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CAPITULO TI FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO: INTRODUGAO 1. CONCEITO O conccito de fonte do Dircito ¢ objeto de controvérsia no Ambito da Ciéncia Juridica em geral. Entretanto, parte dessa discussio refere-se apenas & distingao entre fontes materiais e fontes formais, que examinaremos neste capitulo. ‘A doutrina internacionalista também procura definir as fontes do Direito, que so, para Salem Hilamat Nasser, 0s “instrumentos ou processos pelos quiais surgem ou se permitem identificar as normas juridicas’.' Soares afirma que as fontes sio “as raz6es que determinam a produgio das rnormas juridicas, bem como a mancira como elas sfo reveladas”.* De nossa parte, conceituamos as fontes do Direito como os motivos que levam ao aparecimento da norma juridica e os modos pelos quais cla se manifesca.? 1.1 Fontes materiais e fontes formais ‘As fontes materiais sfo os elementos que provocam o aparccimento das normas juridicas, influenciando sua criagéo e contetido. Nas palavras de Mazzuoli, “so materiais as fontes que determinam a elaboracio de certa norma juridica”’. [As Fontes materiais so os fatos que demonstram a necessidade © a importincia da formu- lacio de preceitos juridicos, que regulem certas situagdes. Exemplo de fonte material foi a II Guerra Mundial, cujas atrocidades evidenciaram a relevincia de proteger a dignidade humana, impulsionando a negociagéo ¢ a consagragao de algumas das principais normas internacionais de direitos humanos, [As fontes materiais sio também “os fundamentos sociolégicos das normas intemnacionais, a sua base politica, moral ou econdmica’.* Séo, postanto, as bases tedricas que influenciam a construgio das normas, de cunho filoséfico, sociolégico, politico, econdmico ete., ou os valores, aspiragées e ideais que inspiram a concepgao dos preceitos juridicos, como o desejo de manutencéo da paz.e de realizagio da justiga, a protegio da dignidade humana e a mera necessidade de sobrevivencia. 1, NASSER, Salem Hikmat. Fontes e normas do direito internacional, p. 59. 2, SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de direita internacional public, p. 53. 3. Nesse mesmo sentido: MELLO, Celso D. de Albuquerque: Curso de direto internacional publico, v. 1, p. 203. REZEK, Francisco, Direito internacional public, p. 8 4. MAZZULI, Valéria de Olivera, Direito internacional pablico: parte geral, p. 26. 5. DINH, Nguyen Quoc; PELLET, Alain; DAILLER, Patrick. Dreito internacional pico, p. 103. 59 PARTE | ~ DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO As fontes formais sio 0 modo de revelacio ¢ exteriorizagao da norma juridica e dos valores que esta pretende tutelar, representadas pelas normas de Dircito positivo. Ao conceituar as fontes formais, Soares enfatiza o elemento axioldgico de que estas devem se revestir, asseverando que as fontes formais constituem “expresséo clara dos valores juridicos” € que a “fonte formal informa-nos sobre as formas externas ¢ claras com que um valor deverd revestir-se”." Dinh, Dailler ¢ Pellet enfatizam seu modo de preparagéo, ao defini-las como “os processos de elaboragao do diteito, as diversas técnicas que autorizam a considerar que uma regra pertence ao direito positive” aparecimento das fontes formais ¢ normalmente relacionado is fontes materiais, as quais, ‘como afirmamos, inspiram a criagao de novas normas ¢ orientam a sua elaboragao, levando a que ‘8 preceitos de Direito positivo consagrem determinados valores, voltados a atender ds demandas da sociedade. Dentro desta obra, analisaremos apenas as fontes formais, porque o exame detido das fontes materiais requer o estudo de um vasto rol de elementos, muitos dos quais pertencem a outros campos do conhecimento, cujo estudo no cabe no escopo deste livro. Doravante, portanto, a palavra “fontes” aludirs apenas &s Fontes formais do Direito das Gentes, exceto quando indiquemos expressamente 0 contrario, Neste capitulo, examinaremos aquelas fontes formais listadas no Estatuto da Corte Inter- nacional de Justiga (CIJ), que se encontram consolidadas como fontes do Dircito das Gentes no entendimento convencional e da doucrina ha muito tempo. Entretanto, inclusive em vista do cardcer nao exaustivo do rol de fontes constantes do Estaruto da Cl), estudaremos também novas formas de manifestagao da norma de Direito Internacional, bem como institutos cujo cardver de fontes da disciplina ainda é objeto de polémica na doutrina, Quadro 1, Fontes materiais ¢ fontes formais FONTES MATER FORMAIS Elementos ou motivos que levam ao apareci- | > Formas de expresso dos valores resguardos mento das normas juridicas pelo Direito > Fundamentos das normas, de cunhaliloséfico, saciglégico, politico ete. +> Processos de elaboragio das normas— 2. FONTES FORMAIS DO DIREITO INTERNACIONAL As fontes formais do Direico Internacional Piblico surgiram ao longo da histéria ¢ foram inicialmenre consolidadas no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiga (CI))." Entretanto, 0 Estatuto da ClJ apresenta uma lista que abrange apenas algumas das Fontes do Dircito Internacional e, nesse sentido, néo configura um rol exaustivo, que esgota o conjunto 6. SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de dlreito internacional public, p. 5. 7. DINK, Nguyen Quoc; PELLET, Alain; DAILLER, Patrick, Direito internacional publica, p. 101. 8. Cabe destacar que o Estatuto da CU foi antecedido pelo Estatuto da Corte Permanente de Justca Internacional {CPIH, tribunal internacional que antecedeu a CU e cujo Estatuto jd incluia esse rol de fontes. 60 FONTES 00 iREITO INTERNACIONAL PUBLICO:IWTRODUGKO de fontes formais do Direito das Gentes e que impede que a dinamica da sociedade internacional revele a existéncia de outras fontes. Desse modo, dividimos as fontes formais do Direito Internacional em fontes estatutirias (aquclas que constam do artigo 38 do Estacuto da CI) ¢ extraestatutisias (as que no aparecem centre as fontes indicadas no Estatuto da CI]). 2.1 Fontes estatutdrias do Direito Internacional: o artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiga. O artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiga (CIJ) indica a existéncia das se- guintes fontes de Direito Internacional: Artign 38. 1. A Corte, cxja fngdo é decidir do acordo com o direito internacional ts controvirsias que the forem submetidlas, aplicerd: 4) as convengbesimternacionsit, quer geais, quer epeciats, que estabelecam regras exprisamente reconbecides pelos Estados liigantes 2) 0 costume internacional, como prova de wraa prética geralaceita como sendo o direit; ©) 0s principios gerais de diveitn, reconhecidos pelas nasées civilizadas 4) sob resalva da disposicdo do Artigo 59, as decistesjudicidrias ¢ a dowirina dos jurists mais qualifieades das diferentes mazoes, corsa meio ausiliar para a determina das regras de drei’. 2.A presente disposigao nio prejudicant a faculdade da Carte de decidir wma quesida ex aeqiio et bono, se as partes cons isto concordarem. ATENGAO: o Estatuto da Corte internacional de Justica emprega o termo “convencio” para refe rir-se ao tratado. Como verificaremos posteriormente, a convencSo ¢ apenas um tipo de trata- do, Em todo caso, na pratica internacional, o termo “convencio” é frequentemente empregado como sinénimo de tratado. © Estatuto da Corte clenea como fontes do Direito Internacional os tratados, 0 costume, 08 principios gerais do Direito, a jurisprudéncia ¢ a doutrina. Por meio da expresso ax 2equo et bono, 0 Estatuto da CI) refere-se também & equidade come meio que pode dererminar juridicamente a solugéo de conflitos envolvendo a interpretagio ¢ a aplicagéo do Direito Internacional.! A importancia do Estatuto para a definigao das fontes de Direito das Gentes fundamenta-se no fato de que quase todos os Estados se comprometeram em observar as suas disposig6es, pelo 9, Dartigo 59 do Estatuto da Cll reza que “A dacis20 da Corte sé seré obrigatoria pare as partes litigantes ea respeito do cascem questao’, 10. _Deixamos de inciuira equidade coma fonte estatutiria do Direlto internacional, por conta da controvérsia que hs quanto a seu eardter de fonte. A respeito, vero item 10 deste capitulo. 61 PARTE | ~ DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO que, com isso, acabam reconhecendo a relevincia dos elementos indicados em seu artigo 38 para a disciplina das relagbes incernacionais 2.1.1. O problema da hierarquia das fontes do Direito Internacional © Estatuto da Corte Internacional de justiga nao determina a hicrarquia das fontes de Diteito Internacional, 2 mera ordem em que essas fontes aparecem no texto do artigo 38 néo define a primazia entre clas. Com isso, a definigao da hierarquia das fontes de Direico das Gentes étarefa a qual a doutrina vem se dedicando, em debates marcados pela falta de consenso. Parte da doutrina confere preferéncia aos tratados, por ser uma fonte escrita, cujas normas podem, por isso, se revestir de maior clareza e precisio.!" Entretanto, esse entendimento nao é unanime, como revela Guido Soares, que defende que nfo pode haver hierarquia entre as fontes de Dircito Internacional, por conta da estreita relagao que estas mantém entre si, mormente no momento da aplicagao de uma norma, quando a regra de um tratado pode ser interpretada a luz do costume e da doutrina, por exemple." E nesse sentido que Celso de Albuquerque Mello, em entendimento muito difundido, afirma que no hé hierarquia entre tratado ¢ costume, no prevalecendo nenhum deles sobre 0 outro. Com isso, um tratado mais recente pode derrogar ou modificar um costume, e vice-versa.!? O entendimento de que nao hi hietarquia de fontes € majoritério na doutrina, De nossa parte, porém, entendemos que, no atual estégio da Ciéncia Juridica, as normas sé podem scr aplicadas & luz dos principios que norteiam o ordenamento a que pertencem. Por isso, defendemos que os principios gerais do Dircito ¢ us principios gerais do Direico Internacional deveriam ter precedéncia sobre as demais fontes do Direito das Gentes, por conterem os preceitos que consagram os principais valores que a ordem juridica internacional pretende resguardar ¢ que, destarte, orientam a construcio, interpretagao e aplicagio de todo o arcabougo normativo do Dircito das Gentes. Em todo caso, ¢ inegivel a imporcéncia pritica dos tratados dentro do rol das fontes de Dircito Internacional, evidenciada pela grande quantidade de instrumentas do tipo nas relagoes internacionais, por sua maior notoriedade e por seu papel na regulamentagio da maior parte das matérias mais importantes do Direito das Gentes. Dentre os fatores que levam a que os tratados sejam a fone mais empregada no Direito In- teracional na atualidade indicamos: seu cariter mais democrético, decorrente do faro de que os Estados participam diretamente em sua elaboragio, por meio de um processo de elaboragio que conta, em muitos casos, com 0 envolvimento dos parlamentos nacionais, e: a forma escrira, que confere maior precisio aos compromissos assumidos, credenciando os tratados como uma fonte 11, _Nesse sentido: MAZZUOLL Valério de Oliveira. Direita internacionol publica: parte geral, .28, DELL'OLMO, Florisbal de Souze. Curso de direita internacional ptblico, p. 38 12, SOARES, Guido Fernando Silva. Cursa de direito intemacional piblico, p. 57-58, 13, MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direitointemacional pilblico, v. 1, p. 298, 62 FONTES D0 DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO: INTRODUCAO que pode melhor contribuir para a regulamentagao do complexo ¢ sensivel Ambito das relacdes Z aad internacionais' ATENGAO: em todo caso, enfatizamos que a importancia dos tratados é préticaeniionecessaria- 1 mente confere a estes 0 caréter de fonte de hierarquia superior no Direito das Gentes. 1 Por fim, advertimos que nio se deve confundir “hierarquia de fontes” com “hierarquia de normas”. Com efeito, as fontes referem-se as formas de manifestagio das disposig6es do Direito, a0 passo que as normas consagram os préprios modelos de conduta esperados dentro de uma sociedade. 2.2 Fontes extraestatutarias: as outras fontes do Direito Internacional © Estatuto da CI) nao exclui a existéncia de outras fontes, algumas das quais comuns 20 Direito interno e outras decorrentes unicamente da dindmica das relagdes internacionais. Essas fontes adicionais s4o os principios gerais do Direito Internacional, os atos unilaterais dos Estados, as decisbes das organizag6es internacionais e o «oft law, fendmeno relativamente recente, mas que também ji comeca a exercer influéncia sobre o desenvolvimento da vida da sociedade internacional. Também néo fica excluida a importincia da analogia, da equidade ¢ do jus cogens para a regulagao da vida na sociedade internacional. ‘Como afirmamos anteriormente, o cardter de fonte de algumas das fontes extraestaruté- rias, da analogia, da equidade e do jus cogens no é undnime na doutrina, 0 que indicaremos a seguir. ATENCAO: o contrato internacional e a ex mercatoria podem ser consideradas fontes de Dit 1 Internacional Privado, mas néo de Direito Internacional Piblico. 2.3 Classificagao ‘A doutrina também classifica as fontes em principais ¢ acessérias, ou auxiliares. As fontes principais si0 aquelas que efetivamente revelam qual o Direito aplicivel a uma relacio juridica. Jé as fontes acessorias ou auxiliares séo as que apenas contribuem para elucidar o conteiido de uma norma. O artigo 38 do Estatuto da Cl) determina que a jurisprudéncia ¢ a doutzina séo “Fontes auxiliares", qualificando-as exptessamente “como meio auxiliar para a determinagio das regras de dircito”, As demais fontes sao principais. ‘As fontes também distinguem-se em convencionais ¢ néo-convencionais.'? 14, MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direto internacional public v. 1, . 330-331, 15, Nesse sentido: SEITENFUS, Ricardo. Introdugd ae alrelto internacional publica, p. 38. PARTE | ~ DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO As fontes conyencionais resultam do acordo de vontades dos sujeitos de Direica das Gentes pertinentes e abrangem especialmente os tratados. As ndo-convencionais compreendem todas as demais € ori am-se da evolugio da realidade internacional, como 0 jus cogens, ou da agio unilateral de sujeitos de Direico Internacional, como a jurisprudéncia, os atos dos Estados e as decisées das organizagées internacionais. ATENGAO: a doutrina portanto, fonte nSo-convencional. ide-se quanto a classificaco do costume, havendo quem entenda que a norma costumeira é convencional, por ser fruto do consentimento tacito dos sujeitos de Direito Internacional, e quem defenda que o costume nasce da evoluco da sociedade internacional eé, Por fim, como afirmamos anteriormente, dividimos as fontes em fontes estaturirias (cons- tantes do artigo 38 do Estatuto da Corte Interna incluidas no rol do artigo 38 do Estaruta da Corte Internacional de Justia). Quadro 2: fontes formais do Direito Internacional nal de Justica) ¢ fontes extraestatutitias (niio FONTES DO ARTIGO 38 DO ESTATUTO DA CU (FONTES ESTATUTARIAS) (OUTRAS FONTES (FONTES EXTRAESTATUTA- RIAS) > Tratados + Costume + Principios gerais do Direito e princlpios gerais do Direito Internacional Pibblico > Jurisprudéncia + Doutrina > Atos unilaterais de Estados > Atos unilaterais de organizacbes internacio- nais/decisGes de organizagoes internacionais > Soft iow Quadro 3. Fontes principais e fontes acessérias FONTES PRINCIPAIS FONTES ACESSORIAS OU AUXILIARES + Revelam o Direito aplicavel diretamente a uma relacao juridica > Contribuem para elucidar 0 conteudo de uma norma e aplica-la + Todas as fontes formais, exceto a jurisprudén- ciae a doutrina > Jurisprudéncia e doutrina Quadro 4. Fontes convencionais e fontes nio-convencionais FONTES CONVENCIONAIS FONTES NAO CONVENCIONAIS > Fruto de acorda de vontades > Fruto da evolugao da realidade internacional > Tratados e, para parte da doutrina, o costume > Todas as demais, inclusive, para outra parte da doutrina, o costume 64 FONTES DO DIREITO INTERNACIOMAL POBLICO: INTRODUGAO 3. TRATADO Os tratados sao acordos escritos, concluidos por Estados e organizagées internacionais com vistas a regular o tratamento de temas de interesse comum. Apesar de existirem desde a Antiguida- de, comecaram a firmar-se como fonte por exceléncia do Direito Internacional apenas a partir da Paz de Vestfilia, substituindo paulatinamente o costume como fonte mais empregada no Direito das Gentes. Dada, portanto, a importincia dos tratados, examinaremos seus diversos aspectos relevantes em capitulo especifico deste livro (Parte I — Capitulo III). COSTUME INTERNACIONAL O artigo 38, par. 1, “b", do Estatuto da CIJ define 0 costume internacional como “uma priica geral aceita como sendo 0 direito”. Poderiamos conceituar com maior preciséo o costume internacional como a pritica geral, uniforme e reiterada dos sujeitos de Direito Internacional, reconhecida como juridicamente exigivel, A formagao de uma norma costumeira internacional requer dois elementos essenciais: tum, de carter material e objetivo; 0 outro, psicoldy e subjetivo, O primeiro é a pritica ge- neralizada, reiterada, uniforme ¢ constante de um ato na esfera das relagdes internacionais ou no Ambito interno, com reflexos externos. Ea inverterata consuetuda, que constitui 0 conteido da norma costumeira. O segundo elemento ¢ a conviegao de que essa pritica € juridicamence obrigatéria (opinio juris). Em regra, 0 processo de consolidagio de uma pritica costumeira antecede A opinio juris. Por outro lado, a mera rcitcragio de atos configura apenas uso, visto que o elemento subjetivo é também necessério para dar forma ao costume. A generalizacio nio se confunde com a unanimidade. De fato, 0 costume néo precisa ser objeto da aceitagdo unanime de um grupo de Estados, bastando que, no espago em que a regra é entendida como costumeita, um grupo amplo e representative reconheca sua obrigatoriedade” ATENCAO: recordamos também que a generalizagSo no significa que o costume deva ser global ‘0u universal, podendo se tratar de um costume regional ou empregado apenas nas relacdes | bilaterais. Entretanto, 0 tema é polémico na doutrina, que discute também a possibilidade de que a norma costumeira vincule entes que nfo concordam com sua juridicidade. Partindo da premissa voluntarista de que 0 fundamento do Direito Internacional repousa apenas na vontade dos atores internacionais, 0 costume seria fruto de um acordo ticito entre su- jeitos de Direico Internacional, diferenciando-se do tratado no sentido de que este existe a partir 16, Também descrita pela doutrina como opinio juris sive necessitats, que significa “a conviegdo do direito ou da necessidade”. 17, Nesse sentide: MATTOS, Adherbal Meira. Direito internacional publica, p. 27. SEITENFUS, Ricardo. Introductio a0 direita internacional pablico,p. 56. 65 PARTE I~ DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO de uma manifestagio expressa de acordo entre certas partes.'* Nesse sentido, o costume valeria apenas entre aqueles entes que implicitamente concordassem com certa prévica e aceirassem seu cardver juridico, Caso partamos da premissa de que o costume requer accitagio, a norma costumeira pode ser accita de maneira expressa ou técita”. Por outro lado, o entendimento objetivista vé 0 costume como uma manifestagio sociolégica, que obrigaria erga omnes quanto mais difundido fosse, vinculando inclusive os Estados que com ele nao concordaram. Em todo caso, existe a possbilidade de que um sujeito de Direito Internacional no reconhega expressamente um costume existente ou em gestacio, traduzida na figura do persistent objector,” expresso cuja melhor traducéo até agora encontrada na doutrina brasileira é “objetor persisten- te”, embora acreditemos que a verséo mais aproximada da expresso em lingua portuguesa seria “opositor continuo” A parte que invoca norma costumeira deve também provar sua existéncia, Durance muitos séculos, 0 costume foi a principal fonte de Direito Internacional. Entretanto, as normas costumeiras perderam parte da importancia de que antes se revestiam em beneficio do tratado, que oferece maior estabilidade as relagdes internacionais por virios motivos. Com feito, o tratado adota a forma escrita, o que confere mais precisio ao contetido normativo, Em segundo lugar, nao é posstvel que o Estado ou organismo internacional denegue haver celebrado tum cratado do qual é parte, a0 passo que, em cese, um desses entes pode alegar nio reconhecer dererminado costume. Por fim, a ratefa de provar a existéncia do costume pode ser complexa. Com isso, o costume vem-se integeando ao processo de codificacéo do Direito Internacional, por meio da incorporagao de preceitos costumeiros a tratados. Exemplo disso é a Convengio de Viena sobre Relagdes Diplomaticas, de 1961, que reuniu regras relativas & atividade diplomitica que eram objeto, ha séculos, do costume internacional. Em todo caso, o costume continua cumprindo papel relevante no Direito Internacional, regulando temas como a imunidade de jurisdigao dos Estados e a reciprocidade. Além disso, 0 costume contribui para a elucidasio ¢ aplicagio do conteiido de tratados. Por fim, 0 costume é mais sensivel e flexivel & evolugao das relagoes internacionais, a0 contririo dos tratados, que, por requerem um processo de elaboragio que pode set longo, dificil e complexo, podem impedir que ‘© universo juridico possa atender mais rapidamente as demandas da sociedade internacional. © costume extingue-se: a) pelo desuso, quando determinada pritica deixa de ser reiterada, generalizada e uniforme dentro de um determinado grupo social apés certo lapso temporal, ou quando se perdea conviceio acerca de sua obrigatoriedade; b) pelo aparecimento e afirmagao de um novo costume que substitua costume anterior, 0 que ocorre quando a dinamica internacional impSe novas préticas mais consentaneas com a realidade e; ©) pela substituigo do costume por 18. _Nesse sentido: DELL'OLMO, Florisbal de Soura, Curso de direito Internacional publica, p. 44; AMARAL JUNIOR, Alberto de, Manuo! do candidato: Diteite Internacional, p. 189-180. 19. MAZZUOL, Valerio de Oliveira, Direito internacional paiblico: parte geral,p. 23. 20. Arespeito: NASSER, Salem Hikmat. Fontes e normas do direito internacional, p. 74-75. 66 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO:INTRODUGKO tratado internacional que incorpore as normas costumeiras, dentro de um processo conhecido como “codificacio do Direito Internacional”, 5. DECISOES JUDICIARIAS: A JURISPRUDENCIA INTERNACIONAL A jurisprudéncia internacional ¢ 0 conjunto de decisées judiciais reiteradas no mesmo sen- tido, em questées semelhantes, proferidas por érgios intetnacionais jurisdicionais de solugio de controvérsias relativas a matéria de Dircito Internacional. ‘A jurisprudéncia internacional origina-se especialmente de cortes intemacionais, que comecam a se difundir no cenério internacional, como a Corte Internacional de Justica (CIJ), 0 ‘Tribunal Penal Internacional (PI) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) Entreanto, um entendimento que efetivamente considere 0 papel exercido pelos mecanismos de aplicagao do Direito das Gentes na elucidagio do teor das normas internacionais deveria incluir também, como capazes de criar jurisprudéncia internacional, entidades que nao sejam cortes ou tribunais, como os foros arbitrais e as comissdes e comités encarregados de monitorar a execugio de determinados tratados. E 0 caso, por exemplo, da Comisséo Interamericana de Direitos Hu- manos, érgao nao jurisdicional vinculado & Organizagao dos Estados Americanos (OEA), cujas decisées so, porém, fundamentadas em norma juridica e que acabam orientando outras decisoes. Hi polémica no tocante ao papel das decis6es judiciais dentro do Direito Internacional. Com efeita, a teor do artigo 38 do Estaruto da Cl], as decisées judiciais so consideradas apenas como fontes aurciliares do Dircito das Gentes, meramente contribuindo para a aplicagéo das normas juridicas ou, nos termos precisos do Estatuto da ClJ, como “meio auxiliar para a decerminagéio das regras de Na doutrina, Mazzuoli firma que a jurisprudéncia nao ¢ fonte do Direito porque “nao cria o direito, mas sim o interpreta mediante @ reiteragao de decis6es no mesmo sentido. Sendo ela tuma sequéncia de julgamentos no mesmo sentido, nada mais ¢ do que a afirmagao de um diteito preexistente, ou seja, sua expresso, Além do mais, as decisées de tribunais nio criam normas propriamente juridicas, 0 que demanda abstracio ¢ generalidade, requisitos sem os quais nao se pode falar na existéncia de uma regra de direito stricto sensu” Em qualquer caso, as decis6es judiciais também criam direito, ainda que apenas entre as partes em litigio. Nesse sentido, enfatizamos que o artigo 59 do Estaruto da ClJ determina que “A deciséo da Corte 86 seré obrigaréria para as partes litigantes e a respeito do caso em questo”. Ourrossim, com o aumento das atividades das cortes e tribunais internacionais, vem ficando cada ‘vex mais claro que os julpados anteriores server como referéncia para julgamentos posteriores. Em todo caso, entendemos que no mundo atual, com toda a complexidade evidente das relagGes sociais e com a dificuldade dos elaboradores das normas em acompanhar a evoluszo das sociedades, nao é possivel olvidar o papel das decis6es judiciais como parimetro para efetivamente orientar a vida dos povos. Por fim, é importante recordar que o Direito Internacional também prescreve condutas a serem observadas no ambito interno dos Estados. Com isso, as normas internacionais podem 21, MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Direito internacional pablico: parte geral, p. 3a. 67 PARTE |~ DIREITO INTERNACIONAL POBLICO fundamentar pretensées examinadas pelos Judicidrios nacionais, que criarSo jurisprudéncia interna sobre preceitos do Direito das Gentes. No Brasil, por exemplo, é comum encontrar pronuncia- mentos dos tribunais superiores fundamentados em normas de tratados. 6. DOUTRINA artigo 38 do Estatuto da CI) inclui a “doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nagdes” como fonte, ainda que auniliar, do Direito Internacional. A doutrina é 0 conjunto dos estudos, ensinamentos, entendimentos, teses ¢ pareceres dos estudiosos do Direico Internacional, normalmente constantes de obras académicas e de trabalhos de instituigées especializadas, como a Comisséo de Direito Internacional das Nagées Unidas. No passado, a doutrina exerceu papel relevante para a propria ctiagio do Direito Inter- nacional, como demonstram os trabalhos de especialistas como Francisco de Vitoria ¢ Hugo Grécio. Atualmente, a principal fungao da doutrina é contribuir para a interpretacao e aplicacao da norma internacional, bem como para a formulaséo de novos principios ¢ regras juridicas, indicando as demandas da sociedade internacional, os valores que esta pretende yer resguar- dados, a opinio juris dos sujeitos de Direito Internacional etc. Enfatizamos, porém, que nao cabe & doutrina regular dirctamente condutas, visto que os enunciados doutrindrios nao so vinculantes por si sés Em sintese, o objeto da doutrina, segundo Yepes Pereira, & “esmiugar a matéria em seus mais profundos e reservados reconditos, « fim de delinear seus institutos e conceitos, fixando os limites de sua aplicagao ¢ a mancira mais cficaz de fazé-lo””. Como o Direito Internacional interage com 0 Direito interno, incluimos também, na dou- trina internacionalista, os estudos dos juristas de outras 4reas que tenham relacio cam o Direito das Gentes. . PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO Os princfpios gerais do Direito séo as normas de cardter mais genérico € abstrato que in- corporam os valores que fundamentam a maioria dos sistemas juridicos mundiais, orientando a claboragio, interpretagio ¢ aplicagao de seus preceitos e podendo ser aplicadas diretamente As relagdes sociais Sao exemplos de principios gerais do Direito pertinentes ao Direico Internacional: o primado da protecio da dignidade da pessoa humana; o pacta sunt servanda; a boa-fé; 0 devido proceso legal; a res judicata ¢ « obrigacio de reparacéo por parte de quem cause um dano. A expressio “nagdes civilizadas” foi objeto de critica por seu “cardter etnocéntrico”,” ou seja, pela referéncia a preceitos formulados no mundo ocidental. Hoje, os principios gerais do Direito abrangem aquelas normas estveis que incorporam valores reconhecidos na maior parte das ordens jurfdicas existentes no mundo. 22, PEREIRA, Brune Yepes. Curso de direito internacional publica, p. 42. 23. AMARALJONIOR, Alberto de, Manual do candidata: Direito Internacional, p. 196 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL POBLICO: INTRODUGAO PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO Os prinefpios gerais do Direito Internacional Piiblico séo as normas de cardter mais genérico ce abstrato que alicercam e conferem coeréncia 20 ordenamento juridico internacional, orientando a claboracio ¢ a aplicagéo das normas internacionais ¢ a acéo de todos os sujeitos de Direito das Gentes. soberania nacional; a nao-intervengao; a igualdade juridica entre os Estados; a autodeterminagao dos povos; a cooperagio internacional; a solucéo pacifica das controvérsias internacionais; a proibigéo da ameaca ou do uso da forga; ¢ o esgotamento dos recursos internos antes do recurso a tribunais Dentre os principios gerais do Direito Internacional indicamos: internacionais. Outro principio, que adquire relevo cada vez maior, a ponto de ser visto por parce da doutrina como o mais importante dentre todos, é o da prevaléncia dos direitos huma- nos nas relacées internacionais. Um rol importante de principios gerais do Direito das Gentes é encontrado nos artigos 1 € 2 da Carta das Nag6es Unidas (Carta da ONU), que incluem valores aos quais praticamente toda a humanidade atribui importincia maior, visto que as Nag6es Unidas retinem quase todos os paises do mundo na atualidade. 9, ANALOGIA ‘Mazzuoli definiu a analogia como “a aplicago a determinada situagao de fato de uma norma juridica feita para ser aplicada a caso parecido ou semelhante”, apontando-a como resposta & falta ‘ou inutilidade de preceito existente para regular caso concreto.™ A analogia refere-se, portanto, 2 forma de regular relagdes sociais que nao sejam objeto de norma juridica expressa por meio do cemprego de regras aplicéveis a casos semelhances. Parte da doutrina entende que a analogia ¢ fonte de Direito Internacional. Entretanto, para parte da doutrina de Direito em geral, a analogia é apenas meio de integrasao do ordenamento juridico. 10. EQUIDADE A equidade é a aplicacio de consideragoes de justiga a uma relagéo juridica, quando nao exista norma que a regule ou quando 0 preceito cabivel nao é eficaz para solucionar, coerentemente ¢ de maneira equanime, um conflito. E, como afirma Mazzuoli, “a aplicagao dos principios de justica aum caso concreto sub judice’ ® O artigo 38, par. 2°, do Estaturo da ClJ consagra a equidade como ferramenta que pode levar 4 solugdo de conflitos internacionais, ao determinar que o rol de fontes de Direito Internacional existentes “ndo prejudicard a faculdade da Corte de decidir uma questio ex aeguo et bono, se 2s partes com isto concordarem”. 28, MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito internacional pdblico: parte geral, p. 37. 25, _Nesse sentido: MAZZUOLI, Valério de Oliveira, Direite internacional piblico: parte geral, p. 37-38. 69 PARTE I~ DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO Portanto, o Fstarura da CIJ auoriza a Corte, a0 examinar um litigio, a afascar a aplicacéo de uma norma que incida sobre um caso concreto, decidindo 0 conflito com base apenas em consideragoes de justiga®, ATENCAO: enfatizamos, em todo caso, que a equidade s6 poderd ser empregada a partirdaanu- | éncia expressa das partes envolvidas em um litigio. Parte da doutrina ndo reconhece a equidade como fonte formal de Diteito Internacional, a exemplo de Celso de Albuquerque Mello, que a qualifica como “fonte material do Direito Internacional”.2” Parte importante da doutrina juridica em geral percebe a equidade como mero elemento de integragao.* Em todo caso, a equidade & também princfpio geral do Direito, visto que as normas juridicas devem ser sempre aplicadas & luz da necessidade de se fazer justiga. 11. ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS Partindo-se da premissa voluntarista de que as normas de Direito Internacional se funda- mentam no consentimento dos Estados das organizagées internacionais, 0s atos unilaterais de centes estatais nao poderiam ser fontes de Direito das Gentes. Entretanto, 2 dindmica das relagées internacionais revela que atos cuja existéncia tenha dependido exclusivamente da manifestagio de um Estado terminam por influenciar as relagées internacionais, gerando consequéncias juridicas independentemente da accitagéo ou envolvimento de outros entes estatais. Os atos unilaterais classificam-se em expressos e técitos, Os atos expressos aperfeigoam-se por meio de declaracio que adote a forma escrita ou a oral. Os ticitos configuram-se quando os Estados implicitamente aceitam determinada situagio, normalmente pelo siléncio ou pela pesitica de ages compativeis com seu objeto. Apresentamos a seguir alguns exemplos de atos unilaterais dos Estados, erh lista que nao exclui outras possibilidades que possam ocorrer nas telacées internacionais. + protesto: manifescagio expressa de discordincia quanto a uma determinada situago, destinada ao transgressor de norma internacional e voltada 2 evitar que a conduta objeto do protesto se transforme em norma. Visa a resguardar os direitos do Estado em face de pretensées de outro Estado. Exemplo: protestos por ocasiao de golpes de Estado, que violam normas in- ernacionais que dererminam o respeito & democracias + notificacio: ato pelo qual um Estado leva oficialmente ao conhecimento de outro ente esta- tal fato ou situagao que pode produzir efeitos juridicos, dando-Ihe “a necessaria certeza da 26. Também nesse sentido: NASSER, Salem Hikmat. Fontes e normas do direita internacional, p. 62 27. Ver: NASSER, Salem Hikmat. Fontes e normas do direlto internacional, p. 62. MELLO, Celso de Albquerque. Curso de direito internacional public, v2, p. 330-334 28, _Nesse sentido: REALE, Miguel. Lides preliminares de direito, p, 294-295, 70 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PUBLIC: |NTRODUCAD informagéo”.» ff entendido como “ato condicéo"2” ao qual a validade de ages posteriores estd vinculada. Excmplos sio as notificagées de estado de guerra; * — rentincia: é a desisténcia de um direito, que é extinto, A bem da seguranca juridica ¢ da estabilidade das relag6es internacionais, a remtincia deve set sempre expressa, nunca técita ou presumida a partir do mero no-exercicio de um direitos © dentincia: ato pelo qual o Estado se desvincula de um tratado; + reconhecimento: ato expresso ou tacito de constatagéo e admissio da existéncia de certa situagdo que acarrete consequéncias juridicas, Exemplo: reconhecimento de Estado ¢ de governo; © promessa: compromisso jurfdico de adocio de certa conduta; + ruptura das relagGes diplomaticas: ato que suspende o dislogo oficial com um Estado nas relacées internacionai ATENCAO: no confundir a dentincia com a reniincia. A primeira refere-se ao desligamento de um tratado, A segunda, & desistancia de um direlto. Entendemos que nao hi nenhuma diivida de que os atos unilaterais dos Estados sao fontes de Diseito Internacional, desde que néo configurem violagao do princ{pio da ndo-intervengio em assuntos internos de outro Estado, caso em que estariio maculando prineipio basico do Direito das Gentes ¢ da convivéncia internacional como um todo. 12. DECISOES DE ORGANIZACOES INTERNACIONAIS ‘As decis6es de organizagées internacionais sao os resultados das atividades de entidades como a Organizacéo das Nacées Unidas (ONU), que se materializam em atos que podem gerar efeitos juridicos para 0 organismo que o praticou e para outros sujeitos de Direito Internacional. So também denominadas de “atos unilaterais de organizagdes internacionais” ou de “atos das organizag6es internacionais”. ‘As decisdes das organizag6es internacionais sio reguladas pelas normas que regulam o fun cionamento dessas entidades, constantes de trarados que permitem que 0 organismo pratique scus préptios atos ¢ que estabelecem a denominacio destes, as condigbes para seu aperfeigoamento & suas possiveis consequéncias juridicas. Qs atos das organizacées internacionais podem ser internos, aplicando-se apenas 20 funcio- namento da entidade, ou externas, voltados a tutelar os direitos e obrigagbes de outros sujeicos de Direito Internacional. Podem resultar das deliberagées dos Estados-membros da entidade ou dos drgios do organismo, desde que sejam competentes para tal. Por fim, podem ou ndo obrigar seus destinatirios, podendo, portanto, nao se revestir de carter vinculante. 29. DELL'OLMO, Florisbal de Souza, Curso de direito internacionol pblico, p. 48. 30, _SEITENFUS, Ricardo. Introdugéio ae dreito internacional public, p. SB. 1 PARTE | ~ DIREITO INTERNACIONAL POBLICO Os organismos internacionais podem praticar os mesmos atos unilaterais que os Estados. Entretanto, ha decisoes tipicas das organizagbes internacionais, como os atos preparatérios da negociagéo de tratados, a convocagao de reunides internacionais, e, especialmente, as recomen- dagées ¢ resolugies, Ha dois tipos de resolugécs: as obrigatérias (ou impositivas) ¢ as facultativas. As obrigatorias vinculam os sujeitos de Direito Internacional, a exemplo das recomendagées da Organizagio Internacional do Trabalho (OI), que criam para os Estados a obrigacio de legislar a respeito da matéria de que tratam no prazo de um ano, ¢ das decisses do Conselho de Seguranga da ONU, executaveis pelos Estados nos termos do artigo 25 da Carta das Nagoes Unidas. As facultativas tém cariter de recomendacio, consistindo apenas em propostas de acao, possuindo forga moral ¢ politica, mas ndo juridica, a exemplo das resolugbes da Assembleia Geral da ONU. Em alguns casos, 0 carter vinculante ou nfo do ato estar previamente determinado em norma internacional. Entretanto, hd hipéteses em que somence 0 exame do caso concreto permitini apurar se a decisio do organismo ou nao obrigatéria, Exemplo de resolucéo vinculante ¢ a Resoluséo n° 1.874, de 12 de junho de 2009, que determina medidas voltadas a impedir a proliferacao de armas nucleares, biol6gicas ¢ quimicas na Repiiblica Popular Democritica da Coreia (Corcia do Norte). A propésito, tal Resolucao foi objeto, no Brasil, do Decrero n° 6.935, de 12/08/2009, voltado a conferir-lhe a devida execuso em territério nacional, proibindo 0 comércio de armas ¢ materiais relacionados entre Brasil ¢ a Coreia do Norte, autorizando a realizagio de inspecbes em embarcacées destinadas aquele pais ou dele provenientes ¢ restringindo as atividades financeiras da Reptiblica Popular Democratica da Coreia e exigindo a cessagao de todas as atividades nucleares ¢ balisticas daquele pais.” Alids, as resolugées deverio ser executadas no Brasil por meio de Decreto presidencial, do que é exemplo também a Resolugio 1373/2001, do Conselho de Seguranga das Nacdes Unidas, que visa a estabelecer medidas para o combate ao terrorismo € que foi objeta do Decreto 3.976, de 18/10/2001, o qual determinava textualmente, em seu artigo 1°, que “Ficam as autoridades brasileiras obrigadas, no ambito de suas respectivas atribuigoes, a0 cumprimento do disposto na Resolugao 1373 (2001), adotada pelo Conselho de Seguranga das Nag6es Unidas em 28 de setembro de 2001, anexa ao presente Decreto”.”” De nossa parte, defendemos que os atos das organizagdes internacionais, quando vinculantes, s4o fontes de Direito Internacional, o que no exclui, em todo caso, a importancia de resolucdes nfo vinculantes como parametros interpretativos, como elementos de relevancia politica e moral € como orientagbes para a furura elaboracéo de normas juridicas 13. NORMAS IMPERATIVAS: O JUS COGENS. A nogio de jus cogens é definida pelo artigo 53 da Convencao de Viena sobre 0 Direito dos ‘Tratados, que estabelece que “E nulo um tratado que, no momento de sua concluséo, conflite com uma norma imperativa de Diteico Intemacional geral. Para os fins da presente Convengio, 31, A respelto: SUPREMO TRIBUINAL FEDERAL. Informative 555. Brasilia, DF, 10 a 16 de agosto de 2009. Acerca das resolugGes, ver também o Capitulo Vl da Parte | (OrganizagBies Internacionais), 32. A respeito: BRASIL. Palécio do Planalto, Legislacdo. Decreto 3.976, de 18.10.2004, Disponivel em . Acesso em 31/01/20145, 72 FONTES DO DIREITO INTERNACIOWAL PUBLICO: INTRODUGKO uma norma imperativa de Dircito Internacional geral é uma norma accita ¢ reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo como norma da qual nenhuma derrogacéo & permitida ¢ que s6 pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da ‘mesma natureza”. A norma de jus cagens & um preceito ao qual a sociedade internacional atribui importancia maior e que, por isso, adquire primazia dentro da ordem juridica internacional, conferindo maior protegdo a certos valores entendidos como essenciais para a convivéncia coletiva. ‘As normas de jus cogens so também conhecidas como “normas imperativas de Direito In- rernacional” ou “normas peremptérias de Direito Internacional”. A principal caracterfstica do jus cagens € a imperatividade de seus preceitos, ou seja, a im- possibilidade de que suas normas sejam confrontadas ou derrogadas por qualquer outra norma internacional, inclusive aquelas que tenham emergido de acordos de vontades entre sujeitos de Direito das Gentes, O jus cagens configura, portanto, restri¢o direva da soberania em nome da defesa de certos valores vitais. Outra caracteristica importante do jus cagens € a aplicabilidade de suas normas para todos os Estados, o que se deve a sua importincia maior para o desenvolvimento da vida da comunidade qa por : internacional. O artigo 53 da Convencio de Viena sobre 0 Direito dos Tratados de 1969 reza que é nulo 6 tratado que, no momento de sua conclusio, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. De nossa parte, entendemos que essa determinacéo da Convensio de Viena ¢ despropor cional ¢ desprovida de razoabilidade, por abrir a possibilidade de que um tratado inteiro perca a validade quando apenas um de seus preceitos esté em confronto com normas de jus cogens. Dessa forma, entendemos que seria mais razodvel que apenas a norma que violasse © jus cogens tivesse sua aplicagéo afastada, evirando a extingéo de todo o tratado.” © rol das normas de jus cogens no € expressamente definido por nenhum tratado, Alids, nem mesmo a Convengéo de Viena de 1969 fixa essas normas, limitando-se a proclamar a sua existéncia e seu carter de principios e regras que restringem a capacidade de celebrar tratados dos Estados e das organizagbes internacionais, Com isso, 2 definigéo do contetido do jus cagens € fruto de um processo histérico, politico social, dentro do qual a sociedade internacional reconhece em certos valores maior importincia para a cocxisténcia entre seus membros. Dentre as normas de jus cagens encontram-se aquelas voltadas a trarar de temas como direitos humanos, prote¢io do meio ambiente e promocio do desenvolvimento sustentivel, paz-e seguranga fo de armas de destruigéo em internacionais, Direito de Guerra e Direiro Humanitério, prosc: massa ¢ direitos ¢ deveres fundamentais dos Estados. 33, _Enfatizamos, porém, que esse é um entendimento nosso, que sinda no encontra respalda em norma internacional diversa nem, pela que sabemos, na jurisprudéncia dos tribunats intemacionals.Trata-se, portanto, apenas de visSo outrindria ¢ critica do Direito Internacional positivo. 73 PARTE | ~ DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO 1 ATENCAO: logo, as normas de jus cogens no se encontram consolidadas em um tratado. As normas de jus cogens, como afitma Amaral Jiinior,™ nao se confundem com © Direito Natural, embora tenham clara inspiragio jusnaturalista, Nao se tratam, pois, de preceitos imuté- veis, mas sim de principios e regras que podem mudar no tempo ¢ no espago, de acordo com as transformagGes politicas, econdmicas, sociais e culturais, bem como em vista das demandas mais, legitimas da sociedade internacional. esse sentido, as normas de jus cogens podem ser modificadas, mas apenas por outras nor- mas da mesma natureza, conferindo certa estabilidade & ordem internacional ao redor de certos valores, mas impedindo 0 “engessamento” do desenvolvimento do Direito Internacional, dando a este condiges de responder a dinimica da sociedade internacional. Com isso, pode-se afirmar que o jus cogens possui duas outras caracteristicas: a rigidez, evidenciada na maior dificuldade de alteragao de seus preceitos, ¢ 0 conteiido variivel. Caso ocorra conflito entre norma de tratado ¢ preceito de jus cogens superveniente, o dis- positivo convencional mais antigo é nulo a partir do aparecimento da norma cogente, a teor do artigo 64 da Convengio de Viena de 1969, que determina que “Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo ¢ extingue-se”, | ATENGAO: a norma de jus cogens superveniente leva a nulidade de preceito anterior apenas a | partir de seu aparecimento, nao gerando efeitos retraativos nem afetando a validade do acordo | duando a norma cogente ainda nao existia. E polémica a necessidade de consentimento dos Estados frente ao jss cogens. Seitenfus, por exemplo, afirma que a norma cogente “prescinde do consentimento dos Estados”, © que lhe confere forca erga omnes. De nossa parte, enrendemos que condicionar a existéncia das normas de jus cagens 3 anuéncia de entes estatais com interesses tio dispares € por em risco valores essenciais para a convivéncia humana, Entretanto, tal circunstincia deve ser ponderada, no caso conereto, & luz das legitimas demandas dos Estados, que podem ir de encontro a valores que, embora difundidos como es- senciais em determinado contexto historico, podem, na tealidade, apenas servir para esconder determinados interesses. Por fim, é importante ressaltar que as normas de jus cogens nao configuram, pelo menos na atual quadra histérica, uma verdadeira “consticuigao internacional”. Entendemos que ainda nao se pode atestar a existéncia de uma “ordem constitucional in- temacional” pelo fato de que 0 fenémeno constitucional é, por enquanto, vinculado apenas a0 Estado, comporrando o conjunto de normas consideradas fundamentais para o funcionamento do ente estaral. Cabe, alids, ressalrar que ainda nfo exisce a figura do “Estado mundial”. Outrossim, 34, AMARALJONIOR, Alberto do. Manual do candidato: Direito Internacional, p82. 35. _Nesse sentido: SEITENFUS, Ricardo. Introdugdo aa direto internacional piiblico, p. 24 74 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO:INTRODUGAO entendemos que a ideia de uma ordem constitucional internacional deveria comportar a existéncia de um ‘poder constituinte internacional”, que ainda nfo existe. Em qualquer caso, a circunstancia de as normas de jus cagens néo conformarem uma “cons- tituigéo internacional” nao as desqualifica enquanto normas de maior importancia, inclusive & luz da légica elementar de que nem tudo o que é mais relevante é constitucional. De nossa parte, defendemos que o jus agent nao € fonte de Dircito Internacional. Com efeito, as normas de jus cogens sio as normas mais importantes de Direito Internacional, nao formas de expresso da norma, ¢ aparecem nas fontes de Dieito das Gentes, como os tratados, os principios gerais do Direito e os principios gerais do Direito Internacional. 14, SOFT LAW desenvolvimento das relagdes internacionais vem levando ao aparecimento de uma nova modalidade normativa, de caréter mais Rexivel, chamada soft aw, expresso em lingua inglesa, cuja traducéo aproximada seria “direito mole, maledvel”. O cxame do soft lw requer a prudéncia necesséria 4 andlise de um instiruro novo e de con- tornos ainda imprecisos. Entretanto, nao podemos nos furtar a0 estudo dessa forma alternative de orientar a conduta dos membros da sociedade internacional," que emerge dentro de um contexto em que o dinamismo dos luxos de bens, de servigos, de informagées de pessoas no mundo e o aumento da interdependéncia entre os Estados exigem modos mais dgeis ¢ maleévcis de estabelecer regras de convivéncia. O soft law & uma das atuais modalidades de manifestagao do fenémeno juridico que nao necessariamente incorporam as caracteristicas classicas do Direito. E, portanco, parte de um quadro em que se forcalecem nogées como autonomia da vontade ¢ arbitragem, todas tendo em comum maior flexibilidade e capacidade de oferecer solugées mais répidas para os problemas das relagées sociais. O conceito fui desenvolvido pela doutrina norte-americana, em oposicéo & nogéo de hard Jaw, que se tefere a0 Direito tradicional. No Brasil, Nasser define soft law como um conjunto de “regras cujo valor normative setia limitado, seja porque os instrumentos que as contém nao seriam juridicamente obrigatérios, seja porque as disposigdes em causa, ainda que figurando em ‘um instrumento constringente, nao criariam obrigagées de direito positivo ou nio criariam senso obrigaeées pouco constringentes".” O autor aponta ainda as seguintes modalidades de soft law:"* + notmas, juridicas ou ndo, de linguagem vaga ou de contetido variivel ou aberto ou, ainda, que tenham carster principioldgico ou genérico, impossibilivando a identificagao de regras claras ¢ especificas; 36, _Nesse sentido: SOARES, Guide Fernando Silva. Curso de direito internacional piblico, p. 136-140. Ver também 3 seguinte obra, especifica acerca do assunto: MASSER, Salem Hikmat. Fantes e normas do direito internacional: um estudo sobre a soft low. 37, NASSER, Salem Hikmat, Fontes e normas do direito internacional, p. 25. 38. Id, p.26. 75 PARTE | ~ DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO + normas que prevejam mecanismos de solusdo de controvérsias, como a conciliagio ea me- diacao; + atos concertados entre os Estados que néo adquiram a forma de tratados ¢ que nao sejam obrigatérios; + atos das organizacées internacionais que nao sejam obrigatérios; + instrumentos produzidos por entes nao-estatais que consagrem principios oricntadores do comportamento dos sujeitos de Direito Internacional ¢ que tendam a estabelecer novas normas juridicas. A formagio do soft law acorre por meio de negociagécs entre os sujeitos de Direito Interna- ional ou dentro de érgios téenicos das organizagées internacionais. A elaboragéo de suas regras caracteriza-se por ser mais répida, sem as dificuldades inerentes a esforcos de articulacéo prolonga- dos e perpassados por inimeras questées politicas. Além disso, os preceitas de soft law, em regra, incorporam melhor as peculiaridades técnicas references ds questées reguladas, o que nem sempre € possivel nos tratados, pelas dificuldades normais encontradas nas negociagdes intemnacionais, Em suma, o soff Jaw inclui preceitos que ainda néo se transformaram em normas juridicas ou cujo caréter vinculante é muito débil, ou seja, “com graus de normatividade menores que os tradicionais",® como afirma Soares. Com isso, & comum que as regras de soft law tenham cariter de meras recomendagdes. Na pritica, o soft aw normalmente nio se reveste das formas clissicas adoradas pelas normas internacionais, como os tratados, embora possa identificar-se com as resolugées ou recomendagbes nio-vinculantes de organizagées internacionais. Dentre outras modalidades de diplomas norma- tivos que podem ser considerados sof law se encontram os acordos de cavalheiros (gentlemen ‘s agreements), 08 acordos nao vinculantes (non-binding agreements), 05 comunicados e declaracées conjuntos, as atas de reunides internacionais, os cédigos de conduta, as declaragées e resolugdes nao-vinculantes de organismos internacionais ¢ as leis-modelo. Exemplos relevantes de documentos internacionais que podem ser considerados como de soft law sio a Declaracéo Universal dos Direitos Humanos, as declaragées de organismos internacio- nais referentes & satide publica (como a Declaracéo de Alma-Ata ea Dedlaracio de Cartagena), as recomendagées da Organizacao Internacional do Trabalho (OIT), a Lei Modelo sobre Arbitragem Internacional, a Carta Democrética Interamericana, as Regras de Brasilia sobre Acesso 4 Justica das Pessoas em condigio de Valnerabilidade e a Declarago Sociolaboral do Mercosul. (O sof law pode posteriormente ser incorporado a fontes tradicionais do Direito Internacional, como os tratados, ou gerar leis internas, como as recomendagées da Organizagio Internacional do Trabalho (OMT), que incluem propostas de normas referentes a temas de Direito do ‘Trabalho e que devem ser obrigaroriamente submetidas aos parlamentos nacionais no prazo de até um ano apés terem sido proferidas. Independentemente do carter de fonte do Direito Internacional de que se revista ou nao 0 soft law, & inegavel a influéncia dos diplomas que tém esse formato no atual quadro do Direito das Gentes ¢ da Ciéncia Juridica como um todo. 39, SOARES, Guido Fernando Silva, Curso de direito internacional piiico, p. 136. 76 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO: INTRODUCAO O soft law vem servindo, por exemplo, como modelo para a elaboragio de tratados e de leis inernas, como parfimetro interpretacivo, como pauta de politicas ptiblicas ¢ de ago da sociedade civil e como reforco da argumentacio para operadores do direito, Diplomas de saft law sio verda- deiras referencias em determinadas matérias, como a Declaracdo Universal dos Direitos Humanos, a Declaraco de Viena, a Declarac4o das Nagées Unidas para os Direitos dos Povos Indigenas, a Agenda 21 e a Declaracao de Alma-Ata, ¢ contam com inegével relevancia politica. Por fim, a prépria jurisprudéncia dos tribuncis brasileiros vem mencionando alguns desses documentos, como a Declaragao Universal dos Direitos Humanos*"e os Principios de Yogyakarta". Por fim, 0 safé law & também conhecido como soft norms, que em tradugao livre significa “normas suaves, leves". 15. QUADRO SINOTICO ADICIONAL Quadro 5. Fontes ¢ outros institutos correlatos relevantes para o Direito Internacional: tipos ¢ caracteristicas FONTE CARACTERISTICAS OBSERVACOES ADICIONAIS + Fruto de acordo + Forma escrita Tratado - + Celebrado por Estados e organiza- des internacionals + Pratica reiterada + Elementos do costume: > Generalidade da pratica + Elemento objetivo e material: in- Costume + Uniformidade da pratica verterata consuetudo +> Consciéncia da juridicidade da pré- | > Elemento subjetivo e psicoldgico: tica opinio juris > Decisdes reiteradas| + Pronunciamentos proferides por 6rgios internacionais de solugso Jurisprudéncia inter- | de controvérsias 5: ponnsausillan radians + Deliberagdes no mesmo sentido +> Casos semelhantes + Matéria de Direito Internacional + Estudos dos especialistas em Direi to Internacional Doutrina > Inclui doutrina de ramos do Direito | Fonte auxillar interno, no que se relacionem com © Direito Internacional 440. Arrespeito do emprego da Declarago Universal dos Direitos Humanos nos julgamentos do Pretério Excelso, ver (05 seguintes julgados do STF: ARE 639337 AgR/SP e ADC 29 / DF. H4, ainda, outros vinte e trésjulgados em que 2 Declaragio Universal dos Direitos Hurnanos é mencionada na suprema corte brasileira, 41, Arespeito do emprege dos principios de Yogyakarta nos julgamentos do Pretério Excelso, ver os seguintesjulgados do STF: RE 477554 Agi/MG, ADPF 132/RI e ADI 4277/0F. 7 PARTE I~ DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO FONTE CARACTERISTICAS OBSERVACOES ADICIONAIS Principios gerais do Direito e principios gerais do Direito Internacional > Normatividade > Maior grau de abstracdo e de gene- talidade > Teor axiolégico: incorporam os principais valores tutelados pelo Direito + Carater fundante da ordem juridica > Estabilidade + Presenca generalizada nos princi- pais sistemas juridicos do mundo (apenas prineipios gerals do Direito) + Aplicdvel na falta de norma para o caso concreto > Parte da doutrina entende que a gulamentadora ou diante de norma inadequada Analogia analogia é apenas elemento de in- indica de porn ue rei sie| ito d stoner sheren tuaglosemaharte > Emprego de consideracdes de justi- ccqaunegarcnenerste > Pode ser empregada apenas com a spurs pares Equidade > Aplicavel na caréncia de norma re- + Seu cardterde fonte no é unanime ra doutrina Atos unilaterais de + Formuiados unilateralmente, sem consulta a outros Estados + Afetam juridicamente a esfera de > Podem ser expresses ou tacitos organizacBes internacionais nacional + Podem ser impositivas ou faculta- tivas Estados interesses de outros sujeitos de Di- reito Internacional > Atos oriundos de organismos inter- DecisBes de . +b também conhecidas como atos (unilaterais) de organizagdes inter- nacional Jus cogens > imperatividade > Normas inderrogaveis por precei- tos particulares de Direito Interna- clonal + Derrogam normas contrarias dos tratados > Modificével apenas por norma da mesma natureza + Valor primordial para a convivéncia humana ‘> Ha controvérsia quanto 8 necess- dade ou nao do consentimento dos Estados aos quais se aplica Softlaw + Obrigatoriedade limitada ou inexis- tente > Elaboraciio répida e flexivel > Descumprimento nem sempre en- seja sangBes > Eventual transformagiio em norma tradiefonal 78

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