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Energia

A flexibilidade operacional
das térmicas e os
reservatórios virtuais
marco tavares RAFAEL KELMAN
Sócio da Gas Energy Assessoria Empresarial Sócio da PSR Consultoria

Demanda e oferta flexíveis são opções naturais para a melhor utilização da infra-
estrutura de eletricidade e gás e da redução do custo da energia térmica. Trata-se
desde permitir-se às termoelétricas e distribuidoras a venda de contratos flexíveis
de gás para as indústrias, ao armazenamento de GNL em períodos de excesso de
produção, bem como a gestão cuidadosa dos estoques através de reservatórios virtuais.

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C omo é do conhecimento geral, o


Brasil possui cerca de 100 mil MW de
potência instalada, dos quais a maioria gráfico 1
(85%) é de fonte hidráulica. O comple-
mento é quase todo composto por usinas Custo de produção de energia x Grau de confiabilidade
termelétricas, movidas a gás natural, de atendimento à demanda desejado
carvão mineral, nuclear, óleo combustí-
vel/diesel e co-geração (principalmente
a biomassa de cana-de-açúcar).
Um fato talvez menos conhecido é
que a geração termelétrica não foi cons-
truída por falta de opções hidrelétricas,
e sim porque a solução mais econômica
para o consumidor final é ter um “mix”
de geração hidrelétrica e termelétrica.
As térmicas contribuem para a seguran-
ça de suprimento do sistema, amenizan-
do ou mesmo evitando racionamentos
em situações hidrológicas adversas. Para alguns tipos de térmica, por produção de energia elétrica, esta cláu-
Se somente fossem construídas usinas exemplo, usinas a óleo ou usinas a carvão sula de ToP reduz a flexibilidade ope-
hidrelétricas para atender a demanda, mineral perto de minas a céu aberto, é rativa, e, portanto, a oportunidade de
se observaria um custo de produção de viável ter uma operação mais flexível. aproveitar a disponibilidade de energia
energia variando não linearmente com o Entretanto, quando da sua inserção no hidrelétrica que é produzida acima de
grau de confiabilidade de atendimento à mercado brasileiro, o gás natural dis- sua energia assegurada. Para o mesmo
demanda desejado (Gráfico 1). ponível para a geração térmica era o exemplo do Quadro 1, um ToP de 70%
A introdução da geração térmica per- importado da Bolívia, que continha na elevaria o custo final da energia de 102
mite um custo final do mix hidrotérmico sua contratação cláusulas pesadas de para 136 R$/MWh.
mais econômico do que o que ocorreria take or pay (ToP) na faixa de 70 a 80%, Desta forma, é necessário desen-
se o sistema fosse 100% hidrelétrico. A exigindo da empresa que detinha a sua volver opções de demanda e oferta fle-
composição do mix hidrotérmico depende comercialização para o mercado brasilei- xíveis, de forma a, através da racio-
de cada grau de confiabilidade seleciona- ro o repasse desta “inflexibilidade”. nalidade econômica, promover uma
do, com a participação térmica crescendo Caso não haja o consumo físico do melhor utilização a infra-estrutura de
com a confiabilidade desejada. gás, o cliente necessita pagar como se eletricidade e gás existente, e, assim,
O sistema hidrelétrico é projetado tivesse consumido, e tem o direito de reduzir o custo da energia térmica para
para assegurar o atendimento da deman- consumir (make-up) em condições pre- o consumidor final. Estes são os temas
da mesmo que ocorra uma seca severa. determinadas e por um período máximo discutidos a seguir.
Isto significa que na maior parte do tem- também determinado nos contratos de
po as usinas hidrelétricas podem produzir suprimento de gás. Estas cláusulas, que Mercado flexível de gás
energia acima deste nível “assegurado”. correspondem ao pré-pagamento de uma Uma primeira possibilidade para
O Operador Nacional do Sistema (ONS), quantidade de gás, têm como objetivo racionalizar este uso da infra-estrutura
portanto, aproveita ao máximo esta ge- estabilizar a remuneração dos investi- seria permitir às usinas termoelétricas
ração hidrelétrica adicional, reduzindo a mentos dos produtores da commodity e (e distribuidoras de gás) a possibili-
produção das usinas termelétricas, que é usada em muitos países com mercados dade de venda de contratos flexíveis
passam a ser utilizadas em regime de de gás em maturação, onde o produtor de gás para clientes industriais. Estes
complementação à produção hidroelétri- não tem um mercado líquido o suficiente contratos poderiam estar lastreados,
ca e, dessa forma, economiza combustível para absorver seu produto em caso da por exemplo, no ToP “pré-pago” das
fóssil. Como mostra o Quadro 1, a conse- não-utilização pelo comprador inicial. térmicas ou na disponibilidade de gás
qüência final desta operação é a redução Infelizmente, no caso do Brasil, para “adicional” decorrente de variações sa-
do custo da energia para o consumidor. a inserção do gás natural na cadeia de zonais em outros setores. Como grande

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incremento mínimo (R$/m3) para acele-


rar o desfecho do leilão.
quadro 1 5. Este procedimento se repete até
que o equilíbrio seja atingido ou se atinja
Sinergia entre geração hidrelétrica e térmica um máximo número de rodadas do leilão
ou se atinja um limite de tempo, por
Suponha que o custo de investimento de uma termelétrica seja 70 R$/MWh, e que seu custo
unitário de operação seja 80 R$/MWh.
exemplo.
Se a usina for inflexível, isto é, tiver que produzir energia continuamente, o custo para o
O mercado flexível de gás revelará
consumidor será a soma dos custos de investimento e operação, 70 + 80 = 150 R$/MWh. seu valor econômico e permitiria geren-
Entretanto, se for flexível, a usina poderá substituir sua geração pela energia adicional das hi- ciar seu consumo em caso de escassez.
drelétricas cerca de 60% do tempo. Neste caso, o custo médio de operação é dado pelo produto Indústrias que hoje não o utilizam como
entre o custo unitário e a proporção do tempo em que a usina efetivamente está acionada.
insumo, podem optar por adaptar suas
Para este exemplo, o custo operativo médio é dado por (80 x 40%) = 32 R$/MWh e com isso
o custo final para o consumidor passará a ser investimento [70 R$/MWh] + custo médio de instalações de forma a utilizá-lo.
operação [32 R$/MWh] = 102 R$/MWh (desprezando, por simplicidade, o custo de compra
de energia das hidroelétricas, que ocorre a preços usualmente baixos).
Armazenamento de gás
Em resumo, a flexibilidade operativa das térmicas se “encaixa” muito bem com a variabilida-
de da produção hidrelétrica, com benefícios econômicos para o consumidor final. A constatação do enorme valor asso-
ciado à flexibilidade da geração térmica é
a motivação para a segunda alternativa
parte dos consumidores industriais tem competitividade destas usinas. que consiste em armazenar o gás em
a capacidade de utilizar combustíveis Extrapolando o conceito, o gás po- períodos de excesso de produção (com
alternativos em seus processos produ- deria ser vendido com diferentes graus relação ao consumo) para utilizá-lo em
tivos, como óleo combustível, diesel ou de confiabilidade, obviamente, seguindo situação inversa, que como visto, tipica-
até lenha, poder-se-ia criar um mercado uma lógica econômica, onde sua alo- mente ocorrerá quando o ONS determina
flexível de consumo de gás natural. cação seria feita de forma a beneficiar que as usinas térmicas a gás entrem em
No contrato flexível, o gás seria for- quem melhor o valoriza. Uma maneira operação. Esta seria uma maneira de se
necido aos consumidores industriais fácil de imaginarmos como seria este equacionar o descompasso entre os maio-
sempre que as térmicas não estivessem procedimento seria através de um leilão, res requerimentos de gás (quando o ONS
despachadas, o que ocorre a maior que funcionaria da seguinte maneira. despacha as usinas térmicas) e a oferta.
parte do tempo. Caso as térmicas fos- 1. Numa rodada qualquer, os indus- Com este recurso seria possível co-
sem despachadas, haveria a utilização triais ou demais interessados no supri- mercializar um volume de gás (não firme)
pelos consumidores industriais de com- mento do gás fariam ofertas de preço maior que a capacidade de produção ins-
bustíveis alternativos. Obviamente, a (R$/m3) e quantidade (m3/dia). tantânea. Este conceito será exemplifica-
atratividade do mercado flexível depen- 2. O leiloeiro empilha as quantida- do no Gráfico 2, que simula a evolução do
de da probabilidade de interrupção de des, em ordem inversa às ofertas. A gás natural estocado num reservatório
suprimento de gás e do perfil de risco do oferta mais alta feita terá maior prio- supondo uma produção constante de 150
consumidor, que aplicaria um “desconto” ridade. A oferta mais barata virá por unidades (reta horizontal tracejada do
no preço do gás flexível em relação ao último na fila. gráfico) e dois consumos: um não termo-
preço do gás em um contrato firme. 3. A pilha de ofertas é comparada com elétrico com pouca variabilidade e outro
Com este mercado flexível, o fluxo a disponibilidade de gás (que é aleatória, termoelétrico, ocorre em média 30% do
de caixa da empresa vendedora de gás por depender do despacho das térmicas tempo (sorteado).
seria composto pela soma de ingressos feito pelo ONS, que é incerto). Com isso, A curva azul escura ilustra a evolu-
do mercado das térmicas, mercado fir- o leiloeiro pode verificar qual a probabi- ção do estoque de gás no reservatório,
me e mercado flexível. Esta alternativa lidade de suprimento (confiabilidade) de que tem capacidade de armazenar até
aumentaria o fator de utilização da in- cada oferta feita. Naturalmente que será 300 unidades. Observa-se que sempre
fra-estrutura construída, eventualmente crescente com o valor da oferta. que a produção é maior que o consumo
viabilizando também sua expansão, pelo 4. Os interessados podem então total, pode-se estocar parte do gás, e o
maior valor gerado. O gás seria utili- verificar se o grau de confiabilidade é o volume ao início da etapa seguinte será
zado pelas térmicas somente quando desejado, e podem manter ou aumentar maior. Na parte central do gráfico, onde
necessário – o que aumenta bastante a o valor de suas ofertas. Pode haver um há uma maior incidência de consumo

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de gás (há uma janela com despacho cidade poderia ser indiretamente utilizada tivo. Neste caso, teoricamente, o mer-
térmico ocorrendo em 7 de 10 meses), para armazenar o gás natural na forma cado secundário do GNL flexível seria o
retira-se do reservatório parte das ne- de energia hidráulica. Chamaremos este próprio mercado internacional de GNL
cessidades, pois o consumo nestes mo- armazenamento indireto de “armazena- que pode absorver a carga contratada
mentos é maior que a produção. mento virtual”, que, como veremos, seria aqui e não utilizada pela disponibilidade
Nos Estados Unidos, parte do gás a contrapartida do setor elétrico para secundária de energia hídrica.
natural é suprida por unidades de armaze- oferecer maior flexibilidade ao suprimento Entretanto, embora o GNL possa
namento, principalmente nos meses onde de gás natural ao sistema. propiciar a flexibilidade no suprimento
há necessidade de calefação (de novembro de gás às térmicas, uma característica
a março). O gás é armazenado sob duas GNL e o armazenamento virtual importante é que seu preço depende for-
formas básicas: em tanques artificiais do gás natural temente da antecedência do pedido. Por
– na forma de gás natural liquefeito (GNL) A entrada do gás natural liquefeito exemplo, uma encomenda de GNL feita
ou em ambientes naturais subterrâneos, (GNL) ofertado de forma flexível, pre- com um ano de antecedência poderia
como poços de exploração de gás deplecio- vista para meados de 2009, é vista com ter um preço fixo, pois o vendedor teria
nados, cavernas de sal ou rocha, ex-minas interesse pelo setor elétrico por duas a possibilidade de contratar os hedges
e aqüíferos. Cabe ressaltar que a capaci- razões: 1) os “navios” com entrega de mais adequados contra as oscilações
dade de armazenamento subterrânea é GNL podem ser contratados conforme de preços internacionais. Já uma enco-
muito superior à dos tanques. as necessidades de consumo, e têm, por- menda de GNL feita com três semanas
A cada ano, entre abril e novembro, tanto, o potencial de flexibilizar o supri- de antecedência possivelmente teria um
o gás (excedente) é injetado nos mais de mento de gás natural das termelétricas; preço variável, associado ao custo de
400 “reservatórios” de armazenamento, a e 2) as termelétricas podem ser locali- oportunidade do deslocamento deste gás
maioria localizada na parte leste do país, zadas relativamente perto dos principais em relação ao seu mercado de destino
em regiões perto dos mercados consumi- portos de entrega do GNL, evitando as- (por exemplo, Henry Hub), acrescido de
dores. A capacidade de armazenamento sim investimentos em gasodutos. Desta uma “taxa de urgência”.
total dos EUA é de 88 bilhões de metros forma, o custo final desta energia para Esta antecedência na encomenda
cúbicos, ou 13% do consumo anual. Este o consumidor pode se tornar mais atra- de GNL, desejável para reduzir o custo
volume de gás contém suficiente energia
para suprir toda a demanda de energia
elétrica do Brasil durante um ano, ad-
gráfico 2
mitindo que seja utilizado por térmicas
operando em ciclo combinado.
O armazenamento de gás serve a Simulação da evolução do gás natural estocado num reservatório
vários propósitos: suprimento contínuo supondo uma produção constante de 150 unidades
de gás natural aos consumidores, estabi-
lização da oferta e do fluxo de caixa dos
produtores mantendo o volume de produ-
ção no verão dos EUA (quando o consumo
é menor) e eliminando racionamentos no
inverno e economizando investimentos
em infra-estrutura de transporte (ga-
sodutos) que seriam necessários para
atender a demanda de ponta.
No Brasil não há unidades de arma-
zenamento de gás natural, sejam naturais
ou artificiais. Entretanto, como se sabe,
existe uma enorme capacidade de ar-
mazenamento de energia por meio dos
reservatórios das usinas hidrelétricas.
Investigaremos a seguir como esta capa-

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de suprimento de gás das térmicas, é de aos 2 mil MW médios pré-gerados) redução de seu custo.
incompatível com a regulamentação é creditada à térmica como uma opção O armazenamento virtual também
atual da operação do sistema, onde o de energia (“call option”) que pode ser dará um incentivo importante para o
ONS tem a prerrogativa de acionar as exercida a qualquer momento. melhor uso da infra-estrutura atual de
mesmas sem aviso prévio. À primeira (5) Finalmente, suponha que algum produção e logística de gás. Por exem-
vista, a única maneira de conciliar este tempo depois o ONS anuncia que pre- plo, se o consumo de gás de uma distri-
conflito entre antecedência na encomen- tende despachar 48 mil MW médios de buidora diminui no fim de semana, ela
da do combustível e incerteza quanto ao energia hidrelétrica e 2 mil MW médios pode aproveitar a “folga” de produção e
momento de despacho da térmica seria de térmica. Como mencionado, a térmica transporte para oferecer o combustível
a construção de reservatórios físicos de pode decidir gerar fisicamente (se, por a preços reduzidos para as usinas térmi-
armazenamento de GNL. Porém, o custo coincidência, um novo “carregamento” cas, que o armazenariam como energia
destes reservatórios pode ser muito de GNL tiver recém-chegado) ou exercer nos reservatórios das hidrelétricas.
elevado, de maneira a permitir que sufi- a opção de usar a energia armazenada. Finalmente, seria também possível
ciente gás seja armazenado para abaste- Neste caso, a térmica faz o procedimen- aproveitar os períodos conjunturais de
cer o período de operação das térmicas, to inverso do item (2): notifica ao ONS redução de preços de GNL nos mercados
que pode ser de alguns meses. que vai utilizar sua energia armazenada, internacionais para comprar e “esto-
É neste ponto que surge o conceito de e o ONS reprograma a geração das hi- car” o gás. Este esquema é análogo às
um reservatório virtual: ao invés de arma- drelétricas para 50 mil MW médios. ofertas de tarifas reduzidas de hotéis e
zenar o gás em um reservatório físico, para É interessante observar que já existe aviões para fins de semana em diversas
posteriormente gerar a energia elétrica, no setor elétrico brasileiro um reserva- cidades do Brasil, como São Paulo.
a idéia é pré-gerar esta energia elétrica tório virtual em operação. No chamado
tão logo cheguem as cargas previamente Acordo de Recomposição de Lastro, a Otimização das encomendas de GNL
programadas de GNL e armazenar esta Petrobras gera energia nas térmicas Ainda no contexto do suprimento a
energia sob a forma de água nas usinas da Região Sudeste e a armazena como partir do GNL, um problema de decisão
hidroelétricas do sistema como créditos créditos de energia no reservatório importante consiste em determinar a
de energia para as térmicas. Os passos a de Sobradinho, na Região Nordeste. O programação do envio dos navios me-
seguir descrevem uma versão simplificada esquema descrito neste artigo é uma taneiros que trazem o gás natural lique-
do esquema de reservatório virtual: extensão deste conceito para todas as feito em cada ano, de forma a atender a
(1) Suponha que acabou de chegar térmicas, todas as hidroelétricas e com demanda de gás e minimizar o custo de
um navio de GNL suficiente para abaste- flexibilidades adicionais. Mais recente- compra do insumo. Como discutido an-
cer 2 mil MW médios de geração térmica mente, a Aneel abriu a possibilidade de teriormente, este problema é complexo
por uma semana. Suponha também que uso deste conceito na Resolução Norma- devido à característica do consumo
o ONS anunciou que pretende despachar tiva No 237/2006. de gás natural pelo setor elétrico, que
50 mil MW médios de hidrelétricas na Naturalmente, o procedimento a depende do despacho feito pelo Ope-
próxima semana. ser implementado envolve aspectos rador Nacional do Sistema (ONS). Este
(2) A termelétrica notifica o ONS que mais complexos e não abordados neste despacho é incerto, na medida em que
pretende pré-gerar 2 mil MW médios; o artigo, como restrições de transmissão, depende da hidrologia, das condições
ONS reprograma a geração das hidre- gerência do armazenamento das diver- de suprimento (equilíbrio entre oferta e
létricas para 48 mil MW médios, para sas usinas hidroelétricas, compatibili- demanda), sendo pouco previsível con-
acomodar a pré-geração da térmica. dade com o mecanismo de realocação forme nos distanciamos das condições
(3) O ONS contabiliza o esvazia- de energia, entre outros. Porém, em atuais. Na retranca anterior mostrou-se
mento dos reservatórios como se as resumo, a utilização do armazenamento que o esquema de reservatórios virtuais
hidrelétricas tivessem gerado os 50 virtual permite, através de uma opera- poderia conciliar esta dicotomia.
mil programados. Em outras palavras, ção de swap, acomodar a necessidade O grande risco para o produtor térmi-
o volume físico de água armazenado de encomendar com antecedência o GNL co neste arranjo é o vertimento de água do
nos reservatórios será maior do que o sem afetar a política ótima de operação reservatório físico: neste caso, a energia
volume contábil armazenado. do sistema, propiciando assim a entrada hidrelétrica “contábil” será vertida antes
(4) A diferença entre o armazena- do suprimento de gás flexível e a possi- da energia “física”. Portanto, é necessária
mento físico e o contábil (que correspon- bilidade de elaborar estratégias para a uma gestão cuidadosa dos “estoques” de

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energia armazenada nestes reservatórios


virtuais. Esta gestão pode ser feita através
de modelos de otimização probabilística figura 1
semelhantes a modelos de gestão de “por-
tfolio” da área financeira. Componentes e fluxo de informações necessário para
A Figura 1 ilustra os componentes e a otimização da encomenda dos navios tanqueiros de GNL
o fluxo de informações necessário para
a otimização da encomenda dos navios
tanqueiros de GNL, considerando estas
incertezas, e a capacidade de regasei-
ficação.
O primeiro bloco, representado pela
parte superior da figura, é responsável
pela simulação energética da operação
do sistema elétrico de acordo com a
metodologia vigente. Deste modelo, são
produzidos três resultados de interesse
em cada mês e para cada cenário hi-
drológico analisado: geração térmica,
energia armazenada de cada sistema e
energia armazenável máxima. Observe
que a diferença entre a energia armaze-
nável máxima e a energia armazenada é
o espaço que dispõem as térmicas a gás
natural para “estocarem” suas produ-
ções energéticas para uso oportuno.
Estes resultados são “enviados” ao opção de compra destes carregamentos no abastecimento e otimizar os custos
segundo bloco, representado pela parte estará limitada ao mercado spot de GNL para a sociedade brasileira. Como a
inferior da figura, que consiste no mo- e seu custo dependerá do preço do gás história nos ensinou, é nas crises que
delo de otimização responsável pelas no Henry Hub, acrescido de uma “taxa se aprende a melhor gerenciar nossos
decisões de “scheduling” do GNL. O de urgência”. recursos disponíveis de forma mais in-
modelo determina qual a programação A PSR e Gas Energy estão, atualmen- teligente e criativa. Como visto, a idéia
dos navios de GNL a ser realizada para o te, realizando estudos para verificar a do armazenamento virtual do gás prevê
ano corrente, utilizando as flexibilidades viabilidade da implementação dos reser- que os reservatórios hidráulicos serão
de armazenamento das hidroelétricas. O vatórios virtuais e simular seu desempe- utilizados para armazenar energia pré-
objetivo é minimizar o custo de compra nho. Neste contexto, uma das atividades gerada pelas térmicas a gás. Estas rece-
do GNL importado considerando a incer- em curso é a elaboração do modelo ma- bem créditos pela energia previamente
teza no consumo térmico e no preço do temático apresentado para a otimização gerada, podendo ser utilizados oportu-
gás natural no Henry Hub e capacidade das encomendas de tanqueiros GNL. namente, quando o ONS determinar o
de regaseificação. Além das encomendas Durante um cenário de potencial despacho destas usinas. Este poderá
para o ano, pode-se incluir no modelo a escassez de recursos energéticos para ser um inteligente instrumento para
compra spot de carregamentos de GNL os próximos anos, um dos principais otimizar o uso dos recursos disponíveis
para, por exemplo, atender a condições desafios é como melhor utilizar nossa e aumentar a flexibilidade da geração
críticas de suprimento (grande geração infra-estrutura gasífera e hidroelétrica térmica a gás, principalmente com a
das usinas térmicas). Obviamente, que a de forma integrada para dar segurança introdução do uso de GNL no Brasil.
marcotavares@gasenergy.com.br
psr@psr-inc.com

Colaboraram: Douglas Abreu, sócio da Gas Energy Assessoria Empresarial; e Mario Veiga Pereira e Luiz Augusto Barroso, sócios da PSR Consultoria

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