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O documento discute o sistema imunológico de aves, incluindo os componentes do sistema imune inato e adaptativo. O sistema imune inato inclui barreiras físicas e químicas, células fagocíticas, células dendríticas e proteínas do sangue. O sistema imune adaptativo é mediado por linfócitos B e T e fornece uma resposta imune específica e memória imunológica. O documento também discute a importância da imunização de mucosa para prevenir infecções nas vias respir
O documento discute o sistema imunológico de aves, incluindo os componentes do sistema imune inato e adaptativo. O sistema imune inato inclui barreiras físicas e químicas, células fagocíticas, células dendríticas e proteínas do sangue. O sistema imune adaptativo é mediado por linfócitos B e T e fornece uma resposta imune específica e memória imunológica. O documento também discute a importância da imunização de mucosa para prevenir infecções nas vias respir
O documento discute o sistema imunológico de aves, incluindo os componentes do sistema imune inato e adaptativo. O sistema imune inato inclui barreiras físicas e químicas, células fagocíticas, células dendríticas e proteínas do sangue. O sistema imune adaptativo é mediado por linfócitos B e T e fornece uma resposta imune específica e memória imunológica. O documento também discute a importância da imunização de mucosa para prevenir infecções nas vias respir
No corpo animal h um impressionante mecanismo de proteo, chamado
sistema imunolgico. O sistema imunolgico responsvel por detectar a presena de um antgeno, sendo ele uma substancia qumica ou um ser estranho ao organismo (bactrias, vrus, protenas) e transmitir a informao ao resto do corpo para que esse possa responder com alteraes metablicas e comportamentais, que afetem o desempenho e a exigncia em nutrientes. O sistema imunolgico funciona 24 horas por dia e age de modos diferentes, porm trabalha quase sem ser notado. S o notamos quando o sistema imunolgico falha por alguma razo ou, quando ele faz alguma coisa que produz um efeito colateral que podemos observar (1). De fato, para proteger o corpo de infeces, a ao do sistema imunolgico decorre de trs maneiras diferentes: 1- O sistema imunolgico cria uma barreira que impede que os micro- organismos entrem no corpo do animal. 2- Se algum micro-organismo penetrar no corpo da ave, o sistema imune tenta detect-lo e elimin-lo antes que se aloje e se reproduza. 3- Se algum micro-organismo se reproduzir e comear a causar problemas, o sistema imunolgico responsvel por elimin-lo.
O sistema imune mantm seu prprio sistema de circulao (os vasos
linfticos), o qual permeia todos os rgos do corpo, excetuando-se o crebro. Ao longo dos vasos linfticos existem reas especiais (ndulos linfticos, medula ssea, bao, fgado, pulmes e intestinos) nas quais possvel recrutar, mobilizar e deslocar linfcitos at zonas especficas como parte da resposta imune (2). Esses rgos e tecidos do sistema imune so classificados em rgos linfoides primrios e secundrios. Os rgos linfoides primrios fornecem o microambiente apropriado para o desenvolvimento e a maturao dos linfcitos, enquanto que os rgos linfoides secundrios aprisionam o antgeno, geralmente das proximidades dos tecidos ou espaos vasculares, e so locais onde os linfcitos maduros podem interagir efetivamente com o antgeno. Somente aps a maturao do linfcito, dentro de um rgo linfoide primrio, as clulas se tornam imunocompetentes. As clulas do sistema imune no esto presentes somente nos tecidos e rgos linfoides, encontram-se tambm distribudas na maioria dos compartimentos anatmicos, transitando atravs da circulao sangunea e linftica, tentando evitar a entrada e o estabelecimento de agentes infecciosos. A estrutura e a diferenciao dos rgos linfides, nas aves, apresenta diferenas marcantes, embora o sistema imune funcione de maneira semelhante ao dos mamferos. Os tecidos linfoides primrios so o timo, a medula ssea e a Bursa de Fabricius. Enquanto, os tecidos linfoides culo- nasais (glndula de Harder e agregados linfoides das plpebras inferiores), gastrointestinais (tonsilas esofgica, pilrica e cecais, a presena de Placas de Peyer e divertculo de Meckel) e o bao so classificados como rgos linfoides secundrios, bem como os tecidos linfides distribudos pelo organismo associados s mucosas (MALT), tais como o CALT (associado conjuntiva), o BALT (associado aos brnquios) e o GALT (associado ao intestino) (1, 2). Destacando a ausncia de linfonodos nas aves. Outros componentes importantes do sistema imunolgico so as clulas sanguneas brancas, o sistema complemento, hormnios (timosinas, linfosinas, interleucinas, esterides e corticosteroides) e os anticorpos (imunoglobulinas). As clulas brancas (heterofilos nas aves, macrfagos, moncitos, linfcito T e linfcitos B) so produzidas na medula ssea e destinadas ao local de atuao (3, 4). Desta maneira entre os componentes celulares destacam-se as clulas fagocticas (polimorfonucleares e mononucleares), clulas indutoras de respostas inflamatrias (mastcitos, basfilos, eosinfilos, clulas NK, clulas Th17 e clulas T), clulas apresentadoras de antgenos (macrfagos e clulas dendrticas) e as clulas imunocompetentes do sistema imune adaptativo (clulas B, plasmcitos, clulas T, clulas T-auxiliares, clulas T- citotxicas, clulas T supressoras).
1.1 Imunidade Inata
O sistema imunolgico das aves subdividido em sistema imune inato e
adaptativo, que esto sob o controlo de vrios mecanismos regulatrios. A primeira linha de defesa contra patgenos invasores feita por mecanismos imunes inatos, sendo composto por barreiras fsicas e qumicas, clulas fagocitrias, clulas dendrticas e clulas natural killer; protenas do sangue, incluindo membros do sistema complemento e outros mediadores da inflamao; e as citocinas imunoregulatrias que servem como sinal de estmulo para o sistema imunolgico agir contra o organismo invasor, todos esses componentes realizam o primeiro contato do sistema imune com o desafio, alm de possuir a caracterstica de inespecificidade em relao ao desafio das aves, ou uma especificidade relativa, por um grupo de patgenos. Como o prprio nome inato sugere, o sistema existe independente da presena de imungenos (1, 2). Ademais, participam tambm vrios outros fatores, entre eles a lisozima, uma enzima hidroltica presente nas secrees da mucosa e nas lgrimas (4, 5, 6). A populao de clulas dendrticas heterognea e a nica capaz de ativar linfcito T. Essas clulas apresentam na superfcie celular alguns receptores que reconhecem um padro de reconhecimento (PRRs), atravs destes, ligam-se a micro-organismos ou seus produtos e esta interao estimula estas clulas a produzir citocinas. Receptores toll-like (TLR), receptor do tipo lectina C e protenas NOD (nucleotide binding oligomerization domain) tambm so PRR (7, 8). Como o nmero de receptores est limitado pelo nmero de genes de cada animal, o sistema inato no de reconhecer cada novo imungeno, mas sim de reconhecer padres que se repetem em vrios patgenos, padres moleculares associados patgenos (PAMPs). Neste sentido, o reconhecimento de microrganismo ou de substncias antignicas pelos fagcitos depende de um nmero limitado de receptores, os PRRs, que reconhecem os PAMPs (8). O sucesso do sistema imune na resposta a um desafio associado a trs mecanismos distintos; primeiramente responde em poucas horas agresso pelo reconhecimento dos PAMPs (imunidade inata); posteriormente constri uma resposta tardia que discrimina o agente agressor do que prprio; e finalmente culmina com a memria imunolgica (imunidade adaptativa) e mantm a tolerncia s protenas prprias.
1.2 Imunidade Adaptativa
A imunidade adaptativa capaz de reconhecer e eliminar seletivamente
molculas e micro-organismos estranhos especficos. Diferentemente das respostas imunes inatas, as respostas adaptativas no so as mesmas em todos os membros de uma espcie, mas so reaes a desafios antignicos especficos, apresentando especificidade antignica, diversidade, memria imunolgica e reconhecimento do prprio e no-prprio. Alm disso, possui uma extraordinria capacidade de distinguir micro-organismos e molculas diferentes e at mesmo micro-organismos e molculas estreitamente relacionados, isto , imunidade especfica. Portanto, atua de maneira mais lenta e possui mecanismos de defesa especficos tanto humorais como celulares responsveis pelo combate do organismo invasor atravs da ao dos linfcitos, preparando o hospedeiro para um futuro contato com o mesmo agente (2, 5). Existem dois tipos de resposta imune adaptativa, denominada imunidade humoral e imunidade celular, as quais so mediadas por diferentes componentes do sistema imunolgico (1, 2). A resposta adaptativa est relacionada com a funo de dois rgos importantes, a bursa de Fabricius e o timo. Sabe-se que os linfcitos so produzidos na medula ssea e carreados para o timo ou para a bursa de Fabricius onde sofrem maturao e se tornam funcionais. Os linfcitos que sofrem maturao na bursa de Fabricius so chamados de linfcitos B e so responsveis pela produo de anticorpos. J os linfcitos que so maturados no timo so chamados de linfcitos T os quais ativam clulas para destruio de antgenos e controlam a resposta imunolgica (4, 9). Na imunidade humoral, os anticorpos produzidos previamente pelos linfcitos B, chamados de imunoglobulinas possuem uma ao especfica de combate. Algumas das imunoglobulinas presentes nas aves so: IgM, IgY e IgA. A IgM o primeiro anticorpo a aparecer aps uma infeco assim como a IgA, sendo que este ltimo se encontra presente nas secrees e mucosas. A classe IgY classificada nas aves como sendo IgG e IgE dos mamferos e como tal, aparecem posteriormente e so mais especficas para reconhecimento pelo linfcito B e produo de anticorpos (10, 11). As clulas que medeiam a imunidade especfica retm uma "memria" de seu encontro com os patgenos mesmo depois deste ter sido eliminado do corpo e que a resposta imune detectvel diminuiu, assim ela reproduz memria imunolgica para um contato secundrio com o mesmo agente. Em geral, quatro tipos de imunidade so importantes na proteo de uma ave contra desafios ou por um agente infeccioso. Elas so: anticorpos circulantes ou humorais, imunidade produzida localmente no trato respiratrio ou intestinal, imunidade mediada por clulas T e a imunidade de origem materna. Altos nveis de anticorpos humorais so produzidos em resposta infeco ou pela vacinao (12).
1.3 Imunizao de Mucosa
Superfcies da mucosa do trato respiratrio, trato intestinal e urogenital
so a porta de entrada para a maioria dos patgenos. O estabelecimento de uma primeira linha de defesa local dentro do epitlio da mucosa para prevenir a infeco tem benefcios substanciais na luta contra uma infeco sistmica estabelecida. A escolha da via de administrao da vacina requer conhecimento quanto patogenicidade do agente, j que todos os mtodos possuem vantagens e desvantagens. Tanto a vacina viva atenuada como a vacina inativada de mucosa desenvolvida para atender a necessidade de uma melhor proteo contra patgenos que ganham acesso ao corpo atravs da superfcie das mucosas (13, 14). Enfermidades que cursam com problemas respiratrios como a bronquite infecciosa das aves apresenta melhor resposta quando a vacina administrada culo-nasal, estimulando proteo local, tendo a glndula de Harder importncia fundamental sobre a resposta vacinal feita por essa via. A administrao de vacinas nas superfcies das mucosas demonstrou provocar uma resposta imune humoral e celular adequada no local da administrao e em locais distantes das mucosas, como tambm uma resposta imune sistmica. Aps a imunizao da mucosa, clulas T e B antgeno- especfico deixam os linfonodos de drenagem, circulam atravs da linfa, entram na circulao sangunea e, em seguida, "residem" nos tecidos da mucosa. A proteo contra patgenos tambm podem ser efetivamente alcanada pela memria direcionada e clulas imunes efetoras para as membranas das mucosas atravs de receptores especficos de tecidos. Na verdade, a imunizao via mucosa induz a resposta de memria das clulas B e T. Todavia, a vacinao por meio parenteral (intramuscular ou subcutnea) mal promove a proteo imunolgica nas mucosas (13). Na vacinao das mucosas, a resposta imune induzida fortemente, no local da vacinao e em locais anatomicamente adjacentes. De fato, a imunizao intranasal estimula eficientemente uma resposta imune nos pulmes e no trato respiratrio superior e em locais distantes do stio de administrao, tais como a mucosa do trato genital e gstrico, mas bastante pobre em estimular resposta imune intestinal (15). O sistema imune da mucosa dividido em stios indutivos (reas onde o antgeno leva a ativao inicial das clulas do sistema imune) e efetores (anticorpos e clulas do sistema imune desempenham a sua funo especfica, aps ativao). O objetivo da imunizao da mucosa o desenvolvimento da resposta imune adaptativa na prpria mucosa, assim prevenindo a invaso de agentes patognicos por esta via. Isto conseguido atravs da apresentao de antgenos para a mucosa, estimulando a sua captao e processamento pelas clulas apresentadoras de antgeno (APC), como macrfagos e clulas dendrticas, presentes nos tecidos das mucosa. Os principais locais indutivos para respostas imunes nas mucosas consistem na regio de tecido linfide associado mucosa (MALT), bem como os seus ndulos linfticos regionais adjacentes. Clulas APC migram para o MALT e/ou ndulo linftico mais prximo localizado no tecido subepitelial, onde apresentam os antgenos processados para ativar as clulas T, aps apresentarem em sua superfcie molculas do complexo de histocompatibilidade principal I (MHC-I) ou MHC-II ligadas a peptdeos. A presena de um elevado nmero de APCs e clulas imunes para os locais indutores nas mucosas a base para uma resposta imune eficiente na mucosa contra invases externas potencialmente nocivas (16, 17, 18). Ativao das clulas T conduz gerao de clulas T antgeno- especficas, que tambm contribuem para a maturao e diferenciao de clulas B em plasmcitos e clulas de memria. As principais clulas efetoras nas superfcies das mucosas so os linfcitos T CD4 + (Th:CD4+CD8- TCR/CD3alto) e CD8+ (Tc:CD4-CD8+TCR/CD3alto). Vrios tipos celulares induzem/ativam as clulas Tc a se tornar linfcitos T citotxicos (CTLs). Os plasmcitos so os responsveis pela produo de anticorpos como IgG, IgA, a qual ser liberada na superfcie da mucosa (19, 20). Aps a vacinao da mucosa, as barreiras infeco nas mucosas so reforadas, principalmente atravs da induo da produo de anticorpos especficos como imunoglobulina A secretora (IgAs), que impede patgenos e toxinas de aderirem ou infectar as clulas epiteliais da mucosa, alterando as condies de crescimento para microrganismos patognicos e assim, reduzindo a susceptibilidade infeco. Por exemplo, alterando a secreo de fatores do hospedeiro envolvidos na resistncia infeco da mucosa (tais como peptdeos antimicrobianos, quimiocinas e citocinas), a membrana mucosa pode resistir melhor aos ataques dos agentes patognicos intrusos (21). No processo de resposta imune da mucosa, a interao do antgeno com as clulas dendrticas estimula a produo e liberao de citocinas IL-4, IL-10 e IL-12, NO (xido nitroso). Tais citocinas provocam a maturao dos linfcitos Th, CD4+ em Th1 (devido ao IL-10 e IL-4) e Th2 (devido ao IL-12). As clulas Th1 produzem as citocinas IL-2, TNF e INFy e as clulas Th2 produzem IL-4, IL-5, IL-6, IL-9, IL-10 e IL-13 sendo que o INFy inibe a proliferao das clulas Th2 e B, porm a produo dessas citocinas inibida pela presena de IL-10 (17). As citocinas produzidas por Th2, IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 afetam os linfcitos B, promovendo a troca recombinante de classe nas imunoglobulinas de sua superfcie de SIgM em SIgA, induzindo sua proliferao e diferenciao desses linfcitos B em plasmcitos secretores de IgA (17, 18). A induo de anticorpos das mucosas requer a exposio de antgenos na mucosa em combinao com sinais co-estimuladores, que resultam no deslocamento dos plasmcitos para a mucosa, levando a recombinao e ativao de IgA. A maior parte dos IgA destinada a secreo local para promover a captura de antgeno e para prevenir o contato direto na mucosa por bactrias comensais ou patgenos. Os anticorpos IgA secretrio proporcionam uma barreira imunolgica eficaz da resposta imune adaptativa contra infeces subsequentes pelo mesmo agente patognico (22, 23). Portanto, a IgA secretada tem como funo proteger os animais dos antgenos na mucosa, proteo conferida por mecanismos de excluso, compreendendo a incapacidade de adeso dos antgenos ou patgenos ao epitlio pela reao antgeno-anticorpo especfico; e tambm por secreo, no qual os antgenos que por acaso ultrapassam o epitlio, so capturados pelas IgAs e conduzidas para o lmen atravs dos receptores de Ig (22, 23). A magnitude da resposta imune celular e humoral observada na imunizao de mucosa, a torna interessante e uma opo atrativa, como uma via de administrao potencial de vacinas. De fato, as vacinas mais eficientes so as que induzem resposta imune humoral e celular, a maioria das vacinas convencionais induzem somente respostas de anticorpos com uma imunidade celular limitada (24), sendo que a maioria administrada via parenteral contra patgenos ou toxinas sistmicas. Essas vacinas provocam uma resposta imune sistmica forte (produo de anticorpos), mas uma resposta imune fraca na mucosa (13). As vacinas sistmicas so mais caras, requerem administrao por pessoal treinado, apresentam riscos de segurana relacionados com infeco no local da injeo, reutilizao de agulhas e sua eliminao. Em contraste, a vacinao de mucosa mais facilmente distribuda, permite a administrao de mltiplos antgenos, induz o desenvolvimento de anticorpos na mucosa e resposta imune celular sistmica e local transformando-a em um local alvo ideal para a vacinao (13, 25). H um consenso geral de que a eficcia das vacinas de mucosas contribui drasticamente para a melhoria da sade animal, estimulando respostas imunes no s contra infeces das mucosas, mas tambm contra outras possveis infeces.
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