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SANTO. A DOUTRINA CRISTA exegese e formacio crista o PATRISTICA APRESENTACAO Surgiu, pelos anos 40, na Europa, especialmente na Franga, um movimento de interesse voltado para os anti 3 escrifores eristGos e suas obras conhecid nalmente, como “Padres da Igreja”, ou * Esse movimento, liderado por Daniélou, hhaje com mais de 400 tituios, alguns dos quais com varias edi 0 Coneilio Vaticano I, ativou-se em toda a Igreja 0 desejo e a necessidade de renovacao da litursia, da. exegese, da espiritualidade e «la teologia a partir das fontes primitivas, Surgiu a necessidade de “voltar as fon- tes” do cristianismo. ‘No Brasil, em termos de publicagao das obras destes autores antigos, pouco se fez. Paulus Editora procura, agora, preencher este vazio existente em lingua portugue- sa, Nunca é tarde ou fora de época pare rever as fontes da fé cristi, os fundamentos da doutrina da Igreja, especial- ‘mente no sentido de buscar nelas @ inspiragdo atuante, transformadora do presente. Nao se propée uma volta a0 pasado atranés da leitura e estudo dos textos primitivos como remédio ao saudosismo. Ao contrério, procura-se oferecer aquilo que constitui as “fontes” do cristianismo 2, as avalie e colha 0 essencial, oespirito que as produziu. Cabe ao leitor, portanto, a ta- refs do discernimento, Paulus Editora quer, assim, ofere cer ao puiblico de lingua portuguesa, leigos, clérigas, reli APRFSENTACAO josta pesquisa original se trad » despajada, pore cada obra terdo ipreensao do texto. O que retamente em contato ¢ feverd ter en de géneros literdrios, de est redigidas: cartas, se esforco de citagdes biblicas ow simp m-se ao fato que os Pa: dres ese? das maos. Tulgamos necess 2, patristica e padres ox pais da Igreja APRESENTAGAO hdlica” e da “tealogia ‘Padre ou Pai du Igreja” se refere @ escritor leigo, sacerdote ou bispo, da antig sv espere encontrar neles dl ava ainda el rodoxia é, po santida- ao, fer basta de. Parao se estende seno (675-749) Igreja” sao, portanto, agueles que, ao iros séculos, foram forjando, cons sal es, e os dogmas cristéos, decidindo, as da Igreja, Seus textos se tornaram fontes de discussies, ga, a antiguidade de S, Joao Dame Os “Pais a ‘Além de sua importancia no ambiente eclestastico, os Padres da Igreja ocupam lugar proeminente na literatu ra e, particularmente, na literature ana, Sao eles 08 tiltimos representantes da Antiguidade, cuja arte literéria, nei tha nitidan obras, tendo influenciado todas as literaturas posterio- res. Formados pelos melhores mestres da Antiguidade cléssica, poe lavras e seus escritos a servigo d pensamento "De tudo 0 que foi dito, esta é a suma: que se por certo, nao entenda ser a plenitude w o fim da Lei, como meira linha, literatos, e sim, arautos da doutrina e moral de toda a Escritura divina, 0 amor aquela cristas. A arte adquirida, nao obstante, vem a Coisa que sera 0 nosso gozo, ¢ 0 amor dos que eles meio para aleangar este fim. (...) Ha de se thes apro- podem partilhar conosco daquela fi nar o leitor com o coragao aberto, ch © bent disposto & vertade cristt. As obras dos Padres se Ihe reverterdo, assim, em fonte de luz, alegria e edificaciio espiritual” (B, Altaner; A. Stuiber, Patrologia, S. Paulo, Paulus, 1988, pp. 21-22) “Ser orante, an es de ser orador” AV, 15,32), ABaditora, TINTRODUCAO 1, Dados e ocasibo da obra Santo Agostinho comegou a eserever o D infeio de seu episcopado, en doctrina 17. Redi obra em 426 ou 427, anexando mais 13 capitulos ao ter © livro © compondo sin obra que levou trinta anos para ser completada! Ao se dedicar & revisao de sens escritos, no fim da vida, const tando essa obra inacabada, quis termind-la, Diz-nos tex- tnalmente, nas Retractationes: “Tendo encontrado inacabades og livres de sa preferi wgem onde ¢ lem 0 da mulher 426 ou no inicio de 427, porque em IV,24,50 0 autor faz alusdo a um sermao qu Cos: DUCA longa interrupedo, nao parece provavel que a tenha remanejado. Limitou-se a mesmoo dca. O que nao impediu a divalgacao do livro incom- mos; aque a passagem de A doutrina crista (II,40, fala dos egipcios despojados pelos hebreus por ordem de a jd rade do- Faustum 22,91). Portanto, 2 ob jo publico bb, Apreciagdes de alguns agostindlogos tinho no Diciondrio de teologia catolica,} afirma que 0 De doctrina christiana 6 verdadeiro tratado de exege mais titil monumento histérico para eonhecer o carter da exegese daquela época.” Outros estudiosos, porém, afirmam com vigor que nao se trata apenas de tratado de exegese on hermentu- 5 0 contetido ‘0s métodas de boa formagao com base biblica. Gustave Bardy" mostra como 0 argumento central é a Ytagdo de um conjun ajudam a en- pregacio ‘nos as preocupagses pastorais de Agostinho como bispo, Nao lhe foram suficientes os tra- balhos exegéticos de ordem tebrica. Logo em sei ros anos a frente da igreja de Hipona, esforgou-se px Tome istionnir de tho cat Portal, "Saint Avian 2, Paris 1894, co, 2800 FG. Bandy, Soon sngeetin home ot Foowore, Pars, 1988, p10, INTRODUG liear dois valiosos manuais de formagio: 0 De catechi- zandis rudibus' ¢ 0 De doctrina christian. Por qual moti vo ele parou bruscamente apés ter redigido a primeira parte, 56 vindo a finalizar a obra bem mais tarde, é dificil de ser explicado. Em todo easo, A doutrina crista ocupa lugar muito significativo na historia de santo Agostinho — na sua vida como na evolugio de seu espirite — para xo a estudarmos com o mais vivo interesse. E mo agostindlogo afirma alhures: hoje a esta obra grande impo do de retériea crista. Os trés primeiros livro grados A preparagio 10 ¢ ao estudo da Escritui eloquéncia propriamente dita e dé a esse respeito os m sdbios conselhos” + Por sua vez, 0 Pe. . ORSA, na Introduccién general as Obras de Santo Agostinho, pu- hlicadas pela Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), escreve com entusiasme sobre 0 De doctr istiana, Intitula-o: “Um manual de formacio cultural erista”, ¢ ‘corre sobre a grande influéncia que veio a exercer na histéria da cultura eclesistiea. Ali so dadas regras de religiosa para decifrar 0 pensamento divi- ervaneia de normas morais para aquisi- Gao das boas disposigies do aspirante & cultu- ios cientifi interpretagio ivros santos. No iiltimo livro, eneontram-se os melhores preceitos da oratéria antiga, cristianizados, tradusioem portugude fodoe cateeimence, para servir de hase a todo o desenvolvimento ulterior, de ordem téeniea, ‘Todo conher jento, expliea santo Ago tonde-se sobre as coisas ou sobre os sinais (de rebus aut servir, utilizar-se delas (rui aut wt meiro livro ¢ dedi essturdo das cH realidades a serem descobertas. Entre elas, a suprema — se assim pode ser chamada — é Deus Trindade. fruir por ele fruendam est propter seipsam) (5,5 ¢ 22,20). Das outras ente 6 0 homem. De tudo 0 4 lizar para chegar até ele, nosso termo nal e meta de nosso gozo. Agostinho estuda Deus como oria, imutivel e eterno, eentro de amor de toda eriatura racional (5-10). Mas para che- gar a Deus, o homem tem de purifie cessita de Jesus Cristo: Pi ma ad Deum via Christus (11-15), Por ele, se ha de yminhar sem se deter nas ecedoras. Bis, em esquema, as verdades dogmaticas apresentadas; Deus, a surrei 21). Se guem as verdades Livro Il — 86 0 grado é digno de ocupar 0 espirito do cristao verdadeiro, ja que eontém tudo o de que necessita seu fim. A Escritura um c os, isto 6, de palavras. E 's) que versa este segundo li niéneia de conhecormos 0s signos ¢ as garmos a esclarecer o senti vros inspirados, desse sentido, ha certas disposi as virtudes obtidas pelos m6, certae Quanto formacao eul- ‘ofpule comecara por se igdes de gra- matica a fi capacitar a ler 9 texto ia Estudard os tropos ou figuras de pensamento, para sa- as palavras ¢ expr: gurado. Come 0 ingua original do Novo 1,16). Deve-se acrescentar & gramatica outras ciéneias: a geografia, a historia natu- sstronomia — que € prec’ confundir com a astrologia — pois esta relaciona-se com as orstigdes, como, por exemp seopos (21,32-37). ‘Sao ainda recomendadas: as artes me .adialéticn, EXTRODUCAG 6 as matematicas que farao conhecer o significado sim lico dos mimeros, € a m dialética e a retériea, O exegeta & assim convida pto das Escrituras é apresentada nocritério de sua autenticidade (8.12.13). Agostinho trata também das distintas versées da Biblia: a tradueso grega dos Setenta, a qual considera altamente autori- zada (15,22). Como perseguidor da verdade que sempr obispo de Hipona recomenda que tudo o que for acha- do de certo nos autores pagdos seja incorporado ao acer- sa Verdade, como coisa que nos pertence 40,60.61), Termina o livro mostrando a grande diferen tre 03 Livros santos © os prof imensa superioridade dos primeiros (42,63). O Livro IIT dé-nos as regras da interp ensinar-nos a resolver as ambighidades da Eseritura. De inicio, aquelas que se encontram nos textos tom m sentido préprio Js complexas e que solieitam toxtos a serem tomados em sentido figu recurso & mbigilidades. Consiste em examinar 0 contexto, cote- jar as tradugées ou recorrer ao original, Na maior parte das vezes, a ambigiiidade decorre de tomar em sentido préprio ou literal 0 que deve ser entendido em sentido figurado (10). Uma série de prinejpios para a ajuda da interpretagao de tais textos 6 apresentada. E no ca: haver pluralidade de significagies, diio-se normas para a escolha do sentido exato ou do mais provavel (11-29). Santo Agostinho examina a seguir uma série de regras que o donatista exegeta Ticdnio propde para a descoberta do sentido real das Escrituras (30-37), Fax uma criti criteriosa dessa contribuigao, mas a ser adotada m cautela, Para concluir livro, ele exalta a necessida. de da oracao para o entendimento das Sagradas Es\ 56). Livro IV — Como jé foi bastante relevado, este livro osigio de pro- aproveitar-se m conta, po- ia do que com vencer (12,27). Para isso, estilo: simples, moderado e sublime, acomodando-os a0 tema ¢ ao objetivo (17,34). Apresentam-se virios exen plos tirados das Santas Rscrituras, especialmente de sao Paulo e dos Profetas (7 e 20), Igualmente, exemplos de dou- tores da Igreja, como so Cipriano e santo Ambrosio (21). Por fim, Agostinho ensina como misturar os estilos para sustentara atengao dos ouvintes, buscando sempre que e: tendam, deleitem-se e submetam-se a Deus (22-28). Sobre- tndo, que o orador nao se esquega acima de tudo haver de ser homem de oragdo, porque 86 Deus dé 0 incremento ao que foi plantado. O verdadeiro Mestre encontra-se no inte- rior (15,323:30,63). Que o pregador dé.o exemplo de sua pr pria vida e renda gragas pelo feliz éxito de sua pregacao. 4. O modo de composigao Henri-Irénée Marrou, na sua fundamental obra Saint Augustin et la fin de la culture antique,® faa andlise realis ta do modo de composigao de nosso grande doutor da Tgre- 2d, Bocca, Paris, 1898, 9p. 6, INTKOT 8 ja. Em resumo, eis algumas de suas constatagdes: santo ‘Agostinho compée mall, © nao nto a ord geral, & estrutura de conjunto, que parece entrar em cho- que com a nossa moderna eoneepeio da arte de compor: Por certo, ele nao hesita em propor explicitamente a divi sao do assunto e as distingdes a serem observadas, Uma desenvolvimentos fal- tamen Acontece-the tar ao mesmo tompo dois assuntos, entrelagando-os em vez de separé-los. O loitor chega assim a perder-se e es- quecer qual servagoes apresentaas por um mestre de eritiea lite Marron, porém, to: dizer ay que cle néo te, devido as exigencias mai génio e de sua sensibilidade. Ei porque possui lem: porque essas idéias nao possuem eontorno bem definido, niio si n eatalogadas. Sio realidades v que brotam tumultuosas umas sobre as outras. Agostinho, entretanto, é espirito eminentemente sintético ¢ intuitive, so gravita em tornode dessa da eomposigao. Dai a incapacidade radical de se submeter ‘a contornos precisos de plano defini le Cicero, estilo a que estava ). Dos seus 19 aos 28 anos — os nove anos em que permaneceu no m mntato com a Bi importaneia que nao pode ser olv rn breender as posites tomadas apis a sus conver tas maniquéias © par a verdad conq srenea aceita pela surard também abertamente interpretacao e EAgostinho cer nétodo er na interpretagao das ¢ método empregado do dia entre os letrados, no plano das obras profanas. Assim, a interpretagsio meta i valioso auxiliar de sua conversao. ainda que tendo ultrapassado 0 eurto pe- rfodo de incertezas vivido entre os &: caps, He, nyrRoDUt » de que 56 a Igreja eatéliea poderia Ihe garantir as verda- des a erer. A Biblia apre £ O grande amor pela Sagrada Escritura Agostinho atesta de m amor ivros santos. Nas Confissdes afirma desejar fazer vripturae ‘Toda a obra agostiniana deve a Palavra de Deus s ae e a medula de seus ossos. Eesa ima- is intima de s postos desde seu episcopado vom das divinas Bscrituras. De fato, com dificuldade encontrar-se-d homem que tenha sido mais profundamente penetrado pela Biblia do que 0 foi Agostinho. Origenes 6 o vidente erudito. Jerd- mo, 0 sibio conhecedor das trés Escritura com toda a fé. Desde 0s dias do retiro 6 a sua morte, viveu “na” Biblia.” Ninguém, como cle, explorou tao a fundo e com tan- to empenho e sutileza os profundos e obscuros recon: tos da Biblia, e nunca houve alguém que trouxesse de suas exploragdes tal abundaneia de preciosos achados Biblia Introduesion generat pasteur damon, «I, Pars, p. 108 03 misticos de todos os tempos Ihe deverao esplendidas huminagbes. Temos de ressaltar © lugar prodi da Biblia em suas obras. Cerca de um tergo delas Ihe estd expressamente reservado, sob forma de tratados exegéticos ou homiléticos. En aS itagdes biblicas vém semeadas em profusdo. Numero- sas S40 as coletinens feitas dessas citagdes. A resenha de De Lagarde, da Universidade de Gottingen, conta 42.816 citagées, sendo 13.276 do Antigo 'Testamento ¢ 29.540 do Novo.” g. Os trabalhos exegéticos Bis 0 elenco das obras exegéticas de santo Agosti nho:! A) Teoria da exegese + Adoutrina crista, em quatro livros. B) Comentarios sobre o Antigo Testamento ‘Trés comentérios sobre 0 Génesi * De Genesi contra manichavos, dois livros: No tido alegérico. * De Genesi ad litteram, liber imperfectus, um livro incompleto, * De Genesi ad litteram, doze livros. No sentido li- teral en- Eos trés tiltimos livros de Confissdes, em interpre tagiio alegériea, 30a! mneia popular, de ver- le inimitaveis.'* livros. De Quacstionum Ev .. Um so bre Mateus ¢ outro De Do noral de Jesus. 124 Tractatus in Ioannis Evangelium, obra magis: tral, 10 Tractatus in Kpistolam primam Ioannis, versa wretudo sobre a caridade e a unidade da Lgre) (ja traduzido em portugués, Paulus), D) Ensaios sobre as cartas de S. Paulo dade o fez desistir di + Expositio ad Galatas, verdadeiro comentario com cexplicagdes do sentido literal de h. sfulgamento eritico sobre ADE, Portalié, no seu extenso ¢ famoso ar 0 Dictionnaire de th mento de conjunte da desua te louvada, ow A pregaciio, que adota interpretacao mist a on alegoriea (In Tract. fonnem, In Psalmos, In L-Jo}, © nero ele é incomparavel; ou ainda refe: contramos no De Gen 03 Roi Contudo, é preciso reconhecer de Agostinho ndo se iguala nem pela extensio, nem pelo cient reunstincia: contributram para isso: a) Conhecimento insu! \guuas biblicas, Ele Tia o grego com embarago. Quanto ao hebraico, tudo 0 que se pode concluir, de estudos recentes, 6 que apenas .,e que era falado na Numidia pelo povo simples descendente dos fenicios. ‘mento, visadas por sua pregacio, levavam-no a taveis abusos do sentido alegérico 0t op TNTRODLGAO By ©) Enfim, na polémica, as duas grandes qualidades de seu génio: a paixao ardente do temperamento africa: no ea sutilidade prodigiosa de seu espirito nao Ihe deixa- rea calma| a santo precisdo, no sentido de um “biblicism da origem diving e, por conseguinte da inerrancia abso- luta do tieano IT reafirmou essa doutrina (ef. Dei Verbura IT1,11). Para compreender- bem a teoria agostiniana da Biblia, porém, é preciso levar em conta as restrigdes feitas por ele prop mitir nos autores sacros, esquecimentos € confusio de nomes. Os diseursos sio fi cia do px samento, mas podem-se encontrar divergéncias de ordem, ou expressio entre os evangelistas. Cf pecial 0 De consensu evangelistarum. B) O agostiniano Pe. Lope Cilleruelo, na magn Introdugao geral ao Tomo XV da BAC, consagrado ao De doctrina christiana e aos trés Comentarios do Génesis, discorre longamente sobre San Agustin.y la Biblia (pp. 46). Damos alguns t6picos: ‘Todos os entendidos 840 concordes em considerar a obra exegética de Agostinho da maior importancia. De fato, ele resolveu grande quantidade de dificuldades que até entdo haviam impedido a marcha progressiva dos problemas biblicos. Empregou termos tais, que as pre- missas langadas por cle facilitaram mais tarde o encon- tro de solugées. Fntretanto, sua linguagem oferece nao poucas dificuldades. Por exemplo, muitas expressdes nfo poderdo ser tormadas ao pé da letra, pois atribuem a Deus ogue é apenas obra mediata. Atribui a Providencia divi- na nao somente diversos sentidas literais e nao literais, ‘mas até opinives dos intérpretes e de simples leitores (ef. Além disso, suas tendéncias exortati jucas vezes do sentido herme: \0 estava a utilizar sua prodigiosa memoria para realizar coneordancias biblieas, as suas associagoes nao correspondem ao uso preciso e cientifico a que estamos acostumados em nossos dias. pela interpretacao alegérica o levou a to- de exeges ode sua carreira ste mais no alegorismo teérico e prético. Entende ‘turas estdo como que seladas e por vontade ina misteriosa. Nelas, Deus empregou esse método a excreitar-nos na busea e deleitar-nos na descoberta Catholicae 23) 0 mode nessa oped. Melhor do que ninguém, Agostinho compreendeu a necessidade de receber continuamente novas luzes. Con- signou os fracos de sua exegese e previu os instrumentos de trabalhos q Idade Moderna viria py Mais do que seus contemporaneos, compreendeu a ne- cessidade de investigar profundamente os chamados “gé- neros literarios” ¢ as “figuras de linguagem oriental”. Cada vez mais foi se firmando na diregio de interpretar a Biblia pela Biblia, isto 6, pelo confronto com passagens paralelas (ef. A doutr, cristd, [11,26,37 e 28,39). Enfim, obispo de Hipona ¢ filho de seu tempo. Jule lo severamente, & luz das normas moder tiga. A santo Agostinho se ha de julg de so Pauk r dentro das cir- ‘tos problemas de exegese. Foi pre- cursor de nossos dias. Advoga a naturalidade na ex! so ¢ a base tiea textual. Convém numea esquecer que a exegese atual serv de meios téenicos, instrumentos de t tas, escavagées, conhecimento de literaturas orientais, dos, generos literdrios do tempo, dos métodos utilizados anti- wente na com ue Agosti nao podia estar em condigdes de utilizar. i, A inspiragao biblica ‘Tradicionalmente, costuma-se empregar o termo “in: 15,8,1), Spiritu Sancte sunt (In Ps 62,11,1). ‘Tais formulas co- ro de Deus, carta que nosso P (In Pe 26,11,1)."0 Esp 0 dos homens” (D Di -a pelo dedo de Deus, ¢ por o Kspirito Santo, “Os KTR W368 (Un Ps 8,7), Ci. também Confissdes realga o fator divino, porque dese} re um homem que o faz em nome de nicando-nos as palavras de De rato, p tengies préprias e pessoais De civ. Dei 1 5,8,1). A contribuicao humana ¢ pi evidéncia em muitas passagens. ‘a Biblia para Agostinho é humana e Quen Deus, c ol XUL29,4 sera verdadeira a tua Escritu és verdadeiro, ou melhor j.A inspiracio verbal bal. Para melhor compreender a po mos de e' ivo que o lev candalizavam-se com certas palavras Agostinho faz a apologia dessas palav cial 9 Contra Faustum. Afirma que esses termos sa0 de autoria divina sem nenhuma distineao: “Deus quis usar uti voluit) (Contra ), Da mesma mane IwTRODUGAD 28 bo fez-se palavra humana antes de se fazer carne. do 0 evangelists escolhe uma p: tal escotha set atribuida a Deus” Pod er que algumas metéfor inianas sao exageradas, tais como: “os hagidgrafos sio méos de Cristo, escrevem sob o ditado de sua Cabega”. “Deus nos cura precisamente com esse jogo deleitoso das palavras biblicas obscuras” (A verdadeira religiao 50,98). Compreendemos assim a constante preocupagio de Agostinho pelos signos verbais, isto 6, pelas palavras en- quanto palavras. Sobretudo, leia-se, a esse respeito, 0 De Magistro (e om De doctrina christiana TI,2,3). Bl somente por meio dos signos chega-se ao pensamento @ a vontade do hagidgrafo e & de Deus (ibid,,11,5,6), Acomoda-se Deus a nossa linguagem, as nossas figur: bem ele que move os labios e a pena do eseritor saero.!* 1 “A doutrina erista” ¢ 0 problema da cultura Dissemos, no inicio desta introduedo, que o presente livro nao é exclusivamente obra exegétiea, mas contém também todo um programa de formacao cultural com base Agostinho, 0 pedagogo de outrora, uma vez feito Mestre da Igreja, quer que a ciéncia seja conhecida e que se faga bom uso ‘ guém ser sabio, 416 em Cassie ciclopédica que dev ramos tradicionais d: Idade Média consti atar, com espirito cristo, os sete ‘ciéncia” de entao — tudo o que na is artes liberais. Naquela oca HCE, Pe, Lope Cillerucio, San Agustin x tr BACKY. 2» InTRODUGAO 0 neoconvertido nao conseguiu ir além de um trata Ritmo (De ‘ammatica Libe. pécrifo, O projeto ambicioso teve de ser abandonada devido a seus noves eneargos na Igreja. Com os anos, Agostinho ‘éncia erista”,o presente manual, especialmente no livra II, nos eaps. 16 a 41 Até entdo, a Igreja nao possuira nenhum trabalho desse género. Mt formagao de cultura elassica. Nao aconteceu que ale tenha recaleado stias origens, porque soube ultra~ ssim que se arvisea a tr: Ao, eujo objetivo deter jddade do plano. Retém do antigo saber s6 0 que Ihe poder a tranqiilamente de lado o que Julga ndo mais ser necessario. Assim como deveria exis: ta—a que esta a servigo da sa- nica € a da Biblia, com a arte de a compreender heme e de anunciar corretamente a verdade nela eontida. jstinho o ambiciona nao somente para la Igreja. A seus olhos 6 0 saber cris: sssencial na vida, Por ser a Biblia 1a tudo, e para todos, 0 0 livre de Deus, inspirade e ditado por seu Esp a confianga."* mpenhansen, Ls ire loins Trad. Doaleme, Stuttgart INTRODY © parecer de J. Daniélou eH. Marrou, na sua N de shristi na de santo Agostinho, onde se encontram as grandes li- nhas ¢ a originalidade da cult 6 os da Ie manual, no qual deparamos a eultura religios ‘Todos os Padres da Igreja foram eseritores e que vinha cional sobre a escrita Dani PROLOGO proveito aos que se dedi eles prog fades dos Livros da progredir, com os esels dara outros. Proponho-me comunicar essas nor s que desejam ¢ é osso De (0 reilito sobre elas, ponder aos que contestariio, ou tar, este n PROLOGO a Poderiam ser ostes levados a desdnimo paralisante, rarados, ‘Trés grupos de possiveis contestadores nu traballo ter servido, podem gener A terceira classe de opositores sera a daqueles que interpretam hem, ou imaginam interpretar muito hem, ‘Tais pessoas nada leram, até o pre- sente, sobre esse ganero de normas que agora determine! pul seu ponto de vis capa- zes de comentar os Livros santos. Pensam que tais nor- mas nfo so necessarias. Excla ‘dades das Sagradas Bscrituras eselarecem-se com a oragao, e consistem em puro dom divino. Resposta aos primeiros opositores 3. A todos responderei brevemente. Aos que nao enten- derem 0 que eserevo, digo: Nao me devem critiear pelo fato de nao entenderem 0 que esta exposto. Acontece tal como se desejassem con- templar a lua no inicio de sua fase ou ja no a minguante, ou talvez algum outro astro pouce luminoso estas normas, que certamente veem meu dedo, mas nao conseguem ver 3r meio dele, procuro ci Portanto, que uns ¢ outros deixem de me reprovar e gam a Deus luz. meu poder erguer meu dedo para assinalar-Ihes algo, nao ar-lhes os olhos com que contem- arao a minha prépria explieagao ou 6 que p monstrar Aos “iluminados” 4, Aos que se regozijam e se gloriam por ter recebido 0 dom divino da interpretagao dos Livros santos, sem as presuncio, grande dom de Deus, lembrem-si 10. Concordem que os supera o exemplo de Anto, monge do Egito, homem santo e perfeito. Conta-se que ; aprendeu de meméria as oscrituras Meditando-as, entendeu-as com sabedoria. E ainda, Jembrem-se da quem tivemos noticias por homens sérios e dignos de cré- dito, faz poueo tempo. Esse, igualmente, sem que nin- snas maos 0 eédice que Ihe entreg: panto de todos os que se encontravam presente inte, Educamo-nos uns 2 08 outros Nao vou discutir, easo alguém julgue falsos esses 6 com aquoles eristiins q\ legram de aprender 0 sontido das santas Bscrituras sem 0 auxt tolos, $6 com a ajuda do Espirito Santo, ficaram repletos dele ¢ falaram as linguas de todos 03 povos. Em conse- ia, aqua julguem cristaos ou, pelo menos, que duvidem de ter re~ cebido 0 Espirito Santo! Mas, muito pelo conta moestamos para que cada um aprenda humildemente de outra pessoa 0 que deve aprender. Eo que ensina a ou- ros, que comunique a seus diseipy orgulho nem inveja. Nao tentemos Aquele de quem rece- emos nossa f6. Que nao nos x pela maldade e astticia do inin PROLOGO ‘idarmos \graddo ou entao desprezarmos de escutar leitor ou o pregador. Que nao esperemos precisar ser- ‘mos arrebatados ao tereeiro ¢¢ ade! . Apéstolo, para ouvir palavras inefiiveis que nao ¢ licito ao homem repetir (2Cor 12,2-4) o Senhor Jesus Cristo e ouvir 0 evangelho de Valor da mediagao humana: ajuda muitua relacionamento com Deus® itemos tais tontagies che ho € perigos. p63 lo prostrado c ser instruido pela vor divinae celeste, foi enviado & um hom ‘eceber de foi encarregs recebeu nio somente os sacramentos, mas tam de um anjo. Se assim fosse, a condi¢ao humana teria xpansho da car cormais tra Cd 0 Neal 31, pp. 77-18 PROLOGO 38 esse templo sois vés" (1Cor 3, no seio desse templo humano, e somente se zesse ouvir do alto dos eéus proclam: stério 2 Ademais, se nada tiv que 08 une no vineulo da unidade nao poderia agir para fundir os coragies, Novos exemplos de mediae 7. Observamos que o apéstolo nao enviou aquele eunne, que nada entendia ao ler o profeta Isafas, a um anjo, Nem foi explicado por um anjo 0 que a sua mente io entendia, Ao contrério, sob a inspiragéo de Deus foi-lhe enviado Filipe, que conhecia bem 0 contetido da profecia de Isaias. Filipe sentou-se com 0 cunuco & ou-the, com linguagem e palavras humanas, 0 que se achava encoberto naqueles escritos (At Nao conversava Deus com Moisés? E entretanto, esse , muito sabio ¢ nada orgulhoso, recebeu de se sogro — sendo este homem simples e estrangeiro — 0 conselho de reger e governar aquele povo tao nume (Bx 18,14-26). Aquele varao sabia que de qualquer pes- soa de quem pro ho verdadeiro, nao viria dessa pessoa humana, mas sim daquele que 6a Verdade, isto 6, do Deus imutave Autojustificagao 8. _Enfim, quem quer que se glorie de entender por dom vino, sem auxilio de normas humanas, as obscuridades que se encontram nas Escrituras, eré com rai cor PROLOGO como se viesse de si pro io, mas ¢ poder doado por Deus. Assim jul in de Deus ¢ nao a sua propria, Mas nesse caso, quando lé ¢ entende sem expl de outros, por qual motivo procura explicar aos outros? , para que en- tendam também eles por si proprios? Deus os instruiria interiormente e nao por meio de homens. Resolver mito-me escrever niio somente as normas a serem ibservadas -que nin rar como propricdade sua bem algum, a mentira, Posto que tudo o que é verda- deiro procede daquele que disse: “Eu sou a verdade” (Jo 14,6), que 6 que possuimos que nao tenhamos recebido? Esse recebemos, por que haverfamos de nos ensoberbecer como se niio 0 tivéssemos recebido? (1Cor 4,7) » de Agostinho e proveito a ser tirado desta obra® itor que faz a leitura a ouvintes conhecedores , sem davida, exprime o que sabe. O professor ver, faz com que out das letr: LIVROI SOBRE AS VERDADES A SEREM DESCOBERTAS NAS ESCRITURAS A. PLANO, DEFINICOES, DISTINCOES cariTuLo 1 Finalidade geral da obra ‘a de descobrir o que ¢ para expor com propriedade 0 yaad © modo de ha esperanca de cle de quem na medita- me faltam quant concedeu. Possuir jo com os outros ni Senhor disse: “Aquele que tem lhe seré dad ndlo se esge 6 possuir como convém. O Mt 13,12) vo da obra 1) moe este deve sor expect, 'Agustin fomeve de manera inuguoen dp ob nse reliza a desesbrsa cn ven VERDADES A SERFM DESCOBERTAS 2 presente tarefu, aley dancia, 1uLO2 As coisas os sinais 2. Toda doutrina as 00 sinais, Mas as coisas sao conkecidas por meio dos sinais. Portanto, acabo de denominai tudo o estéer abjoto or exemplo, uma vara, uma pedra, um animal ou outro ‘logo. Nao vara da cordeiro que Abraao tmoleu ne Togar de seu filho (Gn Esses objetos, de fato, sfo coisas, mas nas 1m-se nais de outras coisas. Exist mas de outro género, cujo empreyo s¢ limita unieamente a significar algo, como € o caso das palavras {verba). Ninguém emprega as palavras @ nfo GOES, DISTINCOES ser para significar alguma coisa com elas. Dui se dedu2 se empreya para signi- que t 6 a0 mesmo tempo alguma coisa, visto que, se néo fosse entre coisas € wos de tal que, apy algumas poderem ser emprogadas como sinais de outras que nos propusemos, isto é, de falarmos primeiramente sobre as coisas, e depois sobre os sinais. Retenhamos fir- memente, por temos a considerar Classificacao das coisas & Entre dade e servem de apoio para chegarmos as que nos tor- nam felizes e nos permitem aderir melhor a elas.? ‘VERDADES A SEREM DESCOBERTAS a“ Nos, e fruir as que sao eg os gozar que se ha simplesmente de usar, perturbamos nossa ea- minhada e algumas nho. Atacados pelo amor das coisas inferiores, atrasa- mo-nos ou alienamo-nos da posse das coisas feitas para fruirmos ao possui-las CAPITULO 4 Fruire utilizar 4. Fruiréad E usar 6 alguma coisa por amor jeto de qt ap se faz uso para obter 0 objeto ao qual se ama, caso tal objeto mereca ser amado. de, o nome de ex per anndo ser em nossa patria. Sentindo-nos miserdveis na peregrinagio, suspiramos para que 0 in- € pos: voltar a patria, Para isso, seriam necessérios meios de conducao, terrestre ou md nho, 0 passeio ¢ a condugao nos deleitam, a ponto de nos 108 A feuigdo dessas cx desse mod regrinan mortal (2Cor 5,6). Se queremos voltar & patria, 14 onde Jeremos ser felizes, havemos de usar de: Ao fruirmos dele. Por meio a plemos as invisiveis de Deus (Rm 1,2 dos bens corporais e temporais, pr realidades espirituais e eternas. isto €, por meio mos conseguir as B. SINTESE DOGMATICA Deus Trindade 0 Filho e o Espirito Santo, isto é a ndade, una e suprema real a Coi ‘da, bem comum de todos.“ Se é que pode ser chamada Coisa e nao, de preferéncia, a causa de 0 se também puder ser chamada causa. Nao ¢ facil encon- para denominar de maneira adequada a Trindade. A nao ser que se diga que é um s6 Deus, de quem, por quem & (Rm 11,36). Assi Espirito Sant nesma cternidade, a jajestade, 0 mesmo poder. No P esma CAPITULO 6 De inefubilidade 6. Acaso dissemos alguma coisa e temos pronunciado algo den vel? B se fosse também n sido dito por mim, nao teria sido pronunciado. Em conseqiiéncia, {einetivel Teontetd deo com cio, mais do qu senso, Nao obstante, ainda que néo se possa dizer coi- sa alguma digna de Deus, ele admite 0 obséquio da voz le todos os que conhecem 0 latim, cle leva a pensar em certa natureza soberana ¢ imortal. VERDADES A SEREM ns “6 Deus: 0 mais excelente 7. Ao se representarem 0 tinieo Deus entre s homens que os deuses, além ig 1080, © grae inito ou dotado de uma forma E caso nao creiam na existéncia de um tnico Deus dos deuses, mas na existéncia de miiltiplos ¢ inumeraveis deuses da mes- ma ordem, representam-nos de tal modo em seu espirito, que Ihes atribuem 0 trago fisico que a cada um parega 0 mais excelente. Aqueles, por outro lado, que sao movidos pela intel tarem o que seja Deus, antepsem-no is naturezas vi sim, todos pensam de todas as coisas. sires Dogan capiruLos Deus vivo: a Sabedoria imutdvel 8 Todos os que refletem sobre Deus eoneebem-no como ser vivo. K dele s6 no pensam coisas indignas e ab- surdas aqueles que 0 concebem dotado de vida. qualquer seja a forma corporal que thes venha ao pensa- orem como viva ou inanimada —, antepuem a fornia viva & que nao € viva. Ba essa mesma forma viva corporal, por muita que seja a luz com que acima da matéria, a qual é por ela vivifiea Pois compreendem que uma coisa Ea matéria e ontra, a vida que a anima Aqueles que refletem sobre Deus prosseguem obser- vando a mesma vi vegetativa, sem sensac vida intelectiva, como é a do homem. Mas, ao vei aue este 6 mutavel, vezes sabia, mas que é sempre a mesma Sabedoria. Pois e aleangou a sabedoria, no era porém, nune sabia foi ignorante e jamais poderé vir a sé-lo, (Ora, se os homens de rnodo algum conseguissem dis- tinguir essa sabedoria, eles nunca anteporiam, com con- fianga absoluta, a vida sabia imutivel & vida mutavel. clamar que ¢ ela a melhor, os homens a véem imutavel, Mas nao a véem em parte alguma, sua propria natureza, j4 que se veem a si préprios mutaw gor de tanta claridade e luz, atuando em seus olhos, de luz, mas ain- n. Que stante da assim ofusca-se com ela, € porque tem 0 olhar da men- te enfermo pelo costume das sombras carnais, Pois os ho- mens de costumes perversos séo afastados de sua patria por ventos contrérios. Perseguem bens que sao inferiores capiruto.0 Necessidade da purificagdo interior para ver a Deus Portanto, como estar dessa Verdade que vive imutavel minhadae um navegar em diregao a patria. Nao nos apro- ximamos, porém, daquele que est presente em toda a parte, mudando de lugares, mas pelos s bons costumes, Avncarnagdo Ha, Ora, nés nao conseguiriamos nos purificar se a pré pria Sabedoria ndo se houvesse dignado adaptar-se & a fraqueza carnal, para tornar-se mo- amente fazendo-se homem, visto ser- delo de vida, pr a0 passo que agimos sabiamente quando nos da Sabedoria, ela, ao vir a nds, foi conside- ins soberbos, como realizadora de | ra, Enquanto nés nos fortificamos ao nos aproximar da Sabedor reali capituLo 12 O motivo da Sabedoria de Deus ter vindo a nds LLb. Se hom que a Sabedoria de Deus esteja presente om toda a parte aos olhos interiores puros e sdos, ela ignou-se também aparecer aos olhos carnais dos que a Deus, aprouve a ele, na sua Sabedoria di pela loucura da pregacdo, salvar os que créem (1Cor 1,21) Deus veio a nds, 10 veio percorrende espacos locais, aos homens em criatura, arrastados pela conc centregarem ao Criador, esses homens nao reconheceram a Sabedoria de Deus. Por isso diz.o evangelista: “On Em concluséo, o mundo néo pide conhecer a Deus Por q ele ve Eo Verbo de Deus se fez carne 12b. Como veio ele? *E 0 Verbo se fez carne e habitou 14). Assim como, ao falarmos, 0 pensamento de nossa inteligéneia torna-se som, isto é, palavra sensivel que 1s ouvidos eorporais racao e 6 eha- rio, revestindo a for- alavra de Deus, sem mudar habitar entre né ia shvrese DocMATICA vista da saudi plicado aos pecadores para os curar e devolver-Ihes ais foreas. E assim coma os médicos quando ft sobre as feridas nao o fazem de modo inabil 1s elementos eontrarias, como 0 frio contra 0 calor, 0 timido contra 0 seco, ou ainda serv de 1s de género semelhante. As- sim, vemos 0 médico empregar certos produtos que assemelham, ao m: ferida circular, alongado para uma chaga longa. Ele nao faz enfaixamento igual em todos os membros, mas ajusta 1s semelhantes (similem Ora, a Sabedoria divina nao age de mode diferente la do homem. Apresentou-se em pessoa para médi ‘uae pencamento a nds mesmo, Para pensar, agua dae a3 pop 0 ns ineriores, Orem s80J0%0, Cr al de que ex Deus a8 coisas 5 psy, Devs tama se diz una Palsvra? rompida de uma mulher entrou a venga. E do corpo integro de outra mulher veio a satide, A esse género de co cura de nossos vicios, gragas ao exemplo das virtudes Cristo. agora os remédios semelhant as a NOSsOs n ‘0s mortos. onomia da medicina crista pode apresentar ain- da muitos outros remédios tirados, seja ri cessidade de prosseguir o trabalho encetado. eapfruLo is A ressurreigdo, a ascenséio e os dons do Bs} 14. Acrescentemos a mais que crer na ressurrei¢do do Senkor de entre os mortos e em sua ascensio ao céu for. talece nossa fé com uma grande esperanca. Mostrou-nos por esses mistérios o quio livremente deu sua vida por ele que possufa o poder de retomé-la, Com quanta nga, pois, fortifica-se a esperanga dos que eréem s SIWTESE nele! Tanto mais ao considerarem que suportou tantos sofrimentos pelos homens, os quais sequer acreditavam nele, E pelo fato de ele ser esperado vindo do céu como tanto por meio de seu Espirito? Com efeito, gracas a esse Espirito temos nas adversidades desta vida confianga € para com aquole que io vemos, ‘Nao possuimos seus préprios dons distribuidos a cada um fi item cumprir o dever preserito nao somente sem murmurar, mas até com prazer ITULO 16 chamada sua esposa. Ora, a seu corpo, composto de mui- ‘os membros com diversas fungbes (Rm 12,4), Cristo 0 abraga com 0 vinculo da unida estivesse unido em salutar Hiame. Mas neste tempo presente, ele exercita e pa com certos males medicinais a sua esposa, a Igreja, para que, ao retira-la deste século, nidade, sem mane 525-27). \VERDADES A SHREM DFSCO! cal lor sto abriu-nos 0 cami para a. patria amos a caminho, Caminho nao locali- e que estava obst cCAPETULO 18 As chaves entregues & Igreja 17. Cristo deu as chaves & sua Igreja, em virtude das quais tudo o que ela ligar na terra sera 3s peeados Mas, ao conte ‘igido e pensa ser impossivel seus pecados Ike serem perdoados, pior do que era antes. S como se ao desconfiar do fruto de sua conversao nao The restasse recurso melhor do que se fixar no mal caPtruLo 19 A ressurreigéo dos corpos 18. ‘Tal como a remiincia a vida e costumes anteriores pela peniténeia é de certo modo morte da alma, assim a morte do corpo 6 a extingao do sopro vital anterior. B tal 1a ap 6s a peniténe 1s depravados de antes, t sssim 0 corpo, depois dessa sujeitos pe do pecado — n6s 0 cremos e espe ramos —no momento da ressurreicao, sera transforma- do para melhor, Por corto, nem a carne nem o sangue possuirso 0 Reino de Deus, 0 que é impossivel. Mas o corpo corrupt vel hai de revestir a incor rovestira a imortabilidade (1Cor 15,50.53), Ele nao cau: sar nenhum incémodo, pois no padecerd nenhuma ne- vivificado pela alma bem-aventurada e perfei- ta, numa suprema quietude. caver A vida eterna 19. Aquele cuja alma nao morre para este mundo e comega a se moldar pela ver numa morte mais grave que a do corpo. para se trans- formar num estado de bem-ave piar nos supl a alma nem o corpo do homem padecerao a destrui total. Mas os {mpios ressuscit a suportar penas s ¢ 08 justos para a vida eterna, C. SINTESE MORAL todas as coisas mpo gozar e usar deles. Com efste, um preceito nos clo: amar-nos mutuamente. Trata-se, porém, de sa ve a prio on por outro fim. Se for por ele proprio, nds gozamos dele, se for por outro motivo, n6s nos servimos dele. A ’im parece que el porque aquele a deve ser amado por si mesmo consti aventurada. Ainda que nfo possua- mos até entiio essa bem-aventuranca, contudo, sua espe- Escrituras 17,9). “Maldito o homem que confia no homem” ( *0 sive iquele que ama a Deus acima de tudo om preciso, ninguém deve gozar de , & perfeito 0 para a Vida imut: quanto o fato de avel e abraga-o, 6 mais perfeito do q se se sobre si proprio. Portanto, se nfo te deves amar a ti por ti mas por ai ue nenh por Deus. Porque a lei do amor as: Deus: “Amara ia, con: tua mente aquele de quem recebeste estes bens. Porque 1 coragao, de toda tua alma e de ma direcdo do retamente 0 seu proximo deve tratar que es também ame a Deus com todo 0 seu coracio, sua alia, com todo 0 seu espirito. Amando-0 assim. se ama asi proprio, referird todo o amor, prépr heio, naquela diregio do amor de Deus que nio tolera que se ext perea nenhum arroiozinho que v minuir seu impeto, yuelas que por icionam-se com Deus: 0 ho- mem € 0 anjo. Qu ainda, ao que unido a nés, como nosso le De Quatro 20 os objetos que devemos amar: o primeiro ade mos nbs préprios; 0 ter- cero o que s¢ acha a nosso lado; 0 quarto o que esta abai. x0 de nds. A respeito do segundo e do quarto nao foi ne- n dados preceitos. Pois, por muito que o homem se afaste da verdade, sempre Ihe ficard o amor a a luz imutavel que reina sobre todas as coisas, o faz para ser senhor desi mesmo e corpo. Por conseguin. te, nao pode deixar de amar-se a si mesmo e ao proprio corpo 0 falso amor de si proprio 23. Julga o homem conseguir grande triunfo quando chega a dominar outros homens, seus semelhantes. Por que é inato & alma, cheia de vicios, apetecer de mancira excessiva e exigir, como algo que Ihe é devido, o que é proprio unicamente de Deus. Esse amor desordenado de si prop para homem, com efeito, querer ser servido por aqueles SENTESE MORAL servir quem Ihe é superior. Muito corretamente foi dito’ ‘0 que ama a provém o motivo de a alma tornat trar tormentos em seu corpo mortal Essa sate da alma consiste em se apegar mui solida- mente a um bem superior, isto é, a Deus imutavel. 0 nar os que Pt yreza Ihe séio sto 6, a outros homens, é dominado por 0 intoleravel orgul capiTuLo% inguém odeia a propria carne odeia as odeia seu préprio corpo, e o que diz 0 Apéstolo é dade: “Ninguém jamais quis mal a sua 5,29). Logo, quando alguns dizem que prefeririam viver sem 0 corpo, engenam-se inteiramente. Porque a seu corpo, mas & corrupgio corporal ¢ seu pesado fardo que eles odeiam. Assim, 0 que eles quereriam, sem diivi- da, nio ¢ fiear sem corpo, mas té-lo incorruptivel feita O enguno procede de que pensam que qualidades 86 pertencem Quanto aos que parecém mortificar seu corpo com privagdes € trabalhos, se 0 fazem com reta intencdo sm para des po, mas sim para manté-lo sub- misso e disposto ao cumprimento do dev le, tanto mais a ay acar- ne resiste ao espirito levada pelo ddio, mas devide A forca suas forcas. Over audviro sentido das mortificagées 25. Os que fazern essas mortifiea requ 10 quanto a que tinh: carne. de, isso indomados da carne, contra os po, Fo bitos is 0 espirito Iuta, no no reclama a que niio nos esforca: nagbes da carne se , ensinar ao homem a medida de seu eira como deve amar-se a si pré- amor Ihe seja proveitoso. Duvidar de mem como deve ne cuidado dele, com ordem rpo yreciso tamb ‘orpo, para que ti © prudéncia, Porque o fato de 0 homem usar seu edesel tato 6 verdade by fosta. \VPRDADES 4 SH ESCOBERTAS a Guardemo-ns, porém, de dizer que ‘o homem nao ama a satide © a integridade do corpo, pelo de existi n que tenha amado mais outra coisa. Vemos que até 0 avarento, nheiro, niio deixa de comprar o seu pao. B 20 fazé-lo, gas- ta aquele dinheiro que muito ama é deseja aumentar. S6 que acima d da por aquele pao. Seria supérfluo de tanta evi O36 27. Nao houve necessidade de ser dado preceito ao ho- mem paral seu corpo. Isso porque 0 que somos ¢ 0 que esté posto abaixo de nés e em relago conosco, n aos animais (porque também os animais amam-se a sie a seu corpo). raltava portanto que recebéssemos preceitos de amar ‘o que est acima de nds ¢ 0 que nos é semelhante. Diz 0 evangelho: “Amards 0 Senhor teu Deus todo o coraedo, de toda a alma ¢ de todo o entendimento; € amaras 0 teu préximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei ¢ os Profeta: préximo Ora, se tu que nenhum nesses dois preceitos. si proprio’ bem }? Mas por certo, ao ser dito: : amar © que merece ser amado. Nem no amor aquilo que deve ser menos 1s ou mais, nem ama menos ou mais 0 que

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