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wo negativa ranga social a partir da degradacao da condigao social das cate- gotias populares, que nao podem fazer face 4s novas regras da concorréncia e da competitividade. As politicas implementadas em favor dos jovens de perife- ria ilustram esta ambigitidade. Eles so os alvos privilegiados da determinagao de um Estado que quer mostrar sua autorida- de infalivel contra os fatores da desordem. Ao mesmo tempo, ‘les so esquecidos quando se trata de considerar 0 «: das condigées necessdrias para que alguém possa ser reconhecico como cidadao por inteiro na sociedade. As dis- jnagdes que eles sofrem sao a marca deste déficit de cidada- ia. A luta contra a delingiiéncia corre o risco de servir de Alibi para a negacio do reconhecimento que eles experimentam coti- dianamente, se nao for associada & luta para promover mais igualdade e igualmente para combater as discriminagSes. ‘Aatengao ditigida exclusivamente a delingjiéncia destes jo- vens, fazendo-os exercer o papel das classes perigosas, reforcaa estigmatizacio da qual eles jé s4o objeto, em diferentes setores da vida social, A légica que entao passa a vigorar em nome da defesa da ordem republicana pode inverter-se em légica de ““guetizagio” destes jovens que, ndo tendo mais outros recursos sen fechar-se em si mesmos num entre-si comunitéri tam inverter o estigma em reivindicando a dignidade da raga contra as promessas falaciosas da democracia. 5 Cidadaos ou autéctones? Mesmo se recusamos a comodidade que consiste em con: derar globalmente as periferias como espagos separados e ré- pletos de excluidos, é forcoso constatar que uma dinémica de separacio est em vias de instalar-se, alargando progressiva- mente a distancia entre a parcela da populacao marcada por sua origem étnica e o resto da sociedade. Talvez agora se torne do dizer que a exclusio que os golpeia 6 produto de meca mos de ocultagao, de negacao e de discriminacao, provenien- tes do uso perverso do modelo republicano. Um universalismo propalado, mas cego perante as diferencas, de fato levou a es- tigmatizar as diferengas étnicas e as enclaustrou em suas parti- cularidades, suscitando em retomno a raiva e & revolta daque- Jes que se sentiram enganados, justamente porque continuam sendo marcados por uma pertenca da qual fazemos uma ima- Os acontecimentos do outono de 2005 ¢ os problemas das petiferias se inscrevem nos quadros de uma interrogacao que yai se tornando cada vez, mais aguda nos tiltimos anos. Ela tem a ver com a presenca, em territério francés, de formas de do- minacao herdadas de um pasado colonial que emperra relagSes com as populagtes advindas de regides outrora domi- nadas pela hegemonia dos franceses. De sorte que um mimero crescente de representantes destas minorias étnicas pensa que € chegado o momento de encarar as seguintes questdes: por {que sera que somente alguns cidadaos franceses sio tratados como “autéctones da Republica?” Por quais motivos reformu- lamos a questao da integragao de pessoas oriundas da imi- gracio, enquadrando-a numa problemética que faz aberta- mente referéricia a raca? Seria possivel uma re-fundacao do modelo republicano e um alargamento da concepgio de cida- dania, tornando estes dois elementos capazes de constituir- se em principios unificadores de uma sociedade pluriétnica e pluricultural? O crescimento dos perigos No inicio dos anos 1980, quem dera, a sociedade francesa e sua classe politica perdeu uma de suas melhores chances hi toricas; o sétimo ano de governo de Valéry Giscard d’Fstaing nolabilizou-se por fechar as fronteiras a imigragao de trabalho (1974), ¢ impediu a imigragao familiar, incitando os trabalha- dores imigrantes a voltarem para seus paises de origem (“mi- Ihdes de imigrados”, ou “milhao Stoleru”, nome do ministro que em 1977 propés, inicialmente, dez mil francos para cada voluntario que se apresentasse para retornar para seu pais de origem). A “Lei Bonnet”, de 1980, endurece ainda mais as con- es de resistencia dos estrangeiros. E as expulsbes forcad se multiplicam. Milhares de pessoas viram-se implicadas, par- ticularmente os jovens autores de pequenos delitos (que deno- minamos “dlupla pena”). Neste contexto, as tensdes com a po- licia se endurecem, e uma parcela do entorno popular comeca a delatar os imigrantes, considerando-os responsaveis pela pentiria de trabalho (o limiar de um milhao de desemprega- dos foi atingido em 1976). Os abusos policiais eos crimes racis- tas se sucedem. Desde antes da “primavera quente”, de 1981, ‘08 enfrentamentos com a policia se multiplicam nas periferi sobrétudo em Lion, e numerosas reportagens da imprensa jé descrevem um niverso selvagem, cingido por blocos de asfal- to pardacento e povoado de primitivos seres associais, eviden- temente, de origem magrebina® No entanto, a eleigao presicencial de Francois Mitterrand, em 10 de maio de 1981, € acolhida com manifestagdes entusi- {sticas pelos jovens militantes, que aguardam por mudancas do rota, O programa presicencial continha a promessa de abolir as leis sobre as expu > acesso dos imigrantes &s cleigdes locais. Nicole Questiaux, ministra da Solidariedade Nacional do primeiro governo da esquerda socialista, aos 17 de junho de 1981, declara: “Ea solidariedade com voces, fran- ceses imigrados, sem discriminagdo, a solidariedade com os povos do terceiro mundo, que guiaré nossas ages". Este go- verno adota algumas medidas para melhorar a condigao dos imigrantes: adormecimento da Lei Bonnet sobre as expulsées, regularizagéo em massa dos imigrantes ilegais, autorizacio aos imigrantes de criar associacbes, sem autorizacéo prévia. Estas associagOes se mul oriundos da imigragao. A esquerda no poder implementar um determinado nuimero de “dispositivos se transforma, entéo, em discriminagao positiva, mesmo se ain- .am, envolvendo largamente 0 jovens da ndo as nomeamos assim. Sem serem exclusivamente centradas nos jovens oriundos da imigracio, elas os tém em primeiro plano: missées locais para 0 emprego no prolonga- mento da relagio de Bertrand Schwartz sobre a insergio profis dos jovens (1981), zonas de educagao prioritéria (ZEP, t8s de prevencio da delingiiéncia nos ba operacdo “Periferia 89” para “tornar as periferias rig presi deste contexta,cf BACHMAN, C.& LE GUENNEC, sander © spud WEIL, Pa F p19 quanto as cidades” (1983"). Ao menos no papel, estas medidas sto originais e sedutoras, Elas apresentam a vantagem de atacar indiretamente a questdo das discriminagGes pela intermedliaga0 de um trabalho no territério (0s bairros e as escolas) onde os jovens oriundos da imigragao sao hiper-representados, sem que eles sejam seu alvo exclusivo. Nesta conjuntura, a “Marcha'pela igualdade e contra 0 ra- cismo” do outono de 1983 assume uma significagao emble- mética. Como seu nome 0 indica, ela persegue dois objetivos expor abertamente e de uma forma militante a questéo do ra- ismo que parece gangrenar sempre mais a sociedade france- afirmar a igualdade como um direito para estes jovens que, eles mesmos, se qualificam de beurs”, se afirmam franceses € ekigem ser tratados como tais, assumindo inteiramente uma origem que nao é aquela do “francés da gema”. Iniciada timi- damente em Maselha, em 15 de outubro, a Marcha faz conver: gir para a Bastilha parisiense, em 3 de dezembro, varias deze- nas de milhares de manifestantes. Ela contabiliza um rumor inesperado. A opiniao publica e a micia parecem unénimes na deniincia da estigmatizagio dos filhos dos imigrantes e 0 ra- cismo do qual sao vitimas. Uma delegagao da pa eco bida pelo presidente da Rept ‘lysée” que, dentre outras, promete a instituigao de um visto de residéncia de dez anos para os trabalhadores estrangeiros. Um dos militantes da época assim exprime o sentimento que geralmente reina num ambiente festivo: “ Ainda me lembro nitidamente deste sopro impressionante e desta certeza de viver um momento histéri- co, Todos nés estivamos persadidos de que um golpe fatal no racismo ena exclusdo acabava de ser desfechado. Igualmente ‘servirde BACHMAN, C. & LE GUENNEC, N. Op. es disposi” ado. Robert Castel estvamos convictos de que um ‘movimento’ acabava de nas- cer, e que ele 86 poderia expandir-se”®, Estes jovens representam a primeira geragao que rompe com a esperanca de um “retorno ao pais” que, geralmente na ambi- gilidade, seus pais alimentaram. Eles se sentem franceses e sa- bem que viverdo na Franga. A esquerda, no governo e também nas “periferias vermelhas” onde a maioria reside, parece apos- tar na idéia de que outra politica, que os trataria da mesma for- ma do que os outros cidadaos, é possivel. Para ela, isso parece soar como a concretizagio do mote socialista: “"mudar a via” Numerosas associag6es que militam pela igualdade de chances e testemunham a vontade destes jovens de envolver-se na vida social e politica francesa nascem e crescem neste periodo. Elas tomam a devida distancia em relagdo as tradiges familiares e religiosas rigidas, atreladasa cultura de origem de seus pais, em apostando na vida associativa e na escolaridade. O meérito e 0 icesso escolar de muitos beurretes s&0 amplamente reconheci- dos, a0 menos pelos professores”” esta forma, no inicio dos anos 1980, pensavamos que a so- ciedade francesa iria adotar uma postura de acolhimento desta getagio. Em todo caso, a maioria deles queria acreditar nisso patticipar plenamente das atividades da sociedade civile da vida politica. Esta nova postura parecia suscetivel de superar as se~ qiielas do colonialismo, das guerras de independéncia, do des- prezo ligado a situagao dos miseraveis trabalhadores imigrados, © preparar, a0 menos para seus filhos, as condigdes para uma efetiva igualdade de tratamento. Por que a dor e sofrimentos ligados ao fato de ser oriundo da imigragao nao foram banidos das populagées provenientes ca Africa do Norte, como o foram © BOUAMAMA, S. Dix ans de marche de vorté Paris: Desée de Brouwer, 1994, p17 (Chronique d'un mouvement Para uma contextuslizagto da Marche des beurs ma tajetsria dt gerapio dos jovens oriundos da imigragio,voja BEAUD, S. & MACLET, 0. "Dos" 98 15 Deux généeations sociales d'enfantsd 2006. A discriminagao neg para as precedentes vagas de imigracées belgas, polonesas, ita- lianas, espanholas e portuguesas, que inicialmente também fo- ram duramente expostas & xenofobia? Uma bela utopia parecia estar em vias de concretizar-se, tendo como pano de fundo mu- sical a retomada da cancio de Charles Trenet, “Doce Franca”, por um grupo de Lyon, denominado, Vi ‘Tratava-se, inicialmente, de oportunidades reais ou de ilusdes dlemasiadamente ingénuas para serem criveis? Nao é facil de ava- 1 De fato, no contexto dos anos 1980, as premissas ce uma p\ a diferente foram proclamadas. Mas, ao mesmo tempo e indubi- "por pesadas ten- ado estes jovens: uma situa- tavelmente, a situacdo jé estava “sedimentada déncias que relegavam & margi ‘¢20 economicamente degradando-se, um crescimento do racismo queandava de maos dadas com o: guranga, uma crescente inquietaco em face do futuro de, setores da popullagao, e um recuo dasambicbes integracionistas do Estado que poderiam converter-se em novas regras globais. como for, nos anos seguintes, a situagio das jovens de per hoje mais ainda, éclegradante. Quais sdoas principais determinan- tes que pesaram neste agravamento dla situagao? Primeiramente, a dade desta vadores eatores politicos, in sava ser provis6ria: eles esperavam “a reconquista’, to, o desemprego revela-se estrutural. Seu crescimento vai de mos dadas com a desindustrializacao e a pentiria de empregos de baixa qualificagio, que afetam largos setores das classes po- pulares, justamente os mais concorridos entre as populagies imigradas ou oriundas da imigracio, e que geralmente coexis- tem com elas nas periferias. O racismo, também se instala. Nos Rober: Castel mefodpopulares ele assume a forma de uma reagao aos “peque- nos brancos, que transfere para o proximo-diferente a responsa- bilidade por sua propria desgraca"’. Numa situagio de concor- réncia exacerbaca, os trabalhadores imigrados so acusados de roubar os empregos dos “franceses da gema” e, além disso, de monopolizar os programas de ajuda do poder piiblico e dos ser- vvigos sociais em favor daqueles que nao tém nenhum direto por nao fazerem parte da comunidade nacional. Observamos assim, num periodo de vinte anos, um redire- cionamento dos discursos para os imigradas dos meios operérios, Voltando de suas pesquisas de campo, feitas em Sochaux, Stéphane Reaud e Michel Pialoux evocam a situacdo do final dos anos 1980, na qual, apesar das tensoes, alguns dos entrevis- tados, sindicalistas, é claro, falam em “meus colegas imigrados”. Os autores da pesquisa mostram o duplo proceso que houve desde entao: simultaneamente a perda das solidariedades ope- rérias, a intensificagdo da concorréncia nas fabricas ¢ a permea- dade para aqueles que chegavam do exterior doambiente de trabalho, das cidades préximas e, particularmente, o comporta- rovocador dos “pequenos imigrantes’ eque- nos frabes”, Desta forma, tende a instalar-se uma desvantagem entre os “operarios brancos”, tentadios a encontrar ui tabilidade se afirmando “franceses da gema’, e os ndo-europeus", infelizmente uma qualificagao racista que con- templa nao somente os imigrados procedentes do Magreb ou da tadores da nacionalidade francesa. ‘Acxpresate pert bl és-Guerra de Secessio. Uma p nario politico francés sio conseqiiéncias diretas desta atitude. A conscientizagao da forga que este partido representa revela-se nas eleigdes municipais de setembro de 1983, tendo como sim- bolo a cidade de Dreux, onde este partido de extrema dircita, depois de “encolher” 16,7% no primeiro turno, associa-se 4 equi- pe municipal, e vence o segundo tumo®. No momento das con- sultas seguintes, os eleitores de Jean-Marie Le Pen representa- Ho entre 10 ¢ 15% do eleitorado. Este crescimento do Fre derveis na gestdo das populagdes oriundas da imigraco, nota- damente nas periferias. Mesmo se ele nunca esteve & altura de exercer diretamente o poder, sta presenga foi determinante para impedir uma participacio efetiva das populagdes provenientes da imigragéo a vida social e tra claramente que, por medo de dar raza national que denunciava as vantagens eos “privilégios’ concedidos aos imigrantes, as municipalidades de esquerda de- sistiram de conceder aos jovens militantes das minorias v lugar que mereciam e que desejavam. Esta forma de coder a chan- tagem também é percebida em nivel nacional, ¢ alcancott as mais altas esferas do Estado. Por que aquilo que Nicolas Sarkozy fez »m maio de 2007, integrando personalidades oriundas da imigra- al teve consoqiiéncias consi- indevidos, [80 em seu governo, nao poderia ter sido feito antes por Francois Mitterrand ou Lionel Jospin? De fato, eles poderiam ter feito isso, ‘mas nao quiseram assumir 0 risco, eleitoral primeiramente, de contrariar a parcela da opinido piiblica que era sensivel as postu- as de xenofobia e racismo*. 0 de extrema direita faneds, em cy frente esté Le Pen (nota do autor). A Rovere Caset Nao se trata de diabolisar 0 freqiiente (e sem diivida demas medo dele, final Ihe raza0). Por outro defendidas por este partido sio que elas so populares. Para de resto muit que proclama abertamente'su lidade aos imigrantes, a rejeicio da imigracio e a dificuldade em admit iedade francesa 03 jovens provenientes da imigragao, >» E necessério ad opinio pul idade que o representar no censtio politico francés. Mas, se Porque uma parcela ao menos de suas pri reconquistadas pelo atual governo. mento das p dos jovens, focal venientes da imigra De qualquer forma, podemos av 4, antes, 0 tempo perdid as no momento da Marcha dos beurs. Um de seus slogans mais populares dit “A Franca é como uma Mobylette”: nesclar-se”. Mas nem em 1983.nen Uma segunda série de fatores interveio a fim de tornar ain- da mais dtica a aceitacio destes jovens pela sociedade francesa: uma seqiiéncia de acontecimentos intemacion Jevaram a assemelhar toda referén rezo em rela¢do ao trabalhador imigrante para um medo do musulmano suscetivel de questionar os fundamentos da civili. zacio ocidental Os principais episédios deste crescimento potencial da ‘slamofobia” foram a primeira guerra do Golfo Pérsicoem 1991, © desencadeamento da segunda Intifada palestinense em 2000, es atentados de 11 de setembro de 2001, evidentemente, a guer- ‘a do Traque, depots outros atentados ainda na Europa, ee. £ necessério sublinhar o impactos destes acontecimentos ao mes. mo tempo sobre os jovens cujas origens os une novamente a0 Isl& e sobre a opiniao pablica francesa Younes Am: ia proxima de Sochaux, com Ssignificativo por se tratar de um co que ordinariamente poder mato tic ligiosas mani- festas™. Nao obstante isso, ele imediatamente ressente a humi Ihagao de pertencer a um campo, aqucle dos agressores frabes ue num curto espaco de tempo também sera o campo dos ven. cidos, E sente igualmente a necessidade de se solidarizar com aqueles que sao acusados de serem seus correligionérios: vale que ele faz grafites “para Saddan” ¢ desenha escudos zhas mesas. Mas, 20 mesmo tempo, ele sabe que esta cauisa nao é como ele mesmo o confirma: sma imagem do exterior que contra os Feys, contra a Amé- rica... € em fav Mas sobre isso sguém de estava se “lixando” com a situacao do Oriente M © [.].N6s faziamos ojogo dos malsndros, mas, pa- 2 de ite ticularmente, confesso que estévamos muito conten- tes de estar na Franca, estudando num liceu, Esta sorte de pertenca distanciada parece se Beral destes jovens qualificados de “4rabo-muculmanos” tuclo em ralagto as suas percepgdes internacionais, que ultra, Passam suas preocupacdes, Didier Lapeyronie, partindo de re. Centes Pesquisas de campo nos “bairros sensiveis”, confirma o 1 acabamos cle dizer: “Apesar de os érabes terem felto isco”, alguns destes jovens falam dos atentados de 11 de setembro, com certo orgulho, e dizem que af existe uma certa revanche Contra as humilhacdes sofridas, sem que saibamos suficiente. mente se isto S30 humilhacées do mundo drabe na cena interna, clonal ou daquelas que eles sofrem em suas vidas cotidianas *obretudo no momento Em due estes fates sfo comentados entre eles. “A pessoa pensa zo que diz e até mesmo acredita naquilo que diz? No fundo, a Guestdo nao tem nenhum sentido, Ele pensa no que diz e ele, ao ‘mesmo tempo, nao pensa””. B que esta identidade “érabo-muculman. impostae nao, ara a maioria deles, uma identidade assumida. Eles devem ontentar-se”, vivercom uma representacio deles mesmos que Scolheram, e que pesa sobre eles como a desconfianca per. inanente de ser outra coisa do que realmente so. Em grande media, areaclo deles uma resposta a urna imagem que Ihesé fRenvieds Por outros e na qual eles ndo se reconhecem, Mas, Ser que eles lm outro papel aexercer,enquanto so apresenia, dos como uma encamacao ao menos potencial do mal? A construgio social, e especialmente miciética, do perigo islamista nfo se preocupa com as nuancas.[é evocamos pears Socializado na periferia de Lyon, que foi um MAIRE,S.La France 85 fores do atentado de RER Saint-Michel em Paris, em 1995, © foi abatido pela pol ra da TV France 3. Evidentemente, sew 6 0 presente mo- mento, excepcional. No televisivo das 20 horas do canal France 2 de ro de 1995 o apresenta como Nao 6 absolutamente um issico, a0 contrario. Mas tornou-se classico, ou corti associar a pertenga, mesmo que indiret ulmano a um perigo potencial. No mesmo sent citar, logo apés as agressdes cometidas na ocasiao d $40 colegial de 8 de marco de 2005 pel provenientes das cidades, de que os jovens das cidai (pois sao eles os mais v trangitilo, Em minha Tigo s6 existem negros e arabes, A idéia de dormir com um deles sei, estes props nados, por exemplo, pel as Robert Cosel s des num partido que além disso 6 0 partido do governo da Fr ‘ae aquele do Presidente da Republica, que promoveu a Senho- 12 Rachida Dati, para as mais altas fungoes. E uma bela contradigao, mas que ilustra a relagdo efetivamente contra ria que a Repuiblica mantém com suas minorias étni O estigma da raga E preciso olhar as coisas de frente: uma conotagio racial, ¢ geralmente racista, progressivamente se impos com sempre maior insisténcia a fim de explicar 0 lugar que ocupam as “mi- notias vistveis” na sociedade francesa. Inicialmente ocultada, ou “eufemizada", ou ainda enunciada de uma mane ‘menos vergonhosa, ela instalou-se no coracio di taldade racial apare- ico, de resto, muito sério real problema nicas sobre a heranga da escravatura logo depois da promulgagao da Lei Taubira (2001) que faz d crime contta a humanidade, contestagio das leis “mem que buscam reavaliar o papel da calonizacio, caso Dieudonné, incia e alé mesn compensacées que a Pranca deveria consentir para reparar os crimes mo... A tematica pés-colonialista e a figura ca estdo atualmente no centro de apai- xonadas nicialmente feitas por grupos que.se julgam vitimas de discriminagoes devidas a suas pertengas etnorraciais, respondeu em coro 0 processo des- tas minorias, instruido pelos defensores intransigentes do ‘universalismo republicano: para eles, estas minorias se fecham nnelas mesmas em suas particularidades étnicas e desta forma mo contra os branco: Hoje temos 0 direito de falar de um “retomno da raca’,, desde que estojamos atentos ao sentido das palavras. A concepgio de raga que prevaleceu nos quadros da colonizacao e da qual é ne- cessério interrogar a forma de sua presenca atual na sociedade francesa, necessariamente nao implica um prinefpio de diferen- ciagdo biolégica irredutivel, que dividiria a humanidade em subesp identidade seria genericamente determinada jeu uma versao particularmente mons- erpretagdo da diferenca das racas). Podemos igualmente chamar de raca uma constelagao de especificidades culturais transmitidas de geragao em geragio pelo fato de elas perpetuarem modos de vida e estruturas afetivas e mentais es- pecifieas numa sociedade, A raga superior é entéo aquela que tem ¢ exporta a cultura superior, a civilizagao. As outras io julgadas inferiores em fungao de sua distancia em relagéo a esta civilizagao, ede s Ja. A diferenga racial resid das absolutas™, yr ou menor capacidadle de assimilé- \sdiferencas culturais, torna- Esta concep¢ao foi instrumentalizada pelo empreendimento colonialista. O autécione pertence a uma cultura inferior e ‘ou menos suscetivel de se apropriar da cultura superior. Ele est a mercé de um estatuto diferente daquele dos membros da socie- dade civilizat6ra, isto 6,em se tratando da colonizagio francesa, dos cidadaos franceses. O Cédigo do autéctone, elaborado na Robert Castet 4 fo entre os thdividuos ou pessoas que estio sob a autoridade do Estado francés e 0s cidadaos franceses. Os algerianos séo pessoas, ou individuos, que estao sob a responsabilidade do Estado fran- «és, isso enquanto habitantes des departamentos franceses e, por- tanto, em territério francés, mas carecem das prerrogativas de ci- dadania francesa. Eles possuem um estatuto juridico especi comporta a restrigao de direitos civicos ¢ regulamentacdes di 0 entanto, repetir: a diferenca entre cidadio fran- ne nao tem nada a ver com a incompatibilidade de cos. O que inferioriza 0 auléctone é sua inscricao numa comunidade inferior, que ele hercou de stias ori- gens e de sua propria historia, A raga é uma naturalizagao das formas de ser, de se comportar, de sentir as diferentes formas de realizagio pessoal dos valores de um sujeito civilizado. O critério da discriminagio nao é biol6gico, mesmo se ele foi naturalizado: ele ésocial. Prova disso é que alguns autictones puderam ter aces- 80 & cidadania francesa: aqueles cuja posigao social, 0 nivel de instrugdo, 0 modo de vida, aquilo que poderiamos denominar smo” atestam que eles puderam veneer esta inferiorida- estigma da raga pode, portanto, ser superado. necessario e basta que o autéctone prove que écapaz de adequar-se a cultura ocicental"™, 202). P © por isso fam entrar a a ? Paris: Gasset, 2, p. 238). 89 De 1865 até 1937, menos de 2500 algerianos acess0 a tegracao des aut "es mas, a0 contrério, os buscaram sabendo que este wei ePcional e geralmente feito, langando maos dos piores neios para realizé-la. Jules Ferry dizia: “E necessdrio colocar @ Cuielone a estrelta necessidade de adaptar-se ou desapare, cor’, A frase 6 bastante terzivel, mas permite igualmente com preendor a forma extrema da “missio civilizatGria” quea Fron: fase alribuius erradicara cultura aut6ctone para construir uma im o desejo sinc ies a6 luzes da razao e os beneficios do progresso, Ela ign aaate voltou um pouquinho attés nesta concepgao totalizante da assi m defxando uma margem de manobra a cultu- i autdctone, mas com a condigio de que ela permanecesce sg bordinada. Mas ela nunca duvidou de que precisava irae on, Sona daquilo que produzia este atraso no autéctone, a saber sua fixacdo nas caracteristicas proprias de sua cultura original Ea partir deste quadro historico conceitual que podemos discutir sobre a pertinéncia da referéncia a uma situagio pés-

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