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Jaime Crozatti
Doutor em Ciências Contábeis pela Universidade de São Paulo.
Professor do Mestrado em Contabilidade da Universidade Federal do Paraná – UFPR
e-mail: jcrozatti@uem.br
Resumo
O objetivo deste artigo é evidenciar a função social da pesquisa em contabilidade, bem como a
importância da abordagem metodológica para a definição dos rumos da ciência contábil.
Situar a contabilidade como ciência social aplicada e descrever os métodos e enfoques
utilizados na pesquisa em contabilidade são condições para atingir o objetivo do trabalho.
Adota-se postura normativa, utilizando-se o raciocínio dedutivo e pesquisa bibliográfica de
caráter exploratório-descritivo. O objeto de estudo da ciência contábil, o patrimônio, se
modifica pela ação direta ou indireta do homem. Isto significa que, enquanto estuda seu
objeto principal, a atenção do cientista contábil deve estar voltada para o homem inserido na
sociedade. Considerando que a verdadeira ciência é aquela que contribui para a dignidade do
ser humano, os resultados do estudo apontam que a abordagem sociológica da pesquisa em
contabilidade deve ser privilegiada como caminho para o desenvolvimento do bem estar
econômico e social. A pesquisa em contabilidade tem como foco a riqueza das empresas, cuja
função social tem foco no bem estar do ser humano.
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade, área do conhecimento do rol das ciências sociais aplicadas, tem
como objeto de estudo o patrimônio particular e suas variações, os quais ocorrem a partir da
ação do homem. Enquanto ciência constrói um conhecimento a partir de métodos e
abordagens que lhe são próprios. Em relação a seus processos de pesquisa, utiliza-se de uma
metodologia para atingir seus fins, quais sejam: explorar, descrever e/ou explicar o patrimônio
e suas variações.
Para Demo (1995, p. 26), a demarcação científica em ciências sociais possui
outros critérios além da competência metodológica como juízo crítico de ciência. Segundo o
autor, o pesquisador social aparece como ator político no processo de construção científica.
Logo, o cientista contábil é pesquisador e sujeito do conhecimento em contabilidade. Nesta
dimensão, a orientação metodológica da pesquisa ganha nova importância. O pesquisador
atua como sujeito ativo, interferindo nos rumos da ciência a qual se dedica, mas também no
destino da própria sociedade. Isto na medida em que a contabilidade busca soluções para
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entidades que têm dever de gerenciar suas atividades com responsabilidade social e ambiental.
A partir de tais pressupostos, a construção do processo de conhecimento contábil passa a ser
entendida a partir de uma relação dinâmica em que sujeito e objeto interagem entre si, já que
o cientista contábil é também observador e usuário do patrimônio e da informação sobre este.
As proposições de Demo permitem enfatizar a responsabilidade do contador em
relação ao patrimônio particular de uma empresa e em relação à sociedade, considerando o
impacto social e ambiental provocado pelas alterações do objeto de estudo da ciência contábil.
Permite especialmente destacar a responsabilidade do pesquisador contábil quanto ao
processo de bem estar social, uma vez que este acontece através dos agentes econômicos –
empresas e indivíduos.
Contudo, a própria condição de ciência da contabilidade é questionada. Theóphilo
(2004, p. 6) lembra que “não há consenso acerca do status da Contabilidade enquanto campo
do conhecimento: se é uma técnica ou ciência”.
Esta reflexão inicial serve de escopo para a discussão que se apresenta neste
trabalho e que consiste em caracterizar a função social da investigação em contabilidade, bem
como a importância da abordagem metodológica para a definição dos rumos da ciência
contábil. A metodologia adotada, no desenvolvimento desse artigo, consistiu em uma postura
normativa, onde se utilizou raciocínio dedutivo e pesquisa bibliográfica de caráter
exploratório-descritivo. Para atingir o fim almejado, será necessário discorrer acerca das áreas
de conhecimento humano de modo a identificar o estado da arte da contabilidade,
descrevendo também os métodos e abordagens metodológicas aplicadas à pesquisa em
ciências contábeis.
A abordagem sociológica receberá especial atenção, pois esse caminho para a
construção do conhecimento vem demonstrar os meios para a participação da contabilidade na
edificação do bem estar social.
Entende-se por “bem estar social” uma sociedade justa e sustentável no sentido de
oportunizar condições de acesso à realização de projetos de vida a todos os seus membros,
onde as empresas têm o papel de gerar e disponibilizar os recursos necessários a estes
indivíduos por um preço justo e em condições de equidade.
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Atualmente, Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.
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(OLIVEIRA, 2003, p. 36). Consiste, ainda, em um processo de saber que pode assumir várias
formas: arte, técnica, filosofia, religião, senso comum ou ciência.
Convém frisar que, para o mesmo autor, a construção do conhecimento realiza-se
em quatro áreas do saber: conhecimento popular ou senso comum, religioso, filosófico e
científico, assim caracterizadas (OLIVEIRA, 2003, p. 37):
• Conhecimento popular, vulgar ou senso comum: apresenta-se como
valorativo, reflexivo, falível, assistemático, verificável e inexato.
• Conhecimento filosófico: é valorativo, racional, infalível, sistemático, não
verificável e exato.
• Conhecimento religioso: valorativo, inspiracional, infalível, sistemático, não
verificável e exato.
• Conhecimento científico: é considerado real, contingente, falível, sistemático,
verificável e exato.
Partindo desta tipologia estabelecida, constata-se que o conhecimento contábil é
verificável e não é infalível. Portanto e, por eliminação, a contabilidade não se enquadraria no
conhecimento religioso, tão pouco filosófico. Pode-se supor, por eliminação, que se estaria
diante de um saber em nível de senso comum? Científico? Considerando que a contabilidade
é um ramo de conhecimento pautado na exatidão, no sentido que é obtido de forma racional e
lógica, entende-se a contabilidade como ciência.
É importante destacar que essa ciência possui uma característica sui generis pelo
fato de não descartar a utilização de conceitos valorativos. Citando Oliveira (2003, p. 53),
“quando, por exemplo, se efetua um registro pelo custo histórico ou quando pelo valor de
mercado houve um julgamento a priori”. Outro exemplo que demonstra essa característica é o
cálculo da depreciação de ativos das empresas uma vez que essas instituições podem valorar
de diversas formas a expectativa de utilidade temporal de determinada máquina, com exceção
quando da escrituração para fins fiscais.
A utilização de conceitos valorativa frente à tipologia de Oliveira (2003) pode
levantar dúvidas quanto à contabilidade como ciência. Convém ressaltar, no entanto, que,
mesmo quando necessária, a valoração deve buscar o real, característica do conhecimento
científico. Exemplificando essa colocação a partir da mesma situação anterior, os
profissionais contábeis, no exercício de suas funções, devem estimar o tempo de uso de
determinado ativo de acordo com princípios lógicos e racionais, permitindo, assim, a
mensuração do real resultado em relação às expectativas de produção. Logo, mesmo quando
necessária a valoração, esta deve buscar o real, característica das ciências.
A arte e a técnica seriam, a partir desse exercício de compreensão, expressões ou
resultados da produção do conhecimento, assim como as teorias científicas e os dogmas
religiosos. Santos, Schmidt e Machado (2005, p. 11) destacam ainda que, a arte, além de
manifestação do belo, pode ser entendida, como “a capacidade que tem o homem de pôr em
prática uma idéia”. Já a técnica, para esses mesmos autores, pode ser definida como o
conjunto de regras que permitem “a realização de coisas sensorialmente perceptíveis [...], ou
seja, técnica indica o formal, o como fazer.” (SANTOS, SCHMIDT e MACHADO, 2005, p.
13).
Cumpre ressaltar que as colocações dos autores citados apresentam a
contabilidade como ciência social. Esse ramo da ciência destaca-se ao delegar para o homem,
por um lado, um papel de sujeito, ativo, racional, detentor de livre arbítrio e que age sobre o
seu objeto, no caso da contabilidade o patrimônio de uma entidade. Por outro, o homem pode
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ser, ainda, o próprio objeto de estudo. A contabilidade, desta forma, vai estudar “o efeito da
ação do homem sobre o patrimônio das entidades” (OLIVEIRA, 2003, p. 53).
Diferentemente das proposições dos autores até aqui destacadas, Martins (1988, p.
19) caracteriza a contabilidade como um sistema de informações. Iudícibus, em um prisma
pragmático, também apresenta a contabilidade como um sistema, útil ao usuário, ou seja, um
banco de dados de onde se extrai as informações necessárias para uma tomada de decisão
(1997, p. 71). Concorda-se com tais proposições, no entanto, a compreensão acerca da
contabilidade, conforme já vem sendo destacada, é mais abrangente. Pensar em outra direção
implicaria em uma visão mecanicista do processo, pois se estaria diante de um sistema de
informações que não enfatiza o profissional – sujeito esse – que observa, analisa, interpreta a
informação gerada e a traduz ou sintetiza para o usuário em função da necessidade desse.
Parafraseando Demo (1995, p. 28), não há contabilidade sem o contabilista.
A contabilidade, classificada como um banco de dados informacional, inclusive
pelos governos brasileiros quando a regulam para fins fiscais, não é mais do que técnicas de
escrituração que não ultrapassam as barreiras do senso comum.
É interessante apontar que, em linhas gerais, esta característica de regulamentação
governamental da contabilidade não é exclusiva do Brasil. Lopes e Martins afirmam que esse
processo ocorre intensamente nos países que adotam o direito romano (2005, p. 53), sendo
que, nos países de direito consuetudinário como a Inglaterra e Estados Unidos, a
regulamentação contábil também existe, no entanto, é exercida por iniciativa de órgãos
privados (ibid, p. 53).
Em ambos os casos, a regulamentação da contabilidade enquanto técnica procura
definir padrões para satisfazer usuários específicos. Essa percepção pragmática de utentes
como governos e acionistas serve como justificativa para a visão de contabilidade de
Iudícibus: um grande banco de dados ou um cadastro básico de informações (2000, p. 331).
Ou seja, a contabilidade seria um conjunto de técnicas e regras que visam atender às
necessidades informacionais criadas a partir de um conhecimento comum ou padrão.
Sob esta ótica, é válido dizer que pouca pesquisa pode ser realizada para
desenvolver o conhecimento contábil, pois as informações necessárias já estão previamente
reguladas por leis, normas e regras.
Todavia, mesmo a partir de regras gerais, a contabilidade desenvolvida para
registro, controle, análise e evidenciação do patrimônio de cada entidade particular utiliza-se
de conceitos próprios e singulares que levaram muitos autores a classificar a contabilidade
como arte: a arte de classificar e registrar fatos relativos ao patrimônio de uma entidade.
Essa visão é correta, visto que é necessária toda uma gama de conhecimentos,
técnicas geral e particular, para classificar cada fato ocorrido com o patrimônio da empresa e
para apresentar o registro organizado desta classificação. Ademais, entende-se ainda que a
simples necessidade de desenhar ou discorrer sobre um grupo de atividades relativo à
determinada entidade já exige desta arte, conforme a definição de contabilidade dada por
Gouveia (1978, p. 1), uma técnica precisa.
Para esse autor, a contabilidade consiste na “arte de registrar todas as transações
de uma companhia, que possam ser expressas em termos monetários. E é também a arte de
informar os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira dessa companhia”
(GOUVEIA, 1978, p. 1).
Enquanto a contabilidade somente registra e informa, como discorre este último
autor, ela é uma arte, pois o fato de registrar e informar não exige uma observação profunda
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Na obra não há referência ao autor.
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aquisição ou o PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai). A partir de dedução, haverá o
teste de cada método de avaliação, concluindo, ao final, por aquele que melhor atenda aos
objetivos da empresa. Partiu-se, no exemplo, da teoria dos métodos de avaliação para a
prática, do geral para o particular.
O método indutivo, por sua vez, é empírico. Fundamenta-se na experiência
particular para atingir a generalização. Este método pode ser utilizado, por exemplo, por um
contador-professor que queira determinar o modelo de práticas de ensino que possa trazer
melhores resultados na aprendizagem de seus alunos. A partir das experiências particulares
dos sujeitos envolvidos, o professor optará pelo modelo que atenda seus objetivos. Nesse
caso, partiu-se do particular para o geral.
O método hipotético-dedutivo utiliza-se de hipóteses as quais devem ser testadas a
fim de serem corroboradas ou não. Utilizando-se desse método, o pesquisador contábil
formula hipóteses, ou seja, afirmações temporárias que serão testadas a partir de informações,
disponíveis em seu raio de ação, que condigam com sua realidade de interesse. O contador
pode, por exemplo, procurar determinar que informações gerenciais ele pode gerar e que
agregam valor ao serviço por ele prestado. A partir de hipóteses, ele apresentará novas
informações geradas a seus clientes e qualificará a receptividade percebida, inclusive
mensurando possíveis aumentos nos rendimentos futuros.
O método dialético parte de contradições que se transcendem originando novas
contradições que requerem soluções. Para Demo (1995, p. 88), este método é o que melhor
convém às ciências sociais. O sujeito da contabilidade – neste caso, o pesquisador contábil – e
seu objeto de estudo, o patrimônio, estão inseridos em uma dada realidade social e, portanto,
sujeitos a influências subjetivas. Pode-se voltar, aqui, ao exemplo da depreciação de um ativo:
a determinação do tempo de utilidade de um mesmo ativo pode variar de entidade para
entidade, ou no próprio tempo. A utilização da dialética, em um processo de análise, antítese e
síntese, é fundamental para valorar a utilidade temporal de uma máquina dentro de um
processo racional e lógico.
O método fenomenológico pauta-se na descrição da realidade como ela é.
Aprecia-se a essência do fenômeno e não somente as superfícies observáveis, que não
esgotam a totalidade do objeto (DEMO, 1995, p. 155). Para o pesquisador contábil esse
método é extremamente relevante, pois considera que os fatos que alteram o patrimônio de
uma entidade não são neutros, ou seja, estão envoltos a interesses particulares, muitas vezes
conflituosos.
Atualmente, os conflitos de interesses em contabilidade são estudados sob o foco
da teoria da agência (LOPES e MARTINS, 2005, p. 28) e podem ocultar a essência de uma
transação mais complexa. Levando em conta que os Princípios Fundamentais da
Contabilidade enunciados no Brasil pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 1994) e
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 1986) consideram como um dos pressupostos
da ciência contábil a evidenciação da essência, a autoridade do método fenomenológico
aumenta.
Apesar de Santos, Schmidt e Machado listarem os cinco métodos de construção
do conhecimento contábil e, como visto, todos eles possuem importância para o contador,
autores renomados em contabilidade têm apresentado como métodos utilizados nesta ciência
somente o dedutivo e o indutivo. Para Hendriksen e Van Breda (1999, p. 29), estes dois
métodos caracterizam as teorias contábeis segundo o raciocínio de pensamento.
Cumpre ressaltar que, concomitante ao método de pesquisa utilizado, a orientação
da investigação é alterada pela postura do pesquisador. Essa poderá ser normativa ou positiva.
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Uma teoria normativa é prescritiva, ou seja, ela diz como “as coisas devem ser”. Uma teoria
positiva é descritiva, isto é, ela diz “como as coisas são”. Via de regra, como explicitam
Hendriksen e Van Breda (1999, p. 30), uma teoria normativa é dedutiva, e uma teoria positiva
é indutiva. Estes autores classificam estas atitudes como caracterizadoras do tipo de decreto
de determinada teoria, isto é, quanto à forma como uma teoria é decretada ela pode ser
positiva ou normativa.
Oliveira (2003, p. 50) lembra que ambas atitudes são desejáveis em contabilidade.
Martins (2005, p. 3) também defende a mesma idéia.
Em contribuição, pode-se afirmar que não existe superioridade de um método em
relação a outro. As atitudes diversas na pesquisa são inclusive resultado das diferenças
culturais, e dependem do contexto onde se insere o pesquisador. (LOPES e MARTINS, 2005,
p. 22).
Quanto à linguagem, Hendriksen e Van Breda (1999, p. 29) caracterizam as
teorias em três grupos: sintaxe, semântica e pragmática. Oliveira (2003, p. 50) também faz
esta distinção denominando-as de classificações segundo os níveis de predição das teorias.
Segundo estes autores, as teorias sintáticas explicam as práticas contábeis prevendo como o
profissional reagiria diante de eventos específicos. Uma teoria semântica ou interpretativa
centra-se no significado dos fenômenos contábeis. As teorias comportamentais ou
pragmáticas enfatizam, por sua vez, o usuário da informação contábil.
Enfim, “pode-se adotar como definição da teoria aplicada à Contabilidade um
grupo de princípios pragmáticos, conceituais e hipotéticos, que forma um conjunto de
referências para o campo de investigação em contabilidade” (OLIVEIRA, 2003, p. 50, grifo
do autor).
Retomando a discussão inicial, a investigação ou pesquisa propriamente dita e a
ação do pesquisador frente à realidade são os fatores que permitem inserir a contabilidade no
rol das ciências. Contudo, no Brasil, “a pesquisa científica em contabilidade ainda não é
suficiente para provocar impacto sensível na comunidade contábil, tampouco na sociedade
como um todo” (CROZATTI, 1994, p. 5). Esta realidade foi evidenciada mais recentemente
em pesquisa feita por Cardoso et al (2005, p. 43). Nela conclui-se que a produção científica
em contabilidade é baixa. Talvez este seja um dos motivos pelos quais ainda existem muitos
profissionais empregando o senso comum nas técnicas contábeis.
Destarte, independente da escolha feita pelo agente contábil, a abordagem por ele
adotada resultará no aperfeiçoamento do pensamento desta ciência. Crozatti também lembra
que a definição do enfoque está ligada “aos objetivos e ao objeto da investigação” (1994, p.
5).
Logo, o escopo é central e implicará nos rumos científicos da contabilidade.
Abordagens diversas revelam resultados diversos. “Diferentes respostas revelam concepções
diferentes da profissão e carregam implicações para a educação dos futuros contadores”
(LOPES e MARTINS, 2005, p. 2). Portanto, pode-se estimar o amanhã de uma área do
conhecimento pela ênfase dada à determinada abordagem na investigação presente. Diante
disso, “a escolha de um método para o trabalho com contabilidade está longe de ser uma
questão meramente científica e técnica e possui raízes profundas no ambiente social e na força
exercida pelas instituições locais” (LOPES e MARTINS, 2005, p. 22).
Contrapondo-se às correntes de pensamento que colocam o mercado como destino
da informação contábil, é que se alinha com o pensamento de autores britânicos, conforme
Lopes e Martins, afirmando que o mundo perfeito adotado como premissa das concepções
econômicas não existe em contabilidade. Para os autores ingleses, “a contabilidade precisa ser
vista fora das barreiras da firma, amplamente inserida em seu contexto cultural e social.”
(LOPES e MARTINS, 2005, p. 24).
Ortodoxias á parte, entende-se também que essa abordagem não responde a todas
as problemáticas desta área do conhecimento. Cada estudioso contábil deverá desenvolver e
aperfeiçoar métodos próprios de pesquisa e enunciação de teorias, em particular quanto à
forma de abordar os conceitos e objetivos da contabilidade. Os diferentes enfoques com os
quais o profissional da contabilidade se depara ao longo de sua experiência decorrem do
contexto social em que está inserido.
Contudo, é a abordagem predominante na época em que esse pesquisador se
insere que define os rumos da contabilidade. E na atual conjuntura, a função social da
pesquisa em contabilidade convoca para um enfoque sociológico da ciência contábil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARDOSO, Ricardo Lopes; MENDONÇA NETO, Octávio Ribeiro de; RICCIO, Edson Luiz;
SAKATA, Marici Cristine Gramacho. Pesquisa Científica em Contabilidade entre 1990 e
2003. Revista de Administração de Empresas. São Paulo: FGV, v. 45, n. 2, abr./jun. 2005,
p. 34-45.
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3 ed. São Paulo: Atlas 1995.
SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; MACHADO, Nilson Perinazzo. Fundamentos
da Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2005. Coleção Resumos de Contabilidade, v.
6.
STARKE Jr, Paulo Cesar. Contabilidade: Cumprindo a Função de Ciência Social. 2000.
Monografia (Graduação) - Departamento de Ciências Contábeis, Setor de Ciências Sociais e
Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa.