Um transporte mais verde

Confederação Nacional do Transporte - Brasília/DF -

HOME - 02/08/2010 - 10:50:06

A “Baroneza”, primeira locomotiva a vapor no Brasil, circulou pela primeira vez em 30

de abril de 1854, quando foi inaugurada a Estrada de Ferro Petrópolis, fundada por
Irineu Evangelista de Souza, Visconde e Barão de Mauá, patrono do Ministério dos
Transportes. O nome, uma homenagem à sua mulher, batizou um dos modelos mais
antigos de máquina a vapor, incorporada ao patrimônio nacional em 20 de abril de 1954
e desativada em 1957 com o surgimento da RFFSA. A pompa do início da malha
ferroviária no Brasil indicava um futuro promissor — o que até aconteceu, mas o
crescimento desse que é um dos meios de transporte menos poluentes só avançou para o
transporte de cargas.

A quatro meses do prazo para fechar a licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV), que
ligará o Rio de Janeiro a São Paulo, discute-se ainda a viabilidade e as vantagens do
transporte. O preço, estimado em R$ 0,50 por quilômetro, não é considerado elevado.
Fala-se ainda no tempo — um pouco maior que o da ponte aérea entre as duas cidades
— mas não se discute com ênfase os efeitos ambientais do empreendimento.

Estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) compara os
níveis de poluição de cada tipo de transporte, baseado em levantamento da Agência
Ambiental Federal Alemã, que demonstra que o avião polui 7,4 vezes mais que o trem.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também divulgou análise em que o avião
polui 10 vezes mais do que um carro. Só em um dos aeroportos de São Paulo,
Guarulhos, foram emitidos 14 milhões de toneladas de gases poluentes em 2009.

As gerações que hoje têm entre 60 e 80 anos viveram um período anterior ao do

transporte movido a derivados de petróleo. “Tenho muitas saudades de viajar de trem.
Na adolescência, estudava no Rio e morava em Vassouras. Fazia esse trajeto de trem. É
bem melhor, mais seguro, polui menos. Recentemente, viajei pela Europa de trem.

Em avião, eles dão a oportunidade de você pagar uma taxa extra de compensação das
emissões de gases poluentes. Espero que o trem de alta velocidade (que ligará o Rio a
São Paulo) seja só o início dessa retomada e de nova consciência. O Brasil é imenso,
permite e exige esse desenvolvimento”, avalia o aposentado José da Silva Filho, 69 anos.

O professor e pesquisador francês Jacques Colin participou do 2º Ciclo de Conferências

da Confederação Nacional dos Transportes e defendeu a necessidade de se pensar a
logística de forma sustentável e de priorizar investimentos em modalidades de transporte
menos agressivas ao meio ambiente, como a ferrovia e a navegação de cabotagem (ao
longo da costa). Colin apontou a falta de investimentos em infraestrutura de transportes e
a carência na formação de profissionais em logística como os principais problemas do
setor no Brasil e na América Latina. Os investimentos em infraestrutura de transportes
por aqui correspondem a 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto), quando deveriam ficar
entre 5% e 6%.