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Concede o teu perdo quele que foste ontem

Rui Pedro Vasconcelos

O poeta e tradutor Armando Silva Carvalho que nos deixou recentemente prope-
nos no seu livro A Sombra do Mar estes versos de forte significado:

Concede o teu perdo quele que foste ontem


e no te conhece hoje debaixo do chuveiro.
(...)
A verdade s uma, o que tu foste ontem
j no te conhece.

Recomear a cada dia constitui uma arte difcil. Transportamos no nosso seio as
angstias pelo futuro que imaginamos, e em ns carregam-se as experincias do
passado, muitas vezes amargas. Por vezes parece que nem merecemos uma nova
oportunidade: j no vale a pena acreditar. Aqui se revela a importncia vital que possui
a Esperana na nossa vida: ela o alimento que permite confiar e acreditar no presente
e no futuro, apesar de tudo. Por isso outro poeta, Charles Peguy, declarava que a
Esperana espanta o prprio Deus.

No se trata de comear do zero: pertence ao prprio Deus, e a Ele unicamente, o criar


a partir do nada. Somos o que a histria nos fez e o que nela construmos e
desconstrumos. O sinal maior da vida crist estar, talvez, na arte de transportar as
feridas como um sinal da nossa identidade, nica e original. No dia de Pscoa, o Senhor
apresenta-se aos seus discpulos com as marcas da sua crucifixo, e eles reconhecem-
nO: do mais profundo fracasso, da morte mais ignominiosa, da maior angstia, emerge
uma plenitude de vida e de graa. E que maior recriao haver do que o perdo?

Os longos dias de Vero podem suscitar em ns o cansao e a sede do caminho; mas as


suas frescas manhs podem ser o sinal de um novo comeo. Concede o teu perdo
quele que foste ontem; e segue o conselho de Macrio, monge egpcio do sculo
quarto, reparando nas suas palavras: comea de novo...

Cada dia, desde que te levantas, comea de novo a viver em toda a virtude e nos
preceitos de Deus, com grande pacincia e misericrdia, no temor e amor de Deus e dos
homens, com humildade de corao.

Imagem: Filippo Rossi, 'Paupertas, Spes', 2012.

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