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PAPA 42.648 (1996) AS LINGUAS GERAIS‘SUL-AMERICANAS Aryon D. Rodrigues Universidade de Brasilia igo, °-© oljetivo deste artigo ¢ duplo, Por um lado, procuro delimitar e definir 0 conceito de llngua geral como um termo espectfico para determinada categoria de linguas, que surgi- ram na América do Sul nos séculos XVI ¢ XVI em condigées especiais de conticto entre ‘europeus e povos indigenas. A expressio Uingua geral tomou um sentido bem definido no Brasil nos séoulos XVII © XVII, quando, tanto em So Paulo como no Maranhto e Paré, passou a designar as linguas de origem indfgena faladas, nas respeativas provincias, por toda a pepulagdo originada .no cruzamento de europeus e {adios tupi-guaranis (especificamente os tupiem,Sio Paulo e os typinambés no Maranhio ¢ Paré), qual foi -agregando © confingenteidevorigem afticana e contingentes de vésios outros povos indige- ‘mas, incorporades.ag-regime coloaial, em geral na qualidade de escravos ou de fndios de missio. Eventualmente a expressdo foi usada, particularmente no norte;;com um sentido ‘mais emplo, na locugdo adios de léngua geral, para refert-se 2 povos indfgenas que fala samdinguas apaventadas com a lingua geral, portanto lingvas da familia linghftica tupi- _evaranRadrigues 1986:101, n. 8). Embora a expresso lingua geraltenha se mantido em ‘usqucom sea.sentido principal, nas éreas de influéncia paulista até o infcio do século passa- daie.na Amazdnia até hoje, passou-se, em vérios meios intelectuais brasileros, sobretudo reste sécule, 2 fazer confusdo a respeito de sen significado, ora supondo-se que designasse a Hingua que falavam os préprios tupise os tupinambés; ora que se roforisse « uma lingua ‘riada ou moldada ou “disciplinada’ pelos jesutas, j6 no século XVI, com base na dos fn- digs; ara, anda, que'seratasse de um pidgin ou um crioulo ariginado no contacto dos por- Jugueses com indios de diferentes afinidades, ou mesmo formado jf antes da chegada dos, ‘europeus. Na verdade, essas concepsbes carecem de fundamento histécico ¢ lingtfstice’. O segundo obetivo do artigo ¢ apontaralgumas caractrfaticas sociolingUfaticas e estrutursis das linguas gers. Afora alguns trabalhos descritives e lexicogréficos e algumss coletineas de textos", quase nade foi feito ainda de investigagio sistemética sobre essas Iinguas, nem do ponto de vista s6cio-histérico*, nem do lingifstico-histérico. O que apresento neste arti- 20 € apenas um esbogo, que deverd ser desenvolvido em outros trabalhos, por este ou por outros investibadores. 1. As linguas gerais. Na colonizago da América do Sul pelos portugueses ¢ pelos espanhSis houve pelo menos trés situapes em que a miscigenagao em grande escala de homens europeus com muiberes indigenas teve como conseqiléncia a répida formagdo de populagdes mesticas cuja Lingua matema foi a Vingua indigena das mies e no a lingua européia dos pais. Isto se dew ‘onde a conquista ¢ colonizagio foi praticada, de inicio, predominantemente por homens desacomparhados de mulheres atuando sobre um povo indigena numeroso e socialmente aberio ao esabelecimento de aliangas matrimonials com os forasteiros'. Essas condigbes se ‘ARYOND, RopRIGvES”” Produziram mais tipicamente entre os portugueses ¢ os tupis (também chamedos tupinakins ‘ou tupinikins) de So Vicente e do planalto de Piratinings, no leste do atual estado braslei- 10 de Sio Paulo, no sézulo XVI; entre os espanhsis e os guaranis do Peraguai, nos séculos XVI e XVI; e entre os portugueses © 05 tupinambés no norte dos atuais estados brasileizos do Maranhao e do Paré, no século XVIL Os ts povos indigenas em questio, apesar das srandes dstinciod geogréficas que os separavam, tinham basicamento a mesma cultura tic suarani (Métranx 1928, 1948; Femandes s.d(1949)), a qual deve ter favorecido um mesiio tipo de relacionamento com os portugueses € os espanhis. Suas lingues eram também ss. ‘weitamente aparentadas, pertencentes 3 familia lingistica Tupi-Guacani A famifia Tupi-Guarani & um grupo genético de moderada diferenciagio interia, dentro do qual se podem distingur pelo menos oito sub-grupos (Rodrigues 1984/1985). As ‘aguas tupinambé e tupi pertencem a um mesmo subgupo (0 subconjunto II em Rodrigues 1984/1985), ao passo que 0 guarani integra um outro subgrupo (0 stbconjunto 1) Isto si. ‘nifica que o tupinambs e o tupi tem mais propriedades lingtisticas em comum do que um = outro t8m com 0 guarani. Se 2s linguas de‘umi mesmo subgrupo,'ou mesmo de subgraos distintos, dovem ser chamedas de “tinguas” distintas ou de “Wdialetos” de uma mesma “lingua” € questo muito relativa, porque relativos sto os conceitos de “lingua” ¢ de “dialew, como sabem todos os lingtistas, a Embora as diferengas entre a Kingua dos tupis ¢ a dos tupindmbis sefam mui friago- tes que as que distinguem uma e ou'ra do guaran, tratemes aqui aquelas duas como tiiguas 6. Mudancas estruturais comuns as linguas gérais. co. Acpar das caracterfsticas sociolingusticas apontadas acinia (4.), slguis*feciémenos dda mudaage estrutural sio comuns as ts Miguas gerais."° A seguir apresento uns poucos, de forma suméria, mais a titulo de exemplificagio, uilizando s6 0 tpinambs como uma das. ‘faguas-fonte © s6 duas das linguas gerais, a LGA (uma das variedades faladas hoje no alto Rio Negro) © 0 GNC (uma das variedades do Paraguai): vat (@ soucanga da ordem bésica dos constiuintes nucteares da oragdo, de SOV jira SVO; (©) »transformagio do sufixo nominalizador de predicados em particula marcadora de ora- ‘gbeerelativas: (SUI£OB}+V+NZR) > (SUF+V) (RELY, (©) substiuigio das diversas nominalizagSes por orages_—_relativas ((V-NZR)+CASOY(QNZR+V)+CASO) > (SUH+V) (REL): (@) subsituigéo da adjetivagao por composigo por uma adjetivactio por justaposicio: {(NOM+DESCR)+CASO) > (NOM) (ADI); (©) substitu da forma verbal cizcunstancial, propria das oragdes com expresso adver- bial topicalizada, pela forma verbal indicativa: T(upinamé) kuj@ o-sém, LGA kuja u- ‘séris, GNC kaj o-se) ‘a mulher sai’, T kwes¢ kaj O-sémvi, LGA Koes kyl sé, GNC boehé kujao-se) ‘ontem a mulher sat (Dsubstituigdo dos predicados possessivos por predicados verbais transitives com um ‘verbo ‘ter’ derivado da forma causativo-comitatva do verbo ‘estar (em movimento)’, ccajo sentido ‘fazer estar consigo’ fixou-se em ‘ter (consigo)’: T sé ru RB mokéj “tenho duas flochas', LGA a-riki mukij ufwa, GNC a-rekd moka hud (ep. T are “eu fago algo/alguém estar comigo’); (g)_substtuigdo dos prefixos pessoais reflexivos préprios do gertindio dos verbos intransi- {ives pelos prefixos do indicativo: T a-je7EN wi-t-éna ‘estou (sentado) falando’, ere- JefN e-tn-a ‘voc8 esta (sentado) falando"; LGA a-je78.a-ika ‘estou dizendo’, ree 8 ‘te-fed “vot estd dizendo’; GNC a-je 78 a-tna ‘estou falando’, re-jeé re-tna ‘voc esté falando’; (0 tupinambé (também o guarani antigo] tinha quatro verbos existencias: - ‘ekd-ikd “estar em enovimento’,-‘dm: ‘estat em pe’, ~En-in ‘estar sontado! © ~B/-fiB “estar deitado'; na LGA nouralizou-se a distingio entre os quatro verbos existenciais do tupinambs, tendo-se mantido s6 0 primeiro deles com o sentido generalizado de “estar mas assumindo também a fungo de verbo auxiliar para o aspecto contiauativo; © GNC nao neutralizou completamente quelas distingées, mas foi 0 antigo gerindio

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