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X ou Y?

Mulheres, homens e cromossomos

09/10/2005

Autor: MARCELO GLEISER


Origem do texto: COLUNISTA DA FOLHA
Editoria: MAIS! Página: 9
Edição: São Paulo Oct 9, 2005
Seção: + CIÊNCIA; MICRO/MACRO
Observações: PÉ BIOGRÁFICO

X ou Y? Mulheres, homens e cromossomos


O gene SRY pode redefinir a orientação sexual e transformar o que seria uma fêmea em
um macho
MARCELO GLEISER
COLUNISTA DA FOLHA
Lembro-me bem, quando no científico (o atual ensino médio), de aprender que a
diferença entre os homens e as mulheres está nos cromossomos X e Y: as mulheres têm
dois X e os homens têm um X e um Y. Tudo parecia bastante simples no final dos anos
1970. Com os incríveis avanços da pesquisa do genoma humano nos últimos 15 anos, as
coisas complicaram um pouco. Os livros usados nas escolas precisam ser revisados.
O básico continua o mesmo: o genoma humano tem 46 cromossomos, estruturas em
forma de bastonete encontradas no núcleo de cada célula. Os genes residem nos
cromossomos e são feitos de DNA. Os cromossomos X e o Y continuam sendo as
estruturas responsáveis pela determinação do sexo. O que é novo é como isso ocorre.
Em 2003, o cromossomo Y teve sua seqüência de "letras" químicas decodificada em
detalhe: sabemos hoje quais e quantos genes ele tem. Sabemos também como o sexo é
determinado em seres humanos: por meio de uma espécie de interruptor genético, que
determina se um embrião vai virar um macho ou uma fêmea.
Como escreveu H. Allen Orr, da Universidade de Rochester, em resenha do livro
"Adam's Curse", do biólogo Bryan Sykes, publicada recentemente no "New York
Review of Books", a demora desses avanços se deve à dificuldade em extrapolar a
determinação sexual em animais, especialmente os mais populares nos estudos de
genética, como a mosca-das-frutas e outros insetos, para seres humanos.
Aparentemente, a coisa conosco é bem mais complicada.
Nos anos 1980, cientistas descobriram algo de surpreendente: o sexo de uma pessoa não
parecia ser determinado pelos seus cromossomos. Em casos raros, mulheres podem ter
um X e um Y e homens dois X! Após o furor inicial, cientistas mostraram que o Y das
mulheres com XY tinha uma pequena parte faltando. E que os homens XX tinham uma
pequena parte do cromossomo Y, muito pequena para ser vista no microscópio. Ainda
mais interessante, a parte do Y que faltava nas mulheres XY e a que aparecia nos
homens XX era essencialmente a mesma. Ou seja, o sexo é determinado apenas por
parte do cromossomo Y. São os genes nessa parte que definem o sexo do embrião. A
questão então era determinar que genes são esses, os genes do sexo.
O mistério foi resolvido nos anos 1990, após uma intensa competição entre vários
grupos de pesquisa. Peter Goodfellow e Robin Lovell-Badge, dois cientistas ingleses,
localizaram um gene no cromossomo Y que chamaram de SRY, do inglês "Sex
Determining Region of the Y chromosome" (região de determinação sexual do
cromossomo Y). A prova de seu achado foi feita através de um experimento
extremamente dramático. Os cientistas injetaram uma cópia do gene SRY em óvulos de
rato, produzindo um espécime macho com dois cromossomos X e o pedaço de SRY. Ou
seja, o gene SRY pode redefinir a orientação sexual do animal, transformando o que
seria uma fêmea em um macho.
Embora ainda faltem alguns detalhes sobre como opera o SRY, a descoberta dá vazão a
vários cenários de ficção científica. Por exemplo, e algumas leitoras (espero que não
todas) talvez gostem de ouvir isso, pode-se imaginar um mundo inteiramente controlado
por mulheres, que criam seus homens quando bem querem, inserindo cópias de SRY em
seus óvulos. Não sei exatamente por que razão, mas o cenário inverso, embora possível,
não me parece tão plausível. Talvez a explicação esteja no SRY.

Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover


(EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu"

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