Sunteți pe pagina 1din 8

CAPOEIRA: UM GRITO DE LIBERDADE

Luiz Carlos Varella de Oliveira - CEFAPRO

RESUMO

Este trabalho teve início quando, por intermédio da Lei 10.639/03, obrigava
as instituições educacionais do país trabalharem sobre a História da África e dos
africanos. Sou professor de História da rede Estadual, descendente dessa etnia me
angustiava quando nos manuais históricos escritos, as referências com relação a esse
grupo étnico eram incipientes. Não raras vezes somente davam destaque aos castigos,
sofrimentos, privações e outras atrocidades praticadas ao negro e seus descendentes.
Nada para se orgulhar nas páginas. Logo, não tendo identificação a atenção nas aulas
ficava reduzida.
Quando percebemos que quase a metade da população brasileira é de
composição afro-descendente e, nas minhas salas de aulas essa porcentagem era bem
maior, mais de 87% (oitenta e sete por cento), estava para surgir dessa realidade, uma
ação que viesse valorizar esses negros. Segundo o IBGE, o negro hooje é o preto e o
pardo. Era necessária uma releitura da importância dessa etnia na composição da
sociedade brasileira, na economia, nas artes, na culinária e na construção cultural.
Após essa constatação, nossos encontros semanais ficaram, segundo os
envolvidos no processo, alunos, professor e família, mais interessantes, pois a
confirmação das práticas realizadas pelos “negros” era feita pelos parentes mais velhos.
Eles tinham muitas informações sobre esses acontecimentos. Essa trilogia (alunos,
professor, família) transformou nossas aulas.

Palavras-chave: Negro, Preto, Pardo.


Os seres humanos nascem livres, iguais e originais, mas quando deixam de
exercer tais prerrogativas no plano social, tornam-se cópias de um sistema em
transformação e, essa mutação limita o homem culturalmente. Esse desenvolvimento
não terá representação e representantes vigorosos na transmissão de informações úteis
aos componentes de um determinado segmento social. Por isso é preferível o homem
livre e criativo que ampliará a si e a comunidade.
A Cultura, enquanto produção histórica em sociedade aparece como um arsenal
complexo no qual, estão incluídos os conhecimentos, crenças, artes, moral, costumes e
quaisquer aptidões ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.
O ambiente e o modo de viver de um grupo de seres humanos, ocupando um território
comum criaram o social e o cultural na forma de idéias, instituições, linguagem,
instrumentos, serviços e sentimentos que darão complementação à sobrevivência física
e coletiva.
O estudo dos aspectos culturais de uma etnia e como eles foram implantados no
meio social, no caso, os afro-brasileiros que trouxeram a capoeira para Rondonópolis,
possivelmente revelarão o modo, também como determinada realidade social foi
construída, pensada e lida por esses atores. Dessa maneira, cultura é tudo aquilo
produzido pelo trabalho humano, também no nível de nossa história regional e local, de
um processo migratório.
A cultura é o dispositivo que move o indivíduo e o grupo para longe da
indiferença, da indistinção transformando-se e transformando-o podendo então atingir a
diferenciação. Ela depende da história de um povo. Especificamente no caso da
Capoeira Rondonopolitana, as contribuições de início estão vinculadas às situações
pelas quais passaram e viveram seus implantadores. E depois a mesma ganhou novos
contornos, novas mudanças, pois engendrou e se incorporou nos processos locais.
A capoeira e suas implicações no ensino em Rondonópolis, o movimento, ainda
que incipiente desta arte/luta/dança, genuinamente afro-brasileira, pois teve gestação em
África, mas nasceu no Brasil, é também prática desportiva e de inclusão social.
Os escravos negros começaram a ser desembarcados no Brasil por volta de 1548
e, nos três séculos seguintes, seriam predominantemente do tronco linguístico banto, do
qual faz parte a língua quimbundo1. Esse grupo engloba angolas, benguelas,
moçambiques, cabindas e congos. Eram povos de pequenos reinos, com razoável

1
O quimbundo (mbundu) é uma das línguas bantas mais faladas em Angola, no noroeste desse país,
incluindo a província de Luanda.

2
domínio de técnicas agrícolas; possuíam uma visão muito plástica e imaginosa da vida,
e demonstravam ter grande capacidade de adaptação cultural.
Não há indicações seguras de que a capoeira se tenha desenvolvido em qualquer
outra parte do planeta além do Brasil. “A tendência dos historiadores e africanistas,
tomando como base poucos e raros documentos conhecidos, se fixarem como sendo de
Angola os primeiros negros aqui chegados, tendo a grande maioria de nossos escravos
escoado do porto de São Paulo de Luanda e Benguela. Ao lado disso, a gente do povo e,
sobretudo os capoeiras falam todo o tempo em Capoeira Angola, especialmente quando
querem distingui-la da Capoeira Regional. Ora, tudo isso seria um pressuposto para se
dizer que a Capoeira veio de Angola, trazida pelos negros desse país. Mas, mesmo que
se tivesse notícia concreta da existência de tal folguedo por aquelas bandas, ainda não
seria argumento suficiente. Está documentado e sabido por todos que os africanos uma
vez livres e os que retornaram às sua pátrias levaram muita coisa do Brasil, coisas não
só inventadas por eles aqui, como assimiladas do índio e do português. Portanto, não se
pode ser dogmático na gênese das coisas em que é constatada a presença africana; pelo
contrário, devemos andar com bastante cautela nessas particularidades”.
No final do século XVII são descobertos no Brasil os primeiros veios auríferos.
Dessa maneira, inicia-se a mineração no Brasil. Com a descoberta dos locais onde
existia o metal (Minas Gerais), a movimentação de pessoas aumentou. Essa migração
interna promoveu mudanças de trabalhadores e, consequentemente, as trocas culturais
iriam ter outra influência, agora com elementos “construídos” dentro do território
nacional.
O início do século XVIII foi marcado pelo começo da atividade cafeeira no
Brasil. O café foi primeiro introduzido na América do Sul através do Suriname. De lá,
passou para a Guiana Francesa, por iniciativa do Governador de Caiena que conseguiu,
de um francês chamado Morgues um punhado de sementes, tendo-as semeado no pomar
de sua residência.
No século XVIII, o café, devido às suas qualidades estimulantes, era um produto
consumido de forma sôfrega na Europa e nos Estados Unidos da América. Os países
que possuíam as mudas do Cafeeiro (os Países Baixos, a França e as suas colônias)
guardavam-nas a sete chaves: elas eram preciosíssimas, pois o café era um produto
muito valorizado no mercado internacional.
Portugal ainda não as possuía quando, em 1727, por determinação do
Governador e Capitão-general do Estado do Maranhão, João da Maia da Gama, o

3
Sargento-mor Francisco de Melo Palheta dirigiu-se para a Guiana Francesa com a
missão de restabelecer as fronteiras fixadas pelo Tratado de Utrecht de 17132, violadas,
Possuía, entretanto, uma outra missão, secreta: a de conseguir sementes do cafeeiro.
Em Caiena, Palheta buscou aproximar-se da esposa do Governador da Guiana,
Madame d'Orvilliers, acabando por conquistar-lhe a confiança. Desse modo, logrou
obter, das mãos da mesma, as almejadas sementes. O militar retornou no mesmo ano a
Belém do Pará, onde as mesmas foram semeadas, introduzindo-se a espécie na colônia.
Devido ao fato de que, como a saída de mudas ou sementes do Cafeeiro era
estritamente proibida pelo governo francês, ainda hoje se discute se é "lícito pensar que
o aventureiro português recebeu não só os frutos, mas favores mais doces de madame.”
O fato é que, graças ao militar, Portugal assegurou as fronteiras do Brasil ao
Norte, no atual estado do Amapá e, ainda, obteve as primeiras sementes daquele que
seria o principal produto de exportação brasileiro nos séculos XIX e XX.
No século XVIII, além do açúcar e da recém-implantação da cafeicultura e da
mineração, começa efetivamente, com o crescimento das cidades, a vida urbana,
surgindo outro tipo de escravidão: o escravizado doméstico. A partir desse momento, a
alforria começa a ser amplamente disseminada. A presença do negro, sua contribuição
para a civilização brasileira, torna-se marcante, não só nas senzalas das plantações ou da
mineração, mas também nas cidades, no comércio, nos mercados e nas praças públicas.
A Família Real chegou ao Brasil em 1808. Dom João VI e sua comitiva
instalaram-se no território nacional por ser ameaçado na Europa por Napoleão
Bonaparte, Imperador francês. Um ano após a chegada do Regente, criou-se a Secretaria
de Polícia e com ela foi organizada a Guarda Real de Polícia. Para chefiar essa
instituição recém elaborada foi nomeado para chefiá-la o Major Nunes Vidigal;
perseguidor implacável dos Candomblés, das rodas de samba e em especial, os
capoeiras.
O Major Vidigal foi descrito como um “homem alto, gordo, do calibre de um
granadeiro, moleirão, de fala abemolada, mas um capoeira habilidoso, de um sangue
frio e de uma agilidade a toda a prova, respeitado pelos mais temíveis capangas de sua
época”. Tinha habilidades invejáveis quando jogava o pau, a faca, o murro e a navalha,
sendo que nos golpes de cabeça e de pés era imbatível.

2
Primeiro Tratado de Utrecht - 1713. Firmado entre Portugal e a França para estabelecer os limites
entre os dois paises na costa norte do Brasil. Estas disposições serviram, quase dois séculos após, para
defender a posição brasileira na questão do Amapá.

4
O lingüista Antônio Moraes Silva3, na segunda e última edição que deu vida de
sua obra, Diccionario da Língua Portugueza, inclui também o vocábulo capoeira. Após
isto, o termo entrou no terreno da polêmica e da investigação etimológica, envolvendo
nomes como os de José de Alencar 4, Beaurepaire Roham5 e Macedo Soares6.
No ano de 1821, a Comissão Militar do Rio de Janeiro, em uma carta dirigida ao
Ministro da Guerra, reclamava dos “negros capoeiras, presos pelas escolas militares,
promovendo desordens”, e em função dessas atividades “ilícitas” reconhecia a
necessidade urgente de serem castigados publicamente pelos atos praticados.
No entanto, os capoeiras eram um “mal necessário”. Vez por outra,
frequentemente chamados de desordeiros, assumiam o papel de heróis. Caso que ficou
explícito na revolta do Batalhão de Mercenários composto de irlandeses e alemães, que
abandonaram seus quartéis, no Campo de Santana, São Cristóvão e Praia Vermelha,
promovendo grande carnificina, matando e saqueando.
Esse episódio é relatado por J.M. Pereira da Silva 7 em “Memórias do Meu
Tempo” entre os anos de 1840 a 1886, que os “sublevados foram atacados por magotes
de pretos denominados capoeiras, travando com eles combates mortais”.
O pintor alemão, Johann Moritz Rugendas8, na segunda década do século XIX,

3
Diplomado em Direito Civil e Canónico pela Universidade de Coimbra, a principal obra de Morais da
Silva é o Dicionário da Língua Portugueza (1789). Um ano antes, em 1788, ao exilar-se em Inglaterra,
fugindo da inquisição, traduziu História de Portugal. Após o seu regresso ao Brasil, Morais da Silva
exerceu advocacia em Pernambuco, e magistrado na Bahía.

4
José Martiniano de Alencar (Messejana, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de
1877), foi um jornalista, político, orador, romancista, crítico, cronista, polemista e dramaturgo
brasileiro.
5
Henrique Pedro Carlos de Beaurepaire-Rohan, primeiro e único visconde de Beaurepaire-Rohan,
(Niterói, 12 de maio de 1812 — Rio de Janeiro, 19 de julho de 1894) foi um nobre, militar e político
brasileiro. Foi filiado ao Partido Liberal.

6
Macedo Soares (José Carlos de M. S.), advogado, industrial, professor, político, diplomata e ensaísta,
nasceu em São Paulo, SP, em 6 de outubro de 1883, e faleceu também em São Paulo em 28 de janeiro
de 1968. Eleito em 30 de dezembro de 1937 para a Cadeira n. 12, na sucessão de Vítor Viana, foi
recebido em 10 de dezembro de 1938, pelo acadêmico Ataulfo de Paiva.

7
José Pereira da Silva, José M. Pereira da Silva, era de Sancta Luzia de Sabará, Minas Gerais, Brasil.
José Pereira da Silva fue el traductor de la obra titulada Manual prático do lavrador, com um tratado
das abelhas.

8
Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de março de 1802 — Weilheim, 29 de maio de 1858) pintor

5
quando esteve no Brasil, fazendo parte na missão alemã de Langsdorff, assim descreveu
essa atividade realizada pelos negros nos momentos de “descanso”. “Os negros tem
ainda um outro folguedo guerreiro, muito mais violento, a capoeira: dois campeões se
precipitam um contra o outro, procurando dar com a cabeça no peito do adversário que
desejam derrubar. Evita-se o ataque com saltos de lado e paradas igualmente hábeis;
mas, lançando-se um contra o outro mais ou menos como bodes, acontece-lhes
chocarem fortemente cabeça contra cabeça, o que faz com que a brincadeira não raro
degenere em briga e que as facas entrem em jogo, ensanguentado-a.”
A Lei 10.639/03, em função de tratar-se da inclusão nos currículos escolares,
tanto em instituições públicas como particulares, alterada pela Lei 11.645/08, onde é
obrigatória o Ensino da História da África e dos Africanos e Indígenas, deu
possibilidades que uma parcela da cultura africana, especialmente a capoeira,
arte/luta/dança do Brasil, ser ministrada nas escolas. Para tanto, um grande número
delas possuem em sua programação. Ainda que fora da grade, um horário específico
para a prática dessa atividade.
Nós sabemos que toda a temática a ser estudada e colocada em prática na
atualidade, não como ela é apresentada na realidade, mas adaptando-a para uma sala de
aula, iremos utilizar os elementos que apresentam uma grande número de
especificidades. Com a capoeira o processo é o mesmo. Nosso interesse em estudá-la é
por que sou negro. (segundo o IBGE o negro na atualidade é o preto e o pardo). Meus
alunos também. Partindo dessa definição, agucei minha observação e percebi que meus
alunos (sou professor da rede do Estado de Mato Grosso), na sua grande maioria são
afro-descendentes. Logo, não havia um estudo na minha localidade que explicasse
detalhadamente a luta do negros, enquanto etnia, que apontassem eles como
construtores do Brasil em todos os sentidos. Lançamo-nos a pesquisa e conseguimos
vislumbrar muitas realizações dos negros no meu país. Uma delas, e a mais festiva, foi a
capoeira.
A Capoeira enquanto Arte/Luta/Dança, oferece aos seus praticantes,
pesquisadores e esportistas várias possibilidades de ser um cidadão no sentido social da
palavra. Desperta-lhe limites, medos, respeito, enfim, todas as emoções que um ser
humano pode ter. Além disso, seu papel na educação dos nossos jovens é sumamente
importante.

alemão que viajou por todo Brasil durante 1822-1825 e pintou povos e costumes.

6
Ela apresenta uma codificação que nós descobrimos enquanto pesquisamos: é o
OCI. O que significa esse OCI?

* ORGANIZAÇÃO,
* COORDENAÇÃO,
* INTEGRAÇÃO.

Como sabemos, para que aconteça uma "Roda de Capoeira" é necessário que
exista uma pessoa ou pessoas que Organizem o espaço previamente onde ela
acontecerá.
No local pré-determinado precisamos ter alguém que coordene esse encontro de
capoeirista e simpatizantes.
No momento em que a roda está acontecendo, a integração dos instrumentos de
percussão, dos cantos e ladainhas, palmas e a própria platéia, precisam estar em
sintonia, caso contrário, a atividade não acontece, isso sem falar dos elementos
invisíveis que estão presentes nessas trocas de energia.
Adotamos esses ensinamentos advindo da Capoeira e introduzimos numa sala de
aulas. Nela, o professor não é um capoeirista, mas, se ele não se organizar (saber o
local, sala, turma que irá trabalhar) terá dificuldades de locomoção dentro da instituição
educacional.
Tendo realizado essa primeira atividade, estando dentro da sala de aulas, precisa
exercer sua coordenação sobre os trabalhos (de que maneira serão executados as
atividades: em círculo, em grupos, etc...) Após essa duas tarefas temos a integração do
professor com os educandos na sala de aula (aula preparada, exercícios, passeios ou
seja, seu plano de aulas), não tendo... podemos imaginar o que acorre.
Percebemos que as aulas quando criadas e aplicadas seguindo esses passos
ficaram, para os alunos e o professor, mais interessantes e participativas. Pois muitos
assuntos de outras temáticas poderiam ser trabalhos através dessa metodologia.

Bibliografia:
AMADO, Janaina; Ferreira, Marieta de Morais. Usos e Abusos da História Oral. Rio de
Janeiro: FGV, 2002.
AREIAS, Anande das. O que é capoeira. São Paulo: Tribo, 1983.
CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: Os fundamentos da malícia. 4 ed, Rio de Janeiro:

7
Record, 1993.
CHALOUB, Sidney. Visões de Liberdade: uma história das ultimas décadas da
escravidão na corte. São Paulo: Companhia de Letras, 1990.
CHARTIER, Roger. A História Cultural – Entre Práticas e Representações. São Paulo:
Bertrand Brasil, 1990.
LE GOFF, Jacques. História e Memória: Campinas SP: Unicamp, 2003.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual da História Oral. São Paulo: Layola, 2002.
RODRIGUES, Nina. Os Africanos no Brasil. São Paulo: Ed. Universidade de Brasília,
1988.
SANTOS, Aristeu Oliveira dos. Capoeira: arte-luta brasileira. Curitiba: Impressa Oficial
do Estado, 1993

SANTOS, Joel Rufino dos. A Questão do Negro na Sala de Aula. São Paulo: Ática,
1990.

S-ar putea să vă placă și