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A DELINQUENCIA — PERSPECTIVA PSICODINAMICA Antonio Coimbra de Matos Actualmente n&o consideramos 2 doenca psiquica como mera consequéncia de fixagies ¢ regressdes no processo evolutive mas sim como resullaute de perturdacées do decenvolvimento condi- cionadas pela accéo de factores patogénicos do meio. A psico- patologia deixou de referirse a um modelo anatomofisio-embrio- légico (instintos, fungSes corporais, formacio de um «aparelho psfquico») para adoptar um modelo psice-sociol6aico (ecolégico) —o das relacdes interpessoals, inter-subjectives, O‘medo) a-raiva, e a Gristeza, gerados pelas condicées adversas, desencadeiam me- cemismos de defesa e de adaptaclo, que, pela sua _persisténcit deformam personalidade e 0 modo de relacéo, prod tomas € sinals do mal estar interno ¢ extemo (m — defesa e adaptacso— doenca e seus sintomas). O esyucma ¢ 0 da rescefo gerel-de adaptacao. O foo ¢ mais na agressologia do que.nd. caractereologia. ‘Seos mecanismos de defesz e adaptacio falham ou_sio in- suficientes — para 0 individuo se abrigar ou atingir o conformis- mo—a ansiedade, 2 hostili fio, persis ‘cons. tituem-se elas préprias como dona ¢ causa de doenca (efeito prolongado e efeito-causa, por retro-accfo), A reconquista da ‘satide estd, ento, na futa contra os factores patogéneos e n&o ma adeptacéo deformante ou ne construgo de uma barreira defen: siva. ‘Por outro lado, o insucesso das defesas néo pode ser s6 acha- cado a uma fragilidade do Eu mas também & sobrecarga de esti- mulos nocivos e constrangimentos penosos. A maioria das vezes, néo se trata de um Eu frdgil mas de um Eu fragilizado pela pre- poténcia do Super-Eu e pesporréncia do Ideal do Eu. ‘A neurose € 0 caracter neurdtico, o estado limite e 0 cardcter limite, a psicose © 0 carécter psicético sto formas doenties de Juta pela sobrevivéncia em meio adverso. Doentias pelo que com- portam de adantacio contranatura, em prejuizo do salutar desen- Yolvimento e expresso do ser; 2 Iuta perde o seu alvo e é oriex- tada para o coertar da expansio x realizacdo individuals. ALTER/EGO, Lisbos (2) 1986, pp. 75 2 83 6 de Geastracko, com o consequente reforgo da tex- sio agressiva, faz, muitas veves, flectir_o sofrido equilforio, de- sencadeando tempestades 20 ‘acting-in—oenca psicosso- ‘nitica) ou HO ecossistema (acting-out ~ comportamento_delin- quencial). ‘Sendo-2patologia o resultado, organizado pelo sujeito, da sua inter-acgSo comrum meio petologico © patogénicu, = preven sao Fazae pelo tratamento e saneamento do meio, enguanto que a oura é fundamentalmente um processo de desmantelamento da construgo patolégica da personalidade, Como terapeutas, tray baihamos sobretudo com o doente; como higienistas, com a fam{- Tia—-os pais, em primeira Iinha—, a escola ¢ a sociedade. Num ‘caso « noutro, em face da importincia da patologia © patogenia fda interacgdo em si, damos um relevo especial a0 estudo e tretar mento do sistema relacional, no seu duplo aspecto de comunica- (pho © transacgia de afectos. © acitimulo-<¢ (0 delinquente neurdtico Nos delinquentes neuréticos encontramds um comportsmen- to inibido, resultante de uma constante io jo pes Bal As convenitncias prOprias sio postas de lado pein obedién- la automética bs prescrigies do Super-Eu Este & rigido © se eto, emitindo qusse permanentemente mandamentos inibitérios, Penio por esta malha super-egoica, o individuo é vitima de repe- tidas fastragdes, cue impée a si proprio, conduzindo-o @ um es tado de tensio, mal estar ¢ irritago, de que sel periodicamente por epis6dicas descargas agressives (aoting-out, passagem #0 acto)- © deliiquente nearético age delitivamente, pois, por satura” edo de uma vida excessivamente controlada e inibida. “A concen” frapdo da insatisfaco rompe o equilforio psiguico, ¢ 0 doente prevarica, Hé um actmulo de privactes ¢ frustragics, ¢ o acto Hicito vem aliviar 2 tenséo criada. Abrese a vélvula do sistema: imibitério, porque este é submetido a uma pressdo intolerével de necessidades e desejos insatisfeitos. E um problema dindmico, econémico ¢ tépico-estrutural, Do ponto de vista dinémico, bé uma luta entre a necessidadepulséo” Mjesejo e a Tepressfo-contrainvestimento-inibitao, decidida a favor do mandato inibitério: a cultura (repressiva) venoe @ natureza (expansiva), Sob o prisma esonémico, verifica-se uma intensidade thelor das forcas defensives, antipulsionais; as energies impalsi- vas so frégeis, foram abafadas. Na perspectiva topico-estrutural, vemos os interesses individuais atirados para a sombra, para a zona inconsciente, © um Super-Eu hipertréfico, denso e obsta- culizante. ‘Quando investigamos a génese destas personalidades, obser vamos um meio familiar e educative passivizante e carregado de ordens para respeitar a comodidade ¢ 2 conveniéncia dos outros, bem como frequentes injuncies de tolerancia & frustragdo © & contrariedade. A obediéncia automética lei do outro, interiori- zada no Super-Eu, € 0 desideratum da politica educacional @ que © individuo foi sujeito, No tratamentd do neurético delinquente, o principal designio é a descoberta, andlise, desmantelamento ¢ expulsio dos intro- jectos bloqueadores — das porcées da realidade objectal opres- siva que foram introjectadas e funcionam, dentro do Self, como objectos internos inibidores, confundidos com os objectos exter- mos de que partiram es ordenagica reprecsivas. E um trabalho delicado e complexo que sé 0 especialista pode realizar ou dirigir. No &mbito da prevencfo, o que podemos dizer é que educar nfo € epreencher uma 4nfora vazia, mas alimentar uma chama vives (Pestalozzi). Freud descreveu «o delinquente por sentimento de culpa», assinalando como causa do acto delituoso 2 necessidade de cas- tigo para alivio da culpabilidade inconsciente. Pars ete autor, a gulp em cniger mas tnmgbee encées parricidas incestuosas, ¢ seria absorvida e fixada pelos actos criminosos posteriores. Assim, o individuo ficari para outras situacSes, da tormentosa culpa edipiana. Provocando © castigo por delitos conscientes, actuals e menores, o sujeito (edi- piano, historicamente culpado) iasse remindo do pecado original, infantil e universal; as penas cumpridas iam-no absolvendo. Des- Jocamento do afecto cullposo, do sentimento de culpa, e expiagéo por delegagio da culpabilidade original explicariam, para Freud, cs crimes das pessoas que ecesenvolveram inibigbes morais», ou seja, os neuréticos. ‘A explicagio € outra, mas o fenémeno existe—a culpabili- dade inconsciente, orjunda da eulpabilizacdo pelo meio objectal. Pelo seu acto, o delinquente chama a atengio do entourage ¢ desencadeia a fiiria da justica. O seu masoquismo moral, psi- quico ou caractereolégico € evidente. Uma necessidade patolégica de castigo impeleo para uma absurda-busca de punicdo. Contudo, uma mais profunda, extensa e detalhada observa- ¢f0 dos factos ¢ do campo psicolégico—do jogo de interacsbes Entre a personalidade ¢ a sua circunstincia—mostranos que a Conduta do detinguente neurdtico nfo é apenas motivada por tracos de caracter masoquista. —0 eardcter_ ‘ofundo, motivando a quase totali- dade ou o fundamental do comportamento do individuo, vamos encontré-lo mais nas personalidades de estrutura depressiva—com tem Super-Eu precoce, primitive feroz—, que esto no extremo “da psicopatologia neurética, rocando o cfrculo da patologia psics- flee (condigio borderline, paranoia e esquizofrenia), do que na personalidade meurética. Na personalidade depressiva, e nfo s6, 0 masoquismo moral oa psiquico Finciona como Potente defesa contra o afecto depres: sivo, a depress&o tout court: enquanto 0 individuo se submeter Hiealizande 0 objecto, nio sente 2 perda ou caréncia afectiva (ipso facto, nfio se deprime), porque obtem o camor> sédico do outro. © masoguismo moral néo é, contudo— como antigamente s° pensava-—, a busca compulsive priméria do castigo ¢ da hum: Tnagdo, Este comportamento é secundério, Nao existe uma «puk sao de morte» originalmente dirigida contra 0 proprio. O que existe é una pulséo agressiva, inicialmente dirigida para o mundo exterior, o mundo objectal; a qual, por medo (habitualmente, de ferda de amor) ou por culpa, ¢ redirigida para o sujeito, invertida sobre o Sel. Para completar esta panorémica sobre o cardcter neurético detinquente, queremos ainda referir o quadro do altruismo new rético(edeéesa altruista», de Anna Freud). Este tipo de comportamento neurético situa-se entre a inibi- cfo neurdtica—o carécter inibido—e 0 masoquismo moral ou ceedeter masoquista, O neurético altruista é una espécie de mis” Siontrio Taico e de voluntério para todo o servigo, que ama os Sutros para. ser amado,-no intuito préconsciente de reparar 0 bea inconsciente défice narcisico. E assim descrevemos a série, do menos grave a0 mais grave, dos caracteres neuréticos propensos & patologia delinquencis! (que em regra é menor e menos frequente que nos delinquentes Dorderline). aneurético inibido — o altruista neurtico — © maso- quista moral, Nd inibigdo neurética predomina © 0 evitamentii (cio em regra estruturas histero-f0 ‘Glizuismo neurético encontra-se frequentemente ums 18 falonarcisica, uma lesio da auto-imagem sexuada e sexual (2 estrutura e funcionamento mentais aproximam-se da onganizacdo ‘obsessiva). O masoquismo psiquico ¢ mais determinado pela culpa e pela violéncia da pulsio agressiva bloqueada, correspondendo a sua estrutura 2 uma organizacso depressiva incipfente prote- gida pela ideelizacdo primitiva. Angistia de castrag&o, ansiedade narcisica e ameaga de perda do amor do objecto so as trés ansiedades mucleares de cada um dos tipos de delinquéncia neurética aqui esquematizados. Os seus limites so isuprecisos, os espacos sobrepSem-se € 0 tempo modifica-os. Em psicopatologia dindmica nao hé sindromas, doen- gas ou quadros clinicos propriamente ditos; mas paradigmas © modelos operacionais. Na entrevista ¢ na terapia encontramos formas ¢ funcionamentos, estaveis ou instéveis, singulares ou asso- ciados, das estruturas e estilos que 2 observacdo acumulada ¢ rec- qflcada nos permite wustiuir, E, da relagio, émics, que com cada individuo estabelecemos, resulta uma realidade observada, que seri diferente da objectiva e subjectiva, mas gestalt visivel da commicacdo inter-subjectiva através da qual compreendemos e influenciamos outro que ¢ 0 nosso par. Assim, ser psicotera- peuta é uma ousadia que s6 podemos assumir quando seguros dos limites da nossa competéncia, dos riscos da nossa intervencio © da qualidade testada dos beneficios adquiridos pelo paciente. Todavia, no conjunto tratase de patologia centrada no con flito psfquico (intrapsiguico) — interiorizacdo: do conflito exter no, com 0 meio, com 0 objecto—e a terepia onganizase em torno da reactivegdo e actualizacSo transferencial do conflito infantil e inconsciente (remoto e virtual), da elaboracdo das ansiedades de sencadeadas, da remodelacSo do Super-Eu/Ideal do Eu por inter- nalizagdo transmutante, da lise da culpa irracional pelo reconhe- cimento da nocividade do/s cbjecto/s primordial ais ¢ significa tivo/s, da correceo valorativa da autc-imagem ¢ do alargamento do espaco consciente ¢ aumento“da forca do Eu pelo conheci- mento das pulses, desejos e interesses pessoais ¢ pelo assumir dos direitos préprios, Nume palavra, ¢ a técnica da psicoterapie analitica das neuroses; a dificuldade reside aa prévia transforma. do dos tragos caracteriais—de carécter neurético ou neurose de caricter —em sofrimento neurético com ansiedade, depressio, Inferioridade © ewipa, wale dizer, os afectos desagradéveis revele dos uma vez corroida a defesa caracteriall. 9 borderline delinquente © delinguente de trace borderline apreseata uma patologia de felha, de deficiéncia narcisica primaria—a «falha basica» de ‘Michael Balint —e deficiéncia estrutural, da super-estrutura psi- guica—um Super-Eu lacunar. O Self, clivado numa image: sa ¢ noutra diminuta e defeitaosa (esta Ultima, em regia, 1ecaleada), projects ce inver- samente no objecto, ele mesmo clivado em imagem denegrida idealizada, E a estrutura bindria da personalidade—impulso/ Jeontraimpulso — corresponde uma relagio dual alternante (emor/édio). i © estilo relacional, modo de relago de objecto—dada a fragilidade funcional e a precdria coesio do Eu, acrescidas da auséncia de constincia de amor pelo objecto (quando muito, exis- te uma constancia de Odio, organizando ume personelidade para- noide)—¢ oral-narcisico, funcional, 20 nivel da satisfagio de necessidades. O conflito de ambitendencia — colagemsinibiuse/’ /separacio-autonomia—prevalece sobre o conflito de ambiva jencia da estrutura neurdtice e depressive. A angistia de sepa- ragdo—da perea do objecto—suplanta a angustia depressiva, de perda do amor do objecto. ‘A relagio triangular, quando esbocada, nfo representa um verdadeiro Edipo, mas uma edipifitacdo, em que o citime traduz uma vivéncia de estar cheio pelo édio ao rival—chime pare noico—e no vazio de amor do objecto— citime depressivo. ‘A sua depressio néo ¢-a verdadsir depresséo—a qual, na sua esséncia, é estranha 20 vivido borderline, Nao € 0 afecto depressivo, mas © sentimento de vazio ea solidéo, @ angistia e incapacidade de estar 86, o desespero ¢ o desamparo (helplessness) ou a morosidade, a lentidio por agenesia da capacidade de in- vestimento—e nfo a falta de esperanca, a desesperanca (hope Iessness) e a inibicdo por culpa ou inferioridade. Quando se apro- funda, ¢ o buraco negro da «depressfo» psicdtica e néo a pena depressiva e o pesar da depressio neurética ¢ da melancolia. Na génese da personalidade limitrofe encontram-se as carén- cins afeativas precoces: insuficiéncia ou mé qualidade dos cuida- dos maternos, relagbes extremamente frustrantes com os pais, separacdes precoces e prolongadas, mercada distoreéo das rela- cOes pais-crianca, negligéncia e indiferenca parental, defeito psi cético ou caracter perverso dos pais, instabilidade familiar ¢ falta de apoio do meio envolvente. No fundo e em resumo, um lengol 80 = idm —————— " | de inafectividade e/ou rupturas relacionais precoces. A vine go—ligacéo afectiva 20 objecto de referéncia—néo_se_esta- belece suficientemente ou rompe. £ uma patologia enxertada na patologia da vinculacso. ! ‘A depresséo anaclitica fornece o modelo do trauma psigutico | infantil corrente nestas personalidades instaveis. A anorexia infax- i ‘il, traduczo da recusa simbélica da mie decepcionante, como | outras condutas que revelam a rejeigdo da mae abandonante, | | | j | i } mostram 0 continsaen de uma relacio infeliz precoce e longa- mente experimentada mas nfo aceite. Se a dependéncia simbidtica do objecto frustrador esté num dos extremos de uma reacedo em que 0 outro é o ensinamento & alheamento autistices, 0 termo médio € 0 afastamento/reaproxi- mago do objecto, tipico da personalidade limite. Prevenir 6 bem melhor que remediar, e se pensarmos no que fazer para diminuir o némero de personalidades narci- sicas e borderline—e baseados em trabalhos de follow-up que agui e ali vio surgindo—, afirmaremos que a protecodo da rela- } So mAefilho e a melhoria das condicées de aquela executar efi- i cientemente a sua funciio bio-psico-social estfio no cerne das nos- i sas preocupacées ¢ alimentam os projectos e realizacdes que os ] ‘técnioos de satide mental defendem e em qué se empenkam. | ‘Numa sociedade em que o lazer justamente reivindica o seu tempo e espaco, a transaccio afectiva empatica, plena e vivifi- i cante continua, lamentavelmente, a ceder o lugar A agitacio com- ; portamental, numa onda de tuxicomania dos estimulos, senso | rial, que abafa e substitue a harmonia menos bulicosa do afecto i que transuda e empapa a vivéncia interpessoal do humano que 1 urge promover. Nem deuses, nem bichos, nem herois, mas seres i que se amam, cooperam e criam, seré o futuro por que nos deve- { mos bater. a j 0 tratamento destes doentes exige um longo trabalho de repa- | ragio nareisica, que transcorre em dois planos interligados. ‘Um, 0 da regressio terapéutica— pela qual, ¢ através de uma simbiose reconstrutiva, o paciente preenche a lacuna basica (¢ o new be- ; ginning de M. Balint), Outro, nfio menos importante, o da retalia- { cdo, proceso em que o individuo ataca os maus objectos para i se vingar dos maus tratos sofridos, por malevoléncia, indiferenca : ou sadismo desses objectos; deste modo, expulsa, destroi e en- j terra os virus, as toxinas e os detritos das més experiéncias pas- sadas. on | | aL Os dois processos — simbiose terapéutica e retaliagdo — sao complementares e potenclam-se mutuamente: quanto melhor é a relagio terapéutica, mais livre ¢ 0 ataque aos maus objectos; & medida que 0 dio € consumido, o amor cresce. O individuo ego- céntrico, cheio de rancor e associal transforma-se no parceiro sensivel © afectuoso. Entéo, 0 perdio é possivel, 0 esquecimento processase ¢ as relacées tortuosas podem ser rectificadas: alguns alastamentos dose, rotuzas definitivas instalam-se, mas também reencontros em estilo diferente e menos ambivalente se estabele- ‘cem. Sobretudo, o individuo autonomizase e as relagdes sio de menor dependéncia. Da desconfianca’e arrogéncia, passa & coope- Tago e a0 contacto fluente e empético. So mais doentes de Caréncia que de conflite. E como tal precisam de ser tratados. 0 problema das lacunas do Super-Eu resolve-se com a matu- sagho afectiva a que a restauragdo narcisea e 0 esgotamento do ‘dio conduzem. Provisoriamente, pode ser util a protese externa €0 modelo identificativo, recorrendo-se & comunidade terapéutica as téonicas de terapia comportamental e de psicoterapia de mo- delagem da personalidade. © Selj grandioso defensive esboroa-se na justa medida em que a perda traumética, por separacéo ou brutal decepedo, do objecto ideal (imago parental arcaica idealizada) ¢ compensada pela introjecc&o construtiva do analista real. Conjugadamente, a imagem diminuida do Self é corrigida pela conquista da ideali- dade perdida na idealizacdo do outro. © delinquente psicdtico © crime surge, no caracter psicético, como o sinesperado previsfveln, uma expressfio mais do paradoxo que o define. ‘Existir/n&o existir é uma distinc&o bésica. O psicético, pri- sioneiro do proceso primério, existe ¢ néo existe, em absurda conjugacao dos-contrérios. E 0 nada € 0 infinito, a dimenséo e a auséacia de medida, ‘Vive no reino da univaléncta, Ha os bous © us maus. Bom mau ninguém o é. ‘Mora num espago fragmentado: os membros seréo extensées do corpo ou tio 56 pegas articuladas que se podem desarticular? ‘A unidade da represeatacio corporal néo foi atingida. O Self mental, ele também, estd feito em pedagos: partes que se ignoram, hostilizam e contradizem; fazem conluios, mas raris- simamente se amam. E porgtes do contetido interno séo clivadas e projectadas, voltando em aparicio alucinatéria ou alterando © outro por incluso (Identificacdo projectiva). 0 psictico criminoso poe dificeis problemas terapéuticos. As perturbagées da identidade nuclear, a profunda distorgio da rela- ‘go objectal e 0 carécter massive e funcionamento isolado da pulsfo agressiva impiem uma tarefa ciclépica 20 psicoterapeuta, ‘0 apoio na eo alargamento da parte neurética da persona- lidade é a regra basica do jogo e a rede amortecedora de quedas para as acrobacias terapéuticas necessérias. Exigem estas uma enorme disponibilidade, uma paciéncia infinita, 0 gosto pelo isco, uma boa dose de bonomia e adaptacZo pronta ao impre- visivel. Os saltos, peripécias e fugas do pensamento demoram tempo fa revelar a textura que os suporta e 0 significado que carreiam. (0 sujetto ¢ incoerente e Midicu; os seus ubjectos, estrambos, pare- doxais e ameagadores; os objectivos bizarros, ilégicos e estéreis. Fundir as pulsées e dar coesio ao Self é uma proposta longinqua, Ir tecendo a compreensio do doente 0 processo, lento mas seguro, Importa, num outro plano, descobrir a natureza enlouquece- dora do ambiente, das pessoas e da comunicacio em que o doente foi criado ¢ se construiu. O insdlito, o demoniaco ¢ 0 perverso emergem. A nossa percepsiio do acontecer mérbido toma-se mais, clara, 0 nosso discernimento mais penetrante. O terror panico do doente comesa a ter um nome; o seu impulso homicida, des- truidor, uma razio de desespero. No manicémio, getto, campo de concentraco ou centro orgiaco familiar (da familia nuclear, alar- gada ou grupal), talvez, com cerfeza..., 0 desigmado paciente, que se conquistou, seja o mais hicido © mais bondoso Se aqui conseguirmos chegar, fizemos jé um importante tra- balho. Resta que o doente seja capaz de analisar — para ultrapas sar 0 édio — a psicose/perverso dos seus formadores/deformado- res} © que o ambiente terapéutico e o/s terapeuta/s seja/m ca- paz/es de reestruturar a sua personelidade, fazendo-o sair da sua paraestrutura, do simulacro. 83

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