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A ILEGALIDADE DA GREVE EM FACE DAS ATIVIDADES


ESSENCIAIS E O SERVIÇO PÚBLICO NO BRASIL

Luiz Gustavo de Oliveira Ramos1

RESUMO

Não existem dúvidas que o direito de greve perpassou por um longo processo histórico, ora
negado, ora aceito ou somente tolerado, até ser reconhecido como direito fundamental dos
trabalhadores, inclusive com sua firmação em diversas constituições ao longo do mundo.
Todavia este sempre fora recheado de controvérsias e longos embates entre os patronos e
subordinados, discutindo-se, então, até onde tal direito poderia interferir nas relações
trabalhistas e suas consequências, positivas ou negativas, perante a sociedade. Contudo, no
Brasil - com bastante influência de outras legislações, embora trate o tema de forma bem
peculiar - existem algumas categorias de empregados cujo direito em foco encontra-se
proibido, a exemplo das Forças Armadas, ou limitado e condicionado como no caso dos
servidores ou empregados públicos. Neste sentido, observa-se que por força da omissão
normativa do poder público, em relação àqueles últimos, ou por reconhecimento de algumas
atividades como essenciais para a sociedade, quando exercidas por qualquer categoria, ainda
resistem divergências doutrinárias e jurisprudenciais sobre a possibilidade de se exercer
plenamente, ou com restrições, este direito, quando não completamente cerceado, levando,
inclusive, certos movimentos grevistas à ilegalidade sob argumentos pautados no maior
interesse da coletividade. Perante este cenário o presente trabalho se propõe a fazer uma breve
análise sobre o direito de greve vigente no Brasil, levando em consideração principalmente os
aspectos pertinentes à sua ilegalidade e o envolvimento das atividades essenciais, com foco
especial no funcionalismo público, destacando até onde aquele pode ser exercido por estes,
em contra ponto aos interesses do Estado e as consequências para a sociedade. Por fim, vale
ressaltar que este estudo possui a forma de uma pesquisa bibliográfica, com a doutrina, a
jurisprudência e a legislação pátria e comparada como principais fontes. Não obstante o
interesse em trazer novos questionamentos sobre tema, além de um olhar crítico, não tem, este
texto, a pretensão de esgotá-lo.

Palavras-chave: Direito, Greve, Ilegalidade, Atividades Essenciais, Serviço Público.

1 Graduado em Sistemas de Informação pela UNIT, Universidade Tiradentes, 2005, Aracaju / SE.
Rua Isaias Amâncio de Jesus, 110, Condomínio Jardim Primavera, Bloco D, Apto 301, Luzia. E-mail:
lugusth@gmail.com
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1 INTRODUÇÃO

A greve, originária da própria natureza das relações trabalhistas, hoje reconhecida


como um direito, outrora encontrou sua nascente nos grandes movimentos industriais
revolucionários quando trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho
começaram a paralisar suas atividades como uma clara intenção de reivindicar desde reduções
de jornadas, melhorias remuneratórias, até mesmo questões, ressalte-se hodiernas, pertinentes
à saúde, tais como pausas por esforços manuais repetitivos, equipamentos apropriados e
ergonômicos, entre outras, perante os empregadores.
Não se procura tecer aqui um profundo conhecimento sobre o contexto histórico
no qual o direito de greve consolidou-se, mas se faz pertinente destacar que em diversos
momentos ele fora considerado crime, em outros tolerado, como também por vezes ignorado.
Somente com a Constituição Federal de 1988 este direito fora reconhecido no Brasil,
entretanto as Cartas de 1824, 1891 e 1934 se omitiram completamente, a de 1937 o declarou
como recurso anti-social e as constituições de 1946, 1967 e 1969 reconheceram-no com
amplas restrições. Não obstante, o período da Ditadura Militar vigente até 1984 considerou o
direito de greve como um crime, sendo repreendido de distintas formas, inclusive violentas.
Outrossim, pode-se perceber que tal direito fora elevado a status fundamental e
assim se mantém pela Carta Máxima vigente no Brasil depois de um longo processo histórico,
ficando estabelecido dentro do rol de direitos e garantias individuais, junto com a livre
organização sindical, seguindo, inclusive, entendimentos de organismos internacionais, a
exemplo do Comitê de Liberdade Sindical da Organização Internacional do Trabalho, e
permeado por diversos princípios constitucionais, com destaque especial para os auto
conflitantes: “dignidade da pessoa humana” e a “supremacia do interesse público”.
Por um lado, por ser um direito pertencente a um determinado ordenamento,
mesmo previsto em lei hierarquicamente superior, necessariamente deve se amoldar a ele,
desta feita sofre uma série de limitações que restringem seu exercício pleno sob pena de
descontrole e prejuízos sociais, temporários ou permanentes, a exemplo: o empregador
sofreria sérias perdas econômicas se toda e qualquer coletividade trabalhista aderisse a
movimentos paredistas há qualquer momento, quando naturalmente se protegeria da falência
com a não efetivação de novos empregados ou até mesmo com o desligamento de outros, isso
se não fechasse as portas e deixasse de fornecer certo produto ou serviço importante; como
também a Administração pública cairia na precariedade por não conseguir manter serviços
públicos contínuos e essenciais. Por outro lado, este direito surgiu como uma forma de evitar
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a arbitrariedade nas relações trabalhistas - outrora reconhecida, a greve, como uma espécie de
autotutela, hodiernamente como uma garantia fundamental - quando alguém detinha o poder
econômico e impunha ao empregado uma evidente disparidade de forças. Contudo se percebe
esta diferença mais proeminente quando se trata de relação Estado / empregado, pois o
primeiro possui todo um aparato financeiro, administrativo e político, como também não é
passível de falência, podendo suportar longos períodos de negociações e pressionar os
trabalhadores a retornarem para suas atividades, já que estes não suportam vários meses sem
seus rendimentos.
Todavia não se deve vislumbrar a Greve como uma queda de braços, ao contrário,
é preciso reconhecê-la como um equilíbrio de forças para realmente se atingir o objetivo do
bem comum. Neste sentido explana Granzotto (2008, p. 01):

...os ordenamentos democráticos conferiram à greve a condição de direito


fundamental, dando-lhe uma feição de maior civilidade, uma vez que o uso da
coerção passa a não ser o único meio empregado...Veja que, se de um lado o patrão
tem prejuízos com a paralisação dos seus empregados, eis que interrompida ou
prejudicada fica sua produção, o mesmo ocorre com o empregado que tem o seu
ponto cortado, além de sofrer alguns ônus, existindo certo equilíbrio de forças entre
o grevista e seu empregador, o que gerará a abertura do caminho para a negociação,
que é a finalidade da greve...No que tange à greve no serviço público, a questão da
paridade de forças, que deve nortear o espírito da greve, é mais complexa do que na
relação puramente privada, pois sendo o ente federativo a figura do empregador, há
uma presumida disparidade de forças entre as partes discordantes, já que o Estado,
devido à sua magnitude, poderá se socorrer por outros meios, para que não seja
afetado a ponto de ter que negociar com o empregado grevista.

Observa-se, portanto, um verdadeiro confronto entre um direito individual ou


coletivo de trabalhadores e o interesse público, aças o privado, quando em ambos se observa
um serviço relevante, em pró do coletivo. Desta feita pode-se afirmar que a fronteira do
direito de greve, no sentido lato, é a própria a sociedade. Todavia não se deve cerceá-lo de
plano sem analisar as necessidades dos empregados, suas reivindicações, como também os
possíveis danos e ganhos para o coletivo, mesmo que restrito a um grupo de trabalhadores,
sob pena de um grave desequilíbrio de forças, pois se faz necessário ressaltar que junto à
própria sociedade está Estado, com seu maquinário e estrutura, que por vezes é movido por
interesses políticos, nem sempre representativos aos interesses coletivos, contra um pequeno
grupo que almeja melhorias laborais. Em relação a este cenário, o presente trabalho passa,
então, a analisar e medir as forças entre funcionalismo público e o Estado, com foco nas
atividades essenciais. Para tanto é preciso, primeiro, entender o que é greve.
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2 CONCEITO DE GREVE

Segundo Süssekind (2002, p. 588) a denominação “greve” surge após a


Revolução Francesa, quando os trabalhadores abandonavam coletivamente suas atividades e
se reuniam na chamada Praça da Prefeitura, em Paris, conhecida como “Place de grève2” para
aguardarem melhores propostas de condições de trabalho. Este movimento reivindicativo
recebeu diversas definições por doutrinadores e estudiosos do mundo, sendo pertinente
ostentar aqui algumas das, possivelmente, mais representativas conceituações.
Começando pela explicação do que seria “Greve” exposta por Cesário (apud
DELGADO, 2007) quando a define como

uma paralisação coletiva provisória, parcial ou total, das atividades dos trabalhadores
em face de seus empregadores ou tomadores de serviços, com o objetivo de exercer-
lhes pressão, visando a defesa ou conquista de interesses coletivos, ou com objetivos
sociais mais amplos.

Ou ainda que

a greve é toda suspensão do trabalho, decorrente de uma deliberação coletiva dos


trabalhadores, a fim de propugnarem por uma melhoria ou para pleitearem uma
pretensão não atendida pelos empregadores (SILVA, 1999).

Como também, na visão de Süssekind (apud DEVEALI, 2002, p. 590):

A greve consiste na abstenção simultânea do trabalho, concertada pelos


trabalhadores de um ou mais estabelecimentos, ou de suas seções, com o fim de
defender os interesses da profissão.

Conceituado o que é greve, passa-se expor que a Constituição Federal brasileira


de 1988 trouxe a previsão expressa deste direito e o reconheceu como garantia fundamental,
não restando, assim, dúvidas sobre o “status” conferido. Entretanto a mesma distinguiu os
trabalhadores em quatro grupos, a saber: Empregados de empresas privadas; Servidores
públicos da administração direta e indireta; Militares das Forças Armadas e Militares dos
Estados, Distrito Federal e Municípios. O primeiro grupo foi reconhecido pelo artigo 9º, que
versa “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. O
segundo grupo no artigo 37, VII, da Constituição quando dispõe que “o direito de greve
(deste grupo, grifo nosso) será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”,

2 “grève” é cascalho em francês, oriundo do rio Sena (SÜSSEKIND, 2002, p. 588).


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no entanto tal lei não foi editada até o presente momento. Ao terceiro grupo não foi
reconhecido o direito de greve, sendo expressamente vedado no artigo 142, §3º, IV. Por fim,
o quarto grupo na prática também tem seu direito de greve vedado, em analogia aos militares
das Forças Armadas, contudo existe um longo confronto doutrinário em relação a estes dois
últimos grupos, pois alguns juristas entendem que este último tem relação com o terceiro,
enquanto outros entendem que o mesmo pertence à categoria de trabalhadores da
Administração pública direta. Todavia esta divergência não é foco deste estudo,
possivelmente apreciada em algum momento oportuno.
A primeira lei que regulamenta este assunto promulgada no Brasil pós
constituição de 1988 foi a Lei 7.783, de 28 de junho de 1989, já trazendo em seu artigo 1º a
mesma redação do artigo 9º da Constituição, mas estabelecendo de logo sua obrigatoriedade
no parágrafo único do mesmo artigo, “O direito de greve será exercido na forma estabelecida
nesta Lei”. Entretanto, este comando legal atinge uma categoria geral de trabalhadores, não se
encontrando neste grupo, em tese, os militares e aqueles pertencentes à Administração
Pública, quando podemos observar que

de fato, a ordem jurídica evoluiu, no que tange à greve, da atitude autoritária, própria
do contexto político-econômico em que instituída, para a concepção mais
compatível com o Estado Democrático de Direito. O art. 9º da Constituição Federal,
reproduzido no art. 1º da Lei de Greve, bem demonstra a evolução realizada: É
assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devem por meio dele
defender.(TST-RODC-45000-53.2006.5.05.0000).

Não obstante os objetivos da greve, para a defesa dos interesses coletivos de um


grupo de trabalhadores faz-se necessário a devida representação pelo correspondente
sindicato, em correspondência com o artigo 8º, III, da Constituição Federal, assumindo este
último, portanto, a posição de sujeito ativo do procedimento, como preceitua o artigo 4 da lei
de greve, permitindo, na ausência de um sindicato, a formação de um comando de
negociação. Vale mencionar que a greve para a primeira categoria supracitada está
amplamente regulamentada, com procedimentos próprios, sujeitos e objetivos, que devem ser
observados sob pena de ilegalidade do movimento, inclusive em relação às atividades
essências, fazendo-se pertinente sua menção neste trabalho devido à importância para outras
categorias de trabalhadores, como a dos Servidores públicos da administração direta e
indireta, cuja regulamentação ainda não está expressamente definida por conta da já
supracitada omissão legislativa, fazendo-se valer um tópico especifico sobre tal categoria, que
é sem dúvida parte do objeto deste estudo, a seguir.
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3 GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO

Em um raciocínio estritamente legal, a priori, o servidor público não poderia fazer


greve, visto a não existência de lei prevista no comando constitucional positivado no artigo
37, VII, da Carta Maior, pois o legislador, até então, optou por omitir-se sobre este tema.
Ademais diversos julgados seguiram esta linha, a exemplo do Juiz Relator Dr. Carlos de
Menezes Faro Filho, TRT 20º Região, no acórdão nº 1556 de 2004 quando versa em sua
ementa:

DIREITO DE GREVE – SERVIDOR PÚBLICO – IMPOSSIBILIDADE. O


servidor público, mesmo aquele regido pela legislação trabalhista, não pode
exercitar o direito de greve, pois ainda não existe a Lei específica que define seus
termos e limites referidos no art. 37, inciso VII, da Carta Política de 1988. Greve
declarada ilegal.

De forma que este entendimento subsistiu sob a argumentação de que o servidor


público não poderia fazer greve até que fosse editada a lei complementar reguladora, contudo
o tipo desta norma fora alterado pela emenda nº 19 de 1998, como versa Gentil (2007, p.01):

Em relação ao servidor público, o direito de greve foi assegurado em termos mais


tímidos. Originalmente, a Carta Magna previu que o direito de greve dos servidores
públicos seria exercido nos termos e limites definidos em lei complementar. Após a
emenda constitucional nº 19/98, tais termos e limites passaram a dever ser
estabelecidos em lei específica.

Ademais, mesmo com a Constituição Federal tendo previsto expressamente tal


direito para os servidores públicos, a eficácia deste continua entendida como contida e não
auto-aplicável, como expõe o Juiz Relator, ibidem, no seguinte trecho de um de seus votos:

O preceito constitucional que reconheceu o direito de greve ao servidor público civil


constitui norma de eficácia meramente limitada, desprovida, em consequência, de
auto-aplicabilidade, razão pela qual, para atuar plenamente, depende da edição da lei
complementar exigida pelo próprio texto da Constituição (AC 1556, TRT 20º,
2004).

Valendo-se agora de um raciocínio hermenêutico, pode-se entender que, embora


seja exigida tal lei reguladora, a Constituição de plano não proíbe o exercício do direito de
greve pelos funcionários públicos, diferente das Forças Armadas cuja proibição é expressa no
artigo 142, §3º, IV da CF. Por outro lado observa-se uma clara intenção do constituinte em
constituir parâmetros para que este direito seja externado, pautada sob argumentos que visam
evitar determinados abusos e por vezes não comprometer os serviços essenciais, em especial
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os básicos como fornecimento de luz e água, que, em tese, não podem parar. Desta feita,
constitucionalmente não se deve falar em proibição e sim de uma permissão condicionada
que, enquanto não houver a lei específica saneadora, cabe aos órgãos competentes dirimirem
os conflitos coletivos observando as peculiaridades de cada caso. Para Süssekind (2002, p.
53) a lei a que alude o art. 37, VII, da Constituição, poderá estabelecer limites; nunca, porém,
negar o direito, o qual, por conseguinte, já existe. Dentro ainda deste raciocínio é possível
descordar do entendimento jurisprudencial que menciona o direito dos servidores públicos
sem auto-aplicabilidade, pois nada impede que os movimentos grevistas no funcionalismo
público sejam efetivamente decretados, logo não existe proibição e, em tese, também não
existem os limites, condições e procedimentos que seriam elucidados na lei especifica
inexistente. Portanto é possível afirmar que este direito é aplicável de plano, pois a própria
constituição expressa que os trabalhadores decidam sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender, em seu artigo 9º - sendo esta parte da
norma extensível a qualquer categoria - como também, interpretando sistematicamente esta
Carta, não se pode deixar de lado diversos outros princípios pertinentes ao trabalhador, à
sociedade e ao próprio Estado, formando um conjunto de valores que devem ser balanceados,
tendo em vista certa relativização do texto constitucional para fins de evitar distorções a
exemplo de existirem trabalhadores realmente mal remunerados e sem as devidas condições
laborais atuando em atividades proibidas de exercerem greve, logo, como ficaria a situação
destes se a norma for interpretada ao pé da letra, continuariam nestas péssimas condições ou
mudariam de profissão? Visto que a rotatividade de trabalhadores já seria uma situação
tecnicamente ruim para a continuidade das atividades essenciais. Ademais, em um Estado
Democrático de Direito, a própria decretação de ilegalidade da greve não impede que os
trabalhadores iniciem movimentos paredistas na prática, a exemplo dos policiais militares e
bombeiros que, proibidos de fazer greve, proferiram diversos movimentos em todo o Brasil,
cominando na formação de uma proposta de emenda constitucional, a PEC 300, visando
equiparação salarial, plano de carreira, dentre outras reivindicações.
Assim, na intenção de resolver toda esta discussão doutrinária e jurisprudencial
sobre o direito de greve dos servidores públicos e havendo reconhecimento que aquele é sim
patrimônio dos servidores, contudo não absoluto, como bem afirmou o ministro do STF Eros
Grau (Mandado de Injunção nº 712 – STF), que elucidou sobre uma real necessidade de se
interpretar a Constituição Federal a luz de sua totalidade, sistematicamente, ou seja, não
somente por dispositivos independentes ou de forma estritamente legalista, o Supremo
Tribunal Federal saneou a questão através do julgamento de três mandados de injunção
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interpostos por alguns sindicatos representativos de categorias do funcionalismo público até


que seja editada a lei específica, como bem explica Carmo (2007, p.02):

No dia 25 de outubro de 2007 o Supremo Tribunal Federal julgou os Mandados de


Injunção 670, 708 e 712. Ações ajuizadas, respectivamente, pelo Sindicato dos
Servidores Policiais Civis do Estado do Espírito Santo (Sindpol), pelo Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do município de João Pessoa (Sintem) e pelo Sindicato
dos Trabalhadores do Poder Judiciário do estado do Pará (Sinjep).

Sobre o tema o presidente a OAB nacional à época dos Mandados de injunção,


Cezar Britto, afirmou que

o direito de greve é um princípio fundamental, inerente a todo e qualquer serviço e


que, ao decidir pela aplicação da legislação da iniciativa privada ao servidor público,
o Supremo Tribunal Federal nada mais fez do que suprir a omissão legislativa
existente. “O Congresso já havia decidido a forma em que se exerceria o direito de
greve na iniciativa privada. Tão somente se estendeu esse direito. O Supremo não
inovou, não criou, apenas regulamentou no Brasil” (CARMO, 2007, p. 03).

Entretanto, é relevante destacar que por não mais se tratar de lei complementar,
cuja finalidade é justamente “complementar” o texto constitucional, e para sua elaboração é
exigido quorum de maioria absoluta, por exclusão, entende-se que a lei específica definida na
vigente redação do artigo 37, VII da Carta Maior é ordinária, logo passível de ser suprida
utilizando-se do instituto da analogia, como uma forma de solucionar a lacuna presente no
comando constitucional há pouco citado. Neste sentido bem entende Kosteski (2004, p. 01):

Diante do atual texto constitucional, parece-nos que, enquanto não for editada a
referida lei específica para regular o exercício do direito de greve do servidor
público, mostra-se perfeitamente aplicável, por analogia, a atual Lei (específica) de
Greve (Lei 7.783/89). Claro que não se trata, obviamente, de lei ordinária
reguladora, especificamente, da greve dos servidores públicos, mas de empregados
regidos por contrato de trabalho. Os limites do direito de greve, e até mesmo sua
proibição, em certos casos, para algumas categorias específicas de empregados ou
de funcionários públicos, justifica-se não em razão do status do trabalhador, mas em
decorrência da natureza dos serviços prestados, que são públicas, essenciais,
inadiáveis, imantados pelo princípio da predominância do interesse geral e da
continuidade do serviço público.

Para Süssekind (2002, p. 593)


A solução até que o Congresso Nacional legisle sobre a matéria – O presidente da
República, em 28 de dezembro de 2001 submeteu àquela casa um projeto de lei
sobre o tema – estaria em invocar, por analogia, que é fonte de direito, as
disposições da Lei nº 7.783/89, naquilo que não for incompatível com a natureza e
os objetivos do serviço público.

Portanto, até que a lei especifica seja editada, no cenário atual não restam dúvidas
que a lei de greve deve ser aplicada para os servidores públicos da administração direta e
indireta, além dos já originais destinatários dela, não excetuado a necessidade de o julgador
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analisar caso a caso, observando suas particularidades, os interesses pleiteados e utilizando-se


de um interpretação sistemática da Constituição a fim de não promover distorções e combater
arbitrariedades, como já exposto.
Observando, então, este novo cenário, com a lei de greve aplicada para servidores
e empregados públicos, cabe a estes também cumprirem os parâmetros objetivos expostos por
aquela, sob pena de ilegalidade, ou seja, para que um movimento seja deflagrado dentro da
legalidade deve-se recorrer ao procedimento de greve previsto nesta norma, cuja finalidade é
preservar certos direitos, a sapiência da sociedade sobre a greve e, principalmente, proteger a
continuidade das atividades essenciais exigindo, por exemplo, um contingente mínimo de
empregados, em esquema de rodízio, trabalhando durante a paralisação. A juíza relatora
Suzane Faillace Lacerda Castelo Branco, no acórdão 3271/04 do TRT da 20º região, assim
expõe a Carta Magna assegura aos trabalhadores o direito de paralisar suas atividades na
defesa dos interesses da categoria, respeitadas, contudo, as formalidades legais, sob pena de
restar configurado abuso do direito de greve.
Não mais se discutindo sobre o direito de greve dos servidores públicos, este
constitucionalmente protegido, passa-se a observar certas formalidades, reguladas em leis
especificas, como a já mencionada lei 7.783/89, que visam sanear de forma menos danosa
para sociedade a deflagração de um movimento grevista, como também elucidar quais são as
atividades essenciais como, ainda, determinar as responsabilidades civis e penais dos
movimentos que visam unicamente perturbar a paz social. Estes parâmetros são fortemente
utilizados pelos tribunais em suas decisões sobre a ilegalidade de certas greves, como
podemos observar na ementa abaixo Tribunal Superior do Trabalho:

GREVE – ATIVIDADE ESSENCIAL – AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO


PRÉVIA AOS USUÁRIOS – CONSEQÜÊNCIA – DECLARAÇÃO DE
ABUSIVIDADE FORMAL – Em se tratando de greve em atividade essencial, as
partes em conflito devem assegurar a prestação de serviços indispensáveis às
necessidades inadiáveis da população, entre as quais, indiscutivelmente, se insere o
atendimento à saúde, como expressamente definido pelo parágrafo único do art. 11
da Lei nº 7783/89. O legislador, ao disciplinar o direito de greve nas atividades
essenciais, impôs, como requisito para o seu regular exercício, a prévia comunicação
dos usuários, com antecedência mínima de 72 horas, como expressamente estatuído
no artigo 13 do referido diploma legal. Não tendo sido atendido esse requisito
formal, legalmente exigido, a conseqüência é a declaração de abusividade da greve,
consoante expressamente dispõe o artigo 14, caput, da Lei nº 7783/89. Recurso
ordinário parcialmente provido. (TST – RODC 723697 – SDC – Rel. Min. Milton de
Moura França – DJU 27.09.2002).

No entanto é preciso elucidar que não se critica na doutrina e jurisprudência a


legalidade destes parâmetros, mas sim a efetiva aplicação destes, sob pena de restringir por
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mero formalismo um direito fundamental, como bem entende o ministro relator Márcio
Eurico Vitral Amaro, acórdão TST-RODC-45000-53.2006.5.05.0000:

Não afronta o art. 9º da Constituição Federal a determinação de percentuais


mediante os quais as partes providenciem o atendimento das necessidades
inadiáveis. O que não se justifica, todavia, é a fixação de percentuais que
inviabilizem o direito fundamental consagrado na Constituição. Nesse sentido, a
decisão nº 498 do Comitê de Liberdade Sindical da OIT: as condições requeridas
pela legislação, para que a greve seja considerada atividade lícita, devem ser
razoáveis e, em qualquer hipótese, não ser de natureza que constitua significativa
limitação das possibilidades de ação das organizações sindicais.

Sendo, portanto, as atividades essenciais um dos mais relevantes parâmetros


previstos na legislação pátria para se observar no momento de deflagração de uma greve, vale,
para melhor compreensão, destacar um tópico sobre estas e traçar alguns pontos controversos
e como as mesmas ensejam, em muitos casos, a decretação da ilegalidade do movimento.

4 ATIVIDADES ESSENCIAIS

Para o Comitê de Liberdade Sindical3 da OIT4, as atividades essenciais são


aquelas que refletem diretamente na sociedade cuja interrupção pode pôr em perigo a vida, a
segurança ou a saúde da pessoa, em toda ou parte da população. Em conformidade a este
entendimento a Lei 7.783/89 estabeleceu dois tipos de serviços ou atividades que não podem
parar durante um movimento paredista, ainda que deflagrado na conformidade dos
procedimentos legais e estatutários, segundo Süssekind (2002, p. 600), previstos nos artigos
9º e 11º desta lei de greve, ora transcritos:

Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo


com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade
equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação
resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens,
máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à
retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.

Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os


trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a
prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.

3 Comitê de Liberdade Sindical da OIT - analisa queixas formais sobre a aplicação da Convenção 87 sobre a
liberdade sindical e a proteção do direito à sindicalização e da Convenção 98 sobre o direito de sindicalização
e de negociação coletiva (OIT Brasil).
4 Organização Internacional do Trabalho (OIT) - única das Agências do Sistema das Nações Unidas que tem
estrutura tripartite, na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores têm os mesmos direitos
que os do governo (OIT Brasil).
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Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não


atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança
da população.

Nas palavras de Calabrich (2005, p.01) encontramos uma excelente explanação


sobre estas atividades:

Quanto aos serviços essenciais, pode-se dizer que estes são aqueles de vital
importância para a sociedade, pois afetam diretamente a saúde, a liberdade ou a vida
da população, tendo em vista a natureza dos interesses a cuja satisfação a prestação
se endereça. Há aqueles serviços que pela sua própria natureza são ditos essenciais,
que são os serviços de segurança nacional, segurança pública e os judiciários.
Somente o Estado poderá prestá-los diretamente. São portanto, indelegáveis. Mas há
outros serviços que o legislador previamente considera essenciais, embora não
precisem ser prestados diretamente pelo Estado. Estes se encontram na Lei n°
7.783/1989 - Lei de Greve, que define no seu art. 10 os serviços ou atividades
essenciais e regulamenta o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Assim, identifica-se no citado diploma legal como serviços públicos essenciais que
podem ser prestados diretamente ou indiretamente pela Administração Pública, ou
através de concessão ou permissão, entre outros, os serviços de tratamento e
abastecimento de água, produção e distribuição de energia elétrica, gás,
combustíveis, transporte coletivo e telecomunicações.
É oportuno também expor o artigo 10º da mesma legislação, pois especifica uma
série de serviços ou atividades considerados essenciais, no entanto sem a pretensão de exaurir
ou taxar, logo se trata de um rol exemplificativo:

Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais:

I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica,


gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais
nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo;
XI - compensação bancária.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Dr. Eros Grau, em seu voto para o
mandado de injunção MI. Nº 712, do qual foi relator, defendeu que "serviços ou atividades
essenciais" e "necessidades inadiáveis da coletividade" não se superpõem a "serviços
públicos"; e vice versa, no entanto explana que ao exercício do direito de greve no âmbito da
Administração não deve ser aplicado tão-somente o disposto na Lei n. 7.783/89,
mencionando que é necessário assegurar a coerência entre o exercício do direito de greve
pelo servidor público e as condições necessárias à coesão e interdependência social, ás quais
a prestação continuada dos serviços públicos é imprescindível.
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Estas atividades são hoje o principal objeto de discussão dentro do direito de


greve dos servidores públicos da administração direta ou indireta e até mesmo dos
trabalhadores da iniciativa privada que em algum momento estejam efetuando tais atividades
de forma permitida pelo Estado. Sobre o tema a própria lei de greve, utilizada para aquelas
categorias de trabalhadores, quer por analogia, em relação aos mandados de injunção
proferidos pelo Supremo Tribunal Federal, quer pela natureza trabalhista privada, como já
visto, profere soluções e procedimentos para que um movimento paredista seja deflagrado
sem prejudicar a continuidade destas atividades, ora expostas nos parágrafos anteriores com
suma importância, como indaga o ministro relator Márcio Eurico Vitral Amaro no fragmento
abaixo retirado do acórdão TST-RODC-45000-53.2006.5.05.0000:

Nos casos de paralisações em serviços essenciais, obrigam-se as partes, de comum


acordo, a fixar limites operacionais mínimos para o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade (art. 11 da Lei de Greve). Insere-se, no art. 12, a
responsabilidade do Poder Público pelo atendimento dessas necessidades, caso haja
inobservância do art. 11 da Lei. Ante dificuldades insuperáveis para o acordo sobre
o tema, pode a Justiça do Trabalho fixar tais limites

Vale também citar um fragmento do voto da ministra relatora Kátia Magalhães


Arruda, referente ao RODC-79/2006-000-15-00.0 do Tribunal Superior do Trabalho, sobre a
obrigatoriedade de observância dos parâmetros legais de forma a coibir o chamado abuso de
direito de greve, termo este recorrente em diversos textos jurisprudenciais, ora transcrito:

O exercício do direito de greve, assegurado aos trabalhadores na Constituição


Federal, está regulamentado pela Lei nº 7.783/89, que objetiva coibir o abuso e, se
for o caso, garantir o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade,
quando a greve afetar serviços ou atividades essenciais. Assim, uma vez deflagrada
a greve, presume-se que tenha a categoria profissional observado as exigências
legais para tanto instituídas

Contudo é preciso salientar que a observância destas atividades estendem-se além


do funcionalismo público, encontrando morada na iniciativa privada, quando esta tem a
permissão de atuar em alguma daquelas, como expõe Calabrich (2005) em sua conclusão:

o exercício de greve em atividades essenciais, prestados pelas concessionárias e


permissionárias, é perfeitamente cabível e lícito, desde que seja assegurado um
contingente mínimo de trabalhadores para dar a continuidade do serviço, sob pena
de se permitir a contratação de pessoal substituto pelo empregador para evitar a
paralisação total, sob pena de intervenção do Poder Público via Dissídio Coletivo
proposto pelo parquet laboral, além de ser considerado como ilícito movimento
paredista.
13

5 CONCLUSÃO

É fundamental reconhecer que o direito de greve é um patrimônio inegável dos


trabalhadores, é uma garantia expressa na Constituição Federal, visando, desde de sua origem
histórica, proporcionar chances às partes hipossuficientes de pleitearem por melhores
condições de trabalho. Todavia, como fora visto no decorrer deste estudo, a greve passou de
autotutela para direito fundamental, ganhou “status” constitucional e ganhou expressa
regulamentação na iniciativa privada, que sempre fora efetiva empregadora, portanto palco de
longos embates. Entretanto com o surgimento do Estado Democrático de Direito e as
inúmeras constituições ao longo do globo, uma gama de serviços foram tomados pelo Estado
e este passou a ter uma maior intervenção na ordem social, absorvendo diversas obrigações,
além do poder coercitivo e de sanção, tornando-se, sem dúvida, o maior empregador
existente, instaurando o funcionalismo público, cujo direito de greve deste surgiu de forma
bastante tímida e continua assim.
É cediço que com a evolução do próprio Estado e da própria Administração e o
crescimento das sociedades, diversas atividades passaram a ser consideradas estritamente
essenciais, a exemplo do poder de polícia e da segurança pública, quando a ausência de
qualquer uma destas poderia provocar uma situação de caos imensurável, bastando, a título de
exemplo, imaginar, hoje, uma cidade sem iluminação por apenas alguns dias, levando-se a um
alto grau de insegurança social, depois a uma comoção e por fim um conflito direto, visto que
o Estado, que tomou para si, seria o responsável por manter sem pausas este serviço, cobrando
inclusive taxas, sem aqui adentrar nas temáticas pertencentes ao Direito Tributário e
Administrativo.
E desta mistura de greve, oriunda da relação de emprego, Estado como maior
empregador e as atividades essenciais, protegidas pelo principio da continuidade e do maior
interesse coletivo, somado ao funcionalismo público, com seu tímido direito, não restaria
dúvidas que se tornaria uma das maiores controvérsias quer doutrinária, quer jurisprudencial,
mas acima de tudo prática, presente e nos holofotes de qualquer sociedade civilizada.
Contudo, a situação ganhou proporções maiores quando a máquina, o Estado, começou a
inchar, perdendo o controle sobre as atividades que exerce, criando disparidades
remuneratórias, dentre outras conseqüências, a ponto de se ver obrigado a permitir que a
iniciativa privada adentrasse em seu véu de obrigações, envolvendo-a, também, nesta lide, por
assim dizer.
Dentre os grandes pontos divergidos, este trabalho se manteve focado na
ilegalidade dos movimentos grevistas em face das atividades essenciais, que, em tese, eram
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exercidas pelos funcionários ou empregados públicos, até que a iniciativa privada adentrasse,
como observado no parágrafo anterior. Assim, muito se falou sobre o direito de greve daquela
categoria, perpassando este estudo sobre as questões da ausência de norma reguladora, auto
aplicabilidade, a não permissão de exercer a greve até que a norma específica fosse editada,
dentre outras barreiras que foram superadas quando se percebeu que estes trabalhadores não
poderiam ser prejudicados pela morosidade legislativa, quando, então, o STF saneou
temporariamente a questão com os votos sobre mandados de injunção propostos por
sindicatos representativos dos servidores em foco, como resultado se passou a adotar a mesma
lei de greve da iniciativa privada por analogia. Desta feita, em tese, o funcionalismo público
teve seu direito de greve formalizado desde que respeitasse parâmetros e procedimentos
daquela lei sob pena de ilegalidade. Todavia, dentre todos os parâmetros previstos na
legislação alguns especialmente protegem a continuidade das atividades e serviços essenciais,
sendo a atenção a estes o mais contundente daqueles parâmetros. Pode-se observar um grande
número de decisões, no sentido da ilegalidade dos movimentos, oriundas dos tribunais pelo
país hodiernamente. Esta contundência é justamente outro grande ponto de divergência entre
doutrinadores, juizes, tribunais e principalmente os servidores, pois, além da ausência de um
consenso, o rol de atividades previstas na lei de greve é exemplificativo (art. 10º), abrindo
espaço para que outros serviços, originalmente não essenciais, sejam entendidos como tal a
depender da situação fática ou do interesse “coletivo” camuflado pelo da Administração.
Assim, critica-se quando um movimento é julgado abusivo de plano sem analisar as
peculiaridades e motivos deste, enumerando sem maior aprofundamento atividades como
essenciais, prendendo-se a mero formalismo, com claro intuito de cercear este direito em pró
de interesses políticos, cantados como coletivos. Não resta dúvida que os trabalhadores
continuam sendo a parte desfavorecida nesta medição de força, ao passo de que a greve
continua não atingido seu real motivo de equalizar as negociações, provocando insatisfação
com a legislação, logo algumas categorias provocam movimentos, remetendo-se mais uma
vez a autotutela, como fizeram os militares e bombeiros em exemplo citado durante o texto,
não levando em consideração se seriam ilegais ou não, como a única forma de pleitear
direitos, ante as grandes disparidades remuneratórias do país. Desta feita não basta o fato de
certos trabalhadores atuarem em atividades essenciais para que seja decretada a ilegalidade,
deve o julgador analisar a situação como um todo, visando equilibrar direitos e princípios,
utilizando-se do bom som e da proporcionalidade.
Portanto é possível concluir que estes trabalhadores têm a permissão
constitucional de fazer greve, devem sim seguir a regulação vigente, mas é preciso reiterar a
necessidade de se analisar o fato ensejado antes de decretar a greve ilegal, cabendo ao
15

julgador um verdadeiro bom senso e uma interpretação sistemática da legislação, da realidade


em si, visto a situação de extrema disparidade, de ordem especialmente remuneratória e de
condições humanas de trabalho, no Brasil. Não se deseja sobrepor aqui o interesse privado
sobre coletivo, oferecer força para um determinado principio, colocar o direito de greve acima
do bom funcionamento dos serviços inadiáveis, nem preferir o caos social acima do bem estar
de um ou de outro grupo. A grande conclusão deste estudo se encontra na verdadeira
necessidade de se balancear, equilibrar, forças e realmente o direito de greve cumprir o seu
real objetivo, abrir espaço para negociações pacificas.

THE ILLEGALITY OF THE STRIKE ACTION IN FACE OF


ESSENTIAL ACTIVITIES AND PUBLIC SERVICE IN BRAZIL

ABSTRACT

There are no doubts that the Strike action has passed for a long historical process, sometimes
denied, sometimes accepted or only tolerated, until being recognized as basic right of the
workers, also with its consolidation in diverse constitutions throughout the world. However
that right always is full of controversies and very long strikes between the employers and
employees, arguing itself, then, until where such right could intervene at the working relations
and the results, positive or not, for the society. However, in Brazil - with sufficient influence
of other jurisdictions, even so it deals the subject with distinct way - some groups of
employees have that right in focus as forbidden, like the Armed Forces, or limited and
conditioned like the public service employee. In this direction, by the force of the normative
omission of the public power, in relation to those last ones, or by the recognition of some
activities as essentials for the society, even executed by any category, still resist doctrinal and
case law divergences about the possibility of the full exercise, or with restrictions, when not
completely curtailed, taking, also, certain strikers movements to the illegality under
arguments about the biggest interest of the collective. Front the actual scene the present study
considers to make a shot analysis about the effective right to strike action in Brazil, taking
consideration firstly the pertinent aspects of the illegality and the involvement of the essential
activities, with special focus in the public service employee, detaching until where that one
can be exercised by that group of employees, in against point to the State interests and the
results for the society. Finally, it's too important to stand out that this study has the
bibliographical research form, with the doctrine, the case law and the native and compared
legislation as main sources. However the interest in bringing new questionings about the
subject, and a critical look, does not have, this text, the pretension to deplete it.

Keywords: Right, Strike, Illegality, Essential Activities, Public Service.


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