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ESCRITÓRIO REGIONAL DE CAPANEMA

CADERNO DE TEXTOS
I SEMINÁRIO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL
DE RECURSOS NATURAIS E EXTENSÃO RURAL

Michela Cristina Jacques Belarmino

Ana Lúcia da Costa Guerreiro

Márcio da Silva Cruz Freitas

Lysmar Quaresma Freitas


GOVERNO DO ESTADO

ANA JÚLIA CAREPA


Governadora

ODAIR SANTOS CORRÊA


Vice-Governador

CÁSSIO ALVES PEREIRA


Secretário de Estado de Agricultura

WILLIAMSON DO BRASIL DE SOUSA LIMA


Presidente

CLIFF PUGET EULÁLIO


Diretor Técnico

RAUL BATISTA DE FIGUEIREDO


Diretor Administrativo
I SEMINÁRIO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL
DE RECURSOS NATURAIS E EXTENSÃO RURAL
EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO ESTADO DO PARÁ
EMATER-PARÁ

I SEMINÁRIO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL


DE RECURSOS NATURAIS E EXTENSÃO RURAL

Michela Cristina Jacques Belarmino

Ana Lúcia da Costa Guerreiro

Márcio da Silva Cruz Freitas

Lysmar Quaresma Freitas

CAPANEMA-PARÁ
2007

2
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural-EMATER-PARÁ


Escritório Central - Rodovia BR 316-Km 12
CEP.: 67105970- Marituba - Centro
Fone: (91) 3256-1931/5660 /2644
www.emater.pa.gov.br
ndi@emater.pa.gov.br

Comissão Científica
Eng.Agrª M.S.c Antônia Benedita da Silva, Coordenadora
ESLOC S.J.de Pirabas – EMATER-PARÁ

Eng.Agrº M.S.c Sérgio Wagner da Silva Holanda, Coordenador


ESLOC Ourém – EMATER-PARÁ

Eng. Pesca M.S.c Robson Cabral do Nascimento, Extensionista Rural I


ESLOC Augusto Corrêa – EMATER-PARÁ

Socióloga Ângela Ruth Silva Sulaiman, Coordenadora


ESLOC Santarém Novo – EMATER-PARÁ

Normalização bibliográfica
Érika de Santana de Souza

Supervisão Gráfica
José André de Sousa

Impressão
Gráfica EMATER-PARÁ

1ª edição
1ª impressão (2007): 150 exemplares

Todos os direitos reservados.


A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.160).

CIP. Brasil. Catalogação-na-publicação


Núcleo de Documentação e Informação - NDI

I Seminário de Gestão Socioambiental de Recursos Naturais e


Extensão Rural / Michela Cristina Jacques Belarmino...[et al.].
– Capanema-PA: Gráfica EMATER-PARÁ, 2007.
126 p. : il.
1. Desenvolvimento Agroecológico. 2. Exercício Cidadania. 3.
Pesca Sustentável. 4. Segurança Alimentar. 5. Recursos Florestais.
6. Aqüicultura. 7. Sistemas Silvipastoris. 8. Sistemas Agroflorestais.
I. Belarmino, Michela Cristina Jacques. II. Título.
CDD: 630
© Michela Cristina Jacques Belarmino, Ana Lúcia da Costa Guerreiro, Márcio Freitas 2007

3
AUTORES

Jardel Costa Queiroz


Engº Ambiental - Extensionista Rural I
Escritório Local Bragança, EMATER-PARÁ.

Maria Amélia de O. Lemos


Licenciada em Letras - Extensionista Social
EsLoc. Augusto Corrêa, EMATER-PARÁ.

Robson Cabral do Nascimento


o
Eng de Pesca, M.Sc. - Extensionista Rural I
Escritório Local Augusto Corrêa – EMATER-PARÁ.

Leonardo Deivid F. de Miranda


Técnico em Pesca - Extensionista Rural II
Escritório Local Augusto Corrêa – EMATER-PARÁ.

Alcirene Corecha Fernandes Eiras


Assistente Social - Extensionista Social
Escritório Local Capanema, EMATER-PARÁ.

Márcio da C. Freitas
Engº Florestal, MSc. - Extensionista Rural I
Escritório Local Capanema, EMATER-PARÁ.

Milton P. Ferreira
Técnico Agropecuária - Extensionista Rural II
Escritório Local Primavera, EMATER-PARÁ.

Paulo Roberto S. Nunes


Técnico em Aqüicultura - Extensionista Rural II
Escritório Regional Capanema, EMATER-PARÁ.

Michela Cristina Jacques Belarmino


a a
Eng Agrônoma, Dr em Forragicultura e Pastagens, Extensionista Rural I
Supervisora do Regional de Capanema-PA
Escritório Regional Capanema, EMATER-PARÁ.

Antonia B. da Silva
a
Eng Agrônoma, MSc./Doutoranda -Extensionista Rural I
Escritório Local S. J. de Pirabas, EMATER-PARÁ.

4
COMISSÃO ORGANIZADORA DO SEMINÁRIO

COORDENAÇÃO GERAL
Michela Cristina Jacques Belarmino
Eng. Agrônoma, Dra em Forragicultura e Pastagens, Supervisora do Regional de Capanema
Escritório Regional de Capanema, EMATER-PARÁ.

Ana Lúcia da Costa Guerreiro


Pedagoga, Especialista em Gestão Escolar e Supervisão de Ensino
Escritório Regional de Capanema, EMATER-PARÁ.

Márcio da Silva Cruz Freitas


Eng. Florestal – Mestre em Ciências Florestais
Escritório Local de Capanema, EMATER-PARÁ.

Lysmar Quaresma Freitas


Eng. de Produção
Escritório Regional de Capanema, EMATER-PARÁ.

APOIO E INFRA-ESTRUTURA

Arnaldo de Mello Henriques Júnior


Medico Veterinário – Coordenador
Escritório Local de Capanema, EMATER-PARÁ.

João Maria Marques Cunha


Responsável Unidade Administrativa
Escritório Regional de Capanema, EMATER-PARÁ.

CERIMONIAL

Karina da Silva Martins


Administradora de Empresas
Escritório Local de Capanema, EMATER-PARÁ.

Sônia Maria Santos da Cunha


Bacharel em Filosofia
Escritório Regional de Capanema, EMATER-PARÁ.

Maria Suely da Silva Barbosa


Contadora
Escritório Local de Salinópolis, EMATER-PARÁ.

Maria de Fátima oliveira Batista


Auxiliar Administrativa
Escritório Regional de Capanema, EMATER-PARÁ.

Ronald de Souza Corrêa


Técnico em Agropecuária - Coordenador
Escritório Local de Santa Luzia do Pará, EMATER-PARÁ.

5
APRESENTAÇÃO

A preocupação com os impactos ambientais decorrente das atividades


humanas faz parte da história recente da sociedade moderna. Apesar dos avanços
conseguidos nas últimas décadas, muito ainda resta a ser feito para que se consiga,
efetivamente, construir um modelo de desenvolvimento sustentável que contemple
a necessidade de compartilhar o desenvolvimento econômico e social com a
compreensão e recuperação ambiental.
O conceito de meio ambiente proposto na pauta de discussão do I Seminário
de Gestão Socioambiental e Extensão Rural se diferencia quando pensado além
do entendimento usual. Meio ambiente, nesta perspectiva, não corresponde apenas
à rede formada pela interação dos animais, plantas, microorganismos e das
substâncias orgânicas. Inclui também o espaço construído, e a vida social da
espécie que maiores alterações tem causado nesse cenário: a raça humana.
É fato que conflitos socioambientais podem ser minimizados com uso
sustentável dos recursos naturais. Por isso, os extensionistas devem hoje avançar
da condição de meros prestadores de serviços públicos (assistência técnica
gratuita, acesso ao crédito rural, etc.) para agente gestor do planejamento
estratégico de extensão rural, construindo ações multi e interdisciplinares em
direção ao desenvolvimento rural sustentável.
Desta forma, o objetivo primeiro deste seminário é oportunizar aos
extensionistas do Regional de Capanema a reflexão e problematização das
demandas organizadas no PROATER 2008, no víeis da Gestão Socioambiental,
com a finalidade de construir coletivamente um plano de operacionalização de
Assistência Técnica e Extensão Rural de forma integrada e participativa. O
planejamento coletivo e participativo constitui um compromisso de gestão, aqui
compreendido como importante ferramenta para articulação e integração das
atividades no âmbito deste Regional.
A gestão sócioambiental se traduz numa expectativa de igual importância
quanto à primeira, significando a temática de interligação transversal das diferentes
dimensões que perpassam pelo planejamento no âmbito local e regional das
práticas de ATER.
Nesta perspectiva, este Caderno de Textos representa um instrumento
técnico que tem finalidade de contribuir com a reflexão e o debate pretendidos neste
trabalho, expressando, ainda, o acúmulo de saberes e experiências dos diferentes
sujeitos sociais, e respectivas áreas profissionais, conjugados no coletivo
extensionista deste Escritório Regional.
Acima de tudo, acreditamos que a soma de esforços e de interesses sempre
será o meio qualitativo de alcançar os objetivos que tecemos em comum.

Saudações Extensionistas!

Drª Michela Cristina Jacques Belarmino


Supervisora Regional Capanema
EMATER-PARÁ

6
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 06

EXTENSÃO RURAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: considerações sobre a construção de


um modelo de desenvolvimento agroecológico 09
Jardel Costa Queiroz

EXERCÍCIO DA CIDADANIA 26
Maria Amélia de O. Lemos

PESCA SUSTENTAVEL: análise dos municípios do Regional Capanema da EMATER-


PARÁ 38
Robson Cabral do Nascimento
Leonardo Deivid F. de Miranda

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL 46


Alcirene Corecha Fernandes Eiras

USO E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS FLORESTAIS EM PROPRIEDADES


FAMILIARES DO NORDESTE PARAENSE 56
Márcio da C. Freitas
Milton P. Ferreira

AQUICULTURA SUSTENTÁVEL NO CONTEXTO DOS MUNICÍPIOS DO REGIONAL


CAPANEMA DA EMATER-PARÁ 69
Paulo Roberto S. Nunes

SISTEMAS SILVIPASTORIS COMO ALTERNATIVA DE MANEJO SUSTENTAVEL DE


PASTAGENS 77
Michela Cristina Jacques Belarmino

OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS COMO ALTERNATIVA DE SUSTENTABILIDADE


AGROECOLOGICA NA AGRICULTURA FAMILIAR 85
Antonia B. da Silva

ANEXOS 99

ANEXO I Edital de Convocação 100


ANEXO II Modelo da Ata de Constituição da Associação 101
ANEXO III Estatuto Social da Associação dos Produtores Rurais 103
ANEXO IV Requerimento para Registro em Cartório 120
ANEXO V Termo de Abertura para o Livro de Ata 121
ANEXO VI Termo de Encerramento do Livro de Ata 121
ANEXO VII A Organização de Pessoas Jurídicas no Novo Código Civil e as Relações de
Trabalho na Legislação Brasileira 122
ANEXO VIII Declaração de Produtor Rural 126

7
EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO ESTADO DO PARÁ
EMATER-PARÁ

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural-EMATER-PARÁ


Escritório Central - Rodovia BR 316-Km 12
CEP.: 67105970- Marituba - Centro
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8
EXTENSÃO RURAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
Considerações sobre a construção de um modelo de
desenvolvimento agroecológico.

1
Jardel Costa Queiroz

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a Extensão Rural brasileira vem ganhando força, por
conta do atual cenário político, e sofrendo transformações através da inserção
paulatina do paradigma Agroecológico. Esse novo modelo traz em sua
abordagem a concepção de uma unidade chamada de Agroecossistema, que
traduz simplificadamente, um modelo de agricultura sob a ótica ambiental e
ecológica, e ainda sob aspectos sociais e culturais. A condução do paradigma
Agroecológico para a Extensão Rural deve ser desenvolvida
concomitantemente com a Educação Ambiental, enquanto ferramenta
facilitadora e sensibilizadora capaz de delinear a ideologia Agroecológica.
A Educação Ambiental é um processo cognitivo e dialógico além de
continuado que se faz tão necessário para a Extensão Rural, enquanto
modalidade não-formal, quanto para a formação escolar e acadêmica,
modalidade formal.
A Região Nordeste do Estado do Pará, na qual está situado o Regional
de Capanema da Emater – Pará é um ambiente bastante antropizado,
considerado como área degradada segundo o Zoneamento Ecológico
Econômico do Estado do Pará. Portanto, dentro desta perspectiva, a Educação
Ambiental torna-se imprescindível e é considerada um fenômeno global,
regional e local que se faz necessária em qualquer ambiente considerado,
evidenciando que há necessidade de um modelo de produção agrícola e
pesqueiro sustentáveis.
A Dualidade Extensão Rural/Educação Ambiental, portanto, deve ser
desenvolvida e construída de forma participativa e interacionista através dos
diversos atores sociais na área de intervenção pretendida, tendo-se em vista o
1
Engº Ambiental - Extensionista Rural I – Escritório Local Bragança, EMATER-PARÁ.

9
processo dialógico como ferramenta exclusiva, seja qual for a metodologia
aplicada, levando-se em consideração as vertentes econômica, social e
ambiental que são indissociáveis e peculiares de cada ambiente local devendo
este ser considerado uma unidade singular para o intento da construção dos
cenários futuros desejados para o ambiente em questão, que passará a ser
uma nova configuração elaborada por todos.
Este trabalho identifica como objeto de estudo a Extensão Rural, vista na
perspectiva Agroecológica, enquanto modalidade de Educação não-formal,
como parâmetro necessário e fundamental para o Desenvolvimento Rural
Sustentável Local, Regional e Global, demonstrando-se, ainda, o estudo de
caso do I Encontro Interinstitucional Agropesqueiro de Bragança. Além disso, o
trabalho contextualiza a Educação Ambiental no desenvolvimento da Extensão
Rural como ferramenta articuladora e processadora para o diagnóstico,
planejamento e intervenção (ação) adequados para a eficiência e eficácia do
trabalho extensionista.

2 A EXTENSÃO RURAL E A “REVOLUÇÃO VERDE” COMO MODELO


DIFUSIONISTA

Segundo a Secretaria de Assistência Técnica e Extensão Agroflorestal


(SEATER – 2005), a “Revolução Verde” no Brasil, principalmente na década de
1970, auge do convencionalismo agrícola, levava a implantação de
monocultivos pela alteração dos ecossistemas. Esse modelo determinou a
necessidade de utilizar cada vez mais quantidades de insumos externos.
Outros atributos da “Revolução Verde” são: a mecanização agrícola
responsável, em grande medida, pela erosão do solo; a difusão de sementes
“melhoradas” e híbridas, causando perda na biodiversidade dos ecossistemas
tradicionais e; aumento da dependência de outros insumos, recomendação de
defensivos agrícolas, herbicidas e adubos químicos, entre outros.
O modelo difusionista tem uma natureza autoritária, pois trabalha com a
idéia da mudança induzida de fora para dentro e, portanto, antidialógica, na
medida em que o sujeito é extensionista, e o interlocutor “ouvinte”, é o produtor
(a), que se constitui num simples receptor de informações, estabelecidas por

10
uma organização alheia (os técnicos) com propostas de soluções, também
externa, normalmente do tipo tecnológicas.
A difusão de tecnologias, para manter o crescimento econômico,
também é uma característica marcante desse paradigma. Atribui um valor
exageradamente positivo a industrialização da agricultura e as novas
tecnologias. Compreendem que administrando o uso dos recursos e
introduzindo novas tecnologias se sustenta o crescimento econômico, ou seja,
defendem a noção de preservação dos recursos como mecanismo para
alcançar tal objetivo. Um verdadeiro determinismo tecnológico, não sendo
capaz de dar o devido valor às diferenças culturais, ao conhecimento e formas
de produção dos índios, ribeirinhos, extrativistas, assentados e outros
produtores familiares.
Do ponto de vista agroecológico e cultural, no que diz respeito à forma
de produção, do modelo difusionista, caracteristicamente tecnocrático, nota-se
a falta de sensibilidade para cada tipo de comunidade que deve ser tratada de
forma única e particular.

3 AGROECOLOGIA

A Secretaria de Assistência Técnica e Extensão Agroflorestal (SEATER,


2005) define a Agroecologia como campo de conhecimento científico que
estuda os modos de usar a terra não somente numa perspectiva ecológica,
mas, fundamentalmente, os processos produtivos de maneira mais ampla. Isto
é, encara os agroecossistemas como unidade fundamental de estudo, onde os
ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as
relações socioeconômicas são investigadas e analisadas em seu conjunto. Dito
de outro modo, a pesquisa agroecológica preocupa-se não com a maximização
da produção de uma atividade em particular, mas sim, com a otimização do
agroecossistema no seu conjunto. A agroecologia1 baseia-se num modelo

1
Segundo Costa (2003 apud HECHT, 1987) a Agroecologia poderia ser definida como aquela que
incorpora ideais mais ambientais e sociais acerca da agricultura, focando não somente a produção, mas
também a sustentabilidade ecológica, econômica e social dos sistemas de produção. Este pode ser
chamado o uso normativo ou prescrito do termo Agroecologia, porque implica um numero de fatores
sobre sociedade e produção que estão além dos limites do campo da agricultura. A Agroecologia pode
ser mais bem descrita como uma tendência que integra as idéias e métodos de vários subcampos em vez
de uma disciplina especifica, podendo ser um desafio normativo aos temas relacionados à agricultura que
existe nas diversas disciplinas. Ela tem raízes nas ciências agrícolas, no movimento ambiental, na
ecologia e nas análises de Agroecossistemas indígenas e caboclos e em estudos de Desenvolvimento

11
teórico geral, cuja aplicabilidade prática depende, em grande medida, de cada
realidade, ou seja, de todos os componentes de um dado ecossistema, vistos
de uma perspectiva globalizadora e integrada, que tenha em conta os recursos
humanos (seus fatores sociais, étnicos, religiosos, políticos, econômicos) e
naturais (água, solos, energia solar, espécies vegetais e animais) que definem
a estrutura dos agroecossistemas.
Em resumo, esse modelo de desenvolvimento rural, baseado nos
princípios da agroecologia, se apresenta como alternativo ao convencional,
porque inclui características que o fazem socialmente justo, economicamente
viável, ecologicamente sustentável e culturalmente enraizado. Portanto, é
necessário que os planos de desenvolvimento tenham em conta não só as
bases ecológicas da agricultura sustentável, como também os princípios da
economia ecológica e solidária.
Segundo Caporal & Costabeber (2000), conceituar a Agroecologia
pressupõe, inicialmente, vincular seus interesses e suas pretensões no campo
da agricultura e da sociedade. Num trabalho que já completa dez (10) anos,
Caporal e Costabeber (2000 apud HECHT, 1989) mostram que, por um lado, e
sob uma perspectiva mais superficial, a Agroecologia geralmente incorpora
idéias ambientais e de sentimento social a respeito da agricultura. Isso constitui
sua característica normativa ou prescritiva, uma vez que inclui determinados
aspectos da sociedade e da produção que ultrapassam os limites da agricultura
propriamente dita. Por outro lado, e sob um ponto de vista mais restrito, a
Agroecologia se refere ao estudo de fenômenos puramente ecológicos que
ocorrem no âmbito dos cultivos (relação predador/presa, competição
cultivos/ervas invasoras, entre outros), o que traduz o enorme potencial de
aplicação deste campo de conhecimentos para resolver questões tecnológicas
na agricultura, favorecendo assim o desenho e a gestão de agroecossistemas
sustentáveis.

Rural. Mais estreitamente, a Agroecologia se refere a um estudo de fenômenos puramente ecológicos


que ocorrem nos campos das culturas tais como relações predador/predado, ou competição
cultura/invasora.
Ainda segundo Costa (2003 apud ALTIERE, 1983), no coração da Agroecologia há a idéia de que os
campos de cultura são Ecossistemas nos quais os processos ecológicos são encontrados, o que não
deixa de ser concreto, mas não apenas isso que foi mencionado a pouco, a Agroecologia é muito mais
complexa, pois envolve noções biológicas, sociais, culturais, econômicas e institucionais.

12
Segundo Caporal & Costabeber (2000 apud ALTIERI, 1989 e ALTIERI,
1995b), também pode-se dizer que a Agroecologia se aproxima ao estudo da
agricultura numa perspectiva ecológica, embora sua estrutura teórica não se
limite a abordar os aspectos meramente ecológicos ou agronômicos da
produção, uma vez que sua preocupação fundamental está orientada a
compreender os processos produtivos de uma maneira mais ampla. Isto é,
encara os agroecossistemas como unidade fundamental de estudo, onde os
ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as
relações sócioeconômicas são investigadas e analisadas em seu conjunto. Dito
de outro modo, a pesquisa agroecológica preocupa-se não com a maximização
da produção de uma atividade em particular, mas sim com a otimização do
agroecossistema como um todo, o que implica uma maior ênfase no
conhecimento, na análise e na interpretação das complexas interações
existentes entre as pessoas, os cultivos, os solos e os animais.
Ainda, segundo Caporal (2000) & Costabeber (2000), através dos
ensinamentos da Agroecologia, formas de agricultura ditas alternativas
estariam buscando uma maior aproximação e integração entre os
conhecimentos agronômicos, ecológicos, sociais e de outras disciplinas
correlacionadas, com o objetivo de gerar umas bases científicas e tecnológicas
mais afastadas daquelas que até agora têm apoiado o modelo agroquímico
convencional. Suas características principais seriam: estratégias de produção
agrária baseadas em conceitos ecológicos; conhecimento científico integrado
ao conhecimento local, como forma de gerar um novo e mais qualificado
conhecimento; participação ativa da população rural na determinação das
formas de manejo dos agroecossistemas; maior valorização da biodiversidade
e da diversidade cultural. A meta seria, fundamentalmente, alcançar sistemas
de produção economicamente viáveis, ecologicamente equilibrados,
socialmente justos e culturalmente aceitáveis.

4 A TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA

Com base nas reflexões de Caporal & Costabeber (2000), pode-se


definir a transição caracterizada pelo processo de ecologização como a
passagem do modelo produtivista convencional ou de formas de agricultura

13
tradicional a estilos de produção mais complexos sob o ponto de vista da
conservação e manejo dos recursos naturais, o que contempla tanto a via da
intensificação verde como a via da transição com base na Agroecologia. Não
obstante, agregando mais complexidade ao conceito, podemos entender a
transição neste caso, agroecológica como o ”processo social orientado à
obtenção de índices mais equilibrados de sustentabilidade, estabilidade,
produtividade, eqüidade e qualidade de vida na atividade agrária”, a única via
capaz de atender requisitos de natureza econômica e socioambiental, entre
outros.
Nesse contexto e pensando nas bases teóricas para a Nova Extensão
Rural, segundo Caporal & Costabeber (2000 apud COSTABEBER, 1998), a
transição agroecológica se refere a um processo gradual de mudança, através
do tempo, nas formas de manejo dos agroecossistemas, tendo-se como meta a
passagem de um modelo agroquímico de produção (que pode ser mais ou
menos intensivo no uso de inputs industriais) a outro modelo ou estilos de
agricultura que incorporem princípios, métodos e tecnologias com base
ecológica. Esse processo de transição de base ecológica se refere a uma
evolução contínua, multilinear e crescente no tempo, porém sem ter um
momento final determinado. Porém, por se tratar de um processo social, isto é,
por depender da intervenção e da interação humana, a transição agroecológica
implica não somente a busca de uma maior racionalização econômico-
produtiva com base nas especificidades biofísicas de cada agroecossistema,
mas também uma mudança nas atitudes e valores dos atores sociais em
relação ao manejo e conservação dos recursos naturais. Por incluir
considerações de natureza diversa (econômica, social, cultural, política,
ambiental, ética, entre outras), o processo de transição agroecológica não
dispensa o progresso técnico e o avanço do conhecimento científico.

5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

5.1 HISTÓRICO

Na década de 60, mais precisamente em 1965, segundo Loureiro


(2005), foi no Reino Unido que se adotou pela primeira vez o nome Educação
Ambiental. Após as deliberações ocorridas em Estocolmo, 1972, evento que

14
formalizou a necessidade da educação incorporar a dimensão ambiental,
tornou-se um objeto específico da prática educativa, de caráter global, no ano
de 1975, quando foi realizado o I Seminário Internacional de Educação
Ambiental, em Belgrado, cujas premissas e diretrizes foram detalhadas e
consensualmente aprovadas em Tbilisi, 1977 (Conferência vista como marco
para a área). O grande mérito deste Seminário de Educação Ambiental
realizado em Belgrado foi reforçar a necessidade de se concretizar uma “ética
da vida”, que erradicasse problemas como fome, miséria, analfabetismo,
poluição, degradação dos bens naturais e exploração humana, por meio de um
novo modelo de desenvolvimento socialmente justo e do entendimento de que
tais problemas estão estruturalmente relacionados, devendo ser resolvidos em
conjunto. Para isso, enfatizou-se a Educação Ambiental como processo
educativo capaz de gerar novos valores, atitudes e habilidades compatíveis
com a sustentabilidade da vida no planeta.
No Brasil, a Educação Ambiental se fez tardiamente. Apesar da
existência de registros de projetos e programas desde o início da década de
setenta, efetivamente é no final da década de oitenta que começa a ganhar
dimensões públicas de grande relevância, inclusive com sua inclusão genérica
na Constituição Federal de 1988. No inicio da década de noventa, seja pela
mobilização social em decorrência da Rio 92, seja pelo alcance político que a
questão ambiental adquiriu, o governo federal, principalmente através do
Ministério da Educação e do Ministério do Meio Ambiente, criou alguns
documentos e ações importantes: Programa Nacional de Educação Ambiental,
Parâmetros Curriculares Nacionais e a Lei Federal nº 9.795 de 27 de abril de
1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental.

5.2 CONCEITO

Segundo a Lei n° 9795, de 27 de Abril de 1999, que trata da Educação


Ambiental e da Política Nacional de Educação Ambiental, também conhecida
como a Lei da Educação Ambiental, em seu artigo primeiro (1°):
- Art. 1º - Entendem-se por educação ambiental os processos por meio
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a

15
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.
O artigo caracteriza claramente a Educação Ambiental como todo e
qualquer processo por meio do qual todos os indivíduos, seja de forma
individual e/ou coletiva, possam construir valores sociais, conhecimentos,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente.

6 I ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL AGROPESQUEIRO DE


BRAGANÇA

6.1 APRESENTAÇÃO

A idealização do I Encontro Interinstitucional Agropesqueiro de Bragança


(EIAB) foi construída pela inquietação de protagonistas institucionais da região
bragantina, preocupados com a importância que suas entidades representam
para o desenvolvimento local sustentável. O principal objetivo do evento foi de
retratar um cenário local com a perspectiva dos usuários dos recursos naturais
(suas ansiedades e necessidades) juntamente com as representações
institucionais que atuam na região, estabelecendo uma pauta de compromissos
futuros e induzindo a interação interinstitucional, com a formação de parcerias
futuras para atendimento dos usuários com a perspectiva do desenvolvimento
humano, com enfoque na sustentabilidade dos recursos naturais agrícolas e
pesqueiros.

6.2 MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PARTICIPATIVA

6.2.1 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO EVENTO

Foram realizadas nove reuniões interinstitucionais preparatórias para


execução das atividades de planejamento do Evento. Essas reuniões
ocorreram no Escritório Local da Emater em Bragança, no período entre os
dias 29 de agosto a 23 de outubro de 2006. O Encontro Agropesqueiro ocorreu
ao longo do dia 26 de Outubro de 2006.
Objetivou-se ao longo do processo exercitar a parceria interinstitucional
e o diálogo interdisciplinar. Para isto, ao longo de todo o processo preparatório,
buscou-se envolver as mais diversas instituições públicas e entidades que

16
atuam em Bragança, ao mesmo tempo em que se buscava estimular a troca de
experiências entre técnicos dos mais diversos campos do conhecimento,
juntamente com o público beneficiário: agricultores e pescadores.
Durante o período preparatório todas as ações necessárias para a
realização do Evento foram discutidas e colocadas em votação para
encaminhamento. A Coordenação dos trabalhos ficou a cargo de uma
Comissão Executiva, democraticamente eleita entre os membros da Comissão
Geral composta de: Coordenador, Vice-Coordenador e Secretário Executivo.

6.3 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO

O Encontro foi realizado mediante o emprego de metodologias


participativas (mapeamento cognitivo, metaplan e reuniões) para descrição do
cenário das comunidades e das instituições que atuam no segmento
Agropesqueiro de Bragança. O Evento foi estruturado em duas fases:
Na primeira fase ocorreu o relato da realidade vivenciada pelos
pescadores artesanais e agricultores familiares e, ainda, o pronunciamento das
instituições parceiras envolvidas com a questão Agropesqueira explanando a
respeito de suas atuações no setor primário, diagnosticando assim o cenário
institucional – Representantes institucionais (Universidades, Prefeituras,
Secretarias Estaduais e Municipais, etc).
Formação de grupos de trabalho, definidos conforme o setor sócio-
econômico (PESCA ou AGRICULTURA). Durante esta atividade os grupos de
trabalho listaram os principais problemas enfrentados nas comunidades, as
soluções propostas e as entidades que poderiam atuar para resolução dos
pontos críticos apontados.
A formação dos grupos foi distribuída conforme o número de
representantes dos respectivos setores. Cada grupo contou com o apoio de um
facilitador, um relator e um secretário. Os resultados dos debates foram
registrados na forma de tarjetas cujos conteúdos foram transferidos para uma
versão eletrônica que passou a ser exposta em plenária. Os debates feitos em
plenária resultaram na aprovação de um quadro geral devidamente aprovado
por todos os participantes envolvidos no processo.

17
6.4 ATIVIDADES REALIZADAS

O I Encontro Interinstitucional Agropesqueiro de Bragança, retratou um


cenário local com a perspectiva do usuário dos recursos naturais (suas
ansiedades e necessidades) juntamente com as representações institucionais
que atuam na região, estabelecendo uma pauta de compromissos futuros e
induzindo a interação interinstitucional visando à formação de parcerias futuras
com a perspectiva do desenvolvimento humano direcionado para a
sustentabilidade dos recursos naturais agrícolas e pesqueiros.

6.5 DIAGNÓSTICO E EXPOSIÇÃO DE CENÁRIOS

Realizou-se uma atividade interativa contemplando exposições acerca


do retrato das Comunidades e do retrato Institucional. Para isto, os
representantes comunitários do segmento da pesca e da agricultura foram
respectivamente convidados para fazer suas considerações acerca dos setores
que representam, conforme relatado a seguir:

6.5.1 Pesca

O Sr. Oséias Saraiva Rocha (Zeca Rocha), Presidente da Associação


União da Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu (ASSUREMACATA) do
Município de Bragança salientou a importância econômica da pesca artesanal,
cuja atividade contribui em 70% no abastecimento do pescado em nosso
Estado e destacou o Município de Bragança como o segundo maior porto de
desembarque de pescado. Segundo o expositor, as questões mais
preocupantes que devem ser abordadas para o setor são os problemas
provocados pela pesca predatória, motivados pela falta de sensibilização de
um grande número de pescadores. Destacou que muitos ainda utilizam timbó e
redes de malha fina, que são proibidas na reserva, conforme estabelece seu
Plano de Utilização e o que determina a Legislação Brasileira.

6.5.2 Agricultura

Em seguida o Sr. Raimundo Estevam, representando os agricultores


familiares de Bragança, destacou que o fortalecimento do setor agropecuário é

18
fator essencial para a sobrevivência do homem no campo. Frisou ainda que é a
partir da troca de idéias que se pode melhorar as atitudes e práticas dos seres
humanos nesse setor. Dessa maneira destacou a importância de Encontros
dessa natureza para o desenvolvimento do campo.

6.6 FORMAÇÃO DE GRUPOS DE TRABALHO E OBTENÇÃO DO


QUADRO DIAGNÓSTICO

Foram constituídos seis grupos de trabalho, sendo: dois grupos para o


setor pesqueiro e quatro para o setor agropecuário. O processo de
sistematização dos trabalhos permitiu que cada grupo fosse constituído de dois
facilitadores membros da comissão de organização, que tinham por objetivo
provocar os grupos e aglutinar, organizadamente, as idéias lançadas durante a
plenária do grupo. Vale ressaltar que os grupos deveriam ser constituídos por
membros da comunidade e membros institucionais, a fim de viabilizar as
interações entre comunidade e instituição. Os resultados obtidos estão
apresentados no quadro 1 (Pesca) e quadro 2 (Agricultura).

Fig. 1. Grupos de trabalhos formados por instituições e usuários dos recursos naturais
desenvolvendo atividades de listagem de problemas, soluções e entidades responsáveis.

19
Quadro 1. Lista de problemas, soluções e entidades responsáveis pela resolução dos
problemas obtidas pelos grupos de trabalho formados por instituições e usuários dos recursos
naturais relacionados com a atividade pesqueira (Grupo 1 e 2).

Problema(s) Solução(s) Entidade(s) responsável(s)


Desburocratizar o
Entraves nas financiamento anual Instituições financeiras
Linhas de crédito Ampliar e fortalecer créditos (BANCO DO BRASIL, BASA)
para mulheres
Mais campanhas de divulgação
sobre a legislação e práticas IBAMA, SECTAM, SEAP,
preservacionistas Colônia, Sindicato dos
Ausência de Pescadores Artesanais de
Fiscalização Mais rigor nas atuações de Bragança, Prefeitura, SEMEP
ambiental combate ao manejo inadequado – Secretaria Municipal de
dos recursos pesqueiros e de Economia e Pesca,
manguezais VISA/SEMUSB

Cursos de capacitação:
1. Curso de formação de gestão
de negócios para pescadores
Ausência de
IBAMA, SECTAM e Secretaria
política de
2. Curso de formação de de Educação
Educação
agentes ambientais (voltado
Ambiental
para educação ambiental nas
escolas)
IBAMA, UFPA, RESEX,
Ausência de
Revisão da portaria do defeso Colônia, Sindicato dos
proteção ao defeso
do caranguejo uçá e Pescadores Artesanais de
do caranguejo
prolongamento do período de Bragança e Secretaria
defeso Municipal de Economia e
Pesca
Liberação de licença para
colocar cercas elétricas em Bancos (financiamento de
Falta de segurança áreas de aqüicultura cercas) e instituições de
para o setor da
pesca e aqüicultura Presença de Policiamento segurança pública (civil e
pesqueiro em alto mar e militar)
costeiro
Monitoramento do
defeso da: pescada Setor político (parlamentares),
gó, pescada Levantamento e análise de Instituições de pesquisa
amarela, serra, dados para criação de Decreto (UFPA, SECTAM, EMATER,
pargo e mero Comitê de Pesca)

Ausência de
acompanhamento Aumentar o número de técnicos
EMATER, ADEPARA E UFPA
técnico no setor junto às comunidades
pesqueiro
Demora na
Execução do Plano
Agilidade na execução IBAMA E SECTAM
de Manejo da
RESEX
Trabalho conjunto: fiscalização IBAMA, SECTAM, SEAP,
Pesca predatória
e conscientização COLÔNIAS E RESEX

20
Quadro 2: Lista de problemas, soluções e entidades responsáveis obtidas pelos grupos de
trabalho formados por instituições e usuários dos recursos naturais relacionados com a
atividade agrícola.

Problema(s) Solução(s) Entidade(s) responsável(s)


Grupo 3

Número de Aumento do nº de profissionais e EMATER, Agentes financeiros


técnicos a capacitação dos mesmos e SAGRIMA
insuficientes
Dificuldade no PMB, SECTAM e
abastecimento de Recuperação de igarapés Comunidade Rural
água (igarapé)
Falta de Secretaria Municipal de
sementes de Financiamento de sementes Agricultura e Meio Ambiente
feijão caupi de Bragança
(fiscalizada)
Baixa
produtividade por
causa do baixo Cursos técnicos teóricos e PMB, EMATER e outros
conhecimento práticos para o agricultor parceiros
técnico.
Dificuldade no
armazenamento
do produto. Falta
de máquinas
Grupo 4
Falta de mão de Aumentar o quadro de PMB (Prefeitura Municipal de
obra na Escola funcionários Bragança)
Agrícola
Municipal
Pouco Aumento de Recursos materiais, PMB e Câmara de
Investimento na humanos e financeiros à Vereadores de Bragança
estrutura SAGRIMA
municipal de
atendimento ao
setor
Agropecuário
Ausência da Melhoria nas frotas de ônibus PMB, SEDUC / EMPRESA
regularidade do
transporte
escolar no meio
rural
Ausência deConstrução de Postos de saúde e Secretaria Municipal de
Posto de Saúde Contratação de novos Saúde de Bragança –
e Profissionais daprofissionais SEMUSB e Prefeitura de
área Bragança
Salas de aulas Construção de salas de aula Secretaria Municipal de
insuficientes Educação de Bragança –
SEMED/PMB
Falta de apoio Assist. Técnica e financiamentos, Apoio (bancos), Emater,
aos horticultores armazenamento e Secretaria de Agricultura e
comercialização da produção Meio Ambiente

21
Grupo 5

Aquisição de tratores e Prefeitura (e demais


Falta de trator e
implementos para preparo de secretarias) e Estado,
semente
áreas e sementes selecionadas emenda parlamentar, Crédito
bancário
Estradas mal Revitalização e manutenção das
Prefeitura e Governo Estadual
conservadas estradas
Construção de novas escolas
Ausência de
(Municipal e Estadual) Prefeitura e Governo Estadual
Escolas

Atraso na
preparação de
Mecanização na época correta e Prefeitura de Bragança
área mecanizada
com tempo suficiente

Organização da produção,
Dificuldade na Sindicato, Associação,
armazenamento e
comercialização cooperativas, ong’s,
comercialização
do produto SAGRIMA e EMATER

Grupo 6
Dificuldade de
acesso ao crédito Armazenamento da produção e
CONAB, Agentes financeiros
de compra do produtor rural-CPR
comercialização
Má conservação
Prefeitura e governo do
de estradas Conservação e manutenção
Estado
vicinais
Ausência de Prefeitura, Governo Federal -
Parcerias
eletrificação rural Programa Luz para Todos
Escassez de
informações aos Utilização dos meios de
SAGRIMA, EMATER, SAGRI,
agricultores das comunicação, participação em
ADEPARÁ
instituições do seminários, encontros e outros
setor agrícola

7 O MANEJO DE (MICRO) BACIAS HIDROGRÁFICAS PARA A


EXTENSÃO RURAL ENQUANTO FERRAMENTA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL AGROECOLÓGICA

O Manejo de (Micro) Bacias Hidrográficas pode ser entendido e


desenvolvido como ferramenta motora participativa para o planejamento e
execução da Extensão Rural Agroecológica, pois gira em torno de uma
situação real e preocupante, a degradação dos recursos hídricos que
demonstra ser agravante segundo projeções de pesquisadores e análises de
ambientalistas. A Educação Ambiental, na perspectiva Agroecológica,

22
utilizando a bacia hidrográfica como unidade territorial de planejamento,
segundo a Lei Federal n° 9.433 de 1997, passará a desenvolver uma ótica
global, comum a todos, a água, em que todos os habitantes da bacia
hidrográfica considerada, seja qual for a sua grandeza, passarão a entender a
necessidade de suas participações e contribuições no modelo de
desenvolvimento daquela bacia, que possui suas peculiaridades sociais,
ambientais, econômicas e culturais.
A Extensão Rural Agroecológica, em particular, que é o propósito deste
trabalho, através da adotação da unidade bacia hidrográfica, passará a ter uma
abordagem determinante para o desenvolvimento da agricultura familiar, pois
com o estudo, o planejamento e as ações a serem realizadas naquela bacia,
através da participatividade de todos os atores sociais do ambiente rural, irão
contribuir para o melhor desempenho do setor primário.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É preciso reconhecer que entre os agricultores e suas famílias existe um


saber, um conjunto de conhecimentos que, embora não sendo de natureza
teórica, é tão importante quanto os saberes científicos. Disso resulta que nossa
ação ao mesmo tempo em que deve ser respeitosa para com os saberes dos
demais, deve ser capaz de contribuir para a integração destes diferentes
saberes, buscando a construção social de conhecimentos adequados para o
desenvolvimento das práticas agrícolas de cada agroecossistema e dos
potenciais de desenvolvimento sustentável presentes em cada comunidade.
Nesta perspectiva, a participação popular emerge como um direito e passa a
exigir uma nova prática extensionista, uma verdadeira práxis social, que só é
possível quando adotamos uma postura democrática e quando realizamos
nossa tarefa com base em metodologias e princípios pedagógicos libertadores.
Para tanto, necessitamos conformar um novo perfil de extensionistas: por um
lado, estamos desafiados a compreender a agricultura a partir dos princípios
básicos da Agronomia e da natureza e, de outro lado, devemos nos capacitar
para atuar potencializando os recursos e conhecimentos locais.
As diretrizes a serem adotadas pela Nova Extensão Rural, a partir dos
parâmetros da Agroecologia, exigirão dos extensionistas a capacidade de

23
compreender os aspectos relacionados à vida dos indivíduos e suas relações
sociais, assim como os aspectos da história dos diferentes atores individuais e
coletivos com os quais atuamos. Dessa forma pode-se aproximar
necessidades, valores e aspirações que oriente a busca permanente por
melhores condições de vida e bem estar social. Como apoiá-los na construção
do desenvolvimento rural sustentável sem conhecer as necessidades, os
valores e as motivações que sustentam e dão sentido às suas decisões?
O I Encontro Agorpesqueiro de Bragança representou um importante
passo no processo de articulação interinstitucional dos segmentos agrícolas e
pesqueiros na zona Bragantina. A Comissão do evento foi unânime em
destacar que o Encontro teve como ponto de grande destaque o fato de ter se
processado em uma legítima parceria interinstitucional onde os partícipes
vivenciaram um ambiente de igualdade que não permitiu a existência de figuras
personalistas que quisessem reivindicar a paternidade do processo ou uma
posição de status relevante sobre os demais participantes (atores sociais).
A Comissão Organizadora do I Encontro Interinstitucional Agropesqueiro
de Bragança definiu as ações futuras do processo. Neste sentido, foram
definidas as seguintes ações: 01) realização de uma oficina sobre parceria
institucional e interdisciplinaridade para técnicos, lideranças e gestores de
instituições que atuam em Bragança; 02) deverão ser realizadas reuniões
ordinárias para articulação interinstitucional regularmente uma vez a cada mês,
em local a ser previamente definido e, reuniões extraordinárias, sempre que
necessário; 03) futuramente deverá ser constituída legalmente uma instituição
representativa dos diversos segmentos que fazem parte deste processo de
articulação; 04) o grupo interinstitucional que promoveu esse Encontro assumiu
como meta a revitalização do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de
Bragança e a realização uma oficina para facilitadores de trabalhos de grupos;
05) e ainda que cada instituição participante deste processo deverá compor um
painel contendo suas principais atividades a fim de que seja do conhecimento
dos demais participantes e possibilite a consolidação de parcerias.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CAPORAL, Francisco Roberto e COSTABEBER, José Antônio. Agroecologia e


Desenvolvimento Rural Sustentável: perspectivas para uma nova Extensão Rural. Porto
Alegre, 2000.

24
FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES E SINDICATOS DOS TRABALHADORES DA EXTENSÃO
RURAL E DO SETOR PÚBLICO DO BRASIL – FAZER. Extensão Rural para o
Ecodesenvolvimento. Aracaju, 2006.

LOUREIRO, Carlos Frederico B. Múltiplas falas, saberes e olhares: os encontros de


Educação Ambiental no Estado do Pará. Belém, 2005. p. 86 e 87.

SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO AGROFLORESTAL – SEATER.


Extensão Agroflorestal: um serviço educativo para o desenvolvimento sustentável. Rio Branco,
2005.

REVISTA ASBRAER – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES ESTADUAIS DE


ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. Brasília: ASBRAER, 2005-6.

SECRETARIA EXECUTIVA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE – SECTAM.


Múltiplas Falas, Saberes e Olhares: os encontros de Educação Ambiental no Estado do Pará.
Belém, 2005.

SILVA FILHO, Manoel Marques da. A Extensão Rural em meio século: a experiência do Rio
Grande do Norte. Natal: EMATER-RN, 2005.

25
EXERCÍCIO DA CIDADANIA

1
Maria Amélia de Oliveira Lemos

1 INTRODUÇÃO

A missão da EMATE-PARÁ, de forma simplista, é de apoiar qualquer


atividade que tenha como objetivo o desenvolvimento do produtor, do pescador
e de suas famílias, com uma visão focada na sustentabilidade.
Para alcançar seus objetivos, o trabalho da extensão rural é realizado
através de um processo educativo que se caracteriza pela troca de
experiências constantes entre os técnicos, produtores, pescadores, suas
famílias e suas organizações. Esta troca de experiência requer sempre uma
busca de conhecimento, pois é este o principal instrumento do
desenvolvimento. Desenvolvimento este que se dá não só com o crescimento
econômico, mas sim com a melhoria de qualidade de vida em todos os
sentidos.
Baseados no acima exposto e na afirmativa de que o conhecimento é o
principal elemento do desenvolvimento é que nos propomos socializar
informações, idéias e experiências vivenciadas por muito tempo no trabalho de
extensão rural sobre Cidadania. Porém, não se trata de um documento que
aborde, em profundidade, o referido tema. Daremos um enfoque maior para
alguns direitos e deveres sociais do cidadão, como Educação, Saúde,
Previdência Social, Assistência Social e Meio Ambiente. Falaremos da
necessidade da documentação básica para o exercício desses direitos, dos
critérios seletivos para participação de programas governamentais, da
Organização da comunidade e de uma experiência vivida na Comunidade de
Ponta do Urumajó, município de Augusto Corrêa-Pará.
Dessa forma, atenderemos a pauta do I Seminário de Gestão Sócio-
Ambiental e Extensão Rural promovido pelo Escritório Regional da EMATER
de Capanema e, conseqüentemente, contribuiremos para um melhor
desempenho dos trabalhos executados pelos extensionistas.

1
Licenciada em Letras - Extensionista Social - EsLoc. Augusto Corrêa, EMATER-PARÁ

26
2 CONCEITOS DE CIDADANIA

Cidadania é uma qualificação do exercício da própria condição humana.


O gozo dos direitos civis, políticos e sociais é a expressão concreta desse
exercício. Uma das condições para o exercício da cidadania é o conhecimento
o qual nos é garantido na Constituição Brasileira.
Aqui veremos alguns direitos essenciais estabelecidos em nossa
constituição:

3 DIREITOS SOCIAIS

CAPÍTULO III – DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA - EDUCAÇÃO


Art. 205 – A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
Direitos Deveres Papel da ATER
Liberdade de aprender, ensinar, Buscar Mostrar a importância do
pesquisar e divulgar o pensamento, a conhecimento conhecimento; Incentivar a
arte e o saber; Gratuidade do ensino aquisição de documentação
público; Garantia do ensino básica; Levantar
fundamental; Atendimento educacional necessidade de capacitação;
aos portadores de deficiência; Incentivar a pesquisa;
Atendimento em creche e pré-escola Promover e/ou mobilizar para
às crianças de 0 a 6 anos; capacitação de mão-de-obra
Atendimento ao educando no ensino especializada; Incentivar a
fundamental, através de programas manutenção das crianças na
suplementares de material didático- escola; Incentivar o
escolar, Transporte, Alimentação e artesanato
Assistência à Saúde

CAPÍTULO II – Art. 6º- São direitos sociais: a educação, a saúde, o trabalho, o


lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados.

27
SAÚDE
Direitos Deveres Papel da ATER
Garantia de redução do Estar documentado; Mostrar a importância da
risco de doença e de outros efetuar consultas médicas alimentação e do uso de
agravos; acesso universal e periódicas, vacinação de equipamentos do trabalho;
igualitário às ações e crianças e idosos, Pré- Incentivar a implantação
serviços para sua natal; Amamentação; de pomar, horta, criação
promoção, proteção e Preventivo, mamografia e de peq. animais,
recuperação. o exame da próstata; diversificação de culturas,
Programas Consumir alimentos de prática de consultas
Governamentais: qualidade; Prevenir médicas , vacinação, pré-
- SUS: Consulta médica; acidentes de trabalho; natal, amamentação,
Exame laboratorial; Participar das conferências participação da
Consulta odontológica; municipais de saúde para comunidade nas
Distribuição de construção de políticas Conferências Municipais
medicamentos públicas de Saúde e outros;
- Saúde da Família e Divulgar os direitos à
outros saúde

Art. 201. PREVIDÊNCIA SOCIAL


Direitos Deveres Papel da ATER
Cobertura de doença, Estar organizado: Ter Incentivar a aquisição de
invalidez, morte, velhice e documentos; ser documentação pessoal
reclusão; II- Ajuda à sindicalizado ou fazer básica, de documentos da
manutenção dos parte da colônia; ter terra, a inclusão dos
dependentes dos carteira de pescador; agricultores às
segurados de baixa renda; guardar notas fiscais de associações e ao STR e
III-proteção à maternidade; compras de materiais dos pescadores às
IV-proteção ao trabalhador destinados à agricultura ou associações e Colônias.
em situação de à pesca Divulgar os direitos e
desemprego involuntário; V deveres previdenciários
- pensão por morte de
segurado

28
Programa(s) Critério(s)/Documento(s)

Seguro desemprego Ser pescador da espécie em proibição


Carteira de trabalho assinada
Carteira de pescador e documentos pessoais
Auxílio Maternidade; Mães maiores de 17 anos. Comprovante da profissão de
(nascidos de 91 pra cá) pelo menos 10 meses de atividade; CPF, RG, Título,
Reg. de Casamento ou doc. de união, Ficha Médica,
Cart. De vacinação
Benefício (deficiente e Idosos de 65 anos; deficiente comprovado com perícia
idoso) médica; Renda per capita inferior ¼ do mínimo. CPF, RG
ou CTPS, Certidão de nascimento ou casamento,
certidão de óbito, comprovante de rendimento da família,
tutela e tutor com CPF e RG
Pensão por morte CPF, RG, Título, Cert. de Casamento ou doc. que
comprove a união, Cert. De óbito. Comprovante de
profissão (de pelo menos 1 ano antes da morte)
Aposentadoria Comprov. de profissão (de pelo menos 180 meses); CPF,
(60 anos para o homem e RG, Cart. Profissional, Título de Eleitor, Certidão de
55 para a mulher) casamento ou Nascimento

29
Art. 203 - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Direitos Deveres Papel da ATER
I. Proteção à família, à maternidade, à Possuir Divulgar direitos
infância, à adolescência e à velhice; II. documentação e deveres de
amparo às crianças e adolescentes carentes; básica; Manter as assistência
III. a promoção da integração ao mercado de crianças na escola; social, os
trabalho; IV. a habilitação e reabilitação das Evitar o trabalho Programas
pessoas portadoras de deficiência e a infantil. Participar existentes no
promoção de sua integração à vida das Conferências município e os
comunitária; V. garantia de um salário mínimo de Assistência critérios
de benefício mensal à pessoa portadora de para construção de seletivos
deficiência e ao idoso que comprovem não políticas públicas
possuir meios de promover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei

Programas Critério(s)/Documento(s)
Bolsa Família Renda familiar per capita até R$-120,00; Certidão de
R$-18,00 a R$-114,00 Nascimeno, CPF, RG, Título, Comp. de renda,
Comprovante de residência e declaração escolar
PETI Criança de 7 a 15 anos; Documentação completa da
R$-40,00 / criança família e declaração escolar
AGENTE JOVEM; Jovens de 15 a 18 anos; Documentação completa da
Valor: R$-65,00/Jovem família e declaração escolar
BPC Idosos a partir de 65 anos e Pessoas com Doença ou
Salário Mínimo Deficiência com renda per capita familiar inferior a ¼ do
mínimo; Documentação: Certidão de Nasc. Ou
Casamento, CPF, RG, CTPS, Comprovante de
residência e de renda
CRAS / PAIF – (Centro de Público do Bolsa Família e BPC
Referência da Assistência
Social)
API – Conviver Idosos a partir dos 60 anos

30
4 DIREITOS AMBIENTAIS

CAPÍTULO VI DA CONSTITUIÇÃO - MEIO AMBIENTE


Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
DEVER DO CIDADÃO: Cumprir as leis ambientais.
PAPEL DA ATER: . Divulgar as leis ambientais; Incentivar a sistematização de
área, o reflorestamento, a recuperação e conservação da mata ciliar,
mostrando a sua importância para os mananciais e outros.

5 DOCUMENTAÇÃO BÁSICA

Para termos acesso aos nossos direitos são necessários alguns


critérios, dentre eles, o mais importante é a documentação básica.
Documento(s) básico(s) Onde Tirar Documento(s) Necessário(s)
Certidão de Nascimento Cartório Declaração de nascido vivo
Hospital/Cartório/SESPA/ACS e Parteira)
Certidão de Óbito Cartório Guia de Sepultamento (Cemitério/PM)
Sede: até 30 dias de Declaração de óbito (hospital/ ACS/
morto Testemunha); Documentos pessoais
Interior: até 90 dias
Cadastro de Pessoa BB/Correios/ RG, Título e taxa. Quando menor:
Física (CPF) Lotérica/ CEF Certidão de Nascimento
Carteira de Identidade Ação Social / Certidão de nascimento e 2 fotos 3X4. Se
(RG) Delegacia for menor: responsável com RG
Título de Eleitor Cartório Cert de nascimento ou casamento / comp
Eleitoral de residência/RG ou CPF
Carteira de Reservista Junta Militar Certidão de Nascimento ou RG, . 2 fotos
3X4 e taxa de R$-2,00.
Cart. de Produtor Rural SAGRI (via Requerimento / documentos pessoais/ 2
EMATER) fotos
Declarações Todos os Varia de empresa para empresa e do tipo
de declaração.
órgãos.

31
Documento(s)
Onde Tirar Documento(s) Necessário(s)
Básico(s)
Ter cultivo de lavoura e morada habitual /
Título Definitivo da terra ITERPA Requerimento no ITERPA / Vistoria /
(até 100 ha) Declaração de que não há litígio ou
desentendimento / demarcação / análise
jurídica / homologação
Imposto Territorial Rural Receita Federal CAFIR (Declaração com limites / CPF e
(ITR) (Via Sindicato) RG) / Cadastramento na R. Federal
Registro e a Permissão SEAP/PR, PARA PESCADOR
de Pesca (Aprendiz de através de seus Requerimento de registro; Cópia do
Pesca / Pescador escritórios RG/CPF/comprovante de residência/ 1º
Profissional / Armador de estaduais Via regtº/ comprovante de recolhimento
Pesca / Embarcação Colônia de bancário – R$-10,00
Pesqueira/ Indústria Pescadores
EMBARCAÇÃO PESQUEIRA
Pesqueira / Aquicultor /
Requerimento de registro/RG/
Empresa que
CNPJ/comprovante de residênciae da
comercializa organismos
propriedade da embarcação/ Original da
vivos)
permissão prévia de pesca ou do
certificado de registro/Certidão negativa
de débitos (IBAMA)/ comprovante de
recolhimento bancário da taxa
correspondente.

PAPEL DA ATER
Incentivar a aquisição de documentos básicos;
Mostrar a importância da documentação;
Mostrar os caminhos e os critérios para a retirada desses
documentos.

6 ORGANIZAÇÃO
Cidadania é uma situação que se dá na relação com o outro. Não há
cidadania no isolamento, daí a necessidade da organização.

32
6.1 CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO
De maneira geral, organização é o ato de organizar, portanto, um grupo
de pessoas com os mesmos objetivos é uma organização.

6.2 FINALIDADE DA ORGANIZAÇÃO


Toda organização deve ter sua finalidade bem definida e os objetivos
bem claros e discutidos com os seus sócios.

6.3 TIPOS DE ORGANIZAÇÃO


. Formal: é a que tem personalidade jurídica. O estatuto é registrado em
cartório e na Receita Federal para que possa ter o CNPJ.
. Informal: quando não é legalizada. Mesmo assim, ela deve ter sua finalidade
e seus objetivos bem definidos.

6.4 FORMAS ASSOCIATIVAS


. Cooperativas, Associações, Sindicatos, Colônia de Pescadores, Clube de
Mães, Grupo de Produtores, etc.

6.5 ROTEIRO PARA CRIAÇÃO E LEGALIZAÇÃO DE FORMAS


ASSOCIATIVAS
1. Elaboração do Estatuto Social (Modelo Anexo);
O Estatuto da Associação deverá conter obrigatoriamente (artigo 54 do
Código Civil): A denominação, os fins e a sede da associação; os
requisitos para admissão, demissão e exclusão dos associados; os
direitos e deveres dos associados; as fontes de recursos para a sua
manutenção; o modo de constituição e funcionamento dos órgãos
deliberativos e administrativos; as condições para a alteração das
disposições estatutárias e para a sua dissolução.
2. Realização de Assembléia Geral de Constituição de Associação (redigir
Ata de Constituição da Associação, conforme Modelo anexo);
3. Registro do Estatuto e da Ata da Assembléia de Constituição em
Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas;
- Documentos necessários: Requerimento do Presidente da Associação
(1 via) – (Modelo anexo), Estatuto Social ( 2 cópias e 1 original), Ata de

33
Fundação (2 cópias e 1 original), xérox do CPF do presidente e dos
associados;
4. Inscrição na Receita Federal para receber o CNPJ;
- Documentos necessários: (Ficha de Inscrição do CNPJ, cópia do CPF
do presidente, duas vias do quadro de associados, do Estatuto e da ata
de fundação, registrados em cartório)

6.6 PROBLEMAS MAIS COMUNS


. Falta de comunicação;
. Competição entre os membros;
. Dificuldade na hora de resolver os problemas da organização;
. Diretoria sem compromisso com o grupo;

6.7 ELEMENTOS FACILITADORES DA ORGANIZAÇÃO


. Saber falar
. Saber escutar
. Diretoria comprometida com os problemas dos sócios.

5.8 ORGANIZAÇÕES IMPORTANTES


Organização Critério/Documentos
Associação Varia de associação
Sindicato de Trabalhadores Declaração do representante sindical da
comunidade onde o vive a pessoa
interessada / Cart. De Trabalho, Título,
RG, CPF, Registro de Nascimento ou
Casamento / Taxa
Colônia de Pescadores Sócio indicado pelo capataz da
comunidade / CPF / RG / 2 fotos /
pagamento de taxa

PAPEL DA EMATER-PARÁ
. Mobilizar a Comunidade para a Organização da mesma, mostrando a
importância desta, dando noções de grupo, de relações humanas, de gestão,
esclarecendo o papel de cada um da diretoria, fazendo o DRP (Diagnóstico
Rápido Participativo da Comunidade), executando as atividades de ATER

34
conforme o planejamento da comunidade no DRP e trabalhando com os
grupos.

7 CIDADANIA E O CRÉDITO RURAL

O Crédito Rural é um direito que, quando bem aplicado, seu efeito é


positivo e se torna um dos mais importantes elementos do desenvolvimento,
porém o que tem acontecido é que o produtor, após adquirir crédito, está tendo
apenas um crescimento econômico. Daí a necessidade de acompanhar esses
produtores, desde o início do processo do financiamento até a aplicação dos
resultados dos projetos. Divulgando os direitos e os deveres do Cidadão. Não
esquecendo da importância do exercício desses direitos, do planejamento, da
adimplência, da documentação básica e da organização os quais são
elementos fundamentais para o desenvolvimento de fato.

8 UMA EXPERIÊNCIA NA COMUNIDADE DA PONTA DO URUMAJÓ

A Comunidade de Ponta do Urumajó está localizada no município de


Augusto Corrêa, constituída por 112 famílias com 587 habitantes, em sua
maioria, de pequenos pescadores artesanais. O trabalho de ATER nesta
comunidade foi iniciado em agosto de 2006, com a elaboração do DRP onde
pudemos constatar a triste situação em que se encontrava a comunidade. Nela
não existia trapiche, Posto de Saúde, Telefone e outros. Como forma de
organização existia apenas uma associação agropesqueira, que praticamente
estava desativada. Os pescadores praticavam todo tipo de pescaria,
desconheciam as leis da pesca e não tinham acesso ao crédito. As mulheres e
os jovens não tinham uma ocupação. Esses problemas foram questionados
durante a elaboração do DRP e aí então passamos a trabalhar em cima dos
problemas levantados. Utilizando a Associação existente na comunidade para
fazer a mobilização, foram realizadas reuniões preliminares para programação
das atividades. Foram financiados 20 pescadores com PRONAF B, através da
indicação da associação, os quais adquiriram apetrechos de pesca
significativos como: canoas, redes, espinhéis e motores os quais trouxeram
bons resultados como nos foi relatado por alguns pescadores, como o aumento
de número de dias de pescaria e a autonomia da pesca, pois não tiveram que

35
dividir mais sua produção com o dono da canoa e outros. Passamos então a
trabalhar com os pescadores financiados, fazendo reuniões de
esclarecimentos, principalmente sobre a legalidade dos apetrechos de pesca
que deveriam adquirir. Foi numa dessas reuniões que descobrimos que
realmente os mesmos não conheciam as leis da pesca e outros direitos e
deveres do cidadão. Daí, então, surgiu a idéia de fazermos um trabalho em
cima dessas necessidades. Fizemos, em parceria com a Secretaria de Meio
Ambiente e Colônia de Pescadores, um Dia Especial em Cidadania com
enfoque maior para a Legislação pesqueira e aquisição de documentos
pessoais. Foi um sucesso, que outras comunidades estão mostrando interesse
em fazer o mesmo trabalho. Além disso, com o interesse da colônia veio para o
município Curso de Aquaviário, com a participação de 60 pessoas, com
expedição de 60 CIR (Caderneta de Inscrição e Registro) e arqueamento de 15
embarcações.
Ainda com base no DRP, iniciamos um trabalho com as Donas de Casa
e Jovens. Formamos dois grupos, os quais estão sendo trabalhados, no
momento, na capacitação em trabalhos manuais. As participantes dos grupos
já estão produzindo algumas peças e vendendo na sede do município.
Paralelamente a isso a comunidade vem se mobilizando e já conseguiu
a implantação de um Posto de Saúde, um Telefone Público e um pequeno
trapiche.
Como podemos perceber, em apenas 1 ano de trabalho alcançamos um
resultado significativo.
Atualmente estamos trabalhando para legalizar a associação a qual
encontra-se em débito com a receita federal.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Hoje, com a facilidade que se têm de acesso aos meios de


comunicação, nossos clientes são mais exigentes e sabem reivindicar a
eficiência dos órgãos públicos. Isto é o exercício da cidadania. Devemos
acompanhar essa exigência, sendo mais exigentes com nós mesmos, e
procurando levar o que há de melhor para o desenvolvimento de fato do nosso

36
produtor, do nosso pescador e de suas famílias, pois esta é a melhor forma da
inclusão social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil de 1988. Enciclopédia Britânica do Brasil.


Ed. Especial. Serviço de Biblioteca no Lar: São Paulo, 2000. 226 p.

SEAP/PR – Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca. Quem vive da pesca precisa de


proteção em terra: cartilha do usuário do Registro Geral da Pesca -RGP. Brasília: 2003.

SECOM – SECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTRIA COMÉRCIO E MINERAÇÃO. Manual


do Associativismo. Belém: 2000. 69 p.

SEVERINO, A. J. A escola e a construção da cidadania. In: Sociedade civil e educação


Campinas: Papirus, 1993 (coletânea CBE)

RECH, D. A Organização de Pessoas Jurídicas no Novo Código Civil e as Relações de


Trabalho na Legislação Brasileira. Disponível em:
http://www.ceris.org.br/textos/org.pj.no.ncc.asp . Acesso em 28 abr. 2003

37
PESCA SUSTENTAVEL: análise dos municípios
do regional Capanema da EMATER-PARÁ

1
Robson Cabral do Nascimento
2
Leonardo Deivid F. de Miranda

1 INTRODUÇÃO

A pesca na região amazônica destaca-se, tanto em águas costeiras


como interiores pela riqueza de espécies exploradas, pela quantidade de
pescado capturado e pela dependência da população tradicional a esta
atividade (BARTHEM e FABRÉ, 2004).
O modelo de desenvolvimento pesqueiro concebido na década de 1960
e desenvolvido até o final da década de 1980 pela Superintendência de
Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) buscava principalmente o aumento da
produção, desconsiderando os fatores sociais, culturais e ambientais que
interagem para o seu desenvolvimento (RUFFINO, 2005).
No Estado do Pará, as ações voltadas para a assistência técnica e
extensão rural para a pesca artesanal foram iniciadas em 1973, com o
PESCART - Programa de Pesca Artesanal (CRUZ et al, 1993).
O PESCART foi formulado para atender à pesca artesanal no sentido de
prover conhecimentos técnicos, recursos financeiros e de atribuir maior
eficiência produtiva e renda aos pescadores artesanais. Na época as ações do
Programa foram descentralizadas e muitas atribuições compartilhadas com
instituições que atuavam no meio rural, como foi o caso da EMATER-PA, na
ocasião ainda sob a denominação de ACAR-PARÁ. Até o ano de 2005, apenas
7,4% dos pescadores no estado do Pará recebiam assistência técnica
(SANTOS, 2005).

1 o
Eng de Pesca, M.Sc. - Extensionista Rural I – Escritório Local Augusto Corrêa – EMATER-PARÁ
2
Técnico em Pesca - Extensionista Rural II – Escritório Local Augusto Corrêa – EMATER-PARÁ

38
No entanto, a partir de 2006, a EMATER-PARÁ começou processo de
resgate das atividades de ATER no estado, passando a ser denominada de
ATEPA (Assistência Técnica e Extensão Pesqueira e Aquícola) com a
contratação de cerca de 50 profissionais da área pesqueira, entre Engenheiros
de Pesca e Técnicos de Pesca e Aqüicultura.
Neste trabalho, que é parte integrante do I Seminário de Gestão Sócio-
Ambiental e Extensão Rural promovido pelo regional Capanema da EMATER-
PARÁ, busca-se apresentar informações sobre o estado atual da atividade
pesqueira nos municípios que compõem este regional, enfocando algumas
estratégias de gestão baseados em modelo que vise a sustentabilidade desta
atividade.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A PESCA NO BRASIL E NO PARÁ

Considerando os mais recentes dados estatísticos oficiais (estatística da


pesca 2005), o Brasil aparece na 25o colocação entre os paises de maior
produção mundial de pescado, com produção total de 1.009.073 t, sendo
751.293 t da pesca extrativista e 179.746 t da aqüicultura.
A produção nacional, ao longo das últimas décadas, tem apresentado
dois padrões de comportamento distintos. O período de 1960 até 1985 foi
marcado por um crescimento expressivo em que no ano de 1985 foi obtida uma
produção superior a 971 mil toneladas. A partir desse ano passou a ocorrer
uma contínua redução. Os sinais de recuperação do setor são percebidos
somente a partir de meados da década de 1990. No período 1993/2003, a
produção cresceu a uma taxa de 4,54% ao ano (SANTOS, 2005).
A pesca artesanal foi responsável por 51,4% da produção total no ano
de 2005, enquanto que a pesca industrial correspondeu a 23,0%. Outros 25,5%
tiveram origem na aqüicultura.
Atualmente, o Pará é o segundo maior produtor nacional (146.895,5 t),
sendo responsável por 59,9% da produção da região Norte e 14,6% da
produção nacional (ESTATPESCA, 2005).

39
A pesca é praticada utilizando-se métodos tradicionais e equipamentos
rudimentares, de modo geral confeccionados pelos próprios pescadores
(SANTOS, 2005).
As pescarias mais comuns utilizam redes de emalhar (malhadeiras). A
diminuição dos estoques por conta da sobrepesca vem forçando aos
pescadores realizarem suas pescarias cada vez mais distante do porto de
origem e utilizarem redes cada vez maiores.
Nascimento e Asano-Filho (1999), registram a ocorrência de redes com
até 6 km de comprimento para a pesca de cações e afins na costa norte no
final da década de 1990. Hoje, sabe-se que algumas redes ultrapassam a 10
km de comprimento.
Contudo, o aumento da produção não foi proporcional ao esforço
empregado. Este fato pode ser indicativo do estado de sobrepesca em que se
encontra a maioria dos estoques explorados na costa Norte.
A pesca com espinhel e os currais também assume destaque sendo
observado em 10% dos casos. Em menor proporção surge a pesca com puçá,
matapi e a captura de caranguejos e outras espécies dos manguezais.
A pesca artesanal é realizada em praticamente todos os municípios do
estado, tendo participação relativa no estado do Pará de 87,5%, enquanto que
a pesca industrial e a aqüicultura correspondem a, respectivamente, 10,9% e
1,6% (ESTATPESCA, 2005).

2.2 A PESCA NO REGIONAL CAPANEMA

Em 2005, do montante capturado no estado do Pará, 83.692 t foram


oriundas de desembarque da pesca estuarino-marinha, sendo 30.759,8 t
(36,8%) destes desembarques ocorrendo nos seis municípios pertencentes ao
Regional Capanema da Emater Pará que apresentam desembarques na
estatística pesqueira oficial, sendo eles: Augusto Corrêa, Bragança, Quatipuru,
São João de Pirabas, Salinópolis e Viseu (Fig.1).

40
110 104,7 Regional Capanema
98,6 Estado do Pará
100

90 83,7

80
desembarque (mil t)

70

60

50
39,1
40
30,8
30

20

10

0
2001 2002 2003 2004 2005
periodo

Fig. 1. Desembarque de pescado estuarino-marinho no estado do Pará e nos


municípios pertencentes ao Regional Capanema (EMATER-PARÁ) no período de 2001
a 2005.

Dentre os municípios do regional Capanema com maior desembarque


de pescado no estado, podemos citar Bragança (3º colocado), São João de
Pirabas (4º colocado) e Augusto Corrêa (5º colocado), salientando que Augusto
Corrêa teve seu desembarque subestimado por conta de liminar judicial obtida
por alguns armadores do município desde o ano de 2005 (Figura 2).

Vigia(1) 21.723

Belém(2) 19.672

Bragança(3) 11.735

S.J.Pirabas(4) 6.416

A. Corrêa(5) 5.670

Curuçá(6) 5.655

Quatipuru(7) 3.555

Viseu(8) 2.259

S.C.Odivelas(9) 2.035

Maracanã(10) 1.186

Salinópolis(11) 1.124

Soure(12) 828

Marapanim(13) 657

Salvaterra(14) 650

Colares(15) 526

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000


Desembarque (t)

Fig. 2. Desembarque de pescado estuarino-marinho nos municípios pertencentes


ao Regional Capanema (EMATER-PARÁ) em 2005.

41
As principais espécies capturadas foram: serra (Scomberomorus
brasiliensis), com destaque para o município de Augusto Corrêa; caranguejo
(Ucides cordatus), em que Quatipuru é o maior produtor regional; pargo
(Lutjanus purpureus), que tem Bragança não só como maior produtor regional
como também nacional; cações (Sphyrna sp. e Carcharrhinus sp.); pescada
amarela (Cynoscion acoupa), dentre outros (Tabela 1).

Tabela 1. Produção desembarcada de pescado estuarino-marinho (t), por espécie, nos


municípios pertencentes ao Regional Capanema (EMATER-PARÁ), no ano de 2005.

Salinópolis
Quatipuru
Bragança
A. Corrêa

Pirabas

Viseu
S. J.
Produção
Espécie(s) %
Total

Serra 1.503,88 1.260,55 95,48 1.325,56 180,09 77,62 4.443,2 14,44


Caranguejo 182,29 1.212,11 1.520,49 131,38 24,98 597,82 3.669,1 11,93
Pargo 400,67 2.521,70 0,30 0,20 0,25 4,26 2.927,4 9,52
Cação 726,23 785,36 31,12 429,92 45,89 17,84 2.036,4 6,62
P. amarela 367,44 792,92 194,38 207,56 35,06 114,93 1.712,3 5,57
Uritinga 230,79 578,71 128,54 457,44 76,11 58,63 1.530,2 4,97
Bandeirado 209,37 192,30 236,29 337,67 133,09 148,91 1.257,6 4,09
Corvina 156,25 329,29 106,61 247,50 49,40 145,30 1.034,3 3,36
Outros 1.893,04 4.062,19 1.241,82 3.279,01 579,62 1.093,59 12.149,3 39,50
Total 5.669,97 11.735,13 3.555,02 6.416,25 1.124,49 2.258,92 30.759,8 100,00

Outro produto explorado de grande significância é a lagosta. Apresenta


grande valor de comercialização, e o estado é responsável por cerca de 25%
da produção nacional, sendo que 90% da produção é proveniente dos
municípios de Augusto Corrêa (principal produtor nacional) e Bragança.
A quantidade de embarcações utilizadas nas pescarias do estado do
Pará em 2005, foi de 6.964 embarcações. Deste total, 2.783 (40%) são
pertencentes aos municípios do regional Capanema.
A distribuição por município (regional Capanema) e por tipo está
apresentada na Tabela 2.

42
Tabela 2. Distribuição da frota cadastrada nos municípios pertencentes ao regional Capanema
(EMATER-PARÁ), no ano de 2005.
Barco Barco
Canoa Canoa Barco
Município Montaria Pequeno Médio Total %
a Vela Motorizada Industrial
Porte Porte
A. Corrêa 133 103 73 164 116 0 589 21,2
Bragança 43 81 122 358 162 0 766 27,5
Quatipuru 48 219 74 75 0 0 416 14,9
S. J. Pirabas 9 207 28 104 0 11 359 12,9
Salinópolis 90 82 17 67 1 0 257 9,2
Viseu 70 181 63 81 1 0 396 14,2
TOTAL 393 873 377 849 280 11 2783 100,0
% 14,12 31,37 13,55 30,51 10,06 0,40 100,00 -

Segundo Santos (2005), a maior parcela dos pescadores em atividade


nasceu no próprio município onde reside, apenas 4,0% veio de outros estados.
A maior proporção (72,4%) reside nas mesmas comunidades há mais de 20
anos, evidenciando uma baixa mobilidade no tempo e espaço. A idade média
dos pescadores é de 42,5 anos, cerca de 70% situam-se nas faixas superiores
a 35 anos. Apenas uma pequena parcela (2,47%) tem menos de 20 anos de
idade, o que demonstra que a atividade é proporcionalmente pouco explorada
pelos mais jovens que, geralmente, vem buscando a inserção em outras
atividades nos centros urbanos.
A média de anos de estudo dos pescadores é de 3 anos, indicador que
está abaixo da média nacional que é de 5,7 anos e da média regional no meio
rural que é de 4 anos (PETRERE JÚNIOR, 2004).
Segundo Lourenço et al. (2003), 52,1% dos pescadores artesanais do
Nordeste Paraense obtêm rendimentos mensais inferiores a três salários
mínimos.
Da produção da pesca artesanal, 88,2% é destinada à comercialização,
sendo os 11,8% restantes destinados ao autoconsumo e outras destinações.
Em 88,8% dos casos, o produto é comercializado fresco ou resfriado e 11,2%,
na forma de pescado salgado (SANTOS, 2005).
Os preços recebidos pelos pescadores artesanais apresentam grande
variabilidade. No caso das espécies de alto valor comercial, como é o caso da
pescada amarela (Cynoscion acoupa) e da gurijuba (Arius parkeri), o preço
recebido oscila entre R$ 4,50-6,50/kg. Para as espécies de menor valor, variam
entre R$ 0,40-0,70/kg.

43
As Colônias de pescadores constituem a forma de organização
predominante na pesca artesanal. Contudo, o nível de organização e de
integração social entre os pescadores nesta região está abaixo do necessário
para assegurar seus interesses.
O acesso às linhas de crédito para custeio e, principalmente, de
investimento para reforma de embarcações, aquisição de equipamentos e
treinamento de recursos humanos, pode ampliar substancialmente o
desempenho produtivo dos pescadores artesanais.
No campo do crédito os desafios que se mostram prementes são o
fortalecimento do capital social, que converge para o associativismo e
cooperativismo, e a capacitação produtiva e gerencial desses atores. Estes
elementos, acompanhados por instrumentos de crédito adequados e
viabilizados por ações compartilhadas, podem contribuir para minimizar os
problemas atualmente enfrentados por esses pescadores.

3 CONSIDERAÇÕES E SUGESTÕES

Os serviços de ATEPA para a pesca artesanal nos municípios do


regional Capanema, apesar de algumas dificuldades ainda existentes, vem se
fortalecendo por meio de ações dos últimos governos estaduais.
No entanto, a partir de 2006, a EMATER-PARÁ começou processo de
resgate das atividades de ATER no estado, com a contratação de cerca de 50
profissionais da área pesqueira, entre Engenheiros de Pesca e Técnicos de
Pesca e Aqüicultura.
Sabe-se que a prestação de serviços de ATEPA, vai além do ensinar a
fazer. Deve avançar no campo da gestão, da comercialização, do despertar
para as questões econômicas, sociais e ambientais associadas à atividade.
A pesca artesanal tem papel importante na economia dos municípios
pertencentes ao regional Capanema, além de proporcionar considerável
ocupação da mão-de-obra, gerar renda e produzir alimento para um grande
contingente da população.
Um dos grandes problemas que têm dificultado o desenvolvimento da
pesca nos municípios do regional Capanema e no estado como um todo é o
nível de organização social dos pescadores. Apesar de muitos pescadores

44
estarem registrados nas Colônias ou associações, a sua participação não tem
sido efetiva se reduzindo apenas à ida em reuniões de forma esporádica.
No entanto, com a criação de Secretaria Especial de Aqüicultura e
Pesca (SEAP/PR) e da Secretaria de Estado de Pesca e Aqüicultura (SEPAq),
além do lançamento de linhas de crédito dentro do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) específicas para a pesca e a
aqüicultura têm papel importante na sustentabilidade desta atividade.
Contudo, a gestão dos recursos pesqueiros ainda necessita de atuação
mais incisiva por parte dos órgãos gestores com vistas a promover o
desenvolvimento da pesca artesanal de modo sustentável. A falta de gestão
adequada vem proporcionando a elevação do esforço de pesca motivado,
inclusive, pela entrada, a cada ano, de um maior número de pessoas na
atividade. Contudo, a produtividade tende a reduzir gradativamente como fruto
da pressão sobre a reprodução dos estoques.
O ordenamento pesqueiro deve ser implantado visando disciplinar o uso
dos recursos existentes de modo a limitar o esforço de pesca (número de
embarcações, quantidade e tipo de petrechos, período de pesca, e combate a
pesca predatória, de modo que se possa atingir equilíbrio na explotação dos
estoques.
Uma estratégia para o ordenamento a pesca são os Acordos de Pesca,
que são um conjunto de regras estabelecidas pelos comunitários que
determinam o acesso e o uso dos recursos pesqueiros em uma determinada
área geográfica (CASTRO; McGRATH, 2001).
Uma alternativa para organizar as discussões para o desenvolvimento
do setor pesqueiro (incluindo os acordos de pesca) é a formação dos
Conselhos de Pesca, que têm como objetivo promover a preservação e
conservação dos recursos naturais, principalmente da pesca (RUFFINO, 2005).
Estas estratégias começam a ser utilizadas nos municípios do regional
Capanema, como é o caso do Acordo de Pesca do caranguejo entre Bragança
e Augusto Corrêa, que limita a quantidade explorada por catador por dia de
trabalho. Outro exemplo é o caso do tamanho da malha da rede para a pesca
de pratiqueira em Augusto Corrêa, que baseado em Acordo de Pesca é inferior
ao estabelecido para os demais municípios do estado do Pará.

45
Para o fortalecimento da atividade é necessária a integração das
atividades entre as instituições como prefeituras, órgãos estaduais e federais,
colônias de pescadores etc., embora esta integração ainda seja pequena.
É necessário priorizar as pesquisas para delimitar claramente a
quantidade a ser explotada e, inclusive, a busca de fontes alternativas de
renda, de modo a orientar as ações dos pescadores artesanais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARTHEM, R. B., FABRÉ, N. M. A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira:


Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia. Manaus: IBAMA/PRÓVARZEA,
2004. p. 17-62.
CASTRO, F., McGRATH, D. G. O manejo comunitário de lagos na Amazônia. Parcerias
estratégicas. v.12. p.112-126, 2001.
IBAMA. Estatística da pesca 2004-Brasil: grandes regiões e unidades da federação. Brasília:
2005. 98p.
IBAMA. Estatística da pesca 2005-Brasil: grandes regiões e unidades da federação. Brasília:
2006. 108p.
IBAMA/CEPENE. BOLETIM ESTATÍSTICO DA PESCA MARÍTIMA E ESTUARINA DO
NORDESTE DO BRASIL - 2003. Tamandaré: 2004. 191p.
LOURENÇO, C.F.; FÉLIX, F. N.; HENKEL, J.S.; MANESCHY,M.C. A pesca artesanal no
Estado do Pará. Belém: SETEPS/SINE-PA, 2003. 154p.
NASCIMENTO, R. C., ASANO FILHO, M. Descrição e Caracterização da Pescaria Artesanal de
Cação Pato, Isogomphodon Oxyrhyncus (Müller et Henle, 1841) na Região Norte do Brasil. In:
XI Congresso de Engenharia de Pesca e do I Congresso Latino Americano de Engenharia de
Pesca, 1999, Recife-PE. Anais... Recife: 1999. v.2. p.996 – 1002.
PETRERE JÚNIOR, M. Setor pesqueiro: análise da situação atual e tendências do
desenvolvimento da indústria da pesca. Manaus: IBAMA/PRÓVARZEA, 2004. 97p.
RUFFINO, M. L. Gestão do uso dos recursos pesqueiros na Amazônia. Manaus: IBAMA,
2005. 135p.
SANTOS, M. A. S. A cadeia produtiva da pescada artesanal no estado do Pará: estudo de caso
no Nordeste paraense. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v.1, n.1, jul. /dez. 2005.

46
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

1
Alcirene Corecha Fernandes Eiras
1 INTRODUÇÃO

A Segurança Alimentar e Nutricional foi um dos temas selecionados


para ser apresentado e discutido por ocasião do I SEMINÁRIO DE GESTÃO
SÓCIO-AMBIENTAL E EXTENSÃO RURAL, a ser realizado pelo Escritório
Regional de Capanema. Assim, esse texto reúne algumas informações sobre o
papel da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) na garantia deste
direito que é constitucional.
Sabemos que o Brasil vive um momento histórico marcado por grandes
mudanças. Os movimentos sociais, indivíduos e instituições estão se
mobilizando na busca de uma sociedade mais justa que assegure a realização
de suas necessidades básicas.
As discussões sobre a Segurança Alimentar e Nutricional vem ocupando
o local de destaque. A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios
(PNAD), realizada pelo IBGE em 2004 mostrou que cerca de 72 milhões de
pessoas (cerca de 40% da população) convivem com algum grau de
insegurança alimentar.
Essa pesquisa mostra a necessidade do poder público de adotar
políticas e ações necessárias para promover e garantir a Segurança Alimentar
e Nutricional (SAN) da população. A adoção dessas políticas e ações deverá
levar em conta as dimensões ambientais, culturais, econômicas, regionais e
sociais.
Discussões também estão sendo realizadas em torno da necessidade de
reorientação das praticas produtivas e estilos de agricultura, pois não podemos
falar sobre segurança alimentar sem refletir na produção de alimentos e a sua
qualidade da roça à mesa.
Neste sentido a ATER vem buscando a construção de novos estilos de
desenvolvimento rural e de agricultura que, além de sustentáveis, possam
assegurar uma produção qualificada de alimentos para atender as novas
exigências da sociedade.

1
Assistente Social - Extensionista Social – Escritório Local Capanema, EMATER-PARÁ

47
Atualmente a ATER se encontra em processo de trânsito da Agricultura
convencional para a Agricultura sustentável. Esse novo enfoque da Agricultura
deverá assegurar a produção de alimentos sadios, de melhor qualidade
ecológica e livre de qualquer contaminação, fortalecendo assim a SAN de
nossa população.

2 OS PRIMÓRDIOS DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

O ser humano sempre dependeu da natureza para alimentar-se. Na


época que eram nômades os homens comiam frutas silvestres, nozes, raízes e
a carne dos animais que caçavam. Só consumiam o que podiam extrair da
natureza. A partir do momento que passaram a adestrar animais e a plantar,
mesmo em pequenas quantidades, os homens se fixaram a terra. Era o inicio
da produção de alimentos. Com o passar do tempo foi aprendendo a lidar com
a terra. Percebeu que poderia evitar o empobrecimento do solo utilizando
esterco de animais e outros materiais orgânicos (folhas, galhos, cascas e etc.).
Também percebeu a necessidade de fazer rodízio dos cultivos.
Durante um longo período os homens viveram muito próximos da
natureza, produzindo apenas o suficiente para a sua sobrevivência. Contudo,
no final do século XIX e começo do século XX, a partir da industrialização, o
homem rompe com essa proximidade com a natureza, devido principalmente
por sua migração paras as cidades.
Aglomerações urbanas começavam a surgir em torno das unidades
fabris, necessitando de alimentos para quem não os produzia diretamente,
aumentando a necessidade da produção de excedentes e transformando a
economia rural.

3 HISTÓRICO DA SEGURANÇA ALIMENTAR

3.1 NO MUNDO

O termo segurança alimentar surgiu no inicio dos anos 70 e se referia


originalmente a paises e não a indivíduos ou famílias, com foco nos problemas
globais de abastecimento. Esse termo foi disseminado durante a conferencia
mundial de alimentação, realizada em Roma, em 1974, onde a segurança

48
alimentar foi definida como a garantia de adequado suprimento alimentar
mundial para sustentar a expansão do consumo e compensar eventuais
flutuações na produção e nos preços. Este conceito não considerava a
possibilidade do país ter alimentos e sua população não ter acesso a eles.
Anos após a conferencia de Roma verificou-se que os problemas de
pessoas afetadas pela fome em todo mundo aumentava e que a “Revolução
Verde”- expansão da agricultura pelo avanço tecnológico – não iria reduzir os
níveis de pobreza e má nutrição do planeta. Isso levou a uma redefinição de
Segurança Alimentar.
Em 1983 a Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO), acrescentou no conceito a garantia do acesso físico e
econômico das pessoas à alimentação básica que elas necessitavam.
Em 1994 a FAO lançou seu Programa Especial de Segurança Alimentar,
centrada na ajuda a vários paises para o aumento da produção de alimentos
com o objetivo de conter os índices de fome e subnutrição.

3.2 NO BRASIL

Nos anos 80 a Segurança Alimentar começou a ser discutida no Brasil


por pesquisadores como o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que fundou
em 1981 o Instituto Brasileiro de Análises Sociais (IBASE). No inicio dos anos
90 o IBASE e o IBGE divulgaram um estudo intitulado “Mapa da Fome”, que
apontava 32 milhões de pessoas no Brasil com renda familiar insuficiente para
garantir uma cesta básica por mês. Essa pesquisa originou a “Campanha de
Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria pela Vida”.
Em 1993 o Presidente Itamar Franco criou o Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), que foi substituído pelo
Conselho de Comunidade Solidária, no governo de Fernando Henrique
Cardoso e reativado dez anos depois de sua criação pelo presidente Lula.
A I Conferência Nacional de Segurança Alimentar foi realizada em
Brasília, em julho de 1994, na qual a insegurança alimentar do brasileiro,
fortemente ligada a idéia de acesso aos alimentos, foi associada à
concentração de renda e de terra no país.

49
Em março de 2004, na cidade de Olinda (Pe) foi realizada a II
Conferência, que teve como a principal deliberação a lei que cria o Sistema
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
A III Conferência foi realizada em julho de 2007, na cidade de Fortaleza
(Ce) onde suas deliberações se constituíram em diretrizes e prioridades para a
construção do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN)
e para a formulação e implementação da Política Nacional de Segurança
Alimentar e nutricional (PNSAN).
Como podemos ver, o tema Segurança Alimentar vem ao longo do
tempo sendo construído no Brasil resultante do processo de participação e
discussão com os diversos setores da sociedade.

4 POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E


NUTRICIONAL

4.1 Lei nº 11.346 / 06

A Lei que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional


(SISAN), foi sancionado pelo presidente da República no dia 15 de setembro
de 2006. É o resultado da principal deliberação da II Conferencia Nacional de
Segurança Alimentar e nutricional (CNSAN) e foi elaborado pelo CONSEA. A
proposta foi resultado de um amplo processo de participação e discussão com
os diversos setores da sociedade, inconformados com as imensas diferenças
entre o crescimento econômico e social, que privilegia uns em detrimento da
grande maioria que não tem chance de participar na divisão de renda nacional.
Através do SISAN o poder público e sociedade civil organizada,
formulará e implementará políticas, planos, programas e ações com vistas em
assegurar o direito humano à alimentação adequada.

4.2 CONCEITOS IMPORTANTES SEGURANÇA ALIMENTAR E


NUTRICIONAL
- A lei diz que a “Segurança Alimentar e Nutricional” consiste na realização do
direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em
quantidades suficiente sem comprometer o acesso a outras necessidades
essenciais tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que

50
respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e
socialmente sustentáveis” (Art. 3º).

INSEGURANÇA ALIMENTAR - Quando detectamos problemas como fome,


obesidade, doenças associadas à má alimentação, consumo de alimentos de
qualidade duvidosa ou prejudicial à saúde, assim como estrutura de produção
de alimentos predatórios em relação ao ambiente, como também bens
essenciais com preços abusivos e imposição de padrões alimentares que não
respeitem a diversidade cultural, estamos em situação de insegurança
alimentar.

DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA - O conceito está


relacionado ao conceito de SAN. O direito a alimentação é parte dos direitos
fundamentais da humanidade que foram definidos por um pacto mundial, do
qual o Brasil é signatário. Esses direitos referem-se a um conjunto de
condições necessárias e essenciais para que todos os seres humanos, de
forma igualitária e sem nenhum tipo de discriminação existam, desenvolvam
suas capacidades e participem plenamente e dignamente da vida da
sociedade.

SOBERANIA ALIMENTAR – Cada país tem o direito de definir suas próprias


políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de
alimentos que garantam o direito a alimentação para toda a população,
respeitando as múltiplas características culturais dos povos.

POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – É


um conjunto de ações planejadas para garantir a oferta e o acesso aos
alimentos para toda a população, promovendo a nutrição e a saúde. Deve ser
sustentável, ou seja, desenvolver-se articulando condições que permitam sua
manutenção a longo prazo. Requer o envolvimento tanto da sociedade civil
organizada, em seus diferentes setores ou áreas de ação – saúde, educação,
trabalho, agricultura, desenvolvimento, social, meio ambiente entre outras – e
em diferentes esferas – produção, comercialização, controle de qualidade,
acesso e consumo.

SISAN - O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional atua de


forma conjunta com Órgãos governamentais dos três níveis de governo e as

51
organizações da sociedade civil na formulação e implementação de políticas e
ações de combate a fome e de promoção da segurança alimentar e nutricional.
Integram o SISAN a CNSAN; o CONSEA; a Câmara Interministerial de SAN; os
Órgãos e entidades de SAN da União, dos estados, dos Municípios e as
instituições privadas com ou sem fins lucrativos.

CONSEA – O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional é um


instrumento de articulação entre o governo e a sociedade civil na proposição de
diretrizes para as ações na área de alimentação e nutrição. È formado por
conselheiros, representante da sociedade civil organizada, ministros de estado
e representante do Governo Federal.

5 O PAPEL DE ATER NA SEGURANÇA ALIMENTAR

5.1 AGRICULTURA ECOLÓGICA E SUSTENTÁVEL

A sociedade brasileira vive um momento único marcado por um


crescente processo de discussão sobre problemas ambientais. Aos poucos o
cidadão começa a perceber que meio ambiente não é uma fonte inesgotável de
recursos capaz de assegurar de forma permanente o processo de crescimento
econômico.
No caso da agricultura, o modelo baseado na “Revolução Verde” – que
se baseia na intensiva utilização de sementes melhoradas (principalmente
híbridas), insumos industriais (fertilizantes e agrotóxicos), mecanização e
diminuição do custo de manejo – nos conduziram a uma situação de
desequilíbrio ambiental sem precedentes e não se conseguiu resolver o
problema da fome no mundo. Não que este modelo não tenha sido capaz de
aumentar a produção e a produtividade. Muito pelo contrario, produzimos
alimentos suficientes para toda a população, só que nem todos têm acesso a
eles.
Este modelo de agricultura que tem sua expressão mais clara na
contaminação dos solos, das águas, do ar, da fauna, dos seres humanos e
também dos alimentos é motivo de crescente discussão pela sociedade que
clama por uma agricultura diferente.
Diante dessa exigência verificou-se a necessidade de construir, de forma
participativa, uma nova política de Assistência Técnica e Extensão Rural com o
compromisso de construir outros estilos de desenvolvimento rural e de

52
agricultura que além de sustentáveis possam assegurar uma produção
qualificada de alimentos e melhorar as condições de vida da população rural e
urbana.
Atualmente nos encontramos em um processo de transição da
agricultura convencional para uma agricultura sustentável. Um dos objetivos
deste novo enfoque é o de contribuir para melhoria da renda, da segurança
alimentar e da diversificação da produção, para a manutenção de novos postos
de trabalho, em condições compatíveis com o equilíbrio ambiental.
Segundo dados apresentados no Seminário Nacional “Decidindo a
Política de Extensão Rural para o Brasil, 2002 – Brasília – DF a agricultura
familiar é responsável por 80% da produção de todos os alimentos da cesta
básica dos brasileiros. Daí a necessidade de uma agricultura de base
ecológica, mais compatível com a necessidade de produção de alimentos
sadios em quantidade suficientes para garantir a segurança alimentar de toda a
população e sem descuidar da necessária proteção dos recursos naturais.

4.2 APROVEITAMENTOS DE ALIMENTOS

A maioria das plantas é nutritiva em todas as suas partes: folhas, caules,


frutas, sementes e raízes. Utilizar o alimento em sua totalidade significa mais
do que economia. Significa usar os recursos disponíveis sem desperdícios,
reciclar, respeitar a natureza e alimentar-se bem com prazer e dignidade.
Desse modo a EMATER-PARÁ, em suas programações de trabalho, elabora
ações de incentivo ao aproveitamento integral dos alimentos sob ótica de SAN.
O aproveitamento de alimentos a nível doméstico tem como enfoque:
a) A forma de armazenamento, higiene, preparo e distribuição dos
alimentos entre os membros da família, evitando o desperdício nas
roças, nos armazéns, em casa na hora do preparo e na forma de
servir a comida no prato;
b) Enriquecimento da alimentação cotidiana;
c) Valorização dos alimentos regionais;
d) Aproveitamento integral dos alimentos, interferindo no custo e na
qualidade da alimentação;
e) Resgate das praticas tradicionais e regionais de alimentação;

53
f) O acesso à água tratada e ao saneamento, que influência na
qualidade do preparo dos alimentos;
g) A participação da mulher no trabalho e no preparo dos alimentos e
h) Produção de alimentos sadios, de melhor qualidade biológica, livre de
qualquer contaminação.

6 PROPOSTAS DE GESTÃO EM SAN COM BASE AGRECOLÓGICA

A oferta de alimentos na qualidade necessária e de forma permanente


requer uma agricultura ambientalmente sustentável e capaz de produzir
alimentos com elevada qualidade biológica. Neste sentido, elaboramos
algumas propostas em SAN que acreditamos ser de vital importância para
consolidar a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e fortalecer
o processo de transição agroecológica. As propostas são as seguintes:

Quadro 1. Gestão de SAN com base agroecológica.


Proposta(s) Sugestão de como Fazer
Discutir com entidades e agricultura familiar sobre o
Sensibilização sobre tema;
o tema. Identificar e discutir propostas em SAN com entidades e
agricultura familiar
Implantar campos de produção e multiplicação de
Melhorar a mudas e sementes fiscalizadas
Produtividade e aumentar a Apoiar as formas associativas existentes de
produção de alimentos agricultores familiares
básicos de SAN. Estimular a diversificação da produção familiar
Incentivar a implantação ou ampliação de quintais
agroecológicos
Discutir sobre as diversas formas de mercado
Incentivar a produção e uso de compostos orgânicos
Melhorar a qualidade dos Fomentar a transição agroecológica com a
alimentos. diminuição do uso dos insumos sintéticos / químicos e
aumento no uso dos insumos orgânicos / naturais;
Estimular a produção de alimentos orgânicos;
Difundir técnicas de processamento e conservação
de alimentos por meios naturais;
Estimular o aproveitamento de alimentos e o uso de
alternativas alimentares;
Informar sobre o valor nutritivo dos alimentos e
diversificação de cardápio
Repor ou aumentar a vegetação das nascentes com
espécies nativas
Recuperar as matas ciliares;
Estimular o tratamento e filtragem da água utilizada
para o consumo

54
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esperamos que as informações aqui prestadas sirvam de reflexão para


todos que executam os serviços de ATER.
O extensionista deve desempenhar um papel educativo junto à
agricultura familiar, centrado em uma prática que respeite os diferentes
sistemas culturais, contribua para melhorar os patamares de sustentabilidade
ambiental, a conservação e recuperação dos recursos naturais e, ao mesmo
tempo, assegure a produção de alimentos limpos e com melhor qualidade
biológica, com vistas a garantir a Segurança Alimentar e Nutricional.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CLARO, S. A. Referências Tecnológicas para a agricultura familiar ecológica: a


experiência da Região Centro Serra do Rio Grande do Sul. 2º ed. Porto Alegre: Emater/ RS –
ASCAR, 2002. 250 p.

MMA. Consumo Sustentável: Manual de Educação. Brasília: Consumers Internacional /


MMA / IDEC, 2002. 144 p.

FASER. Extensão Rural para o Ecodesenvolvimento. Aracajú: FAZER, 2006.

CONSEA. Lei de Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília: CONSEA, 2006.

SESI. Cozinha Brasil: Alimente-se Bem. 2ª ed. Brasília: SESI, 2006.

55
USO E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS
FLORESTAIS EM PROPRIEDADES FAMILIARES
DO NORDESTE PARAENSE

1
Márcio da C. Freitas
2
Milton P. Ferreira

1 INTRODUÇÃO

O desmatamento florestal na Amazônia tem se intensificado a cada ano,


em decorrência da forte pressão das ações humanas contribuindo para o
desequilíbrio ecológico que traz conseqüências drásticas, replicando em
mudanças climáticas entre outros problemas ambientais. Tal cenário produz
uma redução drástica na qualidade e disponibilidade de recursos naturais,
limitando a diversidade dos meios de vida rurais e contribuindo para a
diminuição de oportunidades de emprego e renda, afetando diretamente a
qualidade de vida das populações rurais (MARQUES et. al. 2005).
Á exemplo desse quadro está à região nordeste do estado do Pará, área
colonizada a mais de 100 anos, por famílias que migraram de outros estados
do Brasil, incentivadas pelas políticas de colonização do governo federal, e/ou
por migrações espontâneas. Atualmente, a paisagem dessa região é formada
praticamente por vegetação secundária (capoeiras), e que associado com a
alta densidade demográfica tem provocado forte pressão aos recursos naturais,
comprometendo o desenvolvimento da atividade extrativa (coleta de frutos,
pesca e caça) e, sobretudo, o período de descanso das capoeiras (pousio).
Segundo os relatos dos próprios agricultores, essas mudanças ecológicas
parecem ter ligações com o problema de sustentabilidade da agricultura
tradicional, cuja base está no sistema de derruba e queima (JESUS, 2006).
De acordo com Bentes-Gama (2006), as comunidades rurais da
Amazônia ainda precisam de grande atenção e apoio para utilizar seus
recursos naturais de modo a obter efetivas melhorias sociais, econômicas e
ambientais. Certamente, as estratégias para reverter esse quadro permeiam

1
Engº Florestal, MSc. - Extensionista Rural I – Escritório Local Capanema, EMATER-PARÁ.
2
Técnico Agropecuária - Extensionista Rural II – Escritório Local Primavera, EMATER-PARÁ.

56
sob a ótica da gestão socioambiental, que propõem sistematicamente
promover interações equilibradas entre as necessidades socioeconômicas das
comunidades e a conservação biológica dos ecossistemas florestais.
Nesse sentido, este trabalho apresenta algumas propostas de uso e
conservação dos recursos florestais para que sejam desenvolvidas em
propriedades rurais da agricultura familiar, com o intuito de promover a
diversificação do uso dos recursos naturais renováveis e melhorias
socioeconômicas para os produtores rurais.

2 PROPOSTAS DE USO E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS


FLORESTAIS

2.1 MANEJO DE CAPOEIRA

A importância econômica das florestas secundárias, conhecidas


regionalmente como capoeiras, está aumentando à medida que se eleva a
quantidade de áreas abandonadas pela agricultura migratória e pecuária
extensiva, como também por serem fontes de inúmeros produtos de utilização
humana, além disso, desempenham um papel de elevada importância
ecológica, em termos de crescimento florestal, acúmulo de biomassa,
manutenção da biodiversidade e benefícios hidrológicos (RAYOL et. al., 2005).
Essa vegetação tem sido manejada no nordeste paraense, há mais de
um século, pela maioria dos agricultores da região, por meio do sistema da
agricultura itinerante, que busca suprir as necessidades nutricionais das
culturas anuais queimando a capoeira entre dois períodos de cultivo (pousio),
como meio de preparo de área (SÁ, 2000). Essa prática, além de ser pouco
produtiva é danosa ambientalmente, pois desgasta rapidamente o solo,
reduzindo seu potencial nutricional, forçando o agricultor a desmatar outras
áreas assim que a de uso é exaurida.
Entretanto, se a capoeira for manejada de forma sustentável ela poderá
gerar benefícios ambientais e socioeconômicos, pois além de agregar renda,
por meio da exploração de produtos e subprodutos dessa vegetação, o manejo
irá proporcionar a diversificação do uso da propriedade, reduzindo assim a
pressão sob um determinado sistema de produção, colaborando ainda para
fixar o agricultor em uma mesma área.

57
O manejo pode ser destinado para vários fins: madeireiro (lenha, carvão,
madeira serrada, etc) e não madeireiro (medicinais, artesanato, frutíferas, etc).
Sendo, qualquer que seja o objetivo fim do manejo, suas intervenções, quando
necessárias, deverão ocorrer levando em consideração os aspectos ecológicos
do objeto de manejo e da área a ser manejada, pois a intenção é garantir uma
alternativa de renda e uso da propriedade que seja ambientalmente sustentável
e não apenas criar outra forma de exaustão ambiental.
Rayol et. al. (2005) identificaram em 6,6 ha de uma floresta secundária
(capoeira) de aproximadamente 13 anos, no município de Capitão Poço, no
Nordeste Paraense, 24 espécies vegetais com potencial de uso diversificado
(TABELA 1).

Tabela 1. Relação de espécies vegetais e seu potencial de uso, identificadas em uma


floresta secundária manejada de 13 anos no município de Capitão Poço.
Grupo de Uso Espécie Nome Vulgar Nº de Árvores
Lecythis lúrida Jarana 79
Trattinickia rhoifolia Breu sucuruba 19
Licaria canella Louro preto 17
Couratari oblongifolia Tauarí 11
Dipteryx odorata Cumarú 9
Inga alba Ingá vermelho 8
Madeira de alto Brosimum guianensis Janitá 5
valor comercial Aspidospermas desmanthum Aracanga 5
Symphonia globulifera Anani 2
Brosimum obovata Mururé 2
Ocotea guianensis Louro amarelo 1
Tabebuia serratifolia Ipê amarelo 1
Zanthoxylum rhoifolia Tamanqueira 1
Ormosiopsis flava Tento amarelo 1
Madeira de Licania densiflora Cariperana 14
baixo valor
Tachigalia guianensis Tachi preto 5
comercial
Guatteria poeppigiana Envira preta 7
Madeira para
Thyrsodium paraense Amaparana 3
Construção
Casearia arbórea Passarinheira 2
rural
Eugenia lambertiana Goiabinha 1
Stryphnodendron guianensis Paricazinho 25
Madeira para
lenha Xilopia nitida Envira branca 1
Medicinal Himatanhus sucuba Sucuba 39
Artesanato Xilopia aromática Envira aritú 5
Fonte: Rayol et al. (2005)

Para manejar, temos inicialmente que tomar conhecimento do que


detemos de recurso da flora e fauna na área, em que quantidade, bem como

58
identificar se já existe extrativismo de algum produto. De posse das
informações do que e em que quantidade se tem determinados recursos,
planeja-se então, quais intervenções podem ser feitas para garantir que a
exploração seja sustentável econômica e ambientalmente.
Considerando-se que uma das estratégias do manejo é garantir boas
condições de desenvolvimento e produção para os indivíduos que se pretende
explorar. Para se reproduzir esse efeito são necessárias algumas intervenções,
tais como o raleamento de copa, que consiste na aplicação de ações voltadas
para liberar espaço entre as copas das árvores com o objetivo de reduzir a
competição por espaço de copa, luz, nutrientes e água. Nessa ação é feito o
desbaste (eliminação) de alguns indivíduos, normalmente por meio de
anelamento do tronco, poda de galos, corte de cipós e outros.
Outra prática empregada no manejo de capoeira é o enriquecimento que
consiste na implantação de mudas (frutíferas, oleaginosas, medicinais,
madeireiras...), visando o aumento do número de indivíduos de espécies
comuns da área, bem como a introdução de novas espécies que apresentem
potencial econômico para exploração futura.
As mudas podem ser produzidas artificialmente, por meio do semeio em
sacos de polietileno ou em sementeiras e depois plantadas na área. Também
pode ser usado o transplante direto de mudas já existentes no campo. Se a
área apresentar capacidade de suporte para a produção de sementes, o
excedente pode ser comercializado na forma de semente “In Natura” ou como
muda, potencializando-se assim em alternativa de renda para a propriedade.
Partindo do princípio que a maioria das propriedades rurais do nordeste
paraense já suprimiu a vegetação natural de suas áreas além do permitido na
legislação (Código Florestal, LEI Nº 4.771/1965). Nestes casos, as áreas de
capoeira manejadas podem ser trabalhadas para que os agricultores possam
compensar como parte de seu passivo ambiental. Desta forma, o manejo da
capoeira irá colaborar para que o proprietário se regularize perante aos
aspectos legais (reserva legal - RL), servindo ainda como uma alternativa com
potencial para aumentar a renda familiar, além de contribuir para a melhoria
ambiental.

59
2.1.1 Relato de Caso

No município de Bragança-Pa, está sendo desenvolvido um trabalho


de manejo de bacurizeiro, em um trecho de floresta secundária (capoeira) da
propriedade da Sra. Manoela Silva. Segundo relatos da proprietária da área, os
trabalhos vem sendo desenvolvidos a mais de 2 anos, de acordo com os
seguintes procedimentos: inicialmente foi feita a avaliação das árvores de
bacurizeiro, para análise do porte das árvores, estrutura de copa, fitossanidade
e disposição da população de indivíduos na área. Em seguida, mediante as
análises, identificou-se a necessidade de eliminar algumas árvores de
bacurizeiro, bem como de outras espécies arbóreas da capoeira sem
expressão econômica, como estratégia de liberar mais espaço para o
desenvolvimento da copa das árvores selecionadas e reduzir a competição
entre os indivíduos.
Já foi feito também na área o enriquecimento com plantio de mudas de
espécies madeireiras e frutíferas (paricá, freijó, bacurizeiro, etc.). No momento,
está sendo feita a observação do comportamento dos indivíduos após as
intervenções já realizadas.

2.2 MANEJO DE AÇAIZAIS NATIVOS

O açaizeiro é uma palmeira nativa da Amazônia, que se destaca entre


os diversos recursos biológicos vegetais, pela abundância e por produzir
importante alimento para as populações locais, além de se constituir na
principal fonte de matéria-prima para a agroindústria de palmito. É encontrado
habitando toda a região do estuário amazônico, como uma espécie
componente da floresta nativa ou em formas de verdadeiros maciços naturais
conhecidos como açaizais. E quanto ao aspecto econômico, os seus principais
produtos (os frutos e o palmito) representam cerca de 93% e 82%,
respectivamente, do total produzido no Brasil, sendo que somente o Estado do
Pará produz anualmente mais de 100 mil toneladas de frutos e cerca de 20 mil
toneladas de palmito (NOGUEIRA e HOMMA, 1998).

No entanto, açaizais nativos com pouca ou nenhuma intervenção


humana apresentam uma grande diversidade e alta freqüência de espécies

60
florestais, por sua vez, o retorno econômico, pela produção de frutos e palmito,
é baixo. A retirada de açaizeiros altos que atingiram o clímax produtivo propicia
as condições necessárias para que as rebrotações da touceira comecem a
produzir. As produções aumentam com a maturidade da planta e a
estabilização ocorre entre 12 e 13 anos, começando, logo em seguida, a
redução. (QUEIROZ & MOCHIUTTI, 2001)
No nordeste paraense, tem muitas propriedades rurais que apresentam
faixas de açaizais nativos com potencial para o manejo, podendo se
transformar em uma nova fonte alternativa de renda para produtores rurais
dessa região.

2.2.1 Operações necessárias do manejo

a) Limpeza da área

Na limpeza de área é feito a roçagem, que consiste na eliminação das


plantas de menor porte e dos cipós, bem como a retirada de galhos. Visa
facilitar o deslocamento de pessoas que implementarão as demais práticas.

b) Raleamento da vegetação

Nessa etapa, são identificadas e eliminadas as árvores sem valor de


mercado, mantendo aquelas produtoras de madeira, frutos, sementes, fibras,
látex, óleos, fitoterápicos e outros.

As árvores mais finas e as palmeiras podem ser eliminadas por meio de


corte, e as mais grossas por anelamento, consistindo da retirada, em forma de
anel de 25 a 100 cm de largura, de parte do córtex em torno do tronco,
dependendo da espécie. As árvores preservadas devem estar bem
distribuídas, permitindo a penetração da luz do sol na área, facilitando o
crescimento e o aumento da produção de frutos do açaizeiro e das outras
espécies.

c) Desbaste das touceiras

A prática de desbaste visa eliminar o excesso de estipes, deixando de 3


a 4 por touceira, sendo eliminados aqueles muito altos, finos, defeituosos ou
que apresentem pouca produção de frutos. Isso reduz a competição nas

61
touceiras beneficiando assim os estipes que ficam na área. Essa prática é
realizada na entressafra, com aproveitamento dos palmitos.

Após o desbaste, são plantadas as mudas de açaizeiro nas áreas mais


espaçadas, para que seja constituída a população aproximada de 400
touceiras por hectare.

d) Obtenção de mudas

As mudas de açaizeiro, para plantios nas áreas com baixa concentração


dessa espécie, podem ser obtidas a partir de plantas jovens oriundas da
germinação natural de sementes ou produzidas especificamente para esse fim.
Associada as mudas de açaizeiros também podem ser cultivadas mudas de
outras espécies, para que sejam plantadas na área do açaizal.

e) Manutenção do açaizal

Anualmente é efetuada a eliminação das plantas invasoras sem valor


comercial, para que o açaizal seja mantido limpo e mais produtivo. São
eliminadas as brotações novas, deixando somente as que substituirão os
açaizeiros grandes indesejáveis, com vistas a manter a população
recomendada.

Para que os estipes do açaizeiro apresentem rápido crescimento em


diâmetro, é indispensável a realização da limpeza das touceiras, que consiste
da retirada das bainhas presas no estipe após a morte da folha. Essa prática é
mais necessária nas plantas jovens, pois nas adultas as bainhas se
desprendem, naturalmente, junto com as folhas.

2.2.2 Impactos positivos do manejo

a) Impactos econômicos

Os sistemas não-manejados propiciam a renda líquida de R$


400,00/hectare. Com o manejado, a partir do 4º ano, é possível obter, até R$
700,00/hectare, correspondendo a 75% de aumento. Os custos com a técnica
de manejo são ressarcidos com a produção da primeira safra após o manejo.

62
b) Impactos sociais

Com o emprego da técnica de manejo, a produtividade da terra é


dobrada para a produção de fruto. Pela impossibilidade de mecanização do
processo de colheita, exige-se o dobro da necessidade de esforço humano, em
relação ao sistema não-manejado.

c) Impactos ambientais

O manejo dos açaizais nativos concilia a proteção ambiental com o


rendimento econômico, de modo racional e equilibrado. O pressuposto básico é
o uso diversificado das florestas, proporcionando, aos produtores rurais, maior
rentabilidade em relação aos açaizais nativos não-manejados. Nesse contexto,
o manejo e a exploração do maior número possível de espécies, são aspectos
favoráveis para a manutenção do equilíbrio da biodiversidade, evitando assim o
risco da pressão em único produto.

2.2.3 Relato de Caso

Manejo de açaizais nativos no município de Primavera-PA.


O Escritório Local de Primavera da EMATER-PARÁ vem buscando ao
longo dos anos, alternativas de melhoria de vida para as famílias rurais, através
do melhor aproveitamento da propriedade e de seus recursos naturais, e foi
assim que a partir de 2005, iniciou um trabalho nas propriedades onde existem
potenciais para o cultivo da cultura do açaizeiro, baseado na presença de áreas
apropriadas, que na maioria já existem plantas nativas. O trabalho foi iniciado
com a participação de 19 famílias interessadas, distribuídas nas comunidades
de: Rio Preto, Água Boa, Doca, Rio dos Peixes, Trindade e Bacabal.
Começamos com a identificação das áreas, visando as seguintes
características: localização do açaizal, tipo de vegetação existente (espécies),
população de açaizeiro existente e mudas disponíveis na área, para então
podermos calcular o número de mudas necessária para se produzir.
As famílias envolvidas foram treinadas para poder executar as atividades
do manejo, por meio de práticas mostradas em reuniões e DM’s, nas próprias
áreas selecionadas, onde em sua maioria com trabalhos em mutirão entre os

63
participantes. À medida que foram conhecendo as técnicas de manejo, foram
praticando e desenvolvendo habilidades.
Das 19 famílias iniciadas, houve desistências, ficando reduzido a 11
pessoas, e dentre essas alguns já obtiveram resultados um ano após o inicio
da atividade. Dentre esses, podemos citar como exemplo a Sra. Raimunda
Maia, que teve em 2006 um acréscimo na produção de frutos em torno de 20%,
e ótimo desenvolvimento vegetativo do açaizal jovem.
No dia 25 de junho de 2006, realizamos um Dia de Campo sobre a
cultura do açaizeiro, na propriedade da Sra. Raimunda Maia, comunidade do
Rio Preto, primeira área selecionada onde iniciou-se o trabalho de manejo. O
evento teve 58 participantes, dentre esses 50 eram agricultores familiares, que
tiveram a oportunidade de ver o trabalho em desenvolvimento. A partir dessa
ação, foi divulgado nas outras comunidades, despertando o interesse de outras
famílias de agricultores.
Neste ano de 2007, o público aumentou de 11 para 58 famílias, onde já
iniciamos o processo de preparação, começando pelo conhecimento da área
selecionada e a produção de mudas (conhecendo todas as peculiaridades
produção de mudas). De novembro de 2007 a janeiro de 2008, será feito a
limpeza da área e raleamento da vegetação.
O replantio será uma atividade posterior, em que usaremos mudas
existentes na área, como também às produzidas nos viveiros. Os dois tipos de
mudas citados mostraram bom comportamento na adaptação e “pegamento”,
sendo que é sempre necessário se preparar mudas em viveiros, pois quase
sempre o número de mudas existentes na área é baixo em relação a
necessidade do replantio.
Esse trabalho tem despertado a consciência das pessoas envolvidas,
que passaram a ver a necessidade de aproveitar os potenciais da propriedade,
como por exemplo o óleo de andiroba e outras espécies, como preservar mais
os recursos naturais existentes. É um trabalho que vem sendo realizado com
acompanhamento e capacitação, por meio da Emater EsLoc. de Primavera, em
parceria com as famílias rurais, onde até o momento não foi usado o crédito
rural, sendo desenvolvido apenas com recurso próprio das famílias rurais.
O trabalho desenvolvido vem despertando novos interesses, alcançando
bom nível de satisfação dos participantes envolvidos à medida que vêem os

64
resultados surgindo, onde observamos as comparações que fazem da situação
inicial com a atual, demonstrando a vontade de continuar as atividades
aprendendo cada vez mais com esse processo produtivo.

2.3 CONSERVAÇÃO DAS MATAS CILIARES

A mata ciliar é a vegetação que margeia os cursos d’água ou que


contorna os lagos, nascentes e açudes. Situa-se em solos úmidos ou até
mesmo encharcados e sujeitos às inundações periódicas. Tem importância
fundamental, com funções ecológicas, biológicas e socioeconômicas
(SECTAM, 2006).
De acordo com o Código Florestal Brasileiro (Lei 4.771/1965), em seu
artigo segundo, considera as matas ciliares como Área de Preservação
Permanente – APP, e quem as destroem esta sujeito a sofrer sanções cíveis e
administrativas, impostas pelas Leis ambientais: Federal nº 9.605 de 1988,
regulamentada pelo decreto lei nº 3.179 de 1999 e Estadual nº 5.887 de 1995.

Art. 2° do Código florestal Brasileiro - Lei 4.771/1965:

Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei,


as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu


nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será:

1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10


(dez) metros de largura;

2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham


de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50


(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham


de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham


largura superior a 600 (seiscentos) metros;

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou


artificiais;

65
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos
d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio
mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;

Essa formação vegetal é uma das mais importantes para a preservação


da vida e da natureza. O próprio nome já indica isso: assim como os cílios
protegem nossos olhos, a mata ciliar serve de proteção aos rios e córregos. Ela
forma uma comunidade de plantas, animais e outros organismos vivos que
interage com outros componentes não vivos, como os rios, em um processo
que é benéfico a todos (NASS, 2002).

As matas ciliares fornecem bens e serviços para as comunidades


humanas, destacando-se como importantes fontes de alimentos (açaí, buriti,
pataúa, cacau, taperebá ejenipapo etc.) como espécies medicinais (andiroba,
copaíba, murumuru, etc.) e também permitirem o desempenho de algumas
outras atividades como a coleta de sementes e a criação de abelhas.
Embora os serviços prestados pelas matas ciliares ao meio ambiente e
ao homem sejam de grande importância, muitas vezes essas estruturas
vegetais são suprimidas para dar acessibilidade aos cursos d`água. Essa
prática é comum na atividade agropecuária, onde os proprietários desmatam a
vegetação marginal, abrindo caminho para o gado beber água na margem do
curso hídrico. Esse desmatamento deixa o solo das margens de córregos
d’água desprotegidos e as conseqüências desta ação no ambiente são
adversas.
No município de Capanema-PA, em algumas comunidades rurais, se
observa as conseqüências dos danos provocados à vegetação marginal dos
córregos. No caso da “Comunidade do Segredinho”, alguns membros dessa
comunidade que vivem diretamente da pesca artesanal estão tendo sua
atividade prejudicada em função do desmatamento causado às margens do rio,
fato e por caçadores, que queimam a vegetação para acuar os animais no
momento da caçada. Em outra comunidade na comunidade de
Jacarequara,distrito de Tauari, o desmatamento foi provocado em parte por
fazendeiros, que desmataram para dar acesso ao gado. O que tem promovido
a redução do nível do córrego, que é fonte de água para a comunidade em
suas mais diversas formas.

66
Nesse sentido, as intervenções humanas nas propriedades rurais devem
ser planejadas de forma que se viabilize o desenvolvimento de sistemas de
produção, seja agricultura, pecuária, ou extrativismos, e da mesma forma se
preserve as estruturas funcionais como é o caso das matas ciliares e da
reserva legal (FIGURA 1).

Fig. 1. Proposta de uso e conservação dos recursos naturais propriedades


familiares.
Fonte: http://www.codevasf.gov.br/programas_acoes/programa-florestal-
1/acoes-florestais na-bacia-do-parnaiba/modelo

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para garantir o desenvolvimento socioeconômico aliado a conservação


ambiental na agricultura familiar é necessário disseminar e fortalecer ações
voltadas para a implementação do uso diversificado dos recursos naturais
disponíveis na propriedade familiar, visando com isso reduzir a pressão das
atividades agropecuárias sob o meio ambiente das propriedades rurais.

67
No entanto, o desafio para a inserção de novos meios de produção
passa por uma série de entraves, dentre eles temos:
- A aceitabilidade por parte dos agricultores em função de possíveis
mudanças de hábitos culturais do sistema de cultivo;
- A acessibilidade a outros meios de produção que é depende da
detenção de conhecimentos e habilidades voltadas para identificar e
potencializar o uso de determinado recurso.
- A sensibilização para a aplicação de praticas socioambientais por parte
dos produtores rurais, extensionistas e demais atores envolvidos nesse
processo.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BENTES-GAMA, M; et. al. Fortalecimento do Manejo Florestal Comunitário em Assentamento


Rural na Amazônia Ocidental, Rondônia, Brasil. Congresso Latino Americano da IUFRO 2. La
Serena, Anais. La Serena: Instituto Forestal de Chile 2006.

JESUS, Maria Nilza de. Saberes locais e sistemas agrícolas alternativos na Amazônia
Oriental Brasileira: um estudo de caso na a partir da imagem fotográfica. In: - La cuestión
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Latino Americano de Sociología Rural - ALASRU QUITO 2006. Quito : ALASRU, 2006. v. GT
18. p.19 páginas.

MAQUES, L.C.T. et. al. Abordagem gespan: gestão participativa de recursos naturais.
Documentos 221, dezembro de 2005 Belém, Pa: Embrapa Amazônia Oriental, 2005. 56p

NASS, Daniel Perdigão. Mata ciliar: corredor da natureza. Revista Eletrônica de Ciências. Nº
14 - Dezembro de 2002.

NOGUEIRA, O.L. & HOMMA, A.K.O Importância do manejo de recursos extrativos em


aumentar o carrying capacity: o caso de açaizeiros (Euterpe oleracea Mart.) no estuário
amazônico. In: AGUIAR, D.R.D. & PINHO, J.B. (eds.). Agronegócio brasileiro: desafios e
perspectivas. Brasília: SOBER, 1998. v.2, p.139-150.

QUEIROZ, J. A. L. de. ; MOCHIUTTI, Silas. Manejo de Mínimo Impacto para Produção de


Frutos em Açaizais Nativos no Estuário Amazônico. Macapá: Embrapa Amapá, 2001
(Comunicado Técnico 57).

RAYOL, B.P. ; ALVINO, F.O. ; SILVA, M. F. F.; FERREIRA, M.S.G. Potencial de uso de
espécies, por pequenos agricultores, de uma vegetação secundária no Nordeste Paraense. In:
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IV CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 2002.

Sá, T. D.A. Tecnologias para a agricultura familiar na Amazônia. 2000. Disponível


em:<http://www23.sede.embrapa.br:8080/aplic/rumos.nsf/f7c8b9aeabc42c8583256800005cfec
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SECRETARIA EXECUTIVA DE CIENCIA, TECNOLOGIA E MAIO AMBIENTE. Matas ciliares:


preserva-las é nosso dever. Belém: SECTAM, 2006. 24 p.

68
AQUICULTURA SUSTENTÁVEL NO CONTEXTO
DOS MUNICÍPIOS DO REGIONAL
CAPANEMA DA EMATER- PARÁ
1
Paulo Roberto S. Nunes

1 INTRODUÇÃO

A aqüicultura atualmente é o setor de produção de alimento de maior


crescimento no mundo. O Brasil é um país com grande potencial para o
desenvolvimento desta atividade.
Com a produção pesqueira estabilizada no mundo, a prática da
aqüicultura tornou-se indispensável para atender ao aumento da demanda por
pescado, esta estimada entre 30 e 60 milhões de toneladas em 2002 (Kubitza,
2007).
Como forma de apoio ao desenvolvimento da aqüicultura, o Governo
Federal através da Secretaria Especial de aqüicultura e Pesca – SEAP/PR e
Banco da Amazônia, criaram o Programa de Apoio à Aqüicultura – PROAQUA
– NORTE. Que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida dos aquicultores,
possibilitando os recursos financeiros necessários para o crescimento da
produção e da eficiência no setor.
Em nível regional, o nosso estado dispõe de um elevado potencial para
esta atividade que ainda precisa ser muito explorado. O Pará possui ótimas
condições ecológicas, devido a sua costa tropical. No entanto, necessita
criação de tecnologias e um modelo de sistema de produção que esteja de
acordo com a nossa realidade para que possamos alavancar a aqüicultura no
estado.
A pesquisa é um fator que deve ser mais explorado em nosso Estado,
pois o que se tem de tecnologia, hoje, vem de trabalhos desenvolvidos em
outras regiões e que muitas vezes acabam trazendo enormes prejuízos ao
aquicultor e ao meio ambiente.
Este trabalho tem como objetivo mostrar a situação da aqüicultura a
nível mundial, nacional, estadual e regional, apresentando o desenvolvimento

1
Técnico em Aqüicultura - Extensionista Rural II – Escritório Regional Capanema, EMATER-PARÁ.

69
da aqüicultura e a importância da mesma para a produção de alimento e
geração de renda.

2 A AQUICULTURA NO MUNDO

Existem diversas populações no mundo que são altamente dependentes


do pescado para sobrevivência e que estão situadas principalmente nos países
subdesenvolvidos. A aqüicultura é cada vez mais importante para essas
populações, que vêm enfrentando problemas com a escassez da pesca
extrativista, causada pela sobrepesca dos principais estoques pesqueiros
comerciais. Além de beneficiar as populações tradicionalmente envolvidas com
o setor pesqueiro, a aqüicultura tem sido incentivada também para o
desenvolvimento de populações rurais.
A população mundial cresce a cada dia e com isso o consumo per capta
de alimento também, e na busca da melhoria de condições de vida procura-se
sempre as melhores fontes de proteína. Sendo o pescado um alimento
bastante completo é bastante consumido em todo o mundo, a sua oferta, na
natureza, encontra-se de certa forma em colapso, ou seja, a pesca de alguns
recursos esta em completo declínio no mundo, muito próximo de esgotamento.
O que faz a aqüicultura ter um incremento significativo na produção do pescado
mundial, que deverá ser da ordem de 1,3 milhões de toneladas a cada ano
segundo dados de Kubtiza (2007). Além de dados da FAO para o ano de 2005,
que nos mostra o desenvolvimento da aqüicultura em relação à pesca extrativa
(Fig. 1).

70
Fig. 1. Comparação de crescimento da aqüicultura mundial.
Fonte: Tacon, 2007.

A aqüicultura vem aumentando, ano a ano, a sua produção e


participando efetivamente na oferta global de pescado (Quadro 1). Sua
contribuição com oferta de pescado saltou de cerca de 8% em 1975 para 40%
em 2005 (48,5% se considerarmos apenas o pescado destinado ao consumo
humano) (KUBITZA, 2007).

Quadro 1. Evolução da Produção Mundial de Pescado (em toneladas ou em percentual da


produção total)

Fonte: Kubitza, 2007.

2 AQUICULTURA NO BRASIL

No Brasil, a aqüicultura tem participado cada vez mais do dia-a-dia de


muitos trabalhadores rurais e pescadores artesanais, pois dispõe de condições
físicas para atingir elevados níveis de produção que o mercado exigirá com o
aumento populacional, mas para isso será indispensável intensificar os
investimentos neste setor.

71
Desde meados da década de 80, a Ostreicultura vem ganhando papel
importante na aqüicultura nacional. Em 1985, no estado de Santa Catarina,
iniciaram-se os primeiros cultivos junto aos pescadores, com a importação e
sementes da Cassostrea gigas. A Universidade implantou um moderno
laboratório de produção de sementes que são distribuídas aos produtores. Os
resultados foram muito positivos e hoje a produção de ostras atinge 2.500
toneladas, a maior do Brasil, comercializada também em outros centros
consumidores como São Paulo e Rio de Janeiro. O problema maior que esses
aqüicultores estão enfrentando é a preocupante mortalidade que ocorre nos
meses quentes do verão, a expansão pouco planificada das fazendas de ostra,
em grande parte de propriedade de pequenos produtores e deterioração da
qualidade da água, sobretudo no verão quanto é grande a afluência de turistas
nacionais e estrangeiros.
O Brasil é o segundo maior produtor de pescado cultivado em 2005,
dentre os países latino-americanos (Kubtiza, 2007). Possuindo cerca de 5
milhões de hectares de reservatórios de água doce além de inúmeros rios de
médio e grande porte que podem ser utilizados para produção de peixes em
tanques-rede, além de possuir insumos básicos para produção de ração. E
ainda, conta com um promissor mercado interno que diminui a relação de
dependência com mercado externo. Entre as várias modalidades de produção
de organismos aquáticos dentro da aqüicultura, a produção de peixe ainda é a
de grande expressão.
De acordo com os dados da FAO, a produção de pescado no Brasil em
2005, foi cerca de 1,1 milhão de toneladas (750 mil proveniente da pesca e
cerca de 260 mil proveniente da aqüicultura – Quadro 2).
Quadro 2. Comparação entre a Produção (toneladas) e o Crescimento anual da Pesca e da
Aqüicultura (%) no Brasil e no mundo.

Fonte: Kubitza, 2007.

72
Temos, portanto, a alternativa do cultivo de peixes em tanques-rede nos
grandes reservatórios, ocupando pouca terra, não desmatando florestas e não
exaurindo recursos hídricos. O que ainda irá contribuir com o aumento
localizado na produção pesqueira nos parques aqüícolas. Atualmente, o
programa criado pelo governo federal disponibiliza recursos públicos para uso
de reservatórios criados para geração de energias ou mitigação dos problemas
de seca, o que possibilita o uso múltiplo destes reservatórios, oferecendo
melhores condições de elevar a produção de pescado, melhorando as
condições de vida de comunidades que foram afetadas pela implantação
destes grandes projetos.
Diante disso, se forem aproveitados apenas 0,05% dos reservatórios
gerenciados pela União, o Brasil produzirá 2,5 milhões de toneladas de peixes
adicionais todo ano (Kubtiza, 2007). Os números expressam o potencial do
nosso país, que precisa apenas de investimentos e mais tecnologias
proporcionando condições de torna o Brasil um dos maiores produtores
mundial de pescado.
É a aqüicultura que poderá dobrar o consumo do pescado no país nos
próximos dez anos, uma vez que a pesca extrativa tanto do mar como das
águas interiores situa-se abaixo da metade do potencial e com tendência à
estabilização ou queda (Oetterer, 2002).

2 AQUICULTURA NOS MUNICÍPIOS PERTENCENTES AO REGIONAL


CAPANEMA12

A aqüicultura vem sendo implementada no estado como forma de


aproveitar os inúmeros recursos existentes, capazes de gerar renda e melhores
condições de vida em comunidades regionais que muitas vezes sobrevivem da
pesca, que já encontra-se em condições de sobrepesca de algumas espécies
de valor comercial.
Nas décadas de 80 e 90, foram implantados alguns projetos de
aqüicultura na região do salgado paraense. O município de Salinópolis, que
tinha como objetivo a piscicultura, porém posteriormente adaptada para
2
Augusto Correia, Bonito, Bragança, Capanema, Nova Timboteua, Ourém, Peixe-boi, Primavera,
Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém Novo, São João de Pirabas, Tracuateua e Viseu

73
carcinocultura marinha, cultivando o Camarão Branco (Litopenaeus vannamei),
e continental, com o Gigante da Malásia (Macrobrachium rosenbergii).
Contudo, sem sucesso devido à falta de tecnologia e custos elevados dos
insumos que proviam de outras regiões do país.
Outra atividade aquícola, que teve início em 2002, foi o cultivo de Ostras
(ostreicultura), através de pesquisas realizadas pelo Instituto de Ensino
Superior da Amazônia - IESAM, em alguns municípios do litoral do Estado
como Augusto Corrêa (Nova Olinda), Curuçá (Lauro Sodré), Magalhães Barata
e Maracanã (Nazaré do Seco), mas somente em 2004, o SEBRAE-PA em
parceria com EMATER-PARÁ (Esloc. Augusto Corrêa), o projeto teve um
melhor desenvolvimento em nível de produção e busca de mercado (na
Comunidade de Nova Olinda), e produção de sementes (na Comunidade de
Lauro Sodré), porém ainda é um número pequeno comparado com o potencial
da atividade em nossa região.
Hoje, na Regional Capanema a principal atividade aqüícola é a
piscicultura, que já se encontra presentes em todos os municípios, porém de
forma, ainda, muito artesanal e desordenada. A falta de informação e
assistência técnica são os principais motivos do setor se encontrar nessa
situação.
Dentre as modalidades da piscicultura, o cultivo em Tanques-Rede, vem
se desenvolvendo significativamente, pois possui um investimento inicial baixo
comparado com o cultivo em Tanque-Escavado. Nos municípios pertencentes
ao Regional Capanema existem rios que possibilitam o desenvolvimento dessa
forma de atividade.
Os municípios de Capanema (Rio Quatipurú), Ourém (Rio Guamá) e
Peixe-Boi (Rio Peixe-Boi), merecem uma atenção maior para o
desenvolvimento dessa modalidade de cultivo, pois os mesmos possuem um
grande potencial aqüícola e que ainda não foi explorado.
A Assistência Técnica é feita por um Técnico em Aqüicultura da
EMATER-PARÁ, número esse incipiente para a grande demanda, que abrange
11 municípios, onde mesmo de forma deficiente, já foram povoados 120.000
alevinos no decorrer de 1 ano e 8 meses, sendo a maioria para a agricultura
familiar. Desta forma a piscicultura vem sendo mais uma fonte de renda e

74
alimento ao agricultor, que na maioria das vezes acaba tendo que comprar
esse alimento.
Seria de fundamental importância a promoção e desenvolvimento de
ações que possibilitem o fortalecimento do associativismo de aqüicultores em
nível municipal, buscando a participação efetiva dos produtores, de forma a
assegurar suas contribuições ao desenvolvimento do setor aqüícola. Diante do
atual cenário pode-se dizer que seria um trabalho lento, mas de onde se tiraria
bons resultados futuros.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aqüicultura é sem duvida uma das atividades produtivas que mais


tendem a crescer em todo o mundo, pois muitos estão apostando neste ramo.
No entanto no Brasil ainda existe uma grande demanda reprimida para
consumo de pescado cultivado, assim como no estado do Pará, onde ainda se
precisa incentivo institucional e de investimentos públicos.
Acredita-se então que para o pleno desenvolvimento da aqüicultura que
se trata uma atividade econômica que demanda um investimento consistente, é
indispensável à criação de políticas de gestão. Apesar destas serem difíceis de
se estabelecerem de maneira eficaz devido a multiplicidade das técnicas da
aqüicultura existente, assim como, a complexidade dos ambientes naturais.
No entanto, planejamentos calcados em aspectos regionais e
tecnologias disponíveis poderão ser um grande passo para se conduzir este
setor em nossa região, que em aspectos gerais tem todos os requisitos para
tomar lugar de destaque no ramo da aqüicultura do país.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BALDISSEROTO, B. e GOMES, L. C. (Org). Espécies nativas para piscicultura no Brasil.


Santa Maria: Ed. da UFSM, 2005. 468p.

BITTENCOURT, P. R. L., PROENÇA, C. E. M. Manual de piscicultura tropical. Brasília:


IBAMA, 1994. 196p.

KUBITZA, F. O mar está pra peixe... prá peixe cultivado. Panorama da Aqüicultura, p 14-23,
2007.

OETTERER, M. Industrialização do Pescado Cultivado. Guaíba: Agropecuária, 2002, 200p.

PINHEIRO, J. Criadores de ostras do interior do Estado querem mercado na capital


Disponível em: www.paginarural.com.br/noticias. Acesso em: 22 de outubro de 2007.

75
RANGEL, R. Abordagem histórica do cenário institucional brasileiro do setor pesqueiro e
aqüícola. Aqüicultura e Pesca, p 46 e 48, Janeiro/Fevereiro, 2007.

TIAGO, G. G. A. - Gestão Ambiental e o Conceito de Região. Instituto de Pesca da Agência


Paulista- SAAP/SP e PROCAM/USP, 2005 SP.

TORRES, R. O cenário da aqüicultura mundial. Aqüicultura e Pesca, p.4,


Novembro/Dezembro, 2006.

VALENTI, W. C. (Ed.). Carcinicultura de água doce: tecnologia para a produção de


camarões. Brasília: IBAMA/FAPESP, 2002. 383p.

76
SISTEMAS SILVIPASTORIS COMO ALTERNATIVA DE MANEJO
SUSTENTAVEL DE PASTAGENS
1
Michela Cristina Jacques Belarmino

1 INTRODUÇÃO

Para os ruminantes domésticos mantidos a pasto, a pastagem


representa mais que uma fonte de alimento, pois se trata do espaço onde eles
passam todo o seu tempo, nascem, crescem, enfrentam condições adversas,
estabelecem relações sociais, se reproduzem, enfim vivem e, portanto
necessitam de vários recursos e estímulos, além daqueles relacionados à
oferta de alimentos (COSTA, 2000).
As áreas de exploração com pecuária de corte no Brasil têm
apresentado sérios sintomas na ruptura da sustentabilidade dos recursos
naturais. No Nordeste paraense, o cenário não é diferente, a grande maioria
das pastagens está degradada ou em processo de degradação. Tal processo
se inicia com a redução da produção e da qualidade da forragem e continua
com o aparecimento de áreas de solo descoberto e infestação de plantas
invasoras. Isso ocorre devido o manejo inadequado do uso da terra e da baixa
fertilidade natural nos nossos solos, logo, o plantio de árvores nas pastagens
pode ser uma alternativa para minimizar este problema.
A arborização de pastagens é uma modalidade de sistema silvipastoril
que prioriza o produto animal. Esses sistemas são também conhecidos como
sistemas florestais pecuários e se caracterizam por integrar componentes
lenhosos (árvores e arbustos), herbáceos (gramíneas e leguminosas) e
animais herbívoros. As árvores contribuem com produtos, inclusive forragem,
e/ou com serviços ambientais, necessários para garantir a sustentabilidade do
sistema, o que justifica esta prática na agricultura familiar. Pois além destas
vantagens acima citadas o sistema silvipastoril proporciona um ambiente
agradável e confortável para os animais, implicando na qualidade da carne
vendida e conseqüentemente na condição econômica dos produtores rurais.
Desta forma, este trabalho apresenta uma abordagem do uso e dos benefícios

1 a
Eng Agrônoma, DSc. - Extensionista Rural I – Escritório Regional Capanema, EMATER-PARÁ.

77
do sistema silvipastoril, como meio sustentável no manejo de pastagens e na
recuperação de áreas alteradas.

2 CONSEQÜÊNCIAS BENÉFICAS PARA AS PASTAGENS

A inclusão de árvores e arbustos em pastagens de gramíneas pode


acarretar vários efeitos benéficos para o ecossistema, em alguns casos
ocorrendo externalidades positivas que ultrapassam os limites da pastagem ou
da propriedade. Entre esses efeitos destacam-se:

i) Conforto para os animais;


ii) Controle de erosão e melhoramento da fertilidade do
solo;
iii) Melhor aproveitamento da água das chuvas;
iv) Aumento na disponibilidade de forragem em
determinadas épocas do ano e maiores teores de
proteína bruta na forragem sombreada;
v) Incremento na rentabilidade da propriedade, com
redução nos gastos com insumos, e algumas vezes
com a obtenção de pelo menos dois produtos
comercializáveis (leite, carne, madeira, frutas, óleos,
resinas etc.);
vi) Aumento e conservação da biodiversidade;
vii) Proteção dos mananciais de água.

Vários impactos positivos podem resultar da obtenção desses


benefícios em diversas regiões do País, entre os quais em associação com
outras práticas de manejo se incluem: a) Contribuir para o uso sustentado de
pastagens cultivadas evitando a sua degradação; b) Recuperação e
desenvolvimento de pastagens e de áreas degradadas; c) Melhoramento das
condições econômicas de produtores rurais; d) Preservação dos recursos
naturais contribuindo para a valorização das propriedades rurais; e)
Embelezamento da paisagem, contribuindo para desenvolver o turismo rural.

78
2.1 O PAPEL DA ARBORIZAÇÃO NA SUSTENTABILIDADE DOS
SISTEMAS A PASTO

Em pastagens arborizadas podem ocorrer alterações microclimáticas e


aporte de biomassa, condições que podem influenciar o conforto e
produtividade animal, e o crescimento e qualidade da forragem, de modo a
facilitar a sustentabilidade dos sistemas de produção animal a pasto.

2.1.1 Efeitos da arborização sobre os animais a pasto

Além de contribuírem para atenuar a temperatura, as árvores reduzem


o impacto de chuvas e ventos, promovendo conforto e servindo de abrigo para
os animais.
O estresse pelo calor afeta a fertilidade do rebanho reduzindo a taxa de
concepção e peso ao nascer dos bezerros. Em pastagens manejadas
extensivamente, a presença de árvores distribuídas por toda área deve
contribuir para facilitar o acesso dos animais aos locais mais distantes da
pastagem.

2.1.2 Efeito sobre as condições do solo

A conservação do solo em pastagens depende da manutenção de


adequada cobertura vegetal. Quando essa condição é observada, as
pastagens são uma das formas mais eficientes de controle de erosão
(LOMBARDI NETO, 1993). Em pastagens degradadas ou em início de
degradação, a cobertura vegetal expõe o solo aos efeitos da erosão hídrica e
eólica. As árvores mantidas ou introduzidas nas pastagens constituem um
extrato adicional de vegetação e podem exercer um importante papel na
conservação do solo e no melhoramento de sua fertilidade.

2.1.3 Conservação do solo e da água

A parte aérea das árvores (copa e fuste) pode constituir-se em


produção física para a pastagem, reduzindo a velocidade dos ventos e o
impacto das chuvas sobre a superfície do solo. Uma das conseqüências do
controle da erosão hídrica é o aumento da infiltração de água no solo, com o

79
melhor aproveitamento da água das chuvas. Isso é facilitado pelo
desenvolvimento do sistema radicular das árvores, que promove boas
condições físicas ao solo, melhorando sua estrutura, aumentando a
porosidade e a capacidade de retenção de água (HERNANDEZ, 1998). De
acordo com Dagang & Nair (2001), em condições de baixa disponibilidade de
água no solo as árvores podem bombear água das camadas mais profundas
do solo e distribuí-la na superfície.

2.1.4 Melhoramento da Fertilidade do solo

Diversas informações da literatura indicam enriquecimento do solo de


pastagens em áreas sob a influência das copas de árvores, principalmente as
que possuem sistema radicular profundo, podem aproveitar nutrientes de
camadas do solo que estão fora do alcance das raízes das plantas forrageiras,
que são geralmente mais superficiais, tornando esses nutrientes disponíveis
às forrageiras. Outro meio de enriquecimento do solo é a incorporação
gradativa de nutrientes ao sistema solo/pastagem, por meio da biomassa das
árvores (OVALLE & AVENDAÑO, 1984; NAIR, 1999). Esse efeito é maior no
caso de leguminosas arbóreas que possuem a capacidade de fixar o
nitrogênio (N) do ar atmosférico.

2.1.5 Efeitos sobre a disponibilidade de forragem e nutrientes

A redução na luminosidade normalmente diminui o crescimento das


plantas, porém, no caso dos sistemas silvipastoris, as mudanças que as
árvores podem promover nas áreas de pastagem sob sua influência,
principalmente na fertilidade do solo e nas condições microclimáticas, podem
alterar as respostas esperadas.
Algumas das modificações microclimáticas mais importantes que as
árvores promovem em áreas sob sua influência são: reduções na temperatura
do ar e do solo, e manutenção de maior teor de umidade no solo. Essas
alterações nas condições ambientais no solo e na interface solo/liteira
contribuem para incrementar as atividades biológicas do solo, e, como
conseqüência, aumentar a mineralização de N em comparação com as áreas

80
não-sombreadas da pastagem (JOFFRE et al., 1988; HANG et al., 1995;
WILSON, 1996).

2.1.6 Respostas de forrageiras herbáceas ao sombreamento

As forrageiras herbáceas têm apresentado resposta variável ao


sombreamento, tendo sido observados aumento, redução ou nenhum efeito
sobre a produção de forragem. Essas diferenças decorrem de aspectos como,
tolerância das forrageiras herbáceas ao sombreamento, características das
árvores e fatores ambientais como nível de sombreamento e fertilidade do
solo. Na maioria dos casos em que o sombreamento teve efeito positivo sobre
o crescimento de forrageiras herbáceas, principalmente gramíneas, esse
efeito esteve associado a um aumento na disponibilidade de N no solo.
Esse aumento na disponibilidade de N no solo, em condições de
sombreamento natural, decorre dos efeitos conjuntos da sombra e da
reciclagem de nutrientes promovida pelas árvores. Portanto, a arquitetura e
características das árvores terão efeito marcante sobre a quantidade de N e
de outros nutrientes a serem disponibilizados no solo da pastagem.
Espécies de leguminosas arbóreas que possuem a capacidade de fixar
N2 apresentam, geralmente, maior potencial para adicionar nutrientes ao
sistema da pastagem do que as não-leguminosas. Carvalho et al. (1994)
verificaram que a ocorrência de diversas espécies arbóreas, a maioria das
quais eram leguminosas, em pastagens de Brachiaria decumbens e B.
brizantha formadas em solos de baixa fertilidade natural, resultou em
aumentos na quantidade de N nas folhas verdes das gramíneas e na
serrapilheira, nas áreas sob a influência das árvores. A associação de B.
humidicola com a leguminosa arbórea Acácia mangium contribui para
aumentar a produtividade da gramínea em 28%, em comparação com a
pastagem em monocultura (BOLÍVAR et al., 1999).

2.1.7 Tolerância das forrageiras ao sombreamento

Uma condição importante para o sucesso da integração de pastagens


com árvores é a tolerância da forrageira utilizada ao sombreamento. Essa

81
tolerância varia entre diferentes espécies de gramíneas e leguminosas
forrageiras.

2.1.8 Características das espécies arbóreas

Algumas características das espécies arbóreas podem influenciar o


crescimento de forrageiras sombreadas. Além das que influenciam a
porcentagem de transmissão de luz para a pastagem, como altura do fuste e
arquitetura da copa, outras características podem determinar competição por
água e nutrientes no solo, resultando em prejuízos para o desempenho das
forrageiras. As características do sistema radicular das árvores são muito
importantes no controle das relações árvore/pastagem. Árvores com sistema
radicular profundo competem menos com a pastagem por nutrientes do que as
de sistema radicular mais superficial, e podem aproveitar nutrientes de
camadas do solo não acessíveis às raízes das gramíneas. Esses nutrientes
serão reciclados e utilizados pela pastagem.

2.1.9 Aumento e conservação da biodiversidade

Em comparação com as pastagens de gramínea em monocultura,


modelo que ainda predomina na pecuária bovina convencional na nossa
região, as pastagens arborizadas apresentam maior diversidade vegetal. A
riqueza em biodiversidade varia entre modelos de sistemas silvipastoris,
desde os mais simples até os sistemas com vários estratos de vegetação,
constituídos por diversas espécies em cada estrato. Os benefícios da maior
diversidade de espécies vegetais são vários, com destaque para: maior
reciclagem de nutrientes, oferta mais variada de forragem para os animais,
desenvolvimento da fauna e da flora nativas e melhores condições para o
desenvolvimento de inimigos naturais das pragas dos componentes do
sistema. O controle biológico de pragas dos componentes dos sistemas
silvipastoris é outra conseqüência benéfica da maior diversidade vegetal.

2.1.10 Uso de árvores na recuperação de pastagens degradadas

Uma das causas mais importantes da degradação de pastagens


cultivadas é a baixa disponibilidade de nutrientes no solo, principalmente
nitrogênio (MYERS & ROBBINS, 1991). A deficiência de N, juntamente com

82
outros fatores causadores da degradação das pastagens, concorre para
reduzir o crescimento das gramíneas, e, em estádios mais avançados, para
promover o aparecimento de plantas invasoras e de solo descoberto. A
recuperação de pastagens degradadas, principalmente daquelas em estádio
avançado de degradação, depende da recomposição da cobertura vegetal do
solo, e para isso espécies leguminosas fixadoras de N2 são as mais
recomendadas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O potencial da integração com árvores para promover a


sustentabilidade das pastagens depende da existência de espécies de
crescimento rápido, nativas ou exóticas adaptadas às condições
edafoclimáticas de determinada região. A leguminosa Acácia mangium é um
exemplo de espécie exótica que apresentou excelente adaptação a diversos
ecossistemas no Brasil, sendo esta experiência comprovada pela EMATER –
PARÁ na Unidade Didática de Bragança localizada na micro-região bragantina
do nordeste paraense. Tratando-se de espécie pioneira, recomenda-se seu
uso em sistemas silvipastoris em associação com espécies nativas. Muitos
estudos ainda são necessários para identificar espécies arbóreas com as
características de crescimento e arquitetura favoráveis à integração com
pastagens, principalmente espécies nativas. Desta forma, para que o produtor
alcance maior nível de sustentabilidade em sua propriedade é necessário
conhecer melhor as vantagens oferecidas pelos sistemas silvipastoris, as
formas e as etapas de implantação, bem como as espécies, os arranjos e o
manejo desse sistema.
Outro importante papel de espécies arbóreas e arbustivas em sistemas
silvipastoris é como fornecedores de forragem para os animais. Diversas
modalidades de sistemas silvipastoris incluem forrageiras arbóreas e
arbustivas, e seu potencial para intensificar a produção animal em sistemas a
pasto tem sido amplamente demonstrado. Desta forma, estes sistemas
despontam como alternativa promissora, por serem mais diversificados e
potencialmente mais produtivos e sustentáveis que os sistemas pecuários
tradicionais. Inclusive por dispensar o uso de fertilizantes nitrogenados desde

83
a fase inicial de estabelecimento, e com o tempo, promover o melhoramento
da fertilidade do solo, reduzindo ou eliminando a necessidade de aplicação de
outros fertilizantes constituindo-se na base da alimentação em sistemas
orgânicos de produção animal.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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84
OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS COMO
ALTERNATIVA DE SUSTENTABILIDADE AGROECOLOGICA NA
AGRICULTURA FAMILIAR

1
Antonia B. da Silva

1 INTRODUÇÃO

Na Amazônia, a degradação de recursos naturais por meio dos


desmatamentos tem sido um dos maiores problemas ambientais, onde milhões
de hectares de floresta foram desmatados para a implantação de pastagens,
agricultura migratória, extração de madeira, e construção de estradas.
O nordeste paraense apresenta-se neste cenário com o monocultivo de
culturas anuais, ainda em muitos municípios, no sistema tradicional de cultivo
(derruba, queima e coivara), contribuindo para a agricultura migratória e
degradação dos solos, por meio da erosão e lixiviação dos nutrientes.
Historicamente, o sistema de agricultura utilizado no nordeste paraense sempre
foi o itinerante, substituindo a floresta primária, antes existente, pela atual
capoeira. A atividade agrícola é exercida, na sua maioria, por pequenos
produtores, explorando a mandioca, o milho e o feijão caupi, como culturas de
maior expressão sócio-econômica. Essa atividade é praticada com pouco ou
nenhum uso de insumos agrícolas, levando ao esgotamento dos nutrientes dos
solos.
Como alternativa concreta á degradação de recursos naturais, os
sistemas agroflorestais são reportados como uma boa alternativa quando o uso
de monocultivos não é viável do ponto de vista econômico e ambiental. Estes
sistemas proporcionam um manejo de recursos naturais dinâmicos e
ecológicos, que através da integração de árvores em pequenas propriedades,
grandes fazendas e outros cenários, diversificam e aumentam a produção,
promovendo benefícios econômicos e sociais para os usuários dos recursos
naturais.

1 a
Eng Agrônoma, MSc./Doutoranda -Extensionista Rural I–Escritório Local S. J. de Pirabas, EMATER-
PARÁ.

85
Isto ocorre devido à combinação de espécies florestais e frutíferas, com
cultivos agrícolas e a integração com animais, proporcionando o uso adequado
do solo, objetivando a produção e a manutenção da produtividade, garantindo
rendimento sustentável e o bem estar do homem no meio rural dos
ecossistemas amazônicos. Outro aspecto importante é o caráter perene dos
SAFs, os investimentos são realizados apenas uma vez e o sistema se mantém
durante vários anos.

Os SAFs têm sido apontados como uma das alternativas econômico-


ecológicas viáveis de produção agrícola. Eles constituem o tipo de uso do solo
que mais se aproxima da estrutura e da dinâmica da vegetação natural,
podendo substituir, com certa eficiência, a sua função ecofisiológica de
manutenção do equilíbrio ecológico.

Segundo Gotsch (2000), a viabilidade econômica e a longevidade


produtiva são características importantes para sistemas de uso da terra. A
sustentabilidade dos sistemas de produção está ligada aos diferentes
mecanismos de uso dos recursos do solo e do clima. O sucesso dos sistemas
produtivos está relacionado à tentativa de aproximação ao ecossistema
natural, o que não ocorre na região com a maioria dos agricultores.

Os milhões de hectares de pastagens improdutivas e abandonadas,


juntamente com as áreas de capoeira provenientes da agricultura migratória,
representam uma oportunidade de implementar novos sistemas de produção
agrícola, sem a necessidade de desmatar novas áreas de floresta na
Amazônia. Neste panorama geral e problemático, o produtor se defronta
diariamente por decidir entre as melhores alternativas de produção, que lhe
propiciem os maiores benefícios diretos e indiretos. Nessas decisões, os
mesmos optam por aquelas que estão de acordo com a sua situação
socioeconômica e com seus objetivos. Dentre as atividades de produção,
o uso do componente florestal na propriedade rural, vem sendo destacado
como uma alternativa de melhoria e conservação dos recursos produtivos,
diversificação de produtos e de renda para o produtor (BAGGIO, 1992). O
objetivo deste trabalho é mostrar a dinâmica dos SAFs, realçando a

86
importância do contínuo desenvolvimento de novas alternativas econômicas e
sustentáveis para o sistema de produção do nordeste paraense.

2 A SUSTENTABILIDADE DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Os sistemas agroflorestais (SAF) são formas de uso e manejo da terra,


nas quais árvores ou arbustos são utilizados em associação com cultivos semi-
perenes, com cultivos anuais e/ou com animais, em uma mesma área, de
maneira simultânea ou numa seqüência temporal. Fundamentam-se em bases
ecológicas, tendo como princípios a sucessão ecológica. É importante
compreender o funcionamento da natureza para nos basear na elaboração,
implantação e manejo de sistemas de produção. Assim, como os diferentes
sistemas agrícolas, os SAFs podem ser classificados em um gradiente de
sustentabilidade.
Os princípios destes sistemas aportam soluções com base no processo
da sucessão secundária das florestas tropicais. Consistem em sistemas de
manejo florestal que visam conciliar produção agrícola e manutenção de
espécies florestais. Em quase todas as experiências com sistemas
agroflorestais observa-se o crescimento de matéria orgânica nos solos, a
redução da erosão laminar e em sulcos e o aumento da diversidade de
espécies (MMA, 2002; PENEREIRO, 1999).

Para Sanchez (1995) citado por Rodrigues (2004), a compreensão das


funções ecológicas do sistema solo-planta no SAF é essencial para se
estabelecer o manejo adequado da dinâmica de nutrientes e,
consequentemente a sustentabilidade biofísica, o que se daria por meio das
interações do fluxo de energia, da ciclagem de nutrientes e da biodiversidade
do sistema.

Os Sistemas AgroFlorestais são alternativas de sustentabilidade e estão


baseados em princípios econômicos de utilização racional dos recursos
naturais renováveis, sob exploração ecologicamente sustentável. São
baseados no princípio ecológico chamado de Biodinâmica da Sobrevivência,
que otimiza a utilização da energia solar vital, visando a utilização e

87
recirculação dos potenciais produtivos dos ecossistemas (YANA, WEINERT,
2001)

Segundo Altieri (1989) a sustentabilidade resulta da diversidade


biológica promovida pela presença de diferentes espécies vegetais e / ou
animais, que exploram nichos diversificados dentro do sistema. A diversidade
de espécies vegetais utilizadas nos SAFs forma uma estratificação diferenciada
de copas e do sistema radicular das plantas no solo (Figura 1).

Fig. 1. Modelo de sistema agroflorestal para agricultura familiar do nordeste Paraense.


Fonte: Circular Técnica, 16

Em sistemas agroflorestais, as espécies arbóreas possuem raízes


longas que exploram maior volume de solo, com isto são capazes de absorver
mais nutrientes e mais água que os cultivos agrícolas. Nos SAFs, a utilização
de espécies florestais também traz o benefício da fixação de nitrogênio através
das bactérias do gênero Rhizobium, contribuindo para o aumento de nitrogênio
no solo.
O objetivo desses sistemas é a criação de diferentes estratos vegetais,
procurando imitar um bosque natural, onde as árvores e/ou os arbustos, pela

88
influência que exercem no processo de ciclagem de nutrientes e no
aproveitamento da energia solar, são considerados os elementos estruturais
básicos e a chave para a estabilidade do sistema. Além da ciclagem de
nutrientes os sistemas multiestratos (capoeira melhorada), proporcionam outros
serviços importantes. Tais serviços extras ou sinérgicos são considerados
indicadores de sustentabilidade dos SAFs: fornecimento de lenha como fonte
de energia térmica; oferta de nutrientes, além de N e P para as culturas anuais;
fonte de energia para os microrganismos do solo, através da liteira de capoeira
melhorada por prover carbono como fonte energética e aumentar a ciclagem
de nutriente e o seqüestro de carbono no solo; melhoria das propriedades
físicas do solo e a retenção de água do mesmo; prevenção e tolerância à
pragas e doenças nas culturas anuais; e aumento da biodiversidade local
(agrobiodiversidade).
Os SAFs também contribuem para fixação do homem do campo. Os
sistemas exigem uma demanda de mão-de-obra durante o ano todo, ou seja,
os tratos culturais e colheitas ocorrem em épocas diferentes e não são as
mesmas para todas as espécies. Os sistemas englobam diferentes
comportamentos das plantas e normalmente exigem maior número de serviços.
A implantação de SAFs visa a sustentabilidade econômica, a
diversidade de produtos ao longo do ano, viabilizando financeiramente o
sistema. Este fato exige que seja realizado um profundo planejamento,
considerando necessário atingir esta sustentabilidade econômica durante o
processo. Os objetivos dos SAFs, podem ser resumidos em:
 Manter-se sustentável;
 Conferir sustentabilidade aos sistemas agrícolas;
 Aumentar a produtividade vegetal e animal;
 Direcionar técnicas para uso racional do solo e da água;
 Estimular a utilização de espécies para usos múltiplos;
 Diminuir os riscos do agricultor;
 Amenizar os efeitos adversos dos fatores de produção;
 Minimizar processos erosivos.

89
3 CLASSIFICAÇÃO DOS SAF’s

Segundo Nair (1990), a classificação dos SAFs mais difundida é aquela


que leva em conta os aspectos funcionais e estruturais como base para
agrupar estes sistemas em categorias como:
a) Sistemas agrossilviculturais: árvores e/ou arbustos com culturas agrícolas;
b) Sistemas silvipastoris: árvores e/ou arbustos com pastagens e/ou animais;
c) Sistemas agrossilvipastoris: cultivo de árvores e/ou arbustos com culturas
agrícolas, pastagens e/ou animais.

3.1 MANEJO DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS


a) Manejo das Plantas
A Seleção das Espécies
1. Escolha segundo as necessidades a satisfazer; a adaptação as
condições ecológicas da propriedade (pluviosidade, temperatura,
altitude, solos);

2. O produtor ter conhecimento sobre aquelas que melhor se adaptam;

3. Escolha segundo a maior produtividade.

b) O Desenho do Sistema (características e funcionamento)

1) Determinar as funções do sistema;

2) Planejar o SAF : qual(is) o subsistema(s) da propriedade;

3) Determinar os componentes do SAF: árvores e outros cultivos que


combinarão;

4) Precisar o arranjo do sistema: espaçamento, etc.

5) Prever o manejo do sistema: como se estabelecerá (sombra, viveiro,


calendário), quem e como será manejado (métodos, insumos, custos em
mão-de-obra);

6) Rentabilidade;

7) Viabilidade.

90
c) Manejo dos Solos
As técnicas de manejo do SAF devem cumprir os seguintes
objetivos:
1) Manter o solo coberto com vegetação ou com seus resíduos, durante
a maior parte do ano;
2) Manter o conteúdo de matéria orgânica das camadas superficiais do
solo;
3) Manter um sistema de raízes superficiais para contribuir na estrutura
e na ciclagem de nutrientes;
4) Minimizar a remoção de matéria orgânica e nutrientes, através da
colheita;
5) Evitar queimadas.

d) Manejo dos Animais nos Sistemas Agroflorestais

Os princípios de manejo são semelhantes aos que regem o manejo


dos animais em outros sistemas. Em geral, são usadas espécies
domésticas como bovinos, ovinos, caprinos, suínos, aves, peixes, abelhas,
etc., podendo ser manejada ainda a fauna silvestre (capivara, cotia, etc.).

3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS SISTEMAS


AGROFLORESTAIS

Segundo Macedo, (2002) o uso dos SAF proporciona as seguintes


vantagens para os pequenos produtores:

Podem manter os custos de implantação e manutenção dos SAF entre


limites aceitáveis para o pequeno produtor.
Podem aumentar a renda familiar.
Podem contribuir para a melhoria da alimentação das populações rurais.
Os SAFs fixam o agricultor à terra, pelo fato de ajudar a manter o solo
produtivo por longos períodos
Conduzem a um menor risco para os produtores, devido a uma maior
diversificação da produção em cada propriedade.

91
Possibilitam melhor distribuição da mão-de-obra ao longo do ano.
Tornam mais confortável o trabalho na roça.
Podem preencher um papel muito importante na recuperação de áreas
em via de degradação.
Podem contribuir para a proteção do meio ambiente, pois diminuem
a necessidade de derrubar a floresta para abrir novos roçados, e
ajudam a controlar a erosão.
No entanto, possuem algumas desvantagens, como:
Os conhecimentos dos agricultores e até mesmo dos técnicos e
pesquisadores sobre SAF são, ainda, muito limitados.
De modo geral, o manejo dos SAF é mais complexo do que o cultivo de
espécies anuais ou de ciclo curto, ou seja, na medida em que um SAF
envolve um maior número de espécies, seu planejamento e manejo são
mais difíceis e exigem conhecimentos mais complexos.
O custo de implantação de determinados SAF é mais elevado, pois o
custo efetivo depende de vários fatores, podendo o custo da muda ser
decisivo.
O componente florestal pode diminuir o rendimento dos cultivos
agrícolas e pastagens dentro dos SAF, pois os efeitos benéficos dos
SAF dependem das espécies escolhidas para formarem o componente
florestal.

4 EXPERIÊNCIAS DO USO DOS SAFs COMO MODELO PRODUTIVO

Associação de árvores de sombra com culturas perenes é bastante


conhecida nos trópicos úmidos. Dois exemplos tradicionais encontrados são o
café (Coffea arabica) e o cacau (Theobroma cacao) associados com
leguminosas para o aumento de biomassa e, ou espécies madeiráveis. Essas
espécies, sob condições de sombra, têm rendimentos geralmente mais baixos
que quando cultivadas a pleno sol, no entanto produzem rendimentos estáveis
por períodos mais longos. Isso deve-se ao fato da sombra reduzir o
crescimento das plantas e consequentemente a demanda de nutrientes do
solo, conservando o rendimento a um nível tal que o solo pode mantê-lo.

92
Nos SAFs que utilizam culturas adaptadas à sombra, tradicionalmente
se costuma usar “árvores com função de serviço” para sombreamento, de
preferência leguminosas, as quais entre outras utilidades têm a capacidade de
fixar nitrogênio. As palmeiras, de modo geral, são espécies que se adaptam
para o uso em SAF´s, por sua copa aberta, estipe ereto, fácil propagação, e
produção múltipla (frutos, óleos, palmito).
A pupunha (Bactris casipae) vem sendo utilizada, por muitos agricultores,
como planta sombreadora de outras culturas, sendo uma cultura tanto
comercial, como de sustentação. No Brasil, é utilizada como planta
sombreadora do cupuaçu (Theobroma grandiflorum) e do cacau (Theobroma
cacao).
Segundo Homma et al (1995), a experiência da imigração japonesa em
Tomé-Açu e seu modelo de desenvolvimento agrícola para as condições da
região amazônica, têm despertado grande interesse na pesquisa desses
modelos produtivos. A partir da década de 80, resultou, também, na vertente
que passou a enfatizar os Sistemas Agroflorestais (SAFs) como modelo ideal
para a Amazônia. Os SAFs têm sido considerados como uma solução para
promover o desenvolvimento rural das áreas tropicais. Entre as vantagens dos
SAFs incluem-se aquelas que promovem menores impactos ambientais. Em
teoria, assegurariam a sua sustentabilidade econômica e ambiental e com isso
poderiam reduzir os desmatamentos e queimadas e a migração de produtores
na Amazônia. A queda na produtividade seria mais lenta, reduzindo dessa
forma a freqüência da migração para novas áreas.
Diversos modelos de SAFs vem sendo adaptados e implantados em
vários municípios do estado do Pará. No município de Capanema a EMATER-
PA em parceria com a EMBRAPA-AMAZONIA ORIENTAL implantaram duas
unidades demonstrativas de sistemas agroflorestais, nas áreas de agricultores
familiares contendo espécies frutíferas (cupuaçu, açaí e banana) e oleaginosas
(andiroba, nin indiano), consorciadas com o cultivo praticado pelo produtor
(mandioca, arroz, milho e feijão caupi), objetivando incentivar a adoção de
tecnologias dos SAFs por pequenos agricultores como alternativa do uso do
solo, recuperação de áreas alteradas ou degradadas, estimulando o
desenvolvimento rural sustentável.

93
Em Bragança-Pa, o modelo em estudo é composto pelos arranjos das
culturas alimentares (mandioca, milho, arroz e caupi) x frutíferas (açaí x banana
x côco, maracujá, mamão) x essências florestais (paricá, andiroba, mogno).
No município de São João de Pirabas-Pa, a EMATER –PA em parceria
com a UFRA vem implantando unidades de pesquisas com SAFs nas
comunidades de agricultores familiares, onde o sistema inicia-se com os
roçados sustentáveis com o arranjo das culturas alimentares (mandioca, milho
ou arroz e feijão caupi) x frutíferas (caju, goiaba, manga, limão) x essências
florestais (pau-rosa, andiroba). No município, encontramos ainda fazendo parte
da composição de diversos arranjos de SAFs o NIM indiano espécie medicinal
e a Teca espécie madeirável.
No município de Capitão-Poço-Pa, o arranjo de SAF tem como a cultura
principal a laranja, sendo consorciada com culturas alimentares e essências
florestais (mogno e paricá).
Os SAFs implantados na colônia nipo-brasileira de Tomé-Açu iniciaram
com a disseminação do Fusarium nos pimentais, que surgiu lentamente em
1957 e, passou a devastar os plantios a partir da década de 70 e da queda de
preços decorrente da expansão desordenada dos plantios. A expansão dessa
lavoura demonstrou a capacidade de resposta dos agricultores paraenses aos
sinais de mercado e preços favoráveis.
A busca de alternativas econômicas fez com que sistemas consorciados,
em rotação e seqüencial, com cultivos perenes e anuais fossem implantados,
visando aproveitar áreas antes, durante e depois do plantio da pimenta-do-
reino (HOMMA et al, 1995). Esses novos arranjos produtivos de culturas e
combinações despertou, com foco no mercado, o surgimento de dezenas de
SAFs nos municípios ao redor de Tomé-Açu.

5 ESTUDOS DE CASOS NO MUNICIPIO DE TOMÉ-AÇÚ

Segundo Serrão et al. (2006), o município de Tomé-Açu está localizado


no nordeste paraense, distante 230 Km da capital Belém. Os SAFs existentes
no município foram iniciados na década de 70 pelos agricultores de origem
japonesa, como alternativa aos problemas de doenças que atacaram o

94
monocultivo de Pimenta-do Reino e a necessidade de sombreamento da
cultura do cacau.
Localizada no ramal do Miriquita, aproximadamente 2 Km da Vila de
Quatro Bocas na propriedade do Sr.Takamatschu, os principais SAFs
praticados são (cacau x seringueira, banana, paliteira, teca, mogno, macaúba);
(Cupuaçu x pimenta-do-reino, paricá, abacaxi, açaí, maracujá, pueraria),
sendo toda a sua produção orgânica, utilizando o esterco de bode. Em 2004,
sua produção foi cerca de 3.000 t de açai e 600 t de cupuaçu, 250 t de abacaxi
e 5 t de cacau.
Na propriedade do Sr. Michinori Konagano, localizada no ramal do Breu,
aproximadamente 10 Km da vila de Quatro Bocas, os principais SAFs são
(cacau x paliteira, seringueira, taperebá, açai ); (Cupuaçu x seringueira,
taperebá, mogno, açai ), numa área plantada de 180 hectares, ocupados com
esses sistemas.
No ramal do Breu, aproximadamente 15 Km da vila de Quatro Bocas, os
principais SAFs encontrados na propriedade do Sr. Seiya Takaki são as
combinações das culturas (Cacau x castanha-do-brasil, teca, pimenta-do-reino,
mogno, maracujá, côco, cupuaçu ).
Localizada na segunda colonia denominada JAMIC, distante,
aproximadamente 30 Km da vila de Quatro Bocas, encontra-se a propriedade
do Sr. Sassahara sendo 20 hectares plantados com SAFs no arranjo de
culturas com Cacau x freijó, pau-rosa, mogno, macacaúba, cedro, castanha-do-
brasil, andiroba, tatajuba, seringueira, bacuri. Utiliza pó de serra e esterco de
gado como matéria orgânica, a produção do cacau é cerca de 600 a 700 g de
amendoa/pé, sem adubação. Nessa mesma propriedade existe um sistema de
25 anos incluindo cacau, mogno, andiroba, cedro, tatajuba, freijó e castanha-
do-brasil.
Ainda na colônia do JAMIC, distante, aproximadamente 31 Km da vila de
Quatro Bocas, a propriedade do Sr. Jorge Takahashi os principais SAFs são
(cacau x tatajuba, paliteira, eritrina, freijo, sucupira, seringueira, castanha-do-
brasil, jaca manteiga, cedro, mogno, ipê, sapucaia, piquiá, virola, cedro
vermelho, carambola, cumarú, açaí, bacaba, paricá, bacuri) e (Cupuaçu x açaí,
paricá, seringueira).

95
Há registros de SAFs implantados em áreas de assentamentos
localizado às margens do Rio Tomé-Açu distante, aproximadamente 30 Km da
sede do município, onde o assentamento foi estabelecido pelo INCRA há cerca
de 9 anos (1995/1996). O Sr. Floriano Gonçalves chegou ao local em 1988 e
possui uma área de 50 hectares de terra, onde iniciou suas atividades com o
cultivo da mandioca, arroz e milho, e depois plantou pimenta-do-reino. Agora,
busca a diversificação através dos SAFs, implantados com as culturas da
pimenta-do-reino x cupuaçu x mogno x côco x castanha-do-brasil. O agricultor
tem noção da importância da diversificação plantas do planejamento
necessário para o sucesso da atividade agrícola. Já o Sr. Raimundo Borges
Teixeira iniciou suas atividades com SAFs em 1995/96 e os principais são
cupuaçu x bacuri x abacate x açaí x piquiá x manga; pimenta-do-reino x cacau
x açaí; e pimenta-do-reino x côco x mogno. Está no assentamento há oito anos
e tem SAFs com cupuaçu já em produção, e vários sistemas em diferentes
fases, possuindo em torno de três hectares plantados.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda que os Sistemas Agrofloretais sejam preconizados como uma


alternativa capaz de promover mudanças ambientais e sociais em regiões
tropicais úmidas, na Amazônia, fatores econômicos, sociais, culturais e
políticos, não têm criado um cenário favorável, para que essa modalidade de
uso da terra, seja uma atividade economicamente atrativa e incorporada aos
interesses dos diferentes segmentos da sociedade.

A mudança da condição de economia de subsistência, tradicionalmente


aceita nas regiões tropicais, para uma economia de mercado dos sistemas
agroflorestais, exige da pesquisa e da experimentação uma postura, apontada
para o estudo, desenvolvimento e aperfeiçoamento de tecnologias para esta
modalidade de uso da terra. Que, seja capaz, também, de promover uma
integração entre as ações realizadas pelo homem, sob todos os pontos de
vista: produção, consumo, indústria, pecuária, agricultura e meio ambiente,
evitando criar situações como áreas degradadas, exploração desordenada da
floresta, manutenção da pobreza de pequenos produtores, além do êxodo rural.

96
A agrofloresta deve ser praticada com a intenção de desenvolver formas
mais sustentáveis de uso da terra, que possam incrementar a produtividade na
propriedade e o bem estar da comunidade rural. Na Amazônia, já existem
inúmeros consórcios implantados e bem sucedidos, muitos deles em plena
produção, tanto em instituições de pesquisa como em área de produtor. No
entanto, necessita-se avaliar parâmetros quantitativos e qualitativos das
variáveis do meio biofísico dos SAF´s de interesse sócio-econômico já
existentes no meio rural da região Amazônica.

Na área tecnológica, a limitação para que pequenos agricultores da


Amazônia adotem os Sistemas Agroflorestais como atividade agroeconômica,
está principalmente, na falta de informações sobre o manejo dos sistemas, na
complexidade das interações entre os diferentes componentes (específicas
para cada região), os quais dificultam a generalização de conclusões e
recomendações. Enumeras dificuldades são apontadas quanto ao cultivo de
SAFs, sendo as principais: a organização dos produtores, combinação de
plantas, espaçamento, colheita, além da deficiência da assistência técnica,
pesquisa, financiamento, políticas de incentivos e certificação .

A falta do monitoramento contínuo de espécies agrícolas e florestais em


sistemas agroflorestais ao longo do tempo é um dos problemas que impedem o
avanço do conhecimento do desempenho produtivo nesses sistemas
diversificados. Isso leva à falta de domínio dos processos e não favorece a
difusão dos resultados para os produtores.

Os arranjos de SAF a serem implantados são, em sua essência,


peculiares a cada realidade e devem ser adaptados as condições ambientais e
socioeconômicas da região. Restando assim, o conhecimento dos modelos de
SAFs para nortear as tomadas de decisão e reduzir os riscos inerentes.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALTIERI, M. A. Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. Rio de Janeiro:


PTA/FASE, 1989.

97
BAGGIO, A.J. Alternativas agroflorestais para recuperação de solos degradados na região Sul
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Agroecológico. Recife: Sabiá, 2000.

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2002. Disponível em:http://www.sbsaf.org.br/anais/2004/pdfs/oral/secao_2/p2_04.pdf.>. Acesso
em: 20 de outubro de 2007.

98
ANEXOS

99
ANEXO I

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

Pelo presente EDITAL, ficam convocados todos os membros da


............................................................para a Assembléia Geral (de fundação,
Ordinária ou Extraordinária) que será realizada no dia ...de.....de 2007, tendo
como local ............................., com início previsto às ... horas, em primeira
convocação com a maioria dos sócios presentes, ou às ....... horas, em
segunda convocação, com qualquer número de sócios presentes, para
deliberar sobre a seguinte ordem do dia:
I-Discussão sobre a Fundação da Associação;
II-Discussão e aprovação do Estatuto Social;
III-Fixação do valor da taxa de contribuição para a Associação;
IV-Eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal;
V- O que ocorrer.

...................,.....de.........de 2007

_________________________________________
Assinatura do Presidente

100
ANEXO II

MODELO DA ATA DE CONSTITUIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

Aos ....dias do mês de ............... do anos de Dois mil e ......, na cidade de


..............., Estado do Pará, reuniram-se as pessoas a seguir indicadas, com o
propósito de constituir uma Associação de Mini e Pequenos Produtores Rurais,
sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos: (indicar
a seguir, o nome, nacionalidade, estado civil, profissão, naturalidade e
residência de cada uma das pessoas). Para coordenar os trabalhos, a
Assembléia escolheu, por aclamação, o senhor ........................................ que
convidou a mim, ................................, para lavrar esta ata. Em seguida
procedeu-se a leitura e discussão do Estatuto Social, o que foi feito artigo por
artigo. O Estatuto foi aprovado pelo voto de todas as pessoas anteriormente
identificadas. Prosseguindo os trabalhos, a Assembléia procedeu a eleição dos
primeiros membros da Diretoria e do Conselho Fiscal, tendo o resultado sido o
seguinte: Presidente:...............................; Vice-
Presidente:.........................................; Primeiro e Segundo Secretários:
............................ e ...........................; Primeiro e Segundo Tesoureiros:
................................ e ........................ e para Membros efetivos do Conselho
Fiscal: ............,................. e ............... tendo sido eleitos como
suplentes:.....................,......................e....................... Todos os membros
eleitos já se encontram devidamente identificados nesta Ata. Após a eleição, o
Presidente da mesa deu posse aos eleitos e declarou definitivamente
constituída a nova Entidade com o nome de Associação
.............................................., com Administração e sede em
.............................., Município de ........................, Estado do Pará, sob forma de
pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos, criada ao abrigo do
Código Civil Brasileiro, que terá como objetivo a prestação de quaisquer
serviços que possam contribuir para o fomento e a racionalização das
explorações (agropecuárias ou minerais) e para melhorar as condições de vida
de seus associados e dependentes. A Assembléia deliberou, ainda, por
unanimidade, fixar em R$-........ (indicar o valor por extenso) o valor da
contribuição de cada associado para o primeiro exercício social. E nada mais

101
havendo a tratar os trabalhos foram encerrados e eu, ........................................
que servi de secretário (a), lavrei esta Ata, que lida e achada conforme, vai ser
assinada por todos os presentes.

___________________________________________
Presidente da Assembléia

___________________________________________
Secretário (a) da Assembléia

___________________________________________
Presidente da Associação

____________________________________________
Associado (nome)

____________________________________________
Associado (nome)

____________________________________________
Associado (nome)

____________________________________________
Associado (nome)

____________________________________________
Associado (nome)

102
ANEXO III

ESTATUTO SOCIAL DA ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS

ESTATUTO SOCIAL DA ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS DA


COMUNIDADE DA ......................... - ....................(sigla)

CAPÍTULO I

DA ASSOCIAÇÃO E SEUS FINS

Art. 1º - A Associação ............. ................................ - ..............(sigla) é uma


pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômico, de caráter filantrópico,
de duração ilimitada, com sede e foro no Município de ..................., no Estado
do Pará, e rege-se pelo presente estatuto.

§ Único – A sede provisória da Associação............................................, fica


situada na Comunidade da ............, no município de ......................, no Estado
do Pará.

Art. 2º - São seus fins:

I. Promover, pelos meios a seu alcance a prestação de serviços que


possam contribuir para o fomento e racionalização das atividades
agropecuárias e a defesa das atividades econômicas, sociais e culturais
de seus associados;
II. Promover cursos, palestras, simpósios, mesas redondas, sobre temas
de atualidade ou de interesse dos associados;
III. Promover o transporte, o beneficiamento, o armazenamento, a
classificação, a industrialização, a assistência técnica e outros serviços
necessários a produção para servir de assessoria ou representante dos
associados na comercialização de insumos e da produção;
IV. Manter serviços próprios de assistência médica, dentária, recreativa,
educacional, jurídica constituindo-se neste particular, em mandatária dos
associados no que diz respeito a ecologia, ao meio ambiente, a defesa
do consumidor;

103
V. Desenvolver uma consciência associativa entre seus associados;
VI. Manter permanente intercâmbio com entidades congêneres;
VII. Firmar com Entidades congêneres ou com Entidades Públicas ou
Privadas, convênios, acordos, contratos, para fins determinados;
VIII. Participar ativamente do progresso e da vida sócio-econômica do
Município e da Região;
IX. Desenvolver todas as atividades previstas neste Estatuto e as que forem
determinadas pelas Assembléias;

Art. 3º - É vedado à Associação discutir e propagar ideologia sectária de


natureza política;

Art. 4º - A fim de cumprir suas finalidades a Associação


..............................................................................., poderá se organizar em
tantas unidades quantas forem necessárias, em qualquer parte do território
nacional, para realizar sua missão e objetivos.

CAPÍTULO II

DOS SÓCIOS

Art.5º - A associação terá número ilimitado de sócios, os quais não


responderão subsidiariamente pelas obrigações sociais.

Art.6º - Serão admitidos como sócios todas as pessoas idôneas, a juízo da


Diretoria.

Art.7º - Haverá as seguintes categorias de sócios:


I. Fundadores, os que assinarem a ata de fundação da entidade;
II. Contribuintes, os que pagarem a mensalidade estabelecida pela
Diretoria;
III. Beneméritos, aqueles que, pelos serviços prestados ou donativos feitos
à associação, mereçam este título por decisão da Diretoria.

104
CAPÍTULO III
DOS DIREITOS E DEVERES DOS SÓCIOS

Art. 8º - Ao sócio quite, salvo as exceções previstas neste estatuto, são


reconhecidos os seguintes direitos:

I. Votar e ser votado para os cargos da Diretoria e Conselho Fiscal;


II. Propor a admissão de sócios e convocar a Assembléia Geral, nos
casos e pela forma prevista;
III. Assistir às Assembléias Gerais, participando de suas discussões,
votações e deliberações;
IV. Gozar de todos os serviços e benefícios oferecidos pela Associação,
para si e seus dependentes;
V. Exercer a qualidade de representante da Associação no município ou
distrito fora da sede, quando designado pela Diretoria Administrativa;
VI. Participar de Simpósios, Mesas Redondas e Cursos oferecidos pela
Associação;
VII. Propor à Diretoria a instituição de novos Serviços ou Departamentos,
normas de trabalho ou apresentar sugestões para o aprimoramento e
melhoria dos serviços;
VIII. Propor a admissão de novos Sócios Efetivos e indicar nomes para
Beneméritos;
IX. Denunciar à Diretoria, ao Conselho Fiscal ou à Assembléia, fatos de
que tenha conhecimento e que resultem em prejuízo ou desabono da
Associação;
X. Representar ao Conselho Fiscal ou a Assembléia, contra atos da
Diretoria ou de Diretores, considerados lesivos ao patrimônio da
Associação;
XI. Apresentar chapas para os cargos de Diretoria e Conselho Fiscal,
votando e sendo votado para os mesmos;
XII. Apresentar à Diretoria, para apreciação da Assembléia, sugestões
para a reforma deste Estatuto;
XIII. Votar, na Assembléia de dissolução da Associação para a destinação
de seus bens e valores remanescentes;

105
XIV. Cumprir e fazer cumprir este Estatuto e o Regimento Interno;

§ 1º - Pode o sócio ausente, para efeito da Assembléia Geral, ordinária ou


extraordinária, fazer-se representar por procuração ou simples carta por outro
associado, reconhecida sua autenticidade pela Diretoria, com os poderes
especiais exarados em referência ao assunto da referida Assembléia.

§ 2º - Cada sócio presente às assembléias não poderá representar, por


procuração ou carta, mais do que um sócio ausente.

§ 3º - Os diretores não poderão votar, quando se tratar de seus atos ou contas.

§ 4º - Para candidatar-se a algum cargo de Diretoria, o sócio deverá ter no


mínimo seis meses de participação no quadro social da Associação dos
Produtores Rurais da Comunidade da Esmera.

§ 5º - Para candidatar-se a qualquer cargo de Diretoria, o associado deverá ser


regularmente estabelecido, bem como ter idoneidade moral;

§ 6º - Para candidatar-se a qualquer cargo de Diretoria, o associado deverá


estar em dia com suas contribuições mensais.

Art. 9º - São deveres do sócio:

I. Exercer os cargos e participar das comissões para os quais forem


eleitos ou designados;
II. Respeitar e cumprir este Estatuto e o Regimento Interno e as ordens
emanadas dos órgãos competentes, cooperando, direta ou
indiretamente, para o engrandecimento e o bom nome da Associação;
III. Satisfazer pontualmente as obrigações sociais devidas, sendo a
contribuição paga mensalmente;
IV. Zelar pela conservação do material, dos bens móveis e imóveis da
Associação, indenizando qualquer prejuízo que tenha causado por
dolo ou culpa.

106
§ 1º - Será feito o pagamento de jóia no ato da proposta e inscrição e a
primeira contribuição mensal, até a data determinada pela Diretoria;

§ 2º O valor das contribuições mensais e da jóia serão estabelecidos pela


Diretoria;

§ 4º - No caso de atraso até o 10º (décimo) dia subseqüente da contribuição do


mês anterior, será acrescida multa de 2% (dois porcento) do valor a ser
cobrado, além de suspender o direito de gozo dos benefícios da Associação,
até sua quitação;

§ 2º - No caso de readmissão, se sócio efetivo afastado, obriga-se o


pagamento de nova jóia, além das contribuições atrasadas;
§ 5º - O carnê de pagamento das contribuições deverá ser quitado em agência
bancária autorizada ou na sede da Associação.

Art. 10º - Suspende-se o exercício dos direitos dos sócios:


I. Por denúncia e julgamento em crime inafiançável, enquanto durar
seus efeitos;
II. Por procedimento irregular dentro da sede da Associação, com pena
de suspensão, a ser ficada pela Diretoria;
III. Por manifestação pública ou escrita, em detrimento do patrimônio
moral da Associação;
IV. Por criar embaraços aos trabalhos da Associação, promover o seu
descrédito, com penas de suspensão, dadas pelo Presidentes, ouvida
a Diretoria, em prazo não excedente a 12 (doze) meses.
V. Por falta de pagamento contribuição mensal, por três meses
consecutivos, limitada essa suspensão de um a dois meses, a juízo
da Diretoria Administrativa.

Art. 11º - O sócio será excluído:

I. Por condenação em crime infamante, em sentença regular e


definitiva;

107
II. Por falta de pagamento da contribuição social, quando antes tiver sido
punido na forma do inciso VI, do artigo 18º;
III. Por infração a disposição do Estatuto, Regimento Interno,
Regulamentos e deliberações da Diretoria Administrativa, ou por atos
que atentarem contra os objetivos sociais;
IV. Por reincidência em faltas que já tenham dado motivo a suspensão;
V. Por perda de seus direitos civis;
VI. Por malversação de bens e valores da Associação, sob pena de
processo criminal subseqüente;

§ 1º - Assegurar-se-á ao associado, o direito de plena defesa junto a Diretoria,


no prazo de 3 (três) dias da notificação da punição, podendo recorrer à
Assembléia que julgará a questão à parte;

§ 2º - Os sócios Beneméritos só poderão ser suspensos ou eliminados


mediante proposta justificada da Diretoria Administrativa e deliberação da
Assembléia Geral, por maioria dos membros presentes.

§ 3º - Das punições impostas pela Diretoria Administrativa, cabe recurso ao


Conselho Fiscal, dentro de 30 (trinta) dias da respectiva notificação, feita por
escrito e enviada ao sócio no prazo de 10 (dez) dias da punição.

CAPÍTULO IV

DOS ÓRGÃOS, SUA ESTRUTURA E FINALIDADES

Art. 12º - São órgãos da Associação


...............................................................................
I. A Assembléia Geral;
II. A Diretoria Administrativa;
III. O Conselho Fiscal.

108
CAPÍTULO V
DA ASSEMBLÉIA GERAL

Art. 13º - A Assembléia Geral é o órgão soberano, de poder máximo da


Associação .......................................................................................
Art. 14º - A Assembléia Geral, constituída pelos sócios quites, pertencentes às
categorias dos incisos I e II, do artigo 6º, deste Estatuto, será realizada
ordinariamente de 02 (dois) em 02 (dois) anos, em local, dia e hora prévia e
expressamente designados pela Diretoria Administrativa, por edital de
convocação com antecedência de 08 (oito) dias.

§ Único – O Presidente da Associação, instalará a Assembléia e passará em


seguida a presidência da sessão ao sócio que for para tal fim aclamado pelos
presentes.

Art. 15º - A Assembléia Geral Ordinária reunir-se-á no 2º Domingo de


Dezembro para prestação de contas da Diretoria Administrativa que encerrar o
mandato, eleição e posse dos órgãos sociais.

Art. 16º - A Assembléia Geral Extraordinária reunir-se-á quando convocada,


discutindo e deliberando somente sobre assuntos expressamente constantes
da convocação.
§ Único - Garante-se a um quinto dos associados o direito de convocá-la.

Art. 17º - Compete, privativamente, à Assembléia Geral:

I. Eleger, a cada dois anos, no mês de Dezembro, a Diretoria


Administrativa e o Conselho Fiscal da Associação;
II. Discutir, a cada dois anos, no mês de Dezembro, o relatório da
Diretoria Administrativa, balanço, contas e respectivo parecer do
Conselho Fiscal, assim como dar posse aos membros eleitos dos
órgãos sociais;
III. Destituir os administradores;

109
IV. Alterar o Estatuto;
V. Resolver e autorizar quaisquer operações referentes ao patrimônio da
Associação;
VI. Resolver sobre a extinção da Associação;
VII. Resolver os casos omissos, que lhe sejam submetidos pela Diretoria
Administrativa.

§ 1º - A Assembléia Geral se instalará em primeira convocação com a


presença de pelo menos 2/3 dos sócios quites e deliberará por maioria de
votos dos sócios presentes.

§ 2º Para tratar de assuntos mencionados III e IV, é exigido o voto concorde de


dois terços dos presentes à assembléia especialmente convocada para esse
fim, não podendo ela deliberar, em primeira convocação, sem a maioria
absoluta dos associados, ou com menos de um terço nas convocações
seguintes.

§ 3º - Em segunda convocação, a Assembléia Geral se instalará 01 (uma) hora


após a primeira, com qualquer número de sócios quites, e deliberará por
maioria dos votos dos sócios presentes, exceto quanto às matérias dos incisos
III e IV.

§ 4º - As votações serão simbólicas nos diferentes assuntos de que tratar,


podendo ser secretas ou nominais.

Art. 18º - As eleições nas Assembléias Gerais serão por voto secreto.
§ 1º - O Presidente da mesa convidará 02 (dois) associados para servirem
como escrutinadores.
§ 2º - A chamada para votação será feita pelo livro de presença.

Art. 19º - Apurada a votação e constatado empate, será considerado eleito o


candidato a presidente mais idoso.

110
Art. 20º - As convocações para a Assembléia Geral serão, obrigatoriamente,
fundamentadas.

CAPÍTULO VI

SEÇÃO I
DA DIRETORIA ADMINISTRATIVA

Art. 21º - A Diretoria Administrativa, órgão executivo da Associação dos


Produtores Rurais da Comunidade da Esmera, será constituída de 12 (doze)
diretores, eleitos pela Assembléia Geral, a saber: Presidente; Vice-Presidente;
1º Secretário. 2º Secretário, 1º Tesoureiro e 2º Tesoureiro, 1º Conselheiro, 2º
Conselheiro, 3º Conselheiro e respectivos suplentes.

§ 1º - Para concorrer à Diretoria Administrativa, inclusive à Presidência da


Associação e ao Conselho Fiscal, os candidatos deverão figurar em chapas
apresentadas à Secretaria da Associação, até 07 (sete) dias antes do pleito, os
quais deverão assinar a indicação do seu próprio punho.

§ 2º- Não serão apurados votos em favor de candidatos cujos nomes não
tenham sido registrados na forma do § 1º.

Art. 22º – O mandato dos integrantes dos órgãos sociais é de 02 (dois) anos,
com poderes e atribuições conferidos pelo presente Estatuto, iniciando seu
mandato no dia da posse.

Art. 23º - A Diretoria Administrativa se reunirá mensalmente para examinar e


resolver todos os assuntos de interesse geral. Em caso de necessidade
poderão as reuniões realizar-se com maior freqüência, desde que assim
delibere a própria Diretoria Administrativa, ou sejam convocadas pelo
Presidente.

111
§ Único – Dessas reuniões da Diretoria Administrativa, serão lavradas atas em
livro próprio, assinando-as, depois de aprovadas, o Presidente e o Secretário,
ou, nos seus impedimentos, os respectivos substitutos.

Art. 24º - A Diretoria Administrativa só poderá deliberar achando-se presentes


no mínimo 03 (três) de seus membros eleitos e as decisões serão tomadas por
maioria de votos, cabendo ao Presidente o voto de qualidade.

Art. 25º - Vagando um ou mais cargos, a Diretoria Administrativa preencherá


as vagas que se verificarem.

Art. 26º - Renunciando a Diretoria Administrativa, antes do término do


mandato, deverá o Presidente, mesmo resignatário, convocar imediatamente
uma Assembléia Geral, para tomar conhecimento da renúncia.

§ 1º - Se o Presidente se recusar a fazer a convocação, que deverá ser feita no


prazo máximo de 03 (três) dias, a mesma será feita pelo Vice-Presidente, o
qual, em idênticas condições, será substituído pelos membros seguintes da
Diretoria.

§ 2º - Aceita a renúncia, a Assembléia Geral elegerá a nova Diretoria


Administrativa, que será imediatamente empossada e servirá pelo tempo que
faltar para completar-se o mandato da resignatária.

Art. 27º - O exercício dos cargos da Diretoria Administrativa não será


remunerado;

Art. 28º – Perderá o mandato o diretor que, sem motivo justificado, deixar de
comparecer a três reuniões consecutivas, ou a seis alternadas, em cada ano
de mandato, preenchendo-se a vaga na forma do artigo 33.

Art. 29º - Compete à Diretoria Administrativa:

112
I. Criar os lugares de empregados necessários aos serviços da
Associação, fixando-lhes os respectivos ordenados, podendo abonar-
lhes gratificações, quando julgar merecedores;
II. Administrar as rendas e os bens da Associação;
III. Deliberar sobre a atitude da Associação em face das questões que
afetem os interesses das classes que representa;
IV. Fazer cumprir as deliberações da Assembléia Geral;
V. Resolver sobre a aplicação do dinheiro e bens sociais, autorizar
empréstimos amortizáveis com os recursos da Associação, podendo
fazer operações até cinqüenta vezes o valor do salário mínimo local,
independentemente de parecer prévio do Conselho Fiscal;
VI. Fixar a contribuição mensal dos sócios;
VII. Elaborar o Regimento Interno;
VIII. Promover a locação de prédio em que tiver de funcionar a
Associação, bem como, os meios para a construção ou aquisição de
um edifício apropriado à sua sede.

Art. 30º - São de competência do Presidente, além do desempenho, em geral,


das funções decorrentes do seu cargo e das funções que lhe atribuem este
Estatuto:

I. Representar a Associação nos atos de sua vida social e jurídica,


podendo delegar poderes, de preferência a um Diretor. A
representação jurídica somente poderá ser delegada com aprovação
da Diretoria;
II. Dirigir os trabalhos da Diretoria Administrativa e exercer o voto de
qualidade, nos caso de empate;
III. Apresentar, a cada biênio, à Assembléia Geral, em nome da Diretoria
Administrativa, o relatório referente ao período de seu mandato, as
contas e os balanços do mesmo período, bem como o parecer do
Conselho Fiscal;
IV. Exercer a superintendência geral de todos os serviços da Associação,
sem prejuízo das funções especiais que competem ao Secretário,
Tesoureiro e Diretores de Departamentos, se houver;

113
V. Assinar, na forma do parágrafo único do artigo 31, as atas das
reuniões da Diretoria;
VI. Assinar correspondência oficial da Associação, bem como os
diplomas dos sócios;
VII. Tomar qualquer providência de caráter urgente, em assuntos que
sejam do interesse da Associação, respeitando rigorosamente o
presente Estatuto, quando não possa reunir-se de pronto a Diretoria
Administrativa, a cuja aprovação submeterá, posteriormente, o seu
ato;
VIII. Visar quaisquer despesas necessárias, assim como as folhas de
pagamento dos empregados;
IX. Convocar as reuniões da Assembléia Geral, da Diretoria
Administrativa e do Conselho Fiscal;
X. Admitir e dispensar os empregados da Associação;
XI. Assinar, juntamente com o 1º Tesoureiro, os balanços e os cheques
para movimentação de fundos bancários;
XII. Acompanhar a movimentação bancária;
XIII. Nomear, entre os Diretores eleitos, os Diretores de Departamentos
que a Diretoria Administrativa venha a criar;
XIV. Realizar despesas se referentes a reformas ou reparos que importem
na segurança do prédio da Associação, devendo, neste caso, com um
Diretor que convocará, assistir os serviços, visar os documentos e
apresentar à Diretoria Administrativa as contas pagas para que esta
faça constar de ata o seu parecer;

Art. 31º - Ao Vice-Presidente, compete substituir o Presidente em seus


impedimentos temporários, exercendo as respectivas funções, e participar de
todas as reuniões de Diretoria.

Art. 32º - Compete ao 1º Secretário:


I. Secretariar as reuniões da Diretoria Administrativa, cujas atas ficarão
a seu cargo e assinar o expediente na ausência do Presidente;
II. Superintender todos os serviços da Secretaria e assinar os diplomas
dos sócios;

114
Art. 33º - Compete ao 2º Secretário:

I. Auxiliar o primeiro Secretário em suas atribuições, e substituí-lo em


seus impedimentos.
Art. 34º - Compete ao 1º Tesoureiro:

I. Superintender os serviços de tesouraria;


II. Pagar as despesas devidamente visadas pelo Presidente;
III. Promover os meios necessários para que os serviços de arrecadação
correm normalmente, evitando, o mais possível, atrasos no
recebimento das mensalidades;
IV. Notificar, mensalmente, à Diretoria Administrativa, quais os sócios em
atraso, fazendo expedir avisos especiais para a cobrança;
V. Apresentar, mensalmente, à Diretoria Administrativa os balancetes;
VI. Recolher a um ou mais estabelecimentos bancários, indicados pela
Diretoria Administrativa, o saldo que houver em caixa, quando
superior a importância correspondente a 100% (cem por cento) do
valor do salário mínimo
VII. Assinar, juntamente com o Presidente, os cheques e demais papéis
para movimento de fundos;
Elaborar anualmente o balanço geral, para conhecimento da Diretoria
Administrativa.

Art. 35º - Compete ao 2º Tesoureiro


I. Auxiliar o 1º Tesoureiro em suas atribuições, e substituí-lo em seus
impedimentos;

CAPÍTULO VII
DO CONSELHO FISCAL

Art. 36º - O Conselho Fiscal é composto de 03 (três) membros efetivos e mais


03 (três) suplentes, todos eleitos pela Assembléia Geral, competindo-lhe
privativamente:

115
I. Reunir-se, pelo menos 02 (duas) vezes durante cada exercício, ao fim
de cada semestre, para exame das contas e estado da caixa,
lavrando-se o competente parecer no livro próprio;
II. Opinar sobre todos os assuntos patrimoniais e financeiros que lhe
sejam encaminhados pelo Diretoria Administrativa;
III. Representar à Assembléia Geral, quanto a quaisquer irregularidades
verificadas na execução das contas;
IV. Emitir, a cada biênio, parecer sobre o relatório da Diretoria e o
Balanço, encaminhando seu parecer à Assembléia Geral.

§ Único: O Conselho Fiscal deliberará com o mínimo de 02 (dois) membros.

CAPÍTULO VIII
DO PATRIMÔNIO SOCIAL E FONTES DE RECURSOS

Art. 37º - O patrimônio da Associação compõe-se dos seus bens móveis e


imóveis, assim como de títulos de quaisquer natureza.

§ Único – A Assembléia Geral, nos termos do artigo 25, inciso V, poderá


autorizar quaisquer operações com bens móveis e imóveis pertencentes ao
patrimônio da Associação.

Art. 38º - O excesso disponível entre a receita e a despesa poderá ser aplicado
na forma julgada melhor pela Diretoria Administrativa.

Art. 39º - As fontes de recursos da Associação dos Produtores Rurais da


Comunidade da Esmera são:
I. Jóias de admissão dos associados, contribuição mensal dos
associados e contribuição em parcela única dos sócios remidos;
II. Resultados de aplicações financeiras;
III. Lucros auferidos em operação de bens móveis e imóveis da
Associação;

116
IV. Doações de pessoas físicas, pessoas jurídicas de direito público e
pessoas jurídicas de direito privado

CAPÍTULO IX
DAS ELEIÇÕES

Art. 40º - As eleições da Associação


........................................................................, obedecerão os seguintes
princípios:

I. Serão feitas obrigatoriamente por voto secreto;


II. Poderão votar e ser votados os sócios quites conforme disposto no
artigo 16.
III. Será admitido o voto por procuração;
IV. Nas eleições para a Diretoria Administrativa e Conselho Fiscal, não
serão apurados votos a candidatos que não tenham sido registrados
de acordo com o disposto no artigo 20 e seus parágrafos;
V. Para registro de chapas, os interessados serão convocados por
edital, 8 (oito) dias antes da abertura das inscrições.

CAPÍTULO X

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 41º - Os Diretores, Associados e Conselheiros não respondem pelas


obrigações contraídas pela Associação, salvo na hipótese de terem agido com
excesso de poderes e pelos atos praticados com violação à Lei ou a este
Estatuto, quando respondem solidariamente.

Art. 42º - Nas sessões da Diretoria Administrativa, Conselho Fiscal e


Assembléias Gerais, é expressamente proibida qualquer manifestação de
ordem político - partidária, sendo defeso à Associação, sob qualquer pretexto,
tomar atitude de partidarismo político, ou que com estes se relacionem.

117
Art. 43º - A Associação não recomendará aos membros da classe de pessoas
que desejam fazer propaganda, pleitear donativos, assinaturas, ou conseguir
vantagens de interesses particular.

Art. 44º - O salão e as demais dependências do edifício social não poderão ser
cedidos para nele se realizarem quaisquer solenidades de caráter político ou
religioso.

§ Único – Somente a Diretoria Administrativa poderá resolver sobre a cessão


de suas dependências, nos casos não expressamente proibidos.

Art. 45º - Aos Sócios Beneméritos, serão conferidos, pela Diretoria


Administrativa, diplomas especiais que atestem essa qualidade.

Art. 46º - Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido,


será destinado à entidade de fins não econômicos a ser decidida por
Assembléia Geral.

§ 1º Os associados, antes da destinação do remanescente referida neste


artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições
que tiverem prestado ao patrimônio da associação.

§ 2º Não existindo no Município ou no Estado, em que a associação tiver sede,


instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu
patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado ou da União.

CAPÍTULO XI

DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 47º - Este Estatuto entrará em vigor na data de sua aprovação pela
Assembléia Geral.
APROVADO PELA ASSEMBLÉIA GERAL REALIZADA NO DIA
......DE.............. DE 2007
__________________________________________

118
Secretário da Assembléia
_____________________________
Presidente da Assembléia

Associados:
_______________________________
_______________________________
_______________________________

___________________________
Presidente da Associação
_______________________________
Advogado:
OAB Nº

119
ANEXO IV
REQUERIMENTO PARA REGISTRO EM CARTÓRIO

Ilmº Sr. Oficial do Cartório de Registro de Título e Documentos

A Pessoa Jurídica de direito privado denominada


.................................................................................., com sede no município de
.......................................... à Comunidade de .......................... e foro nesta
comarca, representada neste ato por seu presidente, Sr.
........................................................................, residente à
...................................., requer a V. As. se digne determinar o registro e
arquivamento do Estatuto Social e da Ata de Constituição de acordo com a
legislação em vigor.

Nestes Termos
Pede Deferimento
...........................,......... de............................de 2007
_____________________________________________
Presidente

120
ANEXO V
TERMO DE ABERTURA PARA O LIVRO DE ATA

TERMO DE ABERTURA
Servirá o presente livro com ........ folhas numeradas
tipograficamente de 01 a ...... para lavratura das atas das reuniões de
Assembléia Geral, Ordinárias e Extraordinárias da
Associação.............................................................................................................
..

....................., .......de..........................de 2007

(Assinatura do Presidente)

OBS.: No livro de ata não se deve deixar linhas e páginas em branco; não se
usa ponto parágrafo, tudo é em seguida.

ANEXO VI
TERMO DE ENCERRAMENTO DO LIVRO DE ATA

TERMO DE ENCERRAMENTO

Serviu o presente livro com ........ folhas numeradas


tipograficamente de 01 a ........ para lavratura das atas das reuniões de
Assembléia Geral, Ordinárias e Extraordinárias da
Associação................................................................................................

......................, ...... de ..............................de 2007

Assinatura do Presidente

Obs.: Este termo só deve lavrado quando o livro de atas estiver concluído.

121
ANEXO VII

A ORGANIZAÇÃO DE PESSOAS JURÍDICAS NO NOVO CÓDIGO CIVIL


E AS RELAÇÕES DE TRABALHO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA([1])

Daniel Rech ([2])

Em 11 de janeiro de 2003 entrou em vigor o Novo Código Civil Brasileiro


(NCC). E ele traz novidades que irão repercutir bastante na vida das
associações e, de modo todo especial, para as cooperativas.
A classificação geral das pessoas jurídicas mantém a estrutura já prevista no
Código Civil anterior, dividindo-as em pessoas jurídicas de direito público e
pessoas jurídicas de direito privado.
As pessoas jurídicas de direito privado (que são as que mais nos interessam
neste texto) estão classificadas de forma diferente do que consta no Código
Civil em vigor até janeiro de 2003. Não mais existe a classificação das
sociedades civis com e sem fins lucrativos e comerciais mas agora a
estrutura das pessoas jurídicas de direito privado obedece apenas a três
tipos (conforme diz o artigo 44):

1. As associações,
2. As sociedades,
3. As fundações.

Para todas elas ficam valendo as seguintes regras gerais:


a) O Registro destas pessoas jurídicas, seja feito em Cartório ou nas
Juntas Comerciais, deverá declarar (artigo 46 do NCC):

1. A denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo


social, quando houver.
2. O nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos
diretores.
3. O modo por que se administra e representa, ativa e passivamente,
judicial e extrajudicialmente.
4. Se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de
que modo.
5. Se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas
obrigações sociais.
6. As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu
patrimônio, nesse caso.

122
b) Nos casos de abuso da personalidade jurídica caracterizado pelo
desvio de finalidade ou por problemas que envolvam o seu patrimônio
(como apropriação privada dos seus bens), pode haver a transferência de
obrigações, por decisão judicial, aos bens particulares dos administradores
ou sócios da pessoa jurídica (artigo 50), mesmo que os estatutos da
associação, por exemplo, digam que a responsabilidade dos associados é
limitada.
Isso colocado, vamos fazer uma breve análise dos pontos mais
importantes que dizem respeito à vida das associações, das sociedades e
das fundações.

I – ASSOCIAÇÕES
O Novo Código Civil Brasileiro mantém de definição destas pessoas
jurídicas pela negativa ou seja, coloca como referencial a atividade
econômica como central na vida das pessoas jurídicas (e nisso não inovou
a respeito do Código Civil anterior) e diz que as Associações são
constituídas “pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos” (artigo 53). Isso também confirma que as associações não
se destinam a atividades que tenham finalidades econômicas como a
comercialização de bens ou serviços.
O que foi estipulado de novo para as associações:

a) Observadas as regras gerais estabelecidas para o registro (acima


citadas), os Estatutos da associação deverão conter obrigatoriamente
(artigo 54):
1) A denominação, os fins e a sede da associação.
2) Os requisitos para admissão, demissão e exclusão dos
associados.
3) Os direitos e deveres dos associados
4) As fontes de recursos para a sua manutenção
5) O modo de constituição e funcionamento dos órgãos
deliberativos e administrativos
6) As condições para a alteração das disposições estatutárias
e para a sua dissolução.

b) A possibilidade de instituir categorias de associados com vantagens


especiais mesmo que o Novo Código Civil não tenha estabelecido que tipo
de vantagem seja esta. O artigo 55 diz que “os associados devem ter
direitos iguais, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens
especiais”.

123
c) As assembléias gerais só podem aprovar contas e alterar os
estatutos com a aprovação de 2/3 dos presentes na mesma e só
poderão ser instaladas, em primeira convocação, com a presença de
pelo menos a metade mais um dos associados e, nas convocações
seguintes, com a presença de pelo menos 1/3 dos associados. É o que
diz o artigo 59 e esta parece ser uma das inovações importantes e que vão
alterar a forma de decidir de muitas associações já que, em muitas vezes,
as associações aprovam as contas com qualquer número de associados
presentes.

d) As decisões de assembléia que digam respeito à exclusão de


associados do quadro social somente podem ser tomadas por pelo
menos metade mais um dos associados presentes e referida assembléia
terá de ter sido convocada especialmente com esta finalidade (isso está no
Artigo 57 do NCC).

e) E outra novidade importante introduzida pelo Novo Código Civil é o


artigo 61 que diz respeito à possibilidade de que, havendo a dissolução
da entidade, pagas as dívidas e obrigações, havendo remanescente
patrimonial, possam ser restituídas as contribuições que os
associados prestaram à associação, desde que devidamente
comprovadas através de registro.

Do ponto de vista tributário, as associações são imunes a impostos sobre


renda, desde que cumpram alguns requisitos, especialmente no que se
refere:
a) à não remuneração dos seus dirigentes,
b) à não distribuição de sobras/ganhos financeiros para os seus
associados e
c) à aplicação de suas rendas e patrimônio na consecução dos objetivos,
em território nacional.
Os tributos se destinam para fins públicos. A associação é uma ação
privada complementar aos poderes públicos, visando o bem comum. Por
isso, ela está imune à tributação. As áreas previstas para a imunidade, de
acordo com a Constituição Federal (artigo 150), são a educação e a
assistência social.

Registro e Regulamentação:
Para o registro das associações, a ata de fundação, juntamente com os
estatutos, devidamente registrados em Cartório, devem ser apresentados à
Delegacia da Receita Federal para o Cadastro Nacional de Pessoas
Jurídica (CNPJ) e junto à Prefeitura para Alvará de Funcionamento.
As associações seguem o que determina o Código Civil e a Lei dos
Registros Públicos.

124
a) Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
Para completar a constituição da personalidade jurídica, possibilitando a
realização de transações financeiras, contratos, convênios, compras e
vendas em nome da entidade, registros em órgãos públicos, representação
e ações judiciais, há a necessidade de se inscrever no Cadastro Nacional
de Pessoa Jurídica (CNPJ) do Ministério da Fazenda.
Para a inscrição no CNPJ a associação deverá apresentar à Receita
Federal:
1. Documento básico de entrada, em duas vias
2. Ficha cadastral da pessoa jurídica
3. Quadro de associados
4. Estatuto registrado em Cartório.
Com o número do CNPJ a associação já poderá abrir conta em banco,
comprar e vender, inclusive imóveis em seu nome e realizar todas as
operações permitidas a uma empresa legal.

125
ANEXO VIII

DECLARAÇÃO DE PRODUTOR RURAL

(PARA REDE CELPA)

DECLARAÇÃO

Declaramos para os devidos fins de direito que o

Sr........................., portador do CPF......................... e RG..................,

desenvolve atividades agrícolas em sua propriedade, situada na

Comunidade de......................., no município de ..............................., dentre

as quais destacamos o plantio de......................... Portanto, sendo

considerado Produtor Rural. E por ser verdade, assumo total

responsabilidade pelas informações aqui prestadas.

Augusto Corrêa (Pa), ...... de .................. de 2007

_________________________________________________
.........................(nome)...............................................
Engº Agrônomo CREA 9.169-D

126

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