruz.


- O senhor nao sabe que é expressamente proibido possuir qual-
quer tipo de símbolo religioso?
- Sei, sim senhor - respondí eu -, mas somos amigos... e prometo
que vou guardá-la escondida.

- Seria extremamente perigoso para nos dois.


- Feche os olhos e vou fazé-la agora; mas terei muita precaucáo'.

Ele se afastou, deixando-me sozinho. Fiz a cruz e mantive-a es


condida em um pedaco de sabonete até o dia de minha libertacáo. Com
urna moldura de metal, esse pedaco de lenha tornou-se a minha cruz
que carrego no peito.

Numa outra prisao, pedi um pedaco de fio elétrico ao meu carcerei-


ro, que já havia se tornado meu amigo. Assustado, ele me respondeu:

- 'Aprendí na Universidade de Seguranca que, se alguém quer um


fio elétrico, é porque quer suicidar-se.

Entáo retruquei:

- Os sacerdotes católicos nao cometem suicidio.


- Mas o que vai fazer com um fio elétrico?
- Gostaria de fazer urna correntinha para colocar a minha cruz.
- Como é possível fazer urna correntinha com um fio elétrico? É
¡mpossível?
- Se me arrumar dois pequeños alicates, eu vou Ihe mostrar como
se faz.

- É perigoso demais!
- Mas, somos amigos!'

Tres dias depois ele me disse: 'É difícil dizer nao ao senhor. Ama-
nhá á noite, quando eu estiverde guarda, vou Ihe trazer um pedaco de fio
elétrico. Mas tudo deverá estar concluido dentro de quatro horas'.

Na noite seguinte, das 19 as 23 horas, ás escondidas, com dois


pequeños alicates cortamos o fio elétrico em pedacos do tamanho de um

484
"TESTEMUNHAS DA ESPERABA"

palito de fósforo, forjamo-los... e a correntinha estava pronta antes da


troca de guardas.

Levo sempre comigo a cruz e a correntinha, nao porque sejam re


cordares da prisáo, mas porque falam de urna profunda conviccáo mi
nha, um constante (embrete para mim: só o amor cristáo pode mudar os
coracóes, e nao as armas, as ameacas ou a mídia.

É o amor que prepara os caminhos para o anuncio do Evangelho.


O amor vence todo!

Quando o amor é verdadeiro, suscita como resposta também o


amor. Entáo vocé ama e é amado. E assim atua-se o Mandamento Novo
de Jesús: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15, 12). O
amor recíproco é a plena atuacáo da arte de amar» (pp. 86-88).

2. A Eucaristía Clandestina

«Permitam-me falar novamente de minha vida. Quando fui preso,


tive de ir de ¡mediato e de máos vazias. No dia seguinte deixaram-me
escrever para casa, pedindo as coisas mais urgentes: roupa, pasta de
dente... Escrevi também: 'Por favor, mandem-me um pouco de vinho,
como remedio para minhas dores de estómago'. Os fiéis logo entende-
ram para que seria.

Mandaram-me urna pequeña garrafa de vinho para missa, com a


seguinte etiqueta: 'Remedio para dores de estómago', e algumas hostias
escondidas numa tocha para proteger contra a umidade.

A policía me perguntou:

- 'O senhor senté dores de estómago?


-Sim.
- Aqui está um pouco de remedio para o senhor'.

A minha alegría naquele instante foi inexprimível: todos os dias,


com tres gotas de vinho e urna gota d'água na palma da máo, celebrava
a missa: eis o meu altar e a minha catedral! Era auténtico remedio para o
corpo e para a alma: 'Remedio da imortalidade, antídoto para nao mor-
rer, mas para ter sempre a vida em Jesús', como diz Inácio de Antioquia
(PA,[s.d.],pp. 230-231).

Todas as vezes tinha a oportunidade de estender as máos e pre-


gar-me na cruz com Jesús, de beber com ele o cálice mais amargo. To
dos os dias, ao recitar as palavras da consagracáo, confirmava com todo
o coracáo e com toda a alma um novo pacto, um pacto eterno entre mim
e Jesús, mediante o seu sangue misturado com o meu. Foram as mais
belas missas da minha vida!

485
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

Assim, durante anos me nutrí do pao da vida e do cálice da salva-


cáo» (pp. 142s).

3. O carcereiro amigo

«Quando eu estava em prisáo domiciliar, no vilarejo de Giang-Xa,


a 20km de Hanoi, quem me vigiava era um guarda católico. Num primei-
ro momento ele se questionou muito a meu respeito: o que teria feito
esse bispo para ficar detido dessa forma? Vivendo, fazendo refeicoes
junto comigo e dormindo no quarto ao lado do meu, ele aos poucos foi
compreendendo. Permitiu que eu escrevesse livros de espiritualidade;
trouxe aínda muitos sacerdotes que vinham falar comigo, de noite, via
jando até 300km, para ouvir algo sobre o Concilio Vaticano II, urna vez
que nenhum bispo do Vietná do Norte pudera participar desse evento.

Todos os meses esse guarda deveria fazer um relatório á política


falando de mim. Ele o fez durante ce tío tempo, mas a um dado momento
me disse:

- 'Nao vou mais fazer esses relatónos, porque nao sei o que escre-
ver.

- É preciso fazé-los! Se o senhor nao os fizer, será substituido e


um novo guarda irá me prejudicar.

- Mas, nao sei o que escrever!

- Nesse caso, eu escrevo o relatório, o senhor copia-o e assina.

- Tudo beml'

A policía parabenizou-o pelo seu relatório e deu-lhe de presente


urna garrafa de licor de laranja, que ele trouxe para a prisáo domiciliar, e
á noite tomávamos juntos.

Gracas a ele pude ordenar clandestinamente sacerdotes


incardinados em outras dioceses, a pedido de seus respectivos bispos.
Porque, estando eu já preso, nao corría mais risco algum. De noite, o
guarda, meu amigo, permitiu que os seminaristas entrassem, os quais
traziam consigo o cerimonial dos bispos e os santos óleos. Foram as
ordenacdes mais tongas da minha vida! Iniciamos as 23h30 e encerra
mos já no dia seguinte, após 1h da madrugada.

Sempre á noite, o guarda me levava para administrar os sacra


mentos aos doentes. Jamáis teria imaginado que Jesús me chamasse a
esse tipo de pastoral táo original. É verdade que o Espirito Santo se ser
ve de qualquer pessoa para ser instrumento de sua graca!» (p. 8s).

Ao fiel católico nao pode deixar de causar prazer a noticia de que


existem tais heróis em sua familia eclesial.

486
Nobre responsabilidade:

'VOS SOIS O SAL DA TÉRRA"


(Mt5, 13)

Em síntese: Jesús incutiu aos seus discípulos a enorme respon


sabilidade de ser o sal da térra (do mundo) e a luz do mundo. A primeira
metáfora implica urna atividade capaz de dar sabor novo a vida dos ir-
maos como também urna dinámica que impega a deterioragáo de valores
essenciais. Caso o crístáo noa cumpra essa missáo, ninguém o poderá
substituiré ele mesmo sotrera as conseqüéncias dolorosas do nao cum-
primento do dever. A consciéncia desta verdade se tornou muito viva na
Igreja, como atesta a epístola a Diogneto (século III). Na época moderna
a sra. Elizabeth Leseur viveu intensamente o encargo de sal da térra
junto a seu marido e seus contemporáneos.
# # *

No sermao da montanha (Mt 5-7), Jesús, após apregoar as bem-


aventuran9as evangélicas, incute aos discípulos a responsabilidade que
Ihes toca perante o mundo, valendo-se de duas metáforas: sal e luz.
Ambas sao muito significativas; ocorre, porém, que a imagem do sal apre-
senta algumas dificuldades ao leitor. Daí a oportunidade de procurarmos
esclarecé-la.

1. Sal da térra

A primeira questáo se refere ao aposto"... da térra", pors o sal nao


costuma salgar a térra. - Em resposta, dir-se-á que térra no texto signifi
ca mundo... como alias indica a metáfora seguinte: "Sois a luz do mun
do" (Mt 5,14).

Que significados pode ter a imagem do sal? - Sejam enumerados


os quatro seguintes:

a) o sal condimenta ou dá sabor próprio, imprescindível á carne, ao


peixe, aos legumes... O sentido de tempero ou condimento aparece níti
damente nos textos paralelos de Me 9, 30 e Le 14, 34;
b) o sal também contribuí para conservar ou impedir a deterioragáo
dos alimentos;

c) o sal, por ter um sabor muito característico, é igualmente símbo


lo de sabedoria, como se depreende de Cl 4, 5s: "Tratai com sabedoria
os de fora... A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal,
de modo que saibais como convém responder a cada um";

487
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

d) há quem lembre outrossim o costume, dos antigos judeus, de


aticar o fogo mediante o sal. Com efeito, serviam-se de placas de sal-
gema provenientes do Mar Morto, ricas de minerais para aumentar ou
acelerar o poder do material combustível. Após certo tempo, esses blo-
cos de sal perdiam sua forca catallsadora, em vez de ativar as chamas,
podiam chegar a apagá-las. Nao serviam para mais nada, por conse-
guinte eram lancados na estrada e pisoteados pelos transeúntes.
Todas estas quatro virtualidades do sal sao imagens que ilustram
qual deva ser o comportamento do cristáo.
Na verdade, o cristáo há de levar ao seu ambiente o sabor da sa-
bedoria crista ou o modo de ver e agir decorrentes da consciéncia de que
Deus é o Senhor da historia; Jesús Cristo venceu o pecado e a morte
para dar aos seus fiéis a certeza de que a última palavra será a do Bem
de modo que seráo felizes aqueles que tiverem lutado em prol do Bem na
fé de cada dia.
Ao cristáo compete também animar os seus irmáos tanto para acei-
tarem os grandes desafios quanto a fim de viverem a "monotonia" de
cada jornada. Como dito, o sal ática e catalisa o fogo.
Mais: toca ao cristáo guardar os valores da fé e da Moral cristas
frente aos muitos fatores que ameagam desagregá-los.
Em suma, o zelo de Cristo pela causa do Evangelho há de se pro
longar em cda cristáo dentro do seu ambiente de familia e trabalho. Dizia
o Senhor Jesús: "Vim trazer o fogo á térra como quisera que já estivesse
aceso!"(Lc12, 34).
Tal desempenho corajoso e irradiante pode ser contemplado atra-
vés da historia da Igreja, da qual seráo, a seguir, extraídos tres tópicos
muito significativos.
2. As Virtualidades do sal concretizadas

Eis tres quadros da historia da Igreja.


2.1 A Carta a Diogneto
No século III escreveu um cristáo anónimo a seu amigo Diogneto,
pagáo, urna apología frente á perseguicáo, carta na qual dizia:
«Nao se distinguen) os cristáos dos demais, nem pela regiáo, nem
pela língua, nem pelos costumes. Nao habitam cidades á parte, nao em-
pregam idioma diverso dos outros, nao levam género de vida extraordi
nario. A doutrina que se propóem nao foi excogitada solícitamente por
homens curiosos. Nao seguem opiniáo humana alguma, como varios fazem.
Moram alguns em cidades gregas, outros em bárbaras, conforme a
soñé de cada um; seguem os costumes locáis relativamente ao vestuá-

488
"VOS SOIS O SAL DA TÉRRA"

rio, a alimentagáo e ao restante estilo de viver, apresentando um estado


de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal. Moram na própria patria,
mas como peregrinos. Enquanto cidadáos, de tudo participam, porém
tudo suportam como estrangeiros. Toda térra estranha é patria para eles
e toda patria, térra estranha.

Casam-se como todos os homens e como todos procriam, mas nao


rejeitam os filhos. A mesa é comum; nao o leito.
Estáo na carne, mas nao vivem segundo a carne. Se a vida deles
decorre na térra, a cidadania, contudo, está nos céus...
Pobres, enriquecem a muitos. Tudo Ihes falta, e tém abundancia de
tudo. Tratados sem honras, e nestas desonras sao glorificados. Sao amal-
digoados, mas justificados. Amaldigoados, e bendizem. Injuriados, tribu-
tam honras. Fazem o bem e sao castigados quais maifeitores. Supliciados,
alegram-se como se obtivessem vida. Hostilizam-nos os judeus quais
estrangeiros; perseguem-nos os gregos, e, contudo, os que os odeiam
nao sabem dizer a causa desta inimizade.

Para simplificar, o que é a alma no corpo sao no mundo os cristáos.


Encontrase a alma em todos os membros do corpo, e os cristáos disper-
sam-se por todas as cidades do mundo. Os cristáos residem no mundo,
mas nao sao do mundo. Invisível, a alma é cercada pelo corpo visível.
Igualmente os cristáos, embora se saiba que estáo no mundo, o seu culto
a Deus permanece invisível».

Os cristáos nao tinham em seu favor nem dinheiro nem armas nem
protecáo, mas táo somente a Verdade,... a Verdade para a qual todo
homem foi feito e da qual tem um anseio natural. É Santo Agostinho
quem o diz:

"Se foi possível ao poeta dizer: 'Cada um se deixa atrair por seu
prazer', nao pelo constrangimento, mas pelo prazer, nao por obrigagáo,
mas pelo deleite, com quanto mais forga temos de dizer que o homem é
atraído para Cristo. O homem que se deleita com a verdade, se deleita
com a felicidade, se deleita com ajustiga, se deleita com a vida sempiter
na, com tudo isso que é Cristo...

Apresenta-me alguém que ame, e entenderá o que digo. Mostra-


me um desejoso, um faminto, um sedento peregrino deste deserto que
suspira pela fonte da patria eterna. Mostra-me alguém assim e saberá de
que falo. Se, porém, falo a um indiferente, nao compreenderá o que digo.
Estendes um ramo verde a urna ovelha e a airáis. Mostras nozes a
um menino e é atraído, corre para onde é atraído, amando é atraído, é
atraído sem violencia corporal, é atraído pelo lago do coragáo. Se, entre
as delicias e os prazeres terrenos, aqueles que se apresentam aos seus
apaixonados exercem forte atragáo sobre eles, pois é bem verdade que

489
10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

cada um se deixa atrairpor seu prazer, nao atrairá o Cristo revelado pelo
Pai? Que deseja a alma com mais veeméncia do que a verdade?" (Co
mentario sobre o Evangelho de Sao Joáo, tratado 26, 4-6).
O mesmo poder de atracáo, exerce-o Cristo ainda hoje, desde que
coerentemente apresentado. Esta verdade pesa sobre o ombro de cada
cristáo.

Quinze sáculos após santo Agostinho viveu

2.2. O casal Leseur

A sra. Ellsabeth-Pauline Leseur nasceu em Paris aos 16 de outu-


bro de 1860, como filha do casal Arrighi, sendo seu pai conceituado ad-
vogado. Recebeu sólida formacáo crista e ampio acervo cultural.
Aos 31 de julho de 1889 casou-se com o médico Dr. Félix Leseur,
materialista, colaborador de jomáis anticlericais e dado á política. Embo-
ra se tivesse comprometido a respeitar as conviccoes religiosas da espo
sa, o Dr. Leseur aos poucos foi procurando apagar a sua fé; deu-lhe para
ler" duas obras do racionalista francés Ernest Renán: Les origines du
Chrístianísme e La Vie de Jésus. Impressionada, Elisabeth abandonou
a freqüentacáo dos sacramentos. De 1896 a 1898 atravessou seria crise
espiritual, que ela acabou superando por verificar a superficialidade das
alegacóes de Renán. Em réplica, dedicou-se ao estudo mais aprofundado
das verdades da fé contidas nos Evangelhos e nos escritos de Sao To
más de Aquino. Intensificpu a sua vida espiritual e dedicou-se ao aposto
lado junto aos intelectuais ateus e a obras de caridade.
Sob a direcáo do Pe. Hébert, pós-se a escrever o seu Diario, que
foi publicado tres anos após sua morte, em 1917, com o título Journal et
Pensées de chaqué jour. Em 1907 Elisabeth adoeceu de molestia que
muito a abateu e Ihe arrebatou a vida aos 3 de maio de 1914.
Somente após a morte da esposa, o Dr. Félix Leseur tomou conhe-
cimento do Diario da esposa, que muito o abalou pela profundidade dos
pensamentos ai registrados... Converteu-se em 1915, voltando á fé da
sua infancia, e em 1919 entrou no noviciado dos Padres Dominicanos.
Ordenado sacerdote, dedicou-se a propagar os escritos da esposa, ao
mesmo tempo que exercia seu ministerio sacerdotal num Centro educa
cional.

Félix Leseur foi um dos preciosos frutos da graca que sua esposa
Ihe obteve mediante o cultivo discreto e silencioso das virtudes. Elisabeth,
que nao conseguiu converter o marido por palavras e raciocinios, optou
pela via da santificacáo pessoal, certa de que, como dizia ela, "urna alma
que se eleva, eleva o mundo inteiro".

490
"VOS SOIS O SAL DA TÉRRA"

2.3. O Presidente Abel Pacheco, de Costa Rica

Nos primeiros dias de setembro 2002 reuniu-se em Johannesburg


(África do Sul) a Cúpula do Mundo, patrocinada pela ONU. Foi entáo
procurado em seu hotel o Presidente de Sao José de Costa Rica (Améri
ca Central) Dr. Abel Pacheco pela Sra. Mary Robinson, representante da
Comissáo de Direitos Humanos da ONU. Quería ela que o Presidente
assinasse urna emenda que garantía ás muiheres o direito á saúde. A
proposta era vaga; os seus mentores, porém, entendiam que ela permiti
ría a mulher a prática do aborto. Consciente disto, o Dr. Abel Pacheco
recusou assinar o texto, embora Ihe dissessem que assiná-lo era absolu
tamente necessário, pois visava a impedir que as muiheres da África e
da Asia fossem mutnadas por ordem dos respectivos Governos. O Dr.
Pacheco reconheceu o valor desse propósito, mas observou que nao
deveria estar associado á prática do aborto. E acrescentou:

"Eu disse que Costa Rica, por sua própria Constituipao, é um país
católico. Sou católico e, como médico, jurei defender a vida ácima de
tudo. Visto que a emenda era urna fórmula para legalizar o aborto, eu nao
podía aboná-la e Costa Rica nao a apoiaria.

Nao vejo como a sra. Robinson pode pensar que sou o Presidente
de urna República Banana ejulgar que chegará a impor que Costa Rica
realize o que a ela parece bem. Creio que a sra. Robinson deveria respei-
taras posigóes alheias como todos nos as respeitamos no nosso sistema
democrático".

Assim exerceu o Presidente Abel Pacheco o seu papel de sal da


térra precisamente perante as nacóes do mundo inteiro.

3. "Se o sal perder o seu sabor..." (Mt 5,13b)

Apcs designar os discípulos como sal da térra, observa o Senhor:

"Se o sal perder o seu sabor, com que o salgaremos? Para nada mais
serve senáo para ser langado fora e pisoteado pelos homens" (Mt 5, 13b).

Com estas palavras Jesús quer lembrar que ninguém é sal para si
mesmo, mas está naturalmente voltado para urna comunidade, junto á
qual tem urna missáo a cumprir. E o Senhor valoriza tanto essa missáo
que afirma nao ter sentido a vida de quem se omite ou se deteriora. Je
sús assim alude á estreita solidariedade que existe entre os membros do
Corpo de Cristo ou da Comunháo dos Santos. Nao é possível ao cristáo
escapar dessa solidariedade, que o torna devedor, aos irmaos, de um
teor de vida santa, pois Cristo, o Salvador de todos os homens, quer a
colaboracáo das criaturas e deseja salvar a uns mediante outros. O S.
Padre Joao Paulo II o lembra em sua Exortacáo Apostólica "Reconcilia-
cao e Penitencia":

491
12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

"A solidariedade, a nivel religioso, se desenvolve no profundo e


magnífico misterio da Comunháo dos Santos, gragas á qual se pode di-
zer que cada alma que se eleva, eleva o mundo inteiro. A esta lei de
elevagáo corresponde infelizmente a lei da descida, de modo que se pode
falar de urna comunháo no pecado, em razáo da qual urna alma que se
rebaixa pelo pecado arrasta consigo a Igreja e, de certa maneira, o mun
do inteiro. Por outras palavras: nao há nenhum pecado, mesmo o mais
íntimo e secreto, o mais estritamente individual, que diga respeito exclu
sivamente áquele que o comete. Todo pecado repercute, com maior ou
menor veeméncia, com maior ou menor daño, em toda a estrutura eclesial
e em toda a familia humana" (ns 16).

O Papa Pió XII já formulava tal doutrina na seguinte passagem da


encíclica Mystici Corporis:

"No Corpo Místico nada de bom, nada de justo é realizado por al-
gum dos membros, que, pela Comunháo dos Santos, nao transborde para
a salvagáo de todos... Ao morrerna Cruz, Cristo comunicou á sua Igreja,
sem colaboragáo da parte desta, o tesouro ilimitado da Redengáo; quan-
do se trata de distribuir esse tesouro, nao somente Ele compartilha com
sua Esposa imaculada a obra de santificagáo das almas, mas Ele quer
também que essa santificagáo brote da colaboragáo da Igreja. Misterio
certamente tremendo, que jamáis meditaremos suficientemente: a salva
gáo de um grande número de almas depende das oragóes e das mortifi-
cagoes voluntarias, suportadas com finalidade apostólica, dos membros
do Corpo Místico".

O Antigo Testamento já oferecia exemplos de intercessáo; assim


Abraáo rezou por Sodoma e Gomorra (Gn 18, 23-31), Moisés orou pelo
povo rebelde (Ex 32, 11-14), Jeremías pela sua gente infiel (Jr 18, 20),
Samuel por seus contemporáneos (1Sm 7, 5; 12,19).

No Novo Testamento ocorrem semelhantes casos: ver Rm 1, 9; Ef


6,18-20; Tg 5,16.

Na historia da Igreja existem belos testemunnos de cristáos que


atribuiram gragas recebidas de Deus á intercessáo ou á vida santa de
outros cristáos, ainda que totalmente desconhecidos. Oizia, por exem-
plo, Léon Bloy:

"Tal impulso da graga que me salva de grave perigo, pode ter sido
determinado por tal ato de amor efetuado na manhá de hoje ou há qui-
nhentos anos atrás por urna pessoa modesta cuja alma correspondía
misteriosamente a minha, e que assim foi recompensada" (Méditation
d'un solitaire).

'Toda pessoa que produz um ato livre, projeta sua personalidade


no infinito... Um ato de caridade, urna expressáo de auténtica piedade

492
"VOS SOIS O SAL DA TÉRRA" 13

canta os louvores divinos, desde Adao até o fim dos sáculos, cura os
doentes, consola os desesperados, amaina as tempestades, resgata os
cativos, converte os infléis e protege o género humano" (Le Desesperé).

Santa Teresa de Lisieux deixou um pensamento análogo:

"Veremos tantas coisas mais tarde! De vez em quando acho que


sou talvez o fruto dos desejos de urna alma pequenina, á qual eu deverei
tudo o que possuo" (Conseils et Souvenirs, Carmel de Lisieux, p. 155).

"Muitas vezes, sem saber, as gragas e as luzes que recebemos,


sao devidas a urna alma escondida, porque o Bom Deus quer que os
santos comuniquem, uns aos outros, as gragas mediante a oragáo".

PRESENTE DE NATAL

Caro(a) amigo(a),

Tendo em vista a necessidade de esclarecer a respeito de dúvidas religiosas ocorrentes em


nossa sociedade, a escola "Mater Ecdesiae" lancou varios opúsculos de fácil leitura, intitulados:

1. Por que nao sou Protestante? R$ 2,00


2. Por que nao sou Espirita? R$ 2,00
3. Por que nao sou Ateu? R$ 2,00
4. Por que nao sou Macpm? R$ 2,00
5. Por que nao sou Rosa-Cruz? R$ 2,00
6. Por que sou Católico? R$ 2,00
7. O Fenómeno Religioso: Sim ou Nao? R$ 2,00
8. A Ressurreicáo de Jesús: Ficcao ou Realidade? R$ 2,00
9. Jesús: Deus e Homem? R$ 2,00
10. Os milagres de Jesús: Historia ou Mito? R$ 2,00
11. Jesús sabia que era Deus? R$ 2,00
12. Os Novos Movimentos Religiosos R$ 2,00
13. Por que nao sou Testemunha de Jeová? R$ 2,00
14. Por que nao sou Johrei? Por que nao sou Seicho-no-ié? R$ 2,00
15. O Estado do Vaticano , R$ 2,00
16. O Biscoito da Morte R$ 2,00
17. Por que nao sou Aquariano (Nova Era)? R$ 2,00
18. Reencarnagáo: Pros e Contras R$ 3,00
19. Quinze questoes de Fé R$ 4,00
20. O Protestantismo: Principáis pontos doutrínáríos R$ 2,00
21. PorquenaosouMórmon? R$ 2,00
22. Resposta a Leonardo Boff R$ 2,00
Colegio completa R$57,00

FORMAS DE PAGAMENTO

• Cheque Nominal á Escola "Mater Ecdesiae" (em carta registrada)


• Depósito no Bradesco Ag. 3019-8 C/C 70739-2 (Enviando copia do comprovan-
te de depósito por cartel ou fax, juntamente com seus dados completos)
• Encomendas por correio deverao ser acrescidas de R$ 1,00 por opúsculo
• NAO TEMOS REEMBOLSO POSTAL

ESCOLA "MATER ECCLESIAE" - Rúa Benjamín Constant, 23 sala 302 - Gloria


20241-150 - Rio de Janeiro (RJ) - Tel/Fax.: (0 XX 21) 2242-4S52

493
Mestre budista exorta:

REDESCUBRIR A HERANQA CRISTA

Via ¡nternet a Redagáo de PR recebeu importante mensagem de


chefe budista, que exorta os fiéis cristáos a tomar consciéncia do rico
patrimonio de espirítualidade e cultura a eles confiado por vinte séculos
de Cristianismo. Se o reconhecessem mais profundamente, seriam me-
Ihores cristáos e menos propensos a buscar em outras searas as respos-
tas aos seus naturais anseios.

Eis o interessante texto:

Budista encoraja os cristáos a redescobrirem sua heranca.

Mestre vé ignorancia como chave para a perda da fé dos euro-


peus.

Estrasburgo, Franja, 22 set, 2002 (Zenit, org). - "Se o Budismo


cresceu tanto em interesse entre os europeus, é porque eles ignoram
sua heranca espiritual crista", diz um mestre budista.

Jéróme Ducor, do movimento japonés Shinshu, exortou os cristáos


do continente a "fazerem os europeus redescobrirem as riquezas espiri-
tuais da mensagem crista".

Na sexta-feira, Ducor, vice-diretor suíco do Templo Shingyoji em


Genebra, abriu o segundo dia do "Coloquio sobre Budismo na Europa".
O encontró, que termina sábado, foi organizado pelo Conselho Pontificio
para o Diálogo Inter-religioso e o Conselho de Conferencias Episcopais
Européias.

. O mestre, associado ao budismo desde sua adolescencia, come-


cou explicando o alegado número de um milháo de budistas na Europa.

"É mais urna questáo de simpatizantes do que de budistas prati-


cantes", disse ele. "A isto devem ser somadas as declaracoes de atrizes
famosas, como Sophie Marceau e Isabelle Adjani, que se apresentam
como budistas, mas elas nao sao militantes. De fato, nao entendem mu¡-
to a respeito do que o Budismo realmente significa".

"Portanto, há muita confusáo', continuou Ducor. "Mas urna coisa é


certa: o Budismo é muito querido na Europa porque ele vem como urna
fé libertadora, urna voz completamente espiritual".

494
REDESCOBRIR A HERANgA CRISTA 15

Entáo por que as pessoas se voltam para o Budismo e nao para o


cristianismo?

"Com toda a honestidade, devo dizer que a maior parte destas pes
soas nao conhecem a heranca crista", disse o mestre budista, cujas de-
claracoes foram publicadas pelo servico de imprensa da Conferencia
Episcopal Italiana. "E é surpreendente ver isso nao apenas entre os jo-
vens, mas também entre adultos".

Ele acrescentou: "As celebracóes sao conhecidas - há público nos


casamentas - mas a espiritualidade crista nao é conhecida em profundi-
dade. Se está faltando o fundamento cultural na mensagem crista, entáo,
é claro, as pessoas comecam a procurar".

"Pensó que as pessoas estáo procurando profundamente", disse o


budista. "A grande questáo que enfrentamos hoje é relacionada á morte.
Para mim, a morte era a grande questáo. Eu nao preciso de respostas
teóricas, mas meios práticos".

Ducor sugere dois caminhos para o cristáo, restaurar um "funda


mento cultural" da mensagem crista, e fazer o "tesouro espiritual do cris
tianismo" conhecido "para que seja esta a mensagem que chegue as
pessoas".

"As pessoas precisam de vida espiritual, ou melhor, precisam de


urna espiritualidade vivenciada", disse ele. "Nisto, o cristianismo tem um
grande tesouro. Estou pensando nos Padres da Igreja e seus textos ma-
ravilhosos, ñas oracóes e no legado monástico".

O texto ácima dispensa longos comentarios. Alude com clareza a


um problema que afeta o Catolicismo: a evasao de fiéis para as reiigioes
orientáis, especialmente para o Budismo. Conforme o próprio Sr. Ducor,
a desercáo se deve, ao menos em grande parte, ao desconhecimento do
rico patrimonio cultural e místico do Catolicismo. Infelizmente tal denun
cia procede. Muitos váo procurar fora da Igreja o que, com mais fartura
ainda, encontrariam na própria Igreja.

É de notar que Ducor atribuí também a um certo modismo a procu


ra do Budismo. A adesáo, no caso, é superficial, nao militante.

Eis o que faz o católico refletir mais a fundo sobre a sua responsa-
bilidade de sal da térra e luz do mundo.

495
Mais apavoramento:

MICROCHIP E ANTICRISTO

Em síntese: O microchip é um sensor eletrónico colocado debaixo


da pele das pessoas e ativado de acordó com os movimentos muscula
res do individuo; permite assim detectar onde esteja uma crianga ou um
animal perdido. O microchip serve também de carteira de identidade e
cartáo de crédito, de modo que nao haverá mais dinheiro vivo em circula-
gao, mas sim pagamento eletrónico. - Estes avangos da tecnología nada
tém que ver com o Apocalipse nem com o Anticristo, de mais a mais que
Anticristo nos escritos joaninos designa todo aqueie que nega o Cristo
sem conotagáo escatológica.
* * *

Tem-se divulgado em tom sinistro o uso de microchips ou sensores


eletrónicos que identificaráo as pessoas e extinguiráo o uso de dinheiro
vivo. O Apocalipse é citado como profecía que anuncia tais fatos e prevé
concomitantemente o fim do mundo. - Passamos a analisar o problema
assim esbocado a fim de esclarecer as pessoas inquietas.
1. O Problema

No dia 16 de junho de 2001 iniciaram-se na Florida (U.S.A.) os


implantes de microchips subcutáneos. Os chips sao pequeños sensores
eletrónicos colocados debaixo da pele dos usuarios e ativados de acordó
com os movimentos musculares destas pessoas. Pequeños como graos
de arroz, serviráo a duas finalidades:
1) detectar animáis desgarrados, enancas perdidas, fugitivos de
Penitenciarias ... - Quem precisar de contactar alguém numa emergen
cia, chamará o Banco de Dados local para controle de Seres Humanos e
indicará o nome e outros dados da pessoa desejada. As ¡nformacóes
rastreadas por aparatos eletrónicos (torres de celulares, satélites...) des-
cobrirao a identidade digital solicitada, agindo como um dispositivo de
localizacáo; assim em poucos minutos será localizada a pessoa procurada;
2) substituir o dinheiro vivo, os cheques e os cartóes de crédito; far-
se-á a transferencia eletrónica de dinheiro. Os crimes seráo reduzidos
em grande escala; nem os ladroes poderáo roubar o chip implantado sob
a pele. Nao haverá mais necessidáde de chaves de seguranca nem de
combinacóes de fechaduras e cofres, funcionando como um código de
acesso, o chip destrancará carro, casa, escritorio e tudo o que for do usuario.
Após anos de pesquisa e planejamento, as instituicóes financeiras
estáo anunciando Sociedade Global sem Dinheiro. A habilidade para

496
MICROCHIP E ANTICRISTO 17

administrar todas as maneiras de troca monetaria está sendo substituida


pela tecnología do microchip ou dinheiro eletrónico, tecnología esta cria
da em 1993 por banqueiros de Londres. Todos os sistemas de transacáo
exibem o SET MARK. - Ora aqui comecam as apreensóes de muitos
cristaos, pois dizem que SET é o deus egipcio do mal ou Satanás e MARK
é a marca da Besta 666, que vem juntamente com o microchip; e continu-
am em mensagem internet:

"O que a maioría das pessoas nao percebe é que a marca da Besta
está colocada sobre osprodutos que nos compramos e utilizamos todos os
dias. Todo código de barras contém o número 666... 'Aqui há sabedoria.
Aquele que tem entendimento, calcule o número da Besta, porque é o núme
ro de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis' (Ap 13,18)".

A meta é urna nova ordem mundial, baseada num governo global,


numa religiáo global e numa economía eletrónica global. O implante do
microchip, que se tornará cada vez mais obrigatório, será o cumprimento
da profecía do Apocalipse: 'Conseguiu que todos, pequeños e grandes,
ricos e pobres, livres e escravos tivessem um sinal na máo direita e na
fronte, e que ninguém pudesse comprar ou vender se nao fosse marcado
com o nome da Besta ou com o número do seu nome1 (Ap 13,16s).

Na realidade, querem mesmo é marcar e controlar a liberdade de


todas as pessoas que passaráo a ser como gado: "possuiráo apenas um
número e nada mais do que isto; nao haverá privacidade alguma para os
que se submeterem a esta marca de Satanás".

Os sensores eletrónicos sao também chamados "anjos digitais":


"Levados pela ¡mensa necessidade de ter Paz e Seguranca, os homens
comecam desde já a vender suas almas ao demonio, que agora se apre-
senta a nos como Anjos Digitais".

Pergunta-se:

2. Que dizer?

As previsoes pessimistas estio baseadas na suposicao de que a


implantacáo dos microchips corresponde ao que se lé em Ap 13, 1-18.
Ora a propósito sejam feitas duas observacóes.

2.1. As duas Bestas

Ap 13 apresenta duas Bestas.

- a primeira emerge do mar (13,1)... Quem está na ilha de Patmos


(como Sao Joáo estava) e olha para o alto mar, dirige seu olhar, em últi
ma instancia, para Roma. Donde se pode dizer que essa primeira Besta
é o Imperador Romano perseguidor dos cristaos. O seu nome tem o valor
número 666 o que quer dizer Qaisar Nerón (César Ñero); cf. Ap 13,18;

497
18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

- a segunda Besta emerge da térra (13, 11) ... Quem na ilha de


Patmos olha para o continente mais próximo, dirige-se para a Asia Me
nor (Turquía de hoje), onde era cultuado o Imperador ou a religiáo do
Imperio. Donde se deduz que a segunda Besta simboliza a religiáo mani
pulada pelo poder civil para fortalecer a autoridade perseguidora dos cris
táos. - Sao Joáo escrevia num tempo de boicote aos cristáos e, indican
do o número 666 como sendo o do Imperador hostil, quería dizer que
este estava fadado a perecer, pois 6 (= 7 -1) indica derrota e ruina.

Note-se que em Ap 13 nao se tala do demonio nem do anticristo;


666 nao é o número do maligno, ma sim o do poder imperial perseguidor.

Referindo-se a Ñero e ao culto imperial, o Apocalipse tem em vista


propor um tato paradigmático: toda a historia da Igreja seria marcada por
ofensivas de Estados totalitarios que arrogariam a si direitos divinos.

Ora nao se pode dizer que a ¡mplantacao de chips nos Estados


Unidos esteja associada a criterios religiosos; é urna aplicacáo da
tecnología moderna que visa a facilitar o relacionamento entre os ho-
mens e que, do ponto de vista religioso, é neutra, podendo ser utilizada
tanto para o bem como para o mal dos cristáos. O demonio nao está
necessariamente associado aos implantes de chips.

2.2. O Anticristo

Muitos julgam que no fim dos tempos aparecerá o Anticristo, isto é,


um individuo ou urna faccáo hostil a Cristo. Há mesmo quem pense que
ele já está presente no mundo. - Ora a palavra "anticristo" só ocorre nos
escritos joaninos (Uo 2, 18.22; 2Jo 7) e sempre para designar os que
negavam a verdadeira encarnacáo do Verbo. Verdade é que Sao Paulo,
em 2Ts 2, 4, fala da aparicáo do impio e Filho da Perdicáo nos últimos
tempos; o Apostólo tem em vista alguém táo iníquo quanto o rei sirio
Antíoco IV Epífanes, que em dezembro de 167 a.C. profanou o templo de
Jerusalém, sacrificando ali a Zeus Olímpico, conforme 1Mc 1,59; 2Mc 6,
2; 10,5; Dn 11,32. Isto quer dizer que nos últimos tempos haverá horren
da perseguicáo aos fiéis de Cristo; é vaga, porém, a figura que causará
tal desgraca. Seria temerario identificá-la com algum dos agentes da his
toria contemporánea. Assim nem o Apocalipse nem Sao Paulo nos per-
mitem tracar um nítido quadro dos acontecimentos fináis. Carece de va
lor a exegese que pretende ver nos acontecimentos de nossos dias o
cumprimento de profecías escatológicas ou relativas ao fim do mundo.

Nao há dúvida, a globalizacáo tem seus aspectos negativos, que


parecem corresponder ás teses de Nova Era: govemo único para todos
os povos, destruicáo da familia; religiáo única em substituicáo ao Cristia
nismo... Todavía vozes abalizadas já se tém feito ouvir, alertando para os
perigos da excessiva globalizagáo, de modo que a oposicáo ao giobaiismo
geral já se faz sentir. Ademáis a Igreja Católica ("a minha Igreja", Mt 16,

498
MICROCHIP E ANTICRISTO 19

18) tem a promessa da indefectibilidade até o fim dos tempos (cf Mt 28


18-20).

Por conseguinte, diante de prognósticos aterradores toca aos fiéis


católicos guardar a paz de coracáo e construir o Reino de Deus hoje,
sem viver em funcáo de "profecías" mal fundamentadas e desabonadas
pelo próprio desenrolar dos tempos.

A Morte nao existe mais!, pelo Pe. Heitor Sapattini, - Ed. Loyola,
Sao Paulo 2002, 120 x 210 mm, 75 pp.

Os temas relacionados com o Além tém sido muito estudados nos


últimos tempos, mas nem sempre de acordó com o ensinamento oficial
da Igreja. O Pe. Heitor Sapattini aborda tais questóes num intuito pasto
ral, visando a defender a fé na vida após a morte e na derrota da morte
ressurreicáo de Cristo" (43 capa). A intengáo é louvável; todavía a execu-
gáo deixa a desejar. Eis alguns pontos do livro que sugerem reparos:
p. 23: "A primeira morte, biológica, nada tem a ver com o pecado
original". Esta afirmagáo contraria o que as Escrituras e a Tradigáo pro-
fessam. Assim, por exemplo, Sao Paulo em Rm 5, 12-17 ensina que a
morte corporal (biológica) entrou no mundo por causa do pecado dos
primeiros país. Foi justamente para tirar da morte o caráter de mera puni-
gáo que Cristo quis morrer corporalmente.

Para fundamentar sua tese, o autor observa que bebezinhos e crí-


angas inocentes morrem sem jamáis ter pecado. - Esta outra afirmagáo
merece comentarios: as criangas antes do uso da razao nao cometem
pecados atuais, mas, nao obstante, sao portadoras do que se chama
"pecado original originado", penhorde morte biológica. O autor confunde
pecado atual com pecado original.

Na mesma p. 23 o autor parece contradizer-se. Com efeito, reco-


nhece que Maria SSma. nao pecou, mas faz questáo de dizer que ela
morreu, pois (diz ele) se nao morreu, nao ressuscitoue nao está gloriosa
no céu em corpo e alma. - A propósito deve-se dizer que a tese mais
provável é a que admite a morte de Maña SSma. nao devida a pecado
pessoal da SSma. Virgem, mas ao fato de que Jesús inocente morreu.
Todavía salvase a glorificagáo final de Maria mesmo no caso de nao ter
morrido. Áp.21 o autor nega a distingáo de corpo e alma. Por isto diz á p.
59 que "o corpo espiritual ressuscita na hora da morte" enquanto o corpo
cadáver vai para a térra. - Ora a doutrina da Igreja ensina que o ser
humano consta de corpo material e alma espiritual (distintos um do outro)
e que a ressurreigáo do único corpo humano se dará no fim dos tempos;
cf. Jo 6, 44.54; 1 Cor 15, 2s; 1Ts 4, 16s.

Estes poucos dados evidenciam que o livro nao é cartilha para o


estudo da escatologia.

499
Eco a debater frequentes:

O DEMONIO: SIM OU NAO?

Em síntese: O presente artigo examina os fundamentos bíblicos e


tradicionais da crenga na existencia e na atividade do demonio, visto que
nos últimos tempos se vem negando com énfase tal artigo de fé. A nega-
gáo procede de preconceitos ou também do desejo de dissipar caricatu
ras do anjo mau existentes na crendice popular. O assunto nao é da área
filosófica, mas é estritamente teológico; portento a explanacáo do mes-
mo depende da Revelagáo oral e escrita, que a Igreja, como Máe e Mes-
tra assistida por Jesús, tem transmitido aos fiéis.
* * *

Nos últimos decenios, especialmente nos anos mais recentes, au


tores cristáos tém negado a existencia do demonio através da imprensa
escrita e de outros meios de comunicacáo.

Alguns o fazem superficialmente, quase num estilo de impacto e


sensacionalismo; negam gratuitamente, sem argumentar... e com certo
sarcasmo, deixando confusos os leitores despreparados.

Outros pretendem provar que o demonio nao existe, mas foi intro-
duzido na Biblia e na Tradicáo crista por influencia do paganismo. Tal é o
caso do Pe. Osear Quevedo em seu livro "Antes que os demonios vol-
tem", livro já comentado em PR 323/1989, pp. 146-156, onde sao apon-
tados preconceitos e sofismas do autor da obra, que se repetem na tele-
visáo e na internet.

Na verdade, nenhum teólogo tem interesse em se deter longamente


sobre a existencia e a acáo do demonio. Este é "um cao acorrentado,
que pode ladrar violentamente, mas só consegue morder a quem se Ihe
chega perto" (S. Agostinho). Todavía, por respeito ao patrimonio da fé, o
teólogo é obrigado a tratar do assunto quando se levantam questoes a
respeito. Os criterios para abordar tal tema nao sao os da Filosofía, mas
os da Revelacáo Divina, ou seja, a Palavra de Deus oral e escrita (S.
Escritura) tal como nos chega através da Igreja, Máe e Mestra.

Comecemos, pois, por examinar o testemunho bíblico.

1. O Testemunho Bíblico

Há quem alegue: "O termo 'demonio' nao aparece urna só vez


no original do Velho Testamento".

500
O DEMONIO: SIM OU NAO? 2\_

- Ora o texto original do Antigo Testamento foi quase todo escrito


em hebraico, língua sagrada dos judeus; em grego temos apenas os l¡-
vros deuterocanónicos1: Tobías, Judite, Baruque, Eclesiástico, 1/2
Macabeus, Sabedoria, além de fragmentos (Daniel 3, 24-90; 13, 1-14,
42; Ester 10, 4-16, 24). Em conseqüéncia, compreende-se que o texto
original (hebraico) do Antigo Testamento nao pode apresentar o vocábu-
lo daimon ou daimonion {= demonio), que é grego.

Se nao existe a palavra grega daimon nos escritos hebraicos do


Antigo Testamento, existem palavras hebraicas equivalentes, como sao:
a) Sata = Adversario. Este é um anjo que aparece no livro de Jó
como detrator do homem e causador das suas desgracas; cf. Jó 1, 7; 2,
2; ver também 1 Rs 22,19-23. Mais nítidamente ainda ocorre em 1Cr 21,
1, onde Sata é tido como aquele que instiga o homem ao pecado.

b) Belial, beliyya'al (= sem utílidade?) é o anjo malvado, mencio


nado em 2Sm 23, 6: "Os homens de Belial sao todos como a espinha
rejeitada..."; Jó 34,18: "Deus, que diz a um rei: 'Belial!...'"

Sao Paulo designa como Belial o chefe dos espfritos maus, que se
opóe a Cristo e se manifesta na vida dos pagaos:

"Que acordó há entre Cristo e Belial? Que relagáo entre o fiel e o


incrédulo?" (2Cor 6, 15).

c) Asmodeu (= Exterminador) é o anjo mau, que deu morte suces-


siva aos sete pretendentes de Sara, filha de Raguel; cf. Tb 3, 8; 6,14.

d) Baalzebub (= Senhor das moscas) era o nome de urna divinda-


de filistéia (ou de Acarón); cf. 2Rs 1, 2-16. Os judeus, após o exilio (586-
538 a.C), evitavam pronunciar o nome de Sata (Berakot (60,1); por isto,
em seu lugar, usavam o nome Baalzebub, deformacao de Baalzebul (=
dono da casa, isto é, Príncipe da Moral Infernal). Finalmente os rabinos,
querendo escarnecer os ídolos, modificaram o nome para Baalzebel (=
Senhor do Estéreo). Ver no Novo Testamento Me 3, 20.

e) Serpente Tentadora, que induziu os primeiros pais ao pecado:


Génesis 3,1-6. O texto grego do livro da Sabedoria apresenta essa Ser
pente como sendo ho diábolos (= o diabo); ver Sb 2, 24.

2. Quanto ao exorcismo ou ao rito aplicado para expulsar o demo


nio, encontramo-lo entre os judeus do tempo de Cristo. Assim o historia
dor judeu Flávio José (37-95 d.C), no seu livro de Antigüidades Judai
cas 8,45s, apresenta a descricio do exorcismo efetuado na época; além

1 Os deuterocanónicos sao livros que os judeus nao aceitam precisamente por terem
sido escritos em grego ou em aramaico e nao em hebraico. Os católicos, porém, os
aceitam, baseados na própria tradigáo dos judeus de Alexandria (Egito).

501
22 TERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

disto, refere que foram atribuidas ao rei Salomáo "sentencas adequadas


para obter a cura de doencas, e fórmulas de exorcismo mediante as quais
se podiam subjugar e rechacar os espíritos, de modo que nao conseguis-
sem retornar".

O Novo Testamento dá testemunho de que os judeus praticavam o


exorcismo - o que supóe a crenca na existencia do demonio. Tenham-se
em vista:

At 19,13: "Alguns dos exorcistas judeus ambulantes comegaram a


pronunciar, eles também, o nome do Senhor Jesús sobre aqueles que
tinham espíritos maus. E diziam: 'Eu vos conjuro por Jesús, a quem Pau
lo proclama!'".

O próprio Jesús se referia aos exorcistas judeus:

Mt 12, 27s: "Se eu expulso os demonios por Beelzebu, por quem


os expulsam os vossos adeptos?.. Mas se é pelo Espirito de Deus que eu
expulso os demonios, entáo o Reino de Deusjá chegou a vos".

Jesús mesmo praticava exorcismos, como se depreende deste texto


e de outros, quais Mt 9, 32-34; 12, 22-24; 15, 21-28; Me 1, 23-28; Le 8,
28s; 13, 10.17.

Notemos, alias, que os evangelistas distinguem entre possessos e


doentes, embora alguns dos casos de possessáo, no Evangelho, se
assemelhem a doencas. Ver Me 1,34; Mt 8,16s; Le 6,18 e especialmen
te Le 4, 40s:

"Ao por do sol, todos os que tinham doentes atingidos de males


diversos, traziam-nos e Jesús curava-os. De um grande número saiam
também demonios, gritando: 'Tu és o Filho de Deus!'".

Os exorcismos realizados por Jesús eram o sinal de que se ia des-


truindo o imperio de Satanás e se inaugurava o Reino de Deus: Mt 12,
28; Jo 12, 31. Ver Le 10,17-20:

"Os setenta e dois voltaram com alegría, dizendo: 'Senhor, até os


demonios se nos submetem em teu nome'. Ele Ihes disse: 'Eu vía Sata
nás cair do céu como um relámpago! Eis que eu vos dei o poder de pisar
serpentes, escorpióes e todo o poder do Inimigo, e nada vos poderá cau
sar daño. Contudo nao vos alegréis porque os espíritos se vos subme
tem: alegrai-vos, antes, porque os vossos nomes estao inscritos nos céus".

Á vista deste texto e de outros, nao se pode dizer que "Cristo nunca
fez exorcismo, nem tampouco recomendou que os apostólos o fizessem".
Na verdade, Jesús nao fingiu estar diante do Maligno nem exerceu urna
arte teatral ao exorcizá-lo, como se nao houvesse possessáo diabólica.

502
O DEMONIO: SIM OU NAO? 23

Adaptando-se a uma crenca "errónea" dos seus contemporáneos, Jesús


teria confirmado os judeus no seu "erro" e teria transmitido aos cristáos a
falsa nocáo de possessáo diabólica. Ora Jesús veio justamente para a
missáo de dissipar os erras e dar testemunho da verdade - o que nao se
compatibiliza com fingimento e teatralidade vazia:

Jo 18, 37: "Para isto nasci e para isto vim ao mundo: para dar tes
temunho da verdade. Quem é da verdade, escuta a minha voz".

Por conseguinte, é forcoso admitir que Jesús, Mestre da Verdade,


nao "fez palhacadas", mas confirmou a crenga na possessáo diabólica e
efetuou exorcismos.

Após Jesús Cristo, a Igreja durante vinte séculos (até hoje) afirmou
e afirma a possibilidade da possessáo diabólica; Ela tem também um
Ritual de Exorcismo Solene, a ser utilizado em casos precisos. Todavía o
diagnóstico de possessáo diabólica hoje em día é mais minucioso do que
outrora, pois se sabe que varios fenómenos entáo inexplicáveis eram
atribuidos á acáo do Maligno, ao passo que atualmente sao reconheci-
dos como fenómenos meramente humanos ou psicológicos. Em conse-
qüéncia, recomenda-se cautela a fim de nao se admitir precipitadamente
a possessáo diabólica.

Examinemos agora as declaracóes do magisterio da Igreja, ao qual


Jesús prometeu a infalível assisténcia do Espirito Santo (cf. Jo 14 26-
16,13-15).

2. O Magisterio da Igreja

A Igreja nunca sentiu a necessidade de definir a existencia do de


monio como tal. A razáo disto é que as definicóes do Magisterio supóem
sempre a negacáo de alguma verdade revelada por Deus. Ora nunca na
antigüidade e na Idade Media foi negada a existencia do demonio. Os
erros respectivos versaram sobre a natureza, a atividade, o pecado, a
condenacáo... do Maligno.1 Por isto as intervencóes do Magisterio versa
ram somente sobre aspectos da acáo do Maligno no mundo, dando sem
pre por certa a existencia do mesmo.

' Entre outras coisas, os antigos acredltavam que houvesse demonios íncubos e
demonios súcubos. Demonio íncubo seria o demonio masculino que viña de noite
copular com uma muiher, causando-lhes pesadelos.
Demonio súcubo seria o demonio feminino que, de noite, copularía com um no-
mem, causando-lhe pesadelos. - É claro que a cópula de demonios e seres huma
nos é impossível, mas tal crenga era transmitida de geragáo em geragáo nopovo de
Deus desde os tempos pré-cristáos; sim, os rabinos julgavam que os filhos de Deus
que se uniram as filhas dos homens, conforme Gn 6, 1s, eram anjos que copularam
com mulheres. Segundo bons exegetas, haveria alusáo a esta concepgáo emJd6e
2Pd2, 4.

503
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

Percorramos, pois, algumas declaracóes do Magisterio da Igreja.


1) O Credo niceno-constantinopolitano ou urna Profissáo de fé da
Igreja no século IV comeca afirmando:
"Creio em um só Deus, Criador de todas as coisas, visíveis e invisí-
veis".

O sentido desses seres invisíveis foi posteriormente explicitado:


trata-se dos anjos, dos quais alguns pecaram e assim se tornaram anjos
maus. Foi o que o Concilio do Latráo IV (1215) declarou: "O diabo e os
demais demonios foram certamente por Deus criados bons em sua natu-
reza, mas por si mesmos se tornaram maus" (DS 800).' - Este esclareci-
mento, ao qual se poderiam acrescentar outros semelhantes, de data
anterior ou posterior, tinha em vista o dualismo, que admitía dois Principi
os coeternos: o do Bem e o do Mal, Deus e o Diabo.
2) O Sínodo regional de Constantinopla em 543, tendo em vista os
origenistas, afirma que a punicao dos demonios nao tem fim e nao se
pode admitir a restauracáo (reintegracáo) dos mesmos na graca de Deus.
Cf. DS411.

3) O Concilio de Braga (561) determinou:

"Se alguém diz que o diabo nao foi primeiramente um anjo bom,
criado por Deus, e que sua natureza nao foi obra de Deus, mas, ao con
trario, diz que emergiu do caos e das trevas e que nao tem autor, pois é
ele mesmo o principio e a substancia do mal, como afirmaram Maniqueu
e Prísciliano, seja anatema.

Se alguém eré que o diabo fez no mundo algumas criaturas e que


por sua própria autoridade continua produzindo os trovóes, os raios, as
tempestades e as secas, como disse Prisciliano, seja anatema" (DS 457s).

4) O Concilio de Florenca, em seu Decreto para os Jacobitas


(1441), declara:

"A Igreja firmemente eré, professa e ensina que ninguém concebi


do de homem e de mulher foi jamáis libertado do dominio do diabo a nao
ser pela fé no Mediador entre Deus e os homens, Jesús Cristo, Nosso
Senhor" (DS 1347).

5) O Concilio de Trento afirma, no Decreto sobre a justificacáo


(1547), que os homens, em conseqüéncia do pecado original, "estavam
sob o poder do diabo e da morte" (DS 1521). Ao falar da perseveranca,
observa que, depois da justificacáo, "os homens ainda tém que enfrentar

1A sigla DS designa: Enquirídio de Símbolos, Defínigóes e Declaragóes da Igreja.

504
O DEMONIO: SIM OU NAO?

a luta contra o diabo" (DS 1541). Os que pecam após o Batismo, entre-
gam-se a servidáo do pecado e ao poder do demonio" (DS 1668).
Referindo-se á Uncáo dos Enfermos, diz o mesmo Concilio em
1551:

"Aínda que o nosso adversario (o demonio), durante toda a vida


procure e aproveite ocasióes para poder de um modo ou de outro devo
rar nossas almas (cf. 1Pd 5, 8), em tempo algum ele é mais astuto para
nos perder totalmente do que no término ¡mínente da nossa vida" (DS
7 o£/4/

"Gragas a este sacramento, o enfermo resiste melhorás tentacóes


do demonio" (DS 1696).

6) Pió XII, na encíclica Humani Generis (1950), censura a atitude


daqueles que perguntavam "se os anjos (e, portanto, também o diabo)
sao criaturas pessoais" (DS 3891). O Papa tinha em vista os que preten-
diam negar a existencia do demonio, reduzindo-o a figura literaria.
7) O Concilio do Vaticano II afirma que o "Filho de Deus, por sua
morte e ressurreicáo, nos livrou do poder de Satanás" (Sacrosanctum
Concilium 6)... "o Pai enviou seu Filho a fim de por Ele arrancar os ho-
mens do poder das trevas e de Satanás" (Ad Gentes 3);... "Cristo derro-
tou o imperio do diabo" (Ad Gentes 9). Aludindo a Ef 6,11-13, o Concilio
fala das "ciladas do demonio" (Lumen Gentium 48).
8) Paulo VI, em varias ocasioes, referiu-se á existencia e á ativida-
de maléfica do demonio. Em sua homilía de 29-06-72 pronunciou famosa
frase:

"Através de urna brecha penetrou a fumaga de Satanás no templo


de Deus".

Aos 15-11-72 estendia-se sobre a realidade do demonio:


"É o inimigo número um, o tentador por excelencia. Sabemos tam
bém que este ser obscuro e perturbado existe de verdade e que com
pérfida astucia é atuante; é o inimigo oculto que dissemina erros e infor
tunios na historia dos homens... É o pérfido e astuto encantador que sabe
insinuarse em nos por meio dos sentidos, da fantasía, da concupiscen
cia, da lógica utópica ou dos desordenados contatos sociais no exercício
das nossas atividades, para nestas introduzir desvíos, muito mais noci
vos porque aparentemente conformes com nossas estruturas físicas ou
psíquicas ou com as nossas instintivas e profundas aspiragóes...
Poderemos supor que esteja atuando sinistramente onde a nega-
gáo de Deus se faz radical, sutil e absurda; onde a mentira se afirma
hipócrita e poderosa contra a verdade evidente; onde a mentira se afirma
505
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

hipócrita e poderosa contra a verdade evidente; onde o amoré eliminado


por um egoísmo frío e cruel; onde o nome de Cristo é impugnado com
odio consciente e rebelde...; onde o espirito do Evangelho é mistificado e
contraditado; onde se afirma o desespero como última palavra.
Deixa o quadro do ensinamento bíblico e eclesial quem se recusa a
reconhecer a existencia do demonio, ou quem faz do demonio um princi
pio que existe por si e nao tem, como as demais criaturas, a sua origem
em Deus, ou ainda quem explica o demonio como sendo urna pseudo-
realidade, urna personificagáo conceitual e fantástica das causas desco-
nhecidas de nossas desgragas" (ver UOsservatore Romano de 16-11-
1972).
Podemos agora condensar a doutrina do Magisterio em cinco pro
posites:

1) Os documentos citados convergem em supor a existencia do


demonio como ser real, ontologicamente bom, dotado de inteligencia e
vontade, capaz de agir no mundo. Este é um dado de fé.
2) O diabo depende de Deus Criador. Foi criado por Deus; por con-
seguinte, foi criado bom. A maldade do diabo se deve ao fato de que
pecou. Afastou-se livremente de Deus, condenando-se a estar privado
de Deus para sempre, pois os seres espirituais (no caso, os anjos) sao
¡mortais por sua própria natureza.
3) Por permissáo de Deus, o diabo atua astuciosamente, tentando
levar o homem ao mal, sem poder anular a liberdade humana. O homem,
ao pecar, entrega-se á influencia do Maligno.
4) Cristo Redentor nos resgatou do dominio do diabo.
5) O Magisterio da Igreja nao se compromete com outras afirma-
cóes, como aquelas atinentes ao tipo de pecado dos demonios, ao nú
mero e á hierarquia dos anjos maus, as modalidades de sua atuacáo no
mundo.
3. A atividade do demonio

Por ser um espirito sem corpo, o demonio nao pode ter relacóes
sexuais com mulheres, como pensavam os antigos. Por ser espirito, goza
de conhecimento mais perspicaz do que o do homem; a sua inteleccáo
nao passa pelos sentidos, que sao sempre muito limitados em sua apre-
ensáo. Todavía os anjos maus nao sao todo-poderosos; estáo sob a re
gencia de Deus, que nao Ihes permite tentar o homem ácima das suas
forcas(1Cor10,13).

A atividade ordinaria do Maligno consiste em tentar os homens ao


pecado. A S. Escritura Ihe atribuí a tentacáo dos primeiros pais (cf. Gn 3,

506
O DEMONIO: SIM OU NAO? 27

1-5) e acrescenta que Jó (Jó 1-2), Jesús (Mt 4, 1-11), Sao Paulo {2Cor
12, 7-9), os Apostólos todos (cf. Le 22, 31 s) foram tentados. Por ¡sto Je
sús nos ensinou a pedir: "Nao nos deixeis cair em tentacao, mas livrai-
nos do mal (ou Maligno)" (Mt 6, 13). Segundo o designio de Deus, a
tentacao deve contribuir para acrisolar e fortalecer a virtude do homem.

Os teólogos observam que o tentador nao pode agir diretamente


sobre o conhecimento e a vontade do homem, nem mesmo os pode pe
netrar. Por conseguinte, só indiretamente pode tomar conhecimento do
que o homem pensa e quer, e só indiretamente, mediante objetos exter
nos, pode influir sobre o conhecimento e o querer do homem. O demonio
nunca pode anular a liberdade e a responsabilidade de alguém; nao há
pecado sem consentimento voluntario e livre.

O demonio nao é a única fonte de tentacóes. Existem duas outras,


que sao as próprias paixóes existentes no homem e as influencias nega
tivas do mundo (ou do mundanismo). Em conseqüéncia, é difícil dizer de
onde provém alguma tentacáo. Na prática, nao se deveria atribuir tanta
importancia ao demonio; os afetos desregrados que toda criatura huma
na traz dentro de si, sao, muitas vezes, suficientes para explicar tal ou tal
tentacao. Ácima de tudo, importa ao cristáo nao dar ocasiáo ao pecado,
afastando-se de todas as situacóes que a ele possam levar direta ou
indiretamente. De resto, será sempre possível ao cristáo vencer o mal,
pois Deus nao preceitua coisas impossíveis, mas, ao preceituar algo, Ele
nos admoesta a fazer o que podemos e a pedir o que nao podemos; além
disto, ajuda-nos para que o possamos cumprir, como declarou o Concilio
e Trento (1547), retomando palavras de S. Agostinho (t 430); cf. OS 1536.

Introducáo á Trindade, por Lynne Faber Lorenzen. Tradugáo de


Euclides Luís Calloni. - Ed. Paulus, Sao Paulo 2002, 120x210 mm, 158
PP-

A autora é professora adjunta de Religiáo da Faculdade Augsburg


de Minneapolis (U.S.A.). Escreve um livro que supde o estudo básico do
tratado da SSma. Trindade e aborda questóes complementares: Como o
cristáo pode falar de Deus Uno e Trino? Como essas teólogas feministas
véem a Trindade? Como a encaram os teólogos ditos "doprocesso"?... O
livro supde que o leitor tenha criterios sólidos para avaiiar quanto ai se
diz, pois aborda assuntos discutiveis.

507
Sarcasticamente agressivo:

"POR QUE MARÍA CHORA?"


por J.T.C.

Em síntese: O panfleto "Por que María chora?" responde a esta


interrogagao alegando tres causas para tanto: María é chamada "Máe de
Deus"; é tida como imaculada; é invocada como intercessora. Por último
o autor quer derivar a devocáo a María SSma. de cultos pagaos á Rainha
do céu. - O livreto é tendencioso e superficial; interpreta os textos bíbli
cos de maneira preconcebida. Quanto ao culto de Semframis, figura len-
daría que J. T.C. diz ser o prototipo da Virgem SSma., está longe de qual-
quer semelhanga com Nossa Senhora. De resto, a veneragáo a María
SSma. é muito anterior ao ano de 300 (data proposta pelo autor para o
surto da devogáo), pois S. Ireneu, S. Justino e S. Inácio de Antioquia já
no século II (S. Inácio morreu em 107) atestavam essa estima profunda
pela segunda Eva, que resgatou o papel da primeira Eva, seguidora do
anjo mau.
* * *

O protestantismo tem espalhado impressos diversos, que atacam


as verdades da fé católica, nao raro em estilo sarcástico; nao recusam a
imprecisáo ou mesmo alegacdes falsas, no intuito de destruir a piedade
do povo católico. Entre outros, está o panfleto "Por que Maria chora?", da
autoría de J.T.C. É impresso nos Estados Unidos com a rubrica
PORTUGUESE 834/d e distribuido em Sao José dos Campos (SP). O
autor repete clássicas objecóes já freqüentemente refutadas pelos cató
licos e, no final, pretende identificar o culto de veneracáo a Maria SSma.
com o culto de urna deusa do paganismo. O opúsculo bem atesta a igno
rancia cega do respectivo autor, que parece mais odiar a fé católica do
que amar a verdade; como quer que seja, pode impressionar o leitor
despreparado. Daí a conveniencia de I he fazermos algumas considerares.

1. O conteúdo do opúsculo

Podem-se distinguir duas partes nesse livreto. A primeira pretende


explicar por que Maria chora, e aponta tres razóes para isto: a) chamam-
na "Máe de Deus"; b) ensinam que ela nao tem pecado; c) oram a ela
como intercessora. A segunda parte do opúsculo alega que a devogáo a
Maria SSma. é mero sucedáneo do culto a urna deusa da Babilonia cha
mada Semíramis; terá sido promovida por Satanás a partir do ano de
300, quando "surgiu o Catolicismo Romano"; para "prová-lo", o autor cita

508
"POR QUE MARÍA CHORA?" 29

pretensos fatos colhídos na historia das religioes de maneira superficial e


pouco científica.

2. A resposta a J.T.C.

2.1. A Maternidade Divina

Lé-se no opúsculo: "María chora porque os homens a chamam 'Máe


de Deus1. 'Cristo é divino, sou apenas humana... Eu fui escolhida como
vaso para trazé-lo na forma de homem. Mas Cristo era Deus antes mes-
mo que eu nascesse'".

Como se vé, o autor ridiculahza a expressáo "Máe de Deus", en-


tendendo que se trata de Deus em sua eternidade. Está claro que nín-
guém é anterior a Deus, de modo a poder ser chamado "Máe de Deus"
na eternidade.

Quanto á alegacáo de que Cristo é divino e Maria é apenas huma


na, pode-se dizer que é verídica, mas exprime urna semiverdade. Com
efeito, Cristo é divino, como Deus-Filho, mas também é humano. Ele
chorou sobre Lázaro (cf. Jo 11, 35), sobre Jerusalém (cf. Le 19, 41); sen-
tiu fome, sede, cansaco... Isto decorre do fato de que Deus Filho, na
plenitude dos tempos, quis assumir a natureza humana no seio de Maria
SSma. (J.T.C. diz que Maria foi "o vaso que trouxe Jesús na forma de
homem"). Pergunta-se entáo: quem nasceu de Maria SSma.? - Deus
Filho feito homem ou revestido da humanidade que Maria SSma. Ihe trans-
mitiu na qualidade de Máe. Por isto pode-se e deve-se dizer que Maria é
verdadeira Máe de Deus, nao de Deus em sua eternidade (Maria é cria
tura de Deus), mas é Máe de Deus feito homem no tempo. Ela exerceu o
verdadeiro papel de Máe desde que ela concebeu do Espirito Santo e foi
recoberta pela sombra do Altíssimo. Disse o anjo Gabriel a Maria: "O
Espirito Santo vira sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua
sombra; por isto o Santo que nascer de ti, será chamado Filho de Deus.
Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo" (Le 1, 35.32). Des-
tas palavras conclui-se que Maria é realmente a Máe do Filho de Deus
que entrou em seu seio e quis ser gestado como homem durante nove
meses para nascer de Maria na qualidade de Deus feito homem. Daí o
título Theotókos, que desde o século III é atribuido a Maria SSma., já se
encontra nos escritos de Orígenes de Alexandria (t 250 aproximadamente).

Com outras palavras: toda máe é máe de urna pessoa. Qual é a


pessoa que nasce de Maria? - A segunda Pessoa da SSma. Trindade,
que déla assumiu a carne humana. Máe, porém, nao é máe apenas da
carne humana, mas de toda a realidade do seu filho. Ora o Filho de Maria
tinha urna só Pessoa, um só Eu (divino). Daí dizer-se que Maria é Máe de
Deus, nao enquanto Deus sem mais, mas enquanto Deus feito homem.

509
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

Alias nao se pode esquecer (e é o que fazem os protestantes) que o título


Theotókos {Máe de Deus) foi definido pelo Concilio ecuménico ou uni
versal de Éfeso em 431; essa definicáo resultou de longas reflexoes so
bre o patrimonio da fé. A Igreja assumiu conscientemente, como sua
doutrina oficial, a profissáo de fé na Maternidade Divina de Maria, profis-
sáo já encontrada em fórmulas do século III.

De resto, faz-se oportuno ainda citar Le 1, 43; Isabel chama Maria


"Máe do meu Senhor". Ora Senhor traduz a palavra grega Kyrios e a
palavra Kyrios traduz o hebraico Javé. Donde se deve entender que
Isabel se refere a Maria SSma. como sendo a Máe de Javé ou "a Máe de
meu Deus", pois Javé é o nome de Deus no Antigo Testamento. Vé-se,
pois, que o título Máe de Deus nada tem de pagáo, mas é genuinamente
bíblico.

2.2. A Imaculada Conceicáo

Continuando a perguntar: "Por que Maria chora?", J.T.C. responde:


"Porque os homens ensinam que ela nao tlnha pecado". - Que dizer?

a) É certo que somente Jesús nao teve nem pecado nem o débito
do pecado; Ele era Deus e nao poderia ser sujeito de pecado; seria uma
contradicáo. Maria nao era Deus; era filha de Adáo; por isto ela teve o
que se chama "o débito do pecado"; ela devia nascer com o pecado origi
nal, ou seja, sem a graca santificante, como todos os homens e mulheres
nascem. Mas ela foi remida por Cristo, e os méritos de Cristo Salvador
foram-lhe antecipadamente aplicados, de modo que o débito do pecado
nao se atualizou ou transformou em pecado. Desta maneira Maria nao é
igual a Cristo nem a Deus; é uma criatura remida por Cristo; ela tudo
deve a Jesús, mas, em vista do papel de Máe de Deus que ela devia
desempenhar, ela foi preservada do pecado original logo que concebida,
ao passo que os demais seres humanos sao purificados do pecado origi
nal mediante o Batismo.

b) A propósito seja recordado o que se entende por "pecado origi


nal".

O pecado original, na crianca, nao é um pecado propriamente dito;


nao é um ato consciente e voluntario de desobediencia a Deus. É, sim, a
ausencia dos dons gratuitos que nossos primeiros pais receberam no
inicio da historia e perderam por soberba e desobediencia; deviam ter
guardado esses dons (graca santificante, ausencia de concupiscencia,
ausencia de dor e de morte violenta...); deviam té-Ios guardado para os
transmitir a seus descendentes; todavía perderam-nos porque comete-
ram um verdadeiro pecado de revolta contra Deus; esteé o pecado ori
ginal originante. Tal perda redunda em que nascemos privados da gra-

510
"POR QUE MARÍA CHORA?"

9a que deveríamos receber dos primeiros país; é essa falta da graca


santificante que se chama pecado original originado. Como dito, na
crianca nao é um pecado propriamente dito, pois nao é urna falta consci
ente e voluntaria. É mero efeito da solidariedade que existe entre os
membros da mesma familia ou, no caso, da grande familia humana. Ora
a fé ensina que María nao nasceu privada da graca santificante, mas foi
concebida como criatura portadora da graca.

c) Merece atencao ainda o fato, citado por autores protestantes, de


que o dogma da Imaculada Conceicáo só foi definido por Pió IX em 1854.
Na tradicáo crista tres grandes Santos e Doutores nao aceitaram a pro-
posicáo da Imaculada Conceicáo, a saber: S. Anselmo de Cantuária (t
1109), S. Bernardo (t 1153) e S. Tomás de Aquino (t 1274). Por que nao
a aceitaram?

Eis a resposta. Nos séculos XII e XIII nao fora definido o dogma da
Imaculada Conceicáo; era assunto livremente discutível pelos teólogos,
de modo que os mencionados Santos nao incidiram em heresia, quando
negaram a Imaculada Conceicáo. Foi somente no século XIV, depois de
S. Tomás, que um franciscano, Joáo Duns Scotus (t 1308) encontrou a
fórmula exata para conciliar a Imaculada Conceicáo de María com a re-
dencao universal realizada por Cristo. Joáo Duns Scotus afirmou que
María foi remida, sim, por aplicacáo antecipada dos méritos de Cristo. Tal
fórmula foi aceita pela Igreja e abriu o caminho para que o Papa Pió IX
proclamasse o dogma da Imaculada Conceicáo em 1854, confirmando a
fé do povo de Deus professada desde remotas épocas.

2.3. Veneracáo de María Santíssima

O autor do opúsculo alega ainda: "María está chorando por causa


das multidoes de engañados que a visam como intermediaria... E eles
oram a ela... A Máe de Deus que os católicos adoram, nao é a Máe da
Biblia".

Já se tem dito repetidamente que os católicos nao adoram María


SSma., mas a veneram. Adorar é reconhecer a absoluta soberanía de
alguém - o que só se pode fazer frente a Deus. Venerar é simplesmente
honrar, reverenciar - o que se faz em toda familia e em toda comunidade
em relacáo aos grandes vultos do passado; ora María Santíssima é cer-
tamente, dentre todas as criaturas que seguiram o Cristo, a mais digna
de reverencia e veneracáo.

Quanto á intercessao de Maria em favor dos homens, note-se o


seguinte:

Partimos do fato de que nao existe graca meramente individual ou


graca dada a um individuo para esse individuo apenas. Toda graca tem

511
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

valor comunitario, pois pertencemos todos a urna grande familia, na qual


quem se enriquece de bens espirituais, enriquece a familia inteira. Como?

Nao há dúvida de que "só existe um Mediador entre Deus e os


homens, o homem Cristo Jesús, que se deu em resgate por todos" {1Tm
2, 5). Salva esta verdade, verificamos que desde o Antigo Testamento
Deus quis chamar homens e mulheres para levar a termo, como media
dores, a salvacáo destinada a todo o povo. O título de mediador é explí
citamente aplicado por Sao Paulo a Moisés em Gl 3,19: "foi mediador da
Leí", mas também mediador da saída do Egito, da Alianca, e intercessor
em favor do povo; cf. Ex 32, 11s. 31-34. Foram também chamados a
exercer um ministerio de mediacáo: Abraáo, que intercedeu pelas cida-
des depravadas (cf. Gn 18, 22-32); os levitas, que ofereciam o sacrificio
pelo povo e pediam para este a béncáo do Senhor (cf. Nm 6, 22-27); os
profetas portadores da Paiavra de Deus e intercessores em favor do povo
(cf. 1Sm 7, 7-12; 12,19-23; Am 7,1-6; Jr 15, 1...).

Assim também no Novo Testamento, os cristáos sao chamados a


interceder uns pelos outros (cf. 1Tm 2, 1-4), a fim de que cheguem ao
conhecimento da verdade e se salvem; Deus quer salvar uns mediante
os outros. "Urna alma que se eleva, eleva o mundo inteiro" (Joáo Paulo II,
Exortacáo sobre Reconciliacáo e Penitencia n916). Nao tém valor as
palavras de Caim, que perguntava se era guarda do seu irmáo, como
quem se isenta de responsabilidade (cf. Gn 4, 9). Essa mediacáo, longe
de negar ou diminuir a ¡ntervencao singular do Filho de Deus, póe-na em
evidencia; é por efeito da mediacáo sacerdotal e única de Cristo que o
cristáo pode fazer algo em prol do seu irmáo. O Senhor exerce sua me
diacáo servindo-se daqueies que Ele Iivremente quer associar á sua obra
em favor dos homens.

É sobre este paño de fundo que se coloca a intercessáo materna


ou medianeira de María em favor dos homens peregrinos.

A funcáo de intercessora, que cabe a todo cristáo em prol dos seus


irmáos, toca a María de modo especial, pois ela ocupa um lugar único na
Comunháo dos Santos; é a Máe do Redentor e, por extensáo, Mié de
toda a humanidade, que Jesús Ihe confiou pouco antes de morrer; cf. Jo
19, 25-27. Como toda máe na familia desempenha urna funcáo peculiar,
María a desempenha na Igreja. O fundamento dessa funcáo é a relacáo
de María com Jesús, relacáo que nao se limita ao individuo Jesús Cristo
(pois este nunca existiu senáo em funcáo da humanidade pecadora),
mas se estende ao Cristo total (Cabeca e membros do Corpo Místico,
Redentor e remidos, Cristo e Igreja). É o Concilio Vaticano II que o diz:
"Um sóéo nosso Mediador segundo as palavras do Apostólo: 'Por
que há um só Deus, também há um só Mediador entre Deus e os ho-

512
"POR QUE MARÍA CHORA?" 33

mens, o homem Cristo Jesús, que se entregoupara a redengáo de todos'


(1Tm2,5$). Todavía a materna missáo de María em favor dos homens de
modo nenhum obscurece ou diminuí a mediagáo única de Cristo, mas até
manifesta a sua eficacia. Com efeito; todo o salutar influxo da Bem-aven-
turada Virgem em favor dos homens... se origina do divino beneplácito.
Decorre dos superabundantes méritos de Cristo, repousa na mediagáo
de Cristo; déla depende inteiramente e déla tira a sua forga. De modo
nenhum impede, mas até favorece, a uniáo ¡mediata dos fiéis com Cristo"
(Constituigáo Lumen Gentium ne 60).

O S. Padre Joáo Paulo II dizia o mesmo aos 12/12/1981, comemo-


rando o 450e aniversario das aparicoes de Nossa Senhora de Guadalupe:
"A maternidade espiritual de María sobre todos os homens está
intimamente unida á maternidade divina. Com efeito, na devogáo em
Guadalupe aparece, desde o inicio, o trago característico que os pasto
res sempre incutiram e os fiéis sempre viveram com firme confianga. É
um trago apreendido por quem contempla María em seu papel singular
dentro do misterio da Igreja, derivado da sua missáo de Máe do Salvador.
Precisamente porque ela aceitou colaborar livremente com o plano
salvífico de Deus, Ela participa de maneira ativa, unida a seu Filho, na
obra da salvagáo dos homens.

Com outras palavras aínda: se durante a sua vida mortal María teve
como missáo cuidar de Jesús, guiá-lo e oríentá-lo, atualmente este cui
dado se volta, de maneira própria ao seu estado glorificado, em favor do
resto do Cristo total ou em favor dos membros do Corpo Místico de Cristo
que aínda peregrinam na térra. Por isto a Igreja a interpela como
intercessora ou como Maternidade orante e a contempla como a imagem
da consumagáo que esperamos alcangar".

O Antigo Testamento alias apresenta um caso explícito de inter-


cessáo de fiéis que passaram para o além, em favor de seus irmáos
remanescentes na térra. Encontra-se em 2Mc 15,12-14: Judas Macabeu
tem a visáo de Onias, "que fora Sumo Sacerdote, homem honesto e bom,
modesto no trato e de caráter manso, desde a infancia exercitado em
todas as práticas da virtude;... estava com as máos estendidas, interce-
dendo por toda a comunidade dos judeus. A seguir, apareceu um ho
mem notável por seus cábelos brancos e pela dignidade, sendo maravi-
Ihosa e majestosíssima a superioridade que o circundava. Tomando a
palavra, disse Onias: 'Este é o amigo de seus irmáos, aquele que muito
ora pelo povo e por toda a cidade santa, Jeremías, o profeta de Deus"'.

2.4. Semíramis, a Rainha do Céu

J.T.C. vai buscar na Babilonia as origens do culto de veneracao


tributado a Maria SSma.: Semíramis, "lindíssima feiticeira, se tornou a

513
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

rainha da Babilonia e se casou com Ninrode... Satanás os usou para criar


urna seita diabólica táo poderosa que se espalhou pelo mundo inteiro;
multidóes passaram a ver Semíramis como a sua deusa-máe... Quando
surgiu o catolicismo romano cerca de 300 anos após Cristo, os líderes
sabiam que, se pudessem adotar a adoracáo da deusa-máe no seu sis
tema religioso,... entáo pagaos incontáveis se converteriam ao Catolicismo.

Mas quem poderia tomar o lugar da Grande Máe dos Pagaos?

María, a máe de Jesús, era lógicamente a pessoa certa. Pouco a


pouco a adoracáo dessa paga foi transferida a María".

Que dizer a propósito?

- Os melhores Dicionários sao sobrios em relacáo a Semíramis.


Eis, por exemplo, o que escreve a Encyclopaedia Britannica, vol. 20, p.
314:

"Semíramis (800 a.C), famosa princesa assíria em torno da qual


muitas lendas se acumularam. Estas dizem o seguinte:

Semíramis era a filha da deusa-peixe Atargatis de Ascalon na Siria,


e foi milagrosamente preservada porpombas, que a aiimentaram até que
foi encontrada e levada por Simmas, o pastor regio. Depois que ela se
casou com Onnes, um dos Generáis de Ninus, este ficou táo impressio-
nado com a bravura e coragem dajovem que resolveu tomá-la em matri
monio depois que Onnes se suicidou. Ninus faleceu; entáo Semíramis
Ihe sucedeu no poder, e atravessou todas as regioes do imperio, fundan
do cidades grandes (especialmente Babilonia) e construindo monumen
tos estupendos ou abrindo estradas por montanhas agrestes. Só foi infe
liz quando quis atacara india. Finalmente, após um reinado de quarenta
e dois anos, entregou o reino ao seu filho Ninyas, e desapareceu ou, de
acordó com o que parece ser a forma original da lenda, ela foi transfor
mada em pomba e, daí por diante, adorada como divindade".

O Dictionnaire Encyclopédique d'Histoire, por Michel Mourre,


nouvelle édition, volume Q-S, pp. 4251 s, traz a seguinte noticia:

"Semíramis foi urna rainha lendária da Assíria. Segundo tradigóes


da Pérsia, referidas por Ctesias e Diodoro da Sicilia, ela foi a esposa do
reí Niños e, após a morte deste, governou a Assíria durante quarenta e
dois anos. Ela subjugou a Armenia, o Egito, a Arabia, urna parte da Libia
e da Etiopia e toda a Asia até o rio Indus. Atribuem-lhe também a funda-
gao de Babilonia e dos famosos jardins suspensos desta cidade. A lenda
de Semíramis terá sido inspirada pela rainha assíria Samuramat, que real
mente existiu e foi regente durante a menor idade de seu filho Adad-
Nidari III, de 810 a 805 a.C".

514
"POR QUE MARÍA CHORA?" 35

Como se vé, o autor do panfleto vai procurar urna origem muito


artificiosa ou fantasiosa para a veneracao de María SSma. Os bons his
toriadores sao sobrios em relacáo a Semíramis, em vez de a apresentar
como Rainha-Máe adorada por todos os povos do Oriente. Alias, os es
critos de J.T.C. procuram na mitología a origem de práticas católicas,
sempre de maneira superficial e preconcebida. Na verdade, é muito com-
preensivel que, a partir das próprias prerrogativas de María apontadas
pelo Evangelho, se tenha desenvolvido a veneracáo á Santa Máe de Deus.
Longe de a adorar, os fiéis católicos reconhecem a grandeza única que
Ihe cabe em virtude da sua funcáo de Máe de Deus... Máe que Jesús
quis fosse também a Máe dos homens (Jo 19, 25-27). De resto, a devo-
cáo a María SSma. nao comecou em 300, "quando surgiu o Catolicismo
Romano"; temos indicios de veneracáo a María nos fins do século I ou no
comeco do século II, quando S. Inácio de Antioquia (t 107) escreveu:

"Nosso Deus, Jesús Cristo, tomou carne no seio de María segundo


o plano de Deus...

Permaneceu oculta ao príncipe deste mundo (cf. Jo 12, 31; 14, 30)
a virgindade de María e seu parto, como igualmente a morte do Senhor;
tres misterios de grande alcance, que se processaram no silencio de Deus"
(aos Efésios ns 18 e 19).

Embora S. Inácio combata os docetas, que negavam a realidade


plenamente humana do corpo de Jesús, nao deixou de afirmar o modo
singular como essa humanidade foi concebida e nasceu: a Máe de Jesús
foi Virgem. - O santo julga que este misterio ficou oculto ao demonio,
como haviam de pensar outros escritores antigos. Por falta de dados
mais precisos referentes ao demonio, nao nos é possível aprofundar a
afirmacáo de Inácio sobre esse "silencio de Deus".

Sao Justino (t 165) desenvolve o paralelismo entre Eva e María


SSma. A primeira Eva foi recapitulada pela segunda Eva, que resgatou o
papel de Eva; esta deu crédito ao anjo mau, ao passo que María acredi-
tou no anjo Gabriel:

"Fez-se homem, por meio da Virgem, a fim de que o caminho que


deu origem á desobediencia instigada pela serpente, fosse também o
caminho que destruiu a desobediencia. Eva era virgem e incorrupta; con-
cebendo a palavra da serpente, gerou a desobediencia e a morte. Á Vir
gem María, porém, concebeu fé e alegría quando o anjo Gabriel Ihe anun-
ciou a boa nova de que o Espirito do Senhor viria sobre ela, a Forga do
Altfssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo que déla ñas-
ceña, sería o Filho de Deus. Entáo respondeu ela: 'Faga-se em mim, se
gundo a tua palavra'. Da Virgem, portanto, nasceu Jesús, de quem falam
tantas Escrituras... aquele por quem Deus destrói a serpente" (Diálogo
100, 4-5).

515
36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

S. Ireneu (t 202) retoma o tema da recapitulacáo, atribuindo a Ma


ría o mesmo papel de resgate da atitude pecaminosa da primeira Eva:

"Da mesma forma que aquela (Eva) foiseduzida para desobedecer


a Deus, esta (María) se deixou persuadir a obedecer a Deus para ser ela,
a Virgem María, a advogada de Eva. Assim o género humano, submetido
a morte por urna virgem'; foi déla libertado por urna Virgem, tornándose
contrabalangada a desobediencia de urna virgem pela obediencia de outra"
(Contra as Heresias V19).

S. Ireneu usa o conceito de recirculacáo, ao lado de recapitula-


gao, entendendo-o do seguinte modo: o pecado cometido ñas origens da
historia é apagado mediante um circuito contrario: Cristo retorna a Adáo
e dá ao Pai o Sim que o primeiro Adáo Ihe recusou; a cruz toma o lugar
da árvore da queda; María faz Eva reviver auténticamente o papel de "Máe
da Vida". Eis como, em outra passagem, S. Ireneu expóe a re-circulac.áo:

"Por conseguinte,... encontrase María, Virgem obediente... Eva,


ainda virgem, fezse desobediente e tornouse para si e para todo o gé
nero humano causa de morte. María, Virgem obediente, tornouse para si
e para todo o género humano causa de Salvagáo... A partir de María até
Eva há retomada do mesmo circuito (= a recirculagáo). Pois nao existe
outro modo de desatar o nó se nao fazer que os fios da corda que deu o
nó, percorram o sentido contrario...

Eis por que Lucas inicia a genealogía de Jesús comegando pelo


Senhor, ele sobe até Adáo (cf. Le 3, 23-38), evidenciando que o verda-
deiro movimento da geragáo nao procede dos antepassados até Cristo,
mas vai de Cristo a eles segundo... o Evangelho da vida. Assim é que a
desobediencia de Eva foi resgatada pela obediencia de María; com efei-
to, o nó que a Virgem Eva atou com a incredulidade, María o desatou com
a fé" (Contra as Heresias 3, 22).

Vé-se assim que a figura de María emerge naturalmente no plano


de Deus bem compreendido; ela tem sua raiz no próprio designio do
Criador. Era espontáneo aos cristáos atribuir a María um papel de desta
que na obra da salvacao dos homens, papel que eles deduziam de urna
leitura atenta das Escrituras Sagradas.

No século III, como dito, aparece o título Theotókos sob a pena de


Orígenes (t 250 aproximadamente). Além do qué, um papiro do Egito
datado de fins do século III apresenta a oracáo que até hoje os fiéis cató
licos repetem: "Á vossa protecáo recorremos, Santa Máe de Deus; nao

1 Virgem, porque só depois do pecado é que ó texto sagrado narra que ela teve
relagoes com Adáo. Como se vé, S. Ireneu se aleve estritamente á letra do texto
bíblico. (N.D.R.).

516
"POR QUE MARÍA CHORA?" 37

desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos


sempre de todos os perigos, Virgem gloriosa e bendita".

É, pois, evidente que, bem antes de 300, a veneracáo a María SSma.


já era elemento integrante da piedade crista, decorrente de fiel compre-
ensáo da Palavra de Deus.

Impóe-se ainda urna observacáo a respeito dos dizeres de J.T.C.:


"Satanás sabia que Jesús deixaria o céu para nascer de urna virgem, a
fim de se tornar o Salvador e Mediador entre Deus e o homem... Entáo
ele fez um plano táo vil para induzir o povo a por sua confianca numa
virgem falsa, que Satanás mesmo criou".

Pergunta-se: como pode J.T.C. saber que Satanás conhecia o pla


no da Encamacáo do Filho de Deus e de seu nascimento virginal? A S.
Escritura dá a entender que os anjos váo descobrindo o plano de Deus á
medida que este se revela mediante a Igreja:

"Fot revelado aos profetas que nao era para eles mesmos, mas
para nos, que eles transmitiam esta mensagem que agora os pregadores
do Evangelho vos comunicaram sob a agáo do Espirito Santo enviado do
céu, que os anjos desejam perscrutar" (1Pd 1, 12).

Satanás ignorava o plano de Deus a tal ponto que tentou Jesús,


presumindo poder induzi-lo ao pecado (cf. Mt 4,1-11; Le 4,1-13). Donde
se vé quáo insegura é a base do "plano vil feito por Satanás para induzir
o povo a por sua confianca numa virgem falsa que Satanás criou". De
resto, Satanás nao criou a Virgem Maria, que nao é "urna virgem falsa",
mas é auténtica virgem, que concebeu virginalmente, como se depreende
de Le 1, 26-38; Mt 1,18-23.

Muito se poderla ainda dizer a propósito do vil opúsculo de J.T.C. O


que foi exposto até aqui, parece suficiente para mostrar que o autor é
tendencioso e nao merece crédito.

Ulteriores informagóes encontram-se no Curso de Mariologia da


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MAIS PODERÁ AMAR O QUE MELHOR CONHECER.
517
Deus glorioso em seus Santos:

"BAKHITA, MULHER NEGRA, ESCRAVA, SANTA"


por R. I. Zanini1

Em síntese: Após breve esbogo biográfico de Santa Bahkita,


sudanesa, escravizada, liberta e santa, o presente artigo descreve o mi-
lagre decisivo para a Canonizagao de Santa Bakhita, ocorrido em Santos
(SP), assim como outras gragas obtidas por intercessáo da Santa. Esses
dados merecem relevo numa época em que se apregoa a igual dignidade
de todos os seres humanos.
* * *

O jornalista italiano Roberto ítalo Zanini publicou a biografía de Santa


Bakhita, recém-canonizada pelo Santo Padre Joáo Paulo II, tendo cuida
dosamente investigado a documentagáo respectiva. O livro é um elo-
qüente testemunho do valor da pessoa humana independentemente da
raga, religiáo ou categoría social; é também preito de reconhecimento da
África, menosprezada em séculos passados e, hoje ainda, perturbada
por veementes golpes políticos.

Visto que já foi publicada urna resenha biográfica de Bakhita em


PR 364/1992, pp. 410-421, vai, a seguir, apresentado breve esbogo bio
gráfico da Santa, ao qual se seguiráo os relatos do milagre decisivo para
a Canonizagáo (ocorrido em Santos, SP) e de outras gragas obtidas por
intercessáo de Santa Bakhita.
1. Quem foi Santa Bakhita?

A Ir. Josefina Bakhita, do Instituto das Filhas da Caridade, fundado


por Sta. Madalena de Canossa, faleceu no ano de 1947 em odor de san-
tidade. Nasceu no Sudáo (África) em 1876. Desde os nove anos de ida-
de, foi escrava, raptada por traficantes negreiros no Sudáo mesmo; ven
dida algumas vezes, foi, por último, comprada por um agente consular
italiano em Cartum (Sudáo); este levou-a para a Italia. Bakhita nao quis
voltar para a sua patria, quando tentaram levá-la de novo para lá com
seus patróes italianos. A Justiga da Italia, interpelada pelo Cardeal-arce-
bispo de Veneza, deu ganho de causa á jovem escrava, que assim con-
seguiu a sua emancipagáo. Bakhita (nome que os traficantes Ihe haviam
dado) era animista; na Italia conheceu o Catolicismo, que passou a admi
rar. Pediu entáo o Catecumentato e o Batismo; após o qué, levada ainda
pela graga de Deus, solicitou admissáo no Instituto das Canossianas.
' Tradugáo de Thereza Christina Stummer. Ed. Cidade Nova, Vargem Grande Paulista
(SP), 140x200mm, 194 pp.

518
"BAKHITA, MULHER NEGRA, ESCRAVA, SANTA" 39

Professou em 1896. Passou o resto de sua longa vida religiosa quase


sempre no Convento de Schio (Vicenza), onde trabalhou como porteira,
sacrista, costureira, cozinheira..., dando admiráveis exemplos de pacien
cia, zelo missionário, amor a Deus e ao próximo. Faleceu aos 8/2/1947.
Seu processo de Canonizacáo, apoiado por um milagre bem definido,
possibilitou a Beatificacáo de Ir. Josefina Bakhita aos 17/5/92. Foi um ato
de reconhecimento público das virtudes de uma humilde filha do Sudáo,
que sofreu durante anos a fio na condicáo de escrava.

2. O Sinai Decisivo para a Canonizacáo

O milagre decisivo ocorreu dez dias após a Beatificacáo de Bakhita.


É notorio que, para proclamar um Santo ou um Bem-aventurado, a Igreja
exige, entre outras coisas, a ocorréncia de um milagre obtido por inter-
cessáo da pessoa em pauta. Trata-se habitualmente de curas. A fim de
ser considerados sinais de Deus em favor da santidade do(a) candidato(a),
os peritos procuram averiguar se existe alguma explicacáo científica para
o pretenso milagre; caso tal nao exista e os efeitos da cura sejam dura-
douros, a Igreja eré que Deus se manifestou de tal maneira em prol da
santidade do(a) cristáo(á) em foco.

A Igreja nao se empenha por descobrir e proclamar milagres, como


se estes fossem essenciais na vida de um cristáo, mas reconhece os
feitos extraordinarios que sejam comprovados por peritos isentos de qual-
quer preconceito. Canonizar alguém implica dizer ao povo de Deus que
tal ou tal irmáo ou irmá é modelo de vida - proclamacáo esta que a Igreja
nao pode fazer levianamente ou sem sólida base oferecida pelo próprio Deus.
Eis o sinal decisivo no caso de Santa Bakhita:
«Impressionante é a historia de Eva da Costa. Nascida em Iguape,
no Estado de Sao Paulo (Brasil) no dia 1o de Janeiro de 1931, aos doze
anos deixa a familia para ir ganhar a vida como empregada doméstica e
faxineira. Aos dezenove anos casa-se com Yoziro Onishi. Nascem qua-
tro filhos, dois meninos e duas meninas, que ficam sob sua guarda de-
pois do desquite do casal.

Para criar os filhos e deixá-los estudar, Eva trabalha dia e noite,


com graves conseqüéncias para a sua saúde, já minada pelo diabetes
melito. Em 1976, no seu local de trabalho, cai em coma por excesso de
acucar no sangue. Em 1980, sempre enquanto trabalha em uma firma,
comecam os primeiros síntomas de uma grave molestia degenerativa
que Ihe atinge inicialmente a pema esquerda e, em seguida, a direita: uma
intensa ardéncia na barriga da perna, a qual aos poucos vai perdendo a cor.
Os meses passam, e a ardéncia se transforma em grandes feridas
com pus e inchaco. Eva tem pouco dinheiro e muitos problemas para
resolver em familia.

519
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

Trabalha e nao tem tempo para se tratar. Quando o mal-estar se


torna insuportável, ela vai ao Pronto-Socorro de um hospital, onde o mé
dico de plantáo Ihe receita uma pomada de cortisona, que se revela inútil.
O médico do hospital municipal faz este diagnóstico: "eczema e dermatite
micótica, com patología de fundo diabetes melito". Para um outro médi
co, trata-se de "eczema infectado". Um diagnóstico de um especialista,
feito em 1991, aponta: "Ulceracóes infectadas os membros inferiores em
paciente com insuficiencia crónica da circulacáo venosa, obesidade e
hipertensáo arterial". O prognóstico é grave e prevé a amputagáo da per-
na direita, porque surgem os primeiros sinais de gangrena. Em ambas as
pernas, as feridas sao táo profundas que deixam aparecer o osso.
Eva da Costa está desanimada. As pomadas, compradas com as
suas poucas economías, de nada adiantam e, num momento de deses
pero, ela as joga fora. Deveria ser internada, mas continua a trabalhar,
por necessidade. Estamos em abril de 1992. Ela aínda nao sabe, mas
tudo vai mudar na sexta-feira, dia 24, quando recebe a visita de uma irmá
da comunidade canossiana de Santos: Chama-se irmá Regina dos San
tos, que visita os doentes conhecidos. Eva recebe-a, conta-lhe as suas
tribulacoes e mostra-lhe as pernas. A religiosa fica impressionada. "Dava
repugnancia ver a barriga das pernas", lembra mais tarde, "em especial
as feridas da perna direita, onde aparecía o osso".
Irmá Regina nao encontra nada de melhor a fazer a nao ser convi
dar Eva a ir ás quartas-feiras de oracáo que o "grupo de mulheres da
terceira idade" havia organizado na catedral, como preparagáo e agrade-
cimento da beatificagáo da Madre Josefina Bakhita. Trata-se de uma
novena que acontece todas as quartas-feiras, de 29 de abril a 24 de ju-
nho. Em cada encontró, irmá Regina lé alguns episodios da vida da santa
sudanesa, e depois reza-se o tergo, e a oracáo de intercessao que ainda
consta no verso dos santinhos de Bakhita.
Eva está mal e nem sempre consegue participar da oracáo. Mas,
na quarta-feira 27 de maio, ela vai. A religiosa lé os episodios que rela-
tam as torturas sofridas por Bakhita, as surras, a tatuagem, o torcimento
dos setos... Eva da Costa fica táo impressionada e comovida ao ouvir
aqueles sofrimentos muito semelhantes aos seus que, instintivamente,
leva as máos ás feridas das pernas e, em silencio, reza, suplica, pede
ajuda humildemente: "Bakhita, vocé que sofreu tanto, por caridade, me
ajude, cure as minhas pernas, por caridade!"
Mal termina de fazer a oracáo, a dor e a ardéncia desaparecem.
Esquiva como sempre foi, Eva nao diz uma palavra a respeito a ninguém.
Mas quando chega em casa, seu filho mais novo, Sidney, nota que a máe
se comporta como se já nao tivesse problemas ñas pernas. Ele Ihe faz
perguntas, e ela Ihe conta o que aconteceu durante a oracáo na catedral. Os
dois nao formulam nenhuma hipótese. Mas quando, ñas vinte e quatro ho-

520
"BAKHITA, MULHER NEGRA, ESCRAVA, SANTA"

ras seguintes, as feridas se fecham e a pele volta a cobrir a barriga da perna,


eles acreditam no milagre, mas continuam a nao dizer nada a ninguém.

Na quarta-feira seguinte, 3 de junho, ela volta á novena na cate


dral. Aguarda o fim da oracáo e chama irma Regina de lado, mostrando-
Ihe as pernas curadas. A irma, que se lembra bem do que havia visto
apenas algumas semanas antes, comeca a Ihe fazer perguntas, mas é dis
traída por algumas muiheres que a chamam para tratar de outros afazeres.

Eva volta á novena na quarta-feira seguinte. Na igreja estáo as


quase oitenta muiheres do grupo da terceira idade e muitas pessoas que
estáo ali por acaso ou que vieram para ouvir falar da nova bem-aventura-
da africana. Está presente também a conselheira-geral das canossianas,
irmá María Luisa Leggeri, que tala com muito fervor de Bakhita, da sua
vida maravilhosa e das muitas gracas e milagres que, por sua interces-
sáo, acontecem no mundo inteiro. Levada por tamanho entusiasmo, Eva
da Costa levanta-se, conta a sua historia e mostra as pernas curadas.

3. Outras grabas

Sao ¡numeras as gracas obtidas por intermedio da oracao em favor


de terceiros que nao sabem de nada. María Pozan relata urna délas,
referente a urna mulher de Schio que, ao contar a urna canossiana o seu
sofrimento por causa do marido afastado da fé, recebe o conselho de
colocar embaixo do travesseiro dele um santinho de Bakhita. Pois bem,
na mesma noite, o marido vé em sonho Bakhita, que Ihe sorri e faz sinais
com a máo. O sonho se repete, idéntico, na noite seguinte. Ele fala, en-
táo, a respeito com a mulher, perguntando o que a madre Moretta pode-
ría querer dele. A mulher aproveita a oportunidade e afirma: "Ela quer a
sua conversáo". O homem decide entáo ir-se confessar e, como frisa
María Pozan, continua perseverando.

Eis um outro relato de cura, feito pelo doutor Masimino Bertoldi,


médico titular do municipio de Schio e médico de Bakhita durante os
últimos meses de sua vida. Trata-se da cura de sua filha, internada havia
meses na Casa de Saúde "Cidade de Miláo", em Miláo (estamos em 1953-
54), em virtude de algumas operacdes no abdomen que nao tiveram o
resultado desejado. A febre nao cede, e o quadro clínico piora. O doutor
Massimino, ao fazer urna visita médica ao Instituto da via Fusinato, fala
com a Superiora, que o aconselha a dar á filha um santinho de Bakhita
com urna reliquia, que deve ser colocado sobre a parte doente, aconse-
Ihando-a também a rezar intensamente. 'Minha filha seguiu o conselho e,
no mesmo dia, a febre cessou'. O cirurgiáo retirou o dreno, e a fístula
comecou a granular de baixo para cima, até fechar. O próprio cirurgiáo
que tratava déla, ao ver o quadro táo rápidamente mudado, disse: 'Pare
ce quase um milagre'. Com o passar do tempo, foi constatada a cura
definitiva da fístula" (obra citada pp. 189-198).

521
Grave delito:

ORDENAQÁO DE MULHERES

Em síntese: Aos 29/06/02 foram ordenadas por um bispo cismático


sete mulheres durante um cruzeiro pelo río Danubio (Europa). A Santa
Sé as advertiu, concedendo-lhes um prazo até 22/07 para se arrepende-
rem. Visto que isto nao ocorreu, foi imposta a excomunháo as delituosas
aos 5/08/02. O bispo que ordenou, }á estava excomungado por ser
cismático. -A ordenagáo foi inválida, já que a Igreja nao pode conferirás
Ordens sacras as mulheres, faltando para isto o exemplo do Senhor Je
sús e de vinte séculos de Cristianismo (sempre contrario a tal iniciativa).
* # #

Em junho pp. a presumida ordenacáo presbiterial de sete mulheres


agitou a Igreja, deixando perplexos os ánimos de muitos fiéis cristáos.
Em vista disto seráo, a seguir, expostos os fatos e a atitude tomada pela
Santa Sé.

1. Os fatos

Aos 29/06/02 num cruzeiro pelo rio Danubio foram "ordenadas


presbíteras" sete mulheres (alemas urnas, austríacas outras e norte-ame
ricanas mais outras) pelo bispo argentino cismático Romulo Antonio
Braschi. A ordenagáo foi inválida, visto que a Igreja nao tem o poder de
ordenar mulheres, como declarou em termos definitivos o Santo Padre
Joáo Paulo II (cf. PR 407/1996, pp. 133s): se Cristo nao conferiu á Or-
dem sacra a mulher alguma nem algum sucessor de Pedro o fez no de-
correr de vinte séculos de Cristianismo, a Igreja dos tempos atuais nao
se julga habilitada a fazé-lo. Eis por que aos 10/07/02 a Congregacao
para a Doutrina da Fé emitiu urna advertencia ás delituosas, exortando-
as á penitencia dentro de um prazo fixado até 22/07. Como nao houve
resposta da parte das interpeladas, a mesma Congregacáo houve por
bem decretar a excomunháo das mesmas.

Segue-se o texto oficial da Santa Sé.

2. O Decreto da Congregacao para a Doutrina da Fé

Eis a traducáo portuguesa do texto oficial:

"Preámbulo ao Decreto de Excomunháo

A fim de dissipar qualquer dúvida no tocante á situagáo canónica


do bispo Romulo Antonio Braschi, que tentou conferirá ordenagáo sacer-

522
ORDENAgÁO DE MULHERES 43

dota! a mulheres católicas, a Congregagáo para a Doutrina da Fé consi


dera oportuno confirmar que este prelado, sendo cismático, já incorrera
em excomunháo reservada á Santa Sé.1

Decreto de excomunháo

Com referencia ao decreto desta Congregagáo datado de 10 de


julho pp., publicado no dia seguinte e dado que, dentro do prazo fixado
até a data de 22 de julho 2002, Christine Mayr-Lumetzberger, Adelinde
Theresia Roitinger, Gisela Forster, Iris Müller, Ida Raming, Pia Brunnere
Angela White nao manifestaram sinal algum de arrependimento ou de
penitencia pelo grave delito que cometeram, este Dicastérío, conseqüen-
temente a tal advertencia, declara que as mulheres atrás mencionadas
incorreram na excomunháo reservada á autoridade da Sé Apostólica, com
todos os efeitos estipulados pelo canon 1331 do Código de Direito
Canónico.

Ao executar este ato necessário, a Congregagáo espera que tais


mulheres, sustentadas pela graga do Espirito Santo, possam encontrar
novamente o caminho da conversáo em vista do retorno á unidade da fé
e á comunháo com a Igreja que elas violaram por seu gesto.

Roma, na sede da Congregagáo para a Doutrina da Fé, aos 5 de


agosto de 2002.

Joseph Card. Ratzinger


Prefeito

Mons. Tarcfsio Bertone


Arcebispo emérito de Vercelli
Secretario"

A fim de se perceber com toda clareza o alcance da censura, va¡


aquí transcrito o canon 1331:

Can. 1331 - § 1. Ao excomungado proibe-se:

1o ter qualquer participagáo ministerial na celebragao do sacrificio


da Eucaristía ou em quaisquer outras celebragóes do culto;

2o celebrar sacramentos ou sacramentáis e receberos sacramentos;

3o exercer quaisquer oficios, ministerios ou encargos eclesiásticos


ou praticar atos de regime.

§ 2. Se a excomunháo tiver sido imposta ou declarada, o réu:

1 O excomungado nao pode exercer validamente o ministerio sacerdotal, como reza


o canon 1331 transcrito adiante. A excomunháo reservada á Santa Sé só pode ser
absolvida mediante recurso direto á Santa Sé.

523
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

1o se pretende agir contra a prescrígáo do§1 n. 1, deve ser afasia-


do ou entáo deve ser suspensa a agáo litúrgica, a nao ser que grave
causa o impega;

2°pratica inválidamente os atos de regime que de acordó com o §


1 n. 3 sao ilícitos;

3o fica proibido de gozar dos privilegios anteriormente concedidos;


4o nao pode conseguir validamente dignidade, oficio ou qualquer
outro encargo na Igreja;

5o nao percebe os frutos da dignidade, oficio, encargo ou pensáo


que tenha na Igreja.

Estas declarares permitem averiguar a nulidade tanto das referi


das ordenacóes presbiterais quanto a das celebracdes eucarísticas das
citadas irmás.

3. Noticias complementares

1.0 bispo Braschi foi sacerdote da Ordem dos Maristas durante os


anos da ditadura militar na Argentina (1976-1985); foi preso e torturado
no seu país. A partir de entáo passou a discordar das orientacoes da
Igreja Católica e se separou déla. Tem sessenta anos de idade e afirma
nunca ter sido excomungado nem expulso da Igreja; por isto nao se tem
na conta de cismático.

2. Braschi tenciona ainda ordenar (inválidamente) urna turma de


dez candidatos:

a) quatro mulheres, das quais urna brasileira: Helena Vasconcelos,


de 34 anos de idade; a argentina Gloria Cascón de 43 anos; a teóloga
mexicana Maria de los Dolores Penalba Alonso, de 50 anos e a advogada
argentina Lidia Binóles, de 60 anos, que declarou: "As sancóes impostas
pelo Vaticano as mulheres ordenadas sao anacrónicas, absurdas, injus
tas e inadequadas".

Aos 11 de agosto tais mulheres deram a saber que nao receiam a


excomunháo e, por isto, continuaráo a se preparar para a ordenacao em
2003;

b) um casal alemáo;

c) urna trabalhadora suíca;

d) quatro homens da Argentina, do Brasil e da Alemanha.

Deus se compadega de tais irmáos e Ihes dé a ver que o que faz a


grandeza de alguém nao é a funcáo que exerce, mas a santidade de
vida!

524
Sempre em foco:

AÍNDA AS CÉLULAS-TRONCO

Em síntese: Váo apresentados dois estudos colhidos na internet,


que expóem com objetividade a problemática associada aos transplan
tes de células-tronco. Será lícito produzir artificialmente embrides para
tratar de molestias de adultos? E que fazer com os embrides nao aprovei-
tados pela medicina? - A Moral católica nao aceita derrogagóes ás leis
da natureza, que sao as leis do Criador.
# * *

Váo, a seguir, reproduzidas duas explanares colhidas na internet


relativas ao transplante de células-tronco. Expóem a problemática com
objetividade. Embora o assunto já tenha sido freqüentemente abordado
em PR, nao parece inútil voltar a ele, dada a complexidade da temática.

1. A pesquisa sobre células-tronco

O trabalho é da autoría do dr. Eloi de S. García, ex-presidente da


Fiocruz, membro da Academia Brasileira de Ciencias e integrante do
Ministerio de Ciencia e Tecnología.

O presidente americano, George Bush, resolveu, finalmente, que


os Estados Unidos váo financiar pesquisas com embrides humanos para
obtencáo de células-tronco. Entretanto, a liberacáo é limitada: só os em
brides descartados por clínicas de reproducáo assistida, e com autoriza-
cao dos casáis, poderáo ser usados. A criacáo de embrides exclusiva
mente para estudos ou a clonagem terapéutica continua proibida. Nao
resta dúvida de que essa decisáo foi um avanco para a ciencia e a
tecnología. O presidente Bush acatou a pressáo de centenas de dentis
tas e outras personalidades americanas e mundiais.

O que representa a decisáo norte-americana? Desde 1998 se sabe


que as chamadas células-tronco, obtidas a partir de embrides humanos
de 5-7 dias, que aínda nao possuem sistema nervoso, tém a capacidade
de reproduzir-se praticamente sem limite e converter-se, urna vez, esti
muladas pelo ambiente orgánico por meio de sinais bioquímicos corre
tos, em células de quaisquer tipos: nervosa, óssea, cardíaca, entre outras.

A maioria das células do organismo tem vida curta e missáo espe


cífica para cumprir. As células-tronco sao diferentes. Ancestrais das cé
lulas comuns, nao se limitam a gerar o tecido de forma descontrolada.

525
46 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

Elas proliferam, ordenada e sincrónicamente, e constroem padrees nor


máis de tipos celulares, inclusive formando vasos sanguíneos que nu-
trem o órgáo. Ratos infartados podem recuperar o tecido cardíaco
destruido, por ¡noculacáo direta de células-tronco na lesáo de um cora-
cáo que bate seiscentas vezes por minuto.

Animáis dessa especie com cáncer na medula óssea sao curados


quando tratados com células-tronco, ou seja, esse tipo celular repóe a
medula óssea destruida. Macacos com defeitos neurológicos causados
durante a gestacáo tém seus cerebros normalizados por enxerto cere
bral de células-tronco. Esses dados sugerem fortemente que essas célu
las se rao curativas para doencas como diabetes, Parkinson, Alzheimer,
varios transtornos cerebrais, lesóes medulares, queimaduras graves e
outras enfermidades.

Os dados divulgados por cientistas e outros fatos levaram o presi


dente Bush a aprovar o financiamento com recursos públicos, com as
restricóes já descritas, de pesquisa que utiliza embrides humanos. A
maioria dos que se opóem a essa investigacáo nao questiona seu valor
científico ou médico, mas o uso de embrióes humanos. Alguns acreditam
que as células-tronco de individuos aduitostém o mesmo efeito terapéutico
das células obtidas de embrióes.

Recentemente, foi divulgado que o tecido gorduroso é fonte viável


de células-tronco. A lipoaspiracáo poderia resolver o problema ético cri
ando a possibilidade de essas células obtidas em grande quantidade e
serem utilizadas pela própria pessoa, o que diminuiría os riscos de rejei-
cáo. Células-tronco obtidas de tecido gorduroso foram transformadas em
músculos, ossos e cartilagens. Ir.elizmente, essas células nao foram táo
versáteis como as células embrionarias. Aínda vaí demorar muito tempo
para saber se as células-tronco de tecido adulto sao equivalentes ás cé
lulas embrionarias em termo de potencial para terapia.

O tato de as células-tronco serem obtidas de embrióes humanos,


normalmente desprezados nos tratamentos de fertilidade assistida, tem
estimulado governantes, religiosos, advogados e a sociedade a discutir o
assunto. O debate que o tema está suscitando é apaixonante. É urna
discussáo sobre a vida e a morte, sobre o bem e o mal. Deve-se abando
nar esse tipo de investigacáo que tem o potencial enorme de salvar vi
das? Que falta ética ocorreria em fazer o maior esforco possível para
ajudar individuos que sofrem de alguma enfermidade? O que fazer com
os embrióes congelados que existem ñas clínicas de reproducáo assisti
da? Manté-los congelados? Destruí-los ou utilizar seus enormes valores
terapéuticos? A sociedade, sempre atenta aos temas sobre saúde, quer
fazer parte desse debate e buscar á solucáo.

526
AÍNDA AS CÉLULAS-TRONCO 47

Nota da Redacáo de PR: A Moral Católica, baseada na lei natural,


que é a lei do Criador, rejeita a producao artificial de embrides, mesmo
que isto se dé com finalidade terapéutica; na verdade, o fim nao justifica
os meios. Todavía o transplante de células-tronco de adulto é plenamen
te aceito pela doutrina católica, já que nao sacrifica a vida de alguém,
nem fere a lei natural.

Estéváo Bettencourt O.S.B.

2. Embrioes congelados

A explanacáo é de Claudia Collucci, colunista da Folha Online.

Urna questao que vem tirando o sonó de muita gente é o que fazer
com o exército de 15 mil embrioes congelados em clínicas de reprodu-
cáo? Permitam-me explicar melhor essa historia. Para fazer urna fertili-
zacáo in vitro, a mulher toma remedios para produzir varios óvulos. Es-
ses óvulos sao retirados e fertilizados com os espermatozoides do mari
do no laboratorio, formando os embrioes.

Para evitar a gravidez múltipla, a Resolucáo do CFM determina


que, no máximo, quatro embrioes sejam transferidos para o útero. O res
tante deve ficar congelado. Quando a mulher consegue engravidar na
primeira tentativa (ela tem mais ou menos 30% de chances), ótimo, os
embrides excedentes continuam congelados ñas clínicas.

Quando a mulher nao engravida, ela pode voltar á clínica, ter al-
guns dos seus embrides descongelados e implantados no seu útero, e
torcer para que a gravidez dé certo.

Bom, vamos supor que o casal consiga a táo desejada gravidez,


tenha o seu (os seus) lindo(s) filho(s) e se dé por satisfeito. Entáo, o que
fazer com os outros embrides excedentes que ficaram congelados? Pela
Resolucáo do CFM, os pais nao podem autorizar o descarte. A eles só res-
tam duas opcdes: ou se resignam e correm o risco de ter mais filhos (autori
zando a implantacáo dos embrides) ou fazem a adocáo desses embrides.

As duas decisdes sao terríveis: quem acredita que o embriáo já é


urna vida, concluí que o descarte é o mesmo que um aborto; ao mesmo
tempo, quem faz a doacáo tem a sensacáo de estar doando um filho a
um estranho. Quem dorme com um barulho desses?

Alguns casáis preferem pagar urna taxa para manter os seus em


brides congelados enquanto pensam em urna solucáo. Outros simples-
mente desaparecem, deixando a bomba ñas maos das clínicas, que nao
tém outra alternativa senáo manter os "bichinhos" congelados esperando
que os pais aparecam um dia ou que os nossos legisladores decidam o
que fazer com eles.

527
48 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

Mesmo sendo urna prática proibida, algumas clínicas costumam


fazer uso, em concordancia com o casal, de urna técnica mais requinta
da de descarte: ímplantam o embriáo em um período pouco provável de
a mulher engravidar, durante a menstruacáo, por exemplo.

Na falta de fiscalizacáo, cada clínica no Brasil age de acordó com


os principios éticos de seus responsáveis. Muitas sao extremamente se
rias, com profissionais competentes e confiáveis. Algumas, porém, agem
ao bel prazer, fazendo pesquisas questionáveis e apresentando resulta
dos inconsistentes, que, certamente, nao suportariam o menor
questionamento científico.

Nos últimos anos, conversando com mulheres que fizeram verda-


deiras "vias-sacras" pelas clínicas de reproducáo, descobri verdadeiras
atrocidades. Infelizmente fica difícil denunciá-las porque nao existem pro-
vas e tampouco os casáis estáo dispostos a procurar a Justica porque,
muitas vezes, se sentem cúmplices dos médicos.

Entre as atrocidades, soube, certa vez, de urna mulher que autori-


zou a transferencia de oito embrides (o dobro do permitido pela CFM).
Resultado: dois se alojaram ñas suas trompas e um no útero. Conclusáo:
ela ficou sem as duas trompas, e perdeu o bebé que estava no útero.

Nessa corrida maluca por um filho, os casáis sao muitas vezes


convencidos pelos médicos de que hoje qualquer problema de infertilidade
é fácilmente solucionado. A partir disso, topam qualquer coisa para ter
um bebé nos bracos. Ai é que mora o perigo. Antes de tomar qualquer
decisáo, é preciso pesquisar, entender o procedimento a que está sendo
submetido, questionar, se for preciso, consultar outros médicos, enfim
buscar informacoes. É um direito e um dever nosso. É obvio que deve-
mos confiar nos nossos médicos, mas nao custa nada ter senso crítico.

Comentario ao Pai Nosso, por Santo Tomás de Aquino. Traduzi-


do do latim por OmayrJosé de Moraes Júnior, Autor da Introdugáo e das
Notas. - Ed. Lotus do Saber, Rio de Janeiro 2002,140x210 mm, 136 pp.

A oragáo do Senhor fot freqüentemente comentada nos tempos pas-


sados. Após os Padres da Igreja tocou a S. Tomás de Aquino fazé-lo em
seu estilo escolástico, simples e preciso. A Ieitura deste comentario vem
a ser um genuino aprendizado teológico. O prof. Omayr se empenhou
nao só na tradugáo, mas também nos capítulos introdutórios (O Texto,
Ocasiáo da Obra, O Modo de Pregarem, O Doutor Angélico...) e ñas vas
tas notas de rodapé (comentarios teológicos ao Comentario de S. To
más). A obra é valiosa, pois oferece farto material para a meditagáo e a
oragáo.

528
Pergunte

Responderemos

índice Geral de 2002


50 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

ÍNDICE
(Os números á direita indicam, respectivamente, fascículo, ano de edicáo e página)

"A ARMADA DO PAPA" por Gordon Urquhart 484/2002, p. 399


ABELARDO E HELOÍSA: "EM NOME DE DEUS" 483/2002, p. 375
"A BÍBLIA PASSADA A LIMPO" ("Superinteressante") 483/2002, p. 378
ABORTO: FALA O DR. JÉRÓME LEJEUNE ("VEJA") 485/2002, p. 462
ABRAÁO E SUA LENDA: Prof. Walter Vogels 485/2002, p. 445
"ABRAÁO JAMÁIS EXISTIU" ("Superinteressante") 485/2002, p. 445
ABSOLVICÁO COMUNITARIA: quando pode ser ministrada 483/2002, p. 338
ABUSOS SEXUAIS NA IGREJA 481/2002, p. 265
ADHONEP: QUE É? 484/2002, p. 410
"ADMINISTRACÁO APOSTÓLICA S. J. M. VIANNEY": que é? 483/2002, p. 350
"A EUCARISTÍA, SACRAMENTO DE COMUNHÁO" por
Ariovaldo da Silva, O.F.M 483/2002, p. 371
"A EXPRESSÁO POPULAR DO SAGRADO", por Paulo Bonfatti .. 478/2002, p. 112
"A FÉ QUE MOVE O BRASIL" ("VEJA") 478/2002, p. 98
"A FRAUDE DE SAO PAULO" por Fernando Travi 476/2002, p. 20
"A IGREJA SABE COISAS QUE NAO DISSE AOS FIÉIS" (revista
"GALILEU") 478/2002, p. 142
ALMAS DO PURGATORIO: APARICÓES? 476/2002, p. 17
ANIMÁIS CARNÍVOROS E DEUS: PODEM CO-EXISTIR? 480/2002, p. 217
ANTICRISTO E MICROCHIP 486/2002, p. 496
APÓCRIFOS: que sao? 481/2002, p. 242
"O outro Jesús segundo os Evangelhos Apócrifos" 482/2002, p. 302
ARIAS, JUAN; "Jesús, esse grande desconhecido" 485/2002, p. 434
ASSIS: ENCONTRÓ PARA PEDIR PAZ (24/01/02) 479/2002, p. 146
481/2002, p. 279

BACH, EDWARD,: FLORÁIS (Medicina das flores) 484/2002, p. 424


"BAKHITA, MULHER NEGRA, ESCRAVA, SANTA" por R. I. Zanini 486/2002, p. 518
BATISTAS HERDEIROS DOS MONTAÑISTAS, DONATISTAS,
CATAROS? 482/2002, p. 323
BEBÉS SOB MEDIDA (fecundacáo artificial) 483/2002, p. 384
BEGLIOMINI, HELIO: Cada criatura humana é irrepetivel 485/2002, p. 476
EUTANASIA 480/2002, p. 236
BEM-AVENTURADO CASAL 478/2002, p. 129
BEMPORAD, J. e M. SHEVACK: "DEUS: IDÉIAS CERTAS E
IDÉIAS ERRADAS" 477/2002, p. 87

530
ÍNDICE GERAL DE 2002 51

BENSON, HERBERT: MEDITAgÁO E SAÚDE 478/2002, p. 99


BLESSMANN, JOAQUIM: "O SANTO SUDARIO, UMA FARSA
MEDIEVAL?" 485/2002, p. 442
BÍBLIACONTÉM ERROS? 478/2002, p. 139
CONTRADigÁO ENTRE 2 Sm 24,10 e 1Cr21,1? 480/2002, p. 239
Mt. 12,30 e Me. 9,40? 479/2002, p. 189
MULTIPLICACÁO DOS PÁES: MILAGRE OU SIMPLES
PARTILHA? 479/2002, p. 191
SAGRADA: NOVATRADUCÁO DA CNBB 479/2002, p. 160
481/2002, p. 264
TEXTO MANIPULADO E ALTERADO? ("VEJA") 482/2002, p. 290
VERDADE E LENDA NA 483/2002, p. 378
BIOÉTICA, CLONAGEM E EUTANASIA (I Congresso integrado
de Bioética (Rio de Janeiro).... 484/2002, p. 428
BIZANTINOS E LATINOS: DIFERENQAS 480/2002, p. 195
BOFF, LEONARDO: PRONUNCIAMENTOS ÁIMPRENSA 480/2002, p. 238
RESPOSTA A 482/2002, p. 308
BONFATTI, P.: "A EXPRESSÁO POPULAR DO SAGRADO" 478/2002, p. 112
BRASCHI ROMULO ANTONIO, Bispo cismático 486/2002, p. 523
"BRASIL ESTÁ MENOS CATÓLICO" (JORNAL DO BRASIL) 483/2002, p. 365
BREVE: Que é? 483/2002, p. 346
BUDISMO E CRISTIANISMO 486/2002, p. 494
BULA: Que é? 483/2002, p. 345

C, J. T.: "POR QUE MARÍA CHORA?" 486/2002, p. 508


CARTA DO PAPA AOS CHEFES DE ESTADO: 481/2002, p. 276
CASAL BEM-AVENTURADO 478/2002, p. 129
CATAROS: QUEM ERAM? 479/2002, p. 175
"CATÓLICO: POR QUE NAO SOU?" 18 razóes 477/2002, p. 64
"CATÓLICOS ROMANOS SAO CRISTAOS?" J.T.C 482/2002, p. 317
CATÓLICOS E ORIENTÁIS ORTODOXOS: DIFERENQAS 480/2002, p. 200
CAVALCANTE, JULIO CESAR LEAL: testemunho 484/2002, p. 404
CELIBATO NAO É A CAUSA 482/2002, p. 297
OPTATIVO? 481/2002, p. 267
E SEXO: Resposta a Leonardo Boff 482/2002, p. 308
CÉLULAS TRONCO (transplante) 486/2002, p. 525
CIFUENTES, RAFAEL: "DEUS E O SENTIDO DA VIDA" 477/2002, p. 50
CISMA DOS CRISTAOS ORIENTÁIS 480/2002, p. 194
CLONAGEM:(I Congresso integrado de Bioética (Rio de Janeiro) 484/2002, p. 428
COMUNHÁO DOS SANTOS 486/2002, p. 491
{EM PECADO GRAVE?) 483/2002, p. 371
COMUNICAQÁO COM O ALÉM 476/2002, p. 17
"CONSCIÉNCIA EM CONFUTO" porKENNETH OVERBERG 481/2002, p. 286
CONTRADigÁO ENTRE 2 Sm 24,10 E 1Cr 21,1? 480/2002, p. 239

531
52 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

Mt12,30 E Me 9,40? 479/2002, p. 189


"CONVERSANDO COM DEUS" (III) por Neale Donald Walsch 481/2002, p. 282
CONVERSÓES: Fenómeno das: por José Francisco de Moura 484/2002, p. 406
Julio Cesar Leal Cavalcante 484/2002, p. 404
CORÁO E TORA no julgamento divino 485/2002, p. 439
CORNWELL, JOHN: AQUEBRA DA FÉ@ 480/2002, p. 223
CRIATURA HUMANA IRREPETÍVEL 485/2002, p. 476
CRISTÁOS: 482/2002, p. 302
CRESCIMENTO DOS 477/2002, p. 61
ORIENTÁIS: CISMA 480/2002, p. 194
CRISTIANISMO E BUDISMO 486/2002, p. 494
CROWLEY, ALEITER: SATANISMO HOJE 479/2002, p. 153
CULTO A MARÍA SANTÍSSIMA: alegacóes falsas 486/2002, p. 508

DECÁLOGO DE ASSIS PARA A PAZ 481/2002, p. 279


DEMONIO: SIM OU NAO? 486/2002, p. 500
DEMONIOS NA IGREJA UNIVERSAL 476/2002, p. 38
DEUS DIANTEDOMAL 478/2002, p. 136
E ANIMÁIS CARNÍVOROS: PODEM CO-EXISTIR? 480/2002, p. 217
E O SOFRIMENTO 476/2002, p. 13
"DEUS E O SENTIDO DA VIDA" por Rafael Cifuentes 477/2002, p. 50
EXISTENCIA 478/2002, p. 133
PRECISAMOS DELE?" (revista GALILEU) 484/2002, p. 386
DIÁLOGO FILOSÓFICO-RELIGIOSO: Resposta a um ateu 485/2002, p. 439
DIFERENCAS ENTRE CATÓLICOS E ORIENTÁIS ORTODOXOS 480/2002, p. 200
DINHEIRO E PECADOS (Marc Lewis) 481/2002, p. 276
SIMBOLISMO NA IURD 478/2002, p. 112
DIOGNETO: EPÍSTOLA 486/2002, p. 490
DIREITOS DA MULHER: NO SENADO FEDERAL,
UMA VOTAQÁO 484/2002, p. 417
DÍZIMOS NA IGREJA UNIVERSAL 476/2002, p. 44
DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS, NOMENCLATURA 483/2002, p. 344
DOENCAS DIVINAS que sao? 478/2002, p. 117
DOM VITAL EM PROCESSO DE CANONIZACÁO 481/2002, p. 253
DONS DO ESPÍRITO SANTO: QUE SAO? 479/2002, p. 163

ECONOMÍA POLÍTICA E GLOBALIZAQÁO 478/2002, p. 120


"EM NOME DE DEUS": ABELARDO E HELOÍSA 483/2002, p. 375
EMBRIÓES CONGELADOS 485/2002, p. 471
PRODUZIDOS ARTIFICIALMENTE 486/2002, p. 525
SERÁO JOGADOS NO LIXO? 485/2002, p. 469

532
ÍNDICE GERAL DE 2002 53

ENCÍCLICA: QUE É? 483/2002, p. 348


ENCONTRÓ DE ASSIS (24/01/02) 479/2002, p. 146
"ENIGMA DA ESFINGE. A SEXUALIDADE" por Antonio Moser .... 477/2002, p. 92
EROTISMO: NUDEZ NA PAULICÉIA 482/2002, p. 329
ERROS NA BÍBLIA? 478/2002, p. 139
ESCUDERO, JOSÉ AGUSTÍN: INFAUBILIDADE PAPAL 477/2002, p. 58
ESPÍRITO SANTO: DONS 479/2002, p. 163
"ESSE DEUS QUE DIZEM AMAR O SOFRIMENTO" por
Frangote Varone 476/2002, p. 2
ESSÉNIOS: 476/2002, p. 20
E JESÚS CRISTO 476/2002, p. 23
"EU AMEI UM BISPO" ("ÉPOCA") 483/2002, p. 358
EUTANASIA:(I Congresso integrado de Bioética {Rio de Janeiro) 484/2002, p. 428
VISTA POR UM MÉDICO 480/2002, p. 236
"EVANGELHO DO ENRIQUECIMENTO" 485/2002, p. 449
EVOLUCIONISMO E IGREJA 477/2002, p. 74
EXCOMUNHÁO: Mulheres ordenadas 486/2002, p. 523

FÁTIMA: TERCEIRO SEGREDO 478/2002, p. 108


FECUNDACÁO ARTIFICIAL Reproducáo assistida 483/2002, p. 383
FINANCAS DA SANTA SÉ: DÉFICIT EM 2001 485/2002, p. 453
FLORÁIS DE BACH: que sao? 484/2002, p. 424
"FUI PROTESTANTE E PERSEGUIDOR DA IGREJA" J. C. L.
Cavalcante 484/2002, p. 404

GARRAFA, DR. VOLNEY: Engenharia genética 483/2002, p. 383


GENÉTICA, ENGENHARIA: fecundacáo artificial 483/2002, p. 383
GENÉTICA MODERNA: DR. JÉRÓME LEJEUNE 479/2002, p. 181
GLOBALIZACÁO E ECONOMÍA POLÍTICA 478/2002, p. 120

HERMÍNIO, DOM: depoimento de ANITA AUBIN 485/2002, p. 455


HISTORIA DO TEXTO GREGO DO NOVO TESTAMENTO 482/2002, p. 293
HEBRAICO DO ANTIGO TESTAMENTO.. 482/2002, p. 291
HOYOS, CARDEAL DARÍO CASTRILLON e Administracáo
Apostólica S. J. M. Vianney 483/2002, p. 356
HOLISMO: que é? 478/2002, p. 122
HOLÍSTICA: Floráis de Bach 484/2002, p. 425
HOMENS EM PROVETA 479/2002, p. 184

533
54 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

IGREJA: ABUSOS SEXUAIS 481/2002, p. 265


IGREJA CATÓLICA E EVOLUCIONISMO 480/2002, p. 223
"IGREJA ROMANA": que significa? 480/2002 p 215
INFALIBILIDADE PAPAL 477/2002Í p. 58
E "VELHOS-CATÓLICOS" 477/2002Í p. 62
ISLA: que é? 477/2002, p. 75
IURD, COSMOVISÁO DA 478/2002, p. 112

JESÚS FILHO DE SOLDADO ROMANO? SECTARIO E AGITADOR


POLÍTICO? (Superinteressante) 483/2002, p. 378
"JESÚS NA BOCA DO POVO" ("ÉPOCA") 481/2002, p. 242
QUERÍA FUNDAR UM NOVA IGREJA? (revista
"GALILEU") 478/2002, p. 103
"JESÚS, ESSE GRANDE DESCONHECIDO" por Juan Arias, 485/2002, p. 434
JEOVÁ, TESTEMUNHAS DE: quem sao? 476/2002, p. 32
JÉRÓME LEJEUNE: EM DEFESA DA VIDA 479/2002^ p! 181
JOÁO PAULO II: DECÁLOGO DE ASSIS 481/2002^ p. 276
ENCONTRÓ PARA PEDIR A PAZ 479/2002, p. 146
OBRAS CARITATIVAS EM 2001 484/2002, p. 389
"PELA MISERICORDIA DE DEUS" 483/2002, p. 338
JULGAMENTO DIVINO DITADO PELA CULTURA? 485/2002, p. 439
JULGAMENTO SOBRE O HOMEM: dois juízos? 477/2002, p. 86

KAMINSKI, PATRICIA E RICHARD KAT2: Repertorio das esséncias


floráis 484/2002, p. 425
KNOHL, ISRAEL: "O MESSIAS ANTES DE JESÚS" 481/2002, p. 248

LATINOS E BIZANTINOS: DIFERENCAS 480/2002, p. 195


LEJEUNE, JÉRÓME: EM DEFESA DA VIDA 479/2002, p. 181
LESEUR, CASAL Testemunho cristáo , 486/2002, p. 490
LEONARDO BOFF: PRONUNCIAMENTOS AIMPRENSA 480/2002¡ p. 238
RESPOSTAA 482/2002 p 308
LOCUCÁO INTERIOR 481/2002, p. 284

534
ÍNDICE GERAL DE 2002 55

MACONARIA E DOM VITAL 481/2002, p. 255


MAIN, JOHN: "MEDIJACÁO CRISTA" 485/2002, p. 458
MAL E INTERVENCÁO DE DEUS 478/2002, p. 136
MANUSCRITOS DO MAR MORTO PUBLICADOS 476/2002, p. 23
MAOMÉ, FUNDADOR DO ISLA . 477/2002, p. 76
MARTÍN, SANTIAGO: "O Evangelho secreto da Virgem María" 480/2002, p. 229
MEDITACÁO CRISTA E MEDITACÁO CATÓLICA 485/2002, p. 458
MEISNER, CARDEAL JOAQUIM: CRISE DA FÉ 476/2002, p. 11
MESSIAS DE QUMRAN 481/2002, p. 248
MICROCHIP E ANTICRISTO: que dizer? 486/2002, p. 496
"MISERICORDIA EU QUERO. CASADOS RECASADOS" por
Dom Valfredo Tepe, O.F.M' 478/2002, p. 144
MISSA NEGRA: QUE É? 479/2002, p. 155
MORTE SUAVE: eutanasia 480/2002, p. 236
MOSER, ANTONIO: "O ENIGMA DA ESFINGE. A SEXUALIDADE" . 477/2002, p. 92
MOTU PRÓPRIO: que é? 483/2002, p. 346
MULHER: DIREITOS: 484/2002, p. 417
MULHERES ORDENADAS 486/2002, p. 522
MULTIPLICAQÁO DOS PÁES: MILAGRE OU PARTILHA? 479/2002, p. 191
MUNDIAUZAQÁO: QUE É? 478/2002, p. 120
MUSEU DAS ALMAS ("TV GLOBO") 476/2002, p. 16

NATURISMO: que é? 482/2002, p. 330


NEOCATECUMENATOAPROVADO 484/2002, p. 396
NILO DE ANCIRA: profecías sinistras 484/2002, p. 414
NOMENCLATURA DOS DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS 483/2002, p. 344
NUDEZ NA PAULICÉIA 482/2002, p. 329

OBRAS CARITATIVAS DO PAPA EM 2001 484/2002, p. 389


"O ENIGMA DA ESFINGE. A SEXUALIDADE" por Antonio Moser 477/2002, p. 92
"O EVANGELHO SECRETO DA VIRGEM MARÍA" por Santiago
Martín 480/2002, p. 229
"O MESSIAS ANTES DE JESÚS" por ISRAEL KNOHL 481/2002, p. 248
"O OUTRO JESÚS SEGUNDO OS EVANGELHOS APÓCRIFOS"
por Antonio Pinero 482/2002, p. 302
ORACÁO: ALAVANCA QUE MOVE O MUNDO 481/2002, p. 260
ORDALÍAS: QUE SAO? 481/2002, p. 270
ORDENACÁO DE MULHERES 486/2002, p. 522

535
56 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

"O SANTO SUDARIO, UMA FARSA MEDIEVAL?" por Joaquim


Blessmann 485/2002, p. 442
"OS CATÓLICOS ROMANOS SAO CRISTÁOS?" J.T.C 482/2002, p. 317
"O SENHOR DAS LUZES E O PAI DO ENCOSTÓ" ("JORNAL DO
BRASIL") 479/2002, p. 186
OVERBERG, SJ, KENNETH: "Consciéncia em confuto" 481/2002, p. 286

PACHECO, PRESIDENTE ABEL Testemunho cristáo 486/2002, p. 491


"PAI NOSSO" A PARTIR DO ARAMAICO? 484/2002, p. 401
PAPA: CARTA AOS CHEFES DE ESTADO 481/2002, p. 276
PRIMADO DE PEDRO 480/2002, p. 205
ENCONTRÓ DE ASSIS 481/2002, p. 276
PECADO E DINHEIRO Marc Lewis 481/2002, p. 276
GRAVE: permite receber a Comunháo? 483/2002, p. 371
ORIGINAL: DEBATE 476/2002, p. 3
PEDOFILIA: ENTRE SACERDOTES: 482/2002, p. 297
"PELA MISERICORDIA DE DEUS" (Joáo Paulo II) 483/2002, p. 338
PINERO, ANTONIO: "O outro Jesús segundo os Evangelhos
apócrifos" 482/2002, p. 302
"POR QUE MARÍA CHORA?" por J. T. C 486/2002, p. 508
"POR QUE NAO SOU CATÓLICO?" 18 razoes 477/2002, p. 64
PSICOTERAPIA E FÉ 478/2002, p. 102
PRAGAS ROGADAS POR ANTEPASSADOS 480/2002, p. 240
PRIMADO DE PEDRO: 480/2002, p. 205
PROFECÍAS ERRÓNEAS (Sao Nilo) 484/2002, p. 414
SINISTRAS (Segredo de Fátima) 478/2002, p. 108
PROSPERIDADE NA IGREJA 485/2002, p. 449
PURGATORIO: QUE É? 476/2002, p. 18

QUATTROCCHI, LUIGI E MARÍA: BEATIFICADOS 478/2002, p. 129


"QUEBRA DA FÉ" por JOHN CORNWELL 480/2002, p. 223
QUMRAN: MANUSCRITOS PUBLICADOS 476/2002, p. 23
"O MESSIAS ANTES DE JESÚS" 481/2002, p. 248

RELIGIÓES: QUAL A VER DAD EIRA? 478/2002, p. 134


RELIGIOSIDADE CRESCENTE: como se explica 484/2002, p. 386
DO BRASILEIRO 478/2002, p. 98

536
ÍNDICE GERAL DE 2002 57

REPRODUCÁO ASSISTIDA (fecundacáo artificial) 483/2002, p. 383


RESCRITO: Que é? 483/2002, p. 347
RESPOSTA A LEONARDO BOFF 482/2002, p. 308
TESTEMUNHA DE JEOVÁ 476/2002, p. 32
UM ATEU 478/2002, p. 133
485/2002, p. 439

SANTA SÉ EM DÉFICIT EM 2001 485/2002, p. 453


SANTIDADE DA IGREJA: críticas no filme "Em nome de Deus".... 483/2002, p. 375
NA VIDA CONJUGAL 478/2002, p. 129
SATANÁS, CULTO A 479/2002, p. 153
SENADO FEDERAL: UMAVOTACÁO 484/2002, p. 417
SENTIDO DA VIDA 477/2002, p. 50
SEGREDO DE FÁTIMA NAO TODO REVELADO? 478/2002, p. 108
SEXO: ABUSOS NA IGREJA 481/2002, p. 265
E CELIBATO 482/2002, p. 308
SEXUAUDADE: SETE ASPECTOS 477/2002, p. 92
SILVA, O.F.M., ARIOVALDO DA: "A EUCARISTÍA, SACRAMENTO
DE COMUNHÁO" 483/2002, p. 371
SOFRIMENTO: DEUS AMA? 476/2002, p. 2
476/2002, p. 13
"PERDÍ A FÉ": 476/2002, p. 12
STOSSMAYER, J. J. BISPO (H1905): QUEM FOI? 477/2002, p. 58

TEOLOGÍA: DA PROSPERIDADE 485/2002, p. 449


TEPE, DOM VALFREDO: "MISERICORDIA EU QUERO. CASADOS
RECASADOS"... 478/2002, p. 144
TESTEMUNHAS DA ESPERANCA" por Francois X. N.
Van Thuan 486/2002, p. 482
DE JEOVÁ: QUEM SAO? 476/2002, p. 32
TEXTO BÍBLICO MANIPULADO E ALTERADO? ("VEJA") 482/2002, p. 290
GREGO DO NOVO TESTAMENTO: Historia 482/2002, p. 293
HEBRAICO DO ANTIGO TESTAMENTO: Historia 482/2002, p. 291
THUAN, FRANCOIS X. N. VAN: Testemunhas da esperanca" 486/2002, p. 482
TORA E CORÁO no julgamento divino 485/2002, p. 439
TRADICIONALISTAS RETORNAM AO SEIO DA IGREJA 483/2002, p. 350
TRANSPLANTES: AÍNDA AS CÉLULAS TRONCO 486/2002, p. 525
TRANSPLANTES: MODALIDADES: 485/2002, p. 472

URQUHART, GORDON: "A ARMADA DO PAPA" 484/2002, p. 399


ÚTERO ARTIFICIAL FABRICADO 480/2002, p. 233

537
58 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 486/2002

VARONE, FRANCOIS: "ESSE DEUS QUE DIZEM AMAR O


SOFRIMENTO" . 476/2002, p. 2
VELHOS-CATÓLICOS QUEM SAO? 477/2002, p. 62
VIDA: JÉRÓME LEJEUNE, EM DEFESA DA 479/2002, p. 181
SENTIDO DA 477/2002, p. 50
VITAL, DOM: PROCESSO DE CANONIZACÁO 481/2002, p. 253
VOCAQÁO: COMO RECONHECER? 484/2002, p. 432
VOGELS, WALTER: ABRAÁO E SUA LENDA 485/2002, p. 445

WALSCH, NEALE DONALD: "CONVERSANDO COM DEUS" {III).... 481/2002, p. 282

ZANINI, R. I.: "BAKHITA, MULHER NEGRA, ESCRAVA, SANTA" 486/2002, p. 518

538
ÍNDICE GERAL DE 2002 59

EDITORIAIS

A FÉNIX: MORRER PARA RENASCER 481/2002, p. 241


A MULHER ETERNA 479/2002, p. 145
A VIDA É UMA PARÁBOLA 482/2002, p. 289
AS TRES NATIVIDADES DO VERBO 486/2002, p. 481
ESTRELA DALVA (Ap 22,16) 478/2002, p. 97
IN ÓMNIBUS RÉSPICE FINEM 476/2002, p. 1
"NEGAR-SE A SI MESMO ELE NAO PODE" (2Tm 2,12) 480/2002, p. 193
O VERDADEIRO NATALICIO 485/2002, p. 433
"REAVIVAR O DOM..." (2Tm 1,6) 484/2002, p. 385
"REFULGE O MISTERIO DA CRUZ" (Liturgia da Semana Santa). 477/2002, p. 49
"VIVO EU, NAO EU, É CRISTO QUE VIVE EM MIM" (Gl 2, 20) 483/2002, p. 337

LIVROS APRECIADOS

ANATRELLA, TONY: A diferenca interdita: sexualidade,


educacáo, violencia 480/2002, p. 235
AQUINO, PROF. FELIPE: A Igreja. 51 catequeses do Papa sobre
a Igreja 485/2002, p. 457
AQUINO, SANTO TOMÁS: Comentario ao Pai Nosso 486/2002, p. 528
BERARDINO, ANGELO DI,organizador: Dicionário patrfstico e
de antiguidades cristas 485/2002, p. 438
BINGEMER, MARÍA CLARA LUCCHETTI: Violencia e religiáo ... 478/2002, p. 128
CASTANHO, AMAURY: A Igreja através dos tempos. Do Fundador
a Joáo Paulo II 478/2002, p. 141
CONCEICÁO, BENTO DA (ARISTO) A Palavra viva de Deus 481/2002, p. 275
ESTÉVÁO BETTENCOURT O.S.B.: Resposta a L. Boff 480/2002, p. 216
EYMARD, SAO PEDRO JULIÁO: Escritos e Sermoes em 5
volumes 485/2002, p. 444
GUEDES, MONS.JOÁO ALVES: Domingo, nascimento de uma
nova criacáo 485/2002, p. 444
JUBEL, PE. CRISTOVAM: Como ser Igreja hoje á luz dos Atos
dos Apostólos 481/2002, p. 281
KHALIDI, TARIF, ORGANIZADOR: O Jesús mulcumano 479/2002, p. 185
LORENZEN, LYNNE FABER: Introducáo a Trindade 486/2002, p. 507
RIBEIRO, SANDRA FERREIRA: Ecumenismo: simples tolerancia
ou um estilo de vida 479/2002, p. 188
SAMPEL, EDSON LUIZ: Introducáo ao Direito Canónico 481/2002, p. 264
SAPATTINI, PE. HEITOR: A morte nao existe maisl 486/2002, p. 499
ZILLES, URBANO: Religióes, crencas e crendices 481/2002, p. 288

539
Novidades

Este livro é todo vazado ñas Sagradas


Escrituras, manancial fecundo de uniáo com
Deus.
O Autor destas páginas, monge do
Mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro, tem-
se dedicado á pregacáo de Retiros Espirítuais,
com grave proveito para os fiéis. Daí pedirem-
Ihe que redigisse algumas reflexóes sobre
temas de espiritualidade a fim de alimentar
a vida de ora§áo dos leitores. E soube fazé-lo
com maestría como ocorre no presente livro.
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O Instituto de Filosofía e Teología do

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tem a alegría de comunicar o langamento
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intitulada "Coletanea".
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vem distribuido em 144 páginas, visa
contribuir como instrumento de pesquisa
nestes campos do saber, ao mesmo
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No Brasil, de seus livros, foram traduzidos As Graneles Amizades, o Diario de Raissa
e, recentemente, Poemas e Ensaios.
O Anjo da Escola - a vida de Santo Tomás contada ás criancas, que já teve edicóes
em japonés, em inglés, em alemáo, italiano e romeno, abre-se agora ás criancas (e aos
adultos) de Ifngua portuguesa.
Na introducto escrita para a edicáo alema, Raissa fala de sua única intencáo:...
"contar ás criancas, da maneira mais simples, mas sem 'infantilidades1, a vida de um
santo que me parece digno de amor entre todos. (...) o que me ajudou a encontrar o tom
do relato foi a idéia que tive de me dirigir a urna changa que conheco bem (...). Escrevi-
o táo 'seriamente' como se me dirigisse a gente grande, no sentido de que absolutamen
te nada inventei de infantil ou de poético e de que recorrí ás melhores fontes - aos
documentos que serviram á canonizacáo do Santo, á sua vida por Guilherme de Tocco,
aos estudos do Rev. Pe. Mandonnet, ao livro do Pe. Petitot sobre Santo Tomás de
Aquino e ao livro de meu marido: O DoutorAngélico."

- POEMAS E ENSAIOS - RAÍSSA MARITAIN. TRADUCÁO E COMENTARIOS DE CESAR


XAVIER BASTOS.
Trechos da Introducao:
Apresento neste livro, em edicáo bilingüe, urna boa parte dos poemas de Raissa
Maritain e também alguns dos seus pontos de vista sobre a Poesía. Como Introdugáo,
nada melhor do que as palavras de Jacques Maritaín ñas primeiras páginas de Poémes.
et Essais, transcritas logo a seguir. No final, Registros e Comentarios. A Cronología é
um resumo da cronología que aparece em Cahiers Jacques Maritain, n° 7-8, em come-
moracáo ao centenario de Raissa, em 1983. Ñas Notas, alguns esclarecimentos. O que
entendí, estudei e acompanheí, com aquela atencáo especial requerida neste caso,
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No lívro vamos encontrar mensagens poéticas, profundas, e sobretudo alegres, acom-
panhando datas importantes da liturgia, que váo inspirar nossa camínhada e nos propor
cionar a paz do Senhor!
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