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Art. 1º Esta Lei altera a redação da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, para
limitar a abrangência dos direitos de autor, estabelecer novo prazo de duração do direito
patrimonial de autor e adequar a legislação sobre direitos autorais aos novos paradigmas
estabelecidos pelo ambiente digital.
Art. 2º Esta lei reduz a duração dos direitos patrimoniais de autor de setenta anos
para cinqüenta, limite estabelecido como mínimo pelo Decreto nº 75.699, de 6 de Maio de
1975 (Convenção de Berna).
“Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por cinquenta anos contados
de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória
da lei civil.
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“Art. 43. Será de cinquenta anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais
sobre as obras anônimas ou pseudônimas, contado de 1° de janeiro do ano imediatamente
posterior ao da primeira publicação.
“Art. 44. O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e
fotográficas será de cinquenta anos, a contar de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de sua
divulgação.” (NR)
I- a reprodução:
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objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra
reproduzida;
Art. 48-B O Estado poderá licenciar obras, consideradas de interesse público, para
garantir sua acessibilidade. O mecanismo será aplicado para obras órfãs, esgotadas, ou para
aquelas em que os titulares colocam obstáculos ao licenciamento.
Art. 6º Esta Lei entra em vigor após decorridos 60 (sessenta) dias de sua
publicação oficial.
Art. 7º Ficam revogados os arts. 28, 33, 78, e 103 da Lei no 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998.
JUSTIFICAÇÃO
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expressão e o acesso à cultura, à educação, à informação e ao conhecimento,
harmonizando-se os interesses dos titulares de direitos autorais e os da sociedade.
Para tanto, um dos primeiros passos é acabar com o perpétuo monopólio cultural de
alguns poucos indivíduos e/ou entidades, ao garantir que as obras culturais e criativas, após
algum período, voltem ao domínio público, retornando benefícios à sociedade. Conforme
explanado pelo professor e jurista norte-americano Lawrence Lessig em seu livro Cultura
Livre: como a mídia usa a tecnologia e a lei para barrar a criação cultural e controlar a
criatividade, “a maior parte do trabalho criativo tem uma vida comercial real de apenas uns
poucos anos. A maioria dos livros [por exemplo] pára de ser editado depois do primeiro
ano. [...] Uma cultura livre apóia e protege os criadores e inovadores. Ela faz isso
diretamente garantindo direitos sobre a propriedade intelectual. Mas ela o faz também
indiretamente garantindo que os futuros criadores e inovadores mantenham-se o mais livre
possível de controles do passado. Uma cultura livre não é uma cultura sem propriedade, da
mesma forma que um mercado livre não é um mercado onde tudo é liberado. O oposto de
uma cultura livre é uma ‘cultura da permissão’ – uma cultura na qual os criadores podem
criar apenas com a permissão dos poderosos ou dos criadores do passado.”
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trabalho, pelo contrário: o objetivo é fortalecer o criador do presente frente aos
intermediários, seja os que arrecadam e distribuem seus direitos, seja os editores de suas
obras, e, principalmente, fortalecer o criador do futuro. Seu objetivo também é permitir que
a sociedade possa ter acesso à cultura, sem causar prejuízo ao autor, e que mais membros
dessa sociedade possam também, por sua vez, ser autores. Assim, também se evita que o
ambiente de produção cultural do país seja esterilizado com proteções excessivas a obras
que nem mesmo conservam o interesse econômico de quando foram inicialmente
protegidas. Dessa maneira, mais agentes poderão contribuir ativamente para a oxigenação
criativa da nação, a partir da apreensão de conhecimento previamente produzido.
O protecionismo que aqui se visa evitar é aquele que não tem como finalidade
principal a proteção aos artistas e a preocupação com a função social que os bens culturais
exercem, mas com a proteção a certas formas de negócio. Esse projeto de lei busca
valorizar os criadores e artistas nacionais, que passarão a ter maior poder de arbítrio sobre a
gestão de suas obras. Enfim, a proposta busca que o direito de autor privilegie realmente o
autor, e que este seja capaz de usufruir da utilização de sua criação seja no ambiente
analógico tradicional seja no cada vez mais inovador ambiente digital.
Esses instrumentos são conhecidos nas legislações autorais de todo o mundo, onde
se abrigam sob as expressões “limitações e exceções da lei”. O texto-revisor acima
proposto deles se utiliza, partindo do pressuposto de que a defesa dos direitos dos autores
não os isenta da responsabilidade para com a sociedade. São casos bastante específicos que
aperfeiçoam a atual lei, vista por especialistas brasileiros e estrangeiros como em total
desacordo para com a realidade socioeconômica e cultural do país.
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A proposta permite, portanto, a cópia integral de obras para uso privado e não
comercial do copista e para a mudança de suporte de conteúdo, para possibilitar a
portabilidade e interoperabilidade da obra. O Brasil é um dos poucos países do mundo que
ainda não permite legalmente a cópia privada sem obtenção de lucro. Isso significa que,
hoje, se você copiar um CD que comprou para poder ouvir no seu carro, estará infringindo
a lei. Ademais, se gravar uma fita de vídeo em DVD ou transformar as músicas de um CD
licitamente adquirido em formato mp3 para ouvir em seu computador também está
cometendo ofensa ao direito autoral. O presente projeto se propõe a acabar com tais
inconsistências da lei, que refletem impedimentos inócuos e desnecessários, do ponto de
vista econômico e moral, e excessivamente restritivos à fruição de bens culturais.
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Em consonância com essa proposta está também a viabilização de reproduzir obras
para fins didáticos, de pesquisa e difusão cultural, principalmente no âmbito de escolas e
universidades. A antiga lei de direito autoral (Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973)
dispunha em seu artigo 49, inciso II, que não constituía ofensa aos direitos autorais a
extração de uma única cópia de obra para fins didáticos, o que afastava a tipicidade de
ofensa aos direitos de autor da conduta largamente difundida entre os estudantes de todos
os graus, em nosso país, de “tirar xerox” dos livros indicados por seus professores.
Ocorre que, com a edição da lei 9.610 de 1998 tal situação foi alterada e, em seu
artigo 46, inciso II, consta que não estatui violação aos direitos autorais apenas a
“reprodução, em um só exemplar, de pequenos trechos [...]”. Diante dessa redação, conclui-
se que fere a legislação a obtenção de cópia integral de obra, ainda que para fins didáticos.
No entanto, há que se ter em mente que tal disposição atenta diretamente contra a função
social e o interesse público dos bens culturais. Ora, no caso de não haver exemplares
bastantes em biblioteca públicas à disposição dos alunos que dela necessitam para fins
didáticos, ou em caso de obras esgotadas nas editoras, tem-se que não é razoável exigir
desses estudantes conduta diversa da de extrair cópia integral do livro para seus estudos.
É possível resolver esse problema sem causar prejuízo injustificado aos autores das
obras em questão. Mais uma vez, remetendo-nos à maneira como a Austrália lida com os
direitos autorais, pode-se adotar interessante analogia para nosso país. A lei australiana
facilita acesso a obras de arquivos públicos e permite cópias para fins de pesquisa. A lei
autoriza a feitura de “cópias de trabalho” (ou cópias de manuseio), bem como de “cópias de
referência”, com o intuito de facilitar a administração interna dos arquivos, bem como de
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facilitar o conhecimento da população às obras que existem nos arquivos e bibliotecas
públicas.
Para que nosso arcabouço jurídico esteja em sintonia com as novas formas de
produção de conteúdo socialmente relevantes, é preciso que incorpore e compreenda a
lógica do mundo digital, e não o rechace e proíba toda a sua potencialidade. Mais uma vez,
nas palavras do professor Lawrence Lessig, hoje se sabe que “a internet oferece uma
possibilidade incrível para muitos de participarem do processo de construção e cultivo de
uma cultura que tenha um alcance maior que as fronteiras locais. Esse poder mudou o
mercado ao permitir a criação e cultivo de cultura em qualquer lugar.”
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ganhar mais do que a média do que eles ganham no sistema atual.” É precisamente isso que
está acontecendo na cultura do século XXI e é preciso que atualizemos nossa legislação
para que ela esteja plenamente adequada à mudança de paradigmas que vivemos.