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INTEGRAL À SAÚDE
MANAUS
2009
RESUMO
Este artigo apresenta um dos desafios da psicologia nos tempos atuais: sua efetiva
inserção na assistência integral à saúde. Para isso, o mesmo introduz este tema caracterizando
o sujeito pós-moderno, evidenciando os aspectos relevantes da contemporaneidade desde seus
elementos sócio-econômicos, até a vulnerabilidade a qual estes indivíduos têm sido
submetidos devido à imersão em uma realidade de competitividade e docilização. Após a
introdução, é exposta no tópico “Pós Modernismo e Saúde” uma breve explanação sobre as
consequências das recentes mudanças no cotidiano das pessoas diante da constante
necessidade de adaptação, em seguida salientando a importância urgente da assistência
integral à saúde e a participação do profissional psicólogo neste processo. No tópico “A
psicologia no diálogo interdisciplinar”, tem-se a apresentação de novas áreas da psicologia
como a psiconeuroimunologia, a psicocardiologia, psicooncologia e a psicodermatologia.
Áreas estas que têm emergido para atender às exigências do hipermodernismo e que muito
vem contribuindo no atendimento em equipe, prestando uma assistência biopsicossocial ao
homem contemporâneo. Após expor significativas contribuições de práticas psicológicas
neste contexto, são apresentadas as conclusões, bem como é ressaltada a atual mudança de
paradigma que cerceia a comunidade científica como um todo.
INTRODUÇÃO
Exigências de resultados em curto prazo, fazer mais no menor tempo possível, agir
sem demora: a corrida da competição faz priorizar o urgente à custa do importante, a ação
imediata à custa da reflexão, o acessório à custa do essencial. Nesta permanente atmosfera de
competitividade temos o sujeito pós-moderno, que submetido a constantes estados de estresse,
precisa despender diariamente de uma grande quantidade de energia para lidar com as
necessidades de adaptação impostas pelos valores contemporâneos e pela condição sócio-
econômica atual que o disciplina a uma desgastante rotina tornando-o vulnerável a todo um
conjunto de distúrbios psicossomáticos (LIPOVETSKY; CHARLES, 2004).
PÓS-MODERNISMO E SAÚDE
Inicia então uma nova fase para a psicoterapia, dialogando com a medicina e dando
aos pacientes uma assistência biopsicossocial. Para Di Biase (1995), a grande virada na teoria
de prática psicoterápica se deu em 1950 com a publicação do livro de Franz Alexander
“Psychosomatic Medicine, its principles and application”, onde se tem a afirmação de que “o
crescente aumento do conhecimento das relações das emoções com as funções somáticas
normais e patológicas exige que o médico moderno olhe os conflitos emocionais como reais e
concretos” (ALEXANDER apud DI BIASE, 1995). Pela dificuldade em realizar estudos
reducionistas acerca do funcionamento da mente humana, ainda há resistência por parte de
alguns médicos em relação à importância da terapia psicológica. Segundo Capra (2007):
A influência da atitude mental tem sido cada vez mais aceita na comunidade
científica, o que tem aumentado a necessidade do psicólogo nas práticas interdisciplinares
pela cura das mais diversas doenças. Esta prática é realizada por um grande número de
pessoas e organizações, incluindo médicos, enfermeiras, psicoterapeutas, psiquiatras,
profissionais da saúde pública, assistentes sociais, quiropráticos, homeopatas, acupunturistas e
vários praticantes ‘holísticos’. Tem tido positivos resultados em suas atuações, porém ainda é
ϭ
Em palestra proferida no Centro Universitário do Norte, no Dia do Ensino Responsável em 26 de setembro de
2009
comum a intervenção de diferentes tipos de abordagem, baseadas em diversos conceitos de
saúde e de doença. Para a eficácia da prática em equipe é fundamental estabelecer uma base
conceitual comum para se abordar a questão da saúde, de modo que todos esses grupos
possam se comunicar e coordenar seus esforços. (CAPRA, 2007)
CONCLUSÕES
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