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DAVID BROOKS
Hoje, muitos psiclogos, cientistas cognitivos e at mesmo filsofos abraam uma viso
diferente da moralidade. Nesta viso, o pensamento moral se parece mais com a
esttica. Ao olharmos para o mundo, ns avaliamos constantemente o que vemos. Ver e
avaliar no so dois processos separados. Eles esto ligados e so basicamente
simultneos.
A primeira coisa boa a respeito desta abordagem evolucionria para a moralidade que
ela enfatiza a natureza social da intuio moral. As pessoas no so unidades separadas
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formulando friamente argumentos morais. Eles se unem em comunidades e redes de
influncia mtua. A segunda coisa boa que isso leva uma viso mais calorosa da
natureza humana. A evoluo sempre envolve competio, mas para os seres humanos,
como Darwin especulou, a competio entre os grupos nos transformou em criaturas
cooperativas, empticas e altrustas - pelo menos dentro de nossas famlias, grupos e, s
vezes, naes.
A terceira coisa boa que isso explica a forma casual como a maioria de ns conduz a
vida sem destruir a dignidade e a escolha. As intuies morais tm a primazia,
argumenta Haidt, mas no so ditadoras. H vezes, frequentemente nos momentos mais
importantes de nossas vidas, em que de fato usamos o raciocnio para superar as
intuies morais, e frequentemente estes raciocnios -juntamente com novas intuies-
vem de nossos amigos.
Finalmente, ela tambm deve desafiar os prprios cientistas que estudam a moralidade.
Eles so bons em explicar como as pessoas fazem julgamentos sobre o que faz mal e
justo, mas ainda lutam para explicar os sentimentos de deslumbre, transcendncia,
patriotismo, alegria e autossacrifcio, que no so acessrios das experincias morais da
maioria das pessoas, mas sim parte central delas. A abordagem evolucionria tambm
leva muitos cientistas a negligenciarem o conceito de responsabilidade individual e
dificulta para eles apreciar que a maioria das pessoas luta visando a bondade, no como
um meio, mas como um fim em si...
UOL, 07/04/2009.