Prova 2 - Moambique

Phelipe Fernandes de Oliveira

(aluno regularmente matriculado no curso de Licenciatura Letras: Portugus-Literaturas,
DRE: 110094450)

Trabalho apresentado ao professor

Guilherme de Sousa Bezerra, na disciplina
Poesia africana.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

julho de 2013
 No poema Solido, Glria de SantAna reflete sobre as disposies lricas da
solido ou as imagens que se possvel captar em meio aos paradoxos inerentes prpria
lgica das sensaes. Solido comea pelo silncio que dirige o emudecimento do sujeito
lrico. Todavia, o silncio o motivo para que o lrico salte dessa subjetivao, que conduz
morte da comunicao de todas as palavras, e contemple a maquinaria desta solido.
Portanto, o lrico expe um cenrio da questo, inevitvel de ser percebido, paradoxalmente
pensado a partir do peso da mudez. Deste cenrio faz parte a msica spera e cadenciada
do vento que maestram os ramos das rvores.
Este sujeito tambm atravessado pela noite, elemento antolgico da lrica solitria
para ficarmos em um verso de Mallarm: Solido, recife, estrela. Os dias so intactos e
vazios e de uma profundidade mortal e retornam para esse sujeito como propriedade
sua: esta pulso de morte pertence a ele e, necessariamente, os ramos, a msica, o silncio;
os dias soturnos so um peso que esse prprio sujeito produz, enquanto lrico.
Este o motivo pelo qual ele se coloca no princpio e no fim de todos os [seus]
caminhos: o sujeito e sua solido passam a ser a produo paradoxal do silncio, pois na
lrica que este silncio ganha imagem, vida e uma voz que o sujeito, paradoxalmente, d
som. Assim, a voz do silncio o substancializa como elemento passvel de observao e de
negao. Alis, s possvel falar do silncio negativamente: ao falarmos dele, negamo-lo.
Com este argumento se negam as flores espontneas, elemento inspido da criao
potica, e se utiliza o lrico em modo de pssaros gritam de espanto. O silncio ganha
essa dimenso to pouco usual, mas que inegavelmente resultado de sua reflexo,
perturbado vista de horizontes suaves.