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PARAFRASE E POLISSEMIA A FLUIDEZ NOS LIMITES DO SIMBOLICO Eni Puecinelli Orlandi Resume ‘A partir de uma fees que apron a expliitagSio da natureza da relagdo entre parirase (0 mest) € polisemia (o diferente), a autora re-coluca a questo da relagao entre a posigio-pofessore a posigio Fhuno na Escola. Desenvolsendo novas elementos da nogio de revershifidade (savimento entre posigdes), € intercambiabildade (subsitwigio na mesma posiglo), mostra © que € uma posigo que promove adlferenga tanto pela lado do pressor quanto do aluno, Introdugao Uma questo que se impée para os que trabalhiam com a andlise de discurso é a da relagio dos processus de ensino € aprendizagem com o que chamamos meméria discursiva ou interdiscurso, ‘A nogiio de interdiscurso traz para a reflexfo sobre a linguagem a considerayio do inconsciente e da ideologia. Em sua definigdo, o interdiscurso & 0 j:i-dito que sustenta a possibilidade mesma de dizer: conjunto do dizivel que torna possivel o dizer e que reside ho fato de que algo fala antes, em algum outro lugar, Toda vez que falamos, para que nossas palavras tenham sentido, & preciso que jit tenham sentido, Esse efeito € produzido pela relagdo com o interdiscurso, a meméria discursiva: conjunto de dizeres jt ditos ¢ tesquveidos que determinam o que dizemos, Assim, a0 falarmos nos filiamos a redes de sentido, Nio aprendemos como fazé-lo. Isto fica por conta di ideologia ¢ do inconsciente, Eo fazemos em um gesto de interpretaglio na relagdo da lingua com a historia, Podemos entio afirmar que hi um “real constitutivamente estranho univocidade Idgica e um suber (se transmite, nfo se aprende, nao se ensina © que, no entanto, existe produzindo efeitos” (M.Pécheux, 1990). Rua, Campinas, 4: 9-19, 1998 10 Parijrasee Polissemia ~A fuides nos tnites do snbético Formas de reflextio como a andlise de discurso se dio justamente como tarefa compreender esse tipo de real, sujeito & interpretago © que Se dé no cruzamento da lingua com a histéria, A proposta & a de se inaugurarem novas priticas de leitura (sintomaticas, arqueolégicas, ete.) ou, em outras palavras, de se construirem outras ‘esculas” que permitam levar em conta esses efeitos e explicitar a relagio (discursiva) com esse saber que nao se aprende Exsa € a posigdo da anzlise de discurso que, teorizando a interpretago, propée que se considere 0 sentido como “relacio a”, compreendendo que a lingua se inscreve na histéria para significar: quando se Fula, mobiliza-se, pois, um saber que no entanto niio se aprende, que vem por filiacao e que nos dia impressio de ter sempre estado “ principio dessas priticas de leitura consistiria em se levar em conta a relagio do que E dito em um discurso e o que & dito em outro, 0 que é dito de um modo ¢ o que é dito de ‘outro, procurando “escutar” a presenga do ndo-dito no que & dito: presenga produzida por Uumia auséncia necesséria, Como s6 uma parte do dizivel & acessivel ao sujeito, com essa escuta, 0 analista poder ouvir, naguilo que 0 sujeito diz, aquilo que ele nao diz mas que constitui igualmente os sentidos de “suas” palavras scuta”, essa prética de leitura discursiva, faz a eritiea da interpretagiio enquanto representagiio de contetidos e procura compreender como sujeito e sentido se consti Partindo da trilogia Marx-Freud-Saussure, diz Althusser (em Lire Le Capital) partir de Freud que comegamos a suspeitar do que escutar, logo do que falar (¢ cular) ‘quer dizer...", Na medida em que se poe em cena o simbslico e 0 se novas priticas de leitura para sermos consegtientes com o que falar (@ dizer. O que est posto em causa a ps estritamente bio-social, dando-se assim relevancia aos. proprios m Tinguagem ¢ ao hist6rico-social. Nessa perspectiva, estes niio sie pensados na tradigao da autenticidade do vivido nem na certeza cientifica do funcionalismo positivista mas na dos. efeitos da interpretagao, entrespago dos efeitos da ideologia ¢ do inconsciente. Se, do lado do histérico-social, a tarefa & evitar conceber 0 ordinério do sentido como fato de hatureza psico-biolégica, evitando assim o risco dos positivismos ¢ das filosofias da conscigncia (0 discurso cotidiano seria o diseurso do verdadeiro...), do lado da linguagem, a tarefa dessa “escuta” ¢ justamente se “descolar da obsessao da ambigiiidade lar) quer tir da trilogia mencionada acima sdo as evidéncias do jismos de Rua, Campinas, 49-19, 1998 Ei Pucenelli Orlandi " (entendida como légica do owow) para abordar 0 préprio da Iingua através do papel do cequivoco, da elipse, da falta, etc." (M-Pécheux, 1982). Tenho posto que, na anilise de discurso, 0 equivoco referido ao sujeito remete a0 inconsciente € o equivoco referido histéria incide sobre a ideologia, E af, retomando M. Pécheux (ibidem), quando cita Milner (1983), podemos dizer que “o jogo de diferengas, alteragées, contradigbes ti pode ser concebido como o amolecimento de um niicleo duro légico (0) Compreendendo-se pois a desnecessidude dessa separagao, pode-se considerar que “isto (a considerago da ideologia e do inconsciente) obriga a pesquisa lingtifstica a se construir procedimentos (..) eapazes de abordar explicitamente o fato lingtifstico do equivoco Como fato estrutural implicado pela ordem do simbslico” (Pécheux, idem). Quer dizer que 0 equivoco passa a constituir 0 lingiifstico nao como algo a ser evitado ou que é um ‘mero acidente para ser pensado como estruturante, fata incontorndvel ‘A nogio de discurso, tal como a trabalhamos, acolhe 0 jogo entre 0 estabiizado e o sujeito a cequivoco, espaco de destimites © de indistingdes em que 0 “pedagogicamente hhigienizado” (MPécheux, 1990) convive com © movimento indeciso das interpretagies. Lugar de falla, de equivoco, do trabalho do inconsciente ¢ da ideologia: espago da interpretagio, Meolozia nao se aprende, inconsciente ni se conttola com o saber. Eis 0 homem, ow melhor, o suet, posto na ‘ordem dos efeitos do simbstico e da histria. ‘Se assim 6, a propria lingua funciona ideologicamente, ow seja, tem em sua rmaterialidade esse jogo, o lugar da falha, do equiveco: todo enunciado, diri Péchews (idem), & lingtisticamente deseritivel como uma série de pontos de deriva possivel oferecendo lugar & interpretagio. Todo enunciado esté intrinsecamente exposto 20 equivoco da lingua, sendo portanto suscetivel de tornar-se outro, Esse Ingar do outro enunciado, é lugar da interpretagilo, manisfestago do inconsciente ede ideologia na produgao dos sentidos e na constituigao dos sujeitos. Fé af também que podemos considerar a alteridade constitutiva, o interdiscurso: “é porque hi 0 outro nas sociedade: cortespondente a esse outro linguajeiro discursivo, que af pode haver ligagiio, idemtificagio ou transferéncia, isto é, existéncia de uma relacio abrindo a possibilidade de interpretar. E & porque hi essa ligago que as filiagdes hist6riews podem se organizar em memirias, © as relagdes sociais em redes de significantes” (M, Pécheux. ua, Campinas, 9-19, 198 2 Pardfrase ¢ Polissemia -A fvides nos finites do simbiico Essa relagdo com a alteridade, a necessidade da interpretagio e a possibilidade de transformagio no sentido € no sujeito, seus movimentos, nos mostiam que as coisas a saber so sempre tomadas em redes de meméria nas quais os sujeitos se inserevem filiando-se ao que os identifica. Nao se trata pois de aprendizagem por interacao, Nessa mesma diregio de raciocinio podemos dizer que a transferéncia ~ 0s efeitos metafSrieos que produzem a deriva, o deslizamento do sentido outro nas diferentes posigées do sujeito - nao & uma interacio. E as filiagdes niio sto nviquinas de aprender. Tudo isso para dizer que no hii sentidos literais guardados em algum lugar - seja a lingua, sea © eérebro - ¢ que “aprendemos” a usar. Os sentidos © 08 sujeitos se Constituem em processos em que hi transferéneias, jogos simbélicos dos quais no detemos © controle © nos quais 0 equivoco, ou seja a ideologia e 0 inconsciente, esti largamente presente Como os objetos de saber esto inscritos em fillagdes (e nio aprendizagem) ninguém tem o completo dominio do que diz. As transferéncias que consisiem nos processos de identificagio constituem uma pluralidade contraditéria de filiagdes histéricas: ou seja, uma mesma palavra, na mesma lingua, significa diferentemente, dependendo da posigiio do snjeito e da inscrigio do que diz em uma ou outra formagio discursiva. Assim, 0 trabalho do anatista de diseurso em sua escuta & explicitar os gestos de interpretagdo que se ligam aos processos de identificagio dos sujeltos, suas Filiagées de sentidos: descrever a relagao do sujeito com sua meméria Para io discursiva que testemunhei. No parque do lago da Cidade Universitiria, em Campinas, havia um andincio: “Ach Cachorrinho com x earaeteristicas et..". Um erianga depois de lero antincio, diz para a mae: Deve ser o cachorrinho do Pedro, uquele menino chato que mora em... A mile responde: filha! Aquele cachorro li é dele mesmo. Voc8 niio vin?” Aqui estd escrito ‘Achei"..". E elas ficaram se incompreendendo enquanto eu me afastava sem ouvir o final da conversa. O jogo esti em que a menina referia ao fato que o menino (Pedro) poderia ter perdida (se alguém acha & porque alguém petde) seu cachorro ¢ a mie tinha como t6pico o ‘ache Pensiva em quem tinhia achado e no perdido, Era sé uma questio lingifstica? Nao. Certamente para que os sentidos af se confundlissem foi preciso que a lingua se inscrevesse nas diferentes memérias discursivas ¢ se diferenciassem, E nio se tata apenas de uma diferenga de “informaio”. Ai esti pois sé uma parte do equiveeo. A outa parte, mais important jo produto de strar 0 que venho dizendo vou falar de urna situ ca, Campinas. 49-19, 1998 Eni Puecineli Otani B aque resulta das diferentes formagi posta em relagiio; o que ests em confronto & 6 gesto de interpretagio da filha que conflita sentidos com o gesto de: interpretagio dan ‘So outros sentidos af a se in-compreenderem, A questi do cachorrinho achado ou perdido & ‘6 um lugar de realizagdo dessa diferenea entre a formagiio discursiva da filha e a da mile em suas relagdes © que trahalham pontos dispersos dos seus processos de identificagio que se ceruzam e se afastam no movimento de suas identidades. Esse € 0 jogo do trabalho simbélico com sua histoticidade. dito ca interpretagio Temos insistido em que, como nao hi discurso sem sujeito nem sujeito sem ideologia, sujeitos todos somos desde que falamos. No entanto, também tem sido objeto de minha reflexdo 0 futo de que a Escola tem como fungi criar condigées para que se produza © autor (F.Orlandi, 1988). O autor € 0 prine‘pio de agrupamento do discurso, unidade & ‘origem de suas signifieagées, o que 0 coloca como responsivel pelo texto que produz. A ogo de sujeito ndo recobre uma forma de subjetividade mas um lugar, uma posigfio discursiva relativa a uma incidéncia da meméria (instincia da constituigao dos sentides), A nogio de autor é ja uma fungio da nogiio de sujeito, responsivel pela organizagiio do sentido e pela unidade do texto Ginstaneia da formulacio). A autoria -a fungdo autor - é tocada de modo particular pela histéria: 0 autor consegue formular no interior do formulivel e se constituir, com seu enunciado, numa histéria de formulagoes. Isso quer dizer que é impossivel ao autor evitar a repetigio jé que sem ela sew enunciado nao faria sentido, nio seria interpretivel. Ele tem pois de se inserever no repetivel. No entanto cle o faz de forma particular instaurando um lugar de interpretagaio no meio dos outros. A repeticio & assim, para 0 autor, parte da hist6ria io mneménico. Inscrevendo sua formulago no interdiscurso, na meméria do dizer, o autor assume sua posigio de autoria, produzindo um evento interpretative, ou seja, 0 que fz sentido, Estas consideragdes levaram-nos (E.Orlandi, 1996) a distinguir wés modos de repetigio: ‘a. RepetigZo empirica: exercicio mnem@nico que nao historiciza 0 dizer: ues, Campinas, 49419, 1998 Mw Parifrase ¢ Polssemia ~A fluides nos limites do simbtico b. Repetigao forma historiciza, $6 0 organiza: ¢. Repeticao hist6rica: formulagao que produz um dizer -no meio dos. outros, inserevendo 0 que se diz.na meméria constitutiva Ha trinsito entre esses diferentes modos de repetigao, E, a meu ver, & nesse movimento que prendizagem, a possibilidade da Escola interferir na relacd com o repetivel: criar condigdes para que o aluno trabalhee sua relagao com suas fila de sentido, com a meméria do dizer A repeticio empitica é a que produz a repetigio que na Escola chamamos efeito papagaio: 0 aluno repete sem saber 0 que esta repetindo, Esquece logo depois pois 6 que diz nito the faz sentido. A repetigtio formal jt € uma elaboragio da forma abstrata da ingua, e temos nesse caso o que em geral é considerado © bom aluno: ele repete com outras.palavras. No entanto, como niio hit historieiz sai do lugar. Finalmente, na ele inscreveria assim o dizer em seu saber discursivo o que Ihe permitiria nfo s6 repet mas ao faz8-lo, produzir destizamentos, efeitos de deriva no que diz. Por isso haveria ai sempre a possibilidade de serem prociuzidos outros dizeres a partir daguele. ideal” cht aprendizagem: levar o aluno a passar da repetigiio empirica A histérica, com passagem obrigatéria pela formal jd que para que haja sentido & preciso que a li insereva na historia, A inscricao do dizer no tepetivel hist6rico traz para o autor a questao da interpretagio: nesse caso, 0 dizivel é 0 repetivel, ow seja, que & passfvel de interpretagio, mum movimento de inserigtio e deslocamento simultineos. t6eniea de produzir frases, exerefeio gramatical que também no O mesmo eo diferente A marca especificadora de minha filiago na Andlise de Discurso é minha proposta de considera @ relagilo contraditéria entre a parifrase ea polissemia como eixo que cestrututra 0 funcionamento da linguagem (E,Orlandi, 1996). Ai est posta a relagao entre ‘o mesmo ¢ 0 diferente, a produtividade e « criatividude na linguagem, ua, Cannpinas, 49:19, 1998 Eni Puccinelli Oren s Esta é uma relago contraditéria porque niio hd um sem o outro, isto é essa é uma diferenga ecessiiria ¢ constitutiva. Mas hii outros sentidos nessa contradigio que € preciso ccompreender. n termos discursivos terfamos na parfrase a reiteragiio do mesmo, Na polissemia, a produgio da diferenga. ‘Como o sentido & relagio a, tomando-se as condigées de produgio como a situagio imediata ou a circunstancia da emunciacio, terfamos: mesma palivras com o mesmo sentido em relagdo a diferentes locutores: b, as imesmas palavras com o mesmo sentido em relagtio a diferentes situagdes: e. palavras diferentes com mesmo sentido em relagio a diferentes locutores d. palavras diferentes com o mesmo sentido em relugio a diferentes sittagdes. O mesmo sentido podendo af ser substituido por “diferentes” sentidos em a, b, c,d, temos a variivel polissémica a’, b’, ¢', f° ao esquema de parifrase que acabamos de coloear. Isso mostra que 0 que decide nfo sio as condigdes de produgio imediatas mas a incidéncia da meméria, do interdiscurso, Aquilo que, da situagio, significa & ja determinado pelo trabalho da meméria, pelo saber discursivo, ou seja, aquilo que jé faz sentido em nds, O recorte significativo da situagao - 0 que € relevante para o processo de significagio - € determinado pela sua relagiio com & meméria, ‘Uma observagao a fazer é a de que ai estamos inchuindo o proprio sujeito, enquanto locutor, Assim, 0 que funciona no jogo entre o mesmo € 0 diferente & 0 imiginério na constituigio dos sentidos, & a historicidade na formagtio da meméria Teremos assim ‘A, O Mesmo: apesar da variedade da situagio € dos locutores, hi um retorno a0 mesmo espaco diaivel (Paritrase); B. O Diferente: nas mesmas condigdes de produgiio imediatas (locutores ¢ situagiio) hi ro entanto um desfocamento, um deslizamento de sentidos (Polissemia). Hi entiio nesse caso B a produgio de efeitos metafdricos, transferéncia de sentidos, re- E isto 6 trabalho da meméria, O que nos permite dizer que € essencial, para compreender esse movimento contraditério entre parifrase e polissemia, a consideraga0 do que chamamos condigdes de produgo no sentido lato, que pdem em jogo niio s6 a relagio entre a situago ¢ os Jocutores mas a destes com 1 exterioridade (historicidade, i, seus efeitos, interdiscurso). Essit relagio com a meméria & constituida pela ideolo ua, Campinas. 4: 9-19, 1998 16 Parifiase ¢ Potssemia ~A fuides nos limites do simbélicn sem os quats no é possfvel aprender a relagao entre © mesmo ¢ 0 diferente, dado 0 fato de que, apenas no nivel de que apatece (se apresenta como), nfo & possivel distinguir entte estes dois processos. A ideologia, na anise de discurso, estd na produgao da evidéncia do sentido (s6 pode ser “este") & na impressio do sujeito ser a origem dos sentidos que produz, quando na verdade ele retoma sentidos pré-existentes. Dai a necessidade de se pensar o gesto de interpretagio como lugar da contradiga0: & o que permite 0 dizer do sujeito pela repetiga0 (feito do jé-dito) ¢ pelo deslocamento (historicizagao). A interpretagio se faz assim centre meméria institucional (arquivo) € os efeitos da meméria (interdiscurso). No dominio do arquivo a repetigiio congela, estabiliza, no dominio do interdiscurso a repetigio & a possibilidade do sentido vira ser outro, no movimento contraditério entre 0 mesmo ¢ o diferente Modo de funcionamento Isso tudo reafirma a importineia de se pensar a lingua enquanto capaz de jogo ea discursividade como inscrigdo desses efeitos lingtifsticos na historia, A distingio que faco entre discursos ficatia assim posta a, Discurso autoritario: hi contengao da polissemi; nfo expae 0 sujeito ao jogo; b, Discurso polémico: hi controle da polissemia; expoe relativamente, ou methor, centreabre a possibilidade do jogo; ¢. Discurso lidico: ha a polissemia aberta: expde amplamente o sujeito ao jogo. 0 jogo de que falo é 0 jogo nas rogrus ¢ jogo sobre as regras da lingua. Este, 0 jogo sobre as regras da lingua ¢ 0 que feta a repeticio e produz deslocamentos. E estruturante, afeta a materialidude discursiva e nde produz meramente uma substituigio de contetido, Pensando entio as diferentes posiges no discurso ped: 1 & posicto-aluno e posigao-professor, podemos dizer que elas se constituem de gestos de interpretagao diferentes, Isto quer dizer que na relagdo professor/aluno deve haver um espago de jogo que possibilite a transferéneia, trabalho de meméria que permite deslocamento de sentidos. Rua, Campinas, 4: 9-19, 1998 Bui Puceineti Ostandi 7 Tenho criticado o discurso autoritério pelo futo de que ele, ao estancar a polissemia, nnio permite a reversibilidade, Creio que esta noste de reversibilidade merece alguns comentirios. Temos inicialmente de distinguir entre infereambiabitidade ¢ reversibilidade. A intercambiabilidade dispde sobre 0 fato de que as posigdes equi intercambidveis, mutuamente substituiveis : ou seja, hd, por exemplo, a posigto-sujeito “mile” no discurso materno que faz com que, nessa posigTo, os discursos se equivalem. E dda posigto de mie que qualquer um de nds, ao falar da necessidade de disciplina, por ‘exemplo, estamos reproduzindo um mesmo diseurso matemno, reproduzindo os mesmos sentidos (imaginariamente). Nesse sentido, ¢ acertada, por exemplo, a fala de minha filha {que me dizia em sta adoleseéneia: "Mae € tudo igual, s6 muda de endetego” Sem esquecer que hi sempre a possibilidude de rupturas reais, historieas, o mesmo acontece com « posigdio-operirio, patrio, ete. e alio/professor. Ou seja, entre diferentes professores ha intercambiabilidade na posigao-professor discursiva assim como bi intercambiabilidade entre diferentes alos na posigio-alino, Dai dizermos que, no discurso, o que significa sto as posiges significativas no discurso e no a situagao social (empirica) sociologicamente descritivel, ja que um operiio empitico pode falar da posigiio-patriio (um “pelego”, pot exemplo). Pois bem, a questo & mais complicada quando fazemos intervie a reversibilidade. A reversibilidade € a possibilidade de que haja movimento nessas posigoes. Ea possibilidade que a posigio-aluno tenha igual legitimidade no processo discursive em {que se confronta com a posigio-professor. (O que é ensinar? O que & aprender? Para mim, ensinar & produzir condigées para que aluno, aprofundando sua posigio- ‘luno, tena voz pata imtervir no processo que © colocur futuramente na posicio professor, Para isso ele deveri se confrontar com sua meméria e wabalhi-la, a partir de ¢ em conftonto com os sentidos produzidos pela posigio-professor. F. assim que, por seu lado, o professor trabalha a sua mediagio em relagtio i posigdo-aluno, O que deve ser evitado justamente o que eu chumaria a “pretensa” intercambiabifidade entre aluno professor, ot seja, 0 aluno nao deve falar da posigfio-professor © o professor no pode pretender poder faz8-lo da posigo do aluno, Limite imposto pelo jogo da alteridade: nao se pode falar do lugar do outro. aalentes. st ua, Campinas. 4:9-19, 1998 Is Pardfrase ¢ Poissemia - A fuides nos limites do simdtico E assim, ereio, no confront da reversibilidade possivel face a impossibitidade da intercambiabilidade entre posigdes diferentes que se pode produzit um deslocamento na vor dominante: aquela que pretende saber, a partir de uma posigio particular (a posigyo- professor), © que & 0 sentido para a outra posigdo (a posigtio-aluno), produzindo o efeito da universalidade prépria ao literal: 0 sentido & “este”. Dito, evidentemente, da posigao- professor, posigio histérica material apagada em fungio do mecanismo ideolégico que produz o efeito referencial, simulando uma relagiio direta entre palavras e coisa Minha postura é a de que o aluno deve falur do lugar do aluno, aprofundando sua posigio, produzindo formulag3es a partir de um trabalho histérico relevante de scus sentidos. $6 assim, a0 ocupat o lugar da posigao-professor, quiindo tiver passado pelo processo ensino-aprendizagem, este aluno teri destocado sentidas, a partir dessa posigao real que terd assim sido historicizada € no permanecerd sempre-a-mesma, estabilizada pelo sistema, Este, como sabemos, propde sentidos a partir de um lugar permanente que idministr sentidos do lugar interpretativo da instituigo e que etemaliza sentidos em sua imobilidade, Entio, na relagio com o imuginario que consitui essa relagio entre professor/aluno cabe a0 professor, enquanto responsivel por um projeto pedagégico, interferir! nu imagem que © aluno faz do referente (Lal(ref,), ou seja, do objeto a comhecer Isto deve ser feito, discursivamente: a. a nivel te6rico, explicitando os pontos de deriva. isto 6, trazendo & tona os gestos de interpreta, e b. a nivel analitico, dando-lhes condigées para que cles trabalhem os lugares em que os sentidos podem ser outros (através de uma escuta discursivamente en-formada). Isto permite um trabalho que mude © lugar em que 0 sentido faz sentido. Essa forma de reflexiio propicia a critica ao que se tem dito das intenedes, do contexto € da situagio imediata, da nogio de interlocugio ¢ interagio. Essas sido ogdes que funcionam ao nivel da formulagdo e j4 sAo efeitos produzidos pela relagao da instineia de curso como imaginario, Para finalizar, eu diria que, contraditoriamente, a melhor maneita de se promover a diferenga é partir da elaboragdo da relagio com o mesmo, é fazer a meméria trabalhar com as condigies de produgio, sem elidir o Fato de que na linguagem nio ha completude "-Tento,atualmente, preferido a palavra “intrterit” (que pie em jogo, em sua hist6ria, os sentidos de fazer {(aveo)) a “itervi "que, em nossa hist6ra, tem estado ligida a imposigbes do poder, alravessando o jogo da democraca Rua, Campinas. 49.19, 1998 ne Puecinellt Orland wy © que os processos permanecem abertos assim como também os sujeitos ¢ os sentidos esto sempre em movimento: luindo entre a parifrase e a polissemia, entre © mesmo € © diferente. Na Histéria e na Linguagem, Na Escola ¢ na Sociedade. Na Instituigtio © no Discurso. A pani d'une reflexion qu’ accentue 'explicitation do Ia natured rapport entre paraphrase (le méme) et palysmie (le difféent), Pautour re-signifie la question du rapport entre Ia position-professeur et position-ééve & [Ecole. Par le developement des nouveaux apports 2 la notion de réversbifité {inouvement entre les diffSentes positions) ct inerchangeabifiré (substitution ence méne positions) FFauteur monte ee qu’est une postion qui favorse Ia diflérence aussi bien de la part du professeur que de celle de Msléve, BIBLIOGRAFIA Althusser, Louis (1965) Lire Le Capital. Maspero, Paris. Milner, J. C. (1983) Ordre et raisons de langue. Seuil, Paris. Orlandi, Eni Puccinelli (1996) 4 finguagem ¢ seu funcionamento: as formas do discurso 4°. ed, Campinas, Pontes. Orlandi, Eni Pulcinelli (1988) Discurso & leitura, Sao Paulo, Cortez; Campinas, Ed. da Unicamp, Orlandi, Eni Puccinelli (1996) Interpretacao. Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbélico. Petr6polis, Vores, Pécheux, M, (1990) O discurso: estrutura out acontecimento. Campinas, Ed. Pontes Pécheux, M. (1982) “Sur la (dé) construction des théories linguistiques” in DRLAV, 27, Paris. Rua, Campinas. 49:19, 1998

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