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Jan Nederveen Pieterse Luiz Werneck Vianna Maria de Nazareth Baudel Wanderley Markus $, Schulz Minor Mora Salas Orlandina De Oliveira Robert D. Mare Seyla Benhabib ‘Tom Dwyer Wilson Akpan Mudangas e desafios sociolégicos ‘organizagiio Celi Scalon José Miguel Rasia Ana Luisa Fayet Sallas i i 8 | Beereas] e O declinio da soberania ou a emergéncia de normas ? cosmopolitanas? Repensando a cidadania em tempos volateis' Seyla Benhabib Em varios trabalhos na dltima década, eu documentei a desagregagao dos direitos de cidadania, o surgimento de um regime internacional de direitos hhumanos ea disseminacio de normas cosmopolitanas (BENHABIB, 2001, 2002, 20042). A cidadania nacional é um status juridico e social, que combina alguma forma de identidade coletivamente compartilhada com o diteto a beneficios sociais e econémicos ¢ & qualidade de membro politico através do exercicio de direitos democriticos. Eu argumentei que no mundo atual os direitos civis ‘esociais de migrantes, estrangeiros e naturalizados estio cada vez mais pro- tegidos por documentos internacionais de direitos humanos.” O estabeleci- ‘mento da Unido Europeia (UE) foi acompanhado por uma Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia e pela formacio de um ‘Tribunal de Justica da Unido Europeia. A Convengéo Europeia para a Protegao dos Direitos do ‘Homem e das Liberdades Fundamentais, que abrange também estados que ‘nao si0 membros da UF, permite que as reivindicagées de cidadaos de esta- dos aderentes sejam ouvidas pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Desenvolvimentos paralelos podem ser vistos no ccntinente americano pelo estabelecimento do Sistema Interamericano de Protesio aos Diretos Humanos-~ ‘eda Corte Interamericana de Direitos Humanos. Estados africanos aceita- tam a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos em 1981 através da ‘Onganizacio de Unidade Africana eatéesta data ela foi ratficada por 49 estados (HENKIN etal., 2003, .14758.). 1 Aigo publicdo na Civitas Revista de Cnc Sis 12,1, 2012(N.E). 2 Osmasproeminentes deseo: A DeclarioUnivesa dos iris Humanos. de 480 acto Injenacional de Diets Civsc Plc o Paco Internacional de Direos eons Soca, «Cuturas.aConvenco Internacional sobrea Himinagio de dass Formas de Disctininaao aca Convey sobre Elmina de Todas Formas de Disctiminan Conte Mulbora CConvengio Conte Toriarac Outros Tatamentovou Pens Crs Desimanosou Degrade; 4 Convengio Internacional bre os Distr da Can, 153 Apesar destes desenvolvimentos, a conexio entre cidadania nacional e os privilégios da participagao democritica foi preservada nas legislagbes eleito- rais que restringem estes privilégios somente aos nacionais; mas também neste dominio mudangas sio visiveis, em particular em paises da Unio Europ nna Dinamarca, na Suécia, na Finlandia e nos Paises Baixos, imigrantes (third- -country nationals) podem participar nas eleigées locaise regionais; na Irlanda estes direitos sio garantidos no nivel local. Na Comunidade do Reino Unido (Commonwealth) cidadaos podem votar em eleigdes nacionais. ssa tendéncia nao estélimitada & Europa, Cada vez mais, México e gover- nos da América Cental, tais como El Salvador e Guatemala, estdo permitindo que filhos de pais com cidadania local, nascidos em paises estrangeiros, conser ‘vem os direitos de voto no pais de origem dos pais e, até mesmo, concorram a cargo eletivo; a pritica de reconhecer a dupla cidadania est se generalizando. Nosul da Asia, particularmente entre ascites econdmicas que tém trés ou mais passaportes e que operam trés ou mais economias nacionais, a instituigao da “cidadania flexivel” esté tomando conta (ONG, 1998). Porém, essas mudancas nas modalidades de pertenga politica foram acom- panhadas por outras formas mais ominosas de exclusio: primeiro, a condigio de refugiado e de requerente de asilo no se beneficiou igualmente da difu- so das normas cosmopolitanas. Enquanto seu contingente tem aumentado pelo mundo todo como resultado do estado global de violencia (ZOLBERG € BENDA, 2001), maioria das democracias liberais desde 11 de setembro de 2001, emesmo antes disso, ja tinham mudado rumo & criminalizagao do refugiado e requerente de asil,julgando-o ou como mentiroso em busca de acesso is van- tagens econmicas ou como uma ameaca potencial & seguran¢a. As politicas de refugiados e deasilo tornaram-se palco de alguns dos maisintensos confrontos sglobais distributivos e também racializados do mundo. Mesmo dentro da Unio Europeia, o estabelecimento de campos de transito para 0 processamento de refugiados (RP TCs) fora das fronteiras da UE, tis como para capturarrefugiados ‘eimigrantesilegais antes que eles cheguem em solo europeu, foram defendidos ppelo Reino Unido e Dinamarca ¢ estao em operagao nos territérios mantidos pela Espanha no Norte da Africa e em campos de trinsito na AAlém disso, como Hannah Arendt observou mais de meio século atrés, “ diteito a ter direitos” permanece um desejo aporético.’ Para quem se deve conceder“o direitoa ser um membro’o direito de pertencera uma comunidade 3) Paraumtratamentomaisextensvo daconcsito de Arent, ver Benhab(20043,cap. 2), Benbabib (Gogh) eBrunkhorst (999, 53-4) 154 nna qual seu direito a ter direitos deve ser protegido por todos? Dentro de uma humanidade permanentemente dividida é somente através da filiagao a uma comunidade politica em que o direitoa ter direitos é defendido pela solidarie- dade de todos que as aporias da condigao de apatrida podem ser resolvidas. O direito ater direitos deve combinar a visio liberal de cidadania como titula- ridade de direitos com a visio democritica republicana de filiagio através da participacio democritica plena. ‘A desagregacao dos direitos de cidadania através da extensao de normas cosmopolitanas,aliminaridade continua da condicio de refugiados ede reque- rentes de asilo, ea crescente criminalizagao de migrantes como uma conse- quéncia do estado global de confrontagao entre as forgas do Isl pol EUA tm Ievado uma série de estudiosos a interpretar estes desenvolvimentos sob uma luz completamente diferente do que eu. Para alguns, a disseminagio de um regime internacional de direitos humanos e de normas cosmopolitanas representa uma narrativa apollyanada* que nao leva em conta a condi¢ao cres cente de uma guerra civil global (HARDT e NEGRI, 2001; AGAMBEN, 2005). Para outros, enquanto estas tendléncias so reais a defesa do federalismo republicano parece inadequada na medida em que nao reconhece os potenciais politicos ‘mais radicais do presente momento (BALIBAR, 2004; HELD, 2004). ‘A enorme disparidade entre estes diagndsticos da nossa condiglo con- temporainea, que se estendem das previsdes de uma guerra civil global e um estado permanente de excecao & utopia de uma cidadania para além do estado ‘ea democracia transnacional, pode ela mesma ser uma indicagao do momento volatile obscuro que estamos atravessando. O que se tornou muito claro é que asituagdo de segurana em mudanca depois de 1 de setembro de 2001 desesta- izou o principio da igualdade soberana formal dos estados. A disseminagio das normas cosmopolitanas eas ransformagbes da soberania inevitavelmente acompanham uma’ outra. A ascensao de um regime internacional de direitos ‘humanos, 0 qual é um dos marcos das mudangas pés-westfalianas na sobera- nia, também anuncia alteragbes na prerrogativajurisdicional de estados-nacio. Como Jean L. Cohen (2004, p. 2) corretamente observou: Falar de pluralism legal e consitucional, constitucionalismo social, redes gover- nnamentais transnacionais, lei cosmopolitana de direitos humanos imposta por “intervengéo humanitiria assim por diante, io todas tentativas de conceitua- lizara nova ordem global legal que esta supostamente surgindo diante de nossos olhos. A reivindicagio perceptiva geral é que o mundo esta testemunhando um 4 Not Referene a personagem da obra Poljuna, de Eleanor H. Porter. 15, ‘movimento para a lei cosmopolitana [...]. Mas [..] alterando-se a perspectiva politica, 0 modelo de direto internacional baseado na soberania parece estar cedendo nio a justica cosmopolitana, mas a uma proposta diferente para rees- truturara ordem mundial: 0 projeto do império, Aascensio de normas cosmopolitanas ou a difusio do império? De fato, 6 crucial deslindar esse potencial ambivalente: enquanto o surgimento de nor- ‘mas cosmopolitanas se destina a proteger o individuo em uma sociedade civil slobal, existem perigos tanto quanto oportunidades criadas pelo enfraqueci- ‘mento da soberania do estado. O fato de que a internacionalizagao das nor- ‘mas de direitos humanos ¢ o enfraquecimento da soberania do estado esto se desenvolvendo em conjunto um com o outro decididamente nao signit que um pode ser reduzido ao outro; a génese destes desenvolvimentos assim como sua logica normativa sio distintas’ Nem deveriam preocupagoes sobre ‘enfraquecimento da soberania do estado, algumas das quais eu compartilho, levara rejeitaradifusio das normas de direitos humanos pelo medo de que elas possam ser utilizadas para justificar intervengées humanitérias. ‘Uma ver.que estas transformagoes estao alterandoas normas da soberania do estado, assim como impactando a presente capacidade dos estados de exer~ cerem a soberania, é importante de inicio distinguir entre soberania do estado « soberania popular. O conceito de “soberania’ ambiguamente refere-se a dois, ‘momentosna fundagao do estado moderno, ea historia do pensamento politico, ‘moderno no ocidente desde Thomas Hobbes pode ser plausivelmente narrada ‘como uma negociagdo destes polos: primeiro, soberania significa acapacidade de um corpo piiblico, neste caso 0 estado-nago moderno, para agir como 0 alicerce definiivo e indivsivel da autoridade com a jurisdigao de exercer ndo s6 ‘0“monopélio sobre os meios de violencia’ relembrando a famosa frase de Max ‘Weber, mas também de distribuir justiga e gerir a economia. 5A gnese das normas cosmopolitanasremona 4s experiéncias das dus Geras Mundas, 20 colonialismo europe e as lias antcolonais, ao genocidio arménio bs himosestgios do Império Otomano e ao Holocausta errado confundi lex mercatoria’ que também € uma lei global com o desenvolvimento das norms cosmopolitanas dos dietos humans, Para um relato do desenvolvimento do dtcito internacional, ver Kskenniems (3002). Ver também 0s relatos de inguérito judicias contra membros do “Patio Unidade e Progresso” (Union and Progres Party) no lmpério Otomano, que fram responsives pelo genocidio arménio(AKcam, 1998; para os inguritos judicial Nuremberg, comparar Marrus(1957)epara Ralph Lemkin ‘seu esforgos para passar a Convengo para a Prevenio e Represio do Crime de Genocidio (Genweide Convention), comparat Power (2003) Ver também a defes apaixonada de Brunkhost (2002) dos ‘diretos humans forte 156 Soberania também significa, particularmente desde a Revolugao Francesa, soberania popular, isto é, a ideia do povo como sujeito e objeto do direito, ou como criadores tanto como obedecedores do direito. Soberania popular envolve instituigdes representativas, a separagio de poderes ¢a garantia nao somente de liberdade e de igualdade, mas do “igual valor da liberdade de cada um’ Etienne Balibar (2004, p.152) expressou a interdependéncia entre a soberania do estado a soberania popular deste modo: [1a soberania de estado tem simultaneamente “‘protegido” asi mesma da.e“fun- dado’ a si mesma sobre a soberania popular na medida em que o estado politico foitransformado em um “estado social” [..] passando pela instituigio progresiva

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