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KÁTIA SCATOLIN
NATÁLIA GRACIANO DA SILVA
TIAGO BARBOSA
VANESSA MONTEIRO
SINALIZAÇÃO TURÍSTICA
INTERPRETATIVA E INDICATIVA
UM ESTUDO DE CASO DO CENTRO VELHO DA CIDADE
DE SÃO PAULO
SINALIZAÇÃO TURÍSTICA
INTERPRETATIVA E INDICATIVA
UM ESTUDO DE CASO DO CENTRO VELHO DA CIDADE
DE SÃO PAULO
Agradeço a minha mãe Maria Terezinha, minha irmã Ana Paula e minha sobrinha
Ingrid Tayná, por todos esses anos de incentivo e apoio e também as minhas amigas Kátia,
Natália e Vanessa.
Tiago Barbosa
Agradeço aos meus pais, Enio e Margarete, aos meus irmãos, Mariana e Leandro, a
meu sobrinho Leonardo, pelos momentos de descontração. Ao meu namorado Ailton, pela
cooperação e aos meus amigos Kátia, Natália e Tiago pelos sorrisos e compreensão. Amo
vocês!
Vanessa Monteiro
Freeman Tilden
RESUMO
O turismo é um grande gerador de divisas para todo o país, inclusive para a cidade de
São Paulo, isso pode ser comprovado por meio de diversos dados fornecidos por órgãos
gestores e associações. Analisando esse fato, resolveu-se abordar a região central da cidade,
ou mais especificamente o espaço conhecido como Centro Velho, delimitado pelos conventos
do Carmo, São Francisco e São Bento. A presente pesquisa trata a sinalização turística
interpretativa e indicativa para pedestres no Centro Velho da cidade de São Paulo, a fim de
analisar a sua relevância para esta localidade turística e a importância da cidade de São Paulo,
de seu centro e desta região especial denominada Centro Velho. Por meio de observações,
aplicação de questionários e entrevistas foi verificada também em que condição se encontra a
sinalização existente e a infra-estrutura turística, assim como a opinião dos turistas. Nas
considerações finais são sugeridas medidas que podem colaborar com a melhora da infra-
estrutura turística e também com o processo de revitalização dessa importante região da
cidade de São Paulo.
ABSTRACT
Tourism activity is now one of the greatest source of commercial intest for the whole
country, including the city of São Paulo, it can be assured by several information, from
managing organization and social associations. Through analysis, the Center of São Paulo city
was taken and mainly the well known Old Center of town, bounded by the Carmo, São
Francisco e São Bento monasteries. The present survey deals with the directive, informative
and guiding touristic signs to pedestrians in São Paulo Old Center, so that the importance of
touristic localization can be analyzed along with the São Paulo city, its center and the special
region named Old Center. Through observations, the use of questionnaires and personal
interviews was also confirmed the real condition of signs and the touristic infrastructure as
well as the tourist point of view. Finally procedures and behaviors are suggested to fit with the
infrastructure improvement as well as revitalization of the metropolitan area of São Paulo
city.
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
São Paulo.......................................................................................................................60
CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................95
ANEXOS..........................................................................................................................100
8
INTRODUÇÃO
Existe uma relação intrínseca entre turismo e comunicação, porém antes de discutí-la é
necessário definir estes dois termos e conceituá-los. Segundo Montejano (2001, p.1),
compreende-se por turismo a teoria e a prática de todas as atividades relacionadas com a
atração, prestação de serviços e satisfação das necessidades do turista.
Já a OMT (2001, p.3) define turismo como as atividades que as pessoas realizam
durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período
consecutivo inferior a um ano, por lazer, negócios ou outros.
De acordo com Lage e Milone (2000, p.25) há uma relação entre consumidores e
produtores que objetivam, respectivamente, maximizar suas satisfações e seus lucros. No
grande mercado de bens e serviços disponíveis destacam-se, também, os produtos turísticos,
produzidos para satisfazer as necessidades das atividades de lazer e viagens. Isso inclui o
transporte, hospedagem, agenciamento, alimentação, entre outras formas de produtos que
visem atender as necessidades de turistas.
Lage e Milone (2000, p.25) também destacam que, embora existam diversas
definições de turismo como as citadas, o turismo moderno não precisa ter um conceito
absoluto, o que importa é o conhecimento do mecanismo dinâmico que integra, ou seja,
atualmente é impossível limitar uma definição específica de turismo.
Considerado como uma das atividades econômicas do setor de serviços que mais
cresce no Brasil, segundo a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), o turismo movimenta
mais de R$ 30 bilhões por ano, o que representa algo em torno de 3,5% do Produto Interno
Bruto (PIB) nacional, sendo que o turismo interno responde por, aproximadamente, 80% deste
1
total. Já na cidade de São Paulo, local de estudo da pesquisa, o turismo movimenta R$ 8
bilhões por ano e gera 500 mil empregos diretos e indiretos (PALLADINO, 2006, p.13).
É possível detectar pelas etapas de transição da comunicação humana sua relação com
o turismo. “Desde os primórdios da Terra são encontradas referências de viagens e
1
Disponível em< www. revistaturismo.cidadeinternet.com.br/materiasespeciais/dianacional.htm > Acessado em
23 ago 2006.
11
2
Disponível em <http://www.institucional.turismo.gov.br/sinalizacao/conteudo/principal.html> Acessado em 05
ago 06.
13
Estes dois tipos de placas se complementam para orientar o turista, pois sua
necessidade inicial é deslocar-se, chegar a um determinado ponto. Esta função de
direcionamento deve ser desempenhada pela sinalização indicativa, que se dá por meio de
setas e pictogramas. Posteriormente o turista precisa compreender o ambiente onde está
inserido. Para isso existem as placas interpretativas, que por meio de textos, mapas e
ilustrações buscam elucidar os possíveis questionamentos a fim de que o turista se situe.
4
Esse objeto cortado em dois era conhecido na antiguidade como a Tessera Hospitalitas. Eram duas partes que
se complementavam. Quando alguém viajava levava uma das partes da Tessera. Ao chegar ao seu destino o
viajante apresentava essa parte ao seu hospedeiro. A prova da idoneidade e identidade do viajante era
comprovada se as duas partes se juntassem perfeitamente.
5
Ciência que estuda signos e símbolos na vida social.
16
Qualquer alteração que se faça em um local turístico deve ser minimamente planejada
para que surta o efeito desejado, ao invés de causar transtornos e desarmonia. Com relação à
implantação da sinalização turística não é diferente. É necessário que haja um consenso entre
os objetivos dos moradores, pesquisadores e órgãos públicos para sua implantação.
A padronização de cores, formas, letras, setas, pictogramas, o cumprimento dos
parâmetros de dimensionamento e de composição dos elementos gráficos e os princípios de
aplicação das placas devem ser observados e respeitados, pois garantem a eficácia da
sinalização.
Segundo a OMT (2003), em um número crescente de países e territórios, os órgãos
gestores nacionais de turismo são responsáveis, em nível nacional, pela adoção e
implementação de símbolos e signos turísticos. Caso não seja, são consultados sobre esse
assunto por outro órgão competente. O Guia Brasileiro de Sinalização Turística salienta que
(...)
6
Disponível em <http://www.michelin.es> – Acessado em 24 out 06.
17
Pode se verificar na tabela acima que a reclamação contra a falta de sinalização está no
topo dos pontos negativos observados pelos turistas estrangeiros. De 1995 a 2001, só no ano
de 1998 o item sinalização turística ficou em segundo lugar nas reclamações. O Guia
Brasileiro de Sinalização Turística destaca que (...)
Goodey (2002, p.188) diz que nenhum painel deve conter mais de 50% de texto e que
diversas técnicas podem ser utilizadas para reduzir o risco de se fazer livros escritos em
muros.
Porém, uma das maiores dificuldades está no que colocar nos painéis, deve haver um
consenso entre moradores e pessoas que saibam das necessidades dos turistas e interesses dos
especialistas.
A cidade de São Paulo é conhecida pelo seu patrimônio histórico e por suas diversas
opções de atividades culturais. O Centro Velho também está repleto de atrativos. Dessa
forma, implementar a sinalização para melhor compreender esse patrimônio torna-se
essencial.
25
Para quem conhece o atual cotidiano da cidade de São Paulo, é muito difícil imaginá-
la dentre as mais velhas do país. Sua transformação ao longo do século XX e a ausência de
referenciais históricos e geográficos fazem com que seja vivenciada como uma cidade
contemporânea.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2005), a
capital do Estado de São Paulo, metrópole do sudeste do Brasil e maior centro urbano da
América do Sul, está localizada no planalto paulista, a 760 metros de altitude, ocupa uma área
de 1.523 km2 e possui uma população de 10.927.985 de habitantes na área metropolitana,
sendo dividida pelo rio Tietê10.
A data de 25 de janeiro de 1554 marca cronologicamente a fundação de São Paulo de
Piratininga pelos padres jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, no local em que
existia um povoado indígena. Em uma elevação entre as áreas dos rios Tamanduateí e
Anhangabaú surgiram suas primeiras praças: o Páteo do Colégio Jesuíta, São Bento e o
Carmo. Durante os séculos XVI e XVII, o local serviu de base para as expedições dos
bandeirantes que partiam em busca de escravos e pedras preciosas. O povoamento foi
crescendo aos poucos, acompanhando o rio Tietê. Em 1581, tornou-se sede da capital de São
Vicente e em 1711 foi elevada à cidade, mas sua economia continuou sendo agrária até o
século XIX11.
O vilarejo se firma, e mais gente vai chegando a cada dia, de todas as partes.
Veredas são abertas e novas casas são erguidas, casas “lisas e quadradas”, de
chão batido e taipa de pilão. Surgem as testadas, os atalhos, as trilhas, os
pátios, os becos, as ruas e as avenidas, por entre um triângulo quase à
entrada do sertão e da orla marítima. (GUIMARÃES, 2005, p.33)
Como podemos observar na figura a seguir, o Pateo do Colégio Jesuíta possuía
características arquitetônicas bem simples, muito parecido com o que existe atualmente.
10
Disponível em < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php> Acessado em 10 ago 06
11
Enciclopédia Microsoft Encarta 2001, Microsoft Corporation.
26
Assunção (2005, p.15) afirma que Piratininga ficava aproximadamente dez léguas do
mar e duas léguas da vila de Santo André. Teria sido povoada primeiramente por Martim
Afonso de Sousa e ocupava posição estratégica. A colina entre os rios Tamanduateí e
Anhangabaú garantia a segurança contra possíveis ataques. Além disso, os rios poderiam
abastecer de água e peixe os primeiros moradores, e também, servir como via de acesso ao
interior da colônia. O Planalto também tinha a seu favor a temperatura mais amena em relação
ao litoral. Essa localização, entretanto, não impedia que o povoado ficasse isolado, durante as
chuvas intensas.
De acordo com Reis Filho (apud MAGALHÃES e MENDES, 2002, p.43), durante os
séculos XVI e XVII outras ordens religiosas se estabeleceram na cidade, fixando-se
principalmente nas estradas de acesso, dando forma ao conhecido “triângulo histórico”,
ocupado em seus vértices pelos Beneditinos, os Carmelitas e os Franciscanos.
Segundo Mesgràvis (apud GUIMARÃES, 2005, p.36), prevalecia a prática de um
sistema de vida em que predominavam a policultura, a pequena propriedade, o campo em
comum para a criação de gado, a cooperação nos assuntos de interesse público e todas as
formas de solidariedade social necessárias ao indivíduo convencido de que a família, o clã, a
vizinhança e a cooperação seriam os seus pontos de apoio diante do mundo ignorado. Os
moradores de São Paulo produziam tudo o que precisavam para viver e importavam apenas
apetrechos bélicos, objetos de mineração e alguns artigos de luxo e adornos.
27
No século XIX, a cidade de São Paulo vai perdendo suas características agrárias e
adquirindo padrões arquitetônicos e culturais europeus com a chegada dos imigrantes, no final
do século, impulsionada pela implementação da estrada de ferro São Paulo Railway, que
ligava a cidade ao porto de Santos, e a expansão da cultura cafeeira, tornando São Paulo um
grande centro econômico.
De acordo com Magalhães e Mendes (2002, p.49), São Paulo permaneceu por três
séculos no topo da colina com sua estrutura colonial praticamente intacta. No final do século
XIX a economia do café desenvolvida ao redor do Vale do Paraíba penetra em São Paulo
escoando seus produtos da região ao porto de Santos e a mercados externos. Tal fato causou
enorme impacto na cidade, que se transformou em um grande entroncamento ferroviário e em
grande referência econômica.
Afirma Guimarães (2005, p.41) que entre 1851 e 1855 proliferaram as Sociedades
Anônimas, instalou-se a primeira linha telegráfica e a primeira estrada de ferro, organizou-se
o Banco Rural e Hipotecário. Em 1860, São Paulo contava com 26 mil habitantes. Na
paisagem urbana se sobressaíam o Jardim Botânico, a Academia de Direito, dois teatros,
diversos estabelecimentos comerciais e templos religiosos.
Em 1870, a cidade de São Paulo, que durante três séculos não tinha mais de
1 km de raio, passou a atingir distâncias de 15 a 20 km de raio em relação ao
centro da cidade. Os espaços vazios foram sendo ocupados e a economia,
cada vez mais forte, se preparava para dar sustentação à república, que seria
promulgada dentro de 20 anos. A população crescia aos saltos. Em 1872,
São Paulo possuía 32 mil habitantes, em 1890 tinha 65 mil e, em 1900, 200
mil. Esse é o momento onde surgem os bairros de São Paulo.
(GUIMARÃES, 2005, p.42)
Matos complementa que, durante esse período a população cresce enormemente. Entre
1886 e 1890 quintuplica, passando de 47.696 habitantes para 239.934. (apud MENDES,
MAGALHÃES, 2002, p.49).
De acordo com Rolnik, entre 1890 e 1983 a proporção de estrangeiros na composição
populacional da cidade cresce de 22% para 59%. (apud MENDES, MAGALHÃES, 2002,
p.49).
No século XX, graças ao enorme desenvolvimento do comércio do café e da
modernização dos sistemas de transporte, a cidade foi se transformando no principal centro
comercial e industrial da região.
Hoje, a cidade de São Paulo é considerada a quinta maior cidade do mundo e está em
constante crescimento, sendo referência em diversos segmentos tais como educação, cultura,
saúde, tecnologia e economia, contribuindo para o desenvolvimento econômico e cultural do
país.
29
Os centros urbanos possuem uma grande importância para as cidades, pois neles se
concentram grande parte da História do local, sua origem e evolução. Além de possuir
importância arquitetônica, social, econômica, são regiões de fácil acesso.
Segundo a Associação Viva o Centro (2006), o Centro da cidade de São Paulo é uma
área de apenas 4,4 km2, o que corresponde a menos de 0,5% da área territorial total da cidade.
Abriga 8% dos empregos formais, 30% da área ocupada pelo sistema financeiro na cidade, é
destino de 20% de toda movimentação diária de pessoas, tem a melhor infra-estrutura, a maior
concentração de equipamentos culturais, de edifícios tombados e possui um comércio rico,
diversificado e especializado, abastecendo todo o país.
Afirma Marco Antônio Ramos de Almeida que, nesse pequeno espaço há sete estações
de metrô, três grandes terminais de ônibus e duas estações ferroviárias. É, também, o locus do
Poder Jurídico e de universidades, de grandes escritórios de advocacia e das ruas de comércio
especializado. Com cabeamento óptico para atender às demandas da comunicação em âmbito
global, sede das duas Bolsas - Bovespa e Bolsa de Mercadorias & Futuros - e voltou a abrigar
a Prefeitura e mais de 20 órgãos superiores das administrações públicas municipal e estadual.
No Centro existem 120 bibliotecas, entre elas a Biblioteca Mário de Andrade; 79 salas de
teatro e de concertos, como o Teatro Municipal, a Sala São Paulo e o Teatro Cultura Artística;
37 museus, entre eles a Pinacoteca do Estado e o Museu do Imigrante; 18 centros culturais,
sendo um deles o Centro Cultural Banco do Brasil; o Sesc Carmo, em plena Praça da Sé, e 19
cinemas.12
Para efeito desse estudo, será considerado Centro Velho da cidade de São Paulo a área
compreendida pelo triângulo histórico, cujos vértices são os conventos de São Francisco, São
Bento e do Carmo.
12
Marco Antônio Ramos de Almeida, Superintendente Geral da Associação Viva o Centro. Entrevista
concedida, por e-mail, ao grupo em 2 de outubro de 2006.
30
Atualmente o Centro da cidade de São Paulo é conhecido como grande núcleo cultural
arquitetônico, além de possuir alguns dos maiores pólos comerciais e importantes centros
financeiros, porém cerca de três séculos após sua fundação, o local não passava de uma calma
aldeia colonial, estendendo-se pouco além dos estreitos limites dos rios Tamanduateí e
Anhangabaú.
Segundo a Secretaria da Cultura (1994), a população era de no máximo 20 mil
pessoas, as ruas não eram iluminadas e o local era de pouco movimento. Pairava sobre São
Paulo a representação de uma vila sem graça, uma cidade de barro, ponto de entroncamento
de tropas, local de partida e não de chegada.
Para compreendermos o processo de evolução urbana do Centro de São Paulo
podemos citar três períodos que foram de suma importância. O primeiro, o momento em que a
cidade torna-se a capital do café, seguido pela industrialização que substituiu este ciclo e,
posteriormente, à estruturação da economia voltada ao setor terciário, às atividades de serviço
e comércio.
A partir de 1810, São Paulo torna-se a capital econômica do café o que transformou o
vilarejo em centro do comércio cafeeiro com aspecto de metrópole e estilo europeu. No centro
da cidade concentravam-se os símbolos de riqueza e de civilização.
Moura (2002, p.61) afirma que o café, introduzido no país na primeira metade do
século XVIII, num espaço de tempo relativamente curto, passou de uma posição totalmente
secundária para a de produto base da economia brasileira. E isto ocorreu numa época de crise
econômica e financeira, na qual as disponibilidades de capital eram mínimas. Além disso, a
cafeicultura foi a primeira realização exclusivamente brasileira, visando a criação de riquezas.
32
Segundo Guimarães (2005, p.43), no final do século XIX ocorreu uma grave crise
de superprodução do café, que derrubou os preços e os salários, obrigando muitos imigrantes
a irem para a metrópole, em busca de melhores condições de vida. Essa abundância de mão-
de-obra permitiu a ampliação da incipiente indústria manufatureira paulistana.
Em meados de 1840 houve o crescimento da industrialização que substituiu o ciclo
econômico do café, a cidade toma outra forma com a construção de prédios e grandes
avenidas.
Por ser uma cidade em que não eram muito exploradas as atividades científicas e
educacionais, por volta de 1870, o ambiente torna-se adequado para o desenvolvimento de
instituições de ensino e de pesquisa.
Ocorre a organização e fortalecimento da Faculdade de Direito, a abertura do Museu
Paulista, do Observatório Astronômico e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo,
além da estruturação de uma série de escolas privadas.
A cidade vivia um processo de desenvolvimento e embelezamento. A partir daí os
estudantes passam a explorar os costumes boêmios. Em 1891 a iluminação elétrica começa
ser utilizada.
De acordo com a Secretaria de Cultura (1994), nas lojas do centro, no final do século,
vendia-se uma grande variedade de produtos, tais como charutos importados, destilarias,
tecidos ingleses, roupas com corte francês e especiarias do Oriente. Por meio do consumo, a
cidade fazia de si uma extensão ligeira do Velho Mundo. Tem início a época dos grandes
bailes, das confeitarias requintadas e das agitadas casas de espetáculos como o Teatro
Provisório, o Ginásio Dramático, o Polytheama, o conhecido São José, entre outros.
Com o término das construções do Teatro Municipal, em 1911, cantores e atores
famosos, vindos da Europa, passam a freqüentar São Paulo.
Surgem diversos clubes recreativos, quermesses, saraus musicais e passam a ser
realizadas diversas atividades culturais e esportivas, além da construção de novas bibliotecas e
livrarias.
Essa nova organização do Centro modificou e ampliou os espaços sociais de
convivência das pessoas que até então eram restritos a encontros familiares, aos circuitos
vizinhos e ao convívio nas grandes fazendas.
Com o deslocamento dos moradores para outras regiões da cidade dá-se o processo de
degradação do Centro de São Paulo, tal fato foi se acentuando ao longo dos anos. Com isso o
Centro passou a ser um local aonde as pessoas vão a negócios, a estudo e a passeio.
Segundo Scarlato (2006), quando uma pessoa perde a identidade com um local e deixa
de definir suas relações mais estreitas nele, não se sente responsável pela preservação do
mesmo.13
Mendes e Magalhães (2002, p.58) também afirmam que o processo de globalização,
que se acentua a partir dos anos 90, agrava essa mudança, impondo mais fragmentação e
desarticulação, o que resulta em uma cidade baseada na mobilidade de fluxos, com pouca
oportunidade de espaços urbanos para a socialização. As desigualdades sociais, junto com a
segregação espacial contribuem para aumentar a violência e para limitar as oportunidades de
interação, que ficam geralmente restritas a ambientes sob vigilância, como shoppings e
clubes, enquanto os espaços públicos são gradeados e fechados com muros e portões.
No período de 1886 a 1936, foram formulados alguns princípios presentes até nossos
dias na legislação urbanística paulistana: a muralha protetora em torno dos bairros
residenciais da elite, a posição eternamente periférica dos bairros populares, a concentração
dos investimentos e a super-regularização do centro-sudoeste da cidade e a expansão
horizontal da baixa densidade. O conhecimento destes fatos pretende, iluminar possibilidades
de enfrentamento e superação de limites de degradação a que chegou a cidade de São Paulo
nesse final de milênio. (ROLNIK, 1997, p.14).
A partir dos anos 1980, as discussões sobre revitalização de áreas urbanas centrais e
políticas públicas para tal tornam-se mais freqüentes.
A principal justificativa para esse fato reside na crise global – crise econômica,
social, energética, e até mesmo de valores – que acaba por induzir certa mudança de
paradigmas nas práticas tradicionais, não só do Estado, mas de outros agentes interventores
sobre o espaço urbano (SIMÕES JR. 1994, p.05).
A escolha de uma localidade para o desenvolvimento do processo de revitalização leva
em conta itens como a localização e a rede de infra-estrutura, serviços e equipamentos
existentes, com isso as áreas centrais são revalorizadas. Segundo Simões Jr. (1994, p.06), o
13
Informação fornecida por Francisco Capuano Scarlato na quarta aula do curso de História de São Paulo em 31
de agosto de 2006, CIEE. São Paulo.
36
fator mais relevante consiste no fato de que esses locais possuem um rico e representativo
patrimônio de cunho histórico, que possibilita o resgate daqueles valores ligados à cultura
local, ao imaginário da população e às raízes da própria cidade.
O processo de revitalização no Centro Velho da cidade de São Paulo é em parte uma
parceria pública com algumas instituições privadas, principalmente no setor financeiro devido
a pouca verba disponibilizada pelo governo.
Nos últimos anos, esse processo de revitalização vem incentivando cada vez mais o
aumento da vida cultural na região central com a implantação de centros culturais, que dispõe
ao público as mais diversas opções em arte, maior atividade nos teatros, cinemas e outros
estabelecimentos que acabaram perdendo o glamour que possuíam nos séculos XIX e XX.
Com isso a atividade turística vem despertando cada vez mais o interesse da iniciativa pública
e privada, além dos moradores e visitantes de São Paulo, e ganhando cada vez mais espaço.
Muitas instituições vêm investindo em ações que colaboram com o crescimento da
vida cultural no Centro Velho, patrocinando espetáculos culturais famosos e de renome e com
o desenvolvimento da atividade turística oferecendo, por exemplo, tours pelos principais
pontos turísticos da região.
Com seu desenvolvimento a cidade de São Paulo passa a ter grande importância para o
setor turístico no Brasil, e tem conquistado grande representatividade principalmente no
turismo de negócios e cultural que de acordo com Moletta (2000, p.9) é o acesso ao conjunto
de bens móveis e imóveis existente no país, cuja conservação é de interesse público, por valor
histórico, arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico, ou seja, a história, a cultura e
ao modo de viver de uma comunidade. Já o turismo de negócios compreende (...)
15
Informe Viva o Centro, ano XIV setembro de 2006 nº225
38
Turismo do Estado de São Paulo, tendo como objetivo incrementar o turismo, organizar
eventos, estimular a criação de empresas relacionadas com o setor e organizar o calendário
turístico paulista. Por decreto de 1967, passou a ser designada Secretaria da Cultura, Esporte e
Turismo, com o objetivo de desenvolver, também, as atividades compreendidas no Sistema
Estadual de Deportes.16
Com a definição do produto turístico que a cidade passa a oferecer ao país e ao
mundo, um grupo de empresários paulistas, liderados por Caio de Alcântara Machado, para
mostrar o que fabricam e atrair compradores de outros centros nacionais e do exterior, decide
construir em 1968 a Anhembi Turismo S/A, atual São Paulo Turismo.
O ano de 1986 foi eleito como Ano Nacional do Turismo e a cidade de São Paulo,
considerada o maior pólo do turismo de negócios da América do Sul, beneficia tanto o
turismo receptivo, quanto o turismo emissivo.
16
Disponível em <http://www.saopaulo.sp.gov.br/linha/sec_turismo.htm> Acessado em 02 out 2006.
17
Disponível em < http://www.visitesaopaulo.com/> Acessado em 02 out 06
39
amigos e 3,5% vêm por outros pretextos, como estudo, tratamentos de saúde ou mesmo
motivos religiosos. (apud PALLADINO, 2006, p.13).
20.000.000
15.000.000
Número de
10.000.000
passageiros
5.000.000
0
2002 2003 2004 2005
A cidade de São Paulo conta também com três terminais rodoviários, localizados no
Tietê, na Barra Funda e no Jabaquara.
De acordo com o SPC&VB (2002, p.22) a motivação para a visita à cidade de São
Paulo se dá de forma racional tendo em vista a necessidade de viajar pela obrigação de um
encontro de negócios, um congresso ou feira, ou seja, não existe motivação emocional por
parte do visitante.
A partir desta constatação, a São Paulo Turismo e seus colaboradores têm se dedicado
não apenas em atrair mais turistas, mas também em conquistar sua fidelidade para que esses
números se tornem cada vez maiores e mais favoráveis.
41
A criação de projetos também favorece o interesse dos visitantes pelo turismo em São
Paulo, como exemplo, os 31 roteiros oferecidos pela São Paulo Turismo, elaborados a partir
de 9 temas (entre Bem-estar, Arte, Glamour, SP Verde, SP Romance, Família, SP e suas
faces, SP e suas religiões e SP dos paulistanos), que mostram a cidade como destino turístico
urbano, onde se pode apreciar a cultura, a natureza, a história, as compras e a gastronomia.
Estes roteiros são comercializados por operadoras brasileiras e sul-americanas desde 2005.
Para o atual gestor do Fundo Nacional do Turismo (FUTUR), Armando Campos
Mello, em entrevista a Palladino (2006, p.2), o ideal é que o turismo disponha de R$ 10
milhões designados pela municipalidade e tenha mais parcerias, aumentando assim a
promoção da cidade, informatizando os postos de informação turística e disponibilizando
mais materiais de divulgação para os visitantes.
42
O Centro Velho de São Paulo possui um amplo número de pontos turísticos, sendo
alguns destes localizados no triângulo histórico, cujos vértices são o Largo de São Francisco,
São Bento e Carmo.
A região do Largo de São Francisco ganhou notoriedade com a instalação da
Faculdade de Direito, por volta de 1828. No local também existem igrejas e monumentos de
suma importância para a história da cidade.
Entre os vértices do Largo de São Francisco e de São Bento podemos citar como ponto
principal a Praça do Patriarca.
Segundo Grafisyl (s/d), a Praça do Patriarca foi construída em homenagem ao
Patriarca José Bonifácio de Andrada e Silva e tomando-se como referência as ruas e praças do
Centro de São Paulo, é extremamente nova. Localizada próxima ao Viaduto do Chá é limitada
pelas ruas São Bento, Direita, Líbero Badaró e Quitanda, dá acesso à galeria que termina no
43
Anhangabaú e é cruzamento de seis ruas. Foi aberta por necessidade de ampliar-se o espaço
para o trânsito naquele local em que a convergência das ruas pequenas provocava
aglomeração.18
Na região entre o Largo de São Francisco e São Bento citamos como principais pontos
turísticos a Escola de Comércio Álvares Penteado, Faculdade de Direito da Universidade de
São Paulo, Igreja de São Francisco das Chagas, Igreja da Venerável Ordem Terceira de São
Francisco da Penitência, Casa das Arcadas, Edifício Saldanha Marinho, Justiça Federal,
Edifício São Joaquim, Prefeitura do Município de São Paulo – Edifício Matarazzo, Edifício
Sampaio Moreira, Othon Palace Hotel, Praça do Patriarca, Galeria Prestes Maia, Igreja de
Santo Antônio, Centro Cultural Banco do Brasil, Antigo Banco Português do Brasil, Palacete
Crespi, Edifício Martinelli, Bolsa de Mercadorias & Futuros e Edifício Sede do Banespa -
Edifício Altino Arantes.
Na região do Largo de São Bento, de acordo com o Governo do Estado de São Paulo
(s/d), estava instalada a taba do cacique Tibiriçá e demarcava o limite do povoado que
começava a se formar. A taba deu lugar a um largo, onde em 1598 foi construída uma capela
em homenagem a Nossa Senhora de Montserrat, mas já em 1660 começava a instalação do
Mosteiro de São Bento, numa área pertencente aos beneditinos. Em 1864, o largo foi
reurbanizado e seu movimento era intenso. A última transformação ocorreu por conta do
18
Disponível em < http://www.sampa.art.br/SAOPAULO/praca%20patriarca.htm> Acessado em 16 out 06.
44
metrô, durante a década de 1970, quando o largo ganhou um calçadão, bancos e jardins, e, no
seu subsolo, a Estação São Bento.19
Já entre os vértices do Largo de São Bento e do Carmo, podemos citar como principal
ponto, a região do Pateo do Colégio que, por ser o local do “nascimento” de São Paulo, é
considerado um marco para a cidade.
19
Disponível em <http://www.saopaulo.sp.gov.br/saopaulo/turismo/cap_ptos_lgo_sbent.htm> Acessado em 16
out 06.
20
Mistura de areia, barro, fibras, sangue de animais, etc.
45
Entre o Largo de São Bento e do Carmo, podemos citar como principais pontos
turísticos, o Mosteiro, Faculdade e Colégio de São Bento, Igreja Santa Efigênia, Viaduto
Santa Efigênia, a Ladeira Porto Geral, além do próprio Pateo do Colégio, onde encontram-se a
Igreja do Beato Anchieta, o Museu Anchieta, o Centro Loyola de fé e cultura e a Biblioteca
Padre Antonio Vieira do Pateo; a Casa da Fundição, a Casa da Moeda, a Casa da Ópera, Beco
do Colégio, o Solar da Marquesa de Santos - Domitila de Castro Canto Melo - Museu da
Cidade de São Paulo, o Primeiro Tribunal da Alçada Civil, a Secretaria da Justiça e da Defesa
da Cidadania, o Edifício da Caixa Econômica Federal, o Beco do Colégio, a Casa nº1, a
Antiga Bolsa de Mercadorias, Antiga Casa de Móveis, Viaduto Boa Vista, Ladeira General
Carneiro, a Secretaria da Fazenda e Secretaria da Agricultura e o monumento "Glória Imortal
dos Fundadores de São Paulo".
A região do Largo do Carmo, que antigamente era uma chácara pertencente à
Marquesa de Santos. Segundo Guimarães (2005, p.127), era a área da Vila de São Paulo, por
onde distendia sinuosamente o rio Tamanduateí, que se constituiu num dos fatores decisivos
na determinação da escolha do sítio onde se erguia o Colégio de São Paulo. Situada a cerca de
30 metros abaixo do promontório, onde se instalou o Colégio Jesuítico, oferecia larga visão a
46
sua volta. Área sempre inundada, ainda que em 1862, mostrava-se pantanosa e infecta,
circunstância que dificultava o acesso à cidade propriamente dita, ao centro, por aqueles
lados.
21
Disponível em <http://www.centrosp.prefeitura.sp.gov.br> Acessado em 25 out 06
22
Disponível em < http://www.vivaocentro.org.br/noticias/arquivo/220605> Acessado em 25 ou 06
47
Nesta região podemos citar como principais pontos turísticos a Igreja e Convento do
Carmo, Sesc do Carmo, Catedral da Sé, Praça da Sé, Marco zero, estátua de José de Anchieta,
Palacete São Paulo, Prédio Piratininga, Jardim de Esculturas, Palácio da Justiça - Fórum João
Mendes Jr. e Igreja São Gonçalo.
Devido esse grande potencial turístico existente no Centro Velho da cidade de São
Paulo, torna-se de extrema importância a melhoria na infra-estrutura existente, principalmente
quanto à sinalização turística indicativa e interpretativa, a fim de que o visitante possa
contemplar de forma segura e agradável os atrativos do local.
48
Paulo, pois “mais que informar, a interpretação tem como objetivo convencer as pessoas do
valor de seu patrimônio, encorajando-as a conservá-lo” (MURTA; ALBANO, 2002, p.10).
Foi analisada a situação da sinalização para pedestres na região do Centro Velho da
cidade de São Paulo e verificado que a sinalização existente encontra-se inadequada,
insuficiente, mal conservada e em muitos casos inexistente.
Na região é possível encontrar dois modelos de placas. O projeto “História das Ruas
de São Paulo”, desenvolvido por uma parceria entre o Departamento do Patrimônio Histórico
(DPH), Secretaria Municipal da Cultura, Prefeitura da Cidade de São Paulo e grupo Plamarc,
conta com 16 placas espalhadas pelo Centro de São Paulo e tem como o objetivo divulgar a
história das ruas e alguns pontos turísticos do local.
Para que haja harmonia com o local e para que a sinalização seja eficiente, é
necessário que exista uma padronização das placas. Quando utiliza-se diversos modelos de
placas, pode ocorrer a falta de coerência entre as mensagens, assim as informações são
repetidas e perdem seu sentido principal que é de auxiliar, tornando-se apenas um objeto sem
função. Este tipo de problema pode acarretar a criação de barreiras para o visitante e
confundi-lo.
Para que a sinalização seja eficiente, é preciso que ela seja clara, objetiva e possua
formato e letras adequadas, o que facilita a compreensão da mensagem e sua visualização,
inclusive por pessoas que possam ter alguma limitação visual. É possível verificar nas placas
existentes, uma grande quantidade de informação impressa, o que confunde o leitor no
momento em que busca uma informação.
51
As placas de sinalização turística existentes no Centro Velho muitas vezes não são
utilizadas como deveriam. Como podemos verificar nas figuras a seguir, o senhor que vende
ouro na Praça do Patriarca, utiliza a placa como apoio para as costas. Isso acontece também
com uma das placas existentes na Praça da Sé.
55
Foto 3.8 - Vendedor utilizando placa como apoio para as costas na Praça do Patriarca
Fonte: Natália Graciano da Silva
Foto 3.10 - Morador de rua utilizando a base da placa como apoio na Praça da Sé
Fonte: Natália Graciano da Silva
É preciso que se faça uma observação e estudo do espaço para que as placas sejam fixadas
em locais de fácil visualização e em pontos estratégicos. A placa a seguir, situada no Largo de
São Bento, pode servir como exemplo de má localização.
57
Alguns dias após verificarmos a má localização da placa acima ela foi ligeiramente
arrastada, porém a visualização continuou comprometida.
É possível observar na figura a seguir, a única placa existente no Centro Velho, localizada
no Pateo do Colégio, que possui informações em outros idiomas.
Para efeito deste estudo, foi aplicada pesquisa qualitativa no Centro Velho da cidade de
São Paulo, com uma amostra de cem questionários (ANEXO 01). Seu objetivo foi verificar a
opinião dos visitantes e freqüentadores do local, referente à infra-estrutura turística,
principalmente com relação à sinalização. Como critério para escolha dos que responderiam ao
questionário foram selecionadas pessoas que estavam visitando alguns atrativos turísticos do
local, como Pateo do Colégio, Mosteiro de São Bento e Praça da Sé.
Esta pesquisa possui caráter exploratório e experimental, que para Hymann (apud
MARCONI; LAKATOS, 1982, p.19) são levantamentos explicativos, avaliativos e
interpretativos, que tem como objetivos a aplicação e/ou a mudança de alguma situação ou
fenômeno.
60
Para complemento deste estudo também foram realizadas entrevistas com Marco Antônio
Ramos de Almeida, superintendente geral da Associação Viva o Centro (ANEXO 02) e com
Adriano Gomes, analista de turismo da São Paulo Turismo, que também é membro representante
do COMTUR (ANEXO 03).
Foi planejada também uma entrevista com algum membro da Secretaria de Turismo do
Estado de São Paulo, porém mesmo com diversas tentativas de contato por telefone e e-mails não
obtivemos a colaboração solicitada.
3.3 Pesquisas e resultados dos questionários aplicados no Centro Velho da cidade de São
Paulo.
A pesquisa realizada segue a seguinte ordem. Em primeiro lugar foram verificados dados
pessoais e posteriormente a opinião sobre a infra-estrutura turística.
a) Sexo:
SEXO
Não
respondeu 1%
Masculimo
41%
Feminino
58%
Dentre os cem entrevistados 58% são do sexo feminino, 41% do sexo masculino e 1% não
respondeu a questão.
61
b) Idade:
FAIXA ETÁRIA
De 15 a 35 anos
75%
Analisando o gráfico acima, é possível observar que a maioria dos entrevistados são
jovens, possuindo idade inferior a 35 anos (75%); seguidos por uma parcela de entrevistados que
possui idade entre 35 a 55 anos (18%); posteriormente encontram-se, em menor número, as
pessoas entre 55 a 75 anos (5%). Do total de entrevistados apenas 2% não responderam.
c) Grau de instrução:
GRAU
GRAU DE DE INSTRUÇÃO
INSTRUÇÃO
35
30
Foi constatado que a maioria dos entrevistados estão cursando (31%) ou já cursaram
(19%) o ensino médio, muitos possuem ensino superior incompleto (13%), seguidos por pessoas
que já concluíram o ensino superior (25%) e pós-graduados (3%). O gráfico aponta que há uma
equivalência entre pessoas que possuem ensino fundamental completo e incompleto,
representando 4% cada. Apenas uma pequena parcela (1%) não respondeu a questão.
d) Ocupação:
OCUPAÇÃO
Estuda e
Trabalha
Trabalha
22%
41%
Estuda Aposentado
29% 2%
Outras
6%
Com relação às atividades exercidas, a grande maioria (41%) concilia o estudo com o
trabalho, 29% dos entrevistados apenas estudam e 22% apenas trabalham. Somente duas pessoas
estão aposentadas e 6% exerce outro tipo de ocupação.
e) Renda individual:
Esta questão tem como base o salário mínimo no valor de R$350,00, sendo até cinco
salários mínimos o valor até R$1.750,00, de cinco a dez salários mínimos a quantia de
R$1.750,00 a R$3.500,00 e acima de dez salários mínimos valores acima de R$3.500,00.
RENDA INDIVIDUAL
Acima de 10
salários
Até 5 salários
mínimos De 5 a 10 mínimos
5% salários 65%
mínimos
9%
Do total de entrevistados 65% possuem renda de até cinco salários mínimos, em segundo
lugar, totalizando 20%, encontram-se as pessoas que não possuem renda, confirmando a atual
situação econômica do país. Apenas 9% possuem renda entre cinco a dez salários mínimos,
seguidos por 5% que possuem renda acima de dez salários mínimos. Somente 1% dos
entrevistados não respondeu a questão.
91%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10 1% 1% 1% 1% 1% 1% 3%
0
P) P) P) P) )
E)
(S (S (S P) (B
A
(C
EU
S (S (S R
D
AS ZA
N
LO O JÁ R
É
DO PO
AU LH IR U D LE
E N VA A ES
P U
AI AR A L RT
AR
R
O C O SA FO ÃO
SÃ U
G ST N
Devido ao fato da pesquisa ter sido realizada no Centro Velho da cidade de São Paulo
91% dos entrevistados reside na cidade. Foram entrevistadas pessoas de Guarulhos, Caieiras,
Arujá e Santo André, também residentes no estado de São Paulo, totalizando 1% cada. Foi
abordada uma pessoa de Salvador, na Bahia (1%), e outra de Fortaleza, no Ceará (1%). Dentre os
entrevistados 3% não responderam a questão.
Médio
50% Pequeno
40%
Não respondeu
Anualmente
1%
18%
Diariamente
36%
Mensalmente
18%
Semanalmente
27%
Considerando que a maioria dos entrevistados são residentes da cidade de São Paulo,
freqüentam o Centro diariamente 36% do total, seguidos por 27% que vão ao Centro
semanalmente. Os que freqüentam o local mensalmente e anualmente totalizam 18% cada. 1%
dos entrevistados não respondeu a questão.
Trabalho e estudo
Passeio 22%
46%
Nesta questão é possível verificar os diversos usos que as pessoas fazem do Centro. A
maioria dos entrevistados (46%) costuma ir ao Centro somente a passeio, seguidos por 22% que
vão ao local a trabalho e a estudo. 16% disseram apenas ir a trabalho, 12% exercem outras
atividades, como por exemplo, compras, 2% dos entrevistados não responderam. É necessário
ressaltar que nesta questão alguns entrevistados responderam mais de uma alternativa, visto que,
exercem mais de uma atividade no Centro de São Paulo.
Período integral
17%
Somente tarde
27%
Foi constatado que o período matutino é o horário de maior fluxo, pois 37% dos
entrevistados costumam ir ao Centro somente pela manhã. Em seguida, 27% das pessoas
costumam freqüentar o local no período da tarde, 17% passam período integral, 18% diz
freqüentar o Centro em outros horários ou horários alternados. 1% não respondeu a questão.
k) Acredita que o Centro de São Paulo possui estrutura adequada para receber turistas?
Sem resposta
1%
Sim
49%
Não
50%
O gráfico mostra que os entrevistados estão divididos quanto à opinião sobre a estrutura
que o Centro possui para receber turistas, pois 50% acreditam que o local não possui estrutura
adequada, já 49% diz que possui. 1% dos entrevistados não respondeu a questão.
l) Já se perdeu ou teve dificuldade para encontrar algum local turístico no Centro de São Paulo?
Sem resposta
1% Sim
28%
Não
71%
Devido ao fato da maioria dos entrevistados residirem na cidade de São Paulo e possuírem
nível médio de conhecimento, foi obtido como resposta neste gráfico que 71% das pessoas nunca
se perderam e nem possuem dificuldade para encontrar algum local turístico, porém 28%
afirmam que já se perderam ou tiveram algum tipo de dificuldade. Do total de entrevistados, 1%
não respondeu.
m) Já utilizou placas de sinalização turística para encontrar algum ponto turístico no Centro de São
Paulo?
Não respondeu
2%
Sim
41%
Não
57%
A sinalização turística nunca foi utilizada por 57% dos entrevistados, já 41% afirmam ter
utilizado sinalização para se orientar, porém é importante salientar que muitas dessas pessoas
podem ter utilizado sinalização viária ao invés da turística. Duas pessoas (2%) não responderam.
Os próximos gráficos tiveram como objetivo verificar quais são os pontos turísticos mais
conhecidos pelos entrevistados e se foi utilizada a sinalização turística. Alguns destes pontos não
fazem parte do Centro Velho, porém foram abordados devido à importância cultural,
arquitetônica e histórica que possuem.
Nota-se que nos gráficos sobre a utilização de sinalização turística, muitos dos
entrevistados não responderam à questão, isto se deve ao fato de que muitos não conhecem os
pontos turísticos abordados e também pela sinalização precária que muitas vezes passa
despercebida.
n) Quais pontos turísticos conhece no Centro de São Paulo? Utilizou sinalização turística?
CATEDRAL DA SÉ
98
100
80
Conhece
60
40
Não respondeu
2
20
60
60
50
40 Não
Sim
21
30 19 Não respondeu
20
10
PATEO DO C O LÉGIO
88
90
80
70
60
Conhece
50 Não conhece
40 Não respondeu
30
10
20
2
10
58
60
50
Não
40 26
Sim
30 16 Não respondeu
20
10
90
90
80
70
60 Conhece
50
Não conhece
40
30 Não respondeu
20 8
2
10
56
60
50
40 Não
25
Sim
30 19
Não respondeu
20
10
Após a Catedral da Sé, o Mosteiro e a Igreja de São Bento são os pontos turísticos mais
conhecidos, já que 90% dos entrevistados afirmam conhecer os locais. Uma parcela significativa
77
de 56% diz nunca ter utilizado sinalização turística para chegar a esses locais e 19% afirmam ter
utilizado. A porcentagem dos que não responderam a questão é de 25%.
TEATRO MUNICIPAL
73
80
70
60
Conhece
50
Não conhece
40 25
30
Não respondeu
20
2
10
60 51
50
35 Não
40
30
Sim
14 Não respondeu
20
10
Embora o Teatro Municipal não faça parte do Centro Velho da cidade de São Paulo,
também foi abordado nesta pesquisa. 73% dos entrevistados dizem conhecer o Teatro, 25% não o
conhece e 2% não responderam. Destes, 51% não utilizaram sinalização turística, 14% utilizou a
sinalização e 35% não responderam.
60
60
50
38
40 Conhece
30 Não conhece
Não respondeu
20
10 2
0
79
Tabela 3.14 B: Utilização de sinalização turística
47
50 41
45
40
35
Não
30
Sim
25
20 12 Não respondeu
15
10
5
0
Popular por abrigar a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o Largo de São
Francisco, é conhecido por mais da metade dos entrevistados, totalizando 60%, 38% diz não
conhecer o local e 2% não responderam. 41% dos entrevistados afirmam não ter utilizado
sinalização. É intrigante que 47% dos entrevistados não tenham respondido a questão referente à
utilização de sinalização turística.
PRAÇA DA REPÚBLICA
83
90
80
70
60 Conhece
50
Não conhece
40
Não respondeu
30
15
20
10
2
0
UTILIZOU SINALIZAÇÃO
TURÍSTICA?
60 51
50
40
28 Não
30 21 Sim
20 Não respondeu
10
EDIFÍCIO ITÁLIA
60
53
45
50
40 Conhece
30 Não conhece
Não respondeu
20
10 2
0
56
60
50
40 32 Não
30
Sim
20
12 Não respondeu
10
Embora figure entre os pontos turísticos mais conhecidos na cidade, o Edifício Itália,
nesta pesquisa, é desconhecido por 53% dos entrevistados, 45% afirmam conhecê-lo e 2% não
responderam. Sobre a utilização de sinalização turística 56% não responderam à questão, 32%
não utilizaram e apenas 12% dizem ter utilizado.
VIADUTO DO CHÁ
100 81
80
Conhece
60
Não conhece
40 Não respondeu
17
20 2
0
83
Tabela 3.14 B: Utilização de sinalização turística
55
60
50
40 31 Não
30
Sim
14 Não respondeu
20
10
Local de ligação entre o Centro Velho e o Centro Novo, o Viaduto do Chá é conhecido
por 81% dos entrevistados, apenas 17% não o conhece e 2% não responderam. Deste total, 55%
não utilizaram sinalização turística, 14% afirmam ter utilizado e 31% não responderam.
EDIFÍCIO MARTINELLI
64
70
60
50 34 Conhece
40 Não conhece
30 Não respondeu
20 2
10
0
UTILIZOU SINALIZAÇÃO
TURÍSTICA?
70
62
Não
60
50
40 28 Sim
30
20 10 Não
10 respondeu
0
Apesar de ser o edifício mais antigo da cidade de São Paulo, o Edifício Martinelli é o
ponto turístico menos conhecido de toda a pesquisa, 64% dos entrevistados não o conhece,
apenas 34% dizem conhecê-lo. Uma parcela expressiva não respondeu a questão sobre utilização
de sinalização turística, 10% afirmam tê-la utilizado e 28% não.
85
Os gráficos a seguir fazem referência à avaliação da infra-estrutura existente no Centro,
tendo como objetivo apontar os pontos mais críticos na opinião dos entrevistados.
o) Avaliação
Tabela 3.15 A: Atrativos turísticos
Ruim
Não Responderam
Regular 2%
2%
19%
Péssimo
3%
Bom
55%
Ótimo
19%
A grande maioria dos entrevistados (55%) considera como bom os atrativos turísticos, há
uma equivalência entre os que consideram os atrativos como regular e ótimo, sendo 19% cada.
3% os avaliam como péssimo e 2% como ruim. Somente duas pessoas não responderam esta
questão.
86
Tabela 3.15 B: Informação Turística
Não
responderam
Bom
Ruim 7%
28%
22%
Otimo
5%
Regular Péssimo
32% 6%
Do total de entrevistados, 32% avaliaram como regular a informação turística, 28% como
bom e 22% como ruim. 6% disseram ser péssimas as informações turísticas passadas, apenas 5%
consideram como ótimo e do total 7% não responderam. A avaliação geral pode ser considerada
negativa pelo das informações serem insuficientes.
87
Tabela3.15 C: Limpeza pública
Não responderam
2% Bom
Ruim Otimo
19% 11%
1%
Péssimo
31%
Regular
36%
Não
responderam
Ruim 2% Bom
13% 33%
Regular
Otimo
37%
Péssimo 10%
5%
Apesar de São Paulo ser considerada capital gastronômica, o Centro da cidade não está
entre os locais que conta com maiores opções de alimentação na opinião dos entrevistados. 37%
afirmam serem regulares as opções, 13% classificam como ruins e 5% como péssimas. Do total
33% afirmam ser boas, 10% ótimas e 2% não responderam.
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA
Não
responderam Bom
3% 18%
Ruim Otimo
31% 1%
Péssimo
12%
Regular
35%
Apesar dos últimos acontecimentos referentes a ataques de facções criminosas, 35% dos
entrevistados consideraram como regular a segurança na cidade, seguidos por 31% que a
classificaram como ruim e 12% como péssimo. Apenas uma parcela de 19% avaliou a segurança
de forma positiva, sendo 18% como bom e 1% como ótima. 3% não responderam a questão.
Não Bom
responderam 13%
14% Otimo
4%
Péssimo
11%
Ruim
24%
Regular
34%
Não
Ruim responderam
13% 2%
Bom
37%
Regular
27%
Péssimo Otimo
10% 11%
Referente ao transporte público, a maioria dos entrevistados o avaliou entre bom e regular,
sendo respectivamente 37% e 27%. 23% não estão satisfeitos com o transporte, já que 10% o
classificaram como péssimo e 13% como ruim. Somente 11% o consideram ótimo e 2% não
responderam.
O questionário era composto por dezesseis questões, no entanto, a última, que tinha por
objetivo verificar em ordem de prioridade os principais fatores (referente aos gráficos 3.15 A,
3.15 B, 3.15 C, 3.15 D, 3.15 E, 3.15 F e 3.15 G) que necessitam de melhorias no Centro de São
Paulo foi cancelada, devido ao fato de muitas pessoas não terem respondido a questão ou por não
terem completado a seqüência.
23
Conjunto de materiais informativos sobre o Centro da cidade de São Paulo.
24
Entrevista concedida, por e-mail, ao grupo em 2 de outubro de 2006.
93
ser absorvidos por estas entidades privadas e públicas por meio de parcerias. Assim, esses valores
poderiam fazer parte dos programas permanentes de desenvolvimento da cidade e incentivo a
cultura dessas instituições.
Essas entidades teriam seus nomes vinculados ao concurso e a toda publicidade, exceto
nas placas de sinalização implantadas, obedecendo ao novo projeto de lei que veta publicidade
externa e outdoors na cidade de São Paulo, batizado pela Prefeitura de Cidade Limpa. Esta lei
entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2007.
Os projetos criados a partir dessas parcerias contribuiriam para melhoria da infra-estrutura
turística na região e ofereceriam mais informações, hospitalidade e segurança aos turistas e
moradores.
94
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A região central da cidade de São Paulo vem passando por diversas melhorias ao longo
dos últimos anos. Muitos monumentos, praças e edifícios estão sendo restaurados e recuperados,
porém esse processo ainda não está completo e vários aspectos ainda precisam de melhorias.
A infra-estrutura turística é um dos itens que necessita de investimentos, principalmente
em relação à informação, pois os Centros de Informação Turística (CITs) e as placas de
sinalização indicativa e interpretativa, no local, são ineficientes e muitas vezes inexistentes.
Observou-se que as mensagens em placas interpretativas para pedestres são extensas e as
indicativas são escassas. Os pictogramas que poderiam deixar os textos mais curtos e auxiliar na
indicação de locais, não são utilizados. É notória a falta de preocupação em se criar um padrão de
placas próximo aos internacionais.
A sinalização turística visa atender, a variedade da oferta, seus usuários e serviços
oferecidos. Um sistema de sinalização deve ser, portanto, parte integrante da infra-estrutura do
município, estado ou país, dispostos a explorar o turismo de forma séria e coerente.
(CARNEIRO, 2001, p.41)
A falta de planejamento de longo prazo foi um dos fatores que mais colaborou para a
ineficiência dos projetos de sinalização turística existentes, atualmente, no Centro Velho. É de
extrema importância que, profissionais de turismo, design, arquitetura e urbanismo trabalhem em
conjunto na formulação de projetos, para que o maior número de falhas seja minimizado ou
evitado.
Podemos afirmar que os empecilhos criados pela falta de sinalização adequada, têm
dificultado o acesso e visitação de turistas, pois não existem placas suficientes para contemplar
todos os atrativos do Centro Velho da cidade de São Paulo. Além disso, as existentes estão em
mal estado de conservação e não possuem boa comunicação visual. Assim, o visitante não se vê
munido de informações básicas para que possa explorar o local com qualidade, conforto e
segurança.
O planejamento e a implantação de um sistema de sinalização devem contemplar a
necessidade de qualquer indivíduo. Devem ser analisados os diversos tipos de limitações
existentes. O turista só compreenderá a mensagem se o repertório apresentado for igual ao seu.
É importante que haja investimentos em planejamento turístico no local, a fim de que se
implante sinalização de forma adequada e, posteriormente, conservada. Isso evitaria a
ineficiência de projetos e gastos desnecessários.
95
Sua implantação pode colaborar de forma ampla com o processo de revitalização da
região central da cidade e também contribuir com a proposta da Associação Viva o Centro,
referente ao desenvolvimento de um plano de turismo específico para a região, aprovada este ano
pelo COMTUR e pela São Paulo Turismo.
Marco Antônio Ramos de Almeida afirma que, um plano específico de turismo para o
Centro precisa, em primeiro lugar, que a cidade resgate sua identidade, que é dada pelo Centro e,
ao mesmo tempo, invista em medidas simples, mas necessárias, entre elas, a melhoria da
sinalização turística na região central e a instalação de postos de informação em lugares
estratégicos, com pessoal preparado para receber o turista brasileiro e estrangeiro25.
Os gráficos expostos no capítulo III demonstram o quadro em que se encontra a infra-
estrutura turística. De forma geral, ela não atende às expectativas dos entrevistados, os itens de
sinalização e informação turística tiveram avaliação negativa e oscilaram entre regular e ruim.
Apesar da avaliação da sinalização ser insatisfatória, observa-se que os atrativos turísticos
obtiveram um índice positivo, pois 74% dos entrevistados responderam entre ótimo e bom, sendo
respectivamente 19% e 55%. Estes dados mostram que existe potencial turístico na região e que
há pessoas interessadas em conhecê-los, o que falta é investir em infra-estrutura para receber
melhor os visitantes.
Essa pesquisa visa contribuir de alguma forma com a melhora da infra-estrutura do Centro
Velho de São Paulo, colaborar com a implantação da sinalização turística interpretativa e
indicativa, adequada no local, e com os estudos sobre o assunto.
25
Entrevista concedida, por e-mail, ao grupo em 2 de outubro de 2006.
96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANSARAH, Marilia Gomes dos Reis. Turismo: segmentação de mercado. 3. ed. São Paulo:
Futura, 1999.
ASSUNÇÃO, Paulo de. São Paulo Colonial: os primeiros momentos de uma metrópole. In
CAMARGO, Ana Maria de Almeida (organizadora). São Paulo: uma viagem no tempo. São
Paulo: CIEE, 2005.
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100
ANEXOS
Anexo 01 - Questionário aplicado no Centro Velho da cidade de São Paulo
Nome: ____________________ Local: __________________
Data: _____________________ Hora: __________________
1. Sexo
Masculino Feminino
2. Idade
________________
3. Grau de instrução
Ensino Fundamental Completo Ensino Superior Completo
Ensino Fundamental Incompleto Ensino Superior Incompleto
Ensino Médio Completo Pós Graduação
Ensino Médio Incompleto
4. Ocupação
Estuda Aposentado
Trabalha _____________ Outras_______________
Estuda e Trabalha _________
5. Renda Individual
Até cinco salários mínimos (Até R$1.750,00)
De cinco a dez salários mínimos (De R$1.750,00 a R$3.500,00)
Acima de dez salários mínimos (Acima de R$3.500,00)
Sem renda/Desempregado
11. Acredita que o centro de São Paulo possui estrutura adequada para receber
turistas?
Sim Não
12. Já se perdeu ou teve dificuldade para encontrar algum local turístico no centro de
São Paulo? Qual?
Sim Não
________________________________________________________________________
13. Já utilizou placas de sinalização turísticas para encontrar algum ponto turístico no
centro de São Paulo?
Sim Não
15. Avaliação
16. Qual principal fator que necessita de melhorias no centro de São Paulo? Marque de
1º a 7º, sendo 1º o mais importante, o 2º o segundo mais importante, sucessivamente
até o 7º (menos importante).
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º
Atrativos Turísticos
Informações Turísticas
Limpeza Pública
Opções de Alimentação
Segurança
Sinalização Turística
Transporte Urbano
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Anexo 02 - Entrevista concedida ao grupo, via e-mail, por Marco Antônio Ramos de
Almeida, superintendente geral da Associação Viva o Centro, em 02 de outubro de 2006.
Esta entrevista será baseada em ações, campanhas e projetos efetuados e/ou apoiados
pela instituição no passado, presente, suas formas de avaliação e de manter a continuidade
destes e também em futuros projetos que possam ser desenvolvidos com o objetivo de
aumentar a demanda turística e/ou melhora da qualidade da infra-estrutura turística e serviços
oferecidos no Centro de São Paulo, principalmente com relação à sinalização turística.
3. Há algum projeto em vigor ou que possa ser posto em prática que não trate
especificamente sobre sinalização turística, mas que auxilie o turista de alguma
forma a se locomover no Centro de São Paulo?
A Viva o Centro publica o Mapa Viva o Centro, um folder com a localização dos
principais equipamentos culturais e tombados pelo patrimônio histórico no Centro, para os
turistas locais e do exterior. Além disso, entabulou recentemente uma parceria com o Istituto
Europeu di Design (IED), sediado no Bairro de Higienópolis, que produzirá trabalhos dentro
do curso de Design de Interiores ministrado pela escola em duas áreas diferentes, sendo uma
delas o turismo. A idéia é que os alunos, imersos no tema “São Paulo Centro”, coordenado
pela professora Luz Romero, façam um kit de turismo que atenda às necessidades da cidade
para o Centro, entre elas, fornecer informações que possam orientar o turista a se locomover
na região. O projeto será doado ao município.
Anexo 03 – Entrevista concedida, via e-mail, por Adriano Gomes, analista de turismo da São
Paulo Turismo, em 12 de setembro de 2006.
Esta entrevista será baseada em ações, campanhas e projetos efetuados e/ou apoiados
pela instituição no passado, presente, suas formas de avaliação e de manter a continuidade
destes e também em futuros projetos que possam ser desenvolvidos com o objetivo de
aumentar a demanda turística e/ou melhora da qualidade da infra-estrutura turística e serviços
oferecidos no Centro de São Paulo, principalmente com relação à sinalização turística.
Barra Funda, mas, a partir deste mês, também vai abranger o Centro Novo/Região da
República.
- Roteiros Natalinos (em dezembro): todos os anos, desde a época da Anhembi Turismo e
Eventos, são realizados roteiros, de ônibus, passando pelas principais
decorações/iluminações natalinas da cidade. O ponto de embarque é o Centro, e suas
ruas são percorridas.
- Trolebus: está em projeto uma parceria da SPTrans e SPTuris para realização de roteiro
turístico de trolebus pelo Centro da cidade.
- Virada Cultural.
É interessante destacar o trabalho realizado há um ano e meio com as agências de
turismo receptivo da cidade, envolvendo este importante elemento da cadeia produtiva do
turismo, com o intuito de ajudá-las a promover seus produtos de forma mais eficiente e,
conseqüentemente, divulgando o turismo paulistano. E, como sabemos, o Centro é uma das
principais áreas turísticas da cidade. Acreditamos que, assim, ensejamos uma freqüência
maior de visitantes.
A revitalização é um processo de longo prazo e, por mais que muito tenha sido feito
nos últimos anos, os resultados mais concretos ainda vão aparecer. Neste sentido, é difícil
estimular uma utilização turística numa região ainda cercada de estereótipos de violência e
abandono. Ademais, ainda é visível, em algumas ruas específicas, a presença de drogados e
delinqüentes que realizam pequenos furtos, embora, ressaltemos, a situação melhorou muito
em comparação a outros anos, com rondas policiais mais efetivas.
O principal inibidor do turismo no Centro é, no meu ver, a limpeza ainda deficiente.
A SPTuris, ao insistir em projetos turísticos que envolvam o Centro, contribui com a
utilização racional da área. O fluxo de visitantes, interessados na história e cultura da
região, faz com que o senso de preservação, conservação e cidadania (desses visitantes e da
própria população) seja incentivado. Isso vem a somar com ações diversas da Prefeitura e
Sociedade Civil, da recuperação de fachadas de prédios históricos a transferência de
comércio ambulante, passando por eventos que estimulem sua ocupação durante os finais de
semana.
108
3. Existe algum projeto no momento apoiado ou conduzido pela São Paulo Turismo
que tenha como objetivo implantar a sinalização turística no centro de São Paulo
ou que tenha sido criado, mas atualmente não esteja em vigor?
Sim, estamos desenvolvendo um projeto para implantação da sinalização turística da
cidade de São Paulo, mais ainda encontramo-nos num estágio bem embrionário. Sabemos
que a sinalização turística da cidade é quase inexistente (há indicações somente para alguns
poucos atrativos, como Sala São Paulo e Memorial do Imigrante) e que é um fator
imprescindível para o desenvolvimento da atividade. Apesar de ser uma ação prioritária, é
necessário um grande aporte de verba. Nesta etapa, estamos procurando meios para
conseguir a verba e dar prosseguimento ao plano junto com a Companhia de Engenharia de
Tráfego – CET, órgão responsável pela sinalização viária da cidade.
5. Qual foi a duração das campanhas e/ou projetos apoiados pela São Paulo
Turismo? Como eram/são mantidos? Como eram/são avaliados?
Em relação a esta gestão, iniciada em 2005, podemos destacar, entre outros, os
projetos TurisMetrô, os Roteiros Natalinos, a Virada Cultural (junto com a Sec. de Cultura),
o Projeto Praça Viva, que continuam sendo realizados – alguns com uma periodicidade
definida, pela própria característica do projeto, outros de modo contínuo. Também há
projetos cujos resultados aparecem mais em longo prazo, como participação em eventos
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