Desenvolvimento Econômico e Mudança Institucional: O papel do Estado.
João Estevão
Breve síntese1
O desenvolvimento econômico tem sido avaliado como um processo inter-
relacionado de crescimento e mudança nas estruturas. Nesse período desenvolveram-se trabalhos baseados na corrente estruturalista, que afirmava que o desenvolvimento econômico era indispensável para gerar uma mudança estrutural na sociedade. Verificou-se um estreitamento de análise, haja vista, que o termo crescimento econômico foi tratado como sendo sinônimo de desenvolvimento econômico. As crises geradas pelo sistema capitalista nas nações em via de desenvolvimento, abriram discursos críticos na corrente estruturalista. A forma protecionista da década de 1970 e o dirigismo no início da década de 80, complementada pela Nova Política Neoclássica (EPN) rejeitou os fundamentos heterodoxos da economia do desenvolvimento. As análises dos primeiros economistas do desenvolvimento dificultaram a percepção do entendimento sobre o que é desenvolvimento. Nos tempos atuais, uma nova EPN tem sido construída, combinando ações do estruturalismo com novas concepções institucionais. Uma contribuição fundamental do estruturalismo foi a concepção do desenvolvimento econômico como um processo de crescimento e mudança estrutural. Segundo Lewis (1954), o crescimento econômico conduz a uma progressiva reorganização do trabalho, modernizando este, criando condições de desenvolvimento. O referido autor reforça a importância do processo de mudança estrutural, para a geração do crescimento econômico. Estevão, afirma que muitos autores abordaram o desenvolvimento econômico como sendo crescimento econômico, desconsiderando segundo Lewis a mudança estrutural. A secundarização da mudança estrutural foi motivada por conta da necessidade de se criar crescimento econômico para as nações industrializadas no pós- guerra. Nesse período emerge inúmeros economistas do desenvolvimento. Sob influência clássica, alguns autores reforçam a importância de se acumular capital. Os 1 Síntese solicitada pelo Prof. Dr° João Márcio, como atividade de avaliação da disciplina Teoria do Desenvolvimento e Estratégias do Desenvolvimento Sustentável. A síntese do texto Desenvolvimento Econômico e Mudança Institucional: O papel do Estado foi apresentado na Conferência Internacional de Políticas Econômicas para o Novo Milênio. economistas do desenvolvimento transformaram crescimento econômico com desenvolvimento econômico. A teoria Keynesiana a partir da década de 30 emergiu e influenciou as políticas econômicas de diversas nações, pois a crise de 29, demonstrou que a liberação e o livre mercado, ou seja, o mercado sem a regulamentação estatal, estava em xeque. Os mecanismos de mercado não poderiam realizar as mudanças necessárias para manter o propagado crescimento econômico das nações. Durante décadas, as teorias formuladas por Keynes foram colocadas em práticas pelas nações desenvolvidas. A partir dos anos 70, a teoria do desenvolvimento econômico foi abalada por diversas criticas fomentada por teóricos que desaprovavam a gestão do atual modelo intervencionista. Estava em voga naquele momento (décadas de 70 em diante) a reedição do liberalismo, ou melhor, o chamado neoliberalismo. Estes teóricos afirmavam que o Estado estava fracassado, enquanto o mercado teria raros fracassos, desta forma, a intervenção estatal seria ineficiente a atrasaria o desenvolvimento econômico dessas nações. De forma objetiva, saí de cena o planejamento macroeconômico do Estado pela microeconômica do mercado. A partir da década de 90, os teóricos trouxeram para dentro da economia o processo institucional, haja vista, que a sociedade do desenvolvimento está infectada pela economia. Diversos autores chamam a atenção para a diferença existente entre o mercado real e os modelos neoclássicos. Conforme o artigo expõe, percebe-se que tanto a EPN (Nova Política Neoclássica), quanto a NEI (Nova Política Institucional), estabelecem uma relação direta entre mudança institucional e o desenvolvimento econômico, essa relação acaba por esvaziar o debate sobre as mudanças estruturais. A centralização nas análises de mudança estrutural estabelece relações para explicar à dinâmica do desenvolvimento econômico. As criticas a EPN desenvolvidas por uma nova geração de economistas do desenvolvimento, a partir da década de 80, que reafirmaram o papel do Estado no processo de desenvolvimento, mas agora com uma interação maior com o mercado. O conceito de Estado Desenvolvimentista, que se baseou no modelo de gestão japonês. Esse processo estigou diversos economistas a estudá-lo. Alice Amsden e Robert Wade, analisaram o processo de industrialização na Coréia do Sul e seus desdobramentos. As análises sustentaram a tese de que o intervencionismo estatal cria condições de controle de preços buscando maiores investimentos. Segundo essa linha de análise de intervenção do Estado, criou-se o termo de “mercado governado”2. Criou-se a teoria dos três Estados: predatório, intermediário e desenvolvimentista (Evans, 1995). As diferenças de percurso e de desempenho entre paises em desenvolvimento podem ser explicadas pelas diferentes formas de exercer o ativismo, no que se refere as opções estratégicas de promoção da industrialização, na forma de como foram construídas as interdependências entre o Estado e as grandes corporações econômicas, ou até mesmo nos mecanismos institucionais criados para se submeterem a essa inter- relação. Os principais pontos tirados do processo de industrialização ocorridos nos paises asiáticos fomentaram estudos sobre o Estado Desenvolvimentista no continente asiático, e as mudanças tecnológicas produzidas dando autonomia a essas nações. A ação desenvolvimentista fica mais clara quando se propõe analisar o modo de como foram construídas as interdependências entre o Estado e grandes corporações. Segundo o artigo de Estevão, os países asiáticos tiveram um desempenho maior do que outras nações em via de desenvolvimento por conta de três níveis: primeiramente, as volumes elevados de investimento produtivo; em segundo lugar, um conjunto de políticas econômicas, que se basearam em investimentos e incentivos. Em terceiro nível, a forma de gestão do Estado com relação ao setor privado, dando bases ao governação de mercado. De forma resumida, podemos dizer que o Estado é uma fonte de mudança estrutural. Mas para compreendermos essa questão, é preciso ir mito além do conceito de Estado Desenvolvimentista, construindo análises institucionais mais amplas. A proposta é desenvolver uma breve reflexão sobre o processo de evolução da Economia do Desenvolvimento. A relação entre o velho estruturalismo e do velho institucionalismo.
2 Esse termo foi empregado por Rober Wade, buscando sintetizar a relação entre o Estado e o os grupos privados, sendo que o primeiro detém a liderança política.