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SOUZA, O. PINHEIRO.
MELO, B.
MANCIN, C.A.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................3
8 PROPAGAÇÃO ................................................................................................7
A figueira é uma das espécies frutíferas com grande expansão mundial, pois apesar de ser
considerada uma espécie de clima temperado, apresenta boa adaptação a uma grande quantidade de
climas e solos, desde regiões frias do Hemisfério Norte até regiões
quentes, como o Nordeste Brasileiro.
2 IMPORTÂNCIA E DISTRIBUIÇÃO
Depois de um período de declínio na ficicultura no Estado de São Paulo, está ocorrendo um novo
aumento e expansão da área cultivada, especialmente em São Paulo e Minas Gerais, além de outras
tradicionais regiões produtoras como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Atualmente o Brasil é o maior produtor da América do Sul. A fração mais expressiva do cultivo
está na região de Valinhos, SP, onde, em 1996, havia 400 mil plantas, distribuídas em 256 ha de
figueiras, sendo 70% deste total encontrados em Valinhos, 20% em Campinas e 10% em outros
municípios da circunvizinhança. A ficicultura na região de Valinhos está direcionada para a produção de
frutas para consumo "in natura", visando tanto o mercado interno quanto a exportação. Neste caso,
apenas frutas "de ponteiro" ou descartes são utilizadas para industrialização. O mercado para frutas
frescas é, em geral, bastante compensador, porém envolve risco pela alta perecibilidade das frutas. Nas
regiões de Gramado e Nova Petrópolis (RS) também são produzidos figos para consumo "in natura",
além de figos verdes para industrialização. Em Minas Gerais, a produção de figos é praticamente toda
voltada à produção de figos verdes, cujo destino é a industrialização, na forma de figo cristalizado. A
carência de frutas para a industrialização tem elevado os preços do produto, incentivando o surgimento
de programas de cultivo em Minas Gerais, além de iniciativas particulares.
Em Minas Gerais, há cerca de 216 ha com figueiras, incluindo-se aí plantas novas em formação
e adultas em produção. As principais regiões produtoras estão localizadas no Sul e Sudoeste do Estado.
Prevê-se, para 1997 uma produção em torno de 1200 t.
3 ASPECTOS ECONÔMICOS
De acordo com informações fornecidas pela CEASA-MG, a cotação máxima do figo (verde)
ocorre no mês de outubro e a mínima, no mês de abril (Figura1). Observa-se que, nos meses de agosto
a outubro não há figos no mercado. No primeiro semestre, há maior oferta do produto, porque abrange
o período de safra, ao qual corresponde preços mais baixos e homogêneos. O inverso ocorre durante o
segundo semestre.
Do figo fresco brasileiro, cerca de 10% é exportado, especialmente para a Europa, aonde as frutas
chegam na entressafra. Em média, o valor de uma caixa com 1,5 a 1,8 kg é de R$ 2,63 para exportação
e R$ 2,00 para o mercado interno. Devido à alta perecibilidade dos figos maduros, o transporte para
exportação se dá por via aérea.
4 VALOR NUTRITIVO
Na tabela 1, são apresentados os valores dos principais componentes nutricionais de figos em diversas
condições.
5 CARACTERÍSTICAS DA PLANTA
A figueira é uma das mais antigas espécies cultivadas. Há várias citações sobre a figueira na
Bíblia e em muitos países, a figueira é tida como símbolo de fertilidade e fecundidade.
A figueira é originária do Sul da Arábia, de onde foi difundida para a Europa e, posteriormente,
para a América. Outras fontes indicam ser a figueira oriunda da Ásia Menor, mais especialmente da
Cária. Sabe-se que a figueira foi inicialmente cultivada pelos árabes e judeus, em regiões semi-áridas,
no sudeste da Ásia. Os próprios árabes levaram a figueira para a Península Ibérica, onde foi difundida
para a África, América e Europa, junto com seus primeiros colonizadores.
Em 1532, Martim Afonso de Souza introduziu a figueira no Brasil. Em 1585, segundo Fernão
Cardim, São Paulo já produzia figos, entre outras culturas. Porém, foi com a imigração de europeus que
a cultura teve maior impulso no Brasil, principalmente por parte dos italianos que, chegando a São
Paulo, trouxeram a maior parte dos cultivares. Cita-se que a partir de 1920 é que realmente iniciou-se
cultivo comercial de figueiras no Brasil. Na década de 1970, a região de Valinhos apresentava cerca de 2
milhões de pés de figueira, 500 produtores e cerca de 1000 hectares. Na década de 1980, houve uma
queda diminuindo para cerca de 300 mil plantas, 110 produtores e 230 hectares. Este declínio foi devido
à grande ocorrência de doenças e a concorrência com outras espécies frutíferas, que hoje está sendo
revertido. Atualmente, está ocorrendo uma ampliação da região produtora de figos, tanto em São Paulo
quanto em Minas Gerais, especialmente na região Sul de Minas.
A figueira é uma árvore caducifólia bastante ramificada com até 10 metros de altura e
raramente ultrapassa 3 metros, devido ao sistema de sucessivas podas drásticas. Em geral, a vida útil
produtiva está em torno de 30 anos variando conforme o manejo dado à planta. O caule apresenta
ramos robustos e sem pelos, bastante frágeis e quebradiços. No caule e em outras partes da planta, há
células lactíferas, as quais produzem um látex rico em fissiona, uma enzima proteolítica que, em contato
com a pele, causa irritação, o que requer cuidado, especialmente quando das desbrotas e colheita dos
frutos.
Embora comercialmente os figos sejam conhecidos como frutos, na verdade, não são frutos
verdadeiros, mas sim, infrutescências constituídas de tecido parequimatoso. O fruto verdadeiro é o
aquênio, resultante do desenvolvimento do ovário, com embrião envolto pelo endosperma e tegumento.
Nas condições do Brasil, como não há fecundação, os aquênios são ocos.
a) caprifigo (Ficus carica silvestris) – Constitui a única classe de figos que apresenta,
quando maduros, estames fornecedores de pólen às demais variedades. São os únicos figos que
apresentam flor com estilo curto (brevistiladas), apropriadas a oviposição e ao desenvolvimento de
vespa polinizadora Blastophaga psenes. Há uma simbiose entre o caprifigo e a vespa, a qual não vive
por muito tempo a não ser no caprifigo. Por outro lado, a grande maioria dos caprifigos não chega a
amadurecer, se não houver o estímulo provocado pela presença de larvas da vespa em seu interior;
d) São Pedro (Ficus carica intermedia) – as figueiras do tipo São Pedro são intermediárias
entre as do tipo smyrna e comum. Os figos têm apenas flores femininas, com estilo longo, mas
enquanto as flores dos figos da primeira safra são partenocárpicas, as da segunda safra não se
desenvolvem até a maturidade sem o estímulo da fecundação.
Algumas variedades de figo necessitam de polinização para fixar suas frutas, enquanto que
outras podem produzir frutas partenocarpicamente. A caprificação é a fecundação das flores do figo pelo
pólen transportado pela vespa Blastophaga psenes. Em regiões onde a vespa polinizadora ocorre, a
caprificação se dá natural ou artificialmente. Apenas no segundo caso há interferência do homem, o qual
introduz, no pomar, frutas com a vespa por duas vezes a intervalos de 8 a 10 dias entre si. Em qualquer
um dos casos, a vespa completa seu ciclo no interior do caprifigo e emerge a intervalos realizando a
caprificação. Além disso, pode-se plantar caprifigos dentro do pomar ou fazer enxertia de gemas de
caprifigos nas figueiras de frutas comestíveis.
Embora existam cerca de 25 cultivares de figueira no Brasil, apenas uma é comercial. Esta
cultivar, denominada 'Roxo de Valinhos', foi introduzida no Brasil por um imigrante italiano que cultivou
a figueira em Valinhos. É uma cultivar rústica, vigorosa e produtiva, com boa adaptação a diversos
climas que ocorrem no Brasil, além de ser adaptada ao sistema de poda drástica. O fruto é alongado,
grande e periforme, com pedúnculo curto, coloração externa roxo-escura e na região interna da polpa,
rosa-violácea. As frutas podem ser destinadas tanto para o consumo "in natura" quanto para a
industrialização, na forma de doces em calda e cristalizados. Apesar de suas diversas vantagens,
apresenta a limitação de possuir um ostíolo muito aberto, com tendência e rachaduras, favorecendo a
ocorrência de doenças e pragas. Em outros países, a cultivar Roxo de Valinhos apresenta vários
sinônimos, tais como 'Nero', 'Corbo', 'Brown Turkey', 'Granata', e 'San Pairo'.
c) Nóbile, que parece ser a mesma variedade cultivada antigamente no Rio grande de Sul
com o nome de 'Branco', suporta podas drásticas, produz figos de tamanho médio, de polpa creme e de
sabor muito doce.
Apesar de somente serem cultivados figos do tipo Comum no Brasil, produtores da região de
Valinhos (SP) importaram da Turquia, em 1996, Duas mil estacas de figueira tipo smyrna, visando obter
plantas que através de cruzamentos, possam ampliar a base genética da cultura no Brasil e obter
cultivares com frutas de melhor qualidade e com tolerância a pragas e doenças, além de visarem o uso
desta espécie como produtora e como porta-enxerto. Como este tipo de figueira requer fecundação para
fixação do fruto, é provável que deva se buscar a indução de partenocarpia.
A figueira é pertencente à família Moraceae, a qual pertence outras espécies frutíferas, tais
como as amoreiras (Morus alba e Mofos nigra) e a jaqueira (Artocarpus heterophillus). Somente o
gênero Ficus, ao qual, pertence a figueira, possui mais de 600 espécies. A figueira pertence ao sub-
gênero Eusyce, caracterizado por apresentar flores unissexuais e ginoidiocismo.
6 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS
A figueira é uma espécie caducifólia e adapta-se melhor ao clima temperado, com invernos
suaves e úmidos e verões quentes e secos. No Sul e nos planaltos do Sudeste, onde se encontram as
maiores partes das áreas cultivadas com figueira, o clima é mesotérmico, com invernos suaves e verões
quentes ou relativamente suaves e úmidos. Apesar disso, a figueira comporta-se satisfatoriamente bem
nas regiões semi-úmidas, subúmidas e semi-áridas do Nordeste, se irrigada. Em vista disso, pode-se
afirmar que a figueira é uma frutífera que possui grande capacidade de adaptação a diferentes condições
climáticas.
É uma espécie com pouca exigência em frio para completar o repouso hibernal. Nas regiões de
clima seco, a estação seca ajuda induzir o repouso vegetativo, complementando o efeito do frio.
6.1 Temperatura
A exigência em frio hibernal para quebra de dormência das gemas varia de 100 a 300 horas de
frio (abaixo de 7,2oC). Apesar disso, há boa adaptação da figueira em regiões de clima quente, com a
vantagem adicional de poder-se produzir frutas durante o ano todo, visto que a irrigação e a poda
condicionam a frutificação. Nas regiões quentes, as safras são maiores e os figos, mais doces.
A figueira tolera temperaturas de até 35 a 42oC. Já foi verificado que temperaturas em torno de
40oC durante o período de amadurecimento das frutas provocam maturação antecipada, com alteração
na consistência da casca do fruto, que se torna coriácea e dura. Em regiões de clima mais frio, há risco
de danos por geadas tardias, pois temperaturas no final do inverno entre –3 a –6oC podem matar os
figos em formação e os ramos mais herbáceos. Como alternativas para contornar os efeitos da
ocorrência de geadas tardias recomenda-se que a poda seja feita mais tardiamente (mês de agosto, na
região do Rio Grande do Sul) deixando-se de quatro a cinco gemas, ou seja, três a quatro entre nós.
Caso seja necessário devido à morte das brotações terminais por ocorrência da geada durante a
primavera, pode-se podar novamente, retirando-se as partes danificadas pelo frio.
6.2 Umidade
A figueira é bastante sensível a falta de umidade no solo, principalmente no
período de frutificação, o que está relacionado ao seu sistema radicular superficial. A
cultura exige, no período vegetativo, chuvas freqüentes e bem distribuídas, sendo
adequadas precipitações em torno de 1200 mm anuais.
6.3 Ventos
6.4 Luz
7 EXIGÊNCIAS EDÁFICAS
A figueira adapta-se bem a diversos tipos de solos, porém de maneira geral, os solos mais
apropriados são os solos areno-argilosos, bem drenados e com bom teor de matéria orgânica. O pH ideal
para a cultura está em torno de 5,6 a 6,8.
8 PROPAGAÇÃO
A propagação da figueira pode ser realizada por via sexuada e assexuada. Entretanto, a
propagação sexuada, ou seja, através de sementes, é utilizada exclusivamente em trabalhos de
melhoramento genético A propagação assexuada é feita principalmente através de estaquia, embora
também possam ser utilizadas a mergulhia (mergulhia de cepa e alporquia), a enxertia e a propagação
através de rebentões ou de filhotes. Embora as brotações ou filhotes (rebentões) sejam um bom
material propagativo, seu uso é bastante restrito, principalmente se as mudas forem provenientes de
solos infestados de nematóides. A utilização de brotações oriundas do colo da planta, ou seja, rebentões,
é proibida por lei na produção comercial de mudas, devido ao risco de disseminação de nematóides.
A produção de mudas de figueira por estaquia é o principal método utilizado. As estacas podem
ser enraizadas em viveiros, diretamente no pomar ou em recipientes.
Neste caso, o terreno para viveiro deverá ser bem drenado, com boa disponibilidade de água para
irrigação, livre de plantas invasoras (especialmente tiririca e grama-seda) e, principalmente, isento de
nematóides. Após o preparo do terreno, deverão ser abertas as valas, com profundidade de 30 cm,
espaçadas entre si de 0,80 m. O plantio das estacas também pode ser feito em canteiros cobertos com
filme polietileno preto, reduzindo a ocorrência de invasoras, diminuindo a perda de umidade do solo e
aumentando a temperatura do substrato.
Em geral, o método mais utilizado é a propagação através de estacas lenhosas, pois permite o
uso do material descartado pela poda e enraizamento sem estruturas especiais de nebulização. O
preparo das estacas consiste em cortá-las em comprimento adequado, submetendo-as, quando
necessário, ao tratamento com fungicidas e com fitorreguladores. Com relação ao comprimento das
estacas, comumente tem sido recomendado o uso de estacas com aproximadamente 20 a 30 cm de
comprimento e com 1,5 a 3,0 cm de diâmetro, o que permite a formação de mudas vigorosas. Devido à
facilidade de enraizamento, em geral não são necessários fitorreguladores, porém o tratamento com AIB
(ácido indolbutírico) a 100-200 ppm durante 24 horas parece aumentar a uniformidade do enraizamento
e acelerar a emissão de raízes adventícias. O tratamento com fungicidas das estacas consiste em
submetê-las ao tratamento em feiosas, imergindo-as totalmente ou apenas 5,0 cm de suas bases em
solução à base de PCNB (Kobutol a 300g/100 l de água) ou outro produto como Captan e Benomyl. Este
tratamento é feito anteriormente ao plantio das estacas.
Caso as condições ambientais não sejam muito satisfatórias ao plantio das estacas no viveiro,
estas podem ser armazenadas. As estacas são mantidas em areia úmida, na posição vertical, deixando
apenas duas gemas acima do substrato. O período de conservação é variável, mas de modo geral, as
estacas podem ser conservadas por até 2-3 semanas, quando mantidas na posição vertical.
Estando preparadas as condições do viveiro para o plantio das estacas, utilizando-se de um chuço
de madeira graduado, fazem-se os orifícios para a introdução das estacas. Essas devem ser plantadas
em leito de enraizamento, espaçadas entre si de 10 a 20 cm, deixando duas gemas para fora. Com o
próprio chuço, deve-se comprimir fortemente a terra em torno das estacas, de modo que os espaços
porosos desapareçam e haja uma boa aderência do solo às estacas. Em seguida, procede-se a cobertura
das estacas, com capim seco sem sementes ou sombrite, de modo a conservar a umidade e proteger a
brotação, buscando desse modo, parcialmente, a aclimatação da nova planta.
Após o arranquio, faz-se a poda de um terço do seu sistema radicular e da haste principal no
comprimento de 40 a 50 cm. As mudas são reunidas em feixes, quando então o sistema radicular é
tratado, por imersão em solução com fungicidas à base de cobre e protegido com uma camada de barro
mole. Os feixes, para serem comercializados, serão envolvidos com camada vegetal, plástico ou saco de
aniagem. Nesse caso, as mudas são comercializadas em raiz nua e plantadas durante o repouso
hibernal, antes da brotação das gemas.
Embora resultados promissores tenham sido obtidos com estacas herbáceas e semilenhosas na
propagação da figueira, o seu uso não é recomendado na produção comercial de mudas. Entretanto,
esta técnica pode ser justificada em casos de pouca quantidade de material propagativo por planta
matriz ou caso se necessite modificar a época de produção de mudas.
Para a estaquia direta no campo, recomenda-se utilizar estacas com um ano de idade, com
comprimento de 30 a 40 cm e diâmetro entre 1,5 a 3,0 cm. Dá-se preferência a solos profundos, bem
drenados e com possibilidade de uso da irrigação. A profundidade de plantio é variável, sendo
recomendável que, pelo menos, dois terços da estaca fiquem enterrados no solo. O plantio da estaca na
cova é feito no sentido vertical, deixando-se apenas 1 a 2 gemas acima do nível do solo – sobre estas
gemas, é feita uma amontoa, cobrindo-a totalmente com o solo.
A desvantagem deste método é que, em regiões ou épocas muito quentes e/ou secas, podem
ocorrer muitas falhas no pegamento. Para compensar tais falhas, recomenda-se o uso de duas estacas
por cova. Um dos principais cuidados no plantio das estacas é garantir uma boa aderência do substrato à
estaca. Por isso, deve-se compactar bem o solo junto à estaca, pelo menos no seu terço basal, cobrindo-
se normalmente o restante da mesma. Após, recomenda-se a colocação de água, com regador sem
crivo, de tal forma que a água carreie o solo da superfície, depositando-se na base da estaca.
8.2.3 Mudas obtidas em recipientes
Ao contrário do que se verifica com a grande maioria das plantas frutíferas, na propagação da
figueira é dispensável a enxertia. Esta se justifica quando deseja atingir um ou mais dos seguintes
aspectos: adaptação a diferentes tipos de solo, resistência a pragas e doenças de solo, redução do porte
da planta e para melhorar a produção e a qualidade das frutas.
Embora a enxertia não seja utilizada no Brasil para a propagação da figueira, ressalta-se a
importância de trabalhos de pesquisa voltados à obtenção de porta-enxertos resistentes a nematóides,
considerados um dos grandes problemas fitossanitários da cultura. As espécies Ficus racemosa L.,
F.cocculifolia Baker e F. pumila são consideradas resistentes a nematóides e, por serem compatíveis com
F. carica L., podem ser utilizados como porta-enxertos. Para a enxertia, podem ser usados tanto a
garfagem quanto a borbulhia.
9 ESTUDOS PRÉVIOS
Como em qualquer outra cultura, ao implantar-se uma área com figueiras, deve-se fazer em
primeiro lugar um levantamento de informações sobre o mercado, preços, vias de acesso, distância ao
mercado consumidor, atacadistas, etc. Se o objetivo for a produção de fruta fresca, deve-se ter uma
grande agilidade e facilidade de colocar o produto no mercado preferencialmente no mesmo dia ou no
máximo 24 horas após a colheita, devido à grande perecibilidade dos figos maduros. Porém, quando o
objetivo for a produção de figos verdes, pode-se trabalhar com distâncias e prazos maiores, além de ser
possível a industrialização na propriedade. Também é importante verificar a experiência de outros
produtores na região, a adaptação da cultura no local e a possibilidade de colocar a fruta em períodos de
menor oferta e maior preço.
Uma vez feito este levantamento, deve-se partir para a escolha da área onde o pomar será
implantado. Preferencialmente, deve-se optar por áreas que:
d) possuam textura areno-argilosa. Os solos arenosos devem ser evitados devido à rápida
infestação de nematóides. Solos muito argilosos não proporcionam boas condições para o
desenvolvimento da planta;
Deve-se evitar escolher terrenos muito íngremes, pois isto aumenta muito o custo de produção e
de implantação, implicando na necessidade de práticas que evitam a erosão como curvas de nível,
cordões de controle, terraços, plantio em curva de nível. Para as áreas de pouco desnível até 5%, deve-
se fazer o plantio do pomar em curvas de nível, no sentido contrário à direção das águas.
No Brasil, praticamente toda a ficicultura está baseada em apenas uma cultivar de figo comum,
denominada 'Roxo de Valinhos'. Esta cultivar apresenta boa performance nas condições brasileiras de
clima e solo, embora haja riscos por toda uma cultura estar calcada sobre apenas uma cultivar.
As estacas ou mudas devem ser obtidas dos produtores ou viveiristas idôneos. A muda pode ser
de três tipos: estaca não-enraizada, estaca enraizada com raiz nua e estaca enraizada em torrão. O
método de preparo do solo, entretanto, para qualquer tipo de muda, é o mesmo.
Quanto ao espaçamento, tem sido observado que o melhor espaçamento para o cultivo da
figueira é de 2,5-3,0 x 1,5-2,0 m, especialmente se a produção for destinada para mesa. Para produção
de figo verde, o espaçamento pode ser reduzido para 2,0-2,5 x 1,0-1,5 m. O espaçamento varia em
função da topografia, tratos culturais e fertilidade do solo. Recomenda-se que as linhas de plantio não
ultrapassem 60 m e os carreadores estejam localizados no mínimo a cada 20 linhas.
Antes do plantio é necessário fazer a análise do solo completa nas camadas de 0-20 e 20-40 cm
de profundidade, também é útil fazer-se a análise da água, especialmente se for utilizada a irrigação. O
terreno destinado à plantação do pomar deve estar bem limpo, sendo conveniente submetê-lo a uma
aração profunda e uma ou mais gradagem, colocando metade do calcário indicado pela análise antes da
aração e a outra metade antes da gradagem, podendo ser esparramado manualmente ou usando
implementos. A quantidade a ser aplicada pode ser indicada pelo método de saturação de base ou pelo
método do Al, Ca e Mg trocáveis ou SMP. Estas operações devem ser feitas 03 (três) meses antes do
plantio.
A abertura das covas pode ser feita manualmente ou com o uso de sulcador acoplado ao trator.
Faz-se covas com cerca de 40 x 40 x 40 cm e, se possível, faz-se a separação entre solo superficial e o
solo das camadas mais profundas. Por ocasião do plantio, a camada superficial, isto é, a proveniente das
primeiras camadas até a profundidade de 30cm, depois de bem misturada com os adubos, é usada para
preenchimento das covas, completando-se com terra raspada superficialmente ao redor. O solo sub-
superficial é utilizado para a construção de um cordão ou banqueta, do lado de baixo da muda, cortando
as águas. Esta operação deve ser feita, no mínimo, um mês antes do plantio.
• 30g de K2O;
10.1 Plantio
O plantio deve ser feito se possível imediatamente
depois de arrancadas as mudas, estas devem ser reunidas
em feixes e protegidas com um saco de estopa úmido e
mantido em local sombrio e fresco até o momento do
plantio. A época ideal de plantio das mudas é junho à
agosto e de preferência deve ser feito em dias chuvosos ou
encobertos.
11 MANEJO DA CULTURA
As adubações de cobertura
deverão ter início quando mais de 60%
das plantas estiverem com 3 ou mais
pares de folhas. Deve-se fazer esta
aplicação quando o solo estiver úmido,
distribuindo-se bem os fertilizantes e
manter um intervalo entre aplicações
entre pelo menos 30 dias. Em geral,
faz-se quatro adubações de cobertura:
a) primeira, com 6-10 g N/planta; b)
segunda, com 6-10 g N/planta; c)
terceira, com 10-15 g N/planta e 10-15
g K2O/planta e d) quarta, com 15 g
N/planta e 15 g K2O/planta. Na tabela
2, constam as épocas e quantidades
das adubações de plantio e pós-plantio
recomendadas para a ficicultura no sudoeste de Minas Gerais.
Anualmente, a figueira perde as folhas, as frutas e os ramos com as podas drásticas, o que
requer a reposição dos nutrientes perdidos. Há necessidade de uma ótima adubação anual para o bom
desenvolvimento das plantas, quando se visa uma boa produção de frutas de boa qualidade. Logo após
a poda, faz-se a adubação de manutenção.
É recomendável, ainda, fazer adubações em toda a área de projeção da copa da planta. A cada
3 anos, recomenda-se fazer adubação orgânica.
Caso seja identificada a necessidade de calagem, o calcário deverá ser aplicado por toda a área
de cultivo ou nas linhas de plantas (1 metro para cada lado), durante o período de dormência, em
quantidades determinadas pela análise de solo. Além de corrigir a
acidez do solo, o corretivo constitui-se em importante fonte de cálcio e
magnésio.
A análise foliar não substitui a análise do solo, mas ambos se complementam. A folha é o órgão
que melhor indica se a cultura está bem ou mal nutrida e a análise foliar serve para ajustar o programa
de adubação ou as doses de adubo. A análise foliar serve para ajustar os programas de adubação
porque, ao fazê-la, observa se o teor de um elemento está abaixo do nível crítico, que com o
parcelamento das adubações a sua deficiência poderá ser corrigida, durante a própria safra ou na safra
seguinte.
Quanto à amostragem, não foram encontradas informações para a figueira. De maneira geral
recomenda-se a coleta de folhas recém-maduras. Na planta, retira-se uma folha de cada ponto cardeal e
forma-se uma amostra composta de cerca de 60 folhas, de um talhão homogêneo. Obtidos os
resultados, deve-se compará-los com um padrão, a fim de identificar se existe nutrientes cujos terores
estejam abaixo do nível crítico, o que conseqüentemente estará limitando a produção. Os teores foliares
de nutrientes em figueiras bem nutridas, mantidas em solução nutritiva, são os seguintes (Haag et al.,
1979):
• N: 3,39%
• P: 0,17% - 0,21%
• K: 2,68% - 2,83%
• S: 0,21%
• B: 162ppm – 219ppm
Estes dados podem servir como padrão, na interpretação do estado nutricional da planta.
A poda engloba todos os tipos de intervenções que são efetuados na planta, com o propósito de
condicioná-la para umas produtividades rápidas, elevadas e mais constantes ao longo dos anos.
A poda pode ser executada durante o inverno (poda hibernal ou em seco) e durante o período
de crescimento vegetativo (poda em verde). A poda hibernal é mais comumente utilizada na cultura da
figueira, sendo realizada no final do inverno, próximo à época da brotação. Como a figueira produz em
ramos do ano, ou seja, a produção ocorre nos ramos novos, emitidos no mesmo ciclo em que produzem,
a principal particularidade da poda desta espécie é a realização de poda drástica, na qual são eliminados
praticamente todos os ramos emitidos no ciclo anterior.
No sistema convencional de poda, nos primeiros 3 anos após o plantio, busca-se formar a
estrutura adequada para inserção dos ramos produtivos. A esta técnica, denomina-se "poda de
formação". Porém, mesmo durante este período inicial, a figueira já
produz, de modo que torna-se difícil distinguir-se entre poda de formação
e frutificação.
Esquema 2
Esquema 1
Após a formação, anualmente deve ser realizada a poda de frutificação, quando as plantas estiverem
em repouso. Esta operação consiste na retirada dos ramos que já frutificaram. Os ramos são podados
drasticamente, deixando-se apenas 5 a 10 cm de forma que possuam duas gemas bem localizadas.
Posteriormente, após a brotação, são escolhidos 1 a 2 brotos em boa posição por galho podado, de
modo que os ramos cresçam verticalmente, formando um círculo à volta do tronco. Os demais brotos
que aparecem são totalmente eliminados. A maioria das espécies de figueira tolera bem a poda drástica,
a qual também tem benefícios no controle da broca-da-figueira (Azochis gripusalis) (Esquema 2).
Com o objetivo de acelerar ou retardar a época da colheita, a poda pode ser feita de maio a
novembro, respectivamente, conforme as condições climáticas e o desenvolvimento da planta. A planta
podada nestes períodos poderá ter sua atividade afetada, porém há vantagens econômicas. Dependendo
das condições climáticas e tratos, a colheita tem início cerca de 4 a 5 meses após a poda de frutificação.
Uma variante do sistema de poda de frutificação é o sistema com desponte. Esta prática vem
sendo utilizada comumente por produtores de Minas Gerais. Embora faltem algumas informações sobre
o efeito destes despontes sobre as qualidade dos frutos e o crescimento da planta, os resultados têm
sido promissores. O sistema de desponte consiste em deixar-se 3 ramos básicos após a poda hibernal,
sendo emitidos de cada um deles duas brotações, as quais são
despontadas quando atingirem oito pares de folhas (Esquema
6.3.3.). Este desponte estimula a brotação das gemas apicais do
ramo despontado, de modo que são emitidos, após desbrotas,
outros dois ramos. Estes ramos são despontados quando
atingiram 3 pares de folhas. Esta última operação é repetida até
meados de abril, num total de 4 a 6 despontes por ciclo. Estes
despontes têm como principal efeito a emissão de novo ramos
produtivos, escalonando e ampliando o período de safra e a
produtividade. Por ser um tecido herbáceo, os despontes são feitos manualmente. O desponte dos
ramos também é feito em pomares para figo de mesa, geralmente em janeiro e consiste na retirada dos
ponteiros dos ramos. Na rebrota, são deixados três brotos que irão produzir figos verdes. Cada planta,
devido ao desponte, pode produzir de 1,5 a 2,5 Kg de figos verdes para a indústria, denominados "figos
de ponteiro".
11.4 Irrigação
A figueira é uma planta perene, que necessita de 1.200 mm de água bem distribuídos ao longo
do ano. Quando se deseja implantar a cultura em áreas onde não se dispõe desta condição climática,
pode-se utilizar a irrigação, sendo que os métodos recomendados são o gotejamento e a microaspersão.
Ambos são sistemas de irrigação localizada e apresentam como principais vantagens:
12 PRAGAS E DOENÇAS
A figueira está sujeita ao ataque de diversas pragas e doenças, as quais se não forem
convenientemente combatidas, tornam a cultura antieconômica. Sucessivas gerações de propagação
vegetativa provocam degenerações, deixando as plantas mais sensíveis a doenças.
Para reduzir os gastos adicionais com defensivos, deve-se agir preventivamente, dando à planta
as melhores condições para uma maior resistência a pragas e doenças. Isto pode ser obtido através de
algumas medidas tais como:
h) manter o pomar limpo, retirando-se galhos secos e doentes através de podas de inverno,
verão e frutificação. No caso da figueira, é indispensável a poda drástica como controle de pragas e
doenças.
12.1 Pragas
A mariposa põe os ovos sobre os ramos ou na base do pecíolo das folhas. As larvas atingem 25
mm de comprimento, têm coloração rosada e cabeça marrom. Inicialmente, as larvas se alimentam da
casca tenra dos ramos onde se deu a eclosão. À medida que se desenvolvem, atinge a parte lenhosa dos
ramos, restringindo-se seu ataque à medula. No local de penetração da broca, notam-se excrementos
ligados por uma teia de natureza sedosa, que vai obstruir a entrada da galeria, protegendo a broca. No
que se refere aos danos, como a broca tem o hábito de penetrar nos ramos, à medida que vai se
aprofundando, as folhas vão murchando e os frutos atrofiam-se e secam, podendo comprometer a
produção.
Os métodos culturais consistem em: a) fazer podas rigorosas dos ramos e queimá-los; b)
esmagar as lagartas nas galerias usando arame e c) manter a cultura em terreno limpo.
12.1.2 Coleobrocas
Estas brocas são larvas de coleópteros que abrem galerias nos ramos e troncos da figueira.
Causam a murcha e a seca dos ramos, folhas e frutos localizados acima da região do ataque. Os troncos
atacados podem apresentar feridas e galerias, mas em todos os casos acabam secando e levando a
planta ao definhamento e morte. As principais espécies que se constituem pragas da figueira são:
• Colobogaster cyanitaris
• Marshallius bonelli
• Trachyderes thoracicus
• Teaniotes scalaris
Para o controle das coleobrocas, devem-se destruir as larvas com canivete ou esmagando-as
introduzindo-se um arame nas galerias. Como medida preventiva, recomenda-se mistura de um
inseticida fosforado (por exemplo, Gusathion 400, na concentração de 150 ml/100 litros de água),
pulverizando o tronco da figueira ou pode ser feito, ainda, o pincelamento do tronco após a poda com
uma das misturas: inseticidas fosforado (Díptero-50, 1,0 Kg + fungicida cúprico (1 Kg + 10 litros de
água) ou (10 Kg de cal + 2 Kg de enxofre + 1 Kg de sal + 100 litros de água). Pode-se, ainda, aplicar
fosfina ou pasta para as larvas que fazem galerias profundas. O pincelamento dos ramos com calda a
10% de Carbofuran-350F sobre a casca no local de ataque também conferem bom resultado).
12.1.3 Cochonilhas
As cochonilhas são bastante prejudiciais às plantas, pois vivem na superfície de diversos órgãos
vegetais aéreos, onde se fixam e sugam a seiva dos tecidos, enfraquecendo a planta. As principais
cochonilhas que causam danos à cultura da figueira são:
• Morganella longispina
• Asterolecanium pustulans
O controle das cochonilhas deve ser feito no período de entressafra, após a poda dos ramos, dada
a dificuldade de se fazer o controle durante a brotação e a frutificação. Como muitas cochonilhas se
reproduzem de setembro a novembro, deve-se efetuar a aplicação após o início da brotação. Devem ser
feitas duas a quatro pulverizações com óleos emulsionáveis, juntamente com fosforados a cada 20 dias
(por exemplo, Éxciton-50CE ou Feniton-50CE (150 mt litros de água)).
São pequenos ácaros vermiformes que se desenvolvem nas gemas sobre as folhas mais novas e
entre as sépalas das flores. É vetor de uma virose denominada "mosaico da figueira". Os sintomas
resultantes diretamente da alimentação dos ácaros são a distorção foliar, com leves clorosos de
bronzeamento. A ocorrência é em rebolirás e as plantas apresentam internódios curtos.
O controle consiste na pulverização com enxofre (por exemplo, Sulto-800 PM, 500g/100 litros
de água), usando-se 500 litros de calda/ha.
12.2 Doenças
É uma doença difundida por todas as áreas em que se cultiva a figueira e é considerada a doença
de maior importância da cultura. É uma ameaça séria e constante e, quando não controlada, pode
ocasionar prejuízo de 50% ou mais na produção.
O fungo sobrevive durante o período de repouso vegetativo da figueira nas folhas afetadas que
permanecem no chão. O período de repouso vegetativo da figueira é relativamente curto (maio a
agosto), havendo a possibilidade de se ter folhas doentes na planta até a época da poda, julho a agosto,
quando o inverno não é muito frio nem seco. As condições ambientais favoráveis à infecção são a
umidade e temperatura elevadas.
Esta doença também é conhecida como podridão do fruto, pois pode causar a formação de
manchas necróticas e o apodrecimento dos frutos em estágio adiantado de maturação, inutilizando-os
ou reduzindo seu valor comercial.
Nas culturas onde é feito um bom controle da ferrugem, esta doença não constitui problema.
Após a colheita, deve-se fazer a imediata destruição, pelo fogo, de todas as partes vegetativas atacadas
pelo fungo. Além disso, podem-se fazer pulverizações com fungicidas à base de Maneb a 0,2%, a cada
12 a 15 dias, reduzindo o intervalo das aplicações em caso se chuvas e altas infestações.
Há cerca de uma década, vem sendo notada a ocorrência, principalmente na região de Valinhos
(SP), de definhamento e seca da figueira, provocando queda na produtividade e na redução da área
cultivada. Os sintomas são semelhantes aos observados em mangueiras atacadas pela doença de
mesmo nome. Provavelmente, a doença tem como agente casual o fungo Ceratocystes frimbriata, o qual
é transmitido pelo besouro (broca) Phloetribus picipennis Eggers. Os danos ocasionados pela doença são
economicamente importantes, pois as plantas atacadas geralmente morrem e o plantio de novas mudas
na mesma área torna-se inviável.
Para o controle, deve-se evitar a ocorrência de ferimentos nos troncos, para evitar a formação
de portas de entrada para o fungo. Faz-se também a eliminação de plantas mortas ou em vias de
secamento, queimando-as em local distante da cultura. No início do aparecimento do sintoma, faz-se
poda e queima dos ramos atacados, tratando as áreas feridas com pasta cúprica.
O controle preventivo da broca é feito pulverizando o tronco e ramos com calda bordalesa,
adicionada de inseticidas fosforados e espalhante adesivos após a poda drástica. Um exemplo de pasta a
ser usada é o seguinte inseticida (Carbaryl 85%, 140g/100 litros de água) 1 kg de fungicida a base de
cobre + 10 litros de água.
Como medidas de controle, recomenda-se eliminar todas as plantas doentes e adjacentes, colocar
cal virgem (0,5 kg/m2 de cova), e não fazer plantio no local durante um ano. Além disso, deve-se
queimar todo o material descartado pela poda, tratar com calda sulfocálcia no inverno, desinfestar
ferramentas, aplicar inseticida junto com o fungicida (para matar o besouro), não utilizar estacas
provenientes de regiões onde ocorre à doença, desinfestar as estacas, evitando o contato com o solo
antes do plantio e não utilizar mudas de rebentos.
As podridões de figos maduros são causadas por dois fungos: Phytophthora sp e Rhizopus sp.
Podem ser responsáveis por perdas de frutas no campo e no período pós-colheita, principalmente nos
períodos muito chuvosos e quentes. As frutas destinadas para a mesa no período de maturação
constituem ótimo meio para o desenvolvimento de diversos microorganismos que ocasionam podridões
diversas, principalmente bolores e bactérias.
Para evitar o ataque destes fungos, deve-se evitar ferir as frutas, em locais de ocorrência de
chuvas e altas temperaturas. Na colheita pode-se optar por colher figos verdes para a indústria ou usar
cultivares que apresentem o ostíolo mais fechado. A execução sistemática das medidas fotossanitárias
durante todo o ciclo da cultura diminui a ocorrência desta doença. Quando colhe-se frutos para a mesa,
deve-se fazer a colheita o mais rápido possível, colhendo os frutos em estado "de vez".
A eliminação dos frutos estragados na planta ou caídos no chão é útil para a redução do
potencial de inóculo. A colheita deve ser feita diariamente usando-se cestas apropriadas. Se necessário
pode-se fazer o armazenamento sob temperatura de 7oC e eliminação de todos os frutos que durante
este período, apresentarem-se com sintomas de ataque. No caso de se fazer colheita em dias chuvosos,
deve-se usar ventiladores para secagem rápida dos frutos.
12.2.5 Nematóides
A figueira é parasitada por dois gêneros de nematóides que são: Meloidogyne incognita,
denominado nematóides das galhas e o Heterodera fici, denominado nemetóide dos cistos. Este último
não causa formação de galhas. Atualmente, os nematóides são considerados o maior problema
fitossanitário da ficicultura, especialmente nas regiões tradicionais produtoras de figos.
Os nematóides causam a formação a de galhas que obstruem o fluxo normal da seiva dos
assimilados, fazendo com que diminua a taxa fotossintética e criando uma porta de entrada para outros
microorganismos como fungos, vírus e bactérias. As raízes atacadas apodrecem e morrem, ao passo que
a planta tenta reagir emitindo novas raízes para substituir as destruídas. Quando o ataque é intenso, a
figueira é enfraquecida visivelmente e pode chegar a morrer, dependendo da intensidade do ataque.
Além das galhas, têm-se outros sintomas como: deslocamento do córtex radicular, paralisação do
crescimento da ponta da raiz, rachaduras, deformação das raízes e sintomas de deficiência nutricional
na planta.
c) usar grande quantidade de matéria orgânica, incorporada e em cobertura, pois isto aumenta a
quantidade de fungos endo e ectoparasitas, favorecendo o controle biológico;
d) áreas infestadas devem ser isoladas do resto do figueiral por meio de valetas profundas.
Devem-se arrancar as figueiras infestadas com o máximo do seu sistema radicular queimar estas no
local;
e) fazer arações pesadas para expor os nematóides à superfície, deixar o terreno sempre limpo e
fazer rotações de cultura com Crotalaria spectabilis ou cravo de defunto (Tagetes sp.);
g) no caso de se utilizar controle químico, fazer duas aplicações no início do período chuvoso. Por
exemplo, pode-se usar Temik, Furadan, Nemacur, Mocap ou Fenix. Estes produtos apresentam custo
muito elevado de aplicação e, em culturas perenes instaladas no campo, apenas reduz a população a um
nível não-prujudicial. Estes produtos, juntamente com o brometo de metila são bastante utilizados em
canteiros para a produção de mudas sadias;
h) para se prolongar a vida da planta e aumentar a produção, deve-se fazer adubações mais
pesadas, podas, pulverizações e cobrir o solo com uma cobertura morta, bem como plantar Crotalaria
spectabilis entre as ruas e, se possível, utilizar o máximo de composto orgânico possível curtido.
No quadro abaixo apresenta-se um calendário com as principais doenças da cultura e as medidas a
serem tomadas
13 COLHEITA E PÓS-COLHEITA
A época de colheita na região de Valinhos (SP) se estende desde novembro até maio. O período
de colheita pode ser estendido de outubro a agosto, dependendo da época da poda. Na maior parte das
regiões produtoras, o período da safra está ao redor de novembro a abril.
A colheita deve ser feita diariamente, procedendo-se manualmente, e sendo realizada logo pela
manhã, nas horas mais frescas do dia para evitar o seu rápido dessecamento. Os figos maduros são
delicados e altamente perecíveis.
Por serem muito sensíveis, os figos devem ser arrancados com cuidado da planta, com todo o
pedúnculo, e depositados com delicadeza nos cestos de coleta. Estes cestos devem ser forrados com
palha, algodão ou espuma fina, de modo a não permitir o esmagamento dos figos pelo atrito.
Os figos destinados para a mesa, devem ser colhidos "de vez", para poderem chegar ao
mercado sem deteriorarem. Este ponto é reconhecido quando o figo começa a perder sua consistência
dura, ganhando sua película a cor arroxeada para as variedades roxas e a coloração verde-amarelada
para as variedades brancas. O termo "de vez" significa o estádio em quem o fruto atinge do ponto de
maturação comercial.
O látex ou "leite da figueira", liberado do pedúnculo do
figo recém-colhido é bastante irritante para a pele humana, de
modo que os trabalhadores, para fazerem a colheita, devem
utilizar camisas de manga comprida e luvas de plástico ou
algodão. Outra medida preventiva interessante é untar as mãos
com substâncias oleosas ou lavá-las constantemente com
vinagre, que é o melhor solvente para o "leite".
A qualidade inicial dos figos é fundamental para a sua vida em pós-colheita, razão pela qual é
recomendado o pré-resfriamento. A deterioração dos figos será mais ou menos rápida, dependendo da
temperatura à qual as frutas foram expostas. Através da refrigeração, é possível controlar o crescimento
de microorganismos, reduzir a taxa respiratória e retardar a atividade metabólica.
a) "Growth Crakers" e "Splitting" – são rachaduras que ocorrem no figo na região do ostíolo.
Posteriormente, a fruta pode se partir, devido ao excesso de turgidez, como resultado de chuvas ou frio;
O controle químico das podridões em figos também é usado. A podridão interna, podridão-
marrom ou podridão-mole de figos pode ser controlada mergulhando-se as frutas em solução de
Benomyl 5%, logo após a colheita.
Esquema 4
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, L.E.C.; ABRAHÃO, E.; SILVA, V.J. da. Caracterização da cultura da figueira
no Estado de Minas Gerais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 18, n.188, p.43-44,
1997.
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p. 56-66, 1985.
1988.205p.
Tabela de composição química dos alimentos. 8 ed. São Paulo: Atheneu, 1992.230p.
GUR, A. Plum. In: MONSELISE, S.P. (Ed.) CRC Handbook of fruit set and development.
HAAG. H.P; OLIVEIRA, G.D. de; ROCHA, FILHO; J.V. de C.; SILVA, D.M. Distúrbios
nutricionais em figueira ( Ficus carica L.) cultivada em solução nutritiva O solo, Piracicaba,
v.71,n1,p.312-34,1979.
HOFFMANN, A.; CHALFUN, N.N.J.; ANTUNES, LEC.; RAMOS, J.D.; PASQUAL, M.;
319p.
PASQUAL, M.; RAMOS, J.D.; HOFFMANN, A.; ANTUNES, L.E.C.; CHALFUN, N.N.J. Introdução, situação
e perspectivas. Lavras: UFLA/FAEPE, 1996. 125p. ( Curso de Especialização "Lato Sensu" em
fruticultura Comercial, Módulo 1).
PENTEADO, S.P. Fruticultura de temperado em São Paulo. Campinas: Fundação Cargill, 1986.
173p.