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RESUMO
INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é apresentar uma alternativa de atividade para fomentar o
desenvolvimento econômico e social do Município de São João da Barra, no Estado do Rio
de Janeiro, hoje extremamente dependente dos royalties do petróleo, pois grande parte da
arrecadação municipal, quase 70%, vem daquele repasse (poço de Roncador)
(PREFEITURA DE SÃO JOÃO DA BARRA, 2008).
1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
José de Ávila Aguiar Coimbra, na apresentação do livro Empreendedorismo Social
– a transição para a sociedade sustentável, diz: “Uma sociedade será sustentável só e
exclusivamente quando seu desenvolvimento for gerado nela e por ela assumido” (MELO
NETO, 2002).
O município de São João da Barra, por suas características econômicas, tem hoje a
oportunidade de promover seu próprio desenvolvimento, mas de modo planejado urbanística
e ambientalmente, construindo assim um modelo para o futuro, ao contrário de cidades,
principalmente na área petrolífera da bacia de Campos que cresceram a reboque da
indústria petrolífera, sem tempo para um adequado planejamento urbano, ameaçando, com
isso, a qualidade de vida das pessoas. Isso pode ser evitado nesse Município, enquanto
ainda não é alvo importante de agentes interessados na exploração de suas riquezas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO
Desenvolvimento econômico consiste de um processo de enriquecimento, que
inclui seus habitantes, ou seja, na acumulação de ativos individuais ou públicos, e também
de um crescimento da produção nacional e da remuneração recebida pelos que participam
da atividade econômica. Em história o desenvolvimento coincide com o aparecimento do
capitalismo e com o advento da Revolução Industrial. Nos sistemas pré-capitalistas não
havia acumulação, ou seja, não havia desenvolvimento. Outro aspecto importante é que o
desenvolvimento não é uma via de mão única – os países podem recuar ou avançar nesse
processo.
No mundo ocidental, duas correntes principais de pensamento dominaram o
cenário. Como alternativa à crise de 1929, o economista inglês John Maynard Keynes
formulou a hipótese de que o Estado deveria interferir ativamente na economia, seja
regulando o mercado de capitais, seja criando empregos e promovendo obras de infra-
estrutura e fabricando bens de capital.
Essa teoria foi muito popular até os anos 1970 quando - em parte devido à crise do
petróleo - o sistema monetário internacional entrou em crise. Tornou-se então evidente a
inviabilidade da conversibilidade do dólar em ouro, ruindo o padrão dólar-ouro, com inflação
e o endividamento dos Estados por um lado, e uma grande acumulação de excedente
monetário líquido nas mãos dos países exportadores de petróleo por outro. Em vista disso,
sobreveio uma mudança de enfoque na política econômica.
Surge então a escola neoliberal de pensamento econômico, baseada na firme
crença na Lei de Say, e cujos fundamentos já tinham sido esboçados em 1940 pelo
economista austríaco Friedrich August von Hayek. Para corrigir os problemas inerentes à
crise, os neoliberais pregavam a redução dos gastos públicos e a desregulamentação, de
modo a permitir que as empresas com recursos suficientes pudessem investir em
praticamente todos os setores de todos os mercados do planeta: tornar-se-iam empresas
multinacionais ou transnacionais.
2.2 SUSTENTABILIDADE
Os principais argumentos para o desenvolvimento sustentável baseiam-se nos
princípios moral, ambiental, ético e social.
A sustentabilidade existe para garantir uma melhor qualidade de vida para todos,
agora e para as futuras gerações, combinando interesses ecológicos e sociais e oferecendo
oportunidades de negócios para empresas que podem melhorar a vida das pessoas no
mundo (HOLLIDAY; PEPPER, 2001) e abrange vários níveis de organização, desde a
vizinhança local até o planeta inteiro.
Para um empreendimento humano ser sustentável, tem de ter em vista quatro
requisitos básicos. Esse empreendimento tem de ser:
• ecologicamente correto;
• economicamente viável;
• socialmente justo e
• culturalmente aceito.
3 CARACTERÍSTICAS REGIONAIS
São João da Barra foi um município próspero, do século XVIII até final do século
XIX. Possuía uma intensa atividade naval que iniciou em 1740 (LAMEGO, 1945; p. 155) e
portuária, a despeito das limitações e dificuldades em se lidar com a foz do rio Paraíba do
Sul, à época. Esse porto e estaleiro tinham como objetivo principal escoar a produção dos
municípios de Campos dos Goytacazes e, posteriormente, São Fidélis e Itaperuna,
basicamente de cana de açúcar e café. Com o advento do transporte ferroviário na região a
preços mais competitivos, essas atividades iniciaram um ciclo de decadência que dura até
hoje.
No final da década de 40, no governo de Eurico Gaspar Dutra, foi dado início à
implantação de espigões do pontal de Atafona até às proximidades da cidade de São João
da Barra, a cerca de 4 km, que teria a finalidade não só mercantil, como a de abrigar parte
da esquadra da Marinha de Guerra, dadas as condições propícias oferecidas pela “água
doce” do rio, menos nociva aos cascos das embarcações (SOS ATAFONA, 1999). Nessa
época também foi dado início à construção da Escola de Aprendiz de Marinheiros, em
Atafona, obra abandonada desde a década de 50.
Isso mostra que a região já foi alvo de intenções investidoras por parte do governo
federal, o que demonstra sua localização estratégica e a possibilidade portuária.
Localizado na margem direita da foz deltaica do rio Paraíba do Sul, o município de
São João da Barra está inteiramente situado sobre a restinga e sobre o aqüífero Barreiras
Recente, que fornece água pura e límpida para localidades como Barcelos, Grussaí, Açu e
Cajueiro. Possui bolsões de mata atlântica de transição para a vegetação de restinga. A
cidade fica na parte mais baixa da planície goitacá, a uma altitude de seis metros acima do
nível do mar.
Tem como coordenadas geográficas de latitude 21º 38’13” Sul e de longitude 41º
03’03” Oeste, e é acessado através da BR-356.
Sua área de 431,9 km2 está dividida em três distritos: Sede, Barcelos e Pipeiras e
limita-se ao norte com São Francisco do Itabapoana, a oeste e sul com Campos dos
Goytacazes e a leste com o Oceano Atlântico.
Em 2006 seu PIB foi de 915 milhões de reais (vide TABELA 1), representando
0,33% do PIB estadual que foi de 275 bilhões de reais, segundo o IBGE.
4 MÉTODO
Foi feita uma pesquisa bibliográfica envolvendo artigos, livros e sítios na Internet.
Aproveitando a experiência pessoal de um dos autores, freqüentador da região há
muitos anos, foram percorridos os pontos estratégicos possíveis para localização do
empreendimento, tendo sido sugerida uma área, mostrada na FIGURA 2 (círculo vermelho),
mas não necessáriamente limitada ao círculo, mas às margens do canal direito.
É importante ressaltar que não foi feita pesquisa adicional sobre as condições da
área mostrada, estando indefinida sua delimitação, e desconhecidas pelos autores outras
características, tais como propriedade, solo e destinação atual. O que se quis mostrar é que
o canal direito dá condições de navegabilidade para pequenas embarcações, devendo o
empreendimento, se concretizado, ser localizado às suas margens, em trecho a ser indicado
num possível projeto de viabilidade.
• moradores antigos;
• profissionais da pesca (com informações importantes sobre o regime das águas
do rio);
• políticos locais, inclusive a prefeita do município (sobre o interesse da
municipalidade no empreendimento);
• presidente, diretores e militantes de ONG
• conhecedores e defensores do meio ambiente daquela região.
Um levantamento batimétrico simples feito pelo Eng. Vicente Júdice (vide
agradecimento ao final) no canal direito da foz do Rio Paraíba do Sul a jusante de São João
da Barra até cerca de meia milha fora da barra, usando peso e corda, pôde revelar a
potencialidade do canal para o tráfego de embarcações.
5 RESULTADO
A foz do Rio Paraíba do Sul, em Atafona, dista cerca de 127 km em linha direta dos
poços de Roncador, Albacora, Marlim e Barracuda, ao passo que o posto de Roncador dista
cerca de 364 km da entrada da Baía de Guanabara, uma distância quase três vezes maior.
Uma análise nas cartas geográficas da região aponta para que um porto em São
João da Barra atenderia com vantagens a praticamente toda a bacia de Campos (poços de
Roncador, Albacora, Marlim, Garoupa, Namorado, Badejo, Barracuda, Pampo, Carapicu e
Carataí), exceto aos poços Maromba e Papa-Terra, que poderiam ser atendidos tanto por
Niterói quanto por São João da Barra, a se considerar apenas as distâncias. O novo porto
atenderia também aos novos poços de Pirambé e Caxaréu, na Bacia do Espírito Santo.
Fonte: http://www2.petrobras.com.br/Petrobras/portugues/plataforma/pla_bacia_campos.htm
Portanto, esse porto pode não ter, a princípio, um bom fluxo de mercadorias entre
as localidades terrestres próximas, em virtude do pouco desenvolvimento da região, mas
teria, por outro lado, o benefício da proximidade das rotas marítimas de suprimento, pois
está bem próximo da maior concentração de poços da bacia de Campos. Se for planejado
para possuir uma boa estrutura de serviços, tarifas e operação, será uma escolha
interessante para os armadores de frotas de suprimento em face do apoio logístico que o
empreendimento forneceria à atividade petrolífera (FNTAA, 2007).
Os investimentos previstos em portos fluminenses estão revolucionando o cenário
logístico estadual, notadamente os portos de Açu, Itaguaí e Barra do Furado. O Complexo
Portuário do Açu, localizado em São João da Barra, é um empreendimento privado de
quase R$ 5 bilhões, e será destinado prioritariamente ao escoamento de minério de ferro.
Este grande terminal logístico irá se constituir como um dos portos mais profundos do
Brasil, com perspectivas de se tornar a grande âncora econômica da região (Sistema
FIRJAN, n/d).
As características do ancoradouro sugerido neste trabalho são diferentes e até
complementares às do porto do Açu: pequenas dimensões; pequeno calado para
embarcações médias; destinado a atividades off-shore, abastecimento e pesca; baixo
investimento; possíveis atividades de manutenção de embarcações na sua retro-área.
Portanto, a construção do porto do Açu, com vocação e destinação própria, não invalida
a proposta deste trabalho.
Para confirmar a viabilidade técnica do empreendimento, faz-se necessário um
estudo detalhado, que atenda às necessidades de todos, sobre o canal do braço direito do
rio, tais como batimetria e movimentação do leito, bem como a necessidade de dragagens, a
fim de delinear a rota das embarcações da barra até o cais. Um levantamento batimétrico
prévio foi feito pelo Eng. Vicente Júdice, autor de um trabalho sobre a transgressão do
Pontal de Atafona pelo mar (SOS ATAFONA, 1999), encontrando uma profundidade média
de 6,5 metros em toda a sua extensão, até cerca de meia milha fora da barra.
6 CONCLUSÃO
Pela teoria do desenvolvimento local endógeno, as regiões devem se apropriar de
suas potencialidades humanas e naturais, a fim fazer com que o fluxo de riquezas convirja
para dentro, a partir de atividades não só extrativas, mas de transformação que agregue
valor aos produtos e serviços, e que possam aproveitar o espaço e localização geográfica,
favorecendo a logística dos empreendimentos.
O desenvolvimento depende de fatores que vão além do crescimento econômico
apenas, que é necessário, mas não suficiente. E mais que isso, o próprio crescimento
AGRADECIMENTO
Os autores agradecem ao Eng. Vicente Ponce Pasini Júdice, autor do trabalho
sobre a Transgressão do Pontal de Atafona na Foz do Rio Paraíba do Sul, o qual deu
origem ao documento aqui referenciado como SOS ATAFONA, e idealizador de um porto
fluvial em São João da Barra.
Referências:
FRANCO, Augusto de. Quatro Lições de Desenvolvimento Local. Carta Rede Social 151
(22/11/07). Disponível em: http://augustodefranco.locaweb.com.br/. Acesso em: 8 set 2009.
HOLLIDAY, Chad; PEPPER, John. Sustainability Through the Market: seven keys to success.
Geneva: World Business Council for Sustainable Development, 2001.
JACOBS, Jane. The nature of economies. New York: Vintage Books, 2000.
LAMEGO, Alberto Ribeiro. O Homem e o Brejo. Rio de Janeiro: IBGE, 1945. 204 p. (Biblioteca
Geográfica Brasileira. Publicação n. 1. Série A “Livros”. Setores da Evolução Fluminense I).
MELO NETO, Francisco de Paulo de; FRÓES, César. Empreendedorismo Social: a transição para
a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. 232 p.
PREFEITURA DE SÃO JOÃO DA BARRA. Dados Censitários. Características Locais. Disponível em:
<http://www.sjb.rj.gov.br/DadosCenso.asp>. Acesso em: 2 mar 2009, 17:15.
SÃO JOÃO DA BARRA (RJ). Projeto de Lei de 3 de outubro de 2006. Institui o novo Plano Diretor do
município de São João da Barra. Disponível em:
<http://www.planodiretorsjb.cefetcampos.br/apresentacoes/LEI_PLANO_DIRETOR_definitiva_03_10_
06.pdf>. Acesso em: 2 mar 2009, 16:59.
Sistema FIRJAN. Decisão Rio – Investimentos 2010-2012. Federação das Indústrias do Estado do
Rio de Janeiro.