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AARBITRAGEM ADMINISTRATIVA E TRIBUTARIA PROBLEMAS E DESAFIOS Tatbel Clete M, Fonseca EDICOES ALMEDINA,S.A. ‘Rea Ferman Tom's 76,78, 80, 2000167 Coimbra “el: 239851 904 -Fan:299 851901 -rwwalmedinanet-edtoraulanedina net n G.C.- GRAFICA DE COIMBRA, LDA. Pathe, Asaange, 3001-453 Coimbra producao@graficadesoimbrapt ‘DPS ~ Digital PriaingSevies orn Janeio, 2012 S842 (0s dados eas opines iaseridoe na presente publica eda exclusiva respoasabilidade do( se) aor ‘ola eprodgio desta obra, po foes ou cute qualquer proceso, Sem pésaatoriagiocacrkado Editor iitaepassbeldeprocedimento judicial comes inteacto |AARBITRAGEMADMINISTRATIVA E TRIBUTARIA Aasbieagem administrate erebutiia problemas ‘edesafioe coor, abel Celeste M, Fonseca (Obras aects) ISENO78972-40-4650-4 [FONSECA ebel Celeste, cou 32 “ 335 oat NOTA PREVIA Este livro retine os textos que serviram de base & intervenco dos res- pectivos autores (juristaseacadémicos) em dois seminérios organizadosno Ambito da unidade curricular de Resolugio Alternativa de Litigios do Curso deMestrado em Solicitadoria da Escola Superior de Gestio do Instituto Poli- téenico do Céivado e Ave. Bacolhe também outros estudos que foram sendo apresentados em seminarios, palestras ¢ coléquios, onde a cooréenadora deste livro se encontrou com os respectivos autores, enquanto mentora do evento ou co-part Enquanto responsivel pela organizagio desta monografia, deixo uma palavra de sentido agradecimento a todos os que gentilmente responderam 4 minha solicitagao. Braga, Setembro de 2011 Aarbitragem no contexto ambiental e urbanistico CATIA MARQUES CEBOLA* Swusinio:Introdugto; 1. Caraeteristicas dos conFlizos ambientais, 1. Conflitos multipart e relays de pode em desequilbrin i Confronto are interesss pba privados i. Bnsolsimento de entidads publica Iv, Bspeificdades tenis eietificascomplesas;¥. Bits deisirias em eras fturas vi Urgéncia na resluga; 2. Limites do siswensa judi ciale vantagens dos meios extrajudiciais de resolugto de conflitos; 3. Aarbitragem ambiental: 3.1. Experigncias internacionsis no con- texto da arbitragem ambiental i. Pacific Fur Seal Arbtatic tk. Til Smelter Arbitration; it. Lac Lanour, 3.2. Bxomplos institucional 4. Permanent Court of Arbitration (PCA nsernatonal Court sf Esion ‘mental Arbitration and Conciton ICBAC):3:3. realidad porcuguesa ‘emmateria de arintragem ambiental eurbanisticy S51. Asbitragem necessiria: alguns exemplos: 3.3.2. Aarbitragem voluntéria ad-foe ambiental eo regime da arbitragem administrativa plasmado no CPTA;3.3.3. Aarbitragem voluntaris institucionalizada ea necessi- dade de um Centro de Acbitragem Ambiental; Conclusoes, Introdugio Environmental Conflict Resolution (BCR) ¢ a designacao que assume nos EUA a aplicagio de meios extrajudiciais de resolugao de conflitos ‘em matéria ambiental’, Os custos econémicos e sociais inerentes aos * Docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestso do Instituto Patienicode Leiria, * Comonosreferem onsite owEN-sMtT, “ECRisa cousin to alternative dispute resolu ‘ion (ADR) in tha irsharos many ofthesame practices (especially mediation), though key | eee ee licigios ambientais e urbanisticos, a insatisfagio com as tradicionais vias judiciais e administrativas de resolucdo deste tipo de disputas € 0 sucesso de experiéncias de aplicacdo de novos métodos de reso- lugdo de conflitos a0 contexto ambiental sao alguns dos factores ‘que explicam o desenvolvimento do movimento de defesa de mecanis- ‘mos extrajudiciais neste ambito?,tais como a arbitragem? ea mediagio* ECRpractitionershave increasingly specialized in environmental macersandhavesoughtto differentiate themselves from the larger Ficld of ADR" (ft. ALIN MORRILL €1AS0¥ OWEN “srr, “The Emergence of Environmental Confice Resolution Subversive Stores, Instvtional ‘Change, and the Construction of Fields", Orgonizations, Policy ond he Natural Eine: Int tutional ond Strategie Perspecivs eit Mate Vencexcaand Andrew Hoffman, Stanford University Press, Stanford, 2002, p 91).0 movimento de ADE nos FUA é comummente referido como tendo surg na década de 1970, propugnandoaaplicagao de meiosextsjudicisisnaresolugio {eligi A Poued Conference de 1976, relatva a0 tem "Caso Popular Dinan with the ‘Adninisntion fuss” area" Bing Bang destemorinentoquetem comoum dos prineipais precursors Frank Sanderda Bscolade Harvaed. Em geraladoutrinanorte-americanadistngye ‘smeiosadjudcatriosnos quai un tereir temo poder de decidir oconflio pelas partes, tstando englobada nesta categoria rbitrageme, por outo lado, os meiosnoadjuicatérios, Sendo as poprias partes que esalvem a disputa que as ope, abrangendo-se neste grupo 3 rnegoriagao ea mediago, Ao longo dos tempos foram, contudo, sendoeriados nos EUA ssc ‘mas hibros, que einem caracteriteas das duasctegoras supra refers tis como(epara ‘efetrapenasos mais conhecidos) o Min-ral, 0 Sway Jary Tilo Eary Natal Evaluation, (0 Setlent Confrence ou os Sistemas Med-Arh ou Ab-Med. Sobre o movimento de ADR nos TEVA, yer entee outro, vinGIstA PujaDAS TOHTOSA, "Los ADRen Estados Unidos aspectos destacabls desu regulacinJardica, in Revista dela Core Bian de Abitrje, vol. XVM, 2003, pp. 7HIi8;e caanve mesxt-wteAnow, "Rootsand inspirations A Brief History ofthe Foundations of Dispute Revoltion”, The HandBak f Dispute Reshion, Michael. Moffitt, and Robert Bordone (edit), Ie, Jossey-Bass, EUA, 2008, pp. 13-31 + Paramaisdesenolvimentos sabres Factores de sucesso do ECR noSEUA, vase annENcs ussein eas wanssrEn, “Towards Theory of Environmental Dispute Resolution’ in Bos- ton College Envirnsnertal Afi Law Review, vol. 9, Maio 1981, pp. 311-357 Noambitodaarbitragem, a tio de exemple, podemos apontaro FIFRA (Federal Insci- ide, Pangiideond Rodeticide Act) o qual vem estabelecer wm mecanisma de bindingerbira- tion” que corresponceré&nossaasbicragemnecessira. Este documento normativ obriga2s ‘empresas prodtora de pesticidasregistarem os scus produtos,sustentando esse pedido ‘com estudos relativamente aos seus efeitos 2 nivel da sade humana ¢ do proprio meio tmbiente. Apso primeico regito detum produto, pode serapresentado por ontracmpresa tum pedido de regsto de um produto similar, desde que esta oferega uma compensagi0 {economics detentara da primeit icenca. Se ambas as empresas nio concordarem com ‘© montanteindemnizatéro, este Itigo ers obrigatoriamente resolvdo por abitragem, nos tects presritas no documento legal referido. : +" Umdosprimelsos casos documentados a doutrina elatiramente’ mediagio ambiental ddatade 1973 respeitadconstrupia dems barragema 30 milhas de Seattle, tendoo Gover -AARBITRAGEM NO CONTEXTO AMBIENTAL EURBANISTICO 0 éxito dos meios extrajudiciais no contexto ambiental deu o mote paraa EPA (United States Enviromental Protection Agency) impulsionar desde (0 inicios da década de 1980 o recurso a estes mecanismos e criar no Ambico da sua estrutura organizacional o Conflict Prevention and Resolution Center cuja missio reside precisamente na oferta de servigos de resolugio de conflitos de forma extrajudicial® Em 1990, o Administrative Dispute Resolution Act (ADRA)* passa a cons- tituir o suporte legal destes mecanismos, verificando-se a sua aplicagio _generalizada em todos os Estados norte-americanos, Mais tarde,em 1998, E criado pelo Congresso norte-americano o U.S. Institute for Environmen- tal Conflict Resolution, visando como objectivo principal a resolugio de conflitos ambiencais que envolvessem 0 Governo, através de servicos de mediagio e providenciando também formagio no Ambito da ECR. Assim, sadoede Washington, Daniel Beans, concordada que Gersld McCormicke Jane McCarthy, rediadoresnoprojectode medio ambiental da niversidadede Washington, experimen assem asus ideias na resolugio do preditolitigio. O conflito no sé ficou resolvido com xi, como os relatos elativosaestaexperiéncia denoraram uma mudanea nostermosda lsputa.Naverdade,a questo conliaual sofreu um alteragfo mas suas remiss, deixando {de estar baseadano problemasim oundoi construgio dabarragem, para passaren aspartes alncidira negociagioma procura pela forma ambientalmenterazoivel de contealar ca- dais dorio.A alveragdo das bases do conflito para uma procurada melhor sokugtoparatodas as partes envulvidas € considerada uma das principaisvantagens da mediagio ambiental «emotorde sucesso deste mecanismo, Fm termos europeus a mediagso foi abjecto de wm Projecto da Rede IMPEL (European Union Network forthe Implementation and Eurcement of Environmental Lax) langado em 2004 soba designacso Informal Resoltion of ronmental Conflict by Neghbnarhoed Dialogue o qual nasce da experiénciavvida em Hancrer, na Ale= ‘manha, pelo Departamento de Trabalho e laspeceio Ambiental que, desde 1985, aplica didlogo ent vizinhos a rivias empresas industri a resolugio de confitos ambienais (Os resultados dest projectoalemio foram selatados em 2003 2a Conferéneiada IMPEL ‘em Maastricht e, fice a0 scu sucesso, representantes de 18 Estados-Membros decidiram A Carta das Nagdes Unidas no seu artigo 33 refere que as dispuras devem serresovidas poe negociaedo, inquérito, mediagio, conciliagso, abitragem, via judicial, recurso orga izagbes on acordos regionais, ou qualquer autro meio pacifico Asua esolha, O texto da (area das Nagoes Unidas foi publicido no Ditri de Replica [Série-A, 117/91, mediante ‘oawinon" 66/91, de 22 de Maio de 1991.0 rext da Deearacto do Rio sobre Meio Ambiente ‘Desenvolvimento pode servisualizado na fncegra no seguinte endereco clectrinico, ace ‘ido pelaitima ezem de Fevereiro de 2010, tip /wmameporg/Documents Mallngval/ Default aspeDocumentID=786ArtiteID =1163, A ARUTRAGEMNO CONTEXTO AMBIENTALE URUANISTICO se dedicam no plano internacional & resolugio de conflitos ambientais através de arbitragem, terminando com 0 panorama portugues nesta matéria. 1. Caracteristicas dos conflitos ambientais, Aexploragdo de jazigos de petréleo, a construgao de barragens ou empre- endimentos turisticos séo alguns exemplos habituais de problemas que redundam em litigios ambientais, os quais tém, assim, insitas questes telativas 4 exploragao de recursos naturais, degradagio de ecossistemas, modificagdes do meio envolvente. Nas palavras de GLasserGmx, “Envi- ronmental problems are the result of human interference with nature", Daanilise destes exemplos ¢ possivel retirar algumas caracteristicas comuns quelhes conferem um cardcter especifico, tornando-se premente estudar estas particularidades se quisermos deduzir 0 meio adequado Asua resolucio. i. Conflitos multiparteserelagies de poder em desequilibrio Contrariamente aos conflitos em matéria civil, que genericamente ape- nas respeitam a duas partes, os conflitos ambientais S40, nfo raras vezes, partithados por virios sujeitos, podendo abranger os elementos de uma determinada comunidade ou mesmo de um pais. Pensemos na construcao de uma barragem, a qual irs implicara sub- ‘mersdo de uma aldeia. Em confronto teremos os habitantes da aldeia a submergir, mas igualmente todos os beneficidrios com a possibilidade de utilizagao da 4gua na agricultura ou fins similares, a empresa cons- ‘trutora da barragem e os seus trabalhadores, a empresa exploradora de energia eléctrica ¢ os, sempre presentes, ecologistas. Se concretizarmos este exemplo com 0 caso real da construcao da barragem no Rio Coa, acrescentamos ainda historiadores interessados em manter as gravuras rupestres ali descobertas. [LAWRENCE SUSSKIND refére que num confflito entre trés ou ma's partes, cada vértice da disputa move-se para tentar encontrar um parceiro ou * Cli. mares ccasneacsy, “Environmental dispute resolution as 2m c vanagenent iss ‘Towards nes forms of decision making”, Managing ensianonetal diipuses:netvrk mana- gement san alternative, Pieter Glasbergen (edit), Kluwer Academic Publishers, 1995p. |AARDITRAGEMEADMINISTRATIVA ETRIBUTARIA: PROBLEMAS E DESAFIOS aliado, procurando construir uma rede de aliangas. Ao mesmo tempo ‘cada parte tenta perceber quem poder4 funcionar como “blocking par- tners” para ajudar na rejeiga0 de uma proposta que nio se deseja’ ‘Neste cenétio é ficil perceber que as relagbes de poder entre todos os intervenientes também néo serio equilibradas. A este tespeito os autores referem-sea conflitos simétricos e assimétricos para distinguir as dispu- tasem queos actores em litigio contam com recursos de poder similares ‘eaquelas em que é patente uma disparidade de forcas", Entre os diversos factores susceptiveis de distorcer as relagOes de poder que entretecem as partes podemos apontar as condigdes econdmicas dos envolvidos, 0 ‘maior ou menor acesso a informagio, as relagoes de proximidade com 6 poder politico, a propria eloquéncia dos intervenientes ou a lideranga «que assumem na disputa. A resolugio do conflito sera, entdo, potenciada se se verificar a eli- minagio dos desequilibrios nas relagdes de poder entre as partes, que de outta forma sentiriam a solugo como 0 desembocar de um processo injusto. Por outro lado, a falta de participacao de todas as partes deixar ‘vozes por otivir que sentirdo sempre que a decisio tomada nao representa 1s seus pontos de vista. Permitir a participagio em equilibrio de todos ‘0s interessados dever4, assim, ser apanagio dos meios de resolugio de conflitos ambientais. 4. Confronto entre interesses piiblicos ¢ privados ‘Comum aos conflitos ambientais é também o confronto entre interesses puiblicos e privados, Retomando 0 exemplo da construgio da barragem, facilmente percebemos que ao interesse dos proprietétios dos terrenos urbanos e riisticos alagados com a mesma ir-se-4 contrapor 0 interesse puiblico de produgio de energia eléctrica e reducao da dependéncia ener gética externa, » Veruawnence s susse1nb, “Consensus Building snd ADR: Why They Are Notte Same ‘Thing’, The Handbook of Dispute Resolution, Michac L. Moffece Robert C. Bordone edit}, ed, Jostey Bass, San Francisco, 2005, p. 266. 1 Chrrvaw oxmacneA caw, Uifzariéa de Medias Alternativo paralaReausén de Conflic~ tos Stcoambintler dos casos para refleioner, comnsnicacso para a Conferéncia Electronica FAO-FTPP Comunidec “Conflictos Socioambientales:desafios y propuests paral ges tid en Amésiea Latina”, Quito, 2000p. 5, dispoaivelem itp: /Answ le foo.org/Foro/medial Sesion3 pf aceido pla sltima vez em 14 de Fevereiro de 2010. ie Dirse-& que o interesse piiblico devera prevalecer, mas sempre ficars por resolvera compensagio do interesse privado preterido. Encontrare- ‘mos neste caso as situagdes de expropriacdo por utilidade puiblica que, no obstante o interesse que prosseguem, lesario os proptietirios dos terrenos a expropriar, os quais certamente terdo o direito a ser ressarci dos. Por outro lado, poderio ser pensadas formas de minimiza-a inter- vengio na esfera privada, o que convocari um dilogo entre todos e uma torno das arestas fonte do conflito. icial tender a aplicar o que as previsdes legais plasmarem neste confronto entre interesse pubblico e privado. Toda- via, 0 caso concreto poderé reclamar uma solugdo distinta da que € abrangida pelo alcance da norma geral ¢ abstracta". Neste Aambio é ‘comum referit-se que os conflitos ambientais baseiam-se em velores ou interesses morais, mais que em direitos legais, Neste sentido, JENNIFER iran enfatiza que “the dispute is not only a contest between rights and obligations recognized by law, but also about their personal pers- pectives and perception of the parties”, Assim sendo, este tipo de conflitos sera melhor resolvido através da oportunidade de didlogo e discussio dos seus valores. ili, Envolvimento de entidades puiblicas Deentre osenvolvidos em um conflito ambiental encontramos na maioria dos casos uma entidade administrativa piiblica, Parafrascando EMERSON, " O poder de ceo dos xibunais esta balizado pelo respeitoeaplicagaa das normaslegais, Neste sentido,e.titulo de exemplo,0 acérda0 do Supremo Tribunal de Justiga'ST)) de 26, de Janeiro de 2006, tclativamente 21m acto administrativo de localize deuim steer, refere que o mesmo sb paderi seranulado sea sua construgso nig abedecer is normaslegais pertinentes (yer acérdao do ST] relativo 20 processo OSH366I, de 26 de Jancin de 2006, Alisponivel na Base Juridico Documental do Ministerio da Justiga no seguinte endereso clectrnicahap//ewn de pf nyf954fceGad4EBbOBO2SEAS/OOSSL 4/0 se 3fE47f5 14£4880257117003ice50"OpenDecuens,consultado em 18 de Fevercico de 200)- Assn, ‘compete ao tribunal pronunciarse sobre a apicasio das regrasjuridicas a cas concreto, ‘asf nfo,e por hipétese, a uma melhor localizagio,doatero desejado.Tambem perante cesta citcunstinca se percebe que o sistema judicial enfienca imitagies na resolugso de conflitos ambienais cujaresolugdo convocs eiteradamente, uma deciséo mais baseada aa oportunidad que nae "Chr fennanen otxans, Dispute Resolution i Environmental Conflict: Ponace Pesto, 1999, disponivel em https fy ijeng/learinghouseldrpapersiard hom, acedido em 15 de Fevereiro de 2010, |AARBITRAGES ADMDMISTRATIVA FTRIDUTARIA: PROBLEMASE DESAFIOS os litigios em matéria ambiental “have a high public profile and involve the public sector (government agencies) as patties to the dispute”. Este envolvimento nio ter necessariamente designificaruma sombra na resolugao de conflitos ambientais, na medida em que asua participa- gio permitiré um maior nivel de negociagio relacivamente 2 solugio a alcangat. Na verdade, muitas vezesa génese do conflito estaré na aplica- io de uma norma emanada pelo préprio 6rgfo governamental parte no Iitigio, estando este em melhores condigdes de explicar a ratio da previsao legal ealterar a mesma se o caso concreto 0 justificar. ‘Outras vezes, aentidade piblica poderd desempenhar o proprio papel denegociadorna tentativa de resolugao do conflito. ELIZABETH DONAHUE Gé-nos conta do caso relativo Zona Costeita de Delaware, nos EUA, no ‘qual estava em causa a aplicacdo do Coastal Zone Act, legislacdo relativa a proteceio da orla costeirae controlo da qualidade do ar e agua nesta rea, Estas normas opuseram as empresas interessadas em manter 0 desen- volvimento das suas indiistrias ¢ os ambientalistas preocupadas com os impactos desta exploragio no meio ambiente. Tendo em vistaa resoluga0 do conflito, o DNREC (Department of Natural Resources and Environmental Control), entidade governamental, organizou um Comité para facilitaras negociagbes que resultaram num acordo para todas as partes represen- tadas. Temos assim, neste exemplo, uma entidade administrativa como lider do processo negociatério™. iv. Especificidades téenicase cientficas complexas ‘Acientificidade e teonicidade das quest6es ambientais constituem outra ccaracteristica patente nos conflitos neste sector. Este pode, alids, ser ‘0 motor principal do conflito por falta de conhecimento ou informa- ‘io deficiente relativa ao impacto de certa medida ou aos beneficios da mesma. 1s ate Auorsefereainds um estudo de GailBingham ao qual foram anafisados 160 disputas mbientais,estando 0 Estado envalvido como parte em 80% dos casos. i, kINK BERS Hol, “The challenges of Environmental Conflict Resolution’ in The Promiscand Peformance ‘of Bevconmental Conflict Retoltion, Rosemary O'Leary Lisa B. Bingham (edit), Resources for the Future Press, Washington DC, 2003, p. 4: © Gf etizaneti noxattr, Eniramontal Land Us Dnputesand ADR, American Bar Associa tion, 2000, disponivel em hutp.//iabanet.oriputefeny_land_use_dispues hele, ace ido em 1S de Fevereiro de 2010, 20 Fr [AARDITRAGEM NO CONTEXTO AMBIENTAL E URIANISTICO A linguagem demasiado técnica inerente As matérias ambientais, levanta, por exemplo, por parte das populages um sentimente de des- confianga face & implementacio de determinados projectoscomimpacto ‘no meio envolvente. Os técnicos envolvidos em disputas ambiemtais ten- dem muitasvezes aalijar um conjunto de dados técnicos que se acompa- mhados da devida explicacao poderiam seraceites pelos seus intesluctores ¢, inclusive, estimular a criagdo de solugdes para o problema. Mas esta comunicagio ¢ explicagao técnica falha gerando ou aumentando 0 con- flito existenre, Pensemos na questo t2o debatida em Portugal da co-incineracio. A apresentagio de estudos técnicos certamente no contribui para 0 cesclarecimento das populagdes residentes perto dos locais aimplementar aquele método de destruigdo de residuos téxicos, na medida em que os estudos rodeiam-se de pormenores tecnolégicos apenas do dominio dos especialistas na matéria Assim, €importante fomentaro esclarecimento informado das t-méticas, objecto do litigio, bem como assegurar que o nivel de conhecimentos das populagGes e demais intervenientes no conflito seja partilhado e similar. v. Kfeitos decissrios em geracdes futuras Asalteragdes do meio ambiente sao susceptiveis de repercutir-se no tempo por longos periodos e, muitas vezes, sdo impossiveis de reverter. As transformagées causadas pela construgdo da barragem vao perdurar porvarios anos, ainda que a mesma seja destruida, sera inverosinil acre- ditar que seja possivel recriar os ecossistemas existentes anteriormente. Poroutro lado, em varias situagdes osimpactos ou riscos de um deter ‘minado projecto ambiental nem sequer s2o conhecidos dado 9 estado incipiente da ciéncia nessa matéria ou face & falta de experiéncias simi- lares. E 0s decisores num determinado momento poderao nem viver aquando da emergéncia das sequelas oriundas da resolugao docontflito ‘num determinado sentido". Assim, acrescem aos efeitos imediatos de ‘um determinado projecto, as consequéncias nas futuras geragbes, * sesamin tambon! tnsegdaknablngnetng cdg techs sth petal cringe ee tyet lagen olan 206- 2 dont p/n napoli tio acedido em 15 de Fevereiro de 2010. — . AARSITRAGEM ADMINISTRATIVA ETRIBUTARIA: PROBLEMAS E DESAETOS Deste modo, decisio do conflito teré de estar balizada também por esta repercussdo em termos temporais e geracionais dos seus efeitos. E exigird igualmente um acompanhamento da implementag3o ¢ cumpri- mento dessa decisfo, por forma a petmitir uma adaptacio a vicissitudes no previstas. ‘vi. Urgéncia na resolugio ‘A preméncia na resolugao de qualquer litigio é uma evidncia. Todavi ‘essa urgéncia sente-se de modo singular nos conflitos ambientais na ‘medida em que poderio estar em causa desastres ambientais, como con- taminagbes de fontes de 4gua ou projectos com avultadas repercussdes ‘econémicas. Naverdade,a nfo resolugo célere de um litigio ambiental poder por «em causa oefeito itil da decisao, pelo que ando negacao da justiga exigiré que o conflito conheca a sua resolugio rapidamente. As estatisticas da justiga revelaram que em 2006 um processo de impugnagio adminis- trativa tinha a duragao média de 45 meses, o que certamente ultrapassa ollimite do aceitavel". Claro que no poderemos cair na tentagio de agilizar os procedi- mentos de resolugio de litigios, esquecendo as garantias e principios fundamentais 4 concretizacio da justiga, designadamente o principio do contraditério ou da participagao dos interessados. Assim, manter 0 equilibrio entrea ccleridade da decisao ea concretizagio de um processo justo devera sero predicado de qualquer meio de resolucio de confflitos. 2. Limites do sistema judicial e vantagens dos meios extrajudiciais de resolugio de contflitos “Ascaracteristicas supra referenciadasinerentess disputas ambientaissio susceptiveis de evidenciar as valéncias einconvenientes do sistema de jus- tiga dito “tradicional” face aos meios de resolugio extrajudicial de conflitos. ‘No que concerne aos tribunais judiciais um primeiro obstaculo patente reside na impossibilidade de participagao de todos os interes- sv, Bstatisticas da Justiga da Direcgio-Geral da Politica de Justiga disponiveis em puto si pn ptweba/index jop?osername-PablcopgmWindosName~pemWVin sow_684019329860524017, acedido em 16 de Fevereiro de 2010. sados na resolugo do confflito. O desenho processual da resolugio de litigios através da via judicial dificilmente acothers a participagao de todos os que tém uma palavra aalvitrarno conflito. Na verdade, as ages judiciais contrapdem autor e réu com interesses distintos. Ora, 08 con- flitos ambientais evidenciam muitas vezes, ndo duas, mas vi todas las com interessesespecificos e nao necessariamente ci A propria accZo popular, instrumento mor da democracia partici pativa, pressupde que o autor represente a defesa de um determinado interesse, ainda que difuso, o qual é partilhado por varios cidedaos ou pelos cidadaos em geral. Mas 0s conflitos ambientais sio susceptiveis de cevidenciar varios autores reclamantes de distintos interesses. Pensemos ‘numa situagio de implementago de uma indvistria numa dete-minada localidade, ft cogitével que no seio da comunidade envolvente se con- traponham os interesses ambientais de alguns cidadaos, preozupados com poluigao que poderé acarretar a predita indiistria, com osinteres- ses econdmicos de outros populares ansiosos por fomentar o emprego ce desenvolvimento da regio, Neste exemplo, para além dos interesses da propria empresa poderdo entio contrapor-se interesses antagénivos por parte dos cidadios”, Facea esta premissa torna-se evidente uma primeira vantagem quer da mediacao, quer da propria arbitrage. No primeiro métodoa informali- dade inerente e patente na auséncia de tramites processuais a observar tornaa mediagio no mecanismo melhoradaptavel 4s especificidades do conflito, Por outro lado, assenta a resolucio do conflito no dislogo entre osinterluctores na disputa, sendo fundamental que todos os titulares de interesses na matéria participem para que o acordo seja 0 resultado de todas as vontades. A este respeito orn HARRISON refere que “Conven- tional adversarial dispute resolution mechanisms courts and planning inquires — are best suited to two party disputes. Mediation can readily © sous unszisow refere-nos um Cate Sradyrelatvolimpezade umaex-base mltarusada paraa produgio dearmas nucleatesecorrendoa pluténio. Est process inevitivel edese judo portodeslevantav,contudo, iris chivdase opines divergentes quanta scsmésodos delimpeza,detal modo que osmediadoresencarregues do casoconvocaram representantes de 28 orgunizagaes diferentes, desde grupos econémicos, grupos de agricultores, poder local, entre outros. Este exemplo demonstra bem as dificuldades processus que aca tariatrazer aopdo 28 parts represenatvasde interests distintos, Cf, ou rniso%, “Environmental Mediation’, in Jourel of Environmental Lay, vol.9,.0! 1.84 |AARDITRAGEM ADMINIS TRATIVA E TRIBUTARIA: FROBLEMAS DESAFTOS accommodate multi-party disputes, and is ideal for addressing some of the broader causes of conflict". Relativamente & arbitragem, as partes poderao, nos termos do artigo 15° da LAV, definir as regras de procedi- mento a aplicar e, portanto, permitir a participagio de virios sujeitos com interesses divergentes. Acresce que,os interesses das partesnio terdo de significar pretenses legais, baseando-se frequentemente em valores ou convicgdeslegitimas, ‘mas que nem sempre teriio expressa0 na lei, O valor ambiente generic: mente considerado ou o interesse no desenvolvimento econémico nio almeja uma protecgao legal genérica que dé corpo a uma pretensio em juizo. Ter-se-d de verificar uma violagao legal especifica néo podendo os tribunais serchamados a pronunciar-se sobre as opgdes politicasversadas na lei ou para tecer juizos de valor®. Tal como refere JENNIFER GIRARD, jgation isan adversarial process designed to address only legal issues (.) The inevitable result is that the political, economic, social and envi- ronmental values underlying the issue are not addressed”. Pelo contri- rio, na mediacio é permitida e até fomentada a discussio de interesses ‘ouvalores porque nestes est, muitas vezes, a fonte do conflito. ‘Nao poderemos olvidar nesta discussioa cientificidadee tecnicidade das questoes objecto de conflitos ambientais, que certamente represen- taro uma dificuldade acrescida para ojuizdo processo”. Poderse-4 adu- zie que o recurso a peritos constituird uma ajuda no esclarecimento das questoes técnicas envolvidas. Mas seré esse esclarecimento suficiente? Che jouw nanison, “Environmental Mediation’ cp. 101 © Acme respeto, evoltando a rferir o acérdao do ST} de 26 de Janciso de 2006, este refere precisamente que “O aeto administraivo da localizagio do aterro sé poder ser indirectamente anulada se se demonstrar que a sua construgio nao obedece as norms pertinentes, afectando o ambiente” Decorve deste arrazoado jurisprudencia ques fungZo dos tribunals esti balizada pela aferigao de volagies legs ou juridicas, devendo tvaliarorespeto por norms e direitos, no podendo, neste caso conereto, promunciarse ‘ar hipitexe soe a melhor loeslizasSo do atero descfao, tal como referimos anterior tment, Jéem sede de mediagio seria posstel a discussio de outras solugdes, por forma 2 ‘manteraconstrugio do aterro sem que aprotec¢i0 do mio ambiente fosse prejudicada, 2» Cf, enirex o1kano, Dispute Resolution in Environmental Conflict. 1 Neate sentido, Elizabeth Donahue refere que "Moreover, resolutions found through alkernativesto litigation might prove maze durable andcfieeive thanifresolvedinacourt- zoom by judge with litle or no attachment ro the dispute at hand, and limited expertise ‘onthe complen technical and scientific issues characteristics of environmental disputes” (Cie evizastri Dosautve, Bevranmental Land Use Disputes cit 7 (Ou permitiré a lei uma resposta adequada 20s problemas técnicos ineren- tes 20 conflito? E colocando a mesma pergumta que BACOW € WHEELER, “What is lost (and what is gained) when law-trained judges must resolve highly complex and often controversial scientific questions?”= Para o juz decidend as questées tecnolégicas cientificas importarao nna medida em que fundamentem a sua decisio no sentido de dar razio uma das partes. Todavia, a discussio dos pormenores técnicos poder ser proficua em fazer florescer novas solugdes para o conflito, que de alguma forma colmatem todos os interesses subjacentes e que poderdo nao ter sido solicitadas pelas partes. Como salientam aacow ewnexteR, “Sometimes experts can narrow the range of disagreement and focus attention on new solutions"®. Este brainstorming de ideias com vista & construgio da solucio tida por todos como a apropriada, se em sede de audiénciasjudiciais constitui uma miragem sem concretizagio, no imbito da mediagio traduz precisamente o funcionamento deste método. Por outro lado, o didlogo fomentado pela mediagio permite uma permuta de informagées entre os envolvidos no conflito ambiental e o seu cabal cesclarecimento. No que concerne & arbitragem os técnicos poderdo eles proprios constituir os érbitros do diferendo e, nesse papel, estario em osicdo de compreender melhoras questdes técnicasem causae realizar propostas de acordo com os problemas tecnolégicos envolvidos. ‘Osmeios de resolugao extrajudicial de conflitos também representa- Go uma melhor opgdo sempre que os custos judiciais de uma cemanda sejam superiores aos valores objecto da disputa, Muitas vezes atépoderio ‘nem estar em causa quantias monetirias, mas outras pretenses mate- riais, como ando construgao de uma barragem oua destruigao da mesma, Outro factor a ter em conta ser necessariamente a urgenciada deci- sio face as habituais delongas dos processos judiciais. Também neste parimetro os mecanismos extrajudiciais de resolucao de conflitos pode- io ser mais apropriados, porquanto representarem maior celeridade na resolucao do conffito. ‘Nao queremos, todavia, tragar um cenério em que os tribunais néo representam qualquer mais-valia na resolugio de conflitos ambientais. ® Cf cawessce s. sncow e micwant wusstsn, Environmental Dispte Resolution, Plena Dress, New York, 1984, p. 4 ® Cie cawnance , ascow e micuast waster, Environmental Dispute Resolutio ct p.9. AARBITRAGEM ADMINISTRATIVA BTRIBUTARIA: PROBLEMASE DESAFIOS (Osmeios judiciais deverdo continuar a constituiro reduto da defesa dos direitos dos cidadaos. O recurso aos tribunais poderd ser Util, por exem- plo, quando o objectivo das partes resida numa clarificagao legal ou no ‘alcance interpretativo de uma norma*. Também nos parece evidente a necessidade de recurso as vias judiciais sempre que a pretensdo do autor resida somente na anulagio de um acto administrative ou nadeclaragao da ilegalidade de uma determinada actividade. que pretendemos invocar é 2 existéncia de outros mecanismos, igualmente habeisna resolugao de conflitos ambientais e que, em deter- minadas circunstincias, poderao constituir os meios apropriados reu- ‘nindo as melhores condiges para resolver de forma célere ecom menor conflitualidade os litigios nesta matéria, contribuindo para uma maior pazsocial. 3. A arbitragem ambiental “Tecidas, ainda que genericamente, alguns apontamentos relativamente {as caracteristicas dos conflitos ambientaise correspectivas limitagbes do sistema judicial na sua resolugdo versus as valéncias dos meios extrajudi ciais, vamos focar atengbes no ambito da arbitragem, ci ‘nilise ao panorama internacional ¢ nacional relativamente 2 aplicagao deste mecanismo. 3d. Experienclas internacionais no contexto da arbitragem ambiental Em termos internacionais,a arbitragem ambiental vem um longo passado, sendo vitios os exemplos historicamente relatados, cujos laudos tiveram omérito de influenciar previsées legislativas e regulamentagbes futuras ‘emsede de direito do ambiente. Para ilustrar este facto daremos conta apenas de trés casos que maior relevo almejaram. 2 Che nurzasern vowan, Environmental Land Use Disputes et. = Neste sentido, aiseve sas afirma que caissentengasarbiteas "se forth principles ‘thatinflucnced subsequent developments and included regulatory provisions governing the conduct of furure activities", Esta afiemagao, bem como os actos einformagbes {lotivos aa casos que seguidamente expotemos, foram retirados de rx3eFE SANDS, Principles of Teernational Environmental Lav, 2° ed, Cambridge University Press, 20 pp.29.€30. Tt. AARBCTRAGEM NO CONTEXTO AMBIENTAL E URANISTICO i, Pacific Fur Seal Arbitration (0 cas0o Pacific Fur Sea! Arbitration, que terminou por arbitragem em 1893, opés 0 Reino Unido ¢ os BUA relativamente a um conflito sobre activi dades piscatérias em alto mar. Em 1867 os EUA compraram 3 Riissia os direitos territoriais sobre o Alaska e em 1868 o Congreso proibiua pesca ecaptura de focas naquele territério € éguas adjacentes, nao definindo em concreto este diltimo conceito, Em 1886 trés barcos ingleses foram capturados pelas autoridades norte-americanas por pesca ilegalde focas no territério adjacente ao Alaska, reclamando os BUA jurisdicio exclusiva sobre aquelas Aguas. O Governo inglés repudiou as alegagoes daquele pais ¢ este conflito acabou por ser submetido a arbitragem. (O laudo arbitral deste tribunal rejeitou o argumento que os Estados témodireito de estabelecer regulamentagies de proteceao-e preservacdo de recursos naturais forados da sua jurisdigto, referindo hilippe ‘Sands que “The episode provided early evidence of the potential for dis- putes over valuable natural resources lying beyond the national urisdic- tion of any state, as well as evidence of the role international law might play in resolving disputes and establishing a framework for theconduct of activities”, Desta forma, 0 conflito nao s6 foi sanado por arbitragem, como a respectiva sentenca proferida em 1893 fixou aquele que hoje & um principio de dircito internacional comummente aceite, il, Trail Smelter Arbitration (O caso Tia Smelter Arbitration respeitou ao conflito entre os EUA eo Canada relativamente a emissdes de diéxido de enxofre paraaatmosfera, proveniente deuma fundigio canadense ¢ que afectava o Estado de Washington. Entre 1928 € 1935 0 Governo dos EUA apresentou diversasqueixasao Gevernodo Canad relativas ds consequéncias nefastas da poluigo causada por aquela fundigao, Face ao impasse nas negociagGes, nao se conseguindc resolver a questao, foi criado em 1935 um tribunal arbitral para decidir o conflito. ‘Neste caso o tribunal arbitral aplicou o principio internacional de que “no state has the right to use or permit the use of its territory in such a ‘manner as to cause injuryby fumes in orto the territory ofanotker or the properties or persons therein, when the case is of serious consequence and the injury is established by clear and convincing evidence”. Esta sen- tenga de 1941 influencioua legislagZo internacional posterior elativa & poluigdo do ar. iii, Lac Lanoux ‘Um terceiro exemplo, encontramo-lo no caso Lac Lanous que foi subme- tido a arbitragem em 1956, O conflito opunha Franga e Espanha relat vamente’ partilha de aguas internacionais provenientes do Lago Lanoux situado nos Pirenéus. Espanha alegava que os planos franceses de cons- trugdo de uma barragem iriam afectar os caudais de agua que chegariam a terras espanholas e, consequentemente, os seus direitos estabelecidos no Tratado de Bayonne de 1866. 0 tribunal arbitral no deu provimento Aspretensdes de Espanha, todavia, esta sentenga € considerada relevance porquanto analisa a questo de saber se um Estado tem a obrigagao de notificar e consultat outro Estado relativamente a actividades que afec- tem recursos hidricos partilhados. 3.2. Exemplos institueionais, Em termos institucionais néo podemos deixar de nos referir a duas entidades cujo papel na resolugao de conflitos ambientais através da arbitragem tem sido essencial no plano internacional, concretamente ‘0 Permanent Court of Arbitration (PCA) e 0 International Court of Environ ‘mental Arbitration and Conciliation (ICEAC). i. Permanent Court of Arbitration (PCA) © Permanent Court of Arbitration é uma organizagao intergovernamental ‘ectabelecida em 1899 facilitando a arhitragem e outras formas de reso- Iugdo de conflitos entre os Estados. Com sede em Haia, esta entidade conta com 111 Estados signatirios das suas Convengoes. Em termos orga nizacionais, o PCA constitui uma estrutura de arbitragem instituciona- lizada, com uma lista de arbitros prOprios e especializados na resolugio de conflitos especificos", Bm 2001, esta entidade adopta as “Optional Rules for Arbitration of Dis- putes Relating to Natural Resources and/or the Environment”, também designa- das “Environmental Arbitration Rules”, passando esta instituigao a regular especificamente a resolucdo de confitos ambientais por arbitragem™”. 2 paramsaisdesenvolvimentossobre estaentdade vejaseoseu whitenaseguinteenderego clectninica tipiiews.peapaongshowpug-aspipA1=1058. Bm 2002 0 PCA adopta o mesmo tipo de regras mas no ambit da coneiagao, a8 i AARBITRAGEM NO CONTENTO AMBIENTALE UREANISTICO Estas regras tiveram porbase as normasda UNCITRAL relativas darbitra- gem, tendo sido adaptadas para receber as especificidades dos conflitos ambientais e reflectir o direito piblico internacional inerente. ii. International Court of Environmental Arbitration and Conciliation (ICEAC) Em 1994, e por iniciativa de 28 advogados de 22 paises, é criado no México o International Court of Environmental Arbitration and Conciliation, como forma institucionalizada de arbitragem. O objectivo deste Tribu- nal assentava na criacdo de uma entidade internacional independente, responsivel pela resolugio de conflitos ambientais através de conciliagi0 e arbitragem, podendo ainda conceder pareceres consultivos sobre as questdes que Ihe fossem colocadas’ Esta entidade facitita a resolucdo de conflitos por drbitros especiali- zados em questées ambientais e, bem assim, a sua estrutura institucio- nal promove alguma homogencidade ¢ uniformidade na resolugao dos cconflitos que sao carreados para o seu sei 3.3. A realidade portuguess em maria de arbtragem ambiental ¢ urbanistica Chegada a hora de desenharmos 0 cenario portugués neste ambito, a realidade mostra-nos, tal como referimos anteriormente, que a aplica- do deste mecanismo ¢ ainda incipiente quando referido as questoes lurbanisticas ¢ ambientais, sendo, contudo, proficuas 2s possibilidades ‘que o nosso ordenamento juridico jf oferece. Desenvolveremos a nossa andlise seguindo a linha que distingue os diversos tipos de arbitragem, concretamente a arbitragem necesséria e voluntiria e, no Ambizo desta, a arbitragem ad hoe ¢ institucionalizada, 3.3.1, A arbitragem necessiria: alguns exemplos Na arbitragem necesséria as partes em conflito sao forcadas legislativa- mente a resolucao do litigio que as ope através de uma decisioarbitral Regra geral, os diplomas de previsto de situagdes de atbitragemnecessi- ria regulamentam os termos em se desenrolard.o processo arbitral respec- 2% Relativamente a esta entdade vejaseo se website no seguinte enderego dectrinico Ip feos saree. “ “ —rrlrrCrdGGD ‘A ARBITRAGEM ADMINISTRATIVA ETRIBUTARIA: PROBLEMAS DESAFIOS tivo, Em caso de omissao, aplicar-se-4o as regras constantes dos artigos 1826! ¢ 1527" do Cédigo de Processo Civil (CPC) e, subsidiariamente, ‘as normas da Lei da Arbitragem Voluntitia, tal como prescreve 0 artigo 1528" daquele Cédigo. ‘Em mavéria ambiental, ocxemplo paradigmtico de arbitragem neces- siria, até pela frequéncia de aplicagao, encontramo-lo no émbivo do pro- ccesso de expropriacio por utilidade puiblica, regulado na Lei n* 168/99, de 18 de Setembro (vulgo Cédigo das ExpropriagGes)”. Prescreve o artigo 38° da citada Lei que, perante a falta de acordo {quanto aovalor da indemnizagao relativamente & expropriagio por utili dade pablica de um determinado bem, iniciar-se-4 um processo litigioso decidir por um tribunal arbitral. Nestes termos, olegislador veio pre- ceituar uma situagdo de arbitragem necesséria constituindo o tribunal arbitral, neste caso, a primeira instancia de decisto e tendo a sentenga arbitral a mesma forga exccutiva da sentenga de um tribunal judicial. ‘Um outro exemplo, também em materia de expropriagées, consta no Decreto-Lei n° 5/2008, de 8 de Janeiro, que estabelece o regime juri- dico de utilizagao dos bens do dominio piblico maritimo, incluindo a utilizagdo das Sguas territoriais, para a produgio de energia eléctrica a partir da energia das ondas do mar, Este diploma vem estabelecer no artigo 16° que o montante da indemnizagao a atribuir aos titulares dos jiméveis expropriados ou onerados com as servid6es ¢ determinado de ‘comum acordo entre as partes ou, na falta de acordo, fixado por arbitra: igom. Betabelece-se desta forma que na auséncia de concordancia quanto {indemnizacio por expropriagao, esta necessariamente terd de fixar-se por arbitragem, nos termos do artigo 17° do mesmo diploma, Por dltimo, cumpre ainda referiro Decreto Regulamentarn® 14/2003, de 30 de Junho, que aprova o caderno de encargos tipo dos contratos de {gestdo que envolvam as actividades de concepeio, construcio, Finan- » Nous concerne ao processo de expropriagio por uilidade publica, vea-se ava #175 ‘ci, "Regime juridieo das expropriagSes por uilidade pica", Dirciv do Urbanismo «de “Ambiente Esti compilades, Quid Jats, Lisboa, 2010, pp. 205-237; e,também, reno C1188 ‘Casta, Gus dr Expropriasdsporuiliade pablo, 2* ed, Almedina, Coimbra, 2003, {> Sobre o valor da indemnizasio por expropeiagaowej-se, entre OWES, FEBNANDS PAULA ‘ouneina,*A potencaldade eificathra ea justaindemninagio por expropriagio:andlise tdeum cavo conereto" in Revista furtdee d Ustanismo ed Ambiente (RJUE) 29, Almedina, Coimbra, 1998, pp. 928. ciamento, conservacio e exploragio de estabelecimentos hospitalares", artigo 93" deste diploma ver também estabeleceraarbitragera neces- sitia para os itigios surgidos pelas partes contratantes relacionados com a interpretagao, integracao ou execugio do contrato de gestao e seus anexos, ou com asuavalidade e eficicia de qualquer das suas disposigoes. Desa netasdes pares apens podem esser oceans através de tribunal arbitral de cujas decisoes nao caberé recurso (artigo 94%, n°5). 3.3.2. A arbitragem voluntaria ad hoc ambiental e o regime da arbi- tragem administrativa plasmado no CPTA A arbitragem voluntéria em matéria administrativa percorreu um longo caminho até asua consagragio legal. Na verdade, a LAV, cuja puslicagio ocorreu em 1986, ja previa no artigo I¢,n® 4, a possibilidade do Estado e ‘outras pessoas colectivas de direto pablico celebrarem convengies de arbitragem, desde que para tal existisse uma previsdo expresst em lei especial. Simplesmente, apenas com a Lei n” 15/2002, de 22 de Fevereiro, que aprova o Cédigo de Processo nos Tribunais Administrativos(CPTA), passamosa ter todo um conjunto de normas constantes no seu titulo IX, sob a epigrafe “Tribunal arbitral e centros de arbitragem’, dedicadas a cesta matéria™, * bute s0didons cm sailesusierwpotomenma sorta strc cone ‘counblenalsdachnainecon oversielecinetesbespeaen ts coo siscangem Somes dec nc scene opore carpe ee fguancquccreclactrapors eres prt reslbacttepet de reduc. Drslare tnyocfoctrcamcsateddan yay dopocypvetaesmnt ta redlone hospleres clic tame defies uo > Ane edn cram peu ianbrvel lgumar inks efecisabiragen 10 ergo 13 do liga du Procelimeno Amst vrata om. tr ministration no artigo, 02, TAF de 984, canbem puso conto ticnnpentnosereponeablid cilpor actos de get pic, Cleaxa snares Ouran reno Ents Pi, Crimi, Abedin, 2007p nt, ‘ain oencar een eman pvi expene eainage acene Giplomsespecfios como a Rae SXAVII do Decret La 294/94 dee de Neem tnnscbrc coats decor acrplaraioc geste dotstenat tina de trnamemo de suas slides urban a ase XE do Deseo Dosen quconmpr orpine)uian daca cyte gtd scones da erploraine gest dsineras fuisuoicip de cept amenioehtciento de igus par connumo pbc 2 ase XLII do Decree 162/96, de de Steno rea 0 regime ic ds AAROJTRAGEN ADMINISTRATIVA ETRIBUTARIA: PROBLEMAS E DESAFIOS Este Cédigo veio, assim, prever no artigo 180°, n° I, que poder ser constivuido um tribunal arbitral para dirimir questées relativasa contra- t0s,incluindo a apreciagio de actos ad ministrativos relativos’ respectiva ‘exccugio [alineaa)];a responsabilidade civil extracontratual, incluindoa efectivagio do direito de regresso [alinea bj;a actos administrativos que ‘possam ser revogadlos sem fundamento na sua invalidade, nos termos da lei substantiva falinea of ea ltigios emergentes de relgdesjuridicas de emprego publico, quando nao estejam em causa direitos indisponiveis ¢ ‘quando nao resultem de acidente de trabalho ou de doenca profissional {alinea d)). : FFicava desta forma consagrada uma reivindicagio hé muito exarada aspirada pela doutrina relativa & arbitragem em matéria administra- tiva’!, E constituindo as questoes ambientais um segmento de direito administrative nao poderio estas deixar de estar abrangidas pelo alcance do artigo 180%, n* 1, do CPTA®. Arriscariamos dizer que os litigios em Soba cet orsccminee — Lt as demgenprayionitelgeabiacleenre aaltepet ae irene sai ie pe ne deta teedanecee pee srs r AABBITRAGEM NO CONTENTO AMBIENTAL E UREANISTICO ‘matéria ambiental poderdo representar um dos maiores files norecurso arbitrage administrativa, sendo virios os exemplos a apontar. Abrangidos pela alinca a) do artigo 180° do CPTA podemos indicar ‘ extenso conjunto de contratos urbanisticos, de que o contrata de con- cessio de uso privativo de bens de dominio pablico™ ou o contrato de ‘concessio de urbanizagao® sfo apenas dois exemplos de uma vasta pand- plia. Na verdade, o princfpio da contratualizagio afirma-se actualmente como um pilar basilar no direito do urbanismo e do ambiente, obtendo consagracio legal expressa na propria Lei de Bases da Politica ce Orde- snamento do Tertitério e de Urbanismo (LBPOTU)* eno RegimeJuridico dos Instrumentos de Gestio Territorial (RJIGT)®, nos artigos €, alinea i), € 6*-A respectivamente”, No Ambito da alinea 6) desembocario as situagdes de responsabili- dade ambiental regulamentada pelo Decreto-Lei n® 147/2008, de 29 de Julho, relativas a danos causados & 4gua, a0 solo (quando estejam em causa riscos significativos para a satide humana) e 4s espécies e habitats naturais protegidos. No que concerne & alinea ¢) esto em causa actos administrativos quea Administragio Publica ¢ livre de retirar do ordenamento juridico com fundamento em meras raz0es de mérito ou oportunidade. Ou seja, adimite-se que o tribunal arbitral analise a revoga¢io por inconveniéncia deuma decisio administrativa, concretamente, e tendo em conta slimi- tages do artigo 140° do CPA, quando a mesma for desfavorsvel 10s inte- resses dos seus destinatarios", Neste contexto, o dominio de aplicacao % Celebradosoabyigo das artigos 46°¢ 47" do Deere {que estabelee o Regime Juriieo da Urbanizacto eEdifieagio(RJUE). Nos temos do artigo 124" do Regime Juridico dos nstrumentos de Gestio “ervtoral, sprorado pelo Decreto-Lei a’ 380/99, de 22 de Setembro. ® Aprorada pela Leia? 48/98, de Il de Agosto. © Aprovado pelo Dectevo-Lein* 380/99, de 22 de Setembro. “© Neste sentido, sLEXANDR4 LOIIN afiema queA contratulizagdo no fmbitodo Direito do Urbanism insere-e numa tendéncia actual paraa concertagio eo alicianento dos particulars para areslizagso de taretas administrativs,o que lém de se traduzir mum acréscimo de egitimacio das decisesadminisratvas, contribu ainda paraareducio dos litgios deearrentes das mesmas" Ci, Alexandra Leitso, "A contentualizagso no Direito do Urbanismo”, in RJUE, 1525/26, Ano XII, Almedina, Coimbra Jancira/Dezembro de 2006, 9.10, * Talcomo indica oto uanrins cLato,“Alegalidade da decisio nto tocada sla decisio aubiteal, Ea componente discricion‘ria,a medida dos efeitos desfvoriveis ce um acto |AARITRAGEM ADMINISTRATIVAE-TRISUTARIA: PROBLBMAS E DESAFIOS desta alinea em matéria ambiental é-nos dado porJoAo MARTINS CLARO a0 referir que “no dominio do urbanismo ou de outras actividades carecidas de autorizagio ou licenga, é claramente facultado ao tribunal arbitral 0 poder de praticar um acto secundétio substitutivo da prévia conformagao administrativa sobre o mérito, oportunidade ou conveniéncia™?, Estar assimabrangido 0 campo do licenciamento ambiental e industrial, egu- lados pelo Decreto-Lein® 173/208, de 26 de Agosto, ¢ pelo Decreto-Lei n? 209/208, de 29 de Outubro, respectivamente. Do exposto resulta a proficuidade da aplicagao da arbitragem em questdes ambientais no ambito do artigo 180°, n? 1, do CPTA, cal como afirmimos anteriormente®. 3.3.3. A arbitragem voluntaria institucionalizada e a necessidade de um Centro de Arbitragem Ambiental ‘OCPTA nao restringinas suas previsdes normativas arbitragem volunté- ria ad hoceno artigo 187° vem regulara criagao de centros de arbitragem, ‘em que se consubstancia precisamente a arbitragem institucionalizada. (Os centros em andlise deverdo circunscrever o émbito da sua competéncia material a questes administrativas especificas abrangidas por aquela norma, designadamente contratos, responsabilidade civil da Admi tragio, relagdes juridicas de emprego publico, sistemas ptblicos de pro- teeeao sociale, last, but not least, urbanism. ‘Nio obstante a previsio legislativa em anslise datar de 2002, ape~ nas em 2009 se verificou a criacao do primeiro centro de arbitragem em matéria administrativa. Estamo-nos a referir ao CAAD ~ Centro de Arbitragem Administrativa, autorizado pelo Despacho n° 5097/2009, de 12 de Fevereiro, do Secretdrio de Estado da Justiga, tendo entrado em fancionamento no dia 28 de Janeiro de 2009". predito Centro tem, contudo, competéncia material restringida a ‘questées enunciadas nas alineas a) ¢ ¢) do artigo 187° do CPTA, ou seja, sudminisrativo que & revista’, Cir. AWW IV Confréncia Mee Altereatins de Resoluto de Lite, DGAB Ministerio da Justga, I e., Agora Comunicagto, Lisboa, 2008, p42. © Chr. AAV, 1V Conferénia MeiosAlteratiosde Resolugi de Lit, cit p44 © Bxcluindo-se naruralmente a alinead relativaa questdes de funcionalismo pblicoas quaisearocem de contetido ambiental “Para uma anilise mais detalhada do funcionamento eregras inerentes a este Centro veja-s site htp/Avmncaadorgpt aceddo pela ima ver em 21 de Feverciro de 2010, u AARBITRAGEM NO CONTEXTO AMBIENTAL EURIANGSTICO apenas poderé dirimirlitigios relativosacontratos ea relagées juridicasde emprego publico. Estando esta iltima matéria excluida do ambitoambien- tal,ainda assim, poderdo ser submetidosa jurisdigio arbitral daquele Cen- tro os contratosambientais celebrados com entidades pitblicas que, sendo ‘uma forma de actuagio da Administracio Publica cada vez mais recorrente, traduzirdo um amplo leque de possibilidades de recurso a0 CAAD. ‘Reconhecemos, todavia, ser parca arepercussio eabrangénciaambien- tal deste Centro, cujo objectivo primordial subjacente a sua criceao nao fbi, na verdade, a resolugao deste tipo de litigios. Propugnamos, assim, que este impeto impulsionador da criag4o de centros de arbitragem administrativa ndo se esgote no CAAD e que, a breve trecho, possamos contar com a iniciativa de entidades do sector ambiental na criagao de um Centro de Arbitragem Ambiental, tanto mais que o proprio artigo 187° faz referéneia expressa ao urbanismo. Consideragies finais Os tribunais arbitrais encontram consagracio constitucional no artigo 209%, n° 2, da Constituigao da Reptiblica Portuguesa (CRP), nfo levan- tando a Lei Fundamental qualquer obstaculo a previsio legal de meca- niismos nio jurisdicionais de solugao de litigios. Na verdade, o direito fundamental de acesso a justiga, consagrado no artigo 20° da CRP, _garante 0 acesso aos tribunais para defesa dos direitos dos cidadios, mas ‘do impossibilita que se recorram a outras formas de resolugio de confli- tos, as quais, de resto, vém a ser admitidas no artigo 202%, n® 4, da CRP. prdprio Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) afir- ‘mou em diversas sentengas (rg, Sentenga de 8 de Julho de 1986,n0 caso Lithgow e outros. Reino Unido) que o diteito de acesso 3justiga, consagrado no artigo 6° da Convengio Europeia dos Direitos do Homem, néo tem um caricter absoluto, podendo softer limitages na medida em que a sua prépria natureza exige regulamentagao legal especifica, a qual pode variar em fungio do tempo e lugar, de acordo com as necessidades € recursos da comunidade e dos individuos. Desta forma, 0 diteito de acesso & justiga deixa de sera possibilidade de que todos vao a tribunal, mas sim a realizagio da justiga do caso, garantindo a igualdade efectiva das partes e a imparcialidade do meio de administracao da justiga qualquer que ele seja. |A ARBITRAGEM ADMINISTRATIVA E TRIBUTARIA: FROBLEMAS EDESATIOS Por outro lado, objectivos de desburocratizagio e eficiéncia, também ‘consagrados constitucionalmente (artigo 267%, n°s Le 2, CRP) t8m nor teado a Administragao Piblica no progressivo recurso a actuagbes adm nistrativas informais, tentando encontrar modos de actuagao flexiveis, novas formas de optimizar os interesses em jogo ¢ assegurar uma maior participagzo dos cidadios na formagio das decisses que Ihes dizem res- peito. E neste contexto que inserimos e propugnamos existéncia de eios extrajudiciais de resolugao de conflitos administrativos e, con- cretamente, ambientais ou urbanisticos, como forma de promover uma justica de proximidade. ‘No que concerne & arbitragem, o CPTA apresenta jéarrimo legal para {que este mecanismo tenha aplicagio no ambito doDireito do ambiente e urbanismo. 0 artigo 180" deste normativo permite, como vimos, ainser- fo de questGes ambientais no seu Ambito de aplicagao eo artigo 187%, nL, alinea ¢), abre a porta para a criagio de wim centro de arbitragem institucionalizada de conflitos urbanisticos. ‘Sem embargo, pensamos que um novo passo deve ser dado na conso- lidagao da arbitragem ambiental e urbanistica em Portugal, devendo propria Lei de Bases do Ambiente, cuja renovagao se avizinha ao tempo em que escrevemos estas linhas, prever e impulsionar de forma expressa a constituigio de tribunais arbitrais para o julgamento de conflitos no Ambito do ambiente e urbanismo™. “ © presente texto respond ao convite que amavelmente nos fo dirigido pela Doutora Isabel Fonseca, cu oportunidad queremos agradecer, compilando as idetase exeert0s de textos dos seguintes artigos da nose atoria:"Resolugso extrajudicial de confliros em ‘matériaambienta: wn inexorivel mundo novo", Dirt d Urbanism edo Ambiente ~Bstudos ‘mpi, Quid juts Lisboa, 2010,pp. 403-440/e"Daadmissbiidade dos meios extajud ‘Gated revolugao de conflicosem matéra ambiental eurbanstiea~experiénciaspresentes, possibilidadesfuturas",ReVCEDOUA, n#25, 2010, pp. 57-7. Resolugao de conflitos em linha na contratagao publica electrénica?* FRANCISCO ANDRADE"* DAVIDE CARNEIRO™** PAULO Novals’ Jose NEVES! SuwAnro: 1, Resolugio de Conflitos em Linha; 2. Porgué ODR®: 3. Como funciona a DR;4. Categorias desisteras ODR; 3. Primera ‘Geragio de ODR;6.Segunda Geragio de ODR;7. Sistemasde Apoio aD Raciocinio com Informacao Incompleta; 9. Sistemas eririais 10. Repersenracin da, Conhecimenta; 1. farerficestare- ligentes; 12. Raciocinio Baseado em Casos; 13. ContratacZo Palica Blectséniea e ODR: 14, Conclusoes. : Resvmo: A evolugso da sociedade da informagao e a general zagio de novas formas de contratagao traz consigoa necessidade de pensar novas formas de resolugio de conflitos. Neste trabalho éfeita umaatordagem dda Resolugao de Conflitos em linha e das diferentes téenicas de dominio dda Inteligéneia Artificial que podem contribuir para tornar mais élere © "sta publicagioinsere-seno TIARAC~ Telemitica cIneligéncia Artifical naResolugio Aleerntiva de Gontlitos (PTDC/JUR/71354/2006), que ¢ um projecto de imestigagio suportado pela ECT ~ Fundagio para a Ciéncia e Tecnologia * Profesor da Escola de Diteito da Universidade do ‘Professors lo Departamento de Infor jada Universidade do Minho,

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