Fenomenologia e filosofia hermenutica

Prof. Dr. Eduardo Nasser

Psicologia desde um ponto de vista emprico (Franz Brentano)

Percepo interna

Psicologia, assim como as cincias naturais, tem o seu fundamento na percepo e

experincia. Contudo, sua fonte deve ser encontrada na percepo interna de nosso
prprio fenmeno mental. Nunca saberamos o que um pensamento, ou um juzo, prazer
e dor, desejos e averses, esperanas e medos, coragem e desespero, decises e intenes
voluntrias, se no soubssemos o que eles so sem a percepo interna de nosso prprio
fenmeno. Note-se, todavia, que falamos que a percepo interna, e no observao
interna (innere Beobachtung), constitui a fonte primeira e essencial da psicologia. Esses
dois conceitos devem ser distinguidos. Uma das caractersticas da percepo interna
que no pode ser jamais observao interna. Podemos observar objetos, como se diz, que
so percebidos externamente. Mas com objetos da percepo interna isso absolutamente
impossvel. Isso especialmente evidente com certos fenmenos mentais como a raiva.
Se algum quer observar sua prpria raiva irrompendo dentro dele, a raiva precisa j ter
sido diminuda, de tal maneira que o seu originrio objeto de observao j desapareceu.
A mesma impossibilidade est presente em todos os outros casos. uma lei psicolgica
universal: ns no podemos focar nossa ateno no objeto da percepo interna (...)
somente quando nossa ateno est voltada para um objeto distinto que podemos
perceber, acidentalmente, o processo mental dirigido ao objeto.

Psychologie vom empirischen Standpunkte. Leipzig: Verlag von Duncker & Humboldt,
1874, p. 35 e 36.
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Prof. Dr. Eduardo Nasser

Psicologia desde um ponto de vista emprico (Franz Brentano)

Intencionalidade

Todo fenmeno psquico caracterizado por aquilo que os escolsticos da idade mdia
chamaram de intencional (ou mental) inexistncia de um objeto, o que podemos chamar,
no sem ambiguidades, de referncia a um contedo, direo a um objeto (Object) (o que
no significa aqui exatamente uma realidade), ou objetividade imanente. Todo fenmeno
psquico possui algo como um objeto a ele inerente, ainda que isso no acontea do
mesmo modo. Na apresentao (Vorstellung) algo apresentado (vorgestellt), num juzo
algo afirmado ou refutado, no amor amado, no dio odiado, no desejo desejado, e assim
por diante.

Psychologie vom empirischen Standpunkte. Leipzig: Verlag von Duncker & Humboldt,
1874, p. 115.